Prévia do material em texto
Ligia Regina Klein Maria Auxiliadora Cavazotti 2.ª edição 2009 Prática Educativa da Língua Portuguesa Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. © 2004-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza- ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. K672 Klein, Ligia Regina; Cavazotti, Maria Auxiliadora. / Prática Educativa da Língua Portuguesa. / Ligia Regina Klein, Maria Auxiliadora Cavazotti. 2. ed. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009. 268 p. ISBN: 978-85-387-0815-5 1. Língua Portuguesa. 2. Prática Educativa. 3. Ensino-Aprendi- zagem. I. Título. CDD 808.0469 Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: Jupiter Images/DPI Images Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Ligia Regina Klein Pós-doutora na área de concentração: Filosofia e História da Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Uni- camp), doutora em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre em Educação: Histó- ria, Política, Sociedade pela PUC-SP e graduada em Pedagogia e Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pesquisadora sobre a histori- cidade das práticas pedagógicas escolares e relações com as práticas so- ciais que as instituem. Maria Auxiliadora Cavazotti Doutora e Mestre em Educação, História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Graduada em Letras Português/Francês pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Palmas (FAFI). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Fundamentos da Educação. Atuando principalmente nos seguintes temas: epistemologia genética de Jean Piaget, marxismo, construtivis- mo piagetiano. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Sumário As quatro práticas do ensino da Língua Portuguesa ............................................................. 13 Leitura e interpretação de textos ....................................... 23 Texto com conteúdo mais explícito .................................................................................... 25 Texto que exige um nível mais profundo de interpretação ....................................... 26 Encaminhamentos importantes na prática de leitura e interpretação .................. 27 A prática de produção de textos ........................................ 35 Produção oral .............................................................................................................................. 35 Produção de texto escrito ...................................................................................................... 38 Compreendendo as relações oralidade/escrita: trabalhando com representação ..................................................45 Trabalhando com as relações letra/fonema ................... 55 Compreendendo as relações oralidade/escrita: trabalhando com o nome ..................................................... 65 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Compreendendo as relações oralidade/escrita: trabalhando com discriminação de palavras ................. 75 Trabalhando com ditado e cópia ........................................ 85 Primeiros contatos com o texto escrito ............................ 95 Primeiros contatos com o texto escrito ............................................................................. 95 Primeiras tentativas de escrita .............................................................................................. 96 Procedimentos a partir de um domínio mínimo da escrita pelos alunos .........................................................103 Prática de leitura ......................................................................................................................103 Prática de produção do texto escrito ...............................................................................104 Trabalhando com a direção da escrita, a segmentação e outros recursos gráficos ..................... 111 Direção da escrita ....................................................................................................................111 Segmentação ............................................................................................................................112 Recursos gráficos .....................................................................................................................112 Trabalhando com estrutura textual e unidade temática ................................................................123 Estrutura textual ......................................................................................................................123 Unidade temática ....................................................................................................................126 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Trabalhando com os elementos textuais: coesão e coerência.................................................................135 Recursos de coesão referencial ..........................................................................................136 Recursos de coesão sequencial ..........................................................................................137 Coesão por conexão ...............................................................................................................138 Coerência ...................................................................................................................................140 Trabalhando com os elementos textuais: concordância e regência ......................................................149 Sintaxe de concordância.......................................................................................................149 Sintaxe de regência ................................................................................................................151 Trabalhando com os tipos de texto: textos literários ........................................................................163 Trabalhando com os tipos de texto: textos informativos e epistolares ......................................181 Textos informativos ................................................................................................................181 Textos epistolares ....................................................................................................................185 Trabalhando com os tipos de texto: textos publicitários ................................................................193 Propaganda ou anúncio .......................................................................................................195 Cartaz e folheto ........................................................................................................................196 Classificados ..............................................................................................................................197 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Trabalhando com narração, descrição e dissertação ........................................................205 Narração .....................................................................................................................................205Descrição ....................................................................................................................................207 Dissertação ................................................................................................................................208 Trabalhando com o erro do aluno: reescrita do texto....................................................................219 Sistematização do gráfico ....................................................................................................225 Unidade pedagógica.............................................................231 Planejamento de uma unidade pedagógica .................................................................232 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Apresentação A prática educativa do ensino de Língua Portuguesa, desde as séries iniciais, cons- titui um tema bastante extenso, seja pela sua própria complexidade, seja pelas várias perspectivas atualmente em debate. Sem pretender esgotar o assunto, este livro apresenta um conjunto de princípios norteadores da prática, sob o ponto de vista do letramento. A prática pedagógica apoia-se, em última instância, no tipo de resposta que se dá a uma questão de fundo: qual é o objetivo do ensino da Língua? A aborda- gem que se propõe neste material parte da seguinte resposta: produzir o leitor/ escritor competente, capaz de fazer o uso adequado dos recursos discursivos – nas modalidades oral e escrita – para, de forma fluente, interagir linguistica- mente com outros sujeitos. As unidades que constituem esta proposta tomaram tal objetivo como norte, bus- cando orientar o professor na realização de práticas educativas que não se limitem ao domínio técnico do código, mas contemplem a compreensão dos mecanismos e recursos da estrutura textual em cada situação discursiva, isto é, considerando o contexto interno ao texto e o contexto mais amplo de produção do texto. A proposta, que se constitui de vinte capítulos, trata, num primeiro momento, das questões mais específicas do trabalho com o código e, em seguida, desenvolve conteúdos relativos à estrutura e à articulação textual. Cabe lembrar, entretanto, que tal apresentação em nenhum momento pretende sugerir um trabalho que possibilite a dissociação de ambos os aspectos da produção escrita. Tanto é assim, que o primeiro tema já estabelece, como fundamento, que toda unidade pedagó- gica seja constituída por quatro práticas integradoras, a saber: leitura/interpreta- ção de textos, produção de textos, análise linguística e atividades de sistematiza- ção de conteúdos específicos. Não se trata, evidentemente, de um manual de receitas. Antes, buscamos oferecer um conjunto de reflexões, com sugestões práticas, visando incentivar o professor a criar as suas próprias estratégias de ensino – aprendizagem. Esperamos que este material contribua para sua formação teórico-prática, subsi- diando de modo satisfatório suas atividades pedagógicas. Ligia Regina Klein e Maria Auxiliadora Cavazotti Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Maria Auxiliadora Cavazotti O texto oral ou escrito consiste em um processo de comunicação com um interlocutor real ou virtual. A enunciação se realiza por meio de um código (letras e recursos como: pontuação, acentuação e parágrafo) e contém elementos para articulação do sentido do texto (unidade temá- tica, estrutura, coerência, coesão, concordância, regência, entre outros). Os recursos da língua não têm uma função em si mesmos, mas são de- terminados pelo contexto do texto. Este, por sua vez, está inserido no contexto de interlocução, que determina situações diferentes para um mesmo recurso. A produção oral deve levar em conta as diferentes formas de expressão que os alunos trazem de sua comunidade, enquanto falantes da língua materna. Produção oral Objetivos da produção oral Oferecer ao aluno a possibilidade de aquisição da linguagem formal, também na oralidade, para efetivo domínio da Língua Portuguesa. Propiciar o ensino-aprendizagem do uso de diferentes recursos da lin- guagem oral, adequando-os às diversas situações, ao grau de formalidade necessária, aos objetivos pretendidos, ao interlocutor. Adequar a linguagem ao grau de formalidade requerida pela situação de comunicação. Produzir o aluno como um sujeito capaz de dotar sua fala de argumen- tos que deem conta de estabelecer uma conversa, responder a uma entre- vista, participar de um debate. A prática de produção de textos Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 36 Prática Educativa da Língua Portuguesa Ampliar a experiência linguística, tendo em vista que a oralidade da maio- ria dos alunos é adquirida em contextos comunicativos informais, coloquiais ou familiares. Propiciar situações diversificadas de prática da oralidade como: debates, con- versas, relatos, contos, que proporcionam oportunidades de praticar formas de oralidade diferentes daquelas exercitadas no ambiente familiar. Possibilitar o enriquecimento, a ampliação e o aperfeiçoamento do discurso, para tornar o aluno um usuário competente da língua oral. Ouvir atentamente a fala do professor e dos colegas para aprender a esperar a vez de falar, bem como respeitar a fala do outro. Encaminhamentos metodológicos O exercício de produção de um texto requer a definição prévia dos obje- tivos do texto e do interlocutor a quem é dirigido. Essa definição preliminar estrutura o conteúdo e a forma do texto: quanto ao tipo de texto, à linguagem adequada, à argumentação e às informações necessárias, entre outras. A produção oral demanda promover contato reiterado do aluno com a lin- guagem formal, incorporando expressões, pronúncia, construções alheias à linguagem coloquial, de forma não agressiva, mantendo respeito pelos valores culturais da comunidade da qual é oriundo. Promover atividades de produção de textos orais, como comentários, dis- cussões, apresentações etc., contribui para o enriquecer das possibilidades de expressão oral. Para isso, cabe ao professor selecionar conteúdos e organizar es- tratégias adequadas à composição oral, individual ou coletiva. Sugestões de estratégias Narrar falas em sequência temporal e/ou casual. � Fazer exposição oral autonomamente ou com a ajuda de perguntas feitas � pelo professor. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br A prática de produção de textos 37 Descrever objetos. � Descrever cenários e personagens de histórias lidas (pelo professor ou � pelo próprio aluno). Realizar dramatizações de histórias lidas ou escritas coletivamente pelos � alunos (autonomamente ou com a ajuda do professor). Dramatizar textos, poemas e músicas tendo em vista o aprimoramento da � entonação, dicção, gesto, postura etc. Relatar de maneira clara e ordenada ideias, opiniões, sentimentos e ex- � periências. Ouvir e reproduzir oralmente textos da tradição oral popular como: trava- � -línguas, quadrinhas, parlendas, adivinhações, canções, lendas e causos. Produzir textos orais em situações de intercâmbio verbal como: recados, � instruções, saudações, diálogos, entrevistas, pesquisas, debates, diálogos com autoridades etc. Explanar temas científicos. � Debater assuntos de opinião. � Ouvir e interpretar textos de rádio e televisão, como propagandas, entre- � vistas e notícias.Conversar com uma autoridade, solicitando a realização de um serviço; � telefonar para um amigo convidando-o para um passeio, ou para alguém, cumprimentando-o pelo aniversário; conversar com o vendedor de um estabelecimento comercial do bairro ou da localidade em que vive, utili- zando-se da formalidade exigida em cada interlocução. Responder oralmente aos problemas apresentados pelo professor. � Contar filmes assistidos, histórias relatadas na família ou fatos vivenciados. � Recriar histórias, compondo oralmente o início ou final incompletos, alte- � rando-os, inventando ou retirando personagens, acrescentando falas aos personagens. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 38 Prática Educativa da Língua Portuguesa Produção de texto escrito Para que os alunos adquiram competência como escritores, isto é, sejam capazes de escrever com qualidade verbal e correção linguística, o ensino da Língua Portuguesa pressupõe a realização de atividades de produção do texto escrito desde o início da aprendizagem. Portanto, essas não devem ser poster- gadas para quando eles já souberem escrever de forma independente. Desse modo, o professor, reportando às condições de uso real da escrita, que configura sua principal preocupação metodológica, realiza atividades práticas de produ- ção de texto com os alunos em sala de aula de modo sistemático, contemplando estratégias adequadas de ensino. Objetivos da produção de texto escrito O objetivo da produção do texto escrito é tornar o aluno capaz de escrever um bom texto, expressando suas ideias de modo claro e adequado, segundo seus objetivos, e levando em conta o interlocutor e o contexto. Também, ser capaz de escrever com qualidade verbal e correção linguística. Encaminhamentos metodológicos As atividades de escrita podem articular-se às atividades da prática da ora- lidade já descritas. Cabe ao professor julgar a pertinência ou não de dar con- tinuidade a um exercício de produção oral, com uma atividade de exercício escrito desse texto. Ele definirá com os alunos as condições de produção do texto escrito. É muito importante organizar um trabalho de produção de textos narrativos, descritivos, narrativos/descritivos, escritos com finalidade definida previamente com os alunos, como: livro de história, mural das produções, cordel de anedotá- rio, diário da turma. Essas produções, organizadas a partir de textos elaborados pelos alunos e registradas pelo professor ou escritos pelos próprios alunos, podem ser publi- cadas periodicamente (bimestre, semestre, ano letivo). Pressupõe a escolha co- letiva, sob a orientação do professor, do assunto (história do nome, de animais, fantásticas, textos humorísticos etc.) e do interlocutor, dos objetivos, mediante resposta às perguntas: Como? Quem? Quando? Onde? Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br A prática de produção de textos 39 Além da produção de textos, o professor poderá propor atividades de regis- tro de palavras que, embora isoladas, sejam significativas em decorrência de de- terminado contexto, como: nomes de pessoas; � legendas; � etiquetas de objetos, animais, brinquedos, comidas, lugares desenhados; � calendário com nome dos dias da semana, meses do ano, feriados e ou- � tros dados. Finalmente, articulando procedimentos de produção de textos orais com ati- vidades de leitura e de registro dos textos dos alunos, o professor promove o de- senvolvimento da compreensão do que representa a escrita, seus usos, formas e recursos. O domínio do gráfico (codificação/decodificação), por sua vez, faz-se por meio de atividades de produção e leitura de textos, complementadas por ati- vidades específicas de estudo das relações oralidade/escrita, inclusive letras/fo- nemas e sílabas, a partir de palavras e frases significativas, oriundas dos textos produzidos. É importante salientar que para se produzir bons escritores na escola é cabível permitir que os alunos realizem tentativas de escrita que, inicialmente, podem apresentar muitos erros. A ideia de que elas só deverão escrever textos quando forem capazes de não cometer mais erros traz consequências negativas para o aprendizado, como: retardar-se-á demasiadamente o exercício da escrita em situações de uso � real, de modo que os alunos provavelmente se desinteressarão pelo seu aprendizado e desconsiderarão a noção dos usos reais da escrita; os alunos tenderão a valorizar mais a forma do que o conteúdo dos seus � textos, que resultarão em textos estereotipados, cujo conteúdo não é re- levante; textos sem originalidade, com vocabulário pobre, pois provavel- mente usarão apenas palavras e estruturas frasais que já dominam perfei- tamente. Possivelmente, distorcerão o conteúdo pensado, pois terão de limitar as ideias, palavras e frases, cuja grafia dominam. O fato de ser aceitável o aluno errar ao escrever não significa, entretanto, que seus erros sejam ignorados, pois serão objetos de reflexão, a fim de serem supe- Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 40 Prática Educativa da Língua Portuguesa rados por sua aprendizagem progressiva no momento da prática de produção da escrita, denominada reescrita do texto. Mas, antes disso, é preciso que os alunos sejam encorajados a registrar suas ideias em tentativas de escrita, para depois, reformular os erros com o objetivo de produzir uma exposição de melhor qualidade. O princípio que norteia seu aprendizado é de que não se trata de escrever gramatical e graficamente correto, sendo o texto vazio de conteúdo. Pelo con- trário, o objetivo do ensino-aprendizagem da composição escrita é que o aluno seja capaz de escrever um bom texto, com boas ideias expressas de modo claro e adequado. Dito de outra forma, a correção gráfica e gramatical está a serviço do conteúdo que se quer expressar. Sugestões de estratégias A produção de texto deve iniciar com atividades que contribuam para a com- preensão do conteúdo a ser escrito. Esse momento é importante porque nin- guém escreve com propriedade sobre o que não sabe. Assim, antes de escrever, o aluno deverá conhecer o assunto sobre o qual escreve. Propiciar, portanto, ati- vidades que lhe ofereçam informações, debates, opiniões e reflexões sobre o tema do texto que será desenvolvido. Incentivar a pesquisa em livros, revistas, jornais, relatos; a observação, a realização de entrevistas, enfim, tantas e quantas atividades forem possíveis, que oportunizem ao aluno conhecer e pensar sobre o assunto em pauta, tema. Organizar discussões e debates entre eles sobre o assunto em pauta, permitindo-lhes refletir, trocar ideias e elaborar uma opinião sobre as questões que serão abordadas. Para o momento da elaboração do texto, é necessário promover uma dis- cussão sobre sua organização. Essa reflexão incide sobre os elementos, anterior- mente mencionados, que orientam a produção do texto: o interlocutor, seja ele real ou virtual; o tipo de texto e de linguagem, formal ou informal, mais adequa- do para os objetivos estabelecidos e para o interlocutor selecionado. Poder-se-á nortear a discussão com perguntas como: O texto será lido na sala de aula? Irá para o mural da escola, para leitura de todos? Integrará o material da classe? Será publicado no jornalzinho da escola? Será encaminhado para as famílias lerem? É uma solicitação dirigida ao diretor da Escola, ao Secretário de Educação ou a outra autoridade? Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br A prática de produção de textos 41 Também é desejável avaliar algumas possibilidades de organização estrutu- ral do texto, procurando equacionar os limites da introdução, desenvolvimento e conclusão. Texto complementar Em terra de surdos-mudos Um estudo sobreas condições de produção de textos escolares (BRITTO, 2006, p. 118-119) É próprio da linguagem seu caráter interlocutivo. A língua é o meio privile- giado de interação entre os homens. Em todas as circunstâncias em que se fala ou se escreve há um interlocutor. “Toda a enunciação é, explícita ou implicita- mente, uma alocução – ela postula um alocutário” (BENVENISTE, 1976, 2 v.). O monólogo não é mais que uma situação comunicativa em que o locutor elege a si mesmo interlocutor; “é um diálogo interiorizado (falado em ‘linguagem in- terior’) entre um locutor e um ouvinte” (BENVENISTE, 1976, 2 v.). Está claro que esta relação não é mecânica. O interlocutor pode ser real ou imaginário, individual ou coletivo, pode estar mais ou menos próximo, muda em cada situação concreta. O interlocutor ativo da oralidade, fisica- mente materializado e que pode a qualquer momento intervir no discurso do locutor (invertendo papéis como este, inclusive), está distante na escrita e, num primeiro nível de análise, interferindo e interpelando indiretamente o locutor. Mesmo dentro da escrita podem-se identificar diferentes tipos de interlo- cutor: ele pode ser preciso, definido, como numa carta, numa petição; pode ser genérico ou num determinado segmento social, como num jornal; pode ser virtual, como na ficção literária. A presença desse interlocutor no discurso de um indivíduo não é algo neutro, sem valor. Ao contrário, em alguma medida, está sempre interferindo no discurso do locutor: “se num primeiro nível de análise é o locutor que se coloca em evidência, num nível mais profundo, é possível observar que é Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 42 Prática Educativa da Língua Portuguesa um agente por tabela do discurso, na medida em que é nele que se justifica o próprio discurso. É do tipo de relação entre locutor e ouvinte que decorre o tipo de ação a ser empreendida pelo locutor através de seu discurso. Um eu não define, por si só, a ação a ser empreendida: é preciso que ele tenha a imagem do tu ou que o tu forneça essa imagem” (OSAKABE, 1979, p. 53). É curioso, nesse sentido, que a maioria dos trabalhos sobre redação esco- lar ou não toquem na questão da interlocução ou falem na ausência de in- terlocutor, identificando aí uma das dificuldades maiores do estudante: falar para ninguém ou, mais exatamente, não saber a quem se fala. Dicas de estudo Para aprofundar a reflexão sobre a produção de textos você pode ler o artigo de. GERALDI, João Wanderley Escrita, Uso da Escrita e Avaliação. In: GERALDI, João Wanderley (Org.). O Texto na Sala de Aula. 4. ed. São Paulo: Ática, 2006. p. 127-131. O artigo, escrito em linguagem clara e acessível para o professor, reafirma a importância da prática da produção de texto na sala de aula com o objetivo de produzir o aluno como escritor competente, capaz de se inserir na sociedade le- trada. Explicita que, uma prática educativa da língua portuguesa voltada para o ensino de qualidade, tem como pressupostos a concepção da linguagem como interação e a educação como ato político. Atividades 1. Com base na reflexão sobre produção de textos, escreva um roteiro de traba- lho para aplicação do estudo desta aula em uma aula prática com alunos. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br A prática de produção de textos 43 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 44 Prática Educativa da Língua Portuguesa Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br A prática de produção de textos I. Etapa da produção oral: Proponha aos alunos um debate de opinião sobre o programa de tele- visão mais interessante. a) Promover a troca de ideias sobre programa de TV que os alunos apreciam como mais interessante e as justificativas que apresen- tam a respeito de sua opinião. Para facilitar a reflexão, relembre aos alunos que há diferentes pro- gramas destinados à transmissão de: desenhos e brincadeiras de crianças; � notícias nacionais e internacionais; � acontecimentos esportivos; � fatos culturais e educativos; � quadros humorísticos; � telenovelas. � b) Dividir o quadro de giz em duas colunas e anotar na primeira colu- na as manifestações do grupo, respeitando o consenso da maioria sobre pontos positivos e negativos que o programa de TV escolhi- do apresenta. Levar em conta, também, opiniões divergentes, desde que subme- tidas às considerações dos colegas, pois é importante estimular a apreciação de diferentes pontos de vista. II. Etapa da produção escrita: a) Escrever na segunda coluna do quadro de giz, com ajuda dos alu- nos e com base nas anotações registradas, o texto O programa de televisão mais interessante. Gabarito Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Prática Educativa da Língua Portuguesa O texto terá uma estrutura composta de: Introdução– descrição do programa eleito pelos alunos para ser objeto do texto, apresentando um conjunto de informações: qual o gênero do programa (conforme a classificação acima mencionada); qual o nome; do que trata; como é feito; se tem personagens; qual o horário e a frequên- cia em que é transmitido etc. Desenvolvimento– em seguida, argumentar quais os aspectos positivos que o tornam um programa interessante, e que aspectos negativos que de alguma forma atrapalham a transmissão televisiva. Concluir com uma observação geral apreciativa sobre a importância do programa para a formação das crianças ou algo semelhante que os alu- nos possam sugerir. b) Copiar o texto em um cartaz ou em folha de papel para ser fixado no mu- ral da sala de aula. O texto poderá ser utilizado para realização de práticas posteriores de análise linguística e sistematização do código. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br