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Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital Autores: Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. 27 de Maio de 2020 1 32 Sumário 1. Apresentação ................................................................................................................. 2 2. Considerações preliminares sobre a garantia de sigilo financeiro, bancário e fiscal ........ 3 3. Quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal ................................................................. 5 4. Representação pela quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal e a legitimidade da autoridade policial ........................................................................................................... 11 5. Modelo Peça Prático-profissional de quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal....... 13 5.1 Endereçamento .......................................................................................................... 13 5.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 14 5.3 Dos Fatos ................................................................................................................... 16 5.4 Fundamentos Jurídicos .............................................................................................. 17 5.5 Da Representação ...................................................................................................... 21 5.6. Encerramento da peça .............................................................................................. 22 6. Questão de prova resolvida pelo professor .................................................................. 23 7. Questão inédita elaborada pelo professor ................................................................... 28 Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 2 32 1. APRESENTAÇÃO Beleza pura, futuro delegado de polícia civil do Paraná! Como está o foco nos estudos? O caminho é árduo, mas ver o seu nome brilhando no Diário Oficial compensa qualquer dificuldade! Continue firme na busca pelo distintivo! Eu sou o professor Fernando Bezerra, responsável junto com os professores Vinícius Silva e Ivo Martins pela elaboração deste curso do Estratégia Carreira Jurídica direcionado às questões discursivas e peças prático-profissionais da carreira de Delegado de Polícia. Exerço a função de autoridade policial há quase 10 (dez) anos, tendo atuado nas mais diversas delegacias e assumido a titularidade de variadas e complexas investigações. Sou graduado em Direito pela Universidade Federal da Bahia, especialista em processo pela mesma instituição superior e ainda especialista em Segurança Pública e Inteligência Policial além de Mestre em Segurança Pública, Cidadania e Direitos Humanos. A proposta de estudo nesta aula versa sobre a medida cautelar probatória da quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal. Esta providência aparece como importante recurso disponível ao Delegado de Polícia, entretanto ostenta probabilidade pequena de incidir na sua prova. Não obstante a relevância instrumental, não tem recorrência em ser exigida nas provas de Polícia Civil. Contudo, precisamos estar preparados para qualquer cenário, haja vista nosso propósito é lançar o distintivo no peito, colocar a pistola na cintura e comandar diligências policiais! Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 3 32 2. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE A GARANTIA DE SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL Trata-se de medida cujo manejo é constante no cotidiano das unidades policiais, principalmente aquelas que se debruçam sobre investigações de repercussão econômica. Como as provas apresentam um perfil de aproximação do candidato à realidade prática vivenciada pelas autoridades exercentes do cargo pleiteado, nada impede que o examinador exija de você a confecção desta cautelar na 2ª Fase do concurso da Polícia Civil do Paraná. De indiscutível relevância prática, torna-se ainda mais evidenciada quando se observa que esta providência aflige um direito fundamental de preservação da privacidade do indivíduo. O sigilo financeiro encontra amparo constitucional indubitavelmente na regra genérica de proteção da intimidade, qual seja o art. 5º, inciso X da CF-88. Apesar da Carta Magna não trazer explicitamente a nomenclatura sigilo financeiro, é de se compreender que foi abraçada pelas regras de tutela da privacidade estabelecidas no texto constitucional. Dessa forma, impõe-se a conclusão que qualquer investida de acesso aos elementos componentes do arcabouço de informações e histórico bancário e fiscal precisam respeitar a referida garantia constitucional, sob pena de ilicitude probatória tanto das circunstâncias presentes quanto daquelas advindas em sua decorrência. Contudo, mesmo com o agasalho constitucional, é possível o afastamento dessas modalidades de sigilo, obviamente de forma excepcional. Considerando que nenhum direito fundamental ostenta caráter absoluto, o acesso às informações fiscais, financeiras e bancárias pode ser decretado mediante autorização judicial. Como tem assento na Constituição Federal de 1988, impõe, para eventualidade de mitigação, respaldo jurisdicional. Nesse sentido, precisamos esclarecer que o sigilo financeiro distribui-se em 03 (três) prismas, não obstante distintos, estão diretamente imbricados entre si. Temos, portanto, o sigilo financeiro em sentido estrito, o bancário e o fiscal como reflexos do sigilo financeiro em sentido lato. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 4 32 FERNANDICA!!! - Sigilo Financeiro: protege os aspectos de ordem patrimonial do sujeito que, porventura, sejam de conhecimento das instituições financeiras. Dentro dessa concepção inserem-se os dados relativos a negócios ou atividades desempenhadas pelo cliente, bem como referências de consumo de cartões de crédito, conteúdo de títulos de crédito ou mesmo aplicações financeiras. - Sigilo Bancário: exige das instituições financeiras e seus prepostos blindagem face às informações bancárias cuja cognição integra o âmbito de suas atividades laborais. Tais dados devem ser restritos exclusivamente às finalidades de cunho bancário, não podendo ser abertas ao público em geral ou divulgadas fora dos limites do desempenho funcional. Estão, assim, abrangidas nesse conceito, as movimentações, extratos, saldos bancários além da situação econômica do correntista. - Sigilo Fiscal: alude às referências acerca dos contribuintes em poder dos órgãos da Fazenda Pública no âmbito do exercício das atividades de fiscalização tributária. São os dados integrantes de declarações de imposto de renda e regularidade tributária, por exemplo. No plano infraconstitucional, o sigilo bancário está previsto no art. 1º, caput da Lei Complementar 105/01, enquanto os sigilos fiscal e financeiro encontram-se dispostos no art. 198 do Código Tributário Nacional. Em todos esses casos, entretanto, será admissível a quebra com o consequente franqueamento aos dados integrantes do histórico econômico do indivíduo quando houver prevalência do interesse público sobre o privado. A relativização da garantia constitucional será operacionalizada quando referente à apuração de infrações penais, tanto no curso de investigação policial quanto durante a faseprocessual penal, desde que lastreada pela efetiva necessidade e adequação desta medida. Cabe à autoridade pleiteante da diligência como àquela autorizadora que delimitem com precisão o período, as contas e o espectro de informações tributárias para que o procedimento persecutório seja municiado exclusivamente por elementos relevantes. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 5 32 3. QUEBRA DO SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL Trata-se de medida investigativa bastante eficiente para demonstração de crimes levados a efeito por meio de movimentações financeiras escusas. A quebra do sigilo bancário foi disciplinada pelo art. 1º, § 4º da Lei Complementar 105/01, de onde se extrai sua amplitude de cabimento em qualquer infração penal. Tal conclusão é dedutível da expressão “ocorrência de qualquer ilícito” constante da norma mencionada. Ademais, o dispositivo legal ainda traz um rol meramente exemplificativo de crimes como forma de destacar os delitos em cuja apuração justifica-se mais evidentemente a necessidade desta providência. Vejamos o referido dispositivo: Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados.: (...) § 4o A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando necessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e especialmente nos seguintes crimes: I – de terrorismo; II – de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; III – de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado a sua produção; IV – de extorsão mediante seqüestro; V – contra o sistema financeiro nacional; VI – contra a Administração Pública; VII – contra a ordem tributária e a previdência social; Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 6 32 VIII – lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores; IX – praticado por organização criminosa. BEZERREGRA!!! É cabível o afastamento do sigilo bancário tanto no que tange a crimes quanto contravenções penais. A dicção genérica “qualquer ilícito” não permite aqui interpretação restritiva. Impende salientar que muitas contravenções penais estão associadas à tramitação de vultosas importâncias financeiras. Ainda que representem infrações penais de menor potencial ofensivo, muitas vezes relacionam-se a empreendimentos ilícitos de repercussão econômica altamente rentável. Por seu turno, o levantamento dos dados confidenciais de ordem fiscal e financeira encontram guarida no §1º, inciso I do art. 198 do Código Tributário Nacional. Assim, quando houver interesse da justiça, dentre o qual encaixa-se a persecução penal, excetua-se a blindagem contra a divulgação de informações fiscais e econômicas do contribuinte investigado. Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. § 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes: I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 7 32 FERNANDICA!!! Caso a investigação verse sobre organizações criminosas, a providência de afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal ainda vem prevista no art. 3º, inciso VI da Lei 12.850/13. Desse modo, você, candidato ao cargo de delegado de Polícia deve atentar para referenciar esse dispositivo se, porventura, estiver elaborando sua peça no âmbito de apuração de infrações penais consubstanciadas por esses conglomerados delitivos. BEZERREGRA!!! A quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal será sempre precedida de autorização judicial? Como regra, o acesso às informações econômicas de um indivíduo reivindica a prévia apreciação pelo Poder Judiciário. É racional pensar assim, haja vista se tratar de medida restritiva de um direito fundamental. Eventuais mitigações, portanto, pretendem se enquadrar nas hipóteses de reserva de jurisdição. Contudo, algumas normas legais e a compreensão jurisprudencial mais hodierna tem revelado a legitimidade de acesso direto aos referidos dados, independente de autorização judicial. Conforme art. 6º da Lei Complementar 105/01, bem como o atual posicionamento do STF, a Receita Federal está autorizada a exigir prontamente das entidades financeiras, assim definidas pelo § 1º do art. 1º do mesmo diploma legislativo, conhecimentos acerca de movimentações bancárias dos contribuintes. (...) Os artigos 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/2001 e seus decretos regulamentares (Decretos nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, e nº 4.489, de 28 de novembro de 2009) consagram, de modo expresso, a permanência do sigilo das informações bancárias obtidas com espeque em seus comandos, não havendo neles autorização para a exposição ou circulação daqueles dados. Trata-se de uma transferência de dados sigilosos de um determinado portador, que tem o dever de sigilo, para outro, que mantém a obrigação de sigilo, permanecendo resguardadas a intimidade e a vida privada do correntista, exatamente como determina o Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 8 32 art. 145, § 1º, da Constituição Federal. 5. A ordem constitucional instaurada em 1988 estabeleceu, dentre os objetivos da República Federativa do Brasil, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e a marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais. Para tanto, a Carta foi generosa na previsão de direitos individuais, sociais, econômicos e culturais para o cidadão. Ocorre que, correlatos a esses direitos, existem também deveres, cujo atendimento é, também, condição sine qua non para a realização do projeto de sociedade esculpido na Carta Federal. Dentre esses deveres, consta o dever fundamental de pagar tributos, visto que são eles que, majoritariamente, financiam as ações estatais voltadas à concretização dos direitos do cidadão. Nesse quadro, é preciso que se adotem mecanismos efetivos de combate à sonegação fiscal, sendo o instrumento fiscalizatório instituído nos arts. 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/ 2001 de extrema significância nessa tarefa. 6. O Brasil se comprometeu, perante o G20 e o Fórum Global sobre Transparência e Intercâmbio de Informações para Fins Tributários (Global Forum on Transparency and Exchange of Information for Tax Purposes), a cumprir os padrões internacionais de transparência e de troca de informações bancárias, estabelecidos com o fito de evitar o descumprimento de normas tributárias, assim como combater práticas criminosas. Não deve o Estado brasileiro prescindir do acesso automático aos dados bancários dos contribuintes por sua administração tributária, sob pena de descumprimento de seus compromissos internacionais. (...) STF. Plenário. ADI 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI 2859/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 24/2/2016 (Info 815). (...) Verifica-se que o Poder Legislativo nãodesbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observando-se um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 9 32 ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplica-se, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. (...) STF. Plenário. RE 601314/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/2/2016 (repercussão geral) (Info 815). Para o STF, este acesso direto da Receita Federal não chega a constituir-se como quebra de sigilo, uma vez que seus servidores não estão autorizados ao repasse ou divulgação dessas informações nem mesmo o extravasamento destes dados para além dos procedimentos fiscalizatórios em sede fazendária. Caso isso ocorresse, aí sim estaríamos diante de uma quebra indevida, sujeita inclusive às implicações penais consubstanciadas no fato típico estabelecido no art. 10 da Lei Complementar nº 105/01. Vejamos o dispositivo retromencionado abaixo: Art. 10. A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem omitir, retardar injustificadamente ou prestar falsamente as informações requeridas nos termos desta Lei Complementar. Para além da Receita Federal, outros órgãos estão autorizados ao acesso direto aos elementos referentes à movimentação bancária, aos dados fiscais e eventuais trâmites financeiros. Entretanto, a Polícia Judiciária não foi contemplada com esta prerrogativa, conforme tabela a seguir, restando-lhe apenas a via da representação pela respectiva quebra. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 10 32 ACESSO DIRETO AO SIGILO BANCÁRIO POLÍCIA NÃO PODE - É necessária autorização judicial prévia. MP REGRA: NÃO PODE - É necessária autorização judicial prévia. EXCEÇÃO: PODE - É lícita a requisição direta com o fim de proteger o patrimônio público. TCU REGRA: NÃO PODE - É necessária autorização judicial prévia. EXCEÇÃO: PODE – Quando envolver informações relativas a operações de crédito originárias de recursos públicos. Receita Federal PODE - com base no art. 6º da LC 105/2001. Fisco estadual, distrital, municipal PODE – Exige-se regulamentação em normas próprias. CPI PODE - art. 4º, § 1º da LC 105/2001. EXCEÇÃO: CPI municipal não pode. FERNANDICA!!! A Receita Federal está autorizada a compartilhar com os órgãos da persecução penal (Polícia e MP) informações bancárias e financeiras obtidas diretamente pelo Fisco. O STF assentou o entendimento de que é legítimo o compartilhamento dos dados bancários e financeiros constituídos no bojo de procedimentos administrativo-fiscais aos órgãos que atuam na elucidação de ilícitos penais, independente de autorização judicial. 1 - É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF e da íntegra do Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 11 32 procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil, que define o lançamento do tributo, com os órgãos de persecução penal, para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia autorização judicial, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional. 2 - O compartilhamento pela UIF e pela Receita Federal do Brasil, referente ao item anterior, deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de sigilo, certificação do destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e correção de eventuais desvios. STF. Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/12/2019 (repercussão geral – Tema 990) (Info 962) No entanto, tal compartilhamento não pode se constituir em artifício para violação do comando constitucional protetivo por via oblíqua. Assim, quando a Receita fizer o repasse das informações aos referidos órgãos, diante dos indícios prováveis e suficientes de operações financeiras ilícitas, devem providenciar o pleito ao Poder Judiciário para legitimação probatória. 4. REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL E A LEGITIMIDADE DA AUTORIDADE POLICIAL É o mecanismo disponível para legitimamente afastar o sigilo das operações bancárias e dos dados fiscais e financeiros de algum provável autor de ilícitos penais no âmbito de apuração penal. O juiz tem autoridade para determinação, de ofício, dessa medida, mas em geral submete-se à iniciativa de provocação seja do Delegado de Polícia, seja do membro do MP. Quanto ao Delegado, deve submetê-la à apreciação do Poder Judiciário por meio de representação exclusivamente no curso da fase de investigação, enquanto o MP, mediante requerimento, em qualquer das fases da persecução criminal, pode conduzir seu pleito à autoridade judiciária. Neste estudo, todavia, interessa-nos apenas a representação da autoridade policial, haja vista nossa preparação cinge-se à finalidade de aprovação na peça prático-profissional para Delegado de Polícia. Dessa forma, diante de indícios de Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 12 32 movimentações financeiras irregulares, a Autoridade Policial dispõe desse mecanismo de superlativa relevância. BEZERREEGRA!!! Atenção especial para não confundir esta providência cautelar com outra medida disponível diretamente ao Delegado de Polícia estabelecida no art. 15 da Lei 12.850/13: a prerrogativa de acesso a registros, dados cadastrais, documentos e informações. Tratam-se de hipóteses bastante distintas. Nesta última, o conteúdo disponibilizado circunscreve-se, exclusivamente, aos elementos cadastrais, aquilo que diz respeito unicamente à qualificação, endereço e titularidade de contas, não alcançando, por exemplo, informações que integrem a esfera da proteção da intimidade. Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartãode crédito. Caso seja necessário o acesso a dados mais robustos e relacionados ao sigilo financeiro, bancário e fiscal, demandará representação da autoridade policial, submetendo a diligência à apreciação judicial. Por meio desta medida, terá permissão para conhecer valores e importâncias financeiras constantes das contas bancárias e, também, manusear extratos e relatórios de movimentação financeira. Como a medida pode ser empreendida durante a fase de investigação, então, o próprio Delegado de Polícia é um dos personagens autorizados a manejá-la. Ademais, por se tratar de recurso de matiz probatória, deve integrar a esfera de prerrogativa da autoridade policial, a quem, obviamente, compete, enquanto titular da investigação, a coleta de elementos informativos que subsidiem o futuro e eventual procedimento jurisdicional. A representação confeccionada pelo Delegado de Polícia deve pautar-se nos requisitos comuns de qualquer medida cautelar, quais sejam o fumus comissi delicti e o periculum in mora. Ademais, no caso específico deste mecanismo, a autoridade precisa indicar o lapso temporal a ser abrangido pelo levantamento do sigilo. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 13 32 5. MODELO PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL DE QUEBRA DE SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL 5.1 ENDEREÇAMENTO É o primeiro passo da estruturação da sua peça. Preste muita atenção porque, neste ponto, você definirá o destinatário de sua representação. Neste ponto da peça, será necessário um conhecimento abalizado acerca das regras de competência do processo penal. Vale sempre uma boa revisão na parte teórica para apreensão definitiva das normas referentes à definição do órgão jurisdicional adequado para deliberação acerca da demanda apresentada na prova. Obviamente, sua representação será conduzida a alguma Vara Criminal, podendo variar entre a Justiça Federal ou Estadual a depender das regras próprias de competência. No nosso caso específico, como estamos nos preparando para a prova de delegado da PCPR, o direcionamento da medida será a uma das varas judiciais criminais de alguma comarca do estado do Paraná. É possível, ainda, que o examinador crie comarca fictícia, devendo você candidato estratégico adotar as designações locais conforme descrito no enunciado da questão. Dificilmente será manejada em face de alguma Vara do Tribunal do Júri por conta da ausência de repercussão financeira decorrente desse delito. Nada impede que seja elaborada, no entanto, vislumbra-se remota relevância prática e teórica nessa hipótese. Então, é cabível o direcionamento para o Júri, porém a probabilidade dessa hipótese ocorrer é muito pequena. FERNANDICA!!! ATENÇÃO!!! Não esqueça, ainda, que só deve indicar denominação de comarca ou seção judiciária caso tenha sido explicitamente mencionada na questão. Se não, abstenha-se de incluir dados não constantes no enunciado. Nessa circunstância, utilize o artifício do ESPAÇO EM BRANCO para evitar desconto de pontuação ou eventual identificação pessoal. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 14 32 FERNANDICA de modelo padrão de endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE . BEZERREGRA!!! Pode se valer de abreviação nas expressões Senhor (Sr) e Doutor (Dr) tranquilamente. Por uma questão de estilo pessoal, recomendo escrever por extenso, mas como dito, é opcional. 5.2 PREÂMBULO Este é o passo de apresentação da sua peça. Por meio do preâmbulo, você candidato estratégico irá abrir o diálogo com o magistrado, anunciando-lhe a medida demandada em sua investigação, o apanhado de disposições normativas (constitucionais, legais e sumulares) que lastreiam seu pleito e a qualificação do indigitado. FERNANDICA!!! Sugere-se, após o endereçamento, saltar de 01 (uma) a 02 (duas) linhas para conferir um tom estético mais interessante à sua peça. Isso é apenas uma orientação, contudo não é obrigatória a adesão a essa modelagem, podendo seguir a estrutura independente de deixá-las em branco e produzir sequencialmente o texto. Nesse espaço da peça, importante seguir um padrão constante até como forma de você candidato estratégico internalizar o texto a ser manipulado em sua representação. Esse é um momento sensível da peça, não obstante de fácil apreensão. Além de pontuar pela sua precisa elaboração, ainda se permite ganhar Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 15 32 tempo para preocupar-se efetivamente com os trechos mais relevantes da sua representação. Menções aos dispositivos da Lei 12.830/13 são sugeridas em sua peça como destaque de conhecimento e compromisso com a carreira de autoridade policial. Mais crucial ainda no caso da quebra de sigilo financeiro, fiscal e bancário é incluir as designações de identificação do investigado. Caso a questão proposta informe CPF, deve consigná-lo na qualificação do representado. FERNANDICA de modelo padrão de preâmbulo: SIGILOSO Crime: Investigado: Quebra de Sigilo – Lei Complementar 105/2001. Inquérito Policial n° A Polícia Civil do Estado do Paraná, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso das atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88, art. 1°, §4°, da Lei Complementar n° 105/2001 e art. 198, §1º, I do CTN, bem como pelo art. 3°, I; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, com o acatamento necessário, à presença de Vossa Excelência, apresentar REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL em desfavor de (nome e qualificação do investigado – inclusive com o CPF, se for mencionado pela questão), pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 16 32 5.3 DOS FATOS Nesse tópico da representação, necessária uma exposição breve, sintética, objetiva e precisa das circunstâncias que significam a conjuntura dos episódios referentes à eventual infração penal ensejadora da medida pleiteada. Essencial, nesse trecho, a apresentação dos motivos de fato caracterizadores do ilícito típico e que fundamentam a representação em trâmite de confecção. BEZERREGRA!!! Como forma de orientação siga o seguinte roteiro para nenhum elemento relevante ser olvidado em sua narrativa: a) O que, onde e quando ocorreu? b) Quem é o provável responsável pelo fato? c) Como ocorreu e quais circunstâncias cercam o episódio? d) Por que ocorreu e quais motivos deflagraram o caso concreto? Exemplo: “No dia 12 de setembro de 2020, na esquina das avenidas Aprovação com Nomeação, dentro da Superintendência da Receita Federal, dois elementos identificados como Joaquim e João desviaram, da repartição pública onde são servidores públicos, valendo-se dessa condição especial, a quantia de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), com a finalidade de custeio de despesas pessoais. FERNANDICA!!! Nunca cometa dois erros crassos que podem custar decisivamente a aprovação no concurso para o seu tão sonhado cargo de Delegado de Polícia: 1. Não copie literalmente o texto do enunciado norteador da questão! O examinador já está avaliando sua redação desde o início. Em sua peça, ele espera de você umacapacidade de construção textual Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 17 32 abalizada, além da necessária cognição para resumo das perspectivas fáticas. Copiar trechos demonstra pobreza intelectual e inabilidade para o desempenho de tão elevada função pública. A melhor orientação é conceber os fatos a partir daquela sequência estrutural alhures apresentada; 2. Não invente fatos não indicados no roteiro guia da questão! A baliza do candidato estratégico é fixada pelos limites fáticos esquematizados no caso concreto exposto. Deve compreender que na sua atividade como Delegado de Polícia, não poderá também inovar fatos sob pena de comprometer suas investigações, descredibilizar sua própria reputação e, ainda, eventualmente, responder criminal e administrativamente pela inadequada postura adotada. Candidato que desliza em algum desses dois equívocos, corre o risco de ser descartado do certame com a desconsideração na avaliação de sua peça. 5.4 FUNDAMENTOS JURÍDICOS Esse é o trecho de maior sensibilidade de sua peça, uma vez que concentra a maior gama de pontuação em disputa. É a parte na qual poderá o candidato estratégico explorar a plenitude do seu conhecimento jurídico. Nesse ponto, devem ser assinalados: • capitulação típica; • cabimento da representação manejada; • os respectivos requisitos da medida cautelar selecionada. Passo 01: Inicialmente, apresente a infração penal correspondente ao registro fático estabelecido pela questão e já sumariamente narrado por você no item anterior. Procure desenvolver sua análise típica com o maior critério possível, preocupando-se Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 18 32 em tecer todos os contornos e circunstâncias do comportamento averiguado. Isso será muito importante inclusive para a designação correta do enquadramento legal adequado. Vale muito a pena fazer a indicação do dispositivo legal correspondente ao tipo penal. É o ideal! Caso não se recorde, no momento da prova, do artigo preciso ou da lei específica, recorra à genérica consignação legislação de regência. Passo 02: Em seguida, deverá correlacionar a figura típica perpetrada com a representação que ora está sendo pretendida. No caso em particular da representação pela quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal, é mais tranquilo esse tópico porque o catálogo de incidência da medida é amplo o suficiente para abranger qualquer crime ou contravenção conforme já anteriormente mencionado. BEZERREGRA!!! Caso o tipo penal ensejado na questão equivaler a algum daqueles exemplificativamente elencados no art. 1º, §4º da Lei Complementar 105/01, interessante mencionar expressamente tal circunstância, reforçando significativamente o conhecimento jurídico do candidato estratégico. Passo 03: A última e mais difícil exigência desse tópico da sua peça é a pormenorizada estipulação dos requisitos exigidos para o deferimento da medida cautelar em tela. Aqui precisa ser manifestado o fumus comissi delicti e o periculum in mora de maneira bastante ponderada. O fumus comissi delicti significa a demonstração da prática do delito e sua correspondente provável autoria. Importante assinalar que a existência do crime deve estar bem consubstanciada em elemento comprobatório robusto, enquanto a autoria pode ser suficientemente lastreada em indícios razoáveis. A materialidade exige prova, todavia a autoria satisfaz-se de forma indiciária. Ideal é referenciar os elementos constantes dos autos que embasam uma e outra. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 19 32 Devem ser muito bem observados no texto base da questão quais subsídios sustentam a materialidade e autoria. Esses elementos precisam ser indicados desde a narrativa fática como forma de alusão ao que servirá como indicativo probatório nesse momento. Assim, um depoimento de testemunha, um documento apreendido na investigação ou um relatório de inteligência financeira confeccionado por um dos órgãos de fiscalização são essenciais para a demonstração tanto da existência quanto da responsabilidade delitiva. O candidato estratégico deve ser cauteloso e indicar pontualmente qual elemento probatório constante da investigação embasa a materialidade e aquele que corresponde à autoria. Essa correlação demonstra além de conhecimento por parte do pretenso Delegado de Polícia, também esmero com a investigação manuseada. Só tome cuidado porque o elemento a ser pontuado, como alicerce da existência do crime e da autoria, deve constar do próprio texto norteador. Quanto ao periculum in mora, deve ser muito bem fundamentada a razão pela qual a medida é necessária e urgente. Exige-se revelar, assim, o benefício para a investigação e consequente elucidação do crime por meio da medida cautelar pretendida. Tem de ficar claro que a instrução inquisitória encontra-se represada, demandando a quebra do sigilo financeiro como crucial para o levantamento de informações que possam auxiliar no deslinde dos fatos e apontar novos rumos para o desfecho da apuração instaurada. Crucial que fiquem claras quais vantagens para a persecução penal seriam advindas caso a medida seja deferida e quais os riscos derivados da inércia jurisdicional. Deve-se observar que entre as vantagens e os riscos há uma correlação evidente que precisa ser bem definida. Desse modo, quando da elaboração da sua peça, tem de indicar adequadamente a vantagem do deferimento que apresenta correspondência ao risco da demora em autorizar a diligência. Para facilitar seu trabalho na hora da prova, eu mesmo pontuo a seguir quais são os prováveis tópicos de abordagem que eventualmente poderão constar na sua peça, bastando que você, candidato estratégico, apenas selecione a hipótese mais adequada em conformidade com o caso concreto apresentado. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 20 32 VANTAGEM RISCO 01- Desvendar a engenharia criminosa: A medida é essencial para que se possa estruturar como atua o responsável pela conduta típica, revelando a operatividade e logística do esquema delituoso. Caso não seja logo deferida a medida, pode frustrar a investigação que restaria incompleta por não desvelar o aparato de execução da infração penal. 02- Identificação dos mecanismos de ocultação e dissimulação dos recursos decorrentes da infração penal: Somente através da quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal, seria possível revelar as ferramentas e metodologia para escamotear os proveitos econômicos e assegurar a impunidade. Essa hipótese será comum caso a tipificação atribuída corresponda ao crime de lavagem de dinheiro por exemplo. A demora na efetivação da medida pode inviabilizar o conhecimento sobre os fluxos financeiros efetuados pelo autor para revestir os ganhos econômicos de aparência lícita. 03- Revelar a amplitude do proveito econômico: A medida é imprescindível para se compreender as movimentações e o volume de rendimentos derivados do esquema criminoso. Caso demore a medida, maior a escassez de informações sobre a tramitação financeira e as respectivas operações econômicas desenvolvidas pelo agente do delito. 04- Identificar o envolvimento de asseclas na ação criminosa: A medida em questão é o meio mais hábilpara descoberta da participação de outros autores ou comparsas revelados a partir do cruzamento de movimentações financeiras. A diligência precisa ser célere o suficiente para viabilizar a identificação dos responsáveis pela atividade criminosa enquanto estes ainda encontram-se ativamente operando o esquema delituoso, sob pena da clandestinidade e consequente impunidade dos autores. 05- Recuperação dos ativos envolvidos no crime: A medida de levantamento do sigilo financeiro, bancário e fiscal permitiria a caça aos recursos que foram propiciados A morosidade da medida não permite a recuperação integral dos ativos e recursos decorrentes da atividade criminosa, de modo que se tornaria cada vez mais Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 21 32 A apresentação de cada um desses binômios será sustentada por meio da correlação com o caso concreto. Você, candidato estratégico, deve atentar para os dados constantes na questão de sua prova para manifestar o par adequado à espécie. 5.5 DA REPRESENTAÇÃO Este é o tópico final de sua peça. Você já está a um passo da sua aprovação! Nesse ponto da representação, é importante a menção a dois requisitos cruciais para o êxito dessa diligência: consignação do CPF do investigado e definição do período de levantamento do sigilo. Um cuidado especial: só indique o CPF caso a questão informe, pois se não há tal dado no enunciado, não deve ser inventado nenhum elemento. A indicação do CPF permite que não se devasse o sigilo de pessoa diversa daquela efetivamente averiguada. Já a determinação do lapso temporal correspondente à dimensão da quebra, é relevante para estabelecer limites para a medida, conferindo credibilidade para a investigação em curso, sem contar que não se viola o direito fundamental mais do que o essencial. pela engenharia delitiva. remota o retorno pleno dos valores em jogo. 06- Subsidiar informações para lastrear outras diligências investigativas: A partir dos elementos levantados pela medida, a autoridade contará com mais robustos dados para qualificar quesitos e esclarecimentos em sede de interrogatórios dos indigitados e depoimentos de testemunhas. A dilação da medida prejudica a colheita de outros elementos probatórios, uma vez que restam mais precários os subsídios à disposição da autoridade policial para enriquecimento da investigação. Dessa forma, corre-se o sério e evidente risco de coleta de deficiente material apuratório. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 22 32 FERNANDICA!!! A referida diligência não tem prazo de duração estipulado em lei. Dessa forma, não se deve fazer menção a isto. O período a que se fez menção recente neste texto não se refere à execução da diligência, mas sim ao período compreendido no qual foram encetadas as operações a ser averiguadas pelo levantamento do sigilo. No tópico da representação, deve-se abrir um item para solicitar ao magistrado que oficie o Banco Central para manejar a quebra do sigilo bancário. Isso será necessário, tão somente, caso a autoridade policial não saiba a conta do investigado nem as respectivas instituições financeiras onde ele mantém relacionamento. Nos casos em que sejam conhecidas as entidades, o pleito deve indicar a necessidade de oficiar as próprias instituições financeiras respectivas. BEZERREGRA!!! Somente empregue o verbo REPRESENTAR em toda a sua peça, mormente nesse instante, o que demonstrará sua qualidade técnica na condução das nomenclaturas adequadas à autoridade policial. Lembre- se: Delegado de Polícia não faz requerimento nem pedido, ele faz representação! 5.6. ENCERRAMENTO DA PEÇA Modelo padrão de sugestão de encerramento da peça: Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, apresenta REPRESENTAÇÃO pela quebra do sigilo bancário do investigado (nome e qualificação), com o consequente envio de ofícios sigilosos às instituições financeiras (ou ao Banco Central conforme explicitado alhures), por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 23 32 fundamentação exposta, visando a continuidade das investigações policiais, após a oitiva do ilustre membro do Ministério Público. Nestes Termos. Pede Deferimento. Local, data. Delegado de Polícia. Matrícula 6. QUESTÃO DE PROVA RESOLVIDA PELO PROFESSOR Questão 1. (PCDF 2009 – FUNIVERSA - Adaptada pelo Prof. Fernando Bezerra) João, José, Sebastião, Francisco e Raimundo uniram-se para praticar diversos crimes. Para obter mais eficiência em sua empreitada, o grupo adquiriu diversos armamentos. No dia 18 de novembro de 2009, por volta das 10h40min, em certo endereço de Brasília/DF, cometeram um assalto na Agência do Banco São Judas Tadeu, instituição privada. A dinâmica deu-se da seguinte maneira: João adentrou na agência bancária, juntamente com José e Francisco, e anunciou o assalto com um disparo de arma de fogo, do tipo escopeta. José portava uma submetralhadora, calibre 9 mm, marca Inbel, com numeração raspada, e impossibilitou a ação dos vigias. Francisco correu até a gerência e, de posse de uma arma de fogo, do tipo Fuzil de Ação Leve, 762 mm, com numeração raspada, determinou que todos que estavam presentes se deitassem no chão e assim permanecessem. Sebastião postou-se na entrada do estabelecimento, mantendo vigilância para a ação dos comparsas, portando arma de fogo, do tipo pistola, calibre 9 mm, marca Beretta, com numeração raspada. Raimundo permaneceu no interior de automóvel parado em frente à agência bancária. Após a colheita de todos os valores constantes nas caixas registradoras e do montante disponível na tesouraria, totalizando R$ 3.500.000,00 (três milhões e Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 24 32 quinhentos mil reais), o grupo iniciou sua fuga, com a saída do banco. Antes de finalizarem a retirada da agência bancária, identificaram o policial civil Jorge e, contra este, para garantir a fuga e a detenção das quantias subtraídas, Francisco efetuou dois disparos, ocasionando a sua morte. Em seguida, fugiram no automóvel, tomando destino ignorado. Os funcionários do banco André, Patrícia, Mauro e Paulo foram ouvidos como testemunhas dos fatos e narraram a dinâmica apresentada. Segundo apurado, o grupo criminoso tem atuado há mais de 02 (dois) anos em delitos patrimoniais sempre com vultosos proveitos econômicos e ostentando-os nas redes sociais. Chegou ao conhecimento do delegado com atribuição para a investigação deste caso concreto, que os indiciados iriam embarcar naquela noite para a cidade de São Paulo, sem retorno previsto. Diante dos elementos até então coletados, a autoridade policial representou pela prisão preventiva dos elementos envolvidos na ação delituosa, tendo sido deferidas as respectivas medidas cautelares. Raimundo foi encontrado de posse de arma utilizada no crime, na Agrovila São Sebastião/DF, no dia 15 de dezembro de 2009, conduzindo um veículo automotor, marca Toyota, Hilux, de cor preta, modelo/ano 2009, de posse de passagens aéreas. Naquela oportunidade, ele indicou como residência dos autores do fato a cidade-satélite de Samambaia/ DF, onde foram encontrados João, José, Sebastião e Francisco, deposse das demais armas. Nenhum valor monetário resultante do ato criminoso foi localizado. Em seus depoimentos à autoridade policial, todos negaram participação no assalto ao banco, apesar de João, José, Sebastião e Francisco terem sido reconhecidos pelas testemunhas Patrícia e André. Confessaram que se associaram para cometer crimes, mas sem uso de violência e que deixavam as armas com Raimundo, que seria o armeiro e motorista do grupo. Foram todos indiciados e devidamente recolhidos à penitenciária. As armas foram periciadas, e foi atestada sua eficiência e recenticidade de disparos. A polícia obteve as imagens do circuito interno de televisão do banco e procedeu à sua degravação, com a respectiva perícia. Constatou-se que os familiares dos autores do crime residem na cidade de São Paulo, para onde os infratores telefonavam constantemente por meio dos telefones celulares de diversas operadoras. Acrescente- se que os indiciados ostentam registros de antecedentes criminais. Conclusos os autos do inquérito policial ao delegado de polícia, este deverá proceder à representação por medida cautelar adequada, considerando todos os atos aqui narrados. Com base nessa situação hipotética, redija, na condição de delegado de polícia competente, o ato de polícia judiciária pertinente. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 25 32 FERNANDICA!!! Antes de iniciarmos o modelo de peça proposto pela questão acima, vamos relembrar os pontos principais com o esqueleto! MEMORIZE: • ENDEREÇAMENTO • PREÂMBULO • DOS FATOS • FUNDAMENTOS JURÍDICOS • DA REPRESENTAÇÃO • ENCERRAMENTO Modelo de peça proposto: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BRASÍLIA/DF. SIGILOSO Crime: Investigado: Quebra de Sigilo – Lei Complementar 105/2001. Inquérito Policial n° Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 26 32 A Polícia Civil do Distrito Federal, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88, art. 1°, §4°, da Lei Complementar n° 105/2001 e art. 198, §1º, I do CTN, bem como pelo art. 3°, I; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, com o acatamento necessário, à presença de Vossa Excelência, apresentar REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL em desfavor de João, José, Sebastião, Francisco e Raimundo, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos: Dos Fatos: João, José, Sebastião, Francisco e Raimundo, em concurso de agentes, no dia 18 de novembro de 2009, por volta das 10h40min, subtraíram vultosa importância financeira de uma instituição bancária, localizada em certo endereço de Brasília/DF, mediante violência inclusive empregando armas de fogo de uso restrito e ocasionando a morte de um policial civil, em decorrência de disparos de um dos artefatos, durante a ação delitiva. Em face dessa conduta, foram sujeitos à prisão preventiva no curso dessa apuração. Entretanto, até então os valores subtraídos não foram restituídos nem mesmo identificado o paradeiro. Sem contar, foi encontrado em poder deste grupo criminoso, um veículo automotor, marca Toyota, Hilux, de cor preta, modelo/ano 2009. Ademais, constam dos levantamentos policiais encetados, que os investigados dedicam-se à perpetração de delitos de natureza patrimonial, arrecadando, assim, proveito econômico a ponto de ostentarem o resultado criminoso nas redes sociais. Fundamentos Jurídicos: Trata-se de hipótese fática amoldável ao tipo penal do roubo qualificado pelo resultado morte, coloquialmente designado como latrocínio, capitulado no art. 157, §3º, do Código Penal. Tal imputação restou demonstrada em face da subtração violenta mediante emprego de armas de fogo do que resultou, a partir de disparos deflagrados de um desses armamentos, a morte de uma vítima com o propósito evidente de permanecer na clandestinidade a ação ilícita além de propiciar o proveito econômico correspondente. A reunião concertada entre os agentes, em momento anterior, com a finalidade de cometimento de crimes implica ainda a imputação do delito de associação criminosa, previsto no art. 288, § único do Código Penal, haja vista, na situação concreta narrada, manifesta-se majorado pela circunstância de utilização de armas de fogo. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 27 32 A apreensão dos armamentos, os depoimentos colhidos na investigação e a análise das imagens obtidas no cenário do crime, além da subtração do montante econômico, atestam a materialidade delitiva. A perícia à qual foram submetidos os artefatos consubstanciaram a respectiva potencialidade lesiva e ainda o correspondente manejo recente como forma de assegurar a circunstância de intensificação da sanção penal dos crimes atribuídos. As câmeras do circuito interno de monitoramento, bem como os reconhecimentos encetados pelas testemunhas funcionários da agência bancária e a própria confissão dos acusados evidenciam o envolvimento dos indiciados na perpetração criminosa. Há, portanto, vasto material informativo apto a denotar tanto a existência do crime quanto a correlata autoria. Dessa forma, cumpre-se o requisito cautelar da elucidação do fumus comissi delicti. A prisão dos elementos responsáveis pela infração penal não foi suficiente para restituição dos valores subtraídos da instituição bancária vítima. Por essa razão, nesse instante da apuração delitiva, demanda-se bastante conveniente a medida cautelar de quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal dos autores, uma vez que tal quantia ainda pode estar disponível para eles escamoteada em algum local ou integrada aos respectivos patrimônios de forma irregular. A diligência pretendida apresenta-se cabível com fulcro, respectivamente, no art. 1°, §4°, da Lei Complementar n° 105/2001 e no art. 198, §1º, I do Código Tributário Nacional. Em ambos os casos, a medida aplica-se para qualquer infração penal, mormente no caso dos autos por conta da repercussão patrimonial empreendida pelo delito. Os dispositivos legais alhures mencionados reclamam intervenção do Poder Judiciário como expressão da reserva de jurisdição, cuja provocação é legitimada à autoridade policial. A quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal manifesta-se crucial para o êxito integral desta persecução penal, revelando-se como única maneira para identificação dos destinos das importâncias econômicas e a consequente recuperação dos valores indevidamente subtraídos. Além disso, a diligência ora pretendida servirá como mecanismo de estabelecimento do volume de rendimentos e das operações ilícitas perpetradas no bojo do esquema criminoso. Caso não seja deferida a medida, corre-se o severo risco de resultar frustrada a apuração destes delitos. Assim, consubstancia-se mais um requisito cautelar: periculum in mora. Da Representação: Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 28 32 Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, essa autoridade policial apresenta REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DO SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL dos investigados, com o consequente envio de ofícios sigilosos ao Banco Central do Brasilpara que informe se há conta(s) bancária(s) em nome dos investigados, informando em caso positivo banco, agência e os números respectivos, bem como às instituições financeiras correspondentes após identificadas para que informem os extratos correlatos e, ainda, à Receita Federal do Brasil com o fito de que seja encaminhada a declaração de imposto de renda de todos os indiciados, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, visando a integral elucidação dos fatos, após a oitiva do membro do Ministério Público. Nestes Termos. Pede Deferimento. Local, data. Delegado de Polícia. Matrícula 7. QUESTÃO INÉDITA ELABORADA PELO PROFESSOR Foi instaurado, no âmbito da Polícia Civil do Estado do Paraná, procedimento específico para investigar eventual desvio na aplicação dos recursos alocados junto ao Hospital Municipal de Curitiba que deveriam subsidiar pagamentos referentes a despesas de ordem pública. No entanto, face aos elementos coligidos aos autos, identificou-se que, provavelmente, o gestor do nosocômio Pedro Malevino, CPF 888888, extraviava os respectivos valores para uma conta bancária com o propósito de pagamento de débitos pessoais. A gerente de administração do hospital foi oitivada durante a apuração e asseverou que vários documentos de autorização de depósito em conta bancária 12345 da agência 123 do banco Capitalização foram assinados pelo diretor Pedro Malevino entre janeiro e maio de 2019, mas não soube indicar quem seria o titular e qual finalidade dessas transferências. A referida instituição bancária foi oficiada pela autoridade policial titular da investigação em curso e devolveu expediente confirmando a titularidade da conta como sendo da esposa do nacional Pedro Malevino. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 29 32 Ademais, em cumprimento à ordem judicial de busca e apreensão, tanto na residência quanto no gabinete do mencionado diretor, não foram encontrados extratos de saque de importâncias financeiras compatíveis com os valores subtraídos, nem mesmo de transferências da conta de sua esposa para a dele próprio. No entanto, os policiais civis tiveram acesso a imagens do circuito interno de câmeras da agência bancária, incluídas aos autos, dando conta de vários dias nos quais Pedro Malevino esteve pessoalmente no estabelecimento. Convocado a depor, Pedro Malevino negou os desvios, tendo alegado sobre a investigação se tratar de fatos bastante pretéritos e já alcançados pela prescrição, haja vista ocorreram há mais de 10 anos quando esteve pela primeira vez à frente da gestão do hospital e não relacionados a esta sua última passagem na direção da unidade hospitalar. Ademais, a Receita Federal encaminhou ao órgão da Polícia Civil Relatório de Inteligência denotando incompatibilidades na declaração de imposto de renda do investigado. Constam informações acerca de elevado patrimônio, em contrapartida renda de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mensais, fruto de cargo comissionado de diretor. A fim de identificar possíveis ilícitos penais, bem como verificar as quantias envolvidas na empreitada criminosa caso existente, na qualidade de autoridade policial, represente ao juiz pela medida cautelar cabível. Modelo de peça proposto: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA/PR. SIGILOSO Crime: Investigado: Quebra de Sigilo – Lei Complementar 105/2001. Inquérito Policial n° Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 30 32 A Polícia Civil do Paraná, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88, art. 1°, §4°, da Lei Complementar n° 105/2001 e art. 198, §1º, I do CTN, bem como pelo art. 3°, I; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, com o acatamento necessário, à presença de Vossa Excelência, apresentar REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL em desfavor de Pedro Malevino, CPF 888888, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos: Dos Fatos: Chegou ao conhecimento da Polícia Civil do Paraná, notícia de prováveis desvios de verba pública vinculada a um Hospital Municipal da comarca de Curitiba. As informações levantadas em sede de procedimento policial de apuração dão conta de que a conduta relatada é atribuída ao gestor da unidade hospitalar, Pedro Malevino. Segundo pesquisas policiais, o mencionado nacional teria utilizado valores destinados ao custeio de despesas públicas para efetuar depósitos em conta bancária de titularidade de sua esposa no período compreendido entre janeiro e maio de 2019. Realizadas diligências policiais de diversas ordens, inclusive cumprimento de busca e apreensão, não foi possível identificar a trajetória dos valores desfalcados nem mesmo a metodologia adotada para execução do crime. Fundamentos Jurídicos: A conduta narrada enquadra-se ao tipo penal de peculato, na modalidade conhecida como desvio, insculpida no art. 312, caput do Código Penal. Tal infração penal é compatível com a medida cautelar pretendida uma vez que além de versar sobre ilícito de repercussão econômica, por coincidência, ainda está previsto expressamente no rol de crimes do art. 1º, §4º, da Lei Complementar 105/01, especificamente no inciso VI que abrange os crimes contra a Administração Pública. A materialidade delitiva restou comprovada pelos elementos de informação coletados no curso das diligências policiais encetadas. O depoimento da testemunha gerente de administração do nosocômio confirma o expediente de depósitos em conta bancária particular, revelando o destino irregular das verbas hospitalares. Ademais, o ofício endereçado ao banco, em sua resposta, confirma a titularidade da conta bancária objeto dos depósitos como sendo da esposa do investigado, o que exsurge indícios de autoria do nacional Pedro Malevino. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 31 32 Sem contar, as imagens internas do próprio banco revelando sua recorrente frequência à agência da conta destino dos depósitos. Além do que, a própria Receita Federal enviou expediente consistente em relatório de inteligência indicando suposta incompatibilidade entre os efetivos ganhos do investigado e seu correlato patrimônio. Assim, revelam-se evidenciadas tanto prova da existência do crime quanto indícios veementes de autoria do delito sob apuração. Diante das divergências entre as declarações de imposto de renda e a efetiva condição patrimonial do diretor do hospital, revela-se importante perquirir seu histórico de cumprimento das obrigações tributárias, ainda mais diante da sugerida desconfiança dos órgãos de fiscalização fiscal. Ademais, o desvelamento da movimentação bancária é significativamente relevante para as investigações em curso. Portanto, essencial o manejo da quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal do investigado. A diligência pretendida apresenta-se cabível com fulcro, respectivamente, no art. 1°, §4°, da Lei Complementar n° 105/2001 quanto à quebra do sigilo bancário e no art. 198, §1º, I do Código Tributário Nacional em relação ao afastamento do sigilo fiscal. Em ambos os dispositivos, a medida aplica-se para qualquer infração penal, mormente no caso dos autos por conta da repercussão patrimonial empreendida pelo delito. Os dispositivos legais alhures mencionadosreclamam intervenção do Poder Judiciário como expressão da reserva de jurisdição, cuja provocação é legitimada à autoridade policial. A quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal manifesta-se, assim, crucial para o êxito integral desta persecução penal, revelando-se como única maneira para identificação dos destinos das importâncias econômicas e a consequente recuperação dos valores indevidamente desviados. Além disso, a diligência ora pretendida servirá como mecanismo de estabelecimento do volume de rendimentos e das operações ilícitas perpetradas no bojo do empreendimento criminoso. Impende salientar, como dito, até o presente momento não se tem notícia do destino efetivo dos valores mal versados, nem mesmo o trâmite de movimentações financeiras propiciadas pelo investigado, nem seu modo de atuação, qual seja sacando em espécie as importâncias financeiras ou efetuando transferências para sua própria conta bancária. Sem olvidar da eventual demonstração da participação da sua esposa no engenho criminoso, demandando-se dimensionar com precisão o rol de sujeitos ativos com a confirmação de ser ela ou não comparsa. Por isso, a medida de quebra de sigilo bancário revela-se adequada e necessária ao caso concreto em investigação. Por essa razão, caso não seja deferida a medida, corre-se o severo risco de resultar frustrada a apuração destes delitos. Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 32 32 Da Representação: Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, essa autoridade policial apresenta REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DO SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL dos investigados, com o consequente envio de ofícios sigilosos à instituição financeira Capitalização, para que disponibilize extratos da conta bancária 12345 da agência 123 relativos ao período entre janeiro e maio de 2019, e à Receita Federal do Brasil, com o fito de que seja encaminhada a declaração de imposto de renda referente ao exercício de 2019, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, visando a integral elucidação dos fatos, após a oitiva do membro do Ministério Público. Nestes Termos. Pede Deferimento. Local, data. Delegado de Polícia. Matrícula Mantenha o foco! Você está cada vez mais próximo do distintivo! Acredite! Bons estudos. Aquele abraço! Prof. Fernando Bezerra Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva Aula 06 - Prof. Fernando Bezerra. Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com Correção - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br