Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Coisas que todo AUTISTA gostaria que Você SOUBESSE... Muito se fala em “Não saber incluir!” isto é, não ter uma base para começar o processo de aceitação, convivência e por fim inclusão do diferente na sociedade. Porém, pouco se depara com reflexões acerca deste tema... A pergunta que permanece é, na verdade: De que apoios um autista precisa? Como se deve pensar a comunidade inclusiva? Para ajudar a refletir e responder de forma efetiva a essas perguntas, que tal analisar dez pontos importantes de se observar ao longo do desenvolvimento do indivíduo no Espectro Autista? Tais pontos estão no blog e livro Ten Things an Autistic Chid wishes you Knew, ou Dez coisas que toda criança autista gostaria que você soubesse, em tradução livre, de Ellen Notbohm, e que servem de base a um dos vídeos mais acessados e comentados do Diário de um Autista. Neste conteúdo, abordo de forma didática e direta o quanto as dez características encontradas no livro de Ellen Notbohm podem ajudar as pessoas a terem olhares mais inclusivos! Na obra original se fala da criança autista e aquilo que ela não pode, ou tem dificuldade de expressar sobre si, sobre seus construtos de personalidade e os sentimentos, mas o vídeo Coisas que todo autista gostaria que você soubesse se volta ao ponto de vista de Marcos Petry para abranger o autismo do ponto de vista de um indivíduo adulto! Confira a seguir estes pontos que podem dar uma base maior para a inclusão a partir do contexto comunitário e do lar! CONSIDERAR O INDIVÍDUO1 No texto original, muito ventilado nas discussões acerca da inclusão, Ellen Notbohm utiliza-se deste ponto para frisar: “Sou uma criança!”, trate-me como tal... Porém, o ponto pode direcionar-se ao traquejo com o indivíduo adulto também. Esta primeira, e talvez a mais robusta observação sobre o Transtorno do Espectro Autista pavimenta o que se conhece por Respeito a Idade Biológica: As fases da vida no autismo precisam ser reconhecidas, pois antes de tudo, se deve ressaltar que “se trata o autista como qualquer ser humano” e se estabelece que tal tratamento deve reconhecer o potencial ao longo do desenvolvimento (seus avanços e retrocessos), enxergar o dia a dia como nutritivo em seus vários contextos, bem como as situações que devem vir de cada contexto (desdobramentos que são desafiantes para a flexibilidade do autista). Observar o vai e vem de avanços e entender estratégias para aprender a partir deles, eis o principal construto de uma estratégia inclusiva que perdure ao longo de toda a vida do autista, sendo adaptada a cada fase desta. Observar o indivíduo é falar de sua capacidade de aprender, não dando espaço para capacitismos, ou até mesmo vitimismo. AUTISTAS SÃO VISUAIS2 A presença de fontes de informação no mundo, nos chegam e são decodificadas pelos cinco sentidos humanos: Cada um de nós entende o mundo prezando por um deles- Há pessoas que se se saem melhor vendo as coisas, enxergando como isto acontece, como pode ser percebido.... Há quem prefira ouvir o desenrolar dos fatos e contextos- Seja de uma forma ou de outra, o fato é que nossos cinco sentidos são importantes para nos situar, preparar para ação para cada contexto que iremos vivenciar! Entendendo este pressuposto humano, eis que é possível entender também que indivíduos no Espectro Autista primam por blocos, ou conjunturas mais concretas e diretas de informação, sendo assim faz sentido que a visão os direcione ao interagir com o mundo: “Tudo que eu vejo torna-se referência!”, e ainda que hajam autistas mais auditivos, táteis ou que se utilizem do paladar... É o visual que guia o indivíduo autista que é, por sua natureza, mais pragmática e concreta, calcado no que pode ver e detectar no ambiente, seus pontos de interesse! Então, quando for auxiliar o autista, sempre prime por uma referência concreta e que possa ser captada no ato! É navegando com os olhos que autistas majoritariamente se adaptam. Ao invés de focar-se nos adjetivos, no “como”, é importante focar nos quês: O que se quer alcançar, qual o processo do qual se parte para que se alcance isto! Muitas pessoas focam-se muito nas tarefas baseado em adjetivos, intensidades, atalhos... Coisas que para um autista passam ao largo do campo de visão, portanto são estressantes! Focando-se em objetivos práticos, concretos eis que o aprendizado flui melhor, pois assim tem mais relevância, isto é, se traduz em uma experiência melhor, mais significativa para o indivíduo. O estímulo visual é um potente construtor de autonomia, pois não só o autista entende melhor o seu dia a dia, mas também aprende a caminhar no Espectro... É a amalgama de percepções concretas que condiciona a aquisição de percepções do ambiente. CONSIDERE A LINGUAGEM E A COMUNICAÇÃO3 Em alguns autistas ela pode ser mais rebuscada, em outros mais limitada, em ambos os casos o traquejo de comunicar-se deve ser considerado! Entender este tópico abre portas, faz com que estratégias de autonomia possam ser desenvolvidas no ambiente do seu lar. Para o autista leve, geralmente a linguagem é rebuscada e sua comunicação é primariamente verbal ao passo de que o autista moderado possui linguagem mais simples, mais próximo do concreto... Do aqui e agora, do perceptível! Conhecer o perfil do seu filho no âmbito da linguagem, e observá-la com atenção vai ajudar no desenvolvimento de estratégias de socialização e principalmente de avanço no espectro! Adaptar-se é uma via de mão dupla e não é só seu filho no espectro que vai adaptar-se ao mundo neurotípico e sua linguagem rápida e que demanda esforço emocional e mental... O mundo típico também deve dispor de tempo e paciência para adaptar-se aos autistas. Observar e considerar a linguagem e comunicação implica em adaptar o discurso, sempre com frases curtas e prezando evitar duplos sentidos, gírias ou ditos populares abruptos, sem explicação concreta! Os pontos de carência na linguagem podem e devem ser trabalhados de forma á gerar percepções e adequações a cada linguagem, bem como aumentar o vocabulário e a flexibilidade do indivíduo autista! Talvez este seja o ponto que mais chama a atenção para pais e mães de pessoas autistas e a partir do qual se detectam a maior parte das demandas de socialização. Ao observar a comunicação de autistas moderados e severos convém pontuar que seus interlocutores não devem irritar-se, impor um ritmo de comunicação mais “próximo das pessoas neurotípicas”, porque tal avanço virá com treinamento social, que assume um contexto natural, isto é: presente em situações em que a vivência vai apresentando novos contextos para o uso de uma linguagem e assim, o indivíduo aprende a ser mais flexível ás mudanças de contexto imprimidas no falar! Em se tratando de comunicar-se efetivamente com um autista, valem algumas dicas: Informações compactas: Frases curtas facilitam o entendimento das mensagens pelo autista. Não significa dizer que o indivíduo no Espectro irá resumir-se a esta condição ao longo de todo seu desenvolvimento, mas a informação compacta é âncora do processo de fomento a uma linguagem mais elaborada! Atenção ao ritmo: É importante também observar o ritmo com que se fala, pois assim como o amontoado de informação, o ritmo veloz e abrupto nas conversas dificulta o entendimento concreto da situação, da intencionalidade e principalmente, pode dificultar o entendimento do porque em cada conversa. Meias palavras: O cérebro humano completa informações que desconhece fazendo um esforço e utilizando-se deste tipo de desafio para ampliar não só o vocabulário de palavras, mas também o repertório de deduções, expressões do pensamento e a complexa metacognição, que é a nossa habilidade para refletir sobre nossos pensamentos. Partindo deste raciocínio, entendemos que as meias palavras, tais como abreviações e apelidos de carinho entre grupos sociais exigem de nosso cérebro, tanto para que “complete as informações” quantopara que traduza as palavras específicas em algo útil! Os autistas têm dificuldade em fazer associações entre palavras curtinhas e suas versões “corretas”, então as meias palavras e maneirismos apresentam verdadeira confusão para um indivíduo autista, mas também podem apresentar oportunidades de nutrição no campo dos estímulos diversos! Em alguns autistas ela pode ser mais rebuscada, em outros mais limitada, em ambos os casos o traquejo de comunicar-se deve ser considerado! Entender este tópico abre portas, faz com que estratégias de autonomia possam ser desenvolvidas no ambiente do seu lar. Para o autista leve, geralmente a linguagem é rebuscada e sua comunicação é primariamente verbal ao passo de que o autista moderado possui linguagem mais simples, mais próximo do concreto... Do aqui e agora, do perceptível! Conhecer o perfil do seu filho no âmbito da linguagem, e observá-la com atenção vai ajudar no desenvolvimento de estratégias de socialização e principalmente de avanço no espectro! Adaptar-se é uma via de mão dupla e não é só seu filho no espectro que vai adaptar-se ao mundo neurotípico e sua linguagem rápida e que demanda esforço emocional e mental... O mundo típico também deve dispor de tempo e paciência para adaptar-se aos autistas. Observar e considerar a linguagem e comunicação implica em adaptar o discurso, sempre com frases curtas e prezando evitar duplos sentidos, gírias ou ditos populares abruptos, sem explicação concreta! Os pontos de carência na linguagem podem e devem ser trabalhados de forma á gerar percepções e adequações a cada linguagem, bem como aumentar o vocabulário e a flexibilidade do indivíduo autista! Talvez este seja o ponto que mais chama a atenção para pais e mães de pessoas autistas e a partir do qual se detectam a maior parte das demandas de socialização. Ao observar a comunicação de autistas moderados e severos convém pontuar que seus interlocutores não devem irritar-se, impor um ritmo de comunicação mais “próximo das pessoas neurotípicas”, porque tal avanço virá com treinamento social, que assume um contexto natural, isto é: presente em situações em que a vivência vai apresentando novos contextos para o uso de uma linguagem e assim, o indivíduo aprende a ser mais flexível ás mudanças de contexto imprimidas no falar! Em se tratando de comunicar-se efetivamente com um autista, valem algumas dicas: Informações compactas: Frases curtas facilitam o entendimento das mensagens pelo autista. Não significa dizer que o indivíduo no Espectro irá resumir-se a esta condição ao longo de todo seu desenvolvimento, mas a informação compacta é âncora do processo de fomento a uma linguagem mais elaborada! Atenção ao ritmo: É importante também observar o ritmo com que se fala, pois assim como o amontoado de informação, o ritmo veloz e abrupto nas conversas dificulta o entendimento concreto da situação, da intencionalidade e principalmente, pode dificultar o entendimento do porque em cada conversa. Meias palavras: O cérebro humano completa informações que desconhece fazendo um esforço e utilizando-se deste tipo de desafio para ampliar não só o vocabulário de palavras, mas também o repertório de deduções, expressões do pensamento e a complexa metacognição, que é a nossa habilidade para refletir sobre nossos pensamentos. Partindo deste raciocínio, entendemos que as meias palavras, tais como abreviações e apelidos de carinho entre grupos sociais exigem de nosso cérebro, tanto para que “complete as informações” quanto para que traduza as palavras específicas em algo útil! Os autistas têm dificuldade em fazer associações entre palavras curtinhas e suas versões “corretas”, então as meias palavras e maneirismos apresentam verdadeira confusão para um indivíduo autista, mas também podem apresentar oportunidades de nutrição no campo dos estímulos diversos! SOBRECARGA SENSORIAL4 Um ou mais sentidos de um sujeito autista estão sobrecarregados: Na maioria dos casos uma pessoa no Espectro não consegue pontuar como houve a sobrecarga nos sentidos! O fato é que, em meio ao ambiente os pais devem observar possíveis estressores como barulhos altos e repentinos, luzes, cores berrantes e até mesmo certas texturas que servem de gatilho para a desorganização total. Á partir do ambiente da casa os pais observam as demandas de seus filhos na interação, e precisarão contar com o apoio dos profissionais de sua confiança para investigar mais a fundo o que se denomina por Perfil sensorial, ou seja, que sentidos estão sob maior controle do autista e quais aqueles que não estão. PACIÊNCIA5 Autistas demoram mais para fazer o processamento das informações e contextos da realidade! Em média esta, “demora” é de 06 segundos a mais, algo que acontece pois o cérebro autista é ruim com atenção compartilhada, ou seja, a habilidade que o cérebro tem de particionar o foco atencional. Para você ter uma ideia da importância disto, quando o cérebro migra o foco atencional favorece a comunicação entre áreas e hemisférios... Não é possível que o cérebro faça duas coisas ao mesmo tempo, mas, ao migrar o foco rapidamente, de uma parte a outra, o cérebro nos passa a impressão de que podemos sim executar muitas tarefas em um curto espaço de tempo! Para um autista, na maior parte do tempo não há migração do foco atencional como ocorre dentro da tipicidade. Como resultado, o autista “perde” a habilidade de dividir a atenção, assim como também, demanda um tempo maior para internalizar os múltiplos contextos a sua volta! Quem olha de fora pensa que o autista está em um outro mundo, mas na verdade se trata de uma dificuldade em adaptar-se a informação nova que chega a todo momento! PENSADORES CONCRETOS6 Assim como suas referências de visualizar o ambiente, o pensar do autista é sempre concreto. Isto reflete as dificuldades na linguagem e abreviações, assim como também impacta na mudança de foco repentino: Mudança de assunto, mudança de perspectiva, mudanças no ritmo da ação... Tudo deve ser explicado literalmente, sem rodeios ou com o mínimo possível de abstrações! Seu filho autista pode aprender a abstrair, mas demandará mais tempo, mais tentativas e erros! FAÇA CONVITES A SOCIALIZAÇÃO!7 Autistas não são ilhados! Eles apenas não conhecem muito bem os trejeitos socialmente aceitáveis para entrar em contato e manter amizades com suas pertenças. Geralmente, autistas movem-se na direção das amizades por interesses ou grupos de assuntos afins: Amizades setorizadas e muitas vezes concernindo a seu hiperfoco... Sem referências claras a essa sociabilidade diferente, o autista fica aparentemente distante do próximo! Isto não significa de forma alguma que fazem assim por querer, é apenas um modo diferente de organização! MENOS TOLERANTES ÁS FRUSTRAÇÕES8 Em geral, autistas são menos tolerantes a frustrações... Suas tentativas têm que ser previstas e guiadas! Os pais podem prover a partir do lar, apoios que guiem seus filhos no Espectro a saber, mesmo que de maneira inicial e até rudimentar, o resultado de cada tentativa e erro, bem como mostrar seu apoio ás novas tentativas- fornecer motivação. Com subsequentes frustrações e a imensa dificuldade em externar sentimentos, a frustração pode gerar falta de controle e por conseguinte crises! Uma crise não é por teimosia, não é algo para se chamar a atenção, é um descontrole total e um desarranjo entre sentidos, emoções e sentimentos! O autista fica perdido, sem chão, e é no lar que se tomam medidas para minimizar momentos de ruptura: Falar pausadamente confortando o autista, Minimizar gatilhos de estresse, apoiar em momentos de frustração branda ou inicial. Eis algumas posturas simples e pontuais que podem minimizar crises! Lembre-se de que todas estas trabalham em conjunto e o foco é explicar, predizer o que vai acontecer no ambiente. CREIA NO POTENCIAL DO AUTISTA9 Muito se fala em impeditivos para a fruição do raciocínio ou dasplenas capacidades de um autista. Ás vezes tal coisa ocorre já no diagnóstico, quando a ideia vigente é de que Autistas são incapazes de grandes feitos, o que condiciona a capacitismos, ou seja, observar o indivíduo por baixo nivelando-o aquém do que ele poderia ser ou alcançar! Ao invés disto, busque pelos pontos de referência positivos: Capacidades, desafios vencidos, Novos paradigmas para se alcançar! São estes marcos que o cérebro irá absorver para que devolva ao ambiente, então cada situação deve ser vista como desafiadora, talvez até custosa, mas nunca como castigo ou vergonha para os pais nivelando assim seu filho por baixo! AME UM AUTISTA! 10 Demonstre seu amor a um autista. Mesmo que ele seja concreto, de difícil abstração, ainda há como fomentar a ideia de pertencimento em um autista! A ideia de que o indivíduo é muito amado, de que ganha impulsos e responsabilidades, e a partir deles pode fazer seu próprio caminho e explorar o ambiente do lar como campo de inteligência e protagonismo! AUTOR Marcos Petry Canal - Diário de um Autista conectehs.com.br/ @conectehs
Compartilhar