Buscar

Naum (N Comentario)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NAUM
 VOLTAR
 Introdução 
 Plano do livro 
 Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 
 
INTRODUÇÃO 
 
I. DATA 
 
 A profecia de Naum antecipa a queda de Nínive. O profeta fala 
sobre a queda da cidade com uma clareza e uma intimidade possíveis 
somente se tal acontecimento estivesse quase imediato. Isso data a 
profecia de Naum como pouco antes da queda daquela cidade, em 612 
A. C. O profeta também menciona o saque de Nô-Amom (3.8), como 
fato consumado. Essa cidade foi pilhada pelo rei Assurbanipal, da 
Assíria, cerca de 666 A. C. Esta profecia, por conseguinte, pode ser 
datada entre esses dois eventos. Outra pequena partícula de evidência 
interna sugere que a data pode ser fixada com mais precisão como pouco 
depois da reforma de Josias, em 621 A. C. Há uma referência (1.15) que 
sugere que a importância da observância das cerimônias religiosas estava 
bem fresca nas mentes do povo de Judá quando o livro foi escrito. 
Portanto, podemos estabelecer, como tentativa, a data da profecia, como 
entre 621 e 612 A. C. O profeta, portanto, teria sido contemporâneo de 
Sofonias, Habacuque e Jeremias. 
 
II. O HOMEM 
 
 O escritor é descrito como "Naum, o elcosita". O nome Naum quer 
dizer "consolação", "conforto" ou "alívio". Apesar de que a mensagem 
primária de Naum é a iminente destruição de Nínive, uma das 
conseqüências necessárias da queda do tirano assírio era o alívio da 
Naum (Comentário da Bíblia) 2 
oprimida Judá. Nesse sentido, a mensagem de Naum justifica o nome do 
profeta. Ele não tinha palavra de julgamento ou condenação contra seu 
próprio povo, mas apenas de conforto. Ele declara, em nome do Senhor: 
"eu te afligi, mas não te afligirei mais. Mas agora quebrarei o seu jugo de 
cima de ti, e romperei os teus laços" (1.12-13). 
 "Elcosita", a designação suplementar do profeta, indica que Naum 
estava intimamente ligado com a localidade conhecida como Elcós. 
Quatro localizações são sugeridas para esse lugar. Jerônimo dizia que 
Elcache (Het kesai) era uma pequena aldeia da Galiléia e que lhe fora 
mostrada por um guia. Outra sugestão é Cafarnaum, na Galiléia, nome 
esse que é transliteração de duas palavras hebraicas que significam "vila 
de Naum". Uma terceira identificação é Alquis, perto de Mossul, na 
Assíria, que localmente se considera cidade nativa do profeta Naum. Em 
quarto lugar, Pseudepifânio mantinha que "Elcesei" era uma vila de Judá. 
 Dessas quatro tradições, a terceira não recua mais que o século 
XVI de nossa era. No concernente às duas primeiras, não há evidência, 
dentro do texto, que sugira um ambiente galileu para Naum. 
Naturalmente, se aceitarmos a tradição que Naum era um deportado na 
própria Nínive, não se poderia esperar traços de ambiente galileu. Porém, 
parece que nos tempos neotestamentários, não havia tradição que Naum 
tivesse vindo da Galiléia (cf. Jo 7.52, que, entretanto, se esquece de 
Jonas). Tal origem para o profeta pode ser posta em dúvida em outras 
bases. A quarta sugestão liga Naum a Elcase, "da tribo de Simeão". 
Nesse caso, Elcase pode ser localizada perto de Beit-Jibrin, entre 
Jerusalém e Gaza. Pode ser observado que há evidência que aponta para 
o fato que Miquéias também veio daquelas circunvizinhanças. Essa 
região parece ter produzido a piedade juntamente com o gênio. 
 
III. SUA MENSAGEM 
 
 A nota primária da mensagem de Naum é: "A mim me pertence a 
vingança; eu retribuirei, diz o Senhor". "O Senhor é um Deus zeloso e que 
Naum (Comentário da Bíblia) 3 
toma vingança" (1.2). A palavra "zeloso", neste passo, significa o intenso 
sentimento de Deus para com Seus inimigos. Naum apreendeu e declarou 
com apaixonada insistência essa grande verdade que a ira de Deus é 
provocada pela iniqüidade. Ele tolera os homens por longo tempo, mas Sua 
ira termina por ser despertada. Então Ele castiga aqueles que o têm 
provocado. Ele golpeia e leva a completo final. A ira de Deus é terrível e 
inescapável. Aquele que divide os céus escurecidos pela tempestade com 
lanças de faíscas e faz rachar as rochas, é um horrível adversário. O débil 
homem nada significa perante Ele. Os homens podem tomar conselho entre 
si. Podem dizer: "Somos fortes. Quem nos pode derrubar?" Mas Deus, 
tratará do caso deles. Não importa quão poderosos sejam, não importa 
quantos ajudadores possam ter, Deus infligir-lhes-á um golpe mortal. Tem 
havido outros mais fortes que eles. E foram derrubados. Assim também os 
inimigos de Deus sempre serão vencidos. 
 Em adição, Naum destaca dois pecados em particular, para 
denunciá-los. Primeiramente temos o pecado de violento poder militar. 
Em resultado desse mal, o sangue se derrama em rios, nações são 
aniquiladas, instituições são destruídas e a guerra é feita com toda 
espécie de ferocidade (2.11-13). Quanto àqueles que assim violam as 
decências da existência humana, é declarado: "Eis que estou contra ti, 
diz o Senhor dos exércitos". O outro pecado, que Naum denuncia, é o 
comércio sem escrúpulos. As nações vizinhas eram corrompidas para 
que eles pudessem ministrar aos luxos e vícios da cidade conquistadora. 
Os comerciantes, motivados por ambição pelo ouro, vendiam suas 
mercadorias numa cidade que desejava coisas finas. Permitia-se que a 
moralidade e a honestidade perecessem, a fim de que pudessem ser 
adquiridas as riquezas e desfrutados os prazeres (3.1-4). Contra esse 
pecado, semelhantemente, é decretado o mesmo julgamento, com 
sombria simplicidade: "Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos 
Exércitos" (3.5). 
 A seu próprio povo Naum declara que os mensageiros trazendo 
boas novas já estavam a caminho. Como expressão de gratidão pela 
Naum (Comentário da Bíblia) 4 
destruição do opressor, o povo de Judá deveria observar os períodos 
religiosos e desincumbir-se escrupulosamente das obrigações de sua fé 
(1.15). 
 
IV. SUA SIGNIFICAÇÃO COMO PROFETA 
 
 Tal qual Catão, o senador romano, que encerrava cada um de seus 
discursos no senado com as palavras Carthago delenda est, ou seja, 
"Cartago precisa ser destruída", Naum estava obcecado por uma idéia: 
Nínive delenda est. Seu olhar estava fixado sobre Nínive e seus 
pecados. Embora sincero, intenso e eficaz, ele não tinha muito a dizer 
sobre os elementos íntimos da religião autêntica. Ele não exortava por 
um retorno pessoal e nacional à justiça, mas antes à observância das 
festividades religiosas, como também Amós fazia (Am 4.4-5). Ele não 
procurava conquistar seu próprio povo com a ternura de Miquéias (Mq 
6.3). Ele não proclamava misericórdia para com todos os homens, nem 
mesmo para Nínive, com a largueza de visão e a diáfana claridade do 
livro de Jonas. 
 Não obstante, por mais limitada que tenha sido a mensagem de 
Naum, sua posição entre os profetas é garantida. A data em que a sua 
profecia foi composta pode talvez explicar sua aparente falta de 
preocupação pelos pecados de seu próprio povo, bem como suas 
omissões, não apontando suas obrigações morais e espirituais, e sua 
aparente falta de caridade para com a própria Nínive. Se é que a sua 
profecia foi composta pouco antes de 612 A. C. (a queda de Nínive), 
então não foi escrita muito tempo depois da reforma de Josias (621 
A.C.). É verdade que Jeremias percebeu que essa reforma não era 
suficiente; mas Naum pode ter sentido que a nação seguia agora pelo 
caminho certo. A desilusão provocada pela morte precoce de Josias, em 
609 A.C., ainda não havia tido lugar, e o alívio sentido devido à 
iminente destruição de Nínive era tão intenso que fazia Naum esquecer-
se de todas as demais considerações. 
Naum (Comentário da Bíblia) 5 
 A profecia de Naum tem sido apropriadamente chamada de "o 
clamor de uma consciência ultrajada". É uma apaixonada assertiva que a 
justiça prevalecerá em sua inflexível retribuição. Essa verdade é por ele 
declarada com insistência. Ele proclama sua necessidade moral. Ele 
contempla sua realização com lucidez sem paralelo. Ele prevê seu 
cumprimentocompleto. No grande corpo de verdade, ensinado pelos 
doze profetas, essa verdade é particularmente propriedade de Naum e, se 
sua profecia é a profecia de uma idéia, pelo menos ele apresenta essa 
idéia com grande poder e completa eficácia. 
 
PLANO DO LIVRO 
Há três odes, que correspondem aos três capítulos: 
 
I. UM ACRÓSTICO ALFABETO - 1.1-15 
 
 a. O título do livro (1.1) 
 b. O poema (1.2-8) 
 c. O castigo dos inimigos (1.9-15) 
 
II. UM QUADRO TRÍPLICE - 2.1-13 
 
 a. O cerco (2.1-6) 
 b. O saque (2.7-10) 
 c. A queda (2.11-13) 
 
III. UM CÂNTICO DE GUERRA - 3.1-19 
 
 a. A iniqüidade de Nínive (3.1-7) 
 b. Comparação com o Egito (3.8-15) 
 c. A irremediável condenação (3.16-19) 
 
 
Naum (Comentário da Bíblia) 6 
COMENTÁRIO 
 
Naum 1 
I. UM ACRÓSTICO ALFABÉTICO - 1.1-15 
 
a) O título do livro (1.1) 
 
 Peso de Nínive. Primariamente aquilo que é levado com, ou seja, 
concernente a Nínive; então, aquilo que é pesado concernente a Nínive; 
finalmente, aquilo que é dito concernente a Nínive. A palavra peso 
seguida por um substantivo locativo como objeto genitivo, 
freqüentemente denota um pronunciamento de natureza ameaçadora e 
condenatória contra aquele lugar. Mas isso não é assim invariavelmente. 
Em Zc 12.1 encontramos "Peso da palavra do Senhor sobre Israel", onde 
a ameaça não é contra Israel, mas contra os inimigos de Israel. 
 
b) O poema (1.2-8) 
 
 Há certo número de poemas na Bíblia em que cada verso, ou 
melhor, cada linha, começa com letras sucessivas do alfabeto hebraico. 
Os Salmos 111; 112 e, notavelmente, 119, são exemplos desse arranjo, 
cujo propósito, provavelmente, era servir de uma espécie de aide-
mémoire. Em alguns casos como nestes versículos de Naum, não é 
empregado o alfabeto inteiro. 
 A peculiaridade distintiva de um poema acróstico, ou seja, em que 
cada linha começa com uma letra sucessiva, naturalmente se perde na 
tradução. Pode-se indicar um esboço geral do esquema, porém: Aleph: 
O Senhor é um Deus zeloso (2). Beth: o Senhor tem o seu caminho na 
tormenta, e na tempestade (3). Gimel: Ele repreende o mar, e o faz 
secar (4). A letra Daleth não pode ser traçada. He: Os montes tremem 
perante ele (5).: Waw: e a terra se levanta na sua presença (5). Zain: 
Quem subsistirá diante do ardor da sua ira? (6). Teth: O Senhor é 
Naum (Comentário da Bíblia) 7 
bom (7). Yodh: Conhece os que confiam nele (7). Kaph: Com uma 
inundação transbordante acabará duma vez com o Seu lugar (8). 
 Alguns críticos fazem o hino litúrgico incluir o versículo 9. Se 
fosse esse o caso, a ordem das cláusulas precisaria ser revertida, visto 
que no presente a primeira começa com Mem e a segunda com Lameth. 
Na ordem revisada, lêem. Lamedh: não se levantará por duas vezes a 
angústia. Mem: Que pensais vos contra o Senhor? ele mesmo vos 
consumirá de todo. 
 O tema deste poema é a certeza e a severidade da vingança de 
Deus contra os pagãos, e começa com uma enérgica afirmação sobre o 
fato (2). Com repetição cumulativa, o profeta afirma e reafirma que o 
Senhor toma vingança. Declara Ele que justamente porque a ira do 
Senhor só se desperta lentamente também só lentamente se dissipará. 
 O Senhor ao culpado não tem por inocente (3), mas 
responsabilizá-lo-á e o julgará. É fácil por demais perder de vista essas 
verdades morais. Mui prontamente os homens imaginam que, visto que 
a perversidade é permitida por algum tempo, que portanto ela é 
esquecida. Uma passagem tal como esta é um lembrete que a ira de Deus 
é dirigida contra toda injustiça e que, sem o arrependimento, não há 
perdão fácil e barato. 
 Para convencer sua audiência quanto ao terror do Senhor, Naum 
aponta para os fenômenos da natureza física e, em linguagem vívida, 
pinta um quadro de tempestade, redemoinho, seca, terremoto e fogo (4-
5). Todas essas coisas revelam o poder do poderoso Deus e, 
confrontados com elas, até os homens mais ousados se tornam 
conscientes de sua insignificância. 
 Quem parará diante do seu furor? Quem subsistirá diante do 
ardor do seu furor? pergunta Naum, e a sua cólera se derrama como 
um rego, e as rochas foram por ele derribadas (6). 
 Em seguida Naum estabelece as implicações morais do poder de 
Deus, tanto para com os justos como para com os iníquos. Justamente 
por que Deus é tão poderoso, Ele é um refúgio seguro para aqueles que 
Naum (Comentário da Bíblia) 8 
confiam nele (7). Ele sabe quem são os que nele confiam e deles não se 
esquece. Por outro lado, Ele tem poder para ferir o iníquo. O Senhor 
também conhece quem são os iníquos e Sua vingança não falhará. Sua 
condenação é certa (8). 
 
c) O castigo dos inimigos (1.9-15) 
 
 Neste arranjo temos separado o versículo 9 do poema litúrgico, 
embora, conforme salientamos acima, certo número de críticos o incluam 
no hino. Partindo do princípio de que Naum não compôs o poema em 
ordem acróstica alfabética, mas que foi adicionado posteriormente à sua 
profecia, esses comentadores consideram que os versículos 10 e 11 são 
os primeiros versículos genuínos de Naum. Alguns, efetivamente, 
desejam colocar os versículos 1.10-11 após o versículo primeiro do 
capítulo 2, tornando assim esses dois versículos uma parte do cântico de 
guerra que descreve o ataque contra Nínive. 
 Entretanto, há uma íntima ligação entre esses versículos e aqueles 
que os precedem. O mesmo tema é manuseado e os dois pensamentos 
previamente observados são desenvolvidos, isto é, o castigo dos inimigos 
do Senhor e o conseqüente alívio para aqueles a quem esses inimigos 
oprimiam. 
 Apesar de que a vingança de Deus os ameaça, os inimigos de Deus 
ainda não estão subjugados quanto à sua mente. Continuam recusando-se 
a acreditar que Ele os ferirá. Mas Ele está prestes a cuidar do caso deles. 
O castigo que o Senhor lhes imporá será completo e final. Ele não terá 
necessidade de ferir por duas vezes (9). Ao descrever esse julgamento, 
Naum usa uma metáfora favorita entre os profetas (ver Is 5.24; Jl 2.5; Ob 
18) e que tem a inclinação de apelar à imaginação do povo agrícola. Os 
inimigos de Deus serão reunidos como espinhos e serão consumidos 
como o fogo queima a palha seca, após a colheita (10; cf. Mt 13.30). 
 Um conselheiro de Belial (11). Parece que Naum via a 
perversidade do povo assírio sumarizada na pessoa de um de seus 
Naum (Comentário da Bíblia) 9 
líderes. Esse líder é tão desprezível que um opróbrio especial o aguarda 
(14). Sua família deixará de existir, seus deuses serão derrubados e ele 
mesmo será morto. 
 Como conseqüência da derrubada dos inimigos do Senhor, haverá 
alívio para Seu povo oprimido (12-13). A chegada dessas boas novas é 
declarada de modo pitoresco e belo. Talvez, porque essas boas novas 
necessariamente deveriam ser levadas até Jerusalém, por sobre estradas 
montanhosas, tenham sido anunciadas, pelos profetas dessa forma (cf. Is 
52.7). Eis sobre os montes os pés do que traz boas novas, do que 
anuncia a paz! Em gratidão por sua libertação, Judá é exortado a 
cultivar sua vida religiosa (15). Juntamente com esta seção pode ser 
considerado 2.2. 
 O Senhor trará outra vez. O significado pode ser expresso como 
segue: "a vinha de Judá florescerá novamente como a vinha de Israel, 
embora os destruidores tenham-no destruído e estragado os seus 
sarmentos". 
 Desse modo, Naum trata, em seu tema, da queda de Nínive de uma 
maneira geral e introdutória. Ele estabeleceu o quadro em relação à 
justiça de Deus e em relação ao povo oprimido de Judá. Nos dois 
capítulos restantes ele se volta para seu assunto de modo particular, 
dando os detalhes, estabelecendo sua realização em quadros de âmbito 
mundial que retratam batalhas, sem rivais na literatura hebraica. 
 
Naum 2 
II. UM QUADRO TRÍPLICE - 2.1-13 
 
a) O cerco (2.1-6) 
 
 O inimigo sobe contra Nínive (1). Estes versículos podem ser 
datados após a morte do grande governante assírio, Assurbanipal, em 
626 A. C. Os medos, um vigoroso povo ariano, se tinham estabelecido 
na área entre o mar Cáspio e a Assíria.Sob seu rei, Ciaxares, estavam 
Naum (Comentário da Bíblia) 10 
fazendo pressão sobre os povos semitas mais antigos, que estavam 
engolfados na luxúria. Agora se aproximavam dos portões de Nínive. 
Naum, com amarga zombaria, exorta os ninivitas a se prepararem com 
medidas defensivas. 
 Escarlates (3). Essa era uma das cores favoritas dos combatentes 
da Média. Tanto seus escudos como suas capas eram vermelhos. A cena 
inteira é iluminada pela luz de tochas, carregadas pelas carruagens em 
meia luz da madrugada, antes do assalto. 
 As lanças (3; lit., "ciprestes"). As versões mais modernas 
corrigem o texto e traduzem: "as assaltantes se pavoneiam". As 
carruagens seguem ao longo dos largos caminhos, nas vastas áreas 
edificadas que rodeiam as fortificações centrais de Nínive. Tão 
numerosos são que se lançam e se pressionam uns contra os outros (4). 
Homens selecionados são nomeados para o assalto. Avançam 
fragorosamente. 
 Quando o amparo for preparado (5; o amparo era uma defesa 
móvel, com coberta, que preparavam para o assalto final). Então, tendo 
capturado as comportas e os portões que controlavam o rio Chaser, que 
atravessava a cidade, subitamente abrem-nas, permitindo que um dilúvio 
de água se derrame contra os edifícios. 
 Os alicerces são abalados e, dessa maneira, o palácio literalmente 
se derreterá (6). 
 
b) O saque (2.7-10) 
 
 Huzabe (7); isto é, a rainha, ou, talvez, a representante feminina 
de uma deusa. Têm sido feitas tentativas para considerar essa palavra 
como verbo, mas é melhor considerá-la como substantivo próprio. Suas 
auxiliares femininas a seguem e ela será levada cativa. Os lamentos que 
soltam em sua tristeza são como os das pombas e batem nos peitos (7). 
Por muitos anos Nínive foi um reservatório de comércio e riquezas, que 
fluíam de todos os quadrantes, pois lhe traziam mercadorias e ouro. 
Naum (Comentário da Bíblia) 11 
Nínive, desse modo, se tornou como um tanque de águas, alimentado 
por muitos riachos tributários (8). 
Conta com uma população heterogênea e essa população só se 
mantém unida devido às oportunidades de adquirir riquezas, que o poder 
de Nínive lhes possibilita. Quando o golpe se precipita, nada mais existe 
para manter coeso aquele povo. Precipitam-se em todas as direções, 
como as águas se derramam quando se rompe um dique. Alguns tentam 
organizar a defesa, gritando: Parai, parai, mas os habitantes da cidade 
fogem loucamente, sem ao menos olhar para trás (8). Começa o saque, 
de casa em casa. 
 Prata, ouro, móveis apetecíveis (9). A cidade saqueada fica 
vazia. Os poucos aterrorizados sobreviventes contemplam tristemente as 
ruínas (10). 
 
c) A queda (2.11-13) 
 
 Naum encerra sua ode com um magnificente quadro sobre o 
orgulho dos leões que foram destruídos. 
 Onde está agora o covil dos leões? (11). Com palavras vívidas 
ele descreve seu destemor, poder e capacidade. Mas agora o covil fica 
abandonado e permanece como algo pertencente ao passado. Assim o 
Senhor finalmente tratou do caso de Nínive. Ela também fora cruel e 
sedenta de sangue. Mas sua descendência foi queimada e morta à espada. 
Já não mais atacaria as nações circunvizinhas. 
 Assim termina a primeira das duas poderosas odes sobre a queda 
de Nínive. Nos versículos finais do poema parece que a ênfase recai 
sobre a violência e agressividade de Nínive. De todos os impérios, 
Nínive foi aquele que mais desavergonhadamente foi fundado pela força 
e pela crueldade. Naum ensina que a força será destruída por forças 
superiores: "pois todos os que lançam mão da espada, a espada 
perecerão" (Mt 26.52). 
 
Naum (Comentário da Bíblia) 12 
Naum 3 
III. UM CÂNTICO DE GUERRA - 3.1-19 
 
a) A iniqüidade de Nínive (3.1-7) 
 
 Outros aspectos da iniqüidade de Nínive são indicados, a saber: 
sua falta de escrúpulos no comércio e sua má influência (1). 
 Seus pecados são punidos "na batalha pelas ruas" (2-3). Esses 
versículos são um exemplo superlativo dos poderes de descrição de 
Naum e formam uma das mais vívidas cenas de batalhas na literatura 
hebraica. A confusão e o barulho das carruagens e dos cavaleiros a 
atacar, o brilho do sol refletindo-se nas armaduras e nas armas, os mortos 
amontoados pelas ruas, tão numerosos e entrançados uns aos outros que 
as troças que avançavam tropeçavam em seus corpos. Que quadro 
horrível é este! 
 Naum passa então a falar da cidade de Nínive sob a símile de uma 
meretriz (4-7). Essa metáfora sobre nações e cidades pecaminosas era 
favorita entre os escritores bíblicos. Algumas vezes era empregada para 
descrever a idolatria. O povo de Israel, a adorar outros deuses, era 
comparado a uma mulher adúltera (Lv 17.7). Essa metáfora também era 
usada em referência às suas ações, quando imitavam os caminhos dos 
gentios (Ez 23.30). Condenava as práticas supersticiosas, associadas à 
idolatria (Lv 20.6). Finalmente, como neste caso, era aplicada às trocas 
comerciais que os povos gentios levavam a efeito entre si. É evidente 
que após suas conquistas, Nínive procurava edificar-se como centro do 
comércio mundial. Presumivelmente isso era feito porque buscavam as 
riquezas e o luxo que assim seriam adquiridos. Ela se aproximava dos 
povos com suas mercadorias. Enganava-os com suas mentiras. 
Amolecia-os com seus luxos. À semelhança de uma prostituta ela os 
corrompia com suas imoralidades. Por causa desses pecados, igualmente, 
ela seria punida. 
Naum (Comentário da Bíblia) 13 
 Em lugar de honrarias, ela serviria de espetáculo (6). Em lugar de 
viver suntuosamente e entre panos finos, ela seria humilhada com toda 
circunstância de degradação (5-6). 
 
b) Comparação com o Egito (3.8-15) 
 
 A fim de convencer Nínive sobre a certeza de sua destruição, 
Naum a relembra do fim da populosa Nô-Amom (8), ou seja, Tebas, que 
caiu apesar de seu poder. Essa cidade, descrita por Homero (em Ilíada, 
9:383), como cidade que possuía cem portões, era a mais antiga e mais 
honrada do Alto Egito. Dotada de grande extensão, estava adornada de 
templos, obeliscos e esfinges. Situava-se em ambas as margens do Nilo, 
cujas águas eram levadas aos portões de seus templos por meio de 
canais. As maravilhas desse poderoso lugar ainda podem ser visto 
visitando-se Carnaque e Luxor. Naum se refere a seu grande rio e aos 
canais, ao escrever que Nô-Amom, estava situada entre os rios, cercada 
de águas (8). Em adição ao seu poder natural, Nô-Amom tinha formado 
poderosas alianças. 
A Etiópia, um país pobre e atrasado, mas que produzia vigorosos 
guerreiros sudaneses, estava intimamente ligada com ela. O Egito ficava 
entre Tebas e seus adversários assírios, do norte. Nô-Amom também era 
ajudada por Pute e Lubim, geralmente nomes que são considerados como 
sinônimos da Líbia (9). Pute é traduzida como Libyas, tanto pela 
Vulgata como pela Septuaginta. 
 A despeito de tudo isso, porém, os próprios cruéis assírios 
derrotaram Nô-Amom (10). Uma sorte semelhante seria a parte de 
Nínive. Ela rodopiaria como embriagada sob o peso de suas desgraças. O 
brilho de sua glória seria empanado. 
 Também buscarás força (11); isto é, procuraria formar alianças 
defensivas, tal como Tebas havia feito. Porém, os baluartes de seu anel 
externo de defesa estavam prestes a ruir por terra. Tal como um homem 
sacode uma árvore e ajunta os frutos maduros demais que se desprendem 
Naum (Comentário da Bíblia) 14 
facilmente, assim o adversário ajuntaria suas fortalezas (12). Seu povo 
não teria forças para a resistência. Abririam os portões ao inimigo. 
 O inimigo entregaria às chamas as suas defesas, para que nunca 
mais pudessem oferecer resistência (13). 
 Tal como em 2.1, Naum, ironicamente, ordena então à cidade que 
se prepare para a guerra. Que preparassem um suprimento de água que 
não terminasse durante um prolongado cerco. Que edificassem rampas e 
reparassem as brechas nas torres. Que se dirigissem aos calabouços da 
cidade e cavassem barro, misturando-o com palha, colocassem-no em 
moldes, pusessem lenha nos fornos, e reparassem osmuros com esse 
material (14). 
 Tais medidas, embora muito necessárias, eram um tanto tardias, 
visto que o inimigo já se aproximava célere. Os grandes edifícios de 
Nínive seriam incendiados. A espada cortaria seus homens principais. A 
cidade seria assolada como um campo é deixado desnudo pelos 
gafanhotos (15). 
 
c) A irremediável condenação (3.16-19) 
 
 O profeta aproveita a figura da locusta - um dos fatos da natureza 
familiar para as mentes orientais - e serve-se dela para fazer uma 
ilustração literária favorita. 
 Tendo aplicado a figura aos ataques do exército invasor (15a), o 
profeta agora a emprega para descrever o número dos habitantes de 
Nínive (15-16). Os capitães da cidade eram tantos como gafanhotos ou 
locustas. Seus homens militares estavam amontoados dentro da cidade 
como uma nuvem de gafanhotos, bem juntos para se esquentarem nos 
arbustos, em dia frio. Porém, quando o sol se pôs a brilhar, foram 
espalhados. Não se poderá ver mais nem um só deles. Assim como as 
locustas subitamente desaparecem, elevando-se em nuvens em busca de 
novos campos, assim os guerreiros de Nínive, em seu dia mau, sairão 
fugindo em todas as direções (17). 
Naum (Comentário da Bíblia) 15 
 Os teus pastores dormitarão (18). Por isso o povo se derramará 
pelos montes, como ovelhas perdidas, sem ninguém haver para reuni-las 
no curral. O quadro mostra uma nação indefesa, privada de todos os seus 
líderes. 
 Não há cura para a tua ferida (19). Para a Assíria não havia 
esperança de ficar um "remanescente". Aquilo era o fim. E a fama (isto 
é as "notícias") de sua queda causaria satisfação em todos os lugares 
onde sua iniqüidade havia sido experimentada. 
 
 A. Fraser. 
 
 
 
 
 
 
 
	NAUM 
	INTRODUÇÃO 
	PLANO DO LIVRO 
	COMENTÁRIO 
	Naum 1 
	Naum 2 
	Naum 3

Continue navegando