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Prática Educativa da Língua Portuguesa - Autoras: Lígia Regina Klein e Maria Auxiliadora Cavazotti Capitulo 3

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Ligia Regina Klein
Maria Auxiliadora Cavazotti
2.ª edição
2009
Prática Educativa da
Língua
Portuguesa
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IESDE Brasil S.A. 
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ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
K672 Klein, Ligia Regina; Cavazotti, Maria Auxiliadora. / Prática 
Educativa da Língua Portuguesa. / Ligia Regina Klein, 
Maria Auxiliadora Cavazotti. 2. ed. — Curitiba : IESDE Brasil 
S.A. , 2009.
268 p.
ISBN: 978-85-387-0815-5
1. Língua Portuguesa. 2. Prática Educativa. 3. Ensino-Aprendi-
zagem. I. Título. 
CDD 808.0469
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Jupiter Images/DPI Images
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Ligia Regina Klein
Pós-doutora na área de concentração: Filosofia e História da Educação 
pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Uni-
camp), doutora em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre em Educação: Histó-
ria, Política, Sociedade pela PUC-SP e graduada em Pedagogia e Filosofia 
pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pesquisadora sobre a histori-
cidade das práticas pedagógicas escolares e relações com as práticas so-
ciais que as instituem. 
Maria Auxiliadora Cavazotti 
Doutora e Mestre em Educação, História e Filosofia da Educação pela 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Graduada em 
Letras Português/Francês pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 
de Palmas (FAFI). Tem experiência na área de Educação, com ênfase 
em Fundamentos da Educação. Atuando principalmente nos seguintes 
temas: epistemologia genética de Jean Piaget, marxismo, construtivis-
mo piagetiano.
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Sumário
As quatro práticas do ensino 
da Língua Portuguesa ............................................................. 13
Leitura e interpretação de textos ....................................... 23
Texto com conteúdo mais explícito .................................................................................... 25
Texto que exige um nível mais profundo de interpretação ....................................... 26
Encaminhamentos importantes na prática de leitura e interpretação .................. 27
A prática de produção de textos ........................................ 35
Produção oral .............................................................................................................................. 35
Produção de texto escrito ...................................................................................................... 38
Compreendendo as relações oralidade/escrita: 
trabalhando com representação ..................................................45
Trabalhando com as relações letra/fonema ................... 55
Compreendendo as relações oralidade/escrita: 
trabalhando com o nome ..................................................... 65
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Compreendendo as relações oralidade/escrita: 
trabalhando com discriminação de palavras ................. 75
Trabalhando com ditado e cópia ........................................ 85
Primeiros contatos com o texto escrito ............................ 95
Primeiros contatos com o texto escrito ............................................................................. 95
Primeiras tentativas de escrita .............................................................................................. 96
Procedimentos a partir de um domínio mínimo 
da escrita pelos alunos .........................................................103
Prática de leitura ......................................................................................................................103
Prática de produção do texto escrito ...............................................................................104
Trabalhando com a direção da escrita, 
a segmentação e outros recursos gráficos ..................... 111
Direção da escrita ....................................................................................................................111
Segmentação ............................................................................................................................112
Recursos gráficos .....................................................................................................................112
Trabalhando com estrutura textual 
e unidade temática ................................................................123
Estrutura textual ......................................................................................................................123
Unidade temática ....................................................................................................................126
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Trabalhando com os elementos textuais: 
coesão e coerência.................................................................135
Recursos de coesão referencial ..........................................................................................136
Recursos de coesão sequencial ..........................................................................................137
Coesão por conexão ...............................................................................................................138
Coerência ...................................................................................................................................140
Trabalhando com os elementos textuais: 
concordância e regência ......................................................149
Sintaxe de concordância.......................................................................................................149
Sintaxe de regência ................................................................................................................151
Trabalhando com os tipos de texto: 
textos literários ........................................................................163
Trabalhando com os tipos de texto: 
textos informativos e epistolares ......................................181
Textos informativos ................................................................................................................181
Textos epistolares ....................................................................................................................185
Trabalhando com os tipos de texto: 
textos publicitários ................................................................193
Propaganda ou anúncio .......................................................................................................195
Cartaz e folheto ........................................................................................................................196
Classificados ..............................................................................................................................197
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Trabalhando com narração, 
descrição e dissertação ........................................................205
Narração .....................................................................................................................................205Descrição ....................................................................................................................................207
Dissertação ................................................................................................................................208
Trabalhando com o erro do aluno: 
reescrita do texto....................................................................219
Sistematização do gráfico ....................................................................................................225
Unidade pedagógica.............................................................231
Planejamento de uma unidade pedagógica .................................................................232
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Apresentação
A prática educativa do ensino de Língua Portuguesa, desde as séries iniciais, cons-
titui um tema bastante extenso, seja pela sua própria complexidade, seja pelas 
várias perspectivas atualmente em debate. Sem pretender esgotar o assunto, este 
livro apresenta um conjunto de princípios norteadores da prática, sob o ponto de 
vista do letramento. 
A prática pedagógica apoia-se, em última instância, no tipo de resposta que se 
dá a uma questão de fundo: qual é o objetivo do ensino da Língua? A aborda-
gem que se propõe neste material parte da seguinte resposta: produzir o leitor/
escritor competente, capaz de fazer o uso adequado dos recursos discursivos 
– nas modalidades oral e escrita – para, de forma fluente, interagir linguistica-
mente com outros sujeitos. 
As unidades que constituem esta proposta tomaram tal objetivo como norte, bus-
cando orientar o professor na realização de práticas educativas que não se limitem 
ao domínio técnico do código, mas contemplem a compreensão dos mecanismos 
e recursos da estrutura textual em cada situação discursiva, isto é, considerando o 
contexto interno ao texto e o contexto mais amplo de produção do texto.
A proposta, que se constitui de vinte capítulos, trata, num primeiro momento, das 
questões mais específicas do trabalho com o código e, em seguida, desenvolve 
conteúdos relativos à estrutura e à articulação textual. Cabe lembrar, entretanto, 
que tal apresentação em nenhum momento pretende sugerir um trabalho que 
possibilite a dissociação de ambos os aspectos da produção escrita. Tanto é assim, 
que o primeiro tema já estabelece, como fundamento, que toda unidade pedagó-
gica seja constituída por quatro práticas integradoras, a saber: leitura/interpreta-
ção de textos, produção de textos, análise linguística e atividades de sistematiza-
ção de conteúdos específicos. 
Não se trata, evidentemente, de um manual de receitas. Antes, buscamos oferecer 
um conjunto de reflexões, com sugestões práticas, visando incentivar o professor 
a criar as suas próprias estratégias de ensino – aprendizagem. 
Esperamos que este material contribua para sua formação teórico-prática, subsi-
diando de modo satisfatório suas atividades pedagógicas. 
Ligia Regina Klein e Maria Auxiliadora Cavazotti
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Maria Auxiliadora Cavazotti
O texto oral ou escrito consiste em um processo de comunicação com 
um interlocutor real ou virtual. A enunciação se realiza por meio de um 
código (letras e recursos como: pontuação, acentuação e parágrafo) e 
contém elementos para articulação do sentido do texto (unidade temá-
tica, estrutura, coerência, coesão, concordância, regência, entre outros). 
Os recursos da língua não têm uma função em si mesmos, mas são de-
terminados pelo contexto do texto. Este, por sua vez, está inserido no 
contexto de interlocução, que determina situações diferentes para um 
mesmo recurso.
A produção oral deve levar em conta as diferentes formas de expressão 
que os alunos trazem de sua comunidade, enquanto falantes da língua 
materna.
Produção oral
Objetivos da produção oral
Oferecer ao aluno a possibilidade de aquisição da linguagem formal, 
também na oralidade, para efetivo domínio da Língua Portuguesa.
Propiciar o ensino-aprendizagem do uso de diferentes recursos da lin-
guagem oral, adequando-os às diversas situações, ao grau de formalidade 
necessária, aos objetivos pretendidos, ao interlocutor.
Adequar a linguagem ao grau de formalidade requerida pela situação 
de comunicação.
Produzir o aluno como um sujeito capaz de dotar sua fala de argumen-
tos que deem conta de estabelecer uma conversa, responder a uma entre-
vista, participar de um debate.
A prática de produção de textos
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Prática Educativa da Língua Portuguesa
Ampliar a experiência linguística, tendo em vista que a oralidade da maio-
ria dos alunos é adquirida em contextos comunicativos informais, coloquiais ou 
familiares.
Propiciar situações diversificadas de prática da oralidade como: debates, con-
versas, relatos, contos, que proporcionam oportunidades de praticar formas de 
oralidade diferentes daquelas exercitadas no ambiente familiar.
Possibilitar o enriquecimento, a ampliação e o aperfeiçoamento do discurso, 
para tornar o aluno um usuário competente da língua oral.
Ouvir atentamente a fala do professor e dos colegas para aprender a esperar 
a vez de falar, bem como respeitar a fala do outro.
Encaminhamentos metodológicos
O exercício de produção de um texto requer a definição prévia dos obje-
tivos do texto e do interlocutor a quem é dirigido. Essa definição preliminar 
estrutura o conteúdo e a forma do texto: quanto ao tipo de texto, à linguagem 
adequada, à argumentação e às informações necessárias, entre outras.
A produção oral demanda promover contato reiterado do aluno com a lin-
guagem formal, incorporando expressões, pronúncia, construções alheias à 
linguagem coloquial, de forma não agressiva, mantendo respeito pelos valores 
culturais da comunidade da qual é oriundo.
Promover atividades de produção de textos orais, como comentários, dis-
cussões, apresentações etc., contribui para o enriquecer das possibilidades de 
expressão oral. Para isso, cabe ao professor selecionar conteúdos e organizar es-
tratégias adequadas à composição oral, individual ou coletiva.
Sugestões de estratégias
Narrar falas em sequência temporal e/ou casual. �
Fazer exposição oral autonomamente ou com a ajuda de perguntas feitas �
pelo professor.
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A prática de produção de textos
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Descrever objetos. �
Descrever cenários e personagens de histórias lidas (pelo professor ou �
pelo próprio aluno).
Realizar dramatizações de histórias lidas ou escritas coletivamente pelos �
alunos (autonomamente ou com a ajuda do professor).
Dramatizar textos, poemas e músicas tendo em vista o aprimoramento da �
entonação, dicção, gesto, postura etc.
Relatar de maneira clara e ordenada ideias, opiniões, sentimentos e ex- �
periências.
Ouvir e reproduzir oralmente textos da tradição oral popular como: trava- �
-línguas, quadrinhas, parlendas, adivinhações, canções, lendas e causos.
Produzir textos orais em situações de intercâmbio verbal como: recados, �
instruções, saudações, diálogos, entrevistas, pesquisas, debates, diálogos 
com autoridades etc.
Explanar temas científicos. �
Debater assuntos de opinião. �
Ouvir e interpretar textos de rádio e televisão, como propagandas, entre- �
vistas e notícias.Conversar com uma autoridade, solicitando a realização de um serviço; �
telefonar para um amigo convidando-o para um passeio, ou para alguém, 
cumprimentando-o pelo aniversário; conversar com o vendedor de um 
estabelecimento comercial do bairro ou da localidade em que vive, utili-
zando-se da formalidade exigida em cada interlocução.
Responder oralmente aos problemas apresentados pelo professor. �
Contar filmes assistidos, histórias relatadas na família ou fatos vivenciados. �
Recriar histórias, compondo oralmente o início ou final incompletos, alte- �
rando-os, inventando ou retirando personagens, acrescentando falas aos 
personagens.
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Prática Educativa da Língua Portuguesa
Produção de texto escrito
Para que os alunos adquiram competência como escritores, isto é, sejam 
capazes de escrever com qualidade verbal e correção linguística, o ensino da 
Língua Portuguesa pressupõe a realização de atividades de produção do texto 
escrito desde o início da aprendizagem. Portanto, essas não devem ser poster-
gadas para quando eles já souberem escrever de forma independente. Desse 
modo, o professor, reportando às condições de uso real da escrita, que configura 
sua principal preocupação metodológica, realiza atividades práticas de produ-
ção de texto com os alunos em sala de aula de modo sistemático, contemplando 
estratégias adequadas de ensino.
Objetivos da produção de texto escrito
O objetivo da produção do texto escrito é tornar o aluno capaz de escrever 
um bom texto, expressando suas ideias de modo claro e adequado, segundo 
seus objetivos, e levando em conta o interlocutor e o contexto.
Também, ser capaz de escrever com qualidade verbal e correção linguística.
Encaminhamentos metodológicos
As atividades de escrita podem articular-se às atividades da prática da ora-
lidade já descritas. Cabe ao professor julgar a pertinência ou não de dar con-
tinuidade a um exercício de produção oral, com uma atividade de exercício 
escrito desse texto. Ele definirá com os alunos as condições de produção do 
texto escrito.
É muito importante organizar um trabalho de produção de textos narrativos, 
descritivos, narrativos/descritivos, escritos com finalidade definida previamente 
com os alunos, como: livro de história, mural das produções, cordel de anedotá-
rio, diário da turma.
Essas produções, organizadas a partir de textos elaborados pelos alunos e 
registradas pelo professor ou escritos pelos próprios alunos, podem ser publi-
cadas periodicamente (bimestre, semestre, ano letivo). Pressupõe a escolha co-
letiva, sob a orientação do professor, do assunto (história do nome, de animais, 
fantásticas, textos humorísticos etc.) e do interlocutor, dos objetivos, mediante 
resposta às perguntas: Como? Quem? Quando? Onde?
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A prática de produção de textos
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Além da produção de textos, o professor poderá propor atividades de regis-
tro de palavras que, embora isoladas, sejam significativas em decorrência de de-
terminado contexto, como:
nomes de pessoas; �
legendas; �
etiquetas de objetos, animais, brinquedos, comidas, lugares desenhados; �
calendário com nome dos dias da semana, meses do ano, feriados e ou- �
tros dados.
Finalmente, articulando procedimentos de produção de textos orais com ati-
vidades de leitura e de registro dos textos dos alunos, o professor promove o de-
senvolvimento da compreensão do que representa a escrita, seus usos, formas 
e recursos.
O domínio do gráfico (codificação/decodificação), por sua vez, faz-se por 
meio de atividades de produção e leitura de textos, complementadas por ati-
vidades específicas de estudo das relações oralidade/escrita, inclusive letras/fo-
nemas e sílabas, a partir de palavras e frases significativas, oriundas dos textos 
produzidos.
É importante salientar que para se produzir bons escritores na escola é cabível 
permitir que os alunos realizem tentativas de escrita que, inicialmente, podem 
apresentar muitos erros. A ideia de que elas só deverão escrever textos quando 
forem capazes de não cometer mais erros traz consequências negativas para o 
aprendizado, como:
retardar-se-á demasiadamente o exercício da escrita em situações de uso �
real, de modo que os alunos provavelmente se desinteressarão pelo seu 
aprendizado e desconsiderarão a noção dos usos reais da escrita;
os alunos tenderão a valorizar mais a forma do que o conteúdo dos seus �
textos, que resultarão em textos estereotipados, cujo conteúdo não é re-
levante; textos sem originalidade, com vocabulário pobre, pois provavel-
mente usarão apenas palavras e estruturas frasais que já dominam perfei-
tamente. Possivelmente, distorcerão o conteúdo pensado, pois terão de 
limitar as ideias, palavras e frases, cuja grafia dominam.
O fato de ser aceitável o aluno errar ao escrever não significa, entretanto, que 
seus erros sejam ignorados, pois serão objetos de reflexão, a fim de serem supe-
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Prática Educativa da Língua Portuguesa
rados por sua aprendizagem progressiva no momento da prática de produção 
da escrita, denominada reescrita do texto.
Mas, antes disso, é preciso que os alunos sejam encorajados a registrar suas 
ideias em tentativas de escrita, para depois, reformular os erros com o objetivo 
de produzir uma exposição de melhor qualidade.
O princípio que norteia seu aprendizado é de que não se trata de escrever 
gramatical e graficamente correto, sendo o texto vazio de conteúdo. Pelo con-
trário, o objetivo do ensino-aprendizagem da composição escrita é que o aluno 
seja capaz de escrever um bom texto, com boas ideias expressas de modo claro 
e adequado. Dito de outra forma, a correção gráfica e gramatical está a serviço 
do conteúdo que se quer expressar.
Sugestões de estratégias
A produção de texto deve iniciar com atividades que contribuam para a com-
preensão do conteúdo a ser escrito. Esse momento é importante porque nin-
guém escreve com propriedade sobre o que não sabe. Assim, antes de escrever, 
o aluno deverá conhecer o assunto sobre o qual escreve. Propiciar, portanto, ati-
vidades que lhe ofereçam informações, debates, opiniões e reflexões sobre o 
tema do texto que será desenvolvido. Incentivar a pesquisa em livros, revistas, 
jornais, relatos; a observação, a realização de entrevistas, enfim, tantas e quantas 
atividades forem possíveis, que oportunizem ao aluno conhecer e pensar sobre 
o assunto em pauta, tema. Organizar discussões e debates entre eles sobre o 
assunto em pauta, permitindo-lhes refletir, trocar ideias e elaborar uma opinião 
sobre as questões que serão abordadas.
Para o momento da elaboração do texto, é necessário promover uma dis-
cussão sobre sua organização. Essa reflexão incide sobre os elementos, anterior-
mente mencionados, que orientam a produção do texto: o interlocutor, seja ele 
real ou virtual; o tipo de texto e de linguagem, formal ou informal, mais adequa-
do para os objetivos estabelecidos e para o interlocutor selecionado. Poder-se-á 
nortear a discussão com perguntas como: O texto será lido na sala de aula? Irá 
para o mural da escola, para leitura de todos? Integrará o material da classe? Será 
publicado no jornalzinho da escola? Será encaminhado para as famílias lerem? 
É uma solicitação dirigida ao diretor da Escola, ao Secretário de Educação ou a 
outra autoridade?
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A prática de produção de textos
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Também é desejável avaliar algumas possibilidades de organização estrutu-
ral do texto, procurando equacionar os limites da introdução, desenvolvimento 
e conclusão.
Texto complementar
Em terra de surdos-mudos
Um estudo sobreas condições de produção de textos escolares
(BRITTO, 2006, p. 118-119)
É próprio da linguagem seu caráter interlocutivo. A língua é o meio privile-
giado de interação entre os homens. Em todas as circunstâncias em que se fala 
ou se escreve há um interlocutor. “Toda a enunciação é, explícita ou implicita-
mente, uma alocução – ela postula um alocutário” (BENVENISTE, 1976, 2 v.). O 
monólogo não é mais que uma situação comunicativa em que o locutor elege 
a si mesmo interlocutor; “é um diálogo interiorizado (falado em ‘linguagem in-
terior’) entre um locutor e um ouvinte” (BENVENISTE, 1976, 2 v.).
Está claro que esta relação não é mecânica. O interlocutor pode ser real 
ou imaginário, individual ou coletivo, pode estar mais ou menos próximo, 
muda em cada situação concreta. O interlocutor ativo da oralidade, fisica-
mente materializado e que pode a qualquer momento intervir no discurso 
do locutor (invertendo papéis como este, inclusive), está distante na escrita 
e, num primeiro nível de análise, interferindo e interpelando indiretamente 
o locutor.
Mesmo dentro da escrita podem-se identificar diferentes tipos de interlo-
cutor: ele pode ser preciso, definido, como numa carta, numa petição; pode 
ser genérico ou num determinado segmento social, como num jornal; pode 
ser virtual, como na ficção literária.
A presença desse interlocutor no discurso de um indivíduo não é algo 
neutro, sem valor. Ao contrário, em alguma medida, está sempre interferindo 
no discurso do locutor: “se num primeiro nível de análise é o locutor que se 
coloca em evidência, num nível mais profundo, é possível observar que é 
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42
Prática Educativa da Língua Portuguesa
um agente por tabela do discurso, na medida em que é nele que se justifica 
o próprio discurso. É do tipo de relação entre locutor e ouvinte que decorre 
o tipo de ação a ser empreendida pelo locutor através de seu discurso. Um 
eu não define, por si só, a ação a ser empreendida: é preciso que ele tenha a 
imagem do tu ou que o tu forneça essa imagem” (OSAKABE, 1979, p. 53). 
É curioso, nesse sentido, que a maioria dos trabalhos sobre redação esco-
lar ou não toquem na questão da interlocução ou falem na ausência de in-
terlocutor, identificando aí uma das dificuldades maiores do estudante: falar 
para ninguém ou, mais exatamente, não saber a quem se fala.
Dicas de estudo
Para aprofundar a reflexão sobre a produção de textos você pode ler o artigo 
de. GERALDI, João Wanderley Escrita, Uso da Escrita e Avaliação. In: GERALDI, 
João Wanderley (Org.). O Texto na Sala de Aula. 4. ed. São Paulo: Ática, 2006. p. 
127-131.
O artigo, escrito em linguagem clara e acessível para o professor, reafirma a 
importância da prática da produção de texto na sala de aula com o objetivo de 
produzir o aluno como escritor competente, capaz de se inserir na sociedade le-
trada. Explicita que, uma prática educativa da língua portuguesa voltada para o 
ensino de qualidade, tem como pressupostos a concepção da linguagem como 
interação e a educação como ato político.
Atividades
1. Com base na reflexão sobre produção de textos, escreva um roteiro de traba-
lho para aplicação do estudo desta aula em uma aula prática com alunos.
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A prática de produção de textos
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Prática Educativa da Língua Portuguesa
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A prática de produção de textos
I. Etapa da produção oral:
 Proponha aos alunos um debate de opinião sobre o programa de tele-
visão mais interessante.
a) Promover a troca de ideias sobre programa de TV que os alunos 
apreciam como mais interessante e as justificativas que apresen-
tam a respeito de sua opinião.
 Para facilitar a reflexão, relembre aos alunos que há diferentes pro-
gramas destinados à transmissão de:
desenhos e brincadeiras de crianças; �
notícias nacionais e internacionais; �
acontecimentos esportivos; �
fatos culturais e educativos; �
quadros humorísticos; �
telenovelas. �
b) Dividir o quadro de giz em duas colunas e anotar na primeira colu-
na as manifestações do grupo, respeitando o consenso da maioria 
sobre pontos positivos e negativos que o programa de TV escolhi-
do apresenta.
 Levar em conta, também, opiniões divergentes, desde que subme-
tidas às considerações dos colegas, pois é importante estimular a 
apreciação de diferentes pontos de vista.
II. Etapa da produção escrita:
a) Escrever na segunda coluna do quadro de giz, com ajuda dos alu-
nos e com base nas anotações registradas, o texto O programa de 
televisão mais interessante.
Gabarito
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Prática Educativa da Língua Portuguesa
 O texto terá uma estrutura composta de:
 Introdução– descrição do programa eleito pelos alunos para ser objeto 
do texto, apresentando um conjunto de informações: qual o gênero do 
programa (conforme a classificação acima mencionada); qual o nome; do 
que trata; como é feito; se tem personagens; qual o horário e a frequên-
cia em que é transmitido etc.
 Desenvolvimento– em seguida, argumentar quais os aspectos positivos 
que o tornam um programa interessante, e que aspectos negativos que 
de alguma forma atrapalham a transmissão televisiva.
 Concluir com uma observação geral apreciativa sobre a importância do 
programa para a formação das crianças ou algo semelhante que os alu-
nos possam sugerir.
b) Copiar o texto em um cartaz ou em folha de papel para ser fixado no mu-
ral da sala de aula. O texto poderá ser utilizado para realização de práticas 
posteriores de análise linguística e sistematização do código.
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