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Copyright © 2005, Editora Cristã Evangélica Todos os direitos nacionais e internacionais desta edição reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização da Editora Cristã Evangélica (lei nº 9.610 de 19/02/1998), salvo em breves citações, com indicação da fontes As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2ª edição (Sociedade Bíblica do Brasil), exceto indicações de outras versões. Editora filiada à Associação de Editores Cristãos Rua Goiânia, 294 – Parque Industrial 12235-625 São José dos Campos-SP comercial@editoracristaevangelica.com.br www.editoracristaevangelica.com.br Telefax: (12) 3202-1700 mailto:comercial@editoracristaevangelica.com.br http://www.editoracristaevangelica.com.br/ Gente Que Fez! Personagens do Novo Testamento Você já notou que uma grande parte da Bíblia consiste de biografia de homens e mulheres com experiências bem diferentes uns dos outros. Deus nos deu essas biografias para que aprendamos lições espirituais dos fracassos e sucessos dessas pessoas de carne e osso como nós. Quando o grande estadista inglês do século 16, Oliver Cromwell, deu permissão ao artista Lally para pintar seu retrato, insistiu com os seguintes termos: “Pinte-me como eu sou. Se você deixar fora qualquer ruga ou cicatriz, não pagarei nada para você!” Os biógrafos bíblicos incluíram as cicatrizes e as rugas de seus personagens. Eles os retrataram exatamente como eram. Falam de Tomé, um homem cheio de dúvidas, de João Marcos, um rapaz sem firmeza, que no início não aguentava as lutas da obra missionária, de Judas Iscariotes, que traiu o seu Mestre, e assim por diante. Devemos louvar ao Senhor pelo realismo desses personagens do Novo Testamento, que recusa colocá-los num pedestal, mas mostra-os como homens e mulheres semelhantes a nós, sujeitos aos mesmos sentimentos. Você vai descobrir muitas coisas sobre esses conhecidos (e desconhecidos!) personagens. Talvez se identifique com muitos deles. Isso é ótimo, pois assim descobrirá, nos erros e acertos deles, como crescer no compromisso e no amor a Deus. John D. Barnet 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 – Sumário – Zacarias e Isabel, um casal irrepreensível Natanael, um homem autêntico Nicodemos, um discípulo oculto do Senhor A mulher samaritana, uma mulher sedenta! Lucas, o médico amado que se tornou historiador Marta e Maria: duas irmãs, duas atitudes Judas, o eclipse de uma alma Pilatos, o homem das decisões erradas Tomé, o melancólico que se tornou crente Barnabé, o filho da exortação Estêvão, homem cheio do Espírito Santo Tiago, irmão de Jesus Marcos, o rapaz que deu a volta por cima Áquila e Priscila, um casal exemplar Apolo, o pregador que atraiu multidões Timóteo, um jovem fiel Epafrodito, um companheiro de lutas 1 Zacarias e Isabel, um casal irrepreensível Profa. Ann G. Barnett texto básico Lucas 1.5-25 versículo-chave Lucas 1.6 “Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor.” alvo da lição Desafiar os alunos a que imitem o exemplo de Zacarias e Isabel, tendo uma vida irrepreensível perante Deus e os homens. leia a Bíblia diariamente seg Lc 1.5-7 ter Lc 1.8-23 qua Lc 1.24,25, 39-45 qui Lc 1.57-66 sex Lc 1.67-80 sáb Ml 4.1-6 dom Is 40.1-5 Geralmente refletimos muito pouco sobre os pais de João Batista, daquele que foi escolhido para ser o precursor do Salvador do mundo. Sem dúvida alguma, foram pessoas muito espirituais, senão Deus não os teria escolhido para gerar o Seu “mensageiro que prepará o caminho diante de mim” (Ml 3.1), o “profeta” que viria antes do “grande e terrível Dia do Senhor” (Ml 4.5). I. Quem eram Zacarias e Isabel? Zacarias era de linhagem sacerdotal, da ordem de Abias, este mencionado em 1Crônicas 24.10. Isabel, sua mulher, também era “das filhas de Arão” (Lc 1.5). Quando encontramos esse casal nas páginas do NT, os dois já são idosos, tementes a Deus, e carregavam a infelicidade de não ter filhos. Para os israelitas ter filhos era sinal de bênção do Senhor, contudo Isabel era estéril. Parece que, com o passar dos anos, o casal aceitou a esterilidade e não guardou nenhum rancor no coração por causa disso. Não deve ter sido fácil. E agora, com a velhice chegando, quem iria cuidar deles? A Bíblia nos diz que “ambos eram justos diante de Deus” (Lc 1.6). Não eram somente “justos”, mas viviam “irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor” (Lc 1.6). “A justiça de Zacarias e Isabel era interior diante de Deus e exterior irrepreensivelmente diante dos homens” (Bíblia Vida Nova). Que testemunho! Conheciam e obedeciam à palavra do Senhor - colocavam a Palavra em prática no dia a dia, e os amigos, vizinhos, conhecidos notavam suas qualidades. Jesus alertou Seus discípulos e o povo contra muitos dos sacerdotes e religiosos daquele tempo. Está registrado em Mateus 23.3, quando Ele diz “não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem”. Zacarias era diferente. Juntamente com Isabel, sua esposa, pregava e vivia a mensagem de maneira exemplar. Quando nós conseguimos obedecer a alguns mandamentos do Senhor, achamos que estamos bem, mas eles obedeceram a todos! aplicação Como vai seu testemunho perante a família, os vizinhos, os colegas de trabalho? Você pratica diariamente aquilo que prega? II. Zacarias no templo Aquele foi um ano diferente para Zacarias. Ele estava em Jerusalém para exercer suas funções, e recebeu uma honra muito especial, que geralmente acontecia apenas uma vez na vida de um sacerdote. Ele foi escolhido para oferecer, sozinho, o incenso no santuário do templo (Lc 1.8-9), enquanto o povo ficava do lado de fora, orando. Naquele exato momento, Deus mandou o anjo Gabriel comunicar a Zacarias que ele seria pai. Isabel ficaria grávida! Podemos imaginar o medo de Zacarias, sozinho, quando um anjo apareceu ao lado do altar! Mas o anjo tinha essa boa notícia para ele - “a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho a quem darás o nome de João” (Lc 1.13). Provavelmente Zacarias tenha até se esquecido daquela oração que havia feito tanto no passado. Que surpresa! Ele deve ter pensado - “Mas como? Eu sou velho e minha mulher avançada em dias” (Lc 1.18). Foram lógicos a dúvida e o questionamento. Coloque-se no lugar dele! Entretanto, por causa de sua incredulidade, o anjo disse que ele ficaria mudo até o nascimento do bebê. O bebê que ia nascer seria bem diferente dos outros. O nascimento dessa criança fazia parte do plano de Deus para a nação de Israel e, também, para o mundo inteiro. João seria o elo entre o Antigo e o Novo Testamentos. Ele seria o novo Elias (Lc 1.17), o arauto do Messias. Que surpresa para o povo quando Zacarias saiu mudo do templo! Geralmente o sacerdote saía pronunciando a bênção sacerdotal de Números 6.24-26. Dessa vez isso não ocorreu, e o povo percebeu que algo sobrenatural havia acontecido lá dentro. III. A felicidade de Isabel e Zacarias Isabel ficou em casa ansiosa para saber tudo que tinha acontecido com Zacarias no templo. Como ela deve ter ficado surpresa quando seu marido chegou em casa – ele não podia falar nada! Mas logo Isabel ficou alegre quando as palavras do anjo se cumpriram e ficou grávida. Mas agora as coisas mudaram porque ela diz que o Senhor ia “anular o meu opróbrio perante os homens” (Lc 1.25). Que felicidade para Isabel! ... e essa criança não vai ser qualquer uma, não! Isabel deve ter refletido nas palavras do anjo sobre seu filho; a determinação de que seria nazireu e teria um grande ministério em converter “muitos dos filhos de Israel ao Senhor” e “converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (Lc 1.16-17). Que responsabilidade ser mãe de um filho com essa tarefa! Zacarias tambémdeve ter meditado muito nas palavras do anjo e se lembrado das profecias do Antigo Testamento a respeito da vinda do Messias. Ele se preparava para ser pai do menino. aplicação É uma grande responsabilidade ser pai ou mãe. Como precisamos da sabedoria de Deus para criar os filhos hoje em dia! IV. O nascimento de João Todo mundo partilhou da alegria de Zacarias e Isabel quando seu filhinho nasceu. Cumprindo o mandamento judaico, circuncidaram o menino quando completou oito dias de vida. Os parentes e amigos queriam dar-lhe o nome do seu pai e ficaram surpresos quando Isabel declarou enfaticamente que ele seria chamado João. Aí começou uma grande discussão - não havia ninguém na família com tal nome! Por fim, perguntaram a Zacarias qual deveria ser o nome do menino e ele, por estar mudo, pegou uma tabuinha e escreveu“João é o seu nome” (Lc 1.63). O nome João significa “Deus teve misericórdia” e realmente Deus teve misericórdia de Zacarias e Isabel, assim como do mundo inteiro ao enviar João para preparar o caminho do Salvador do mundo. Após ter escrito o nome do menino, Zacarias conseguiu falar e as primeiras palavras foram de louvor ao Senhor. Como ele, Isabel, seus amigos e parentes devem ter ficado felizes, e ao mesmo tempo admirados. “Seus vizinhos ficaram possuídos de temor” e foram espalhando as notícias em toda a região montanhosa da Judeia. O povo percebeu que aquele menino era diferente e perguntaram: “Que virá a ser, pois, este menino?” (Lc 1.66). aplicação “Que virá a ser, pois, este menino?” Essa pergunta é comum aos pais, mas precisamos aprender que os filhos são empréstimo do Senhor e Ele tem um plano para vida deles. Procuremos descobrir qual é, e não forçar os nossos planos sobre nossos filhos. V. O cântico de Zacarias Que alegria para Zacarias poder falar após meses de silêncio! E ele, cheio do Espírito, ofereceu um cântico de louvor ao Senhor:“Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo”. Durante os meses da gravidez da Isabel, Zacarias teve muito tempo para meditar sobre as palavras do anjo e pesquisar nas Escrituras a respeito do filho que nasceria antes do Salvador. O louvor mostra seu conhecimento das Escrituras do Antigo Testamento e a alegria em ver algumas profecias sendo cumpridas com o nascimento do seu filho - “Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos” (Lc 1.76). aplicação Você conhece bem as Escrituras e gasta tempo meditando nelas como Zacarias fez? Aplicações para minha vida 1. Que exemplo de vida cristã estamos dando aos nossos filhos? 2. Você gasta tempo ensinando as verdades bíblicas a seu filho? 3. Suas orações e louvores ao Senhor estão cheios de pensamentos bíblicos ou são apenas suas próprias palavras? Conclusão Podemos imaginar a alegria desse casal idoso com seu filho da velhice. Devem ter ensinado a João desde cedo que ele nascera de forma milagrosa e que Deus tinha um plano maravilhoso para a vida dele. Podemos ver Zacarias mostrando as profecias do Antigo Testamento ao filho e, com toda reverência, explicando seu significado e o papel que João tinha que cumprir. Lucas nos conta que João crescia, como qualquer criança normal se desenvolve, mas também “se fortalecia em espírito” (Lc 1.80). Diariamente no seu lar ele deve ter visto na vida dos pais o temor do Senhor, porque “ambos eram justos, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor”. Que exemplo de vida para aquele que seria o “profeta do Altíssimo” (Lc 1.76)! 2 Natanael, um homem autêntico Profa. Ann G. Barnett texto básico João 1.43-51 versículo-chave 1Samuel 16.7 “O Senhor não vê como o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração.” alvo da lição Desafiar os alunos a viver uma vida cristã autêntica e transparente. leia a Bíblia diariamente seg Jo 1.43-51 ter Mc 3.13-19 qua Lc 6.12-16 qui Jo 21.1-14 sex At 1.12-14 sáb Ef 4.25-32 dom Fp 4.8-9 Sabemos muito pouco a respeito de Natanael - nada de seus pais ou de sua origem, senão que ele era de Caná da Galileia (Jo 21.2). Parece que Natanael e Bartolomeu são a mesma pessoa. O evangelista João introduz o nome de Natanael junto com Filipe e os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) colocam Bartolomeu com Filipe (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 5.14) na lista dos discípulos. O nome Natanael quer dizer “dom de Deus”. Na Bíblia, encontramos Natanael em João 1.43-51, nosso texto básico, quando ele teve seu primeiro encontro com Jesus, que mudou radicalmente o rumo de sua vida. Depois, encontramos Natanael junto com mais seis discípulos e Cristo, após a ressurreição (Jo 21.1-4). I. A franqueza de Natanael Quando Filipe, bem animado, disse a Natanael “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas, Jesus, o Nazareno, filho de José”, vemos desconfiança e franqueza na reação de Natanael: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” Ele foi bem honesto naquilo que falou. Natanael era de Caná, cidade bem perto de Nazaré, que era bem conhecida pela sua corrupção. Ao lado de Nazaré passava uma estrada importante usada pelos soldados romanos e pelos comerciantes, e era costume deles passarem a noite em Nazaré, por isso sua má fama. Também os habitantes da Judeia, no sul da Palestina, desprezavam Nazaré, porque era uma cidade pequena no norte do país, longe do centro de governo, do templo em Jerusalém e da liderança religiosa. Filipe não ficou desanimado com a reação de Natanael, apenas disse: “Vem, e vê”. E Natanael foi com Filipe, apesar de sua resposta franca! II. A opinião de Jesus a respeito de Natanael Quando Natanael estava chegando perto de Jesus, ficou surpreso quando Jesus lhe disse: “Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo” (Jo 1.47). O que o Senhor quis dizer com essas palavras? 1. “Eis um verdadeiro israelita...” A palavra Israel (Isra-El) quer dizer governado por Deus. Você se lembra no Antigo Testamento a história de um homem que teve seu nome mudado para Israel? O nome Israel foi dado a Jacó, o suplantador, na noite em que lutou com Deus (Gn 32.22-32). “Verdadeiro israelita” era alguém que vivia sob a autoridade de Deus. Usando esse termo para descrevê-lo, Jesus estava dizendo que Natanael vivia sob a autoridade de Deus. 2. “... em quem não há dolo ...” ou “... um homem realmente sincero...” Será que o Senhor estava Se lembrando de Jacó quando proferiu essas palavras? Jacó enganou tanta gente - seu irmão, seu pai, seu tio - era mentiroso, insincero, etc., antes do seu encontro com Deus no vau de Jaboque. Mas Jesus reconheceu que Natanael não era como seu antecedente - Natanael era um homem realmente sincero. aplicação O cristão deve ser uma pessoa em quem não se encontre dolo algum, ou seja, uma pessoa que não maquina contra os outros, que não age de má-fé, não é astuto como Jacó que costumava enganar as pessoas (inclusive seu pai), para conseguir o que desejava. Você se identifica com Jacó, o enganador, ou com Natanael, o homem sincero? III. A surpresa de Natanael Ao ser reconhecido por Jesus, Natanael perguntou ao Senhor: “Donde me conheces?” Deve ter ficado mais surpreso ainda quando Jesus lhe disse: “Antes de Filipe te chamar, eu te vi” (Jo 1.48). Mas quem era aquele Homem; o que estava dizendo? “Eu te vi quando estavas debaixo da figueira”... Como era possível saber que antes de Filipe chamá-lo, Natanael estava debaixo da figueira? Provavelmente Natanael tinha sentado debaixo da figueira porque queria estar a sós. Quando estamos sozinhos não há motivo para fingir. Podemos tirar a máscara de santidade que tantas vezes usamos perante outras pessoas (e principalmente no domingo, quando estamos na igreja!). Quando Jesus viu Natanael debaixo da figueira, Ele viu o seu coração - um coração sincero. aplicação O que Jesus vê no seu coração, quando você está sozinho? IV. A resposta de Natanael O efeito disso em Natanael foi que ele exclamou: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és Rei de Israel”. Jesus o havia chamado de israelitae Natanael respondeu que Jesus era o rei de Israel. Mais do que isso, Natanael reconheceu que Jesus era o Filho de Deus. Natanael esqueceu todas as suas dúvidas sobre Nazaré, que na sua franqueza e honestidade ele havia expressado a Filipe, e se rendeu aos pés de Jesus Cristo, o Rei de Israel. A pergunta de Jesus “porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês?” pode nos surpreender um pouco, mas Ele reconheceu a fé de Natanael. Jesus disse que Natanael veria coisas mais impressionantes ainda (Jo 1.50-51). Nas palavras “vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo”, parece que Jesus voltou a pensar em Jacó, o mentiroso, que teve uma visão dos anjos subindo e descendo dos céus quando estava fugindo de casa após enganar seu irmão e seu pai (Gn 28.10-17). Ao acordar, Jacó exclamou: “Na verdade o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia”. Cristo estava dizendo a Natanael que ele teria experiências maravilhosas, agora, com o Senhor ao seu lado. Que coisa maravilhosa! Jesus reconheceu que a fé de Natanael era autêntica. aplicação Sua fé em Jesus é autêntica ou só de aparência? Aplicações para minha vida 1. Você se identifica com Jacó, o enganador ou com Natanael, o homem sincero? 2. O que Jesus vê no seu coração quando você está sozinho? 3. Sua fé em Jesus é autêntica ou só de aparência? Conclusão Natanael era um homem transparente e honesto, “um homem realmente sincero” (Jo 1.47 NTLH) nas palavras de Jesus. Ele se tornou um dos discípulos do Senhor. Cristo deseja hoje discípulos do tipo de Natanael, homens e mulheres sinceros, transparentes, crentes autênticos. Lembre-se das palavras do salmista, as quais Pedro cita em sua primeira carta: “Quem quiser gozar a vida e ter dias felizes não fale coisas más e pare de mentir. Afaste-se do mal e faça o bem; procure a paz e faça tudo para alcançá-la. Pois o Senhor olha com atenção as pessoas honestas e sempre ouve os seus pedidos; mas ele é contra os que fazem o mal” (1Pe 3.10-12 NTLH). Amém! 3 Nicodemos, o discípulo oculto do Senhor Pr. Elizabeto Ferreira dos Santos texto básico João 3.1-15 versículo-chave João 3.3 “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” alvo da lição Considerar que alguns homens são alcançados por Deus para os Seus dignos propósitos mesmo em situações estranhas. O modo de vida de Nicodemos, em que sua fé parecia oculta, revelava qualidades que serviriam perfeitamente aos propósitos específicos de Deus. leia a Bíblia diariamente seg Jo 2.23-25 ter Jo 3.1-7 qua Jo 3.8-15 qui Jo 7.45-52 sex Jo 12.37-43 sáb Rm 12.3-8 dom Jo 19.38-42 Nicodemos é uma pessoa de quem pouco se fala, mas aquilo que a Bíblia diz sobre ele leva-nos a reconhecer o papel importante que desempenhou. O seu encontro com Jesus, em João 3, mostra detalhadamente seu desejo e dificuldades de seguir a Cristo. I. À noite, a sós com Jesus (Jo 3.1-15) Quando Jesus resgatou a importância do templo (Jo 2.13-17) e posteriormente realizou grandes e variados milagres em Jerusalém, Ele chamou de verdade a atenção de Nicodemos, um fariseu que era um dos líderes religiosos dos judeus, membro do Sinédrio. 1. À noite Por que Nicodemos foi procurar o Senhor Jesus à noite? Nicodemos estava interessado em Jesus e desejava convencer-se sobre quem realmente Ele era. Mas não podia expor-se por medo das pressões sociais dos seus colegas que eram muito fortes. Era um homem especial. Buscava a verdade acima de tudo. Se não podia ir, durante o dia, ao Salvador, iria à noite, mas uma coisa é certa: não deixaria de ir. 2. Sua verdadeira pergunta Jesus deixou que ele falasse primeiramente e Nicodemos, por sua vez O tratou com reverência, chamando-O de Rabi (Mestre), reconhecendo que Deus estava com Ele por causa dos milagres que operava. Depois Jesus respondeu. O que Jesus lhe disse foi direto à sua grande necessidade - nascer de novo. Não é uma questão de aderir a Jesus, de simpatizar com Jesus. Muitos, hoje, têm o mesmo problema. Jesus não é uma pessoa comum. Mesmo os Seus inimigos admitem. Não é difícil admirá-Lo. Isso, porém, não basta. Muitas pessoas hoje em dia consideram Jesus o maior mestre de todos os séculos, e os Seus ensinamentos muito além dos de outros mestres, porém isso também não basta. Quando Jesus andava neste mundo “todos lhe davam testemunho e se maravilhavam das palavras de graça que lhe saíam dos lábios” (Lc 4.22) e “muito se maravilharam da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade” (Lc 4.32). A pregação de Jesus era tão diferente da dos escribas e fariseus! Ele falava com convicção e autoridade porque sabia que Sua mensagem vinha do Pai. Ele próprio disse: “nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou” (Jo 8.28). Mesmo assim foram poucos os que creram Nele. A expressão “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3) deve ter soado estranha aos ouvidos de Nicodemos. Parece que Jesus reconheceu a surpresa de Nicodemos, porque Ele disse: “Não te admires de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo”(Jo 3.7). Jesus declarou que sem a implantação da vida do Espírito não havia salvação. “Jesus ensina que o homem natural não herdará a vida sobrenatural sem a conversão vinda pelo arrependimento e o Espírito” (Jo 1.12-13 Bíblia Vida Nova). Nicodemos, como fariseu, conhecia bem a história da serpente no deserto no tempo de Moisés: quem olhava para a serpente de bronze era salvo. Que surpresa deve ter sido para ele quando Jesus disse: “assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3.15). Jesus respondeu a dúvida de Nicodemos sobre Sua pessoa, revelando- Se como Salvador do mundo – o Messias esperado pelos judeus. II. A defesa de Jesus (Jo 7.45-52) Parece que naquela noite Nicodemos reconheceu que Jesus era o Messias e assim Nicodemos “nasceu de novo”. Mas parece que Nicodemos não teve coragem de declarar publicamente que ele era seguidor de Jesus, o Nazareno. Mas ele não era o único! Veja João 12.42. Ele continuou como membro do Sinédrio, levando uma vida normal. Você se lembra que Jesus disse que é difícil para uma pessoa rica entrar no reino dos céus (Mc 10.25)? Mas não é impossível, pela graça de Deus. aplicação Você tem amigos ricos que são difíceis de levar a Cristo? Nada é impossível para o Senhor. Mais tarde, Nicodemos se destacou de algum modo perante seus colegas no Sinédrio. Os principais sacerdotes haviam mandado guardas para prender Jesus, mas eles voltaram sozinhos dizendo “jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46). Os fariseus ficaram furiosos e declararam que Jesus era um ignorante que não conhecia a lei. Nesse momento, Nicodemos fez uma pergunta interessante para os “doutores da lei” – “Acaso a nossa lei julga um homem sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez?” (Jo 7.50-51). Ao julgar Jesus, violaram a própria lei (Dt 1.16-17). Responderam de maneira bem cínica, perguntando se Nicodemos era da Galileia, terra de Jesus, e lembraram a ele: “Examina e verás que da Galileia não se levanta profeta” (Jo 7.52). Neste incidente vemos como Nicodemos começava a declarar sua fé em Cristo. aplicação Você tem coragem de dizer no seu trabalho ou na faculdade que você é crente, salvo pelo sangue de Jesus? Ou esconde sua fé em Cristo por medo da reação dos colegas? III. O cuidado na morte de Jesus (Jo 19.38-42) O apóstolo e evangelista João viu os pequeno-grandes homens de Deus, como Nicodemos; acompanhou seu progresso na fé; testemunhou sobre sua vida. Deus usa ricos e influentes também na Sua obra. Veja o que o apóstolo Paulo escreveu mais tarde sobre os ricos (1Tm 6.17-19). Nicodemos tinha encontrado um companheiro no Senado, ambos pactuados com a causa de Cristo, embora secretamente. José de Arimateia deu o túmulo (Mt 27.60) e Nicodemos concorreu com as outras despesas (Jo 19.39) para o sepultamento de Jesus. Certamente a vida “cristã” desses dois homens se encaixa no plano divino da ressurreição. A ressurreição de Jesus atingiu em cheio a vida dosdois discípulos considerados ocultos, e isso certamente modificou a vida deles para sempre. Aplicações para minha vida 1. Quais são os maiores obstáculos em sua vida que o impedem de falar de sua fé em Jesus? 2. Tem coragem de assumir que é crente ou prefere não tornar pública sua fé? 3. Já passou por alguma situação delicada por ser crente? Como reagiu? Conclusão Deus, em Sua infinita sabedoria, registrou na Bíblia, as lições de vida de cada personagem mencionado. Nicodemos nos ensina a importância essencial do novo nascimento, sua sabedoria e comprometimento com a vida nova, mesmo nos altos círculos sociais. Nicodemos também nos ensina que o verdadeiro cristão não pode esconder sua fé em Jesus por muito tempo. 4 A mulher samaritana, uma mulher sedenta! Profa. Ann G. Barnett texto básico João 4.1-42 versículo-chave Lucas 19.10 “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.” alvo da lição Desafiar os alunos a quebrar barreiras e preconceitos sociais, como Jesus fez, para alcançar alguém para Cristo. leia a Bíblia diariamente seg Jo 4.1-15 ter Jo 4.16-19 qua Jo 4.20-26 qui Jo 4.28-30, 39-42 sex Mt 23.1-12 sáb Jo 8.1-11 dom Sl 51.1-10 O encontro do Senhor com a mulher samaritana é uma história cheia de surpresas. É de admirar que no começo, ao tratar com essa mulher, Jesus não a tenha repreendido, nem mencionado seu pecado. Jesus não lhe ofereceu nada, antes pediu algo a ela! Surpreende-nos, também, que durante a conversa Jesus tenha lhe contado muita coisa que provavelmente nós a teríamos julgado despreparada e até indigna de ouvir e compreender. Para ela, Jesus proferiu palavras profundas sobre louvor e adoração. Isso nos mostra como Ele compreende e conhece perfeitamente a alma humana e suas necessidades. I. Seu estigma 1. Ela era uma samaritana Como os judeus desprezavam os samaritanos! Os samaritanos eram descendentes dos sobreviventes do povo de Israel que permaneceram em Samaria quando a maioria foi levada para a Assíria (2Rs 17.6-23). Mais tarde acabaram se misturando e se casando com os estrangeiros que o rei da Assíria mandou para Samaria (2Rs 17.24-25; 29-41). No tempo de Jesus, os judeus evitavam passar por Samaria. Viajando de Jerusalém, na Judeia, ao sul, para a terra da Galileia, ao norte, costumavam atravessar o rio Jordão e subir pelo vale do Jordão. Os líderes religiosos dos judeus achavam que todos os samaritanos eram ritualmente imundos. Jesus, contudo, tomou o caminho mais curto, passou por Samaria e parou ao lado do poço para conversar com uma mulher samaritana. Jesus, nessa hora, quebrou os preconceitos raciais e religiosos de mais de 700 anos que separavam os judeus dos samaritanos. A própria mulher lhe perguntou: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão com os samaritanos)?” (Jo 4.9). 2. Ela era uma mulher do primeiro século A mulher e a criança no tempo de Jesus não possuíam valor algum e não tinham nenhum direito - só obrigações! O judeu agradecia a Deus diariamente por não ter nascido do sexo feminino. Os fariseus evitavam qualquer contato com mulheres não parentes. “Os fariseus opinaram que seria melhor queimar a Torá (a Lei de Deus) do que entregá-la a uma mulher” (Bíblia Vida Nova). Cristo, porém, vê a mulher de modo diferente, como criatura do Pai e não como cidadã de segunda classe. 3. Ela era uma mulher imoral Essa mulher que veio buscar água no poço de Jacó, além de ser samaritana, aos olhos da sociedade, não prestava. Já havia casado cinco vezes! Quando da conversa com Jesus, estava vivendo com um homem que nem seu marido era! Sentiria ela um apetite sexual insaciável? Que mulher imoral! Jamais os líderes religiosos do tempo de Jesus entenderam Sua preocupação e interesse pelos“publicanos e pecadores”. E que pecadora era essa mulher! aplicação Quantas pessoas hoje em dia descobrem tarde que o sexo em si não satisfaz! Que preconceitos sociais e raciais precisamos vencer? II. Sua conversa com Jesus 1. Seu conhecimento religioso Jesus abriu o diálogo fazendo um pedido à mulher. Pediu uma coisa comum: água. Ele suscitou a curiosidade dela em João 4.10 e provocou tão profundo interesse que ela perguntou “onde, pois, tens a água viva?” (v.10). Ela estava sedenta, mas sua resposta mostrou não somente admissão de sede, mas também uma atitude evasiva:“Senhor, dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la” (v.15). A sua necessidade era espiritual e não material! aplicação Quantas vezes pessoas se iludem pensando que sua necessidade não é espiritual! Nessa conversa com o Mestre, notamos que a mulher tinha certo conhecimento religioso. a. Ela reconheceu que Jacó, o patriarca, era o “pai” dos samaritanos (v.12). b. Ela reconheceu que os samaritanos adoravam a Deus no monte Gerizim, mas os judeus diziam que Jerusalém era o lugar certo para adorar (v.20). c. Ela sabia que o Messias era esperado (v.25). A mulher samaritana não era religiosa, e o vago conhecimento a respeito da religião do seu povo não a levou à transformação de vida. Provavelmente havia se esquecido de Deus totalmente! aplicação Existem pessoas hoje que têm um conhecimento limitado das coisas de Deus e sua religião não pode lhes transformar a vida. 2. Seu problema Vemos essa mulher imoral, fazendo serviço de escrava - indo tirar água do poço. Realmente ela havia chegado ao fundo do poço! Talvez sua resposta quando Jesus a mandou chamar seu marido fosse um pouco cínica, ao dizer “Não tenho marido” (v.17). Que susto ela deve ter levado quando Jesus replicou “Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido” (vs. 17-18). Jesus reconheceu que ela tinha falado a verdade. Podemos imaginar a confusão estabelecida no íntimo daquela mulher! Como é que esse homem sabia tudo a respeito dela? Não era samaritano; ela não O conhecia! Ele, contudo, conhecia sua vida pecadora! Parece que nessa hora ela tentou desviar o assunto do seu pecado dizendo: “Vejo que tu és profeta” (v.19). Ela reconheceu que Ele era diferente, mas não quis admitir seu pecado. Começou uma discussão sobre a religião. aplicação É comum o humano querer discutir religião e a Bíblia para encobrir seu pecado. 3. Uma discussão teológica Ela abordou o assunto sobre o lugar certo para adorar a Deus – Jerusalém ou Gerizim? Jesus disse que o lugar de adoração não era importante. O que importava era que o louvor fosse genuíno e espiritual, que viesse do coração. Quem chega para adorar ao Senhor Deus não pode esconder nada Dele, Daquele que nos sonda e nos conhece, que sabe quando nos assentamos e quando nos levantamos; e de longe penetra os nossos pensamentos (veja Sl 139.1-2). A mulher samaritana não pôde esconder nada de Jesus. aplicação Podemos esconder o nosso pecado das pessoas por algum tempo, mas jamais do Senhor, nosso Criador. É surpreendente como Jesus Cristo Se revelou a essa mulher pecadora de forma bem clara quando ela falou da esperança messiânica. Jesus disse “Eu o sou, eu que falo contigo” (v.26). Tantas vezes Jesus escondeu das pessoas o fato de que Ele era o Messias, o Cristo prometido, mas aqui, nesse relato, Ele Se revela a essa mulher! III. Sua conversão João não registra a resposta da mulher a essa afirmação de Jesus. Apenas diz que ela foi embora correndo e esqueceu-se de levar o cântaro! Foi justamente para enchê-lo que ela tinha ido até o poço de Jacó! Mas no caminho de volta para a cidade ela deve ter se lembrado da conversa com Jesus e feito mil e uma perguntas: “Como é possível Ele saber tudo a respeito da minha vida? Por que falou comigo desse jeito? O que é água viva? Ele é o Cristo mesmo?”, e assim por diante. Chegando à cidade, ela chamou os homens para irem até o poço. Mas será que os homens de boa fé iam sair da cidade com uma mulher do tipo dela? Parece-nos que eles perceberam algo diferente na vida daquela mulher naquele instante, e uma certa urgência e sinceridade na voz dela - “Vinde comigo e vede um homem que medisse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?” (v.29). Com isso eles foram ao encontro de Cristo! IV. Seu testemunho A transformação de vida da mulher foi tão marcante e suas palavras tão convincentes que muitos samaritanos creram no Senhor Jesus Cristo (v.39). O resultado foi que Jesus, a pedido do povo, ficou dois dias naquela cidade e “muitos samaritanos daquela cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher”. E disseram à mulher samaritana: “Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo”. Por meio do testemunho da mulher a cidade toda foi transformada e os samaritanos reconheceram que Jesus era o Salvador do mundo, enquanto os judeus demoraram muito a reconhecer essa grande verdade. De fato, a maioria dos líderes religiosos jamais reconheceu Jesus como o Salvador do mundo. aplicação Como está o seu testemunho no trabalho, na faculdade e no lar? As pessoas veem Cristo na sua vida diária? Aplicações para minha vida 1. Reflita sobre sua atitude perante as pessoas marginalizadas pela sociedade 2. Você tem cuidado de seu testemunho pessoal? 3. Você tem colaborado com a sua igreja na instrução às pessoas em relação às diferenças sociais e à resposta cristã? Conclusão O relato a respeito do encontro de Jesus com a mulher samaritana nos mostra que Ele ama a todos. Não importa a posição social, a raça, a cultura, nem a condição espiritual. Cristo viu essa mulher no lamaçal do pecado, mas conversou com ela sobre Deus. Ele sondou a vida dela, tocou no seu pecado e Se revelou a ela como Aquele que oferece “água viva“ a cada pecador: “a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (v.14). Essa mulher teve a vida totalmente transformada no encontro com Cristo e, por intermédio de sua vida, muitas outras pessoas chegaram aos pés do Salvador. Provavelmente nós a teríamos desprezado, de tão pecadora que era, como os fariseus no tempo de Jesus, e os judeus em geral faziam, mas lembre-se que “Deus escolheu as cousas humildes do mundo, e as desprezadas,...a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1Co 1.28-29). A Bíblia diz em Romanos 3.10 – “Não há justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus”.Como a mulher samaritana, todos nós também somos salvos somente pela graça infinita de Deus. 5 Lucas, o médico amado que se tornou historiador Pr. Elizabeto Ferreira dos Santos texto básico Lucas 1.1-4; Atos 1.1-4,6-8 versículo-chave Romanos 12.1 “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” alvo da lição Desafiar os alunos a seguirem o exemplo de Lucas, que usou suas habilidades e profissão na obra do Senhor. leia a Bíblia diariamente seg Lc 1.1-4 ter At 1.1-5 qua At 16.6-18 qui Cl 4.10-14 sex Fm 21-25 sáb 2Tm 4.6-18 dom Rm 12.1-8 Quando estudamos sobre Nicodemos, comentamos que ele era um pequeno-grande homem de Deus. Agora podemos usar a mesma descrição para o dr. Lucas, cujo nome é mencionado apenas três vezes no Novo Testamento (Cl 4.14; 2Tm 4.11 e Fm 24). Com esse servo de Deus também se reforça a lição divina: os grandes homens do conceito de Deus certamente não são os “grandes” que os homens escolhem (como vemos na escolha de Davi como rei por Samuel - 1Sm 16.7). Lucas é o médico amado! Esse cognome lhe foi dado por Paulo, o apóstolo, em Colossenses 4.14. Certamente todos que conviveram com esse servo de Deus poderiam também chamá-lo assim - o médico amado. I. Missionário médico (At 16.10) Basta ser um leitor atencioso para notar que no livro de Atos, a partir do capítulo 16, o historiador Lucas (At 1.1) é incluído em sua própria narrativa pelo uso do pronome pessoal “nós” (At 16.10,11,16; 20.5,6,7,13,14,15; 21.1, etc.). Isso indica que Lucas acompanhou Paulo de Trôade a Filipos no começo de sua segunda viagem missionária, e que, seis anos mais tarde, voltou a acompanhá-lo em Filipos, no fim da terceira viagem missionária (At 20.6). Então ficou com Paulo em Cesareia (At 23.23-26.32), quando ele esteve preso durante dois anos, e foi a Roma com ele (At 27.1). Em seus escritos faz uso de termos comuns aos médicos: “curar” (Lc 4.18,23); “febre alta” (Lc 4.38); “cheio de lepra” (Lc 5.12); “leito” (Lc 5.18). Vamos aproveitar para refletir sobre a noção de equipe na obra missionária. O pastor muitas vezes é um missionário solitário. Para alguns, esse ministério solitário é conveniente: faz tudo sozinho com a finalidade de se fazer necessário, mas com grande prejuízo para uma obra que vai além dele, porque é a obra de Deus. Paulo, ao contrário, sentia a necessidade de outros companheiros, formando uma equipe (2Tm 4.11). Além disso, nota-se que a ação missionária inclui a ação social. Em alguns países o visto de entrada do governo para estrangeiro só é fornecido ao projeto missionário que inclui desenvolvimento de projetos sociais (médicos, educadores, engenheiros, etc.). Quão grande foi a colaboração de Lucas com o evangelho de Cristo (Fm 24)! Lucas é chamado de cooperador - um dos cooperadores na equipe missionária de Paulo. aplicação Você está disposto a usar sua profissão para difundir o evangelho? II. Historiador eclesiástico O trabalho de Lucas, como médico, produzia efeitos imediatos e temporários; como pregador do evangelho produzia mudanças de vida; sua obra como escritor e historiador atravessou toda a história do início do cristianismo, chegando a nós, hoje. “Lucas não era um simples espectador que admirava a doutrina cristã, mas sim um pregador ativo e missionário. Foi o primeiro grande historiador eclesiástico e apologista literário do cristianismo” (Merrill C. Tenney). De acordo com a tradição da igreja (e comprovação documental), Lucas foi o autor do livro de Atos, o qual é sequência do evangelho segundo o mesmo autor. Os dois livros começam com uma dedicatória a Teófilo. Talvez Teófilo tenha sido um novo convertido e Lucas quisesse explicar a ele as origens do cristianismo. Lucas afirma a Teófilo que está baseando sua obra nos relatórios recebidos de pessoas que eram “testemunhas oculares” e “ministros da palavra” (Lc 1.2). Essas pessoas haviam contado a Lucas tudo o que sabiam a respeito de Jesus: nascimento, vida, morte e ressurreição, ensinos, milagres, etc. Mas Lucas pesquisou bem todos os fatos antes de escrever a Teófilo - “a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem” (Lc 1.3). Lucas relata mais sobre o nascimento de João Batista e o nascimento do Senhor que os outros evangelistas. Será que ele entrevistou Maria, a mãe de Jesus, para averiguar os fatos a respeito do nascimento de Jesus? Um médico tem de fazer muitas perguntas aos pacientes e, com calma, ouvir as respostas, anotando tudo direitinho. Sem dúvida, Lucas deve ter usado dessa habilidade para entrevistar pessoas que tinham convivido com o Senhor. Muitas vezes as pessoas têm mais facilidade de falar com um médico: quem sabe Maria tenha explicado a Lucas os fatos a respeito do seu filho - aquelas coisas que ela havia guardado no seu coração durante muitos anos (Lc 2.51). Quanto ao material do livro de Atos, Lucas se valeu de suas próprias memórias quando possível. Também conversou muito com Paulo e os crentes de Jerusalém, Antioquia da Síria, etc. Nas viagens, teve tempo de conversar com Silas e Timóteo, também. As descobertas arqueológicas têm confirmado a exatidão histórica de Lucas de maneira surpreendente. Por exemplo, sabe-se atualmente que o uso que Lucas fez dos títulos de vários escalões de oficiais locais e governamentais de províncias – procuradores, cônsules, pretores, politarcas, asiarcas e outros - mostra-se acuradamente correto, correspondentes às ocasiões e lugares acerca dos quais Lucas estava escrevendo. aplicação Você sempre coloca seus talentos a serviço do Senhor? III. Hinólogo cristãoO Espírito Santo usou Lucas em um dos aspectos mais elevados de serviço cristão - o louvor. Temos claras evidências de sua especial sensibilidade ao louvor. Dos quatro evangelistas foi o único a registrar cinco hinos maravilhosos. 1. O 1º cântico foi o de Isabel (Lc 1.41-56) Isabel, cheia do Espírito Santo, “exclamou em alta voz”. Nota-se que Isabel exaltou a Deus pela sua salvação; não é um louvor a Maria, mas a Deus. Isabel reconheceu que Maria foi abençoada por Deus e explicou o motivo: “Bem-aventurada a que creu”. 2. O 2º cântico foi o de Maria (Lc 1.46) Maria era a bendita mãe do Salvador. Podemos sentir um pouco de sua emoção diante dos cânticos de genuíno louvor a Deus. Assim, Maria foi inspirada a louvar: “A minha alma engrandece ao Senhor!” 3. O 3º cântico foi o de Zacarias (Lc 1.67-79) Este cântico revela o elo entre os profetas e Cristo, entre as profecias e o seu cumprimento. 4. O 4º cântico foi o dos anjos (Lc 2.8-14) Este cântico anunciou que havia nascido o Salvador - o mais extraordinário motivo de louvor a Deus. 5. O 5º cântico foi o de Simeão (Lc 2.29-32) Deus fez uma promessa pessoal a Simeão (v.26). Ele não morreria sem ver a profecia cumprida - veria o Salvador. aplicação Você já conquistou promessas pessoais de Deus em sua vida? Como hinólogo, Lucas registrou também o louvor de uma mulher no meio da multidão (Lc 11.27), o louvor das multidões (Lc 19.37-38), e notou que Jesus falou do louvor das próprias pedras (Lc 19.40). Aplicações para minha vida 1. Como posso usar mais a minha profissão para servir ao Senhor? 2. Como posso servir mais e melhor ao povo do Senhor? 3. Eu uso minhas obrigações profissionais como desculpa para não me envolver na obra do Senhor? Conclusão Lucas deixou exemplo de conversão acompanhada de consagração total a Deus. Sua vida foi útil em todos os sentidos: como médico, missionário, historiador, e teve alcance duradouro. Em sua vida experimentou a plenitude do Espírito. Realmente Lucas foi um crente segundo o coração de Deus, aquele que apresentava seu corpo diariamente por “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” de acordo com Romanos 12.1; um crente que vivia somente para servir ao seu Senhor e ao Seu povo. 6 Marta e Maria: duas irmãs, duas atitudes Profa. Odila Braga de Oliveira texto básico Lucas 10.38-42; João 11.1-45 versículo-chave João 11.27 “Sim, Senhor, respondeu ela, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo”. alvo da lição Considerar o contraste entre Maria e Marta e avaliar as suas próprias relações com o Senhor; ser desafiado a levar uma vida centralizada em Cristo. leia a Bíblia diariamente seg Lc 10.38-42 ter Jo 11.1-15 qua Jo 11.16-30 qui Jo 11.31-45 sex Jo 12.1-8 sáb Jo 15.1-11 dom 1Co 13.1-13 Betânia era uma cidadezinha, ou melhor, um povoado, bem perto de Jerusalém. O Senhor ia sempre lá porque havia uma casa aberta para Ele. Ali Jesus passou os últimos momentos de tranquilidade e paz de Sua vida, ao lado de Seus grandes amigos: Marta, Maria e Lázaro. São lindos os quadros inspirados por essa família, registrados nas páginas da Bíblia. I. A visita de Jesus (Lc 10.38-42) O primeiro quadro nos mostra Jesus chegando a Betânia, e Marta trazendo- O para hospedar-Se em sua casa. Ela apreciava muito o Mestre. Era hospitaleira e considerava uma honra receber o Senhor como hóspede. Essa foi uma atitude correta de Marta. O escritor da carta aos hebreus recomenda que sejamos hospitaleiros, pois alguns, fazendo isso, hospedaram anjos. Marta hospedou o Filho de Deus, o Salvador! Hoje, Jesus bate à porta do nosso coração e diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3.20). 1. A escolha de Marta Marta fez tudo para oferecer uma boa acolhida ao seu hóspede. Era uma visita muito importante e merecia o melhor. Assim, ela se esmerou para apresentar-lhe uma calorosa recepção. Enquanto realizava um serviço, pensava em mais outro ... mais outro ... e foi ficando desanimada, inquieta, irritada, e começou a murmurar. O seu trabalho de amor estava se tornando uma tarefa pesada demais! aplicação Esse é um alerta para nós. Não podemos deixar que isso aconteça conosco. Precisamos recusar o desânimo. Tudo que fazemos para o Senhor deve ser contado como alegria. 2. A escolha de Maria Enquanto Marta se fatigava na labuta caseira, Maria, sua irmã, assentada aos pés de Jesus, totalmente absorta, ouvia os Seus ensinos. Bebia cada uma de Suas palavras. Ela sabia que o serviço era coisa secundária. Ela não podia perder a oportunidade de prestar adoração ao Mestre e receber Dele os ensinamentos. 3. A perda de Marta Marta não podia saborear os ensinos de Jesus, pois estava muito preocupada com pormenores e coisas secundárias. Ela começou a se considerar vítima, e passou a acusar a irmã diante do hóspede amado. Sua irritação era tão grande que ela incluiu Jesus na acusação:“Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha?” E foi além, atrevendo-se a dar ordens ao Mestre:“Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me” (Lc 10.40). Então, a voz do Mestre se fez ouvir: “Marta! Marta! andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só cousa” (Lc 10.41-42). Essas poucas palavras continham sérias advertências: a. Marta estava misturando o prioritário com o secundário; b. Marta estava perdendo tempo com coisas de pouca importância; c. Marta não compreendia que Cristo veio para servir e não para ser servido; d. Marta não percebia que Jesus tinha mais interesse na sua pessoa do que no seu serviço. Essas advertências são dirigidas a nós, hoje. Há mais uma coisa que devemos notar: precisamos evitar a murmuração. Ela não agrada ao Senhor. Ela não edifica. 4. O lucro de Maria “Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10.42). Maria escolheu estar aos pés de Jesus, numa atitude de adoração e como discípula. Ela não precisava ser repreendida, mas sim elogiada, pois havia feito a melhor escolha. aplicação O tempo que passamos com Jesus é sempre muito bem empregado. Precisamos organizar a vida de tal forma que aprender de Cristo seja o mais importante para nós. II. A morte de Lázaro (Jo 11.1-45) 1. A tragédia da morte O segundo quadro é anunciado por espessas mágoas. A morte roubou do lar feliz o irmão querido. Parecia injustiça da parte de Deus! Marta, Maria e Lázaro eram amigos íntimos de Jesus. O seu lar era Dele. Então, apesar do quanto tinham feito, a tragédia os alcançou. Parecia indiferença da parte de Jesus! Maria e Marta mandaram chamá-Lo. Esperaram que Ele viesse para curar Lázaro. Ele não veio a tempo, e Lázaro morreu. aplicação Pode acontecer isso na nossa vida, também. Sofremos, nos desesperamos, oramos, clamamos... e o pior acontece. Ter amor por Jesus não nos imuniza contra tristezas e provas da vida, contudo nos garante forças e conforto para sairmos vencedores nessas experiências. Jamais podemos permitir que elas nos vençam. 2. A vitória sobre a morte Quando Jesus chegou a Betânia, Lázaro já tinha sido sepultado. Nesse incidente vemos a diferença de temperamento entre as duas irmãs – Marta, extrovertida e ativa, não pôde esperar e saiu correndo ao encontro do Senhor, enquanto Maria, mais introvertida e calma, ficou em casa, sentada. Marta desafiou a amizade do Mestre: “Se o Senhor estivesse aqui meu irmão não teria morrido!” (v.21). Marta tirou de Jesus a mais conformadora declaração sobre a Sua Pessoa: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (v.25). Mas no versículo 29 lemos que quando Marta disse a Maria: “O Mestre chegou e te chama” (v.28), Maria“levantou-se depressa”. É interessante notar que ela disse a Jesus exatamente as mesmas palavras que Marta tinha dito (v.32), mas a reação de Jesus foi diferente. Com Marta, Jesus manteve um diálogo teológico, mas Maria recebeu do Senhor o mais belo gesto de solidariedade: “Jesus chorou” (v.35). É tão bomsaber que Jesus nos conhece pessoalmente e trata Seus filhos individualmente! Ambas presenciaram a glória de Deus e receberam o irmão de volta: vivo e saudável! Com esse fato, Marta adquiriu: a. uma nova compreensão de fé (v.22); b. uma nova compreensão da verdade (v.25-26); c. uma nova compreensão do Senhor (v.27). Maria compreendeu melhor o significado da morte (Jo 12.3) e do sepultamento de Jesus (Jo 12.7). Muitos judeus que tinham ido visitar Maria viram o que Jesus fez, creram Nele, e o Filho de Deus foi glorificado. Todos foram beneficiados por meio dessa experiência dolorosa. aplicação Precisamos achar um propósito nas experiências difíceis pelas quais passamos, e, mesmo sem achá-lo, devemos confiar no Senhor. Não podemos tirar conclusões precipitadas a respeito dos acontecimentos. No fim, tudo concorre para o bem, conforme Romanos 8.28. III. Uma refeição de amor (Jo 12.1-8) 1. Uma manifestação de amor O terceiro quadro se deu num banquete em Betânia, seis dias antes da paixão de Cristo. Foi uma ocasião muito especial. Lázaro, que tinha sido ressuscitado, estava à mesa com o Mestre. Marta, como sempre, servindo. As qualidades de hospitalidade e de prontidão em servir continuam em evidência em sua vida. Maria, pela terceira vez, se encontra aos pés de Jesus. Ela quebra todas as etiquetas e presta uma homenagem ao Senhor: derrama um precioso perfume nos Seus pés e os enxuga com os cabelos. Foi a manifestação da sua alma, efeito de uma profunda afeição. 2. Uma manifestação de crítica “Que extravagância! Que desperdício!” disse Judas. E os demais discípulos concordaram (Mt 26.8). Talvez nós tivéssemos, também, criticado Maria, se ali estivéssemos. Não é assim que fazemos? Criticamos a igreja, criticamos o pastor, criticamos os oficiais, criticamos os velhos, os moços, as crianças ... A oferta que a mulher ofereceu a Jesus, inspirada pelo amor, mal interpretada pelos homens, foi bem recebida pelo Senhor e recompensada pela história. Maria se imortalizou e, por isso, estamos a falar dela, hoje (Mt 26.13). O seu desejo era mostrar amor e simpatia ao Senhor. Ele compreendeu, aceitou e recompensou o gesto condescendente. aplicação Temos feito alguma coisa extraordinária para o Senhor, que realmente prove o nosso amor a Ele? Não por dever, mas por amor? Somos, hoje, gratos a Maria por essa lição de desprendimento? Ao examinarmos o contraste entre Marta e Maria, devemos avaliar as nossas próprias relações com o Senhor. Temos mais de Marta ou temos mais de Maria? Aplicações para a minha vida 1. Se Jesus disse que devo ser um bom samaritano e ajudar aos outros, por que não mandou Maria ajudar sua irmã? (Lc 10.41-42) 2. Em que aspectos Marta é um exemplo ou uma advertência para mim? 3. Ajudar os outros não substitui o tempo que devo passar com Jesus, alimentando-me da Sua Palavra. 4. Quando o serviço cristão é realizado só com as minhas forças, será que os resultados são: cansaço, desânimo, frustrações, mal-entendidos, lamúrias? 5. Para nós, crentes, a morte é um breve dormir em paz. Assim como Lázaro, eu, também, ouvirei a voz do Senhor. Posso gritar “Aleluia!”? Sugestão Final Para fazer a revisão do estudo, utilize questões que serão feitas aos alunos. Você pode fazê-las para a classe, em geral, ou pode dirigi-las para alguns alunos, especificamente. Conclusão Marta procurou agradar ao Senhor por meio dos seus próprios esforços. Maria ofereceu-Lhe o melhor que tinha. Isto nos faz lembrar de Caim e Abel. Marta possuía personalidade ativa e extrovertida. O seu amor pelo Senhor revelava-se em serviço. Ela era uma mulher que agia rapidamente. Maria era introvertida e calma por natureza. Das três vezes que seu nome é citado na Bíblia, encontramo-la aos pés de Jesus. E Jesus amava tanto uma como a outra! (Jo 11.5) 7 Judas, o eclipse de uma alma Pr. Agnaldo Faissal J. Carvalho texto básico Mateus 26.1-5, 14-16 versículo-chave Lucas 22.22 “Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído!” alvo da lição Mostrar aos alunos, por meio da loucura de Judas, o quão atentos devemos estar para que também não venhamos a nos satisfazer com uma religião formal, desprovida de vida e compromisso. leia a Bíblia diariamente seg Mt 26.47-56 ter Mt 27.3-10 qua Mc 14.10-16 qui Lc 22.19-23 sex Sl 41.1-9 sáb Jo 12.1-8 dom Mt 26.20-25 Poderia haver reputação pior que a de Judas Iscariotes? Poderia haver loucura maior que a desse homem? De fato, bem poucos na história cristã tiveram um início tão promissor seguido por tão vertiginosa queda. Eis o exemplo de um homem que pôs tudo a perder por se prender a valores errados. Teve nas mãos a dádiva de viver na luz, mas sua alienação o conduziu à mais completa escuridão. A história de Judas personifica a loucura da apostasia, a insanidade daqueles que se voltam contra a verdade, preferindo as promessas ilusórias da mentira (o pecado). Sua tragédia permanece como advertência aos seguidores de Jesus que persistem em trilhar o caminho da indiferença, cobiçosos das bênçãos divinas, sem, contudo, dar lugar à transformação genuína oferecida pelo Espírito (cf. Rm 8.9). I. Judas, uma alma iluminada Que grande privilégio foi concedido a Judas! O Senhor Jesus Cristo enxergou nele todo o potencial para se tornar um genuíno apóstolo. E não devemos duvidar que o Senhor tenha, de fato, lhe oferecido tal oportunidade, pois, apesar de Sua onisciência, nunca negou a Judas a possibilidade de arrependimento e mudança de vida. A bem da verdade, no início, Judas até deu sinais de um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, tendo todas as probabilidades de se tornar um morador do céu, tal como os demais apóstolos. 1. Judas deixou tudo para se tornar um discípulo do Mestre (Mt 10.1-4). 2. Judas andou por três anos lado a lado com Jesus, tornando-se um de Seus amigos íntimos. 3. Judas ouviu explicações que nenhum outro ouviu, além dos doze discípulos (Mc 4.34). 4. Judas foi testemunha ocular de todos os poderosos feitos do Senhor. 5. Judas foi enviado para pregar o reino e realizar prodígios em nome de Cristo (Lc 10.17). 6. Judas foi escolhido como administrador do sustento do Senhor e de Seus companheiros. Foi tido pelos demais apóstolos como igual na equipe (não suspeitavam dele). A alma de Judas foi iluminada pela presença radiante do Senhor Jesus, que persistiu em estender-lhe as mãos oferecendo generosamente uma nova vida e um lugar no Seu reino. Descobrimos, entretanto, que, deliberada e conscientemente, Judas optou em permanecer nas trevas de sua “velha vida”, desejando de Cristo apenas os possíveis benefícios materiais que almejava obter. Judas se apartou da fé, permanecendo endurecido de coração e obstinado de espírito. aplicação Quem brinca de seguir a Deus sem levá-Lo a sério ou o faz movido apenas por interesses pessoais acaba penetrando numa espécie de labirinto de perdição, de onde dificilmente encontrará um retorno à sensatez. “Como é que as pessoas que abandonaram a fé podem se arrepender de novo? Elas já estavam na luz de Deus. Já haviam experimentado o dom do céu e recebido a sua parte do Espírito Santo. Já haviam conhecido por experiência que a palavra de Deus é boa e tinham experimentado os poderes do mundo que há de vir. Mas depois abandonaram a fé. É impossível levar essas pessoas a se arrependerem de novo, pois estão crucificando outra vez o Filho de Deus e zombando publicamente dele” (Hb 6.4-6 NTLH). II. Judas, uma alma alienada A luz brilhou na vida de Judas, iluminando seus passos! Cristo o chamou, dando-lhe a oportunidade de mudar completamente sua história. A ele foi mostrado o caminho da verdade e conferido um conhecimento invejável. Tinha tudo para dar certo, contudo, não fez bom uso de sua sorte. Deixou-se guiar pela mentira e pelos desejos carnais, de maneira tal que aos poucos foi retrocedendo a um estágio pior do que aquele em que estava antes de conhecer a Cristo, provocando um colapso em sua moral e personalidade. 1. Pouco a pouco Judas perdeua visão de seu chamado Sua vocação era inquestionável. Jesus o chamou para ajudá-Lo na implantação do reino de Deus; um reino a ser estabelecido no coração dos convertidos. Mas, ao que parece, Judas ansiava por um reino terrestre, político, que lhe rendesse status e benefícios materiais. Gradualmente foi se distanciando das atribuições do chamado em busca de meios que satisfizessem sua ganância. aplicação Judas queria seguir Jesus, mas recusou-se a tomar a cruz. Queria as bênçãos, mas não estava disposto a pagar o preço. Tal como ele, muitos “crentes” dos tempos modernos foram contagiados pelo “vírus Iscariotes”. São os “crentes da crença fácil”, que afetados pela falta de resistência espiritual são derrubados à primeira crise, e cuja baixa moralidade, de tão inflamada, tornou-se contagiosa. 2. Pouco a pouco Judas deixou-se dominar pela cobiça A mesma corrosiva ambição que arruinou a vida espiritual de Ananias e Safira, o ministério de Balaão, o aprendizado de Geazi (auxiliar de Eliseu) e a vida de tantos outros personagens bíblicos, corroeu também as pretensões ministeriais de um dos doze apóstolos de Cristo. É bom que ouçamos a advertência do Espírito pelos lábios de outro apóstolo: “o amor do dinheiro é raiz de todos os males” (1Tm 6.10). Judas andou bem próximo a Jesus, mas seu coração permaneceu distante. Ao tilintar das ofertas, deu mais ouvido a elas do que aos preciosos ensinos de seu Mestre. A cobiça, ainda que velada, acabou por se tornar notória aos olhos de seus companheiros, como diria mais tarde o apóstolo João: “Judas... era ladrão. Ele tomava conta da bolsa de dinheiro e costumava tirar do que punham nela” (Jo 12.6 NTLH). O que Judas fez, movido pela cobiça, ultrapassa as atitudes deploráveis descritas em Malaquias 3.8: “Será que alguém pode roubar a Deus?... Vocês me roubam nos dízimos e nas ofertas” (NTLH). Sim, o que Judas fez foi pior, pois roubou as ofertas que já haviam sido entregues a Deus. De tal maneira se deixou dominar pela avareza que chegou ao ponto de criticar uma autêntica adoradora que se quebrantou aos pés de Cristo, ofertando-lhe o que tinha de mais precioso: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?” (Jo 12.5). Com cinismo descarado procurou camuflar suas reais intenções com o pretexto de encontrar um melhor uso para aquela oferta (caridade), classificando como um desperdício dedicá-la a Jesus. Na verdade, o “pobre” em quem pensava era ele mesmo. aplicação Adorar a Deus apenas por meio da caridade não passa de subterfúgio para escapar da oferta que realmente Deus espera de nós – um coração quebrantado. 3. Pouco a pouco Judas vendeu a própria alma Ao se aproximar da última Páscoa, Jesus passou a prevenir Seus discípulos quanto à sorte que O aguardava. Para Judas, cujas pretensões de um cargo bem remunerado no reino de Deus estavam descartadas, essa parecia ser a deixa para deixar o grupo, salvando a própria pele e, se possível, tirando algum proveito para compensar o “tempo perdido” ao lado de Jesus. Assim foi que resolveu pôr a sua alma em leilão: “Quanto vocês me pagam para eu lhes entregar Jesus?” (Mt 26.15 NTLH). Ele deu lugar ao diabo (Paulo exorta a respeito disso em Efésios 4.27), e o diabo fez dele um instrumento: “Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas ... que traísse a Jesus” (Jo 13.2). Sua moral e seus valores estavam de tal forma conturbados por causa da insidiosa cobiça que, pelo preço de um escravo (30 moedas de prata), não se constrangeu em vender a sua alma. E mais, planejou para que sua vergonhosa traição ocorresse justamente no local onde estivera tantas vezes usufruindo o ensino e as orações do Mestre (Jo 18.1-3). O “vírus Iscariotes” continua se propagando no meio dos cristãos de nossos dias, especialmente entre aqueles cuja fraqueza é a cobiça. Tal moléstia tem o poder de cauterizar a consciência, endurecer o coração e enfraquecer a alma pela febre da murmuração. Ela causa inversão de valores e confusão de raciocínio, transformando até mesmo os que condenam a idolatria em adoradores do dinheiro (e adoram até o dinheiro que não possuem). Quem adoece desse mal chega ao ponto de dispensar as riquezas do porvir por benefícios passageiros. Um exemplo de tal verdade é Esaú. aplicação Não há melhor remédio preventivo do que uma “dose” diária de oração: “não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário” (Pv 30.8-9). Nossa meditação constante deve ser: “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mt 16.26). III. Judas, uma alma apagada De certa forma, não apenas Judas, mas todos os discípulos traíram Jesus. Os outros onze companheiros abandonaram-No ao ver o perigo. Pedro chegou a negá-Lo publicamente em três ocasiões. Qual a diferença entre Judas e os demais? A diferença está no arrependimento! Os onze demonstraram genuíno arrependimento por meio do retorno à luz e da restauração, mas da parte de Judas constatou-se apenas “remorso” (Mt 27.3). aplicação O remorso e a angústia são sentimentos que vem à tona, empurrados pelo temor das consequências. O arrependimento brota espontaneamente no coração que aspira à restauração. O arrependimento é movido pelo Espírito e não pelo nosso querer, para que ninguém venha a dizer: “Darei lugar ao pecado enquanto me for conveniente; depois basta me arrepender e ficará tudo bem.” Cuidado! Com Deus não se brinca (Pv 1.28). Tomado pela amargura, Judas tentou livrar-se dos dividendos de seu pecado, atirando as 30 moedas da traição dentro do templo. Ele as jogou no lugar Santo, o local onde o sacerdote intercedia pelo pecador. Aquele dinheiro maldito não lhe havia trazido prazer algum e era tão desprezível que nem mesmo seus corruptores (os sacerdotes) o quiseram de volta (Mt 27.4). Judas se achegou ao pecado, seduzido pela fantasia de sua beleza, mas ao descobrir a realidade de sua aparência já estava muito enredado e miseravelmente aprisionado na armadilha. A alma de Judas chegou a seu “eclipse total” quando optou pela fuga vexatória do suicídio: “Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se” (Mt 27.5). Que fim terrível para um ex-pregador do evangelho! Um homem que chegou a trilhar o caminho da luz, mas preferiu retornar ao caminho das trevas. A ele se aplica bem o ditado: “O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal” (2Pe 2.22). Aplicações para minha vida 1. Quais tentações você tem enfrentado em sua vida? 2. O que você tem colocado em primeiro lugar em sua vida? 3. Como você lida com a cobiça? Conclusão A mulher de Ló olhou para trás e isso foi sua ruína. Demas olhou para trás e desviou-se do caminho. Judas olhou para trás e perdeu as bênçãos conquistadas. Que isso nos sirva de lição! “Quando formos tentados a confiar inteiramente em nosso conhecimento e religiosidade... quando pensarmos em brincar com o pecado, deixando o arrependimento para mais tarde... quando sentirmos o desejo de olhar para trás, com saudades da velha vida, lembremo-nos de Judas... posto diante de nós como um farol, para que olhemos para ele e não naufraguemos na fé” (J.C.Ryle). Mas, acima de tudo, devemos olhar fixamente para Jesus, autor e consumador da fé (Hb 12.2). 8 Pilatos, o homem das decisões erradas Pr. Agnaldo Faissal J. Carvalho texto básico João 18.28-19.16 versículo-chave João 18.37 “Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” alvo da lição Mostrar que, no tocante a Jesus Cristo, todos nós temos que tomar uma decisão que é inevitável, e que afetará nossa vida para sempre. leia a Bíblia diariamente seg Mt 7.13 (cf. Mt 26.62) ter Mt 27.25 (cf. At 5.28) qua Mt 27.11 (cf. 1Tm 6.13) qui Mt 27.24 (cf. Dt 21.1-9) sex Lc 23.1-25 sáb Mc 15.1-15 dom Is 53.1-12 O que sabemos sobre Pilatosalém do episódio em que julgou Jesus? Quase nada! Apenas umas poucas citações bíblicas e os comentários de historiadores da antiguidade (Flávio Josefo, Eusébio, Philo e outros). No entanto o nome desse personagem tornou-se mundialmente conhecido pelo fato de ter perdido uma grande oportunidade de entrar para a história como um verdadeiro herói. Certamente, o registro bíblico de quem foi Pilatos e das decisões desastradas que tomou tem o propósito de trazer preciosas lições à vida daqueles que estiverem dispostos a observá-lo com atenção. I. Pilatos, o homem por trás da máscara Tibério, o imperador que comandava Roma nos dias de Jesus, designou Pôncio Pilatos para atuar como governador (uma espécie de procurador do Império) na pequena, mas tumultuada província da Judeia. Pilatos assumiu o cargo no ano 26 d.C., e lá permaneceu por dez anos, estabelecendo seu quartel-general na cidade litorânea de Cesareia. De tempos em tempos, marchava para Jerusalém com um pequeno exército de cerca de 5.000 soldados, especialmente nas ocasiões de festividades religiosas, visto que a chegada de um grande número de peregrinos aumentava as probabilidades de tumultos e insurreições contra o domínio romano. O imperador confiou a Pilatos a missão de manter a ordem, mas com diplomacia, garantindo uma convivência pacífica entre os súditos hebreus e seus conquistadores. O governador romano recebeu amplos poderes para garantir o sucesso de sua empreitada, entretanto documentos históricos de diferentes fontes o descrevem como tendo sido um homem injusto, escarnecedor, obstinado, violento e corrupto. Pilatos nos traz à memória o fato de termos também recebido uma missão do Imperador do Universo – “ser o sal da terra e a luz do mundo”. Somos os embaixadores de Cristo, cuja tarefa é proclamar as virtudes do nosso Senhor com nossas palavras e atos. Devemos agir como sacerdotes do Rei, procurando reconciliar as criaturas decaídas com o Criador. aplicação Como é que você tem agido? Tem se empenhado com fidelidade para cumprir a missão que lhe foi confiada? Juntando as informações bíblicas aos registros históricos, tentaremos montar o quebra-cabeça desse intrigante personagem que usou tão mal o poder, e compreender as lições que Deus tem para nós. 1ª Peça: Autoritarismo Pilatos começou mal sua missão logo na chegada à Judeia, irritando profundamente os moradores da terra santa ao introduzir em Jerusalém pendões com o símbolo de Roma (águia) e a esfinge do imperador para serem adorados (segundo Josefo, no seu livroAntiguidades), como era costume entre os povos conquistados. Foram feitas queixas veementes a Tibério, o qual sensatamente ordenou a remoção dessa afronta, para que fossem evitados confrontos desnecessários. 2ª Peça: Arbitrariedade Ele tomou para si a prerrogativa de escolher os Sumos Sacerdotes, como se fosse um cargo político, e confiscou as vestes sacerdotais, ricamente ornamentadas, cedendo-as apenas em ocasiões festivas. 3ª Peça: Corrupção Assumiu o controle da tesouraria do templo, desviando fundos para construir obras públicas, entre elas um aqueduto de 40 km, do qual se orgulhava como glória de sua administração. 4ª Peça: Opressão Durante uma festividade religiosa em Jerusalém, na qual se fez presente, muitos judeus se manifestaram contra o uso das ofertas para fins políticos. Pilatos respondeu com a espada, mandando matar dezenas de adoradores no pátio do templo (Lc 13.1). 5ª Peça: Insensibilidade Chegou ao extremo de executar um grande número de samaritanos que se reuniram no monte Gerizim iludidos por um falso profeta que prometia revelar onde Moisés escondera os vasos sagrados com maná (ora, Moisés nem entrou em Israel). Pilatos, insensível como era, tomou aquele ajuntamento como uma ameaça de rebelião e os atacou sem misericórdia. Quem faz mau uso da autoridade que lhe foi conferida acaba cavando sua própria sepultura. Por tantos desmandos o próprio imperador voltou-se contra ele, que foi removido para Roma e acabou condenado ao suicídio. Isso mesmo, seu castigo foi dar fim à própria vida (Eusébio). aplicação Que cena deplorável é ver um homem investido de grande autoridade agindo sem princípios espirituais. Sua grandeza atrai tentações e, se não tem o respaldo divino, não só trará o mal a muitos como também a si mesmo. “procuras tu grandezas? Não as procures” (Jr 45.5). II. Pilatos, o homem das decisões erradas Ele deteve em suas mãos toda possibilidade de ser bem sucedido na administração imperial, contudo, sua arrogância o arrastou para baixo. Devido a suas decisões insanas foi perdendo um a um o apoio de possíveis aliados - os líderes judaicos, o rei Herodes Antipas (irritado com a morte dos samaritanos, seus súditos) e até mesmo o imperador, pelas constantes reclamações dos contribuintes. Mas, certamente, sua pior decisão foi tomada quando agiu injustamente contra o único homem que poderia salvar sua vida - Jesus Cristo. aplicação O Deus Eterno leva a sério as decisões que você toma a respeito de Seu Filho amado. Deus bem sabe quando dizemos sim e quando dizemos não Àquele que Se entregou por nós na cruz. Observe bem esse Pilatos, pois de certa forma representa aqueles que, embora convencidos da verdade, escolhem a mentira por comodismo ou interesse. 1. Pilatos – um homem convicto da verdade Ante seus olhos estava o único homem capaz de inquietar sua alma. Sentiu- se interiormente convicto da inocência e da dignidade daquele réu: “Pois ele bem percebia que por inveja os principais sacerdotes o haviam entregado” (Mt 27.18). Olhou para Jesus e se comoveu, mas também olhou para a multidão ameaçadora e estremeceu – não por medo dos judeus, mas pelo temor de perder o seu prestígio. Então deixou que a arrogância falasse mais alto que a consciência. Jesus, conhecendo o que se passava no coração de Pilatos, procurou motivá- lo a tomar a decisão acertada, alertando: “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18.37), mas ele preferiu se esquivar na petulância e replicou: “Que é a verdade ?” O fato é que não queria dar chance à verdade, visto que com isso teria que reconhecer o seu erro (Jo 18.38). 2. Pilatos – um homem de coração dividido Sua mente e seu coração agitavam-se em prol da absolvição, pois percebia algo de extraordinário naquele homem. Sua convicção foi ainda mais fortalecida com o argumento usado pelos acusadores: “... este homem... afirma que é o Filho de Deus... Quando Pilatos ouviu isso, ficou com mais medo ainda” (Jo 19.7-8 NTLH). Pesava-lhe ainda a advertência de sua esposa: “Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito” (Mt 27.19). Com o coração dividido entre a verdade e os interesses pessoais, Pilatos procurou um meio de livrar-se daquela angustiante decisão. Tentou repassar a responsabilidade para o Sinédrio ou para Herodes, talvez até como pretexto para se reconciliar com o rei da Galileia, reconhecendo o poder de sua jurisdição sobre o nazareno (Lc 23.12). Pilatos estava relutante. Não havia, porém, como escapar daquela decisão. aplicação Cada ser humano terá que tomar uma decisão a respeito de Jesus; outro não poderá fazê-lo! Ou se apega à verdade e passa a viver por ela, ou se entrega à mentira e se submete ao seu domínio. Ainda hoje há muitas pessoas com “duas caras”; desejam o Salvador de coração, mas O rejeitam na prática, para satisfazer ao mundo. 3. Pilatos – um homem em desespero Pilatos cometeu muitos erros na vida, mas agora, quando deseja sinceramente tomar uma decisão acertada, não encontra as forças necessárias. Sentindo-se acuado, desabafou: “Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo” e “Não vejo neste homem crime algum” (Mt 27.22; Lc 23.4). Em outras palavras: “Não sei o que fazer”. Por sua falta de firmeza, acabou perdendo o domínio da situação. De um lado só ouvia ameaças: “Se soltas a este, não és amigo de César”(Jo 19.12). Do outro lado só ouvia o perturbador silêncio de Jesus que “não lhe deu resposta” (Jo 19.9). Então, num ato desesperado, querendo abster-se da responsabilidadefrente ao homem que abalara sua consciência: “lavou as mãos perante o povo” (Mt 27.24). Pilatos lavou as mãos, mas não pôde lavar seu coração. Na verdade, ao entregar Jesus Cristo, a quem pronunciara inocente, condenou a si mesmo. Sua dramatização poderia até ter impressionado seus ouvintes, mas em nada diminuiu a sensação de culpa latente em sua alma. Aplicações para minha vida 1. Como têm sido suas ações? 2. Você é cuidadoso ao tomar decisões, colocando antes diante de Deus? 3. Como você lida com o cargo que lhe é confiado? Conclusão Pôncio Pilatos entrou para a história como o homem das decisões erradas, que rejeitou a oportunidade de se fazer amigo de Deus em troca da amizade com o mundo. Com isso seu nome se imortalizou da maneira mais amarga possível nos versículos do credo apostólico: “padeceu sob Pôncio Pilatos”. Pilatos simboliza todo aquele que, embora convencido da verdade, se deixa levar pela mentira para atender a seus interesses pessoais. Representa também aqueles que fazem mau uso da autoridade que lhes foi confiada, buscando mais a popularidade que a justiça. 9 Tomé, o melancólico que se tornou crente Profa. Odila Braga de Oliveira texto básico João 11.6-16; 14.4-6; 20.24-29 versículo-chave João 20.29 “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.” alvo da lição Estudar a vida de Tomé e reconhecer que dúvida é um defeito na vida espiritual do crente e pode levá-lo ao fracasso; que existe uma felicidade especial reservada àquela fé que não requer provas. leia a Bíblia diariamente seg Mc 3.13-19 ter Jo 11.6-16 qua Jo 14.1-6 qui Jo 20.24-29 sex Jo 21.1-14 sáb Tg 1.2-12 dom Mc 11.20-24 O aluno será capaz de saber compreender que dúvidas e falta de fé devem nos levar aos pés de Cristo; sentir desejar viver confiantemente no Senhor; agir buscar exercer a fé que não busca provas. Depois de uma noite em oração, Jesus escolheu, dentre Seus discípulos, aqueles aos quais deu o nome de apóstolos. Eram doze homens: homens que mudaram o mundo! Cada um deles tinha personalidade e características próprias, temperamentos peculiares. Uns eram extrovertidos, outros introvertidos; uns eram sanguíneos, outros coléricos; uns eram melancólicos, outros fleumáticos. Por que teria Jesus escolhido pessoas tão diferentes para compor o colégio apostólico? Dentre esses homens, vamos destacar um melancólico, para que o conheçamos melhor. Trata-se de Tomé, em aramaico Thomás, que quer dizer “gêmeo”, embora não saibamos de quem ele era gêmeo. Em grego, o seu nome, Dídimo (Jo 11.16), também significa “gêmeo”. Segundo algumas fontes informativas, ele era também conhecido como Judas Tomé, “Judas, o gêmeo”. Por certo a sua atividade profissional era a pescaria, assim como a outros apóstolos. É bem provável que morasse na Galileia (Jo 21.1). Entretanto não sabemos como se deu sua conversão e vocação. Conhecemos seu caráter pelos escritos de João. É no evangelho de João que Tomé recebe especial destaque. Ele foi o mais melancólico, o mais pessimista, o mais incrédulo, o mais franco dos apóstolos. Não cria em nada que não pudesse ver. Tinha uma atitude crítica, era um inquiridor da verdade e, por isso, ela sempre lhe foi revelada de maneira prática. É maravilhoso saber que o Senhor é Deus dos pessimistas, dos teimosos, dos melancólicos. Ele foi o Deus de Abraão, de Isaque, de Jacó. Ele foi o Deus de Pedro, de Paulo, de Tomé. E Ele é o nosso Deus, também! I. O acontecimento de Betânia (Jo 11.6-16) Foi quando chegou a notícia da doença de Lázaro, o amigo de Jesus, que Tomé marcou sua primeira presença no grupo apostólico. Jesus resolveu voltar para a Judeia. Os discípulos mostraram-se receosos, pois, por duas vezes, Jesus tinha sofrido atentado. Tomé sabia que o Mestre poderia ser morto e reconhecia que o perigo que ameaçava o Senhor Jesus ameaçava também a Seus discípulos. Voltou-se, então, para seus companheiros e disse: “Vamos também nós para morrermos com Ele” (Jo 11.16). Por um lado, foi uma atitude corajosa de Tomé. Isso era dedicação, devoção ao Senhor. Ele mostrou-se disposto a morrer com Jesus. Ele preferia morrer com o Mestre a viver sem Ele. Por outro lado, foi uma expressão pessimista, de uma alma melancólica e depressiva. Parecia um homem sem esperanças, resignado, sem sorte: “Vamos morrer com Ele”. Estaria Tomé, realmente, disposto a morrer com Jesus? Não é isso que lemos na narrativa do Calvário. Lucas, o médico amado, quando narra a crucificação de Jesus afirma: “Entretanto todos os conhecidos de Jesus permaneceram a contemplar de longe estas coisas” (Lc 23.49). Onde estava Tomé? Onde estava sua valentia? Onde estava sua dedicação e devoção ao Senhor? aplicação Nós não podemos morrer com Jesus, mas estaremos dispostos a morrer por Jesus? A nossa fidelidade ao Senhor chega ao ponto de morrer por Ele? II. O acontecimento no cenáculo (Jo 14.4-6) Vamos encontrar, agora, o melancólico Tomé no cenáculo, celebrando a última Páscoa, na companhia do Mestre amado. Jesus estava falando, instruindo e confortando os discípulos, pois Sua partida estava muito próxima. Quando Jesus deu a entender aos discípulos que eles conheciam o caminho da casa do Pai, Tomé, demonstrando total ignorância, foi honesto, prático e franco: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?” (Jo 14.5). Com essa pergunta, Tomé deu oportunidade para que Jesus fizesse uma das maiores revelações sobre a Sua Pessoa, ao dizer que Ele é não somente o caminho, mas a verdade e a vida. “Onde eu vou?” - Para o Pai. “Qual o caminho?” - Eu sou o caminho. “Como encontrá-lo?” - Somente por mim. Tomé recebeu de Jesus muito mais do que esperava. Cristo, o único caminho para Deus. Toda a verdade está em Sua pessoa. Ele é a vida que deve ser vivida por todos. III. O acontecimento pós-ressurreição (Jo 20.24-29) Jesus já havia morrido e ressuscitado dentre os mortos. Já havia aparecido a algumas mulheres e a dez apóstolos que estavam reunidos. Faltavam dois: Judas, que já estava morto, e Tomé (Jo 20.24). Não sabemos qual a razão da ausência de Tomé quando Jesus apareceu aos Seus discípulos. Talvez tenha sido devido à sua melancolia, ou pessimismo, ou incredulidade. O que sabemos é que ele perdeu a bênção maravilhosa de ver Cristo ressurreto, de ouvir Sua voz, de falar com Ele. Perdeu, também, a companhia dos irmãos. Quando deixamos de nos reunir com nossos irmãos para cultuar ao Senhor, sofremos inúmeras perdas. Perdemos a fé, a esperança, o amor, a oportunidade do crescimento espiritual, a bênção da comunhão. É com muita razão que o escritor da Epístola aos Hebreus diz: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns” (Hb 10.25). Quando Tomé soube que Jesus havia ressuscitado, não pôde acreditar. Isso era demais para ele. Tomou uma posição: só acreditaria se tivesse provas concretas. “Se eu não vir nas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o meu dedo, e não puser a minha mão no seu lado, de modo algum acreditarei” (Jo 20.25). Ele se mostrou presunçoso, insolente, obstinado: estava decidido a não acreditar e não bastaria ver Jesus, teria que colocar o dedo nas Suas feridas. Que homem teimoso! Fraquejou quanto à fé deixando-se assaltar pelas dúvidas. Jesus, que sabe de tudo, que conhece o coração dos homens, atendeu a exigência de Tomé. No domingo seguinte, estando o grupo reunido, inclusive Tomé, Jesus apareceu e disse ao incrédulo: “Veja as minhas mãos e ponha seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia!” (Jo 20.27 NTLH). No mesmo instante, o incrédulo se tornou crente e fez a maior declaração de fé do Novo Testamento: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28) Não era necessário colocar o dedo nas feridas! Então ele creu e reconheceu que Jesus é o próprio Deus e Senhor de sua vida. Ele admitiu a deidade de Cristo e o Seu senhorio. Apesar disso recebeu uma reprimenda do Mestre: “Por que me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20.29). A fé não é resultado daquilo que vemos. Fé é a prova de que existem
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