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PROFETAS MENORESPROFETAS MENORES
CENTRO TEOLÓGICO FATAD
CURSO EM TEOLOGIA MODULAR
PROF.º JALES BARBOSA
PROFETAS MENORES
APRESENTAÇÃO
Amados e queridos estudantes, amigos da verdade, povo adquirido, nação eleita.
Graça e paz, da parte de Deus nosso pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo.
Grande é a nossa responsabilidade do servo e salvo em Jeová, de anunciar,
apresentar, fazer chegar claramente à todos, da infinita bondade e grandeza, de tão grande
salvação em Cristo Jesus.
Conscientes dessa grande, esplendida, árdua e laboriosa tarefa do ensino da
palavra. E te convidamos para estudar a Santa e maravilhosa palavra de Deus.
Numa serie de apostilas andaremos juntos, passo a passo com, o Senhor Jesus.
Nos evangelhos; seremos missionário com os apóstolos em atos; profetizaremos com Isaias,
Ezequiel, e outros profetas; caminharemos com Moisés pelo deserto, passaremos o Jordão
com Josué; venceremos todos os Golias ao lado de Davi em nome de Jeová;
salmodiaremos canções ao nosso Deus com “Asafe”, teremos a coragem de Débora, a
sabedoria de Salomão, a graça de Jesus, a visão de Paulo, a fidelidade de Samuel,
amaremos e reclinaremos nosso rosto no peito de Cristo, tal qual João.
Venha conosco, seja como os crentes de Beréia (At, 17.10-12), examinando cada
dia as escrituras, você estará tomando posse das bênçãos do Senhor, fortalecendo-se,
aprendendo e falando dessa palavra, você salvará tomando a ti mesmo como seus ouvintes.
(1 Tm 4:16).
Em Cristo Jesus,
A Diretoria
FATAD Prof. Jales Barbosa 2
PROFETAS MENORES
COMO ESTUDAR ESTE LIVRO
Às vezes estudamos muito e aprendemos ou retemos pouco ou nada.
Isto em parte acontece pelo fato de estudarmos sem ordem nem método.
Embora sucintas as orientações que passamos a expor ser-lhe-á muito útil.
1. Busque a ajuda divina
Ore a Deus dando-lhe graças e suplicando direção e iluminação do alto. Deus pode
vitalizar e capacitar nossas faculdades mentais quanto ao estudo da Palavra de Deus.
Nunca execute qualquer tarefa de estudo ou trabalhos da palavra de Deus sem primeiro
orar.
2. Além da matéria a ser estudada , tenha à mão as seguintes fontes de consulta e
refe-rência:
 Bíblia. Se POSSÍVEL em mais de uma versão.
 Dicionário Bíblico.
 Atlas Bíblico.
 Concordância Bíblica.
 Livro ou caderno de apontamentos -individuais.
 Habitue-se a sempre tomar notas de seus estudos e meditações.
3. Seja ORGANIZADO ao estudar
A. Ao primeiro contato com a matéria procure obter uma visão global da mesma isto é
como um todo. Não sublinhe nada. Não faça apontamentos. Não procure
referências na Bíblia. Procure sim descobrir o propósito da matéria em estudos, isto
é o que deseja ela comunicar-lhe.
B. Passe então ao estudo de cada lição observando a SEQÜÊNCIA dos Textos que a 
englobam. Agora sim à medida que for estudando sublinhe palavras frases e 
trechos-chaves. Faça anotações no caderno a isso destinado.
C. Ao final de cada lição encontra-se uma revisão geral de cada parte do livro perguntas
e EXERCÍCIO que deverão ser respondidas ao termino de cada parte, que deverão
ser respondidas sem consulta ao texto correspondente. responda todas as
perguntas que for POSSÍVEL, logo em seguida volte ao texto e confira as suas
respostas. Fazendo assim VOCÊ chegara a um final do seu estudo, com um bom
aprendizado quanto no conhecimento intelectual e ESPIRITUAL.
FATAD Prof. Jales Barbosa 3
PROFETAS MENORES
ÍNDICE
LIVRO DO PROFETA OSÉIAS.........................................................................................................6
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO............................................................................................................6
I. FUNDO HISTÓRICO...............................................................................................................................................................6
II. ENSINOS IMPORTANTES......................................................................................................................................................7
III. AUTOR..............................................................................................................................................................................7
IV. MENSAGEM E CONTEÚDO................................................................................................................................................7
ESBOÇO DO LIVRO............................................................................................................................................................8
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO.............................................................................................................9
QUESTIONARIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – OSEIAS.................................................................................21
LIVRO DO PROFETA JOEL..............................................................................................................22
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO..........................................................................................................22
I. CARACTERISTICAS.............................................................................................................................................................23
II. DATA................................................................................................................................................................................23
III. AUTOR............................................................................................................................................................................25
ESBOÇO DO LIVRO..........................................................................................................................................................26
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO...........................................................................................................27
QUESTIONÁRIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – JOEL......................................................................................36
LIVRO DO PROFETA AMÓS..........................................................................................................37
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO..........................................................................................................37
I. O FUNDO HISTÓRICO........................................................................................................................................................38
II. A MENSAGEM DO PROFETA.............................................................................................................................................40
ESBOÇO DO LIVRO........................................................................................................................................................42
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO...........................................................................................................43
QUESTIONÁRIO SOBRE PROFETAS MENORES – AMÓS.........................................................................................59
LIVRO DO PROFETA OBADIAS....................................................................................................61
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO.........................................................................................................61
I. FUNDO HISTÓRICO.............................................................................................................................................................61
II. AUTOR E DATA................................................................................................................................................................62III. EDOM E JUDÁ.................................................................................................................................................................62
ESBOÇO DO LIVRO..........................................................................................................................................................64
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO...........................................................................................................64
QUESTIONÁRIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – OBADIAS.............................................................................68
LIVRO DO PROFETA JONAS........................................................................................................69
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO..........................................................................................................69
I. A MENSAGEM E SUA CARACTERISTICA.............................................................................................................................70
II. FUNDO HISTÓRICO...........................................................................................................................................................70
III. AUTOR E DATA...............................................................................................................................................................71
IV. JONAS VERSUS JESUS......................................................................................................................................................72
ESBOÇO DO LIVRO..........................................................................................................................................................73
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO...........................................................................................................73
QUESTIONÁRIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – JONAS..................................................................................80
LIVRO DO PROFETA MIQUÉIAS...................................................................................................81
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO.........................................................................................................81
I. DATA.................................................................................................................................................................................82
II. O PROBLEMA CRÍTICO.....................................................................................................................................................82
III. O PROFETA.....................................................................................................................................................................83
ESBOÇO DO LIVRO..........................................................................................................................................................84
DESENVOVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO..............................................................................................................85
QUESTIONARIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – MIQUEIAS..........................................................................94
LIVRO DO PROFETA NAUM..........................................................................................................95
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PROFETAS MENORES
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO..........................................................................................................95
I. DATA.................................................................................................................................................................................95
II. O HOMEM........................................................................................................................................................................96
III. SUA MENSAGEM..............................................................................................................................................................96
IV. SUA SIGNIFICAÇÃO COMO PROFETA...............................................................................................................................97
ESBOÇO DO LIVRO..........................................................................................................................................................98
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO...........................................................................................................99
QUESTIONÁRIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – NAUM.................................................................................105
LIVRO DO PROFETA HABACUQUE...........................................................................................106
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO........................................................................................................106
I. AUTOR.............................................................................................................................................................................107
II. DATA E OCASIÃO...........................................................................................................................................................107
III. TEXTO E COMPOSIÇÃO.................................................................................................................................................109
ESBOÇO DO LIVRO........................................................................................................................................................109
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO.........................................................................................................110
QUESTIONÁRIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – HABACUQUE....................................................................115
LIVRO DO PROFETA SOFONIAS................................................................................................116
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO........................................................................................................116
I. AUTOR E DATA................................................................................................................................................................117
II. CIRCUNSTÂNCIAS DE SUA PREGAÇÃO...........................................................................................................................118
III. A MENSAGEM DE SOFONIAS.........................................................................................................................................119
ESBOÇO DO LIVRO........................................................................................................................................................120
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO.........................................................................................................120
QUESTIONÁRIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – SOFONIAS.........................................................................129
LIVRO DO PROFETA AGEU........................................................................................................130
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO.......................................................................................................130
II. AUTOR...........................................................................................................................................................................131
III. OS TEMPOS...................................................................................................................................................................132
IV. A MENSAGEM...............................................................................................................................................................132ESBOÇO DO LIVRO........................................................................................................................................................133
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO.........................................................................................................133
QUESTIONÁRIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – AGEU..................................................................................140
LIVRO DO PROFETA ZACARIAS................................................................................................141
BREVE SINTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO........................................................................................................141
ESBOÇO DO LIVRO.......................................................................................................................................................142
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO.........................................................................................................142
QUESTIONÁRIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – ZACARIAS.........................................................................170
LIVRO DO PROFETA MALAQUIAS.............................................................................................171
BREVE SINTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO........................................................................................................171
I. DATA...............................................................................................................................................................................172
II. PANO DE FUNDO...........................................................................................................................................................172
III. A MENSAGEM PROFÉTICA............................................................................................................................................173
IV. O HOMEM.....................................................................................................................................................................173
V. CITAÇÕES EM O NOVO TESTAMENTO............................................................................................................................174
VI. O FIM DA PROFECIA.....................................................................................................................................................174
ESBOÇO DO LIVRO........................................................................................................................................................174
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO.........................................................................................................175
QUESTIONÁRIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – MALAQUIAS.....................................................................182
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................184
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PROFETAS MENORES
LIVRO DO PROFETA OSÉIASLIVRO DO PROFETA OSÉIAS
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO
 Nome - Em hebraico o nome do livro é Hoshe’a, por causa do seu autor. O nome Oséias
significa salvação. Em Grego, o nome assume a forma Osee. No latim Oseas e também passou
para o português na forma Oséias. 
 Posição no Cânon - Oséias é o primeiro dos chamados profetas menores. Segue o livro de
Daniel vindo antes de Joel no Cânon Sagrando.
Propósito - Oséias mostra em suas profecias o quanto Israel é amado por Iavé, bem como a
graça de Iavé. A expressão máxima do amor de Deus para com Israel é explicada pelo profeta a
quem o Senhor ordenou amar uma adultera (o que ele fez). Para ele Israel é uma esposa infiel e
rebelde a quem Deus busca, sempre. Apela para o arrependimento do povo e volta para Iavé. Como
isso não acontece, o povo deve passar pelo cativeiro para ser purificado e abençoado. O tema é o
“Amor redentor de Iavé para com Israel”.
 O homem, Oséias - Oséias era um profeta do reino do norte. Seu nome significa salvação,
ajuda ou libertação. E o nome que Josué, o servo de Moisés teve antes de ter seu nome trocado. E o
profeta do amor, contrastando em sua linguagem com Amós, que era um profeta de linguagem dura.
Casou-se em obediência a Deus e seus filhos tiveram nome simbólicos, que serviam para ilustrar
suas profecias. Seu casamento foi uma lição espiritual para o povo. Assim como sua esposa (Gômer)
era infiel, também Israel era para com Iavé.
Nada se diz do seu nascimento e morte. O que importa em sua vida é mesmo o seu
casamento. Foi contemporâneo de Isaias, Amós e Miquéias. Seu ministério foi em Samária, mas nos
últimos dias mudou-se para Judá. Há cálculos de que foi chamado aos vinte anos, profetizou por 72
anos e morreu com 92 anos. Sua mensagem foi dirigida a Israel. O reino do norte é chamado por ele
de Israel, Efraim e Samaria.
I. Fundo histórico
Houve progresso político, paz, fartura, prosperidade no tempo de Jeroboão II. Mas emfim ouve
também cem por cento de anarquia. O reino caiu em decadência e seu temor foi diminuído;
Os reis do norte no tempo de Oséias foram:
Jeroboão, com prosperidade material e muito pecado;
Zacarias, que reinou sete meses e foi morto;
Salum, que governou um mês e foi assassinado;
Manaém, que governou dez anos e pagou tributo a Pul, rei da Assíria;
Pecaias, este reinou dez anos e foi um mau rei;
Peca, foi um rei que pecou nos seus vinte anos de reinado;
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PROFETAS MENORES
Oséias foi o ultimo rei de Israel. No seu tempo a Assíria levou cativo o reino do norte. Este governou
por nove anos.
O poder dominante era a Assíria que tomou Israel e foi vencida pelo anjo de Iavé em Judá.
Fundo social - O sistema dominante era o capitalismo, com o lucro pessoal. Havia duas classes: a
dos ricos, que eram muitos ricos e a dos pobres, que eram muito pobres. Não havia respeito à lei
nem a herança. Corte de justiça era controlada pelo poder e facilmente subornada pelos ricos. Havia
muita iniqüidade e desmoralização.
Religião - Ao lado do que foi exposto havia sacrifício, mais estes serviam ao culto idolátrico e
sensual.
 Palavra chave - “Voltar”
 Verso chave - Oséias 6.1 – Vinde e tornemos ao Senhor........
II. Ensinos importantes
 O livro tem uma mensagem especial para os desviados: “volta” é a palavra de ordem;
O arrependimento é necessário à volta;
Oséias mostra-se um profeta obediente em condições adversas, um exemplo para os crentes de
hoje.
● Mensagem - Oséias compreendeu por sua experiência, que o pecado não é tanto contra a lei de
Deus, mas contra o amor. Denunciou a ingratidão de Israel. Todo pecado moral é visto como
infidelidade. A mensagem de Oséias e ainda atual: “Deus ama e redime o pecador que se
arrepende”.
III. Autor
Oséias, cujo livro se encontra no início do rolo dos doze profetas, marca um novo estágio na
profecia hebraica, pois ele é o primeiro ou um dos primeiros profetas a pôr em forma escrita as suas
profecias. E a profecia escrita não poderia desejar para seu início um livro mais nobre.
Parece que o profeta era nativo do reino do norte. De qualquer modo, parece que ele era bem
versado com sua geografia e os detalhes de sua vida política, religiosa e social. A parte principal e
mais volumosa do livro é notável por seu interesse no reino de Israel; as referências à nação irmã do
sul são escassas. Seu ministério como profeta foi prolongado; e sobre isso, a lista de reis que
aparece no começo do livro é evidência suficiente. 
Por qual razão o profeta deu início à sua lista dando primeiramente os nomes dos reisde
Judá, é algo difícil de dizer. Talvez ele assim tenha feito a fim de demonstrar seu respeito à linha
legítima e davídica de reis, que governavam em Jerusalém (cf. 8.4). Com toda a probabilidade seu
ministério principal se estendeu desde os últimos dias do reinado de Jeroboão II (782-741 A. C.) até
à queda de Samaria (722 A. C.).
IV. Mensagem e Conteúdo
O conteúdo do livro serve de espelho para as condições políticas, sociais e religiosas que
prevaleciam em Israel nos dias do profeta. As últimas décadas da vida do reino do norte foram
marcadas por uma frenética e insensata alteração na orientação -- agora cortejando o favor da
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PROFETAS MENORES
Assíria, em seguida tentando subornar o Egito. Em lugar de depositarem sua confiança em seu
Deus, os líderes da nação tentaram salvar o país por meio de esquemas políticos que, pela própria
natureza das coisas, estavam destinados a conduzir ao desastre.
Os líderes religiosos do povo mostraram ser igualmente indignos. A forma de religião que
prevalecia nos dias de Oséias era um amálgama de adoração a Javé com a religião idólatra de
Canaã. Nessa mistura, de Javé era retido apenas o nome; o ritual era tirado inteiramente das
práticas corruptas da adoração a Baal. Essa adoração exercia um efeito corruptor sobre o povo, visto
que estava intimamente ligado a atos de grosseira imoralidade. A situação se agravava ainda mais
pelos sacerdotes, cuja única preocupação era promover seus próprios interesses materiais, o que
não hesitavam em fazer encorajando o povo a permitir-se cair em seus pecados, assim aumentando
as rendas dos sacerdotes mediante as ofertas pelo pecado.
Sob tais condições, não é de estranhar que os padrões morais, e religiosos do povo
estivessem tão baixos. Um quadro vívido, embora patético, sobre esse estado de coisas, é dado na
parábola transmitida pela tragédia da vida em família de Oséias. O profeta se casara com uma
Jovem que, com a passagem do tempo, mostrou-se infiel. Os nomes que o profeta deu aos filhos de
sua esposa são sinais da agonia crescentemente aguda pela qual ele passava. A despeito de toda a
sua perversidade, entretanto, e embora seu pecado a tivesse levado a ser a concubina-escrava de
outro homem, o profeta a reclamou como sua legítima esposa, e sua atitude para com ela, depois
disso, é um belo equilíbrio de amorosa ternura e severo julgamento. Tal é o conteúdo de seu livro.
Passagens de ternura sem paralelo e de duro julgamento estão mescladas mutuamente a fim de
demonstrar os sentimentos de Deus para com Seu povo em desobediência. O tema em redor do qual
gira a mensagem inteira da profecia é a queixa de Deus de que Seu povo é falto de conhecimento;
 e por esse termo devemos entender não simplesmente algum conhecimento teórico, mas um
contato íntimo e caloroso do coração do povo com o amoroso coração de Deus.
O livro se divide em duas porções. Os capítulos 1 a 3 contêm a história da tragédia da família
do profeta. Os capítulos 4 a 14 contêm a aplicação dessa história à vida do povo, para quem é
dirigida uma série de profecias, às vezes exibindo seus pecados, às vezes dirigindo-lhes amorosos
apelos para que se arrependam.
 
ESBOÇO DO LIVRO
I. A FORMAÇÃO DO PROFETA - 1.1-3.5
II. CORRUPÇÃO MORAL DE ISRAEL - 4.1-8.14
III. O JULGAMENTO DETERMINADO - 9.1-11.11
IV. ISRAEL E REPREENDIDO POR DEUS - 11.12-13.16
V. OPORTUNIDADE DE ARREPENDIMENTO E RESTAURAÇÃO - 14.1-9
FATAD Prof. Jales Barbosa 8
PROFETAS MENORES
DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO DO LIVRO.
I. A FORMAÇÃO DO PROFETA 1.1-3.5
A primeira divisão é biográfica. Revela a tragédia doméstica da carreira de Oséias. Sua
esposa, apesar de tão amada por seu marido, tornou-se infiel a ele e recebeu outros amores. Parece
mesmo que alguns dos filhos que ela deu à luz não pertenciam ao profeta. Mas o amor do profeta
persistiu e, eventualmente, conquistou-a de volta ao seu coração e lar. Ele a redimiu da abismal
profundeza moral na qual ela havia caído. Não admira que Oséias tenha sido chamado de "o profeta
de coração entristecido". Mas Deus havia ordenado essa penosa experiência para servir de meio de
revelação de Seu amor a Seu povo infiel, Israel. "Deus escondeu um evangelho no coração dos
sofrimentos de Oséias".
a) Sua vida doméstica (1.1-9)
O princípio da palavra do Senhor por Oséias (2). Visto que pela lista de reis, no versículo
primeiro, se depreende que o ministério de Oséias se prolongou pelo menos por quarenta anos (isto
é, desde antes de 741 até 701 A. C.), os acontecimentos deste capítulo tiveram lugar quando Oséias
ainda era bem jovem. É digno de nota que, de conformidade com o profeta, a terra, e não o povo, se
prostituiu (2); o povo que estava estabelecido em Canaã, e não o povo no deserto, se tinha
afastado do Senhor.
Vai, toma uma mulher de prostituições (2). Há dois pontos principais de interesse nesta
passagem difícil. Deus realmente ordenou que Seu profeta tomasse para si, como esposa, uma
mulher devassa, ou temos aqui apenas uma visão cataléptica de algo que nunca ocorreu na sua
vida? E, se encontramos aqui uma experiência real na vida de Oséias, Gômer era devassa antes de
tornar-se sua esposa, ou caiu em imoralidade somente depois do casamento? A resposta à segunda
pergunta pode lançar alguma luz sobre a primeira. O mais natural é aceitar que Gômer fosse jovem
casta por ocasião de seu casamento: isso estaria de conformidade com o uso simbólico que Deus
fez da família de Seu profeta, no terreno de Suas relações com Seu próprio povo. (Ver 2.15, "...
como nos dias da sua mocidade...", isto é, quando Israel era puro em suas relações com Deus). Isso
nos leva a acreditar que foi uma experiência real que Oséias passou. A objeção que em tal caso
Deus teria ordenado a Seu profeta cometer um ato imoral não é conclusivo, porque a objeção seria
válida mesmo no caso de uma visão. Pois nem mesmo numa visão Deus não haveria de tolerar um
estado de coisas imoral. É mais natural aceitar que Deus tenha ordenado a Seu profeta que se
casasse com uma jovem pura mas que, em Seu pré-conhecimento, sabia que haveria de cair em
imoralidade - um quadro perfeito das relações de Israel com seu Deus.
Põe-lhe o nome de Jezreel; porque daqui a pouco visitarei o sangue de Jezreel sobre a
casa de Jeú (4). Trata-se de uma referência à matança da casa de Acabe por Jeú. O profeta
condena esse ato, ainda que tivesse sido ordenado por Deus (2Rs 9.1-10), pois Jeú o havia
cometido no espírito errado. Seu motivo não foi o de obedecer a Deus, mas o de promover sua
FATAD Prof. Jales Barbosa 9
PROFETAS MENORES
própria ambição. Lo-Ruama (6); isto é, "não compadecida". Esse nome, dado à segunda criança,
revela as suspeitas crescentes de Oséias acerca da imoralidade de sua esposa, embora não tivesse
certeza disso; pois de outro modo teria interrompido o estado de casado antes do nascimento da
terceira criança. O nome da criança é um quadro do divino desprazer com a apostasia de Israel.
Porque eu não me tornarei mais a compadecer... (6). Quanto ao cumprimento real da promessa,
feita no versículo 7, ver 2Rs 19.35-7. Lo-Ami (9); isto é, "não meu povo". As suspeitas do profeta são
então confirmadas e o nome dessa terceira criança sugere completa interrupção do vínculo
matrimonial. Note-se o ignominioso clímax formado pelos nomes das crianças. Primeiramente a
punição; então a retirada da afeição divina; e por fim a separação completa.
c) A culpada Israel (2.1-5)
Ele, que no primeiro capítulo havia seguido a tragédiade sua casa em silêncio, agora dá
vazão aos seus sentimentos de ira e indignação contra sua esposa. Trata-se de um ótimo retrato do
profeta, o qual tem no coração, misturados juntamente, ira e amor, queixa e esperança. Da sua face
(2). A frase sugere o caráter vergonhoso de sua imoralidade. No meio do versículo 3 o profeta deixa,
por um momento, a tragédia de sua própria família a fim de tratar da tragédia da apostasia de Israel
de seu Deus. Os dois quadros em que a adúltera é despida e em que a vegetação da terra é
destruída, aparecendo ao mesmo tempo, é um símbolo do empobrecimento espiritual que
acompanha o pecador. No versículo 5 a segunda cláusula explica a primeira. O adultério de Israel
consistiu no fato que ela atribuía a outros deuses os dons que recebia de seu Deus.
d) O caminho do sofrimento (2.6-13)
Note-se, no versículo 6, a rápida troca de pessoas - um sinal da linguagem indignada,
cercarei o teu caminho (6). A referência é ao castigo de Deus, cujo propósito é trazer de volta a
desviada. O primeiro efeito desse castigo provoca uma intensificação da adoração de Israel aos
baalins. (Note-se as formas intensivas dos verbos hebraicos: ridephah biqshatham). Mais tarde,
entretanto, vem um grito de arrependimento, Ir-me-ei e tornar-me-ei (7), o que faz lembrar o grito do
filho pródigo no "país longínquo". Ela pois não conhece (8). Para Oséias, essa falta de
conhecimento é a raiz de todos os males nas relações de Israel com Deus. Essa idéia aparece
repetidamente (ver 4.6; 7.9; cf. 2.20; 6.6). Eu lhe dei o grão (8). O "eu" enfático (em heb. anoi)
corresponde ao "ela" igualmente enfático (em heb. hi) no início da cláusula. O divino "meu", no
versículo 9, corresponde ao "meu" do pecador, no versículo 5. Arrebatarei, mais corretamente seria
"livrarei"; isto é, os dons de Deus serão livrados dos usos errados a que foram sujeitados. Igualmente
as festas de Javé, que haviam sido retidas no reino do norte, mas com novas e idólatras
associações, haveriam de cessar (11). A paga (12), lit. "o preço da prostituta", pintando a completa
degradação de Israel.
e) Apostasia e misericórdia (2.14-23)
Portanto (14), introduz uma conexão lógica, dificilmente esperada, entre a anterior apostasia
do povo e a misericórdia divina que a acompanha, como se a primeira fosse a explicação desta
última. O pecado do homem cria, digamos assim, em a natureza divina, a necessidade de mostrar
FATAD Prof. Jales Barbosa 10
PROFETAS MENORES
misericórdia e graça. Cf. Rm 5.20. O vale de Acor, por porta de esperança (15). Como nos dias de
Acã, igualmente agora uma nova porta de esperança só poderia ser achada na expiação do pecado
da nação. Ali cantará (15); melhor, "ali respondera", isto é, à chamada de Deus. Marido... Baal (16).
Ambas as palavras têm o mesmo significado: "meu marido"; o uso desta última, porém, é condenado,
devido a suas iníquas associações. O pacto da graça, no versículo 18, corresponde bem de perto à
maldição do versículo 12. Depois da restauração das relações de Israel com seu Deus, na esfera
espiritual, segue-se a harmonia na esfera da natureza. O mal físico desaparece após a eliminação
dos males espiritual e moral. E conhecerás ao Senhor (20). Em resultado do arrependimento do
povo, Deus desposa novamente Israel. O conhecimento íntimo de Deus é a última e melhor jóia no
dote que a nova Israel traz a seu Deus. Uma bela cadeia de respostas é apresentada nos versículos
21 e 22, saltando do céu de bênçãos para a terra de necessidade.
Nas palavras e semeá-la-ei (23) há um jogo de palavras com o nome Jezreel e com o duplo
significado de sua raiz (zara). Em 1.4 tal palavra é usada no sentido de espalhar; aqui é empregada
no sentido de semear. A maldição é transformada em bênção, que abarca, no fim do versículo, os
nomes das duas outras crianças igualmente.
f) Amor divino e amor humano (3.1-5)
O mandamento ama uma mulher (1) deve significar a mesma mulher, sua esposa Gômer. Ao
profeta é ordenado não só que receba de volta sua mulher, mas que continue a amá-la. Não
obstante a queda de Israel, Deus continua a amá-la. Alguns eruditos, entretanto, consideram os
capítulos primeiro e terceiro como relatos paralelos do mesmo acontecimento, na terceira e na
primeira pessoa respectivamente. Mas isso parece improvável pelo fato que a comparação com
Israel (4.15) sugere que Gômer não era adúltera quando Oséias a desposou e não há qualquer
indicação de havê-la resgatado do mercado de escravos, em 1.3. Amada de seu amigo (1); melhor,
"de seu companheiro", isto é seu "marido". Essa tradução do termo rea' que tem apoio em Jr 3.20, é
mais compatível com o que se segue, ainda que adúltera. O amor de seu marido agrava seu crime.
Os bolos de uvas (1; em heb., ashishe anabhim), eram usados nos sacrifícios pagãos. E a comprei
(2). O ponto difícil é saber por qual motivo Oséias teve de comprar sua esposa de volta. De todas as
conjeturas a mais plausível é que ela o havia abandonado e havia sido degradada à posição de
escrava-concubina de algum outro homem. A total indignidade de Gômer intensifica a misericórdia
que lhe foi mostrada; um apropriado emblema do amor de Deus para com Seu povo. Quinze peças
do prata (2). Isso seria, juntamente com o presumível valor de um hômer e meio de cevada, o preço
de um escravo (ver Êx 21.32). Na frase nem serás de outro homem (3) a palavra traduzida como
outro, não sendo encontrada no texto hebraico, é supérflua. Pela palavra homem se entende seu
marido, e isso explica naturalmente a segunda cláusula do versículo, que de outro modo seria difícil
se entender. O significado do versículo é que, por causa dos abusos anteriores, como punição,
Gômer é privada, por algum tempo, até mesmo dos usos legítimos de seus instintos naturais. Isso
encontra sua aplicação natural no castigo que sobreveio a Israel (ver versículo 4), ao ser privada,
durante o período do exílio, de suas instituições civis e religiosas, tanto as legítimas como as falsas.
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II. CORRUPÇÃO MORAL DE ISRAEL 4.1-8.14
Estes capítulos restantes contém as profecias de Oséias. Suas mensagens à geração de sua
época, se originaram em sua própria dolorosa experiência. Elas fluem juntamente, e uma divisão
definida, em seções lógicas, não é fácil de traçar.
a) Tal povo, tal sacerdote (4.1-19)
A falta de verdade e de benignidade (1), ambas as quais qualidades dizem respeito às
relações entre os homens, é o resultado da falta de conhecimento, que se refere às relações dos
homens com Deus. As relações do homem para com Deus são, sempre, o princípio orientador de
seu comportamento para com seus semelhantes; a ética sempre repousa na teologia. O versículo 2
pinta um quadro de completa anarquia. Os pecados aqui enumerados são as conseqüências naturais
do estado espiritual do povo, descrito no versículo anterior. Assim sendo, a falta de verdade gerou o
mentir e o furtar, enquanto que a falta de benignidade gerou o matar. Por isso a terra se
lamentará (3). Cf. Rm 8.22. A própria natureza geme debaixo das conseqüências do pecado do
homem. Todavia, ninguém contenda (4). Fazer tal seria inútil, por causa dos corações endurecidos
do povo, que cometera o pecado de resistir ao sacerdote de Deus (cf. Dt 17.12-13). O profeta
contigo cairá (5). Aqui a referência clara é ao profeta falso (cf. 1Rs 22.6 e segs.).
O repúdio, no versículo 6, por alguns é confinado aos sacerdotes entre o povo; porém, as
palavras iniciais do versículo sugerem que essas palavras são dirigidas à totalidade do povo, aqui
considerado como sacerdote de Deus (cf. Êx 19.6). No versículo 8, por outro lado, os sacerdotes,no
sentido estrito da palavra, parece que são denunciados. Há aqui um patético jogo de palavras: pois
hattath significa tanto "pecado" como "oferta pelo pecado", e aqueles gananciosos sacerdotes, que
desejavam que os pecados do povo se multiplicassem, para que sua partilha nas ofertas pelo pecado
(Lv 10.17) aumentasse estavam, literalmente, vivendo do pecado do povo. Este versículo contradiz a
teoria de que o sistema de sacrifícios entrou em existência depois que o povo retornou do exílio
babilônico.
Comerão, mas não se fartarão (10). O pecado traz seu próprio castigo por não produzir a
satisfação esperada. O sacerdote, embora comesse das ofertas pelo pecado oferecidas pelo povo,
permanecia faminto; e a despeito de cometer prostituição (um detalhe da adoração a Baal,
introduzido na adoração a Javé) permanecia sem filhos. A sua vara lhe responde (12). É uma
referência ao costume pagão de adivinhação por intermédio da posição de uma nova vara que era
lançada por terra. Que o povo de Deus tivesse sido vitimado por uma tal superstição, era motivo para
Ele sentir-se amargurado.
Bete-Áven (15); isto é, uma casa de falsidade ou idolatria. O profeta, ironicamente, usou essa
palavra em lugar de "Betel", a casa de Deus. A segunda porção do versículo 16 deve,
provavelmente, ser entendida como pergunta para a qual se espera uma resposta negativa.
Alternativamente, lugar espaçoso poderá ser entendido como tendo o significado de deserto onde
nenhum pasto pode ser achado. Segundo essa interpretação, o profeta estaria usando amarga
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ironia: a "largueza" de sua liberdade do controle de Deus tornar-se-ia a "largueza" do deserto. Efraim
(17). Na qualidade de maior das tribos do norte, esse nome parece ter sido usado pelo profeta, em
determinadas ocasiões, como sinônimo de Israel. No versículo 18 o texto é muito difícil.
Provavelmente deveria ser traduzido como: "quando sua bebedeira passa, cometem prostituição". No
versículo 19 parece que o sentido é que o castigo provocado por todos esses pecados surpreenderia
subitamente os culpados em suas asas.
b) Orgulho e desprezo (5.1-14)
No versículo 2 o texto é muito difícil. Por uma pequena alteração no hebraico (lendo-se setim
em lugar de shetim) este poderá significar conforme se encontra nesta versão: "Os transviados têm
descido até ao profundo na matança; mas eu serei a correção de todos eles". Não querem ordenar
as suas ações... (4). Melhor tradução seria "suas obras não lhes permitem retornar a seu Deus". Os
pecados do povo haviam conseguido tal domínio sobre eles que perderam o poder de se
arrependerem e voltarem para Deus. Cf. Hb 6.3-6.
A soberba de Israel (5) pode ser tomada no bom sentido, denotando Deus como o
verdadeiro orgulho de Israel, ou no mau sentido, isto é, denotando a arrogância do povo, o que era
evidência de seu pecado. Este último é o significado mais provável. Seu orgulho e desprezo a Deus
são outras evidências da perda do poder de se arrependerem referido no versículo anterior. Irão...
para buscarem... mas não o acharão... (6). O clímax da tragédia do povo é que, quando finalmente
recuperarem o poder de se arrependerem, isso já será tardio demais e infrutífero. Buscarão Deus em
vão. Cf. Hb 12.17. Agora a lua nova os consumirá (7). O julgamento lhes sobreviria
repentinamente. Oséias apela para que o alarma seja tocado (8) para advertir o povo quanto ao
castigo que se aproxima.
Como os que traspassam os limites (10). Essa remoção das demarcações não se refere à
opressão e exploração aos mais pobres da parte dos mais afortunados, contra o que outros profetas
levantaram sua voz (cf. Is 5.8; Mq 2.2), mas antes, refere-se à guerra siro-efraimita, durante a qual
Judá se aproveitou da fraqueza do reino do norte para fazer algumas conquistas fáceis às expensas
de sua irmã nortista.
Quis andar após a vaidade (11). Esta versão segue a Septuaginta. Há versões que dizem:
"Voluntariamente seguiu o mandamento", no qual caso está obviamente em foco um mandamento
humano, provavelmente o estabelecimento dos bezerros de ouro no reino do norte. Rei Jarebe (13),
provavelmente um apelido que o profeta ligou ao rei da Assíria. O significado desse nome é "Rei
Contendor".
c) Uma profissão superficial de arrependimento (5.15-6.11)
Voltarei para o meu lugar (15). Neste versículo Deus declara que retirará Sua presença até
que tenha lugar um verdadeiro arrependimento. Uma questão importante é se o trecho de 6.1-3, que
o profeta põe nos lábios do povo, é uma expressão de arrependimento genuíno ou mera presunção
superficial da parte do povo que Deus esquecerá e perdoará. Esta última possibilidade é a mais
provável em vista da falta característica de qualquer expressão de reconhecimento de seu pecado da
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parte do povo, não nos esquecendo também da maneira pela qual Deus descreveu
desdenhosamente a bondade do povo, no versículo 4. Ao terceiro dia (6.2). Alguns intérpretes
protestantes têm visto aqui uma alusão à ressurreição de nosso Senhor. Mas isso é bastante
duvidoso. Mais provavelmente significa "um curto tempo", com o qual sentido foi usado por nosso
Senhor, em Lc 13.32. Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor (3); cf. versículo 6. 
Teus juízes... (5). obviamente um engano do tradução, que apesar disso procura seguir a
Septuaginta, que diz: "Meu juízo sairá como a luz". Quero misericórdia, e não o sacrifício (6). O
profeta não denuncia os sacrifícios como tais mas a noção de que uma aderência formal e morta a
um sistema religioso seja suficiente para agradar a Deus (cf. 1Sm 15.22).
Traspassaram o concerto como Adão (7). O caso paralelo de Adão, que quebrou a aliança
com Deus, salienta o fato que o povo de Deus havia rompido a aliança com o Senhor facilmente
demais. Assim é a companhia dos sacerdotes que matam no caminho para Siquém (9). Siquém
era uma das cidades de refúgio, o que tornava o crime dos sacerdotes ainda mais horrendo.
A ceifa de Judá (11), que teria lugar "quando eu remover o cativeiro do meu povo", seria uma
ceifa de bênçãos e não, como a maioria dos comentadores sugere, uma ceifa de tristezas; pois,
diferentemente de Efraim, Judá teria um remanescente que formaria o núcleo de uma comunidade
restaurada.
d) A iniqüidade é descoberta (7.1-16)
Uma vívida descrição é dada aqui quanto à extensão com que o pecado havia corrompido a
vida nacional do povo. Forno aceso pelo padeiro (4); um habilidoso quadro de concupiscência
sensual. O contínuo alimentar o fogo, até a massa ficar toda levedada, serve de quadro que pinta a
perseverança do povo na prática do mal. Ele estendeu a sua mão... (5) provavelmente significa "ele
apreciou a comunhão com...".
O profeta dirigia seu protesto não contra a política estrangeira particular da nação - pró-
Assíria ou pró-Egito - mas contra o fato que Israel estava procurando obter segurança por meio de
um sistema de alianças com outros países e não por meio da confiança em Deus. É introduzido um
outro quadro aproveitado das atividades dos padeiros. Um bolo que não foi virado (8); portanto,
queimado de um dos lados e não cozido do outro; trata-se de um símbolo do grande progresso feito
pelo povo de Deus, em questões de sabedoria mundana, até o ponto de serem queimados por ela,
ao mesmo tempo que isso não é acompanhado por um progresso correspondente na esfera
espiritual. Aqui temos também uma aguda imagem da moderna sociedade. Por duas vezes o profeta
expressa sua tristeza pelo fato de que Israel não sabe do triste estado de sua presente condição(9).
Essa era a conseqüência natural da ignorância em que Deus era relegado por Israel, a respeito do
que o profeta se queixa algures (cf. 2.8; 6.6). Aquele que não está familiarizado com a natureza e
caráter. A soberba de Israel (10); ver 5.5n.
Sem entendimento (11). Assim como a pomba que abandona seu ninho e voa sem alvo
daqui para acolá, assim Israel flutuava entre a Assíria e o Egito, seria finalmente apanhado na
armadilha dessa insensata política (12). Eu os remi, mas disseram (eles)... (13). No texto hebraico,
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o "eu" e o "eles" são ambos enfáticos, o que marca o nível do pecado de ingratidão do povo. Davam
uivos nas suas camas (14). Uma leitura mais plausível, mediante ligeira alteração consonantal do
texto hebraico (lendo-se mizbechotham em lugar de mishkebhotham), é "quando uivavam em seus
altares". Se ajuntam (14). A Septuaginta traduz "se cortam". Isso, juntamente com a emenda
sugerida no texto, dada acima, nos faz lembrar do quadro de 1Rs 18.28. Um arco enganador (16).
Assim como o arqueiro não pode depender de um arco defeituoso, para projetar a flecha a seu alvo,
semelhantemente Deus não podia depender de Israel no cumprimento de sua missão.
e) Colhendo tormentas (8.1-14)
A casa do Senhor (1) não é o templo de Jerusalém, mas certamente também não a idólatra
Samaria, mas sim, o povo de Israel (cf. Ez 3.1). A declaração deles: te conhecemos (2), era feita da
mesma maneira superficial que a profissão de 6.1-3, e nos faz lembrar das palavras de nosso Senhor
em Lc 13.26-27. Israel rejeitou o bem (3); isto é, seu próprio interesse real; pois aquele que não
"conhece a Deus" corro o perigo de não reconhecer e, portanto, de repudiar, as coisas que mais lhe
dizem respeito. O estabelecimento de reis sem autorização divina (4) se refere ao cisma efetuado
pelo estabelecimento do reino do norte, sob Jeroboão I. O fato que isso havia sido predito pelo
profeta do Senhor e permitido por Deus não altera a natureza da ação, visto ser contrária ao plano
divino relativo a Israel.
O teu bezerro, ó Samaria, foi rejeitado (5); mais exatamente: "Ele (isto é, Deus) rejeitou o
teu bezerro, ó Samaria". Essa é a resposta divina à ação de Israel, no versículo 3. Em ambos os
casos o verbo empregado contém uma sugestão de total desprezo. No versículo 7 é estabelecido um
princípio, segundo o qual a medida e a espécie de punição marcada para um homem são
determinadas pelo próprio pecado do homem. Cf. Gl 6.7. Notem-se os três estágios progressivos
pelos quais passa o castigo até atingir seu terrível zênite. Quanto ao versículo 10, é difícil precisar se
o termo "eles" significa os assírios ou os israelitas. A palavra aqui traduzida como "diminuídos"
deveria ser traduzida como "abster-se" ou "demorar". Assim, a tradução mais provável seria: "Eu os
ajuntarei, e por breve período abster-se-ão de pagar tributo em dinheiro ao rei dos príncipes". Tal
demora no pagamento do tributo teve lugar sob o rei Oséias (2Rs 17.4).
A multiplicação de altares, que Efraim tolerara (11) era em si mesmo um pecado, visto ser
prática proibida pela lei (Dt 12.5-14). Na afirmação, Escrevi para eles as grandezas da minha lei
(12; melhor, "as miríades de minhas leis"), Oséias se mostra familiarizado com um substancial código
de leis escritas, um fato que não favorece as teorias do moderno criticismo. A ameaça de uma volta
no Egito (13) prevê o exílio, pois o Egito, aqui, aparece como símbolo da terra do exílio e da
escravidão. A edificação de palácios (14; ou "templos"), tal como a ereção de altares (11) era,
novamente, uma contravenção contra a lei de Deus.
III. O JULGAMENTO DETERMINADO DE ISRAEL 9.1-11.11
a) A certeza do exílio (9.1-17)
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Amaste a paga (1). Cf. 2.5 e Jr 44.17. A fertilidade da terra tinha sido associada, na religião
de Israel, com a adoração aos baalins. A celebração da colheita e de outros festivais eram ocasiões
quando se praticavam grossas imoralidades, o que dava força à descrição do profeta sobre a
infidelidade a Javé em termos de infidelidade sexual.
O mosto lhes faltará (2); lit., "lhes mentirá", tal como Israel havia mentido a seu Deus. Em
outras palavras, a recompensa que Israel buscava não apareceria. O versículo 3 é um claro anúncio
sobre o exílio futuro. Comerão comida imunda (3). A carne só podia ser comida em conexão com
um festival religioso. Na Assíria, portanto, onde não existia altar do Senhor, toda carne seria poluída
do ponto de vista religioso. Pelo mesmo motivo não seriam capazes de oferecer as libações usuais
por ocasião dos sacrifícios, e beber vinho em tais circunstâncias os poluiria. Pão de pranteadores
(4); cf. Nm 19.14; Dt 26.14. Novamente o pensamento é que o seu alimento seria impuro,
satisfazendo sua fome (para o seu apetite) mas impróprio para ser apresentado ao Senhor. O
clímax é atingido no versículo 5. O fato de serem privados do sacrifício diário seria, para eles, uma
fonte de tristeza; muito mais entristecedor, para o povo exilado, seria a omissão dos grandes festivais
do Senhor. O desejável da sua prata (6). O quadro é de completa desolação com urtigas e espinhos
a crescer nos locais de seus antigos lares (cf. 10.8). O profeta apresenta a si mesmo como se tivesse
ficado louco (7) de tristeza, por causa da multidão de iniqüidade do povo. No versículo 8 a referência
é feita provavelmente aos profetas falsos, os quais são como "um laço de caçador de aves em todos
os seus caminhos, um inimigo na casa do seu Deus". Contudo, algumas versões dão a sugestão que
o povo buscava fazer o profeta cair numa armadilha, visto que odiavam a seu Deus.
Como nos dias de Gibeá (9). Quanto ao horrendo crime cometido em Gibeá, ver Jz 19. O
ponto tocado por esses versículos é que Israel se estava comportando agora somente como sempre
se comportara no passado. A despeito de Deus deleitar-se em Israel (em vista da colheita do figo ser
tão tardia, o primeiro fruto maduro era especialmente valorizado; cf. Jr 24.2), eles se consagraram a
essa cousa vergonhosa (10) em Baal-Peor (ver Nm 25). Cousa vergonhosa (10), isto é, Baal.
Quanto ao versículo 11, cf. 8.7 onde, em ordem inversa, é predito um clímax semelhante de
completa perda. Ver também os versículos 12 e 16. No versículo 13 o hebraico é incerto. Podemos
seguir o texto da Septuaginta e traduzir: "Efraim, conforme vi, deu seus filhos ao assassino". Um
comovente dilema do coração patriótico do profeta é apresentado no versículo 14. Este pode ser
interpretado ou como imprecação ou como intercessão: neste último caso o significado seria que
antes os filhos não tivessem nascido a serem entregues à morte. Gilgal (15) era o centro da falsa
adoração que Oséias se preocupa tanto em denunciar. Cf. 4.15; 12.11. Fora de minha casa (15);
isto é, fora da terra santa. Israel seria expulso de seu lar como se fosse uma meretriz. O meu Deus
(17). Uma triste apropriação de Deus por parte do profeta, implicando que o povo estava alienado do
Senhor.
b) Semeando e colhendo (10.1-15)
Israel é uma vida frondosa (1); mais corretamente, "uma vide que se esvazia", isto é,
derrama a abundância de seus frutos. Isso é apoiado pela Septuaginta. Freqüentes vezes Israel é
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comparado a uma vide e nosso Senhor mesmo empregou essa figura (Mt 21.33). O fruto aqui
referido é a prosperidade material e o ponto da queixa divina é que quanto mais próspero se tornava
Israel, mais se entregavaà idolatria. Seu coração está dividido (2); algumas versões traduzem
"falso". Não temos rei (3); isso sugere um período de anarquia. A perda do governante é
primeiramente deplorada, mas, pensando segunda vez, mesmo que houvesse rei, que bem faria
isso à nação? Segue-se uma figura terrivelmente pitoresca (4b). Israel havia arado seu campo,
apenas para receber em seus sulcos a cicuta do julgamento divino.
Bezerro de Bete-Áven (5). Melhor, "a novilha". O gênero feminino é usado para ambas as
palavras para expressar o quanto o profeta abominava aquilo (visto que os hebreus não conheciam
divindade feminina) e como demonstração de moquejo. As fracas divindades femininas que o povo
adotara estavam causando-lhes alguma ansiedade! Essa ansiedade ficou provada como bem
fundada em vista da sorte que sobreveio a essas "divindades", conforme descrito no versículo
seguinte. As versões grega e siríaca dizem "novilha", em lugar do plural que aqui é empregado,
"bezerros". Quanto a Bete-Áven, ver 4.15n. Quanto a Jarebe (6) ver 5.13n.
Como a espuma sobre a face da água (7); melhor, "como um cavaco sobre a água". O
quadro transmitido nas palavras: e dirão aos montes: Cobri-nos! e aos outeiros: Cai sobre nós!
(8) (cf. Lc 23.30; Ap. 6.16) se torna ainda mais sugestivo quando nos relembramos que sobre as
montanhas e outeiros, agora invocados pelo povo, estavam os altares nos quais pecavam contra
Deus. O povo seria sepultado sob as ruínas causadas por seu pecado, que tinha, como modelo, o
ultraje de Gibeá (ver 9.9n.).
Ali permaneceram (9). O coração dos descendentes dos perpetradores daquele inominável
crime não havia sido transformado; obstinadamente permaneciam em seu terreno pecaminoso.
Quando os atar às suas transgressões (10); melhor, "quando eu os atar às suas duas
transgressões". A referência é às duas novilhas, em Dã e em Betel. A amarga ironia do presente
estado de coisas era que Israel, sendo atrelado ao jugo, tinha trocado de lugar com os animais de
carga que haviam transformado em seus deuses. Passei sobre a formosura do seu pescoço (11);
algumas versões dizem mais claramente: "poupei seu formoso pescoço". Este versículo descreve
Efraim como uma bezerra estragada, que prefere o trabalho fácil de trilhar o grão. Mas o Senhor
estava agora prestes a colocar sobre ela o jugo de circunstâncias difíceis. Esse pensamento leva o
profeta a exortar ao povo que reaja corretamente a esses castigos. Se enquanto estavam debaixo de
seu jugo, arassem o terreno inculto, então as misericórdias de Deus viriam sobre eles como chuva.
No passado haviam arado a iniqüidade e haviam confiado em si mesmos. É muito incerto qual seja o
acontecimento histórico a que se refere o versículo 14. Provavelmente, Salmã é uma abreviação de
Salmanesar, o qual subiu contra a Samaria nos dias do rei Oséias (2Rs 17.3). Assim vos fará Betel
(15). Note-se que não é Deus quem castigará Seu povo, mas antes, o próprio pecado deles
(personificado na idólatra Betel) é que lhes daria a punição que lhes pertencia.
c) O triunfo da misericórdia de Deus (11.1-11)
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Entre as trovoadas de imprecação o profeta introduz um dos parênteses caracterizados por
terno amor; o que muito gosta de fazer. Deus relembra uma vez mais a felicidade de Suas primeiras
relações com Israel. Essas, entretanto, logo se deterioraram. Como os chamavam, assim se iam
da sua face (2). O primeiro "eles" (subentendido) refere-se aos profetas de Deus, e o segundo "eles"
(também subentendido) refere-se a Israel. Embora Deus tivesse chamado tão ternamente a Israel,
para Si mesmo, Israel, todavia, se tinha voltado para os baalins. O parêntese de ternura, introduzido
no versículo primeiro, é levado a um lindo clímax nos versículos 3 e 4. Fui para eles como os que
tiram o jugo (4) implica que a misericórdia divina estava esperando para pôr ponto final no castigo
predito em 10.11. A promessa de que Israel não voltará para a terra do Egito (5) não contradiz 8.13
e 9.3, visto que nessas passagens o "Egito" é referido figuradamente, como símbolo da escravidão,
enquanto que aqui ele aparece literalmente. A palavra para ferrolhos (6; em heb. badh) significa
literalmente; "uma vara" ou "uma aduela"; pelo que alguns a traduzem como "defesas" ou "ferrolhos",
como esta versão. Mas, outros consideram a palavra em sentido figurado e traduzem-na como
"príncipes".
Como te deixaria, ó Efraim? (8). O dilema divino é o conflito entre a justiça divina e a
misericórdia divina, que encontra expressão em uma das mais lindas passagens da profecia
hebraica. Adama e Zeboim (8) foram duas cidades destruídas juntamente com Sodoma e Gomorra
(cf. Dt 29.23). O versículo 9 apresenta o resultado do dilema do versículo anterior. A misericórdia de
Deus venceu a batalha. Eu não entrarei na cidade (9). Por uma simples troca de sinais vocálicos,
no hebraico, essa frase se torna: "Eu não entrarei em ira", o que parece preferível. Os versículos 10
e 11 falam ambos da volta do povo após o exílio. O primeiro pinta um leão a chamar seus leõezinhos
de volta. O último usa o simbolismo dos pássaros retornando após a sua migração.
IV. ISRAEL É REPROVADO PELO SENHOR 11.12-13.16
a) Infidelidade de Israel comparada com a confiança de Jacó (11.12-12.14)
A divisão em capítulos é muito infeliz neste ponto. O novo pensamento, que uma vez mais se
ocupa do pecado de Israel, tem início no versículo 12.
Efraim se apascenta de vento (12.1). O vento é símbolo não apenas da vaidade mas
também da destruição, como no caso do vento leste, que se segue (cf. 13.15). Note-se o elemento
de vacilação na política de Israel: numa ocasião está sendo cortejado o favor da Assíria; então é
enviado azeite ao Egito, como presente, para garantir seu apoio.
Mesmo quando ainda estava no ventre de sua mãe, Jacó ambicionava a bênção de Deus, e
essa ele procurou intensamente, quando cresceu, até que O encontrou em Betel, o lugar mesmo
onde seus descendentes pecavam contra seu Deus. Esse exemplo de zelo é apresentado agora aos
descendentes de Jacó a fim de mostrar-lhes quão longe se tinham afastado do exemplo de seu
progenitor crente e também a fim de apontar-lhes o caminho pelo qual deviam buscar ao Senhor (6).
E um mercador (7); essa palavra significa, literalmente, "cananeu"; os cananeus se haviam
distinguido de tal modo no comércio que emprestaram seu nome como sinônimo de "comerciante".
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Por outro lado, o emprego do termo "cananeu" é característico: Os descendentes de Jacó se tinham
degenerado de tal maneira que seu nome havia sido trocado de "Israel" para "cananeu". Israel tinha
uma base falsa de autodefesa; apontava para as riquezas que havia adquirido como sinal certo do
favor de Deus para consigo (8; cf. Ap 3.17). No seu contexto, não uma promessa, mas uma ameaça,
está contida nas palavras como nos dias da reunião solene (9). O viverem sem lar, no exílio, é
comparado com o viver em tendas durante a festa dos tabernáculos. O fato que Deus havia
repetidamente falado a Israel, por intermédio de Seus profetas, que haviam usado de símiles e de
uma linguagem fácil de ser compreendida, agravava o pecado de Israel (cf. Is 5.4). Não é Gileade
iniqüidade? (11). Essa pergunta é feita a fim de provocar uma afirmação enfática. Quanto a Gilgal,
Seus altares são como montões de pedras nos regos dos campos (11). No comboio dessa
iniqüidade seguia o desastre, que espalhava nos campos as ruínas dos altares idólatras de Israel. 
Nos versículos 12 e 13 o profeta olha de volta novamente para os ancestrais de Israel, afim
de fazer contraste entre a simplicidade da ida de Jacó com a existência luxuosa de seus rebeldes
descendentes: e também para frisar o cuidado de Deus por Seu povo. Jacó fora preservado, mas a
atual geração teria de sofrer a punição devida por sua culpa. 
b) Condenação pronta e inevitável (13.1-16)
A tradução mais provável do versículo 1 é: "Quando Efraim falava, havia tremor... mas ele
pecou por meio de Baal e morreu". O período da prosperidade de Israel, quando todos lhe
mostravam ter respeito, é contrastado com o período de sua destruição. Beijem os bezerros (2); isto
é, como sinal de homenagem. A rapidez da vindoura destruição de Israel e apresentada em quatro
quadros sucessivos: a nuvem da manhã, o orvalho matinal, a palha e o fumo da chaminé (3). Em
realidade a chaminé é a janela pela qual escapava a fumaça.
Eu te conheci no deserto (5). Uma pequena alteração nas consoantes hebraicas resulta
num texto mais plausível (apoiado pela Septuaginta): "Eu te pastoreei". Isso concorda melhor com o
contexto. A prosperidade tinha dado em resultado o se afastarem de Deus (6; Dt 8.11 e segs.).
Como leopardo espiarei no caminho (7). Uma leve emenda no hebraico fornece tradução dada
pela Septuaginta e outras versões: "como uma pantera no caminho para a Assíria".
Os verbos do versículo 11 deveriam ser traduzidos no tempo verbal presente: "Dou-te" e "to
tiro" (imperfeitos freqüentativos no hebraico). Portanto, a referência não é à elevação de Jeroboão I
ao trono, mas à inteira sucessão de reis no reino do norte. Dizer que a iniqüidade de Efraim está
atada (12) implica que tem sido cuidadosamente coligida e armazenada para o dia de julgamento, e
é uma resposta às reivindicações de alguns dos compatriotas do profeta, os quais diziam que Deus,
que havia aceito a nação sob o Seu favor especial, perdoaria e se esqueceria de seus pecados, e a
evidência disso era a prosperidade em que pensavam que estavam vivendo (cf. versículo 15). Contra
essa estimativa superficial de seus pecados, o profeta apresenta aquela terrível lista de castigos.
A angústia do profeta, em seguida, é expressa em rápida troca de simbolismo. Primeiramente
a mulher nas dores de parto; então o infante que não nasce no tempo certo. Ambas as coisas
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predizem a destruição iminente. O segundo simbolismo é o da falta de arrependimento oportuno por
parte do povo, o que poderia salvar seu país.
No versículo 14 uma pequena alteração na ordem das consoantes hebraicas dá o texto:
"Onde está tua praga, ó morte? Onde está teu aguilhão, ó seol?" Tal texto é sustentado tanto pela
Septuaginta como pela citação em 1Co 15.55. O significado do versículo é difícil de precisar. Trata-
se de um clarão inesperado de misericórdia? Nesse caso, a última porção do versículo deveria ser
lida à luz de Rm 11.29, onde fica claro que "arrependimento" significa uma mudança de mente da
parte de Deus; isto é: "não alterarei minha mente a respeito disso". Ainda que ele dê fruto (15).
Esse jogo de palavras, envolvendo o nome de Efraim, que quer dizer "fertilidade", destaca, em luz
ainda mais sinistra, a total esterilidade do povo.
V. OPORTUNIDADE DE ARREPENDIMENTO E RESTAURAÇÃO 14.1-9
Este último capítulo é um imperturbável registro sobre a terna misericórdia de Deus para com
um povo arrependido. Daremos como bezerros os sacrifícios dos nossos lábios (2). "Em lugar
de sacrificar bois, ofereceremos nossos lábios"; isto é, a confissão de nossa culpa. (Cf. Sl 51.17-19).
O versículo 3 confessa os três principais pecados de Israel: confiança na Assíria; confiança no Egito
(a "terra dos cavalos"); e idolatria. O arrependimento é aceito e Deus se apresenta graciosamente
para ajudá-los, em amor e misericórdia. Ele florescerá como o lírio (5) visto que o lírio é o símbolo
da pureza que substituirá a corrupção. Espalhando as suas raízes como o Líbano (5) é o símbolo
da natureza duradoura da felicidade de Israel. Esse pensamento faz belo contraste com 13.15. A sua
memória (7). Deve-se notar que os dois memoriais de Israel redimida são o trigo (pão) e a vida, que
deixam entrever um outro muito maior memorial. De mim é achado o teu fruto (8). Uma repetição
do jogo de palavras em torno do nome de Efraim (ver 13.15n.), cujo caráter sinistro é agora
engolfado na fonte divina da fertilidade do povo. As palavras para que as saiba (9) são um epítome
da profecia inteira. A principal queixa de Deus contra o Seu povo é que eles não O "conheciam". Mas
agora, que se tinham tornado sábios, conhecerão os caminhos do Senhor e andarão neles (9).
QUESTIONARIO SOBRE OS PROFETAS MENORES – OSEIAS
1. Dê as formas do nome Oséias nas seguintes línguas:
2. Hebraico _______________ Grego________________ Latim_______________.
3. Qual o livro que vem antes de Oséias em sua Bíblia? _______________________.
4. Oséias foi dos primeiros profetas a colocar as suas profecias em forma 
__________________
5. A data média provável da Oséias é _______________
6. A que Oséias comparou Israel em suas profecias? _____________________________
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PROFETAS MENORES
7. O tema de Oséias é _____________________________________
8. A esposa infiel de Oséias chamava-se _________________________
9. Oséias exerceu o seu ministério em _____________ mas depois mudou-se para 
___________
10. Discorra sobre a situação em Israel e no mundo no tempo de Oséias, o profeta:
______________________________
11. Os grandes impérios mundiais __________________________________
12. A situação em Israel; Política, Econômica, Social, Religiosa _______________________ 
___________________________
13. A palavra chave de Oséias é ____________
14. O livro de Oséias é indicado especialmente aos __________________
15. Se alguém quer voltar para Deus é necessário se _________________
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PROFETAS MENORES
LIVRO DO PROFETA JOELLIVRO DO PROFETA JOEL
BREVE SÍNTESE DE INTRODUÇÃO DO LIVRO
● Nome - O nome Joel é : Yo’el (Joel). Este nome significa Iavé é Deus.
● Posição do Cânon - Joel é o segundo dos profetas menores. Vem logo depois de Oseías e antes
de Amós na versão em Português. Assim também o colocavam os judeus que o consideravam muito
antigo.
● Joel, o homem – A única referencia a pessoa do profeta está no verso 1 do capítulo 1, onde diz
que era filho de Petuel. Era um nome muito querido entre os judeus e foi dado a varias pessoas em
diferentes épocas. Era um profeta de Judá, ao sul, e habitava em Jerusalém. Deve ter conhecido o
profeta Eliseu (norte) e talvez também Elias. A abundância de referências a Jerusalém faz crer que o
profeta a amava e conhecia bem a sua história. Para se dizer que não era sacerdote podemos usar
os texto de Joel 1.13,14; 2.17. O período em que profetizou não foi dos mais negros de Israel, o que
serve também para auxiliar a colocação da data. Deve ter sido contemporâneo de Oséias e Amós.
Profetizou a respeito da época do Evangelho e do derramamento do Espírito. É um profeta atual.
● Propósito e método - o método é o do discurso profético. Ha uma pequena alusão histórica, que
serve para ilustrar a profecia. O propósito de Joel é uma chamada ao arrependimento. Trazer e Israel
ao arrependimento são o propósito do senhor exemplificado no “Dia do Senhor”. Desse
arrependimento dependem as bênçãos futuras.
● Estilo - Os autores são concordes em fazer uma apreciação e dar nota máxima a beleza literária
de Joel. De estrutura perfeita, frases completas e paralelismos bem conjugados, tem atraído a
atenção do muitos parao seu esplendor literário.
● Circunstancias - Em Israel, no reino do norte, encerrava o seu ministério o profeta Oséias. Amós
começava. No norte ainda, o povo acabava de sair do domínio da dinastia de Onri (cujo maior
representante foi Acabe), mas não fazia muita diferença a que se seguiu: o povo permaneceu no
pecado. 
No sul, Deus acabava de libertar o povo de rebelde e perversa Atalia; filha de Jezabel e havia um
avivamento sob Jeoiada, o tutor do rei Joás. Politicamente Judá (sul) e Israel (norte) enfrentavam
“pequenos” inimigos: Egito, Fepícia, Edom e Filisteus. Uma praga de gafanhotos causara uma
tremenda escassez que afetou a casa do Senhor. Veio depois a seca. Isso serve de ocasião a
mensagem do profeta. S. L. Warren coloca a profecia numa dupla referência, fazendo-a parte de
uma invasão futura de inimigos pior que a dos gafanhotos.
● Palavra chave - “O dia do Senhor”
● Versos chaves - Joel 1:15; 2:1. “ Ai do dia! Porque o dia do Senhor está perto....”.
“ Tocai a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu santo monte: tremam todos os moradores
da terra, porque o dia Senhor vem, já está perto;
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PROFETAS MENORES
I. Caracteristicas
O livro de Joel é uma das gemas literárias do Antigo Testamento. É edificado com cuidado e
efeito dramático e aqui e acolá, pelo livro inteiro, há belezas que brilham intensamente e até
deslumbram a imaginação. Chamado sua atenção para o fato de: "Se existe na Bíblia um livro que é
uma obra prima de arte literária, é o livro de Joel.” Há outros profetas que escreveram com maior
paixão e maior poder, que se elevam a mais sublimes altitudes da revelação divina; mas dificilmente
há um escritor do Antigo Testamento que tenha demonstrado empenho mais cuidadoso, detalhado e
primoroso para dar polimento, remate e beleza à sua obra literária".
"O estilo de Joel é preeminentemente puro. Caracteriza-se pela fluência e regularidade nos
ritmos, nas sentenças completas e na simetria dos paralelismos. Com o poder de Miquéias ele
combina a ternura de Jeremias, a vivacidade de Naum e a sublimidade de Isaias" 
II. Data
O livro apresenta ao estudioso muitos problemas e talvez o primeiro e mais importante deles
é determinar onde colocá-lo entre os outros profetas do Antigo Testamento. Essa dificuldade pode
ser mais bem percebida quando se sabe que já foi colocado em quase todos os períodos da
dispensação profética. Pelo simples fato que menção nenhuma é feita sobre a Assíria ou a Babilônia,
é admitido que Joel tenha exercido seu ministério antes do levantamento da primeira ou depois do
declínio da última. Por conseguinte, há concordância quase universal que o livro deva ser posto ou
entre os primeiros livros dos profetas ou entre os últimos. É verdade que muitos eruditos modernos
favorecem a data mais recente, mas isso de forma alguma é universalmente reconhecido e diversos
fatores parecem sugerir que a data mais antiga está bem dentro dos limites da possibilidade. Entre
esses fatores temos primeiramente o quadro do reino. Toda a menção ao rei é abafada quase ao
máximo, o que confirmaria o ponto de vista que o período do livro foi o de Joás o qual, embora rei,
ainda era menor de idade, quando Joiada agia como regente (2Rs 12.1 e segs.). Paralelamente a
isso, no livro de Joel o sacerdócio é considerado com a maior honra e respeito. A adoração no
templo era diligentemente mantida e o aspecto mais negro do desastre causado pela seca e pelos
gafanhotos era o fato que as ofertas diárias não podiam ser continuadas (1.9). A religião deve ter
sido geralmente praticada quando nenhuma outra coisa parecia pior que isso. Esses fatos, para dizer
a verdade, se adaptariam aos tempos da minoridade de Joás.
Em segundo lugar, além disso, não há qualquer referência ao reino do norte, tão próximo
geograficamente e tão interrelacionado com Judá em período posterior. Se preferirmos a data mais
antiga parece natural que, em vista de tudo quanto Judá havia sofrido às mãos de Atalia, a infame
filha de Acabe (2Rs 11.1 e segs.), haveria apenas raras referências a Israel, nos apelos do profeta ao
reino do sul.
Uma terceira característica que dá apoio à data mais antiga do livro é que as passagens
condenatórias parecem ser uma relíquia dos dias mais combativos de Israel e não dos dias de seu
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PROFETAS MENORES
período mais enfraquecido, quando declinava, condição que seria refletida no livro se a profecia
pertencesse a data mais recente como querem alguns críticos.
Outro argumento em favor da data mais antiga é o que se encontra nas referências cruzadas
que podem ser observadas entre as profecias de Joel e de Amós. Naturalmente que alguns têm
argumentado que Joel emprestou dados de Amós; mas, devido ao caráter dessas várias referências
é de arguir-se, se não conclusiva, provavelmente, que se deu justamente o oposto, ou seja, que
Amós iniciou sua profecia onde Joel deixou a sua (cf. Am 4.6 com Jl 2.12; Am 9.13 com Jl 3.18). A
tudo isso pode ser adicionado o fato que, no tempo de Amós a idéia do "dia de Javé" era comum e
que, de conformidade com a aparente íntima conexão entre Amós e Joel, é evidente que isso só era
familiar porque Joel assim o tinha feito, em seu ministério, anterior ao de Amós.
Concluindo, há certo número de alusões a eventos históricos que, se corretamente
interpretadas, parecem exigir a data mais antiga. Jl 3.17,19, que falam de estrangeiros "a passar"
pela terra e que acusam o Egito e Edom de derramar "sangue inocente", bem podem referir-se à
invasão de Judá por Sisaque (1Rs 14.25) e à revolta dos edomitas durante o reinado de Jorão (2Rs
8.20-22). Novamente, a acusação de Joel contra os fenícios e filisteus (Jl 3.4,6) pode ser comparada
com o relato do escritor das Crônicas a respeito dos assaltos dos filisteus durante o reinado de Jorão
em Judá (2Cr 21.16), e aos oráculos de Amós contra ambas essas nações (Am 1). Igualmente, na
menção ao "vale de Josafá" (Jl 3.2), há uma possível referência ao fato desse rei haver derrotado
Moabe, Amom e Edom, no vale de Beraca (2Cr 20.26). Tudo isso seria coerente com a posição
tradicional que coloca o livro de Joel entre os primeiros profetas no "cânon", posição essa que não
pode ser voluvelmente abandonada como se fosse inteiramente fortuita, visto que é inegável que o
presente arranjo dos livros foi, naquele tempo, tencionado como cronológico.
Tudo quanto dissemos não deve ser entendido como inferência que não existem argumentos
a favor da colocação do livro de Joel entre os escritos após o retorno do cativeiro. As principais
razões apresentadas em defesa dessa posição podem ser arranjadas como segue. Segundo dizem,
a natureza geral da linguagem e do estilo, particularmente o fraseado de 3.1,17, parece exigir que o
livro tenha sido composto após a destruição de Jerusalém em 586 A. C. A ausência de qualquer
referência ao reino do norte sugere que este, de fato, não mais existia como entidade política
separada. A ausência de qualquer repreensão aos pecados nacionais e, especialmente, à idolatria, é
incoerente com o estado de coisas que dominava antes do exílio. A atitude hostil, adotada para com
outras nações pagãs, é mais característica de um período posterior, quando o nacionalismo judaico
se tornou mais estritamente exclusivista. A predominância do sacerdócio nas atividades diárias e a
ardente devoção pelos sacrifícios no templo não eram tão típicas no período pré-exílico, mas, em
realidade, pertencem a dias mais recentes, na comunidade menor e mais intimamente ligada dos
exilados que voltaram.
O argumento que se baseia no estilo e na linguagem é, quando muito, extremamente

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