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Quebra de Sigilo Financeiro, Bancário e Fiscal


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Aula 06 - Prof.
Fernando Bezerra.
Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com
Correção - Pós-Edital
Autores:
Fernando Bezerra, Ivo Martins,
Vinicius Silva
Aula 06 - Prof. Fernando
Bezerra.
27 de Maio de 2020
 
 
 
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Sumário 
1. Apresentação ................................................................................................................. 2 
2. Considerações preliminares sobre a garantia de sigilo financeiro, bancário e fiscal ........ 3 
3. Quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal ................................................................. 5 
4. Representação pela quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal e a legitimidade da 
autoridade policial ........................................................................................................... 11 
5. Modelo Peça Prático-profissional de quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal....... 13 
5.1 Endereçamento .......................................................................................................... 13 
5.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 14 
5.3 Dos Fatos ................................................................................................................... 16 
5.4 Fundamentos Jurídicos .............................................................................................. 17 
5.5 Da Representação ...................................................................................................... 21 
5.6. Encerramento da peça .............................................................................................. 22 
6. Questão de prova resolvida pelo professor .................................................................. 23 
7. Questão inédita elaborada pelo professor ................................................................... 28 
 
 
Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva
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1. APRESENTAÇÃO 
 
Beleza pura, futuro delegado de polícia civil do Paraná! Como está o foco nos 
estudos? O caminho é árduo, mas ver o seu nome brilhando no Diário Oficial 
compensa qualquer dificuldade! Continue firme na busca pelo distintivo! 
 
Eu sou o professor Fernando Bezerra, responsável junto com os professores 
Vinícius Silva e Ivo Martins pela elaboração deste curso do Estratégia Carreira Jurídica 
direcionado às questões discursivas e peças prático-profissionais da carreira de 
Delegado de Polícia. Exerço a função de autoridade policial há quase 10 (dez) anos, 
tendo atuado nas mais diversas delegacias e assumido a titularidade de variadas e 
complexas investigações. 
 
Sou graduado em Direito pela Universidade Federal da Bahia, especialista em 
processo pela mesma instituição superior e ainda especialista em Segurança Pública e 
Inteligência Policial além de Mestre em Segurança Pública, Cidadania e Direitos 
Humanos. 
 
A proposta de estudo nesta aula versa sobre a medida cautelar probatória da 
quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal. Esta providência aparece como 
importante recurso disponível ao Delegado de Polícia, entretanto ostenta 
probabilidade pequena de incidir na sua prova. Não obstante a relevância 
instrumental, não tem recorrência em ser exigida nas provas de Polícia Civil. 
 
Contudo, precisamos estar preparados para qualquer cenário, haja vista nosso 
propósito é lançar o distintivo no peito, colocar a pistola na cintura e comandar 
diligências policiais! 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE A GARANTIA DE SIGILO 
FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL 
 
Trata-se de medida cujo manejo é constante no cotidiano das unidades policiais, 
principalmente aquelas que se debruçam sobre investigações de repercussão 
econômica. Como as provas apresentam um perfil de aproximação do candidato à 
realidade prática vivenciada pelas autoridades exercentes do cargo pleiteado, nada 
impede que o examinador exija de você a confecção desta cautelar na 2ª Fase do 
concurso da Polícia Civil do Paraná. 
 
De indiscutível relevância prática, torna-se ainda mais evidenciada quando se observa 
que esta providência aflige um direito fundamental de preservação da 
privacidade do indivíduo. O sigilo financeiro encontra amparo constitucional 
indubitavelmente na regra genérica de proteção da intimidade, qual seja o art. 5º, 
inciso X da CF-88. 
 
Apesar da Carta Magna não trazer explicitamente a nomenclatura sigilo 
financeiro, é de se compreender que foi abraçada pelas regras de 
tutela da privacidade estabelecidas no texto constitucional. Dessa 
forma, impõe-se a conclusão que qualquer investida de acesso aos 
elementos componentes do arcabouço de informações e histórico bancário 
e fiscal precisam respeitar a referida garantia constitucional, sob pena de 
ilicitude probatória tanto das circunstâncias presentes quanto daquelas 
advindas em sua decorrência. 
 
Contudo, mesmo com o agasalho constitucional, é possível o afastamento dessas 
modalidades de sigilo, obviamente de forma excepcional. Considerando que nenhum 
direito fundamental ostenta caráter absoluto, o acesso às informações fiscais, 
financeiras e bancárias pode ser decretado mediante autorização judicial. Como tem 
assento na Constituição Federal de 1988, impõe, para eventualidade de mitigação, 
respaldo jurisdicional. 
 
Nesse sentido, precisamos esclarecer que o sigilo financeiro distribui-se em 03 
(três) prismas, não obstante distintos, estão diretamente imbricados entre si. 
Temos, portanto, o sigilo financeiro em sentido estrito, o bancário e o fiscal 
como reflexos do sigilo financeiro em sentido lato. 
 
 
 
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FERNANDICA!!! 
 
- Sigilo Financeiro: protege os aspectos de ordem patrimonial do 
sujeito que, porventura, sejam de conhecimento das instituições 
financeiras. Dentro dessa concepção inserem-se os dados relativos a 
negócios ou atividades desempenhadas pelo cliente, bem como 
referências de consumo de cartões de crédito, conteúdo de títulos de 
crédito ou mesmo aplicações financeiras. 
- Sigilo Bancário: exige das instituições financeiras e seus prepostos 
blindagem face às informações bancárias cuja cognição integra o 
âmbito de suas atividades laborais. Tais dados devem ser restritos 
exclusivamente às finalidades de cunho bancário, não podendo ser 
abertas ao público em geral ou divulgadas fora dos limites do 
desempenho funcional. Estão, assim, abrangidas nesse conceito, as 
movimentações, extratos, saldos bancários além da situação econômica 
do correntista. 
- Sigilo Fiscal: alude às referências acerca dos contribuintes em 
poder dos órgãos da Fazenda Pública no âmbito do exercício das 
atividades de fiscalização tributária. São os dados integrantes de 
declarações de imposto de renda e regularidade tributária, por exemplo. 
 
 
No plano infraconstitucional, o sigilo bancário está previsto no art. 1º, caput da Lei 
Complementar 105/01, enquanto os sigilos fiscal e financeiro encontram-se dispostos 
no art. 198 do Código Tributário Nacional. Em todos esses casos, entretanto, será 
admissível a quebra com o consequente franqueamento aos dados integrantes do 
histórico econômico do indivíduo quando houver prevalência do interesse público 
sobre o privado. 
 
A relativização da garantia constitucional será operacionalizada quando referente à 
apuração de infrações penais, tanto no curso de investigação policial quanto durante a 
faseprocessual penal, desde que lastreada pela efetiva necessidade e 
adequação desta medida. Cabe à autoridade pleiteante da diligência como àquela 
autorizadora que delimitem com precisão o período, as contas e o espectro de 
informações tributárias para que o procedimento persecutório seja municiado 
exclusivamente por elementos relevantes. 
 
 
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3. QUEBRA DO SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL 
 
Trata-se de medida investigativa bastante eficiente para demonstração de 
crimes levados a efeito por meio de movimentações financeiras escusas. A 
quebra do sigilo bancário foi disciplinada pelo art. 1º, § 4º da Lei Complementar 
105/01, de onde se extrai sua amplitude de cabimento em qualquer infração penal. 
Tal conclusão é dedutível da expressão “ocorrência de qualquer ilícito” constante da 
norma mencionada. Ademais, o dispositivo legal ainda traz um rol meramente 
exemplificativo de crimes como forma de destacar os delitos em cuja apuração 
justifica-se mais evidentemente a necessidade desta providência. Vejamos o referido 
dispositivo: 
 
Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas 
operações ativas e passivas e serviços prestados.: 
 
(...) 
 
§ 4o A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando 
necessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em 
qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e 
especialmente nos seguintes crimes: 
 
I – de terrorismo; 
 
II – de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas 
afins; 
 
III – de contrabando ou tráfico de armas, munições ou 
material destinado a sua produção; 
 
IV – de extorsão mediante seqüestro; 
 
V – contra o sistema financeiro nacional; 
 
VI – contra a Administração Pública; 
 
VII – contra a ordem tributária e a previdência social; 
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VIII – lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e 
valores; 
 
IX – praticado por organização criminosa. 
 
 
 BEZERREGRA!!! 
 
É cabível o afastamento do sigilo bancário tanto no que tange a 
crimes quanto contravenções penais. A dicção genérica “qualquer 
ilícito” não permite aqui interpretação restritiva. Impende salientar que 
muitas contravenções penais estão associadas à tramitação de vultosas 
importâncias financeiras. Ainda que representem infrações penais de 
menor potencial ofensivo, muitas vezes relacionam-se a 
empreendimentos ilícitos de repercussão econômica altamente rentável. 
 
 
Por seu turno, o levantamento dos dados confidenciais de ordem fiscal e financeira 
encontram guarida no §1º, inciso I do art. 198 do Código Tributário Nacional. Assim, 
quando houver interesse da justiça, dentre o qual encaixa-se a persecução penal, 
excetua-se a blindagem contra a divulgação de informações fiscais e econômicas do 
contribuinte investigado. 
 
Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é 
vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus 
servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a 
situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de 
terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou 
atividades. 
 
§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos 
previstos no art. 199, os seguintes: 
 
I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça; 
 
 
 
 
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 FERNANDICA!!! 
 
Caso a investigação verse sobre organizações criminosas, a 
providência de afastamento dos sigilos financeiro, bancário e 
fiscal ainda vem prevista no art. 3º, inciso VI da Lei 12.850/13. 
Desse modo, você, candidato ao cargo de delegado de Polícia deve 
atentar para referenciar esse dispositivo se, porventura, estiver 
elaborando sua peça no âmbito de apuração de infrações penais 
consubstanciadas por esses conglomerados delitivos. 
 
 
 BEZERREGRA!!! 
 
A quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal será sempre 
precedida de autorização judicial? 
Como regra, o acesso às informações econômicas de um indivíduo 
reivindica a prévia apreciação pelo Poder Judiciário. É racional pensar 
assim, haja vista se tratar de medida restritiva de um direito 
fundamental. Eventuais mitigações, portanto, pretendem se enquadrar 
nas hipóteses de reserva de jurisdição. 
Contudo, algumas normas legais e a compreensão jurisprudencial mais 
hodierna tem revelado a legitimidade de acesso direto aos referidos 
dados, independente de autorização judicial. Conforme art. 6º da Lei 
Complementar 105/01, bem como o atual posicionamento do STF, a 
Receita Federal está autorizada a exigir prontamente das entidades 
financeiras, assim definidas pelo § 1º do art. 1º do mesmo diploma 
legislativo, conhecimentos acerca de movimentações bancárias dos 
contribuintes. 
 
 (...) Os artigos 5º e 6º da Lei Complementar nº 
105/2001 e seus decretos regulamentares (Decretos nº 
3.724, de 10 de janeiro de 2001, e nº 4.489, de 28 de 
novembro de 2009) consagram, de modo expresso, a 
permanência do sigilo das informações bancárias obtidas 
com espeque em seus comandos, não havendo neles 
autorização para a exposição ou circulação daqueles 
dados. Trata-se de uma transferência de dados sigilosos 
de um determinado portador, que tem o dever de sigilo, 
para outro, que mantém a obrigação de sigilo, 
permanecendo resguardadas a intimidade e a vida 
privada do correntista, exatamente como determina o 
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art. 145, § 1º, da Constituição Federal. 5. A ordem 
constitucional instaurada em 1988 estabeleceu, dentre 
os objetivos da República Federativa do Brasil, a 
construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a 
erradicação da pobreza e a marginalização e a redução 
das desigualdades sociais e regionais. Para tanto, a 
Carta foi generosa na previsão de direitos individuais, 
sociais, econômicos e culturais para o cidadão. Ocorre 
que, correlatos a esses direitos, existem também 
deveres, cujo atendimento é, também, condição sine 
qua non para a realização do projeto de sociedade 
esculpido na Carta Federal. Dentre esses deveres, 
consta o dever fundamental de pagar tributos, visto que 
são eles que, majoritariamente, financiam as ações 
estatais voltadas à concretização dos direitos do 
cidadão. Nesse quadro, é preciso que se adotem 
mecanismos efetivos de combate à sonegação fiscal, 
sendo o instrumento fiscalizatório instituído nos arts. 5º 
e 6º da Lei Complementar nº 105/ 2001 de extrema 
significância nessa tarefa. 6. O Brasil se comprometeu, 
perante o G20 e o Fórum Global sobre Transparência e 
Intercâmbio de Informações para Fins Tributários 
(Global Forum on Transparency and Exchange of 
Information for Tax Purposes), a cumprir os padrões 
internacionais de transparência e de troca de 
informações bancárias, estabelecidos com o fito de 
evitar o descumprimento de normas tributárias, assim 
como combater práticas criminosas. Não deve o Estado 
brasileiro prescindir do acesso automático aos dados 
bancários dos contribuintes por sua administração 
tributária, sob pena de descumprimento de seus 
compromissos internacionais. (...) 
STF. Plenário. ADI 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 
2397/DF e ADI 2859/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, 
julgados em 24/2/2016 (Info 815). 
 
 
 (...) Verifica-se que o Poder Legislativo nãodesbordou 
dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa 
liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida 
em que estabeleceu requisitos objetivos para a 
requisição de informação pela Administração Tributária 
às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo 
dos dados a respeito das transações financeiras do 
contribuinte, observando-se um translado do dever de 
sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na 
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ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a 
aplicação do princípio da irretroatividade das leis 
tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição 
de competência administrativa à Secretaria da Receita 
Federal, o que evidencia o caráter instrumental da 
norma em questão. Aplica-se, portanto, o artigo 144, 
§1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese 
em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da 
repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 
105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois 
realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio 
do princípio da capacidade contributiva, bem como 
estabelece requisitos objetivos e o translado do dever 
de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. (...) 
STF. Plenário. RE 601314/SP, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 24/2/2016 (repercussão 
geral) (Info 815). 
 
Para o STF, este acesso direto da Receita Federal não chega a 
constituir-se como quebra de sigilo, uma vez que seus servidores não 
estão autorizados ao repasse ou divulgação dessas informações nem 
mesmo o extravasamento destes dados para além dos procedimentos 
fiscalizatórios em sede fazendária. Caso isso ocorresse, aí sim estaríamos 
diante de uma quebra indevida, sujeita inclusive às implicações penais 
consubstanciadas no fato típico estabelecido no art. 10 da Lei 
Complementar nº 105/01. Vejamos o dispositivo retromencionado abaixo: 
 
Art. 10. A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas 
nesta Lei Complementar, constitui crime e sujeita os 
responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, e 
multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem 
prejuízo de outras sanções cabíveis. 
 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem omitir, 
retardar injustificadamente ou prestar falsamente as 
informações requeridas nos termos desta Lei Complementar. 
 
 
Para além da Receita Federal, outros órgãos estão autorizados ao acesso direto 
aos elementos referentes à movimentação bancária, aos dados fiscais e eventuais 
trâmites financeiros. Entretanto, a Polícia Judiciária não foi contemplada com esta 
prerrogativa, conforme tabela a seguir, restando-lhe apenas a via da representação 
pela respectiva quebra. 
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ACESSO DIRETO AO SIGILO BANCÁRIO 
 
 
POLÍCIA NÃO PODE - É necessária autorização judicial prévia. 
 
 
MP 
REGRA: NÃO PODE - É necessária autorização judicial 
prévia. 
EXCEÇÃO: PODE - É lícita a requisição direta com o fim de 
proteger o patrimônio público. 
 
 
TCU 
REGRA: NÃO PODE - É necessária autorização judicial 
prévia. 
EXCEÇÃO: PODE – Quando envolver informações relativas 
a operações de crédito originárias de recursos públicos. 
Receita Federal PODE - com base no art. 6º da LC 105/2001. 
Fisco estadual, 
distrital, municipal 
PODE – Exige-se regulamentação em normas próprias. 
 
CPI 
PODE - art. 4º, § 1º da LC 105/2001. 
EXCEÇÃO: CPI municipal não pode. 
 
 
 FERNANDICA!!! 
 
A Receita Federal está autorizada a compartilhar com os órgãos da 
persecução penal (Polícia e MP) informações bancárias e 
financeiras obtidas diretamente pelo Fisco. O STF assentou o 
entendimento de que é legítimo o compartilhamento dos dados bancários 
e financeiros constituídos no bojo de procedimentos administrativo-fiscais 
aos órgãos que atuam na elucidação de ilícitos penais, independente de 
autorização judicial. 
 
1 - É constitucional o compartilhamento dos relatórios 
de inteligência financeira da UIF e da íntegra do 
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procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil, 
que define o lançamento do tributo, com os órgãos de 
persecução penal, para fins criminais, sem a 
obrigatoriedade de prévia autorização judicial, devendo 
ser resguardado o sigilo das informações em 
procedimentos formalmente instaurados e sujeitos a 
posterior controle jurisdicional. 
2 - O compartilhamento pela UIF e pela Receita Federal 
do Brasil, referente ao item anterior, deve ser feito 
unicamente por meio de comunicações formais, com 
garantia de sigilo, certificação do destinatário e 
estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e 
correção de eventuais desvios. 
STF. Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 4/12/2019 (repercussão geral 
– Tema 990) (Info 962) 
 
No entanto, tal compartilhamento não pode se constituir em artifício para 
violação do comando constitucional protetivo por via oblíqua. Assim, 
quando a Receita fizer o repasse das informações aos referidos órgãos, 
diante dos indícios prováveis e suficientes de operações financeiras 
ilícitas, devem providenciar o pleito ao Poder Judiciário para legitimação 
probatória. 
 
 
4. REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E 
FISCAL E A LEGITIMIDADE DA AUTORIDADE POLICIAL 
 
É o mecanismo disponível para legitimamente afastar o sigilo das operações 
bancárias e dos dados fiscais e financeiros de algum provável autor de ilícitos 
penais no âmbito de apuração penal. O juiz tem autoridade para determinação, de 
ofício, dessa medida, mas em geral submete-se à iniciativa de provocação seja do 
Delegado de Polícia, seja do membro do MP. Quanto ao Delegado, deve submetê-la à 
apreciação do Poder Judiciário por meio de representação exclusivamente no curso da 
fase de investigação, enquanto o MP, mediante requerimento, em qualquer das fases 
da persecução criminal, pode conduzir seu pleito à autoridade judiciária. 
 
Neste estudo, todavia, interessa-nos apenas a representação da autoridade 
policial, haja vista nossa preparação cinge-se à finalidade de aprovação na peça 
prático-profissional para Delegado de Polícia. Dessa forma, diante de indícios de 
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movimentações financeiras irregulares, a Autoridade Policial dispõe desse mecanismo 
de superlativa relevância. 
 
BEZERREEGRA!!! 
 
Atenção especial para não confundir esta providência cautelar com 
outra medida disponível diretamente ao Delegado de Polícia 
estabelecida no art. 15 da Lei 12.850/13: a prerrogativa de acesso a 
registros, dados cadastrais, documentos e informações. Tratam-se de 
hipóteses bastante distintas. Nesta última, o conteúdo disponibilizado 
circunscreve-se, exclusivamente, aos elementos cadastrais, aquilo que diz 
respeito unicamente à qualificação, endereço e titularidade de contas, não 
alcançando, por exemplo, informações que integrem a esfera da proteção 
da intimidade. 
 
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão 
acesso, independentemente de autorização judicial, 
apenas aos dados cadastrais do investigado que informem 
exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço 
mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, 
instituições financeiras, provedores de internet e 
administradoras de cartãode crédito. 
 
Caso seja necessário o acesso a dados mais robustos e relacionados ao 
sigilo financeiro, bancário e fiscal, demandará representação da 
autoridade policial, submetendo a diligência à apreciação judicial. Por 
meio desta medida, terá permissão para conhecer valores e importâncias 
financeiras constantes das contas bancárias e, também, manusear 
extratos e relatórios de movimentação financeira. 
 
 
Como a medida pode ser empreendida durante a fase de investigação, então, o 
próprio Delegado de Polícia é um dos personagens autorizados a manejá-la. Ademais, 
por se tratar de recurso de matiz probatória, deve integrar a esfera de 
prerrogativa da autoridade policial, a quem, obviamente, compete, enquanto titular 
da investigação, a coleta de elementos informativos que subsidiem o futuro e 
eventual procedimento jurisdicional. 
 
A representação confeccionada pelo Delegado de Polícia deve pautar-se nos requisitos 
comuns de qualquer medida cautelar, quais sejam o fumus comissi delicti e o 
periculum in mora. Ademais, no caso específico deste mecanismo, a autoridade 
precisa indicar o lapso temporal a ser abrangido pelo levantamento do sigilo. 
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5. MODELO PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL DE QUEBRA DE SIGILO 
FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL 
 
5.1 ENDEREÇAMENTO 
 
É o primeiro passo da estruturação da sua peça. Preste muita atenção 
porque, neste ponto, você definirá o destinatário de sua representação. Neste 
ponto da peça, será necessário um conhecimento abalizado acerca das regras de 
competência do processo penal. Vale sempre uma boa revisão na parte teórica para 
apreensão definitiva das normas referentes à definição do órgão jurisdicional 
adequado para deliberação acerca da demanda apresentada na prova. 
 
Obviamente, sua representação será conduzida a alguma Vara Criminal, podendo 
variar entre a Justiça Federal ou Estadual a depender das regras próprias de 
competência. No nosso caso específico, como estamos nos preparando para a prova 
de delegado da PCPR, o direcionamento da medida será a uma das varas 
judiciais criminais de alguma comarca do estado do Paraná. É possível, ainda, 
que o examinador crie comarca fictícia, devendo você candidato estratégico adotar as 
designações locais conforme descrito no enunciado da questão. 
 
Dificilmente será manejada em face de alguma Vara do Tribunal do 
Júri por conta da ausência de repercussão financeira decorrente desse 
delito. Nada impede que seja elaborada, no entanto, vislumbra-se remota 
relevância prática e teórica nessa hipótese. Então, é cabível o 
direcionamento para o Júri, porém a probabilidade dessa hipótese ocorrer é 
muito pequena. 
 
 
 FERNANDICA!!! 
 
ATENÇÃO!!! Não esqueça, ainda, que só deve indicar denominação de 
comarca ou seção judiciária caso tenha sido explicitamente mencionada 
na questão. Se não, abstenha-se de incluir dados não constantes no 
enunciado. Nessa circunstância, utilize o artifício do ESPAÇO EM BRANCO 
para evitar desconto de pontuação ou eventual identificação pessoal. 
 
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FERNANDICA de modelo padrão de endereçamento: 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL 
DA COMARCA DE . 
 
 
 BEZERREGRA!!! Pode se valer de abreviação nas expressões 
Senhor (Sr) e Doutor (Dr) tranquilamente. Por uma questão de 
estilo pessoal, recomendo escrever por extenso, mas como dito, é 
opcional. 
 
 
 
5.2 PREÂMBULO 
 
Este é o passo de apresentação da sua peça. Por meio do preâmbulo, você 
candidato estratégico irá abrir o diálogo com o magistrado, anunciando-lhe a 
medida demandada em sua investigação, o apanhado de disposições normativas 
(constitucionais, legais e sumulares) que lastreiam seu pleito e a qualificação do 
indigitado. 
 
 FERNANDICA!!! 
 
Sugere-se, após o endereçamento, saltar de 01 (uma) a 02 (duas) 
linhas para conferir um tom estético mais interessante à sua peça. Isso é 
apenas uma orientação, contudo não é obrigatória a adesão a essa 
modelagem, podendo seguir a estrutura independente de deixá-las em 
branco e produzir sequencialmente o texto. 
 
 
Nesse espaço da peça, importante seguir um padrão constante até como forma 
de você candidato estratégico internalizar o texto a ser manipulado em sua 
representação. Esse é um momento sensível da peça, não obstante de fácil 
apreensão. Além de pontuar pela sua precisa elaboração, ainda se permite ganhar 
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tempo para preocupar-se efetivamente com os trechos mais relevantes da sua 
representação. 
 
Menções aos dispositivos da Lei 12.830/13 são sugeridas em sua peça como 
destaque de conhecimento e compromisso com a carreira de autoridade policial. Mais 
crucial ainda no caso da quebra de sigilo financeiro, fiscal e bancário é incluir as 
designações de identificação do investigado. Caso a questão proposta informe 
CPF, deve consigná-lo na qualificação do representado. 
 
 
FERNANDICA de modelo padrão de preâmbulo: 
 
SIGILOSO 
 
Crime: 
 
Investigado: 
 
Quebra de Sigilo – Lei Complementar 105/2001. 
 
Inquérito Policial n° 
 
A Polícia Civil do Estado do Paraná, por meio do seu Delegado de Polícia, ao 
final assinado, no uso das atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros 
dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88, art. 1°, §4°, da Lei Complementar 
n° 105/2001 e art. 198, §1º, I do CTN, bem como pelo art. 3°, I; art. 2°, §1°, 
da Lei 12.830/2013, vem, com o acatamento necessário, à presença de 
Vossa Excelência, apresentar REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO 
FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL em desfavor de (nome e qualificação do 
investigado – inclusive com o CPF, se for mencionado pela questão), pelos 
fundamentos de fato e de direito a seguir expostos 
 
 
 
 
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5.3 DOS FATOS 
 
Nesse tópico da representação, necessária uma exposição breve, sintética, 
objetiva e precisa das circunstâncias que significam a conjuntura dos episódios 
referentes à eventual infração penal ensejadora da medida pleiteada. Essencial, nesse 
trecho, a apresentação dos motivos de fato caracterizadores do ilícito típico e que 
fundamentam a representação em trâmite de confecção. 
 
 BEZERREGRA!!! 
 
Como forma de orientação siga o seguinte roteiro para nenhum 
elemento relevante ser olvidado em sua narrativa: 
 
 
a) O que, onde e quando ocorreu? 
 
b) Quem é o provável responsável pelo fato? 
 
c) Como ocorreu e quais circunstâncias cercam o episódio? 
 
d) Por que ocorreu e quais motivos deflagraram o caso concreto? 
 
Exemplo: “No dia 12 de setembro de 2020, na esquina das 
avenidas Aprovação com Nomeação, dentro da Superintendência 
da Receita Federal, dois elementos identificados como Joaquim e 
João desviaram, da repartição pública onde são servidores 
públicos, valendo-se dessa condição especial, a quantia de R$ 
70.000,00 (setenta mil reais), com a finalidade de custeio de 
despesas pessoais. 
 
 
 
 FERNANDICA!!! 
 
Nunca cometa dois erros crassos que podem custar decisivamente a 
aprovação no concurso para o seu tão sonhado cargo de Delegado de 
Polícia: 
1. Não copie literalmente o texto do enunciado norteador da 
questão! O examinador já está avaliando sua redação desde o início. Em 
sua peça, ele espera de você umacapacidade de construção textual 
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abalizada, além da necessária cognição para resumo das perspectivas 
fáticas. Copiar trechos demonstra pobreza intelectual e inabilidade para o 
desempenho de tão elevada função pública. A melhor orientação é 
conceber os fatos a partir daquela sequência estrutural alhures 
apresentada; 
2. Não invente fatos não indicados no roteiro guia da questão! A 
baliza do candidato estratégico é fixada pelos limites fáticos 
esquematizados no caso concreto exposto. Deve compreender que na sua 
atividade como Delegado de Polícia, não poderá também inovar fatos sob 
pena de comprometer suas investigações, descredibilizar sua própria 
reputação e, ainda, eventualmente, responder criminal e 
administrativamente pela inadequada postura adotada. 
 
Candidato que desliza em algum desses dois equívocos, corre o risco de 
ser descartado do certame com a desconsideração na avaliação de sua 
peça. 
 
 
5.4 FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
 
Esse é o trecho de maior sensibilidade de sua peça, uma vez que concentra a 
maior gama de pontuação em disputa. É a parte na qual poderá o candidato 
estratégico explorar a plenitude do seu conhecimento jurídico. Nesse ponto, devem 
ser assinalados: 
 
• capitulação típica; 
 
• cabimento da representação manejada; 
 
• os respectivos requisitos da medida cautelar selecionada. 
 
 
Passo 01: 
 
Inicialmente, apresente a infração penal correspondente ao registro fático 
estabelecido pela questão e já sumariamente narrado por você no item anterior. 
Procure desenvolver sua análise típica com o maior critério possível, preocupando-se 
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em tecer todos os contornos e circunstâncias do comportamento averiguado. Isso 
será muito importante inclusive para a designação correta do enquadramento legal 
adequado. 
 
Vale muito a pena fazer a indicação do dispositivo legal correspondente ao 
tipo penal. É o ideal! Caso não se recorde, no momento da prova, do artigo 
preciso ou da lei específica, recorra à genérica consignação legislação de 
regência. 
 
Passo 02: 
 
Em seguida, deverá correlacionar a figura típica perpetrada com a 
representação que ora está sendo pretendida. No caso em particular da 
representação pela quebra de sigilo financeiro, bancário e fiscal, é mais tranquilo esse 
tópico porque o catálogo de incidência da medida é amplo o suficiente para abranger 
qualquer crime ou contravenção conforme já anteriormente mencionado. 
 
 
 BEZERREGRA!!! 
 
Caso o tipo penal ensejado na questão equivaler a algum daqueles 
exemplificativamente elencados no art. 1º, §4º da Lei Complementar 
105/01, interessante mencionar expressamente tal circunstância, 
reforçando significativamente o conhecimento jurídico do candidato 
estratégico. 
 
 
Passo 03: 
 
A última e mais difícil exigência desse tópico da sua peça é a pormenorizada 
estipulação dos requisitos exigidos para o deferimento da medida cautelar em 
tela. Aqui precisa ser manifestado o fumus comissi delicti e o periculum in mora 
de maneira bastante ponderada. 
 
O fumus comissi delicti significa a demonstração da prática do delito e sua 
correspondente provável autoria. Importante assinalar que a existência do crime 
deve estar bem consubstanciada em elemento comprobatório robusto, enquanto a 
autoria pode ser suficientemente lastreada em indícios razoáveis. A materialidade 
exige prova, todavia a autoria satisfaz-se de forma indiciária. Ideal é referenciar os 
elementos constantes dos autos que embasam uma e outra. 
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Devem ser muito bem observados no texto base da questão quais subsídios 
sustentam a materialidade e autoria. Esses elementos precisam ser indicados desde a 
narrativa fática como forma de alusão ao que servirá como indicativo probatório nesse 
momento. Assim, um depoimento de testemunha, um documento apreendido na 
investigação ou um relatório de inteligência financeira confeccionado por um dos 
órgãos de fiscalização são essenciais para a demonstração tanto da existência quanto 
da responsabilidade delitiva. 
 
O candidato estratégico deve ser cauteloso e indicar pontualmente qual elemento 
probatório constante da investigação embasa a materialidade e aquele que 
corresponde à autoria. Essa correlação demonstra além de conhecimento por parte do 
pretenso Delegado de Polícia, também esmero com a investigação manuseada. Só 
tome cuidado porque o elemento a ser pontuado, como alicerce da existência do 
crime e da autoria, deve constar do próprio texto norteador. 
 
Quanto ao periculum in mora, deve ser muito bem fundamentada a razão pela qual 
a medida é necessária e urgente. Exige-se revelar, assim, o benefício para a 
investigação e consequente elucidação do crime por meio da medida cautelar 
pretendida. Tem de ficar claro que a instrução inquisitória encontra-se represada, 
demandando a quebra do sigilo financeiro como crucial para o levantamento de 
informações que possam auxiliar no deslinde dos fatos e apontar novos rumos para o 
desfecho da apuração instaurada. 
 
Crucial que fiquem claras quais vantagens para a persecução penal seriam 
advindas caso a medida seja deferida e quais os riscos derivados da inércia 
jurisdicional. Deve-se observar que entre as vantagens e os riscos há uma 
correlação evidente que precisa ser bem definida. Desse modo, quando da elaboração 
da sua peça, tem de indicar adequadamente a vantagem do deferimento que 
apresenta correspondência ao risco da demora em autorizar a diligência. 
 
Para facilitar seu trabalho na hora da prova, eu mesmo pontuo a seguir quais são os 
prováveis tópicos de abordagem que eventualmente poderão constar na sua peça, 
bastando que você, candidato estratégico, apenas selecione a hipótese mais 
adequada em conformidade com o caso concreto apresentado. 
 
 
 
 
 
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VANTAGEM RISCO 
01- Desvendar a engenharia criminosa: 
A medida é essencial para que se possa 
estruturar como atua o responsável pela 
conduta típica, revelando a operatividade 
e logística do esquema delituoso. 
Caso não seja logo deferida a medida, 
pode frustrar a investigação que restaria 
incompleta por não desvelar o aparato de 
execução da infração penal. 
02- Identificação dos mecanismos de ocultação e dissimulação dos recursos 
decorrentes da infração penal: 
Somente através da quebra do sigilo 
financeiro, bancário e fiscal, seria possível 
revelar as ferramentas e metodologia para 
escamotear os proveitos econômicos e 
assegurar a impunidade. Essa hipótese 
será comum caso a tipificação atribuída 
corresponda ao crime de lavagem de 
dinheiro por exemplo. 
A demora na efetivação da medida pode 
inviabilizar o conhecimento sobre os 
fluxos financeiros efetuados pelo autor 
para revestir os ganhos econômicos de 
aparência lícita. 
03- Revelar a amplitude do proveito econômico: 
A medida é imprescindível para se 
compreender as movimentações e o 
volume de rendimentos derivados do 
esquema criminoso. 
Caso demore a medida, maior a escassez 
de informações sobre a tramitação 
financeira e as respectivas operações 
econômicas desenvolvidas pelo agente do 
delito. 
04- Identificar o envolvimento de asseclas na ação criminosa: 
A medida em questão é o meio mais hábilpara descoberta da participação de outros 
autores ou comparsas revelados a partir 
do cruzamento de movimentações 
financeiras. 
A diligência precisa ser célere o suficiente 
para viabilizar a identificação dos 
responsáveis pela atividade criminosa 
enquanto estes ainda encontram-se 
ativamente operando o esquema 
delituoso, sob pena da clandestinidade e 
consequente impunidade dos autores. 
05- Recuperação dos ativos envolvidos no crime: 
A medida de levantamento do sigilo 
financeiro, bancário e fiscal permitiria a 
caça aos recursos que foram propiciados 
A morosidade da medida não permite a 
recuperação integral dos ativos e recursos 
decorrentes da atividade criminosa, de 
modo que se tornaria cada vez mais 
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A apresentação de cada um desses binômios será sustentada por 
meio da correlação com o caso concreto. Você, candidato estratégico, 
deve atentar para os dados constantes na questão de sua prova para 
manifestar o par adequado à espécie. 
 
 
5.5 DA REPRESENTAÇÃO 
 
Este é o tópico final de sua peça. Você já está a um passo da sua aprovação! 
 
Nesse ponto da representação, é importante a menção a dois requisitos cruciais para 
o êxito dessa diligência: consignação do CPF do investigado e definição do período de 
levantamento do sigilo. Um cuidado especial: só indique o CPF caso a questão 
informe, pois se não há tal dado no enunciado, não deve ser inventado nenhum 
elemento. 
 
A indicação do CPF permite que não se devasse o sigilo de pessoa diversa daquela 
efetivamente averiguada. Já a determinação do lapso temporal correspondente à 
dimensão da quebra, é relevante para estabelecer limites para a medida, conferindo 
credibilidade para a investigação em curso, sem contar que não se viola o direito 
fundamental mais do que o essencial. 
 
 
 
pela engenharia delitiva. remota o retorno pleno dos valores em 
jogo. 
06- Subsidiar informações para lastrear outras diligências investigativas: 
A partir dos elementos levantados pela 
medida, a autoridade contará com mais 
robustos dados para qualificar quesitos e 
esclarecimentos em sede de 
interrogatórios dos indigitados e 
depoimentos de testemunhas. 
A dilação da medida prejudica a colheita 
de outros elementos probatórios, uma vez 
que restam mais precários os subsídios à 
disposição da autoridade policial para 
enriquecimento da investigação. Dessa 
forma, corre-se o sério e evidente risco de 
coleta de deficiente material apuratório. 
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 FERNANDICA!!! 
 
A referida diligência não tem prazo de duração estipulado em lei. 
Dessa forma, não se deve fazer menção a isto. O período a que se fez 
menção recente neste texto não se refere à execução da diligência, mas 
sim ao período compreendido no qual foram encetadas as operações a ser 
averiguadas pelo levantamento do sigilo. 
 
 
No tópico da representação, deve-se abrir um item para solicitar ao magistrado 
que oficie o Banco Central para manejar a quebra do sigilo bancário. Isso será 
necessário, tão somente, caso a autoridade policial não saiba a conta do investigado 
nem as respectivas instituições financeiras onde ele mantém relacionamento. Nos 
casos em que sejam conhecidas as entidades, o pleito deve indicar a necessidade 
de oficiar as próprias instituições financeiras respectivas. 
 
BEZERREGRA!!! 
 
Somente empregue o verbo REPRESENTAR em toda a sua peça, 
mormente nesse instante, o que demonstrará sua qualidade técnica na 
condução das nomenclaturas adequadas à autoridade policial. Lembre-
se: Delegado de Polícia não faz requerimento nem pedido, ele faz 
representação! 
 
 
 
5.6. ENCERRAMENTO DA PEÇA 
 
Modelo padrão de sugestão de encerramento da peça: 
 
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, 
apresenta REPRESENTAÇÃO pela quebra do sigilo bancário do investigado 
(nome e qualificação), com o consequente envio de ofícios sigilosos às 
instituições financeiras (ou ao Banco Central conforme explicitado alhures), 
por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na 
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fundamentação exposta, visando a continuidade das investigações policiais, 
após a oitiva do ilustre membro do Ministério Público. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia. 
Matrícula 
 
 
 
 
6. QUESTÃO DE PROVA RESOLVIDA PELO PROFESSOR 
 
Questão 1. (PCDF 2009 – FUNIVERSA - Adaptada pelo Prof. Fernando 
Bezerra) 
 
João, José, Sebastião, Francisco e Raimundo uniram-se para praticar diversos crimes. 
Para obter mais eficiência em sua empreitada, o grupo adquiriu diversos armamentos. 
No dia 18 de novembro de 2009, por volta das 10h40min, em certo endereço de 
Brasília/DF, cometeram um assalto na Agência do Banco São Judas Tadeu, instituição 
privada. 
 
A dinâmica deu-se da seguinte maneira: João adentrou na agência bancária, 
juntamente com José e Francisco, e anunciou o assalto com um disparo de arma de 
fogo, do tipo escopeta. José portava uma submetralhadora, calibre 9 mm, marca 
Inbel, com numeração raspada, e impossibilitou a ação dos vigias. Francisco correu 
até a gerência e, de posse de uma arma de fogo, do tipo Fuzil de Ação Leve, 762 mm, 
com numeração raspada, determinou que todos que estavam presentes se deitassem 
no chão e assim permanecessem. Sebastião postou-se na entrada do 
estabelecimento, mantendo vigilância para a ação dos comparsas, portando arma de 
fogo, do tipo pistola, calibre 9 mm, marca Beretta, com numeração raspada. 
Raimundo permaneceu no interior de automóvel parado em frente à agência bancária. 
 
Após a colheita de todos os valores constantes nas caixas registradoras e do 
montante disponível na tesouraria, totalizando R$ 3.500.000,00 (três milhões e 
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quinhentos mil reais), o grupo iniciou sua fuga, com a saída do banco. Antes de 
finalizarem a retirada da agência bancária, identificaram o policial civil Jorge e, contra 
este, para garantir a fuga e a detenção das quantias subtraídas, Francisco efetuou 
dois disparos, ocasionando a sua morte. Em seguida, fugiram no automóvel, tomando 
destino ignorado. Os funcionários do banco André, Patrícia, Mauro e Paulo foram 
ouvidos como testemunhas dos fatos e narraram a dinâmica apresentada. Segundo 
apurado, o grupo criminoso tem atuado há mais de 02 (dois) anos em delitos 
patrimoniais sempre com vultosos proveitos econômicos e ostentando-os nas redes 
sociais. 
 
Chegou ao conhecimento do delegado com atribuição para a investigação deste caso 
concreto, que os indiciados iriam embarcar naquela noite para a cidade de São Paulo, 
sem retorno previsto. Diante dos elementos até então coletados, a autoridade policial 
representou pela prisão preventiva dos elementos envolvidos na ação delituosa, tendo 
sido deferidas as respectivas medidas cautelares. Raimundo foi encontrado de posse 
de arma utilizada no crime, na Agrovila São Sebastião/DF, no dia 15 de dezembro de 
2009, conduzindo um veículo automotor, marca Toyota, Hilux, de cor preta, 
modelo/ano 2009, de posse de passagens aéreas. Naquela oportunidade, ele indicou 
como residência dos autores do fato a cidade-satélite de Samambaia/ DF, onde foram 
encontrados João, José, Sebastião e Francisco, deposse das demais armas. Nenhum 
valor monetário resultante do ato criminoso foi localizado. Em seus depoimentos à 
autoridade policial, todos negaram participação no assalto ao banco, apesar de João, 
José, Sebastião e Francisco terem sido reconhecidos pelas testemunhas Patrícia e 
André. Confessaram que se associaram para cometer crimes, mas sem uso de 
violência e que deixavam as armas com Raimundo, que seria o armeiro e motorista 
do grupo. Foram todos indiciados e devidamente recolhidos à penitenciária. As armas 
foram periciadas, e foi atestada sua eficiência e recenticidade de disparos. 
 
A polícia obteve as imagens do circuito interno de televisão do banco e procedeu à 
sua degravação, com a respectiva perícia. Constatou-se que os familiares dos autores 
do crime residem na cidade de São Paulo, para onde os infratores telefonavam 
constantemente por meio dos telefones celulares de diversas operadoras. Acrescente-
se que os indiciados ostentam registros de antecedentes criminais. 
 
Conclusos os autos do inquérito policial ao delegado de polícia, este deverá proceder à 
representação por medida cautelar adequada, considerando todos os atos aqui 
narrados. Com base nessa situação hipotética, redija, na condição de delegado de 
polícia competente, o ato de polícia judiciária pertinente. 
 
 
 
 
 
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 FERNANDICA!!! 
 
Antes de iniciarmos o modelo de peça proposto pela questão acima, 
vamos relembrar os pontos principais com o esqueleto! 
 
MEMORIZE: 
 
• ENDEREÇAMENTO 
 
• PREÂMBULO 
 
• DOS FATOS 
 
• FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
 
• DA REPRESENTAÇÃO 
 
• ENCERRAMENTO 
 
 
 
Modelo de peça proposto: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL 
DA COMARCA DE BRASÍLIA/DF. 
 
SIGILOSO 
 
Crime: 
 
Investigado: 
 
Quebra de Sigilo – Lei Complementar 105/2001. 
 
Inquérito Policial n° 
 
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A Polícia Civil do Distrito Federal, por meio do seu Delegado de Polícia, ao 
final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre 
outros dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88, art. 1°, §4°, da Lei 
Complementar n° 105/2001 e art. 198, §1º, I do CTN, bem como pelo art. 3°, 
I; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, com o acatamento necessário, à 
presença de Vossa Excelência, apresentar REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE 
SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL em desfavor de João, José, 
Sebastião, Francisco e Raimundo, pelos fundamentos de fato e de direito a 
seguir expostos: 
 
Dos Fatos: 
 
João, José, Sebastião, Francisco e Raimundo, em concurso de agentes, no dia 18 de 
novembro de 2009, por volta das 10h40min, subtraíram vultosa importância 
financeira de uma instituição bancária, localizada em certo endereço de Brasília/DF, 
mediante violência inclusive empregando armas de fogo de uso restrito e ocasionando 
a morte de um policial civil, em decorrência de disparos de um dos artefatos, durante 
a ação delitiva. Em face dessa conduta, foram sujeitos à prisão preventiva no curso 
dessa apuração. 
 
Entretanto, até então os valores subtraídos não foram restituídos nem mesmo 
identificado o paradeiro. Sem contar, foi encontrado em poder deste grupo criminoso, 
um veículo automotor, marca Toyota, Hilux, de cor preta, modelo/ano 2009. Ademais, 
constam dos levantamentos policiais encetados, que os investigados dedicam-se à 
perpetração de delitos de natureza patrimonial, arrecadando, assim, proveito 
econômico a ponto de ostentarem o resultado criminoso nas redes sociais. 
 
Fundamentos Jurídicos: 
 
Trata-se de hipótese fática amoldável ao tipo penal do roubo qualificado pelo 
resultado morte, coloquialmente designado como latrocínio, capitulado no art. 157, 
§3º, do Código Penal. Tal imputação restou demonstrada em face da subtração 
violenta mediante emprego de armas de fogo do que resultou, a partir de disparos 
deflagrados de um desses armamentos, a morte de uma vítima com o propósito 
evidente de permanecer na clandestinidade a ação ilícita além de propiciar o proveito 
econômico correspondente. 
 
A reunião concertada entre os agentes, em momento anterior, com a finalidade de 
cometimento de crimes implica ainda a imputação do delito de associação criminosa, 
previsto no art. 288, § único do Código Penal, haja vista, na situação concreta 
narrada, manifesta-se majorado pela circunstância de utilização de armas de fogo. 
 
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A apreensão dos armamentos, os depoimentos colhidos na investigação e a análise 
das imagens obtidas no cenário do crime, além da subtração do montante econômico, 
atestam a materialidade delitiva. A perícia à qual foram submetidos os artefatos 
consubstanciaram a respectiva potencialidade lesiva e ainda o correspondente manejo 
recente como forma de assegurar a circunstância de intensificação da sanção penal 
dos crimes atribuídos. As câmeras do circuito interno de monitoramento, bem como 
os reconhecimentos encetados pelas testemunhas funcionários da agência bancária e 
a própria confissão dos acusados evidenciam o envolvimento dos indiciados na 
perpetração criminosa. 
 
Há, portanto, vasto material informativo apto a denotar tanto a existência do crime 
quanto a correlata autoria. Dessa forma, cumpre-se o requisito cautelar da elucidação 
do fumus comissi delicti. 
 
A prisão dos elementos responsáveis pela infração penal não foi suficiente para 
restituição dos valores subtraídos da instituição bancária vítima. Por essa razão, nesse 
instante da apuração delitiva, demanda-se bastante conveniente a medida cautelar de 
quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal dos autores, uma vez que tal quantia 
ainda pode estar disponível para eles escamoteada em algum local ou integrada aos 
respectivos patrimônios de forma irregular. 
 
A diligência pretendida apresenta-se cabível com fulcro, respectivamente, no art. 1°, 
§4°, da Lei Complementar n° 105/2001 e no art. 198, §1º, I do Código Tributário 
Nacional. Em ambos os casos, a medida aplica-se para qualquer infração penal, 
mormente no caso dos autos por conta da repercussão patrimonial empreendida pelo 
delito. Os dispositivos legais alhures mencionados reclamam intervenção do Poder 
Judiciário como expressão da reserva de jurisdição, cuja provocação é legitimada à 
autoridade policial. 
 
A quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal manifesta-se crucial para o êxito 
integral desta persecução penal, revelando-se como única maneira para identificação 
dos destinos das importâncias econômicas e a consequente recuperação dos valores 
indevidamente subtraídos. Além disso, a diligência ora pretendida servirá como 
mecanismo de estabelecimento do volume de rendimentos e das operações ilícitas 
perpetradas no bojo do esquema criminoso. 
 
Caso não seja deferida a medida, corre-se o severo risco de resultar frustrada a 
apuração destes delitos. Assim, consubstancia-se mais um requisito cautelar: 
periculum in mora. 
 
Da Representação: 
 
Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva
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Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, essa 
autoridade policial apresenta REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DO SIGILO 
FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL dos investigados, com o consequente envio de 
ofícios sigilosos ao Banco Central do Brasilpara que informe se há conta(s) 
bancária(s) em nome dos investigados, informando em caso positivo banco, agência e 
os números respectivos, bem como às instituições financeiras correspondentes após 
identificadas para que informem os extratos correlatos e, ainda, à Receita Federal do 
Brasil com o fito de que seja encaminhada a declaração de imposto de renda de todos 
os indiciados, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra 
na fundamentação exposta, visando a integral elucidação dos fatos, após a oitiva do 
membro do Ministério Público. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia. 
Matrícula 
 
 
7. QUESTÃO INÉDITA ELABORADA PELO PROFESSOR 
 
Foi instaurado, no âmbito da Polícia Civil do Estado do Paraná, procedimento 
específico para investigar eventual desvio na aplicação dos recursos alocados junto ao 
Hospital Municipal de Curitiba que deveriam subsidiar pagamentos referentes a 
despesas de ordem pública. No entanto, face aos elementos coligidos aos autos, 
identificou-se que, provavelmente, o gestor do nosocômio Pedro Malevino, CPF 
888888, extraviava os respectivos valores para uma conta bancária com o propósito 
de pagamento de débitos pessoais. 
 
A gerente de administração do hospital foi oitivada durante a apuração e asseverou 
que vários documentos de autorização de depósito em conta bancária 12345 da 
agência 123 do banco Capitalização foram assinados pelo diretor Pedro Malevino entre 
janeiro e maio de 2019, mas não soube indicar quem seria o titular e qual finalidade 
dessas transferências. A referida instituição bancária foi oficiada pela autoridade 
policial titular da investigação em curso e devolveu expediente confirmando a 
titularidade da conta como sendo da esposa do nacional Pedro Malevino. 
 
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Ademais, em cumprimento à ordem judicial de busca e apreensão, tanto na residência 
quanto no gabinete do mencionado diretor, não foram encontrados extratos de saque 
de importâncias financeiras compatíveis com os valores subtraídos, nem mesmo de 
transferências da conta de sua esposa para a dele próprio. No entanto, os policiais 
civis tiveram acesso a imagens do circuito interno de câmeras da agência bancária, 
incluídas aos autos, dando conta de vários dias nos quais Pedro Malevino esteve 
pessoalmente no estabelecimento. 
 
Convocado a depor, Pedro Malevino negou os desvios, tendo alegado sobre a 
investigação se tratar de fatos bastante pretéritos e já alcançados pela prescrição, 
haja vista ocorreram há mais de 10 anos quando esteve pela primeira vez à frente da 
gestão do hospital e não relacionados a esta sua última passagem na direção da 
unidade hospitalar. 
 
Ademais, a Receita Federal encaminhou ao órgão da Polícia Civil Relatório de 
Inteligência denotando incompatibilidades na declaração de imposto de renda do 
investigado. Constam informações acerca de elevado patrimônio, em contrapartida 
renda de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mensais, fruto de cargo comissionado de 
diretor. 
 
A fim de identificar possíveis ilícitos penais, bem como verificar as quantias envolvidas 
na empreitada criminosa caso existente, na qualidade de autoridade policial, 
represente ao juiz pela medida cautelar cabível. 
 
 
Modelo de peça proposto: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL 
DA COMARCA DE CURITIBA/PR. 
 
SIGILOSO 
 
Crime: 
 
Investigado: 
 
Quebra de Sigilo – Lei Complementar 105/2001. 
 
Inquérito Policial n° 
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A Polícia Civil do Paraná, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final 
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros 
dispositivos, pelo art. 144, §4°, da CF88, art. 1°, §4°, da Lei Complementar 
n° 105/2001 e art. 198, §1º, I do CTN, bem como pelo art. 3°, I; art. 2°, §1°, 
da Lei 12.830/2013, vem, com o acatamento necessário, à presença de 
Vossa Excelência, apresentar REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO 
FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL em desfavor de Pedro Malevino, CPF 
888888, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos: 
 
Dos Fatos: 
 
Chegou ao conhecimento da Polícia Civil do Paraná, notícia de prováveis desvios de 
verba pública vinculada a um Hospital Municipal da comarca de Curitiba. As 
informações levantadas em sede de procedimento policial de apuração dão conta de 
que a conduta relatada é atribuída ao gestor da unidade hospitalar, Pedro Malevino. 
Segundo pesquisas policiais, o mencionado nacional teria utilizado valores destinados 
ao custeio de despesas públicas para efetuar depósitos em conta bancária de 
titularidade de sua esposa no período compreendido entre janeiro e maio de 2019. 
 
Realizadas diligências policiais de diversas ordens, inclusive cumprimento de busca e 
apreensão, não foi possível identificar a trajetória dos valores desfalcados nem 
mesmo a metodologia adotada para execução do crime. 
 
Fundamentos Jurídicos: 
 
A conduta narrada enquadra-se ao tipo penal de peculato, na modalidade conhecida 
como desvio, insculpida no art. 312, caput do Código Penal. Tal infração penal é 
compatível com a medida cautelar pretendida uma vez que além de versar sobre 
ilícito de repercussão econômica, por coincidência, ainda está previsto expressamente 
no rol de crimes do art. 1º, §4º, da Lei Complementar 105/01, especificamente no 
inciso VI que abrange os crimes contra a Administração Pública. 
 
A materialidade delitiva restou comprovada pelos elementos de informação coletados 
no curso das diligências policiais encetadas. O depoimento da testemunha gerente de 
administração do nosocômio confirma o expediente de depósitos em conta bancária 
particular, revelando o destino irregular das verbas hospitalares. Ademais, o ofício 
endereçado ao banco, em sua resposta, confirma a titularidade da conta bancária 
objeto dos depósitos como sendo da esposa do investigado, o que exsurge indícios de 
autoria do nacional Pedro Malevino. 
 
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Sem contar, as imagens internas do próprio banco revelando sua recorrente 
frequência à agência da conta destino dos depósitos. Além do que, a própria Receita 
Federal enviou expediente consistente em relatório de inteligência indicando suposta 
incompatibilidade entre os efetivos ganhos do investigado e seu correlato patrimônio. 
Assim, revelam-se evidenciadas tanto prova da existência do crime quanto indícios 
veementes de autoria do delito sob apuração. 
 
Diante das divergências entre as declarações de imposto de renda e a efetiva 
condição patrimonial do diretor do hospital, revela-se importante perquirir seu 
histórico de cumprimento das obrigações tributárias, ainda mais diante da sugerida 
desconfiança dos órgãos de fiscalização fiscal. Ademais, o desvelamento da 
movimentação bancária é significativamente relevante para as investigações em 
curso. Portanto, essencial o manejo da quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal do 
investigado. 
 
A diligência pretendida apresenta-se cabível com fulcro, respectivamente, no art. 1°, 
§4°, da Lei Complementar n° 105/2001 quanto à quebra do sigilo bancário e no art. 
198, §1º, I do Código Tributário Nacional em relação ao afastamento do sigilo fiscal. 
Em ambos os dispositivos, a medida aplica-se para qualquer infração penal, 
mormente no caso dos autos por conta da repercussão patrimonial empreendida pelo 
delito. Os dispositivos legais alhures mencionadosreclamam intervenção do Poder 
Judiciário como expressão da reserva de jurisdição, cuja provocação é legitimada à 
autoridade policial. 
 
A quebra do sigilo financeiro, bancário e fiscal manifesta-se, assim, crucial para o 
êxito integral desta persecução penal, revelando-se como única maneira para 
identificação dos destinos das importâncias econômicas e a consequente recuperação 
dos valores indevidamente desviados. Além disso, a diligência ora pretendida servirá 
como mecanismo de estabelecimento do volume de rendimentos e das operações 
ilícitas perpetradas no bojo do empreendimento criminoso. 
 
Impende salientar, como dito, até o presente momento não se tem notícia do destino 
efetivo dos valores mal versados, nem mesmo o trâmite de movimentações 
financeiras propiciadas pelo investigado, nem seu modo de atuação, qual seja 
sacando em espécie as importâncias financeiras ou efetuando transferências para sua 
própria conta bancária. Sem olvidar da eventual demonstração da participação da sua 
esposa no engenho criminoso, demandando-se dimensionar com precisão o rol de 
sujeitos ativos com a confirmação de ser ela ou não comparsa. Por isso, a medida de 
quebra de sigilo bancário revela-se adequada e necessária ao caso concreto em 
investigação. 
 
Por essa razão, caso não seja deferida a medida, corre-se o severo risco de resultar 
frustrada a apuração destes delitos. 
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Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, essa 
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FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL dos investigados, com o consequente envio de 
ofícios sigilosos à instituição financeira Capitalização, para que disponibilize extratos 
da conta bancária 12345 da agência 123 relativos ao período entre janeiro e maio de 
2019, e à Receita Federal do Brasil, com o fito de que seja encaminhada a declaração 
de imposto de renda referente ao exercício de 2019, por ser a medida de direito 
adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, visando a 
integral elucidação dos fatos, após a oitiva do membro do Ministério Público. 
 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia. 
Matrícula 
 
 
 
Mantenha o foco! Você está cada vez mais próximo do distintivo! Acredite! 
 
Bons estudos. 
 
Aquele abraço! 
 
Prof. Fernando Bezerra 
 
 
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