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METODOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Professora Me. Fabiane Carniel Professora Me. Marcia Maria Previato de Souza GRADUAÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de conteúdo Marcia Maria Previato de Souza Design Educacional Fernando Henrique Mendes Rossana Costa Giani Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Editoração Jaime de Marchi Junior Revisão Textual Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana Inácio Ilustração Robson Yuiti Saito C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; CARNIEL, Fabiane; SOUZA, Marcia Maria Previato de. Metodologia da Lingua portuguesa. Fabiane Carniel; Marcia Maria Previato de Souza. (Reimpressão revista e atualizada) Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. 166 p. “Graduação - EaD”. 1. Metodologia de ensino. 2. Língua portuguesa . 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-238-8 CDD - 22 ed. 372.6 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecida como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Diretoria Operacional de Ensino Diretoria de Planejamento de Ensino A U TO RE S Professora Me. Fabiane Carniel Mestre em Educação pela Universidade do Oeste Paulista (2013), especialista em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maringá. Possui graduação em Letras - habilitação Português/Espanhol pelo Centro Universitário Cesumar (2005). Professora Me. Marcia Maria Previato de Souza Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá. Especialista em Educação a Distância: Tutoria, Metodologia e Aprendizagem pela Sociedade de Educação Continuada - Educon. Especialista em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário Cesumar e Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá. SEJA BEM VINDO! Prezado acadêmico, você inicia agora a leitura de mais um livro que faz parte do seu cur- so de graduação em Pedagogia. Ele será seu principal material de estudo na disciplina de Metodologia da Língua Portuguesa, uma disciplina que o fará compreender como trabalhar a Língua Portuguesa principalmente nos Anos iniciais do Ensino Fundamen- tal, mas também discutiremos em alguns momentos sobre esse ensino para Educação Infantil. Sou a professora Marcia Maria Previato de Souza e juntamente com a professora Fabiane Carniel preparamos esse material pensando em você e o quanto ele contribuirá na sua formação como pedagogo. Antes de iniciar a leitura de cada unidade, gostaria de dizer que para uma melhor com- preensão, do conteúdo aqui exposto, será necessário que você interaja conosco e se coloque na posição de leitor crítico, uma vez que nosso principal objetivo é levá-lo à reflexão de como a criança lê e produz textos com significado. Você já deve ter lido ou ouvido várias reportagens que demonstram um quadro de pre- ocupação sobre a formação do leitor, índices comprovam que o brasileiro, no geral, lê muito pouco. Mas por que isso acontece? O que precisamos fazer para que nossos alu- nos se tornem leitores críticos? O que precisamos fazer para desenvolver a capacidade leitora em nossas crianças? Como professores temos a responsabilidade de agir com competência para reverter este quadro. Nesse sentido, procuramos no decorrer deste livro, apresentar alternativas metodológicas que darão subsídios para sua prática como educador. Para que juntos alcancemos êxito ao finalizar esse livro, conto com o seu empenho para realizar as leituras, anotar suas dúvidas, fazer as atividades propostas e também ir além do que aqui está escrito,para tanto sugerimos em todas as unidades a leitura de textos complementares e indicação de livros e links da internet que tratam do assunto. Isso mesmo, pesquisar deve fazer parte da sua prática, pois os assuntos tratados aqui pode- rão ser expandidos em outras fontes. Para iniciar apresento a você a nossa primeira unidade que tem como título “O desen- volvimento da leitura e escrita a partir do texto”. Nela procuramos demonstrar que todo trabalho com a língua portuguesa, pode ter início com um texto oral ou escrito. Nas palavras de Geraldi: “Considero a produção de textos (orais ou escritos) como ponto de partida (e ponto de chegada) de todo processo de ensino aprendizagem da língua” (2003, p. 135). Estabelecemos para seu estudo alguns objetivos: • Compreender a importância do trabalho com textos para garantir a aprendiza- gem com qualidade. • Entender que um texto não é apenas um amontoado de letras, mas algo que apre- senta significado. APRESENTAÇÃO METODOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA • Buscar caminhos que façam com que o aluno produza textos com função so- cial e não apenas como exercício de redação. Para alcançá-los, você verá que todo processo de ensino precisa ter parâmetros a seguir, dessa forma serão apresentado os objetivos descritos nos parâmetros curri- culares para o ensino da Língua Portuguesa no Ensino Fundamental. Discutiremos também sobre gêneros textuais e apresentaremos de acordo com Schneuwly e Dolz (2004), os Gêneros textuais que circulam na sociedade e que es- tão organizados em cinco grupos: os gêneros do narrar, do relatar, do argumentar, do expor e do instruir. Assim, ficará mais clara a importância do professor direcionar seu trabalho de sala de aula a partir de textos orais e escritos, mas, para que a criança consiga produzir textos coerentes, deve se levar em consideração alguns aspectos que o aluno preci- sa ter conhecimento na hora de escrever: • O QUE precisa dizer, qual é o assunto ou tema que irá escrever. • PARA QUE está escrevendo, qual será a função social deste texto. • A QUEM se pretende dizer, quem é o leitor do seu texto. • SITUAÇÃO DE CIRCULAÇÃO do texto, de que maneira chegará ao leitor . • COMO será escrito e em que gênero textual será feito seu texto. Se houver um planejamento do professor considerando tais aspectos, a criança, com certeza, produzirá textos com função social. Mas o que é função social? Para saber a resposta dessa pergunta, continue lendo que você conseguirá compreender esse termo. Você saberia me dizer qual a diferença entre uma produção textual e uma redação? Esse também será um assunto que trataremos na primeira unidade. Percebeu então o quanto a leitura dela será importante para sua formação? Por isso, não deixe de lê-la. A segunda unidade foi intitulada como “Corrigir para melhorar: o papel do professor após a escrita do aluno”. Para essa unidade estabelecemos os seguintes objetivos: • Reconhecer o professor como sujeito que interage com a escrita da criança com o intuito de promover o processo ensino/aprendizagem. • Compreender e analisar as formas de correção (autocorreção, codificação e reestruturação) após a escrita. • Viabilizar caminhos que aproxime cada vez mais o aluno da escrita conven- cional. Para iniciá-la mostraremos a você o quanto a mediação do professor é importan- te para o desenvolvimento da escrita. Na produção textual o professor deve atu- APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO ar antes, durante e depois que o aluno escreve. No decorrer das suas leituras você perceberá que a correção do texto é uma maneira de garantir não só a escrita orto- graficamente correta, mas o conteúdo e a forma também. Para tanto, são sugeridas alternativas para o desenvolvimento deste trabalho. Para demonstrar como fazer, apresentamos exemplos de textos escritos por crian- ças e corrigidos pelo professor assim, você conseguirá ver na prática o que expomos na teoria. E para terminar coloco como leitura complementar um artigo que produzi para um anais de congresso, ele o fará compreender melhor sobre como acontece o processo de mediação, nesse artigo trago as contribuições de Vygotsky. Vale a pena ler! Dando continuidade à leitura, chegaremos a terceira unidade. Ela tem como título “A prática de leitura e interpretação de texto”. Nela estabelecemos para você alguns objetivos de aprendizagem: • Analisar a importância da leitura para compreensão do mundo. • Perceber que a interpretação de textos é necessária desde que não seja feita de maneira tradicional. • Entender que existem diferentes maneiras de avaliar a compreensão do aluno em relação ao que leu sem usar a forma de perguntas e respostas lineares. • Refletir sobre as novas exigências de leitura e escrita da sociedade contem- porânea. Na terceira unidade, continuamos a discussão acerca da leitura significativa e de como podemos levar nossos alunos a compreender o que leram. Para tanto, suge- rimos formas de trabalhar a interpretação de texto sem que essa tenha seu cunho apenas livresco, com respostas lineares, muito explícitas, sem exigir do aluno uma reflexão e inferência sobre o que leu. O ato de ler não pode se limitar ao ato mecâ- nico de decodificação, a sociedade atual exige hoje do sujeito um bom desenvolvi- mento da sua capacidade leitora para que se torne partícipe ativo dessa sociedade. Na quarta unidade deste livro trataremos de um assunto bastante discutido e eu diria até polêmico que é o ensino da gramática no ensino fundamental. Traçamos como objetivos para essa unidade: • Caracterizar a ação do professor frente ao ensino da gramática a partir do texto. • Perceber que a metodologia utilizada pelo professor pode influenciar no pro- cesso de cons-trução da escrita pela criança. Muito se houve falar no assunto, mas a dúvida que se tem é como ensinar. Será que exercícios de fixação garantem a escrita ortograficamente correta? O que queremos apresentar a você nesta unidade é que a gramática se torna signifi- cativa para a criança quando ela é ensinada a partir do texto. Nosso sistema de escri- ta é o alfabético, porém muito cheio de regras, por isso é comum que mesmo tendo 10 - 11 passado por anos de escolarização a pessoa se depara com dúvidas na hora de es- crever. Isso já aconteceu com você? Com certeza sim. Isso acontece porque nossas letras do alfabeto nem sempre são biunívocas, elas podem apresentar uma relação de concorrência. Esse é um assunto que iremos aprofundar na quarta unidade. Você gosta de ouvir histórias? Porque será que as crianças gostam tanto que con- temos histórias a elas? Como saber que tipo de história contar a cada faixa-etária? Ficou interessado nas respostas dessas perguntas? Na quinta unidade deste livro iremos discutir sobre isso. Essa unidade está intitulada como “Literatura infantil na escola”. Para ela estabelece- mos os seguintes objetivos: • Compreender a literatura infantil como necessária no trabalho com crianças da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. • Perceber a importância de saber diferenciar os livros, de acordo com o nível de aprendizagem dos alunos. • Reconhecer que os contos de fadas têm caráter educativo em diversos aspec- tos: moral, cognitivo, social, cultural e ético. • Entender que é possível estimular a prática da produção textual por meio da literatura infantil. A leitura é fonte de informação, entretenimento e principalmente conhecimento, e a literatura infantil é um poderoso instrumento que o professor pode utilizar para que o aluno desenvolva sua leitura e escrita de maneira prazerosa. Preparamos nes- sa última unidade alternativas que te darão subsídio para o desenvolvimento de um bom trabalho com crianças da Educação infantil e Ensino Fundamental a partir da literatura infantil. Para encerrar, traremos um pouco da importância do mundo mágico dos contos de fadas e de que forma a literatura infantil pode auxiliar no trabalho de produção textual. No intuito de atrelarmos teoria e prática deixamos a você váriassugestões de ativi- dades para serem utilizadas no decorrer de sua prática docente. Assim, esperamos contribuir significativamente para seu aprendizado. Boa leitura!! APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 10 - 11 UNIDADE I DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A PARTIR DO TEXTO 17 Introdução 19 O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 28 Leitura e Escrita Significativa 30 Do Exercício de Redação à Produção Textual 42 Considerações Finais UNIDADE II CORRIGIR PARA MELHORAR: O PAPEL DO PROFESSOR APÓS A ESCRITA DO ALUNO 47 Introdução 48 Desenvolvimento da Escrita: A Correção como um Princípio que Norteia esse Processo 48 Autocorreção 51 Codificação 52 Reestruturação 55 Avaliação da Produção Textual do Aluno 58 Autoavaliação do Aluno 72 Considerações Finais SUMÁRIO 12 - 13 UNIDADE III A PRÁTICA DA LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 77 Introdução 78 Leitura e Interpretação de Texto no Ensino Fundamental 83 As Novas Exigências em Relação à Leitura e Compreensão 91 Considerações Finais UNIDADE IV REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DA GRAMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL 99 Introdução 100 As Novas Concepções do Ensino da Gramática no Ensino Fundamental 101 Os Desafios da Escola na Construção da Escrita Convencional 104 Como Entender a Complicada Relação Entre Sons e Letras 120 Considerações Finais SUMÁRIO 12 - 13 UNIDADE V LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA 127 Introdução 128 A Literatura Infantil como Instrumento Pedagógico 131 O Incentivo à Leitura 137 Contos De Fadas 141 Como Utilizar a Literatura Infantil para Auxiliar a Produção Textual 153 Considerações Finais 161 Conclusão 165 Referências U N ID A D E I Professora Me. Fabiane Carniel Professora Me. Marcia Maria Previato de Souza DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A PARTIR DO TEXTO Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender a importância do trabalho com textos para garantir a aprendizagem com qualidade. ■ Entender que um texto não é apenas um amontoado de letras, mas algo que apresenta significado. ■ Buscar caminhos que façam com que o aluno produza textos com função social e não apenas como exercício de redação. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ O texto como ferramenta central do trabalho com crianças do Ensino Fundamental ■ Leitura e escrita significativa ■ Do exercício de redação à produção textual 16 - 17 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 16 - 17 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, seja bem-vindo a este universo da Língua Portuguesa. Procuraremos nesta unidade apresentar a você uma série de conceitos impor- tantes sobre as perspectivas do ensino de nossa língua para os anos iniciais do ensino fundamental. Nossa proposta consiste na apresentação de importantes conceitos que os auxiliem no exercício da docência e que proporcione metodolo- gias que levem os alunos ao real desenvolvimento esperado para o estudo e compreensão da lín- gua materna. Como nosso objetivo é ins- trumentalizar você professor, ao ensino da língua materna é inte- ressante para iniciarmos nossos estudos analisarmos, ainda que de forma breve os Parâmetros Curriculares Nacionais em Língua Portuguesa. O referido documento apresenta, como o próprio nome diz, os parâme- tros e diretrizes para o ensino de nossa língua em toda a vida esco- lar do sujeito. Como nosso objetivo está direcionado aos anos iniciais do ensino fundamental, apresentaremos alguns pontos principais de tal documento para esse nível de ensino. Esta primeira unidade procura mostrar como é importante que o profes- sor desenvolva trabalhos a partir de textos orais e escritos, dessa forma o aluno conseguirá produzir seu próprio texto sistematizando seus conhecimentos. Para que essa proposta logre êxito o aluno precisa ter contato com diversos materiais escritos para ter argumentos ao produzir. Crianças que têm contato com mate- riais escritos desde pequena têm maior facilidade para aprender a ler e escrever. O educador deve ser o elo entre o texto, interlocutor e leitor. © ph ot os DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 18 - 19I OBJETIVOS GERAIS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL Ao longo dos oito anos do ensino fundamental, espera-se que os alunos adquiram progressivamente uma competência em relação à linguagem que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado. Para que essa expectativa se concretize, o ensino de Língua Portuguesa de- verá organizar-se de modo que os alunos sejam capazes de: • expandir o uso da linguagem em instâncias privadas e utilizá-la com eficácia em instâncias públicas, sabendo assumir a palavra e produzir textos — tanto orais como escritos — coerentes, coesos, ade-quados a seus destinatários, aos objetivos a que se propõem e aos assuntos tra- tados; • utilizar diferentes registros, inclusive os mais formais da variedade lin- guística valorizada socialmente, sabendo adequá-los às circunstâncias da situação comunicativa de que participam; • conhecer e respeitar as diferentes variedades linguísticas do português falado; • compreender os textos orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes situações de participação social, interpretando-os correta- mente e inferindo as intenções de quem os produz; • valorizar a leitura como fonte de informação, via de acesso aos mundos criados pela literatura e possibilidade de fruição estética, sendo capazes de recorrer aos materiais escritos em função de diferentes objetivos; • utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, sabendo como proceder para ter acesso, compreender e fazer uso de informa- ções contidas nos textos: identificar aspectos relevantes; organizar no- tas; elaborar roteiros; compor textos coerentes a partir de trechos oriun- dos de diferentes fontes; fazer resumos, índices, esquemas etc.; • valer-se da linguagem para melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo capazes de expressar seus sentimentos, experiências, ideias e opiniões, bem como de acolher, interpretar e considerar os dos outros, contrapondo-os quando necessário; • usar os conhecimentos adquiridos por meio da prática de reflexão so- bre a língua para expandirem as possibilidades de uso da linguagem e a capacidade de análise crítica; • conhecer e analisar criticamente os usos da língua como veículo de va- lores e preconceitos de classe, credo, gênero ou etnia. Para consultar os PCNs em Língua Portuguesa na íntegra, acesse: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf> Acessado em 09/12/2010 O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 18 - 19 O professor precisa levar seus alunos a produzirem textos com função social, ou seja, produzir um texto já sabendo quem será seu leitor. Sendo assim, ele terá um propósito ao escrever, não estará escrevendo apenas porque será avaliado pelo professor, mas sabendo que alguém irá ler o seu texto. Nesse sentido, dei- xará de escrever como um mero exercício de redação e passará a produzir textos com significado. Este será o assunto que aprofundaremos no decorrer da leitura. Espero que você se encante, pois só assim conseguirá levar seus alunos a produzir textos com função social. O TEXTO COMO FERRAMENTA CENTRAL DO TRABALHO COM CRIANÇAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Você já parou para pensar que tudo que fala ou escreve está ligado a um con- texto? Saiba por quê. A linguagem ocupa papel de destaque nas relações sociais.Na sociedade em que estamos inseridos, a participação social está inteiramente ligada e mediada pelo texto oral e escrito. De acordo com Geraldi (2003), é exatamente nas fontes produtoras da lin- guagem que ela se localiza, ou seja, efetivamente no acontecimento da mesma é que se constitui, ela se dá na interação entre linguagem, sujeitos envolvidos (interlocutores) e o próprio universo discursivo. Ainda na concepção do referido autor é preciso previamente, antes de se falar no ensino da língua propriamente dito, esclarecer e apreender alguns conceitos. A língua (no sentido sociolingüístico do termo) não está de antemão pronta, dada como um sistema de que o sujeito se apropria para usá-la segundo suas necessidades específicas do momento de interação, mas que o próprio processo interlocutivo, na atividade de linguagem, a cada vez a (re)constrói; O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 20 - 21I Os Sujeitos se constituem como tais à medida que interagem com os outros, sua consciência e seu conhecimento de mundo resultam como “produto” deste mesmo processo. Neste sentido, o sujeito é social já que linguagem não é o trabalho de um artesão, mas trabalho social e histórico seu e dos outros e é para os outros e com os outros que ela se constitui. Também não há um sujeito dado, pronto, que entra na inte- ração, mas um sujeito se completando e se construindo nas suas falas; As interações não se dão fora de um contexto social e histórico mais amplo; na verdade, elas se tornam possível enquanto acontecimentos singulares, no interior e nos limites de uma determinada formação so- cial, sofrendo as interferências, os controles e as seleções impostas por esta. Também não são, em relação a estas condições, inocentes. São pro- dutivas e históricas e como tais, acontecendo no interior e nos limites do social, constroem por sua vez limites novos (GERALDI, 2003, p. 07). O que se constata a partir das concepções apresentadas pelo autor é que a lin- guagem se torna produto da interação social e dessa necessidade por parte das pessoas. Essa, por sua vez, gera a necessidade de comunicação e todas essas ações (interação e comunicação) acontecem por meio dos textos sejam eles ver- bais ou não verbais. Nesse sentido, vale citar o conceito de texto estabelecido por Koch, uma vez que o mesmo está em concordância com que explicitamos anteriormente. Para Koch (1992), o texto pode ser considerado uma manifestação verbal (oral ou escrita) constituída de elementos linguísticos pré-selecionados e ordenados pelos falante/escritor no ato da atividade comunicativa. Desta forma, ninguém mais pode discutir ou negar a necessidade de ensi- nar a Língua Portuguesa a partir de textos. Como expõe Cagliari. Na vida real, as pessoas não pronunciam palavras isoladas. Quando al- guém se propõe a falar, sua intenção é dar uma informação completa, e isso acontece através de um texto. Somente em circunstâncias espe- ciais, num contexto específico, as pessoas dizem palavras isoladas, mas sempre elas estão inseridas num texto maior ou são inesperadas como resultado de ações ocorridas (CAGLIARI 2003, p. 198). No entanto você pode perguntar: e se respondo apenas a pergunta com uma só palavra, está palavra não ficou solta? Para Cagliari, está palavra não ficou solta porque a resposta faz parte de um texto maior que proporcionou tal resposta. A fala é diferente da escrita, porém ambos são inerentes à criança. Ao entrar na escola em séries de alfabetização a criança já sabe lidar com textos orais, sua O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 20 - 21 intenção é que lhes ensinem a língua escrita. Calcados com alguns conhecimentos prévios, cabe à escola não negar o valor do que a criança já sabe, mas ampliá-lo, passando do conhecimento sincrético para o científico. E este só será significa- tivo se for realizado por meio de textos. Assim, afirma Cagliari (2003 p.202) “Uma criança deve levar a sua habilidade de produzir textos orais para a sala de alfabetização e usar isso como ponte para aprender a produzir os textos escritos nos estilos esperados pela escola e pela cultura”. Sobre isso podemos colocar as contribuições de Geraldi: “Considero a produção de textos (orais e escrito) como ponto de partida (e ponto de chegada) de todo o processo ensino/aprendizagem da língua” (2003, p.135). Desenvolver trabalhos a partir de textos já prontos ou produzidos pelas crianças significa construir nela estruturas cognitivas necessárias para a leitura e escritas de diferentes gêneros textuais. O aluno deve ser levado a ler, produ- zir e sistematizar conhecimentos. O grande objetivo ao fazer o aluno se deparar com diversos gêneros de textos, não é apenas reconhecer cada um, mas levá-lo também a produzir esta variedade textual. Para Bozza e Batista (2000), a criança que tem contato com várias experiên- cias de escrita desde a Educação Infantil, consegue entendê-los, interpretá-los e atribui-los função social. Para isto, as autoras promovem algumas sugestões para ampliação das possibilidades de produções. O aluno poderá escrever para: ■ ele próprio; ■ outras turmas da escola; ■ para família; ■ o mural da sala de aula ou da escola; ■ um jornal da escola; ■ periódicos; ■ jornal da cidade; ■ revistas de grande circulação; ■ direção, orientação, supervisão ou outros da equipe pedagógica da escola; ■ autoridades locais; O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 22 - 23I ■ ídolos artísticos ou esportistas; ■ amigos; ■ autores de obras infantis; ■ programas de TV; ■ autores de livro didáticos. A criatividade do professor em fazer o aluno escrever com função social pode variar. O educador deve ser o elo entre o texto, interlocutor e leitor. A criança está inserida em uma sociedade grafocêntrica, onde a escrita a cerca por todos os lados. A variedade de textos presentes no seu dia a dia, a remete a perceber a necessidade de ler e escrever. Nas ruas, a criança se depara com placas de trânsito, outdoors, placas de carro, nomes de lojas, supermerca- dos etc. Em casa tem contato com bulas de remédios, revistas, jornais, receitas culinárias e outros. Frente a isso, a escola deve estar preparada para dar conti- nuidade ao contato com a leitura. Até pouco tempo atrás, o ensino de produção textual se restringia a um pro- cedimento único e global, como se todos os tipos de texto fossem iguais e não apresentassem suas especificidades. A fórmula tradicional de ensino de redação, que ainda hoje é extremamente praticada em nossas escolas, tinha sua base na narração, descrição e disserta- ção. Essa maneira de se trabalhar tolhe o real aprendizado da produção textual e também as outras formas de aprendizagem que estão implícitas em produção eficaz por meio de gêneros que circulam socialmente. Tradicionalmente, ela apresenta uma maneira estanque e estática de se pro- duzir textos e o aluno não se interessa pela produção, pois não há uma real motivação para que ela aconteça. Como se não bastasse esse contexto de restrição em um ambiente em que estamos tão carentes de alunos leitores e produtores de textos, essa visão equi- vocada de que narrar e descrever são ações mais simplistas do que dissertar, ou mais adequadas a determinadas faixas etárias, as dissertações são tidas como apropriadas para as séries finais. Pouco se explora a grandeza do ato de nar- rar, descrever e dissertar como base para diversos gêneros de diferentes esferas. A criança está inserida em uma sociedade grafocêntrica,onde a escrita a cerca por todos os lados. © ph ot os O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 22 - 23 Diante disso, a proposta de mudança está lançada principalmente para nós professores, ela consiste no ensino de língua materna por meio dos gêneros desde os anos iniciais da vida escolar do aluno. A aprendizagem da produção de texto por meio de gêneros compreende um resultado mais satisfatório quando se põe o aluno, desde cedo, em contato com os diferentes gêneros que circulam social- mente, inclusive aqueles que expressam opinião. A partir daí, o papel da escola no que tange ao ensino da Língua Portuguesa é ir aprimorando e aprofundando esse trabalho à medida que o aluno evolui. Diante disso, você deve estar se perguntando: mas o que são os gêneros tex- tuais ou os textos que circulam socialmente? A toda esta variedade de textos que nos deparamos cotidianamente cha- mamos de gêneros textuais. Por serem textos que circulam socialmente estarão presentes na vida de qualquer indivíduo e tais indivíduos deverão estar aptos a compreendê-los e produzi-los, portanto, como afirmado anteriormente não há como se pensar o ensino da língua sem levar em consideração o texto como ponto de partida e como ponto de chegada, pois é partir dele que se deve tra- balhar a concepção de língua para que também se chegue à produção eficaz quando necessário. O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 24 - 25I As práticas de linguagem implicam dimensões, por vezes, sociais, cog- nitivas e lingüísticas do funcionamento da linguagem numa situação de comunicação particular. Para analisá-las, as interpretações feitas pelos agentes da situação são essenciais. Estas interpretações dependem da identidade social dos atores e das representações que eles têm dos usos possíveis da linguagem e das funções que eles privilegiam de acordo com sua trajetória. (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004, p.05) Até determinado tempo a expressão gênero mantinha forte ligação com a teoria literária para identificar os gêneros clássicos (o lírico, o épico, o dramático) e os gêneros modernos, como o romance, a novela, o conto, o drama etc. Um nome a ser destacado em relação à teoria dos gêneros que cada vez mais tem sido introduzido no trabalho com a Língua Portuguesa é de Mikhail Bakhtin – pensador russo, que no início do século XX, se dedicou aos estudos da lingua- gem e da literatura. Ele apresentou uma amplitude muito maior à palavra gênero e de forma mais simplificada para o registro aqui neste material, é possível dizer que ao utilizar o termo gênero, o referido teórico indicava então a ideia de tex- tos que empregamos nas situações cotidianas de comunicação. De acordo com Bakhtin (1984, apud SCHNEUWLY; DOLZ, 1999, p.07): os gêneros são instrumentos que fundam a possibilidade de comunica- ção. Trata-se de formas relativamente estáveis tomadas pelos enunciados em situações habituais, entidades culturais intermediárias que permitem estabilizar os elementos formais e rituais das práticas de linguagem. Todos os textos que produzimos orais ou escritos apresentam um conjunto de características relativamente estáveis, tenhamos ou não consciência dela. Ainda de acordo com esses autores, essas características configuram diferentes textos ou gêneros do discurso, que podem ser caracterizados por três aspectos básicos: tema, modo composicional (a estrutura) e o estilo (usos específicos da língua): Para definir um gênero como suporte de uma atividade de linguagem três dimensões parecem essenciais: 1) os conteúdos e os conhecimen- tos que se tornam dizíveis através dele; 2) os elementos das estruturas comunicativas e semióticas partilhadas pelos textos reconhecidos como pertencentes ao gênero; 3) as configurações específicas de unidades de linguagem, traços, principalmente, da posição enunciativa do enunciador e dos conjuntos particulares de seqüências textuais e de tipos discursivos que formam sua estrutura. (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004, p.06) O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 24 - 25 Quando o indivíduo encontra-se em uma situação de interação verbal, a escolha do gênero não é aleatória, pois ao fazer sua escolha ele leva em consideração (de forma consciente ou não) um conjunto de fatores da própria situação de produ- ção que lhe foi solicitada, tais como quem fala, sobre o que se fala, com quem se fala, com qual finalidade. Quando se deseja contar um fato a alguém, por exemplo, pode se fazer uso do relato pessoal. O jornal ao apresentar as informações gerais do cotidiano faz uso da notícia, caso seus editores queiram apresentar a opinião do referido meio de comunicação sobre determinado fato, se utilizará do editorial e se o leitor quiser se manifestar acerca de determinado assunto fará isso por meio da carta do leitor. Ao se transmitir informações sobre um prato culinário, por exemplo, será utilizada a receita, ao se apresentar instruções sobre o manuseio de deter- minado objeto se fará uso do manual de instruções. No caso do meio acadêmico, as informações podem ser transmitidas por meio de seminários, resumos, manuais didáticos e outros. Isso prova que a todo tempo e em situações diferentes somos solicitados a nos comunicar e interagir e tudo isso sempre acontecerá por meio de um determinado texto que estará inserido em uma esfera social e atenderá a uma situação comunicativa adversa. Nesta perspectiva pode-se afirmar que o trabalho com gêneros não só quali- fica e amplia a capacidade de produção textual dos alunos, mas também os leva a percepções diferenciadas uma vez que outros sentidos serão aguçados para a recepção destes mesmos gêneros. É neste momento que a interação e a capa- cidade comunicativa são enriquecidas. A cada novo gênero trabalhado uma gama muito grande de novos aspectos pode ser vistos, desde um ponto de vista linguístico até mesmo do ponto de vista da aquisição do conhecimento e con- sequentemente da aprendizagem. O ensino de produção de texto feito por esse viés não despreza os tipos textu- ais tradicionalmente trabalhados em cursos de redação – a narração, a descrição e a dissertação, até porque esses estão sempre embutidos nos variados textos que circulam socialmente. Em uma notícia, por exemplo, temos a prevalência da narrativa, até mesmo com alguns elementos essenciais dela (personagem, lugar, tempo e espaço), contudo, temos trechos de descrição e, em alguns casos, tre- chos dissertativos. O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 26 - 27I Assim, o processo com os gêneros se torna cíclico, pois se por um lado amplia as habilidades linguísticas e discursivas do aluno, por outro o faz inse- rir-se socialmente por meio da linguagem como cidadão. Quando se trabalha o gênero carta argumentativa, por exemplo, além de toda a estrutura e caracte- rísticas próprias do gênero, o aluno aprenderá ainda exigir o exercício de seus direitos e os caminhos mais adequados para isso. Situações parecidas são também observadas quando esse aluno é convidado a aprender o gênero carta do leitor e tem, na prática, a oportunidade de mani- festar sua opinião crítica em relação a determinado assunto debatido no meio de comunicação escolhido, aí várias ações de formação de um cidadão serão suscitadas: sua capacidade crítica e reflexiva, sua ideologia, sua capacidade de julgamentoe interferência em questões sociais diversas, é a linguagem a serviço da aprendizagem em ação. O trabalho com gêneros textuais proporciona ainda que o aluno entenda a função e uso de cada texto o que o motiva a aprendê-lo, uma vez que o profes- sor apresentará situações práticas de uso e os motivos pelos quais eles devem ser aprendidos. Nesse sentido, vale dizer ainda que se é importante compreender a estrutura de gêneros diversos para produzi-los diante das mais variadas situ- ações comunicativas, também é fundamental compreender tal estrutura para interpretar os textos que se deparem. A sociedade contemporânea exige muito mais que pessoas alfabetizadas, ou seja, pessoas que simplesmente decodificam os códigos linguísticos. Vivemos em uma sociedade letrada, por isso a escola deve preparar o aluno para o letra- mento, precisa ensiná-lo a fazer uso da leitura e da escrita na sua prática social. Na teoria, o domínio da escrita é o grande objetivo da escola, porém na prática muitas vezes este objetivo deixa a desejar. E escola é o local onde a criança deve construir seus conceitos de leitura e escrita, tornando-se capaz de ter autonomia e desempenho para escrever dentro dos pressupostos exigidos com finalidade social. Assim, na perspectiva de Schneuwly e Dolz (2004, p. 07) “o funcionamento da escola pode ser transformado de tal maneira que as ocasiões de produção de textos se multiplicam: na classe, entre alunos; entre classes de uma mesma escola; entre escolas”. O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 26 - 27 Ao trabalhar com a língua escrita, os alunos devem ser levados a descobrir os seus diferentes usos e a função que ela desempenha na sociedade. O objetivo principal do trabalho com texto na escola é a intenção clara ao transmitir alguma ideia crítica, informação, instrução ou emoção ao público. Mesmo não dominando a escrita ortográfica das palavras, em início de alfabetização a criança não pode ser impedida de realizar tentativas de escrita. Todo trabalho de produção de texto deve ser pautado em discussões e leituras para que a criança tenha referenciais daquilo que quer escrever, pois não será possível escrever partindo do “nada”. O professor deve viabilizar momentos de reflexões que despertem na criança o gosto para expor no papel suas ideias da maneira mais clara possível. De acordo com Schneuwly e Dolz (2004), os gêneros textuais que circulam na sociedade podem ser organizados em cinco grupos: os gêneros do narrar, do relatar, do argumentar, do expor e do instruir. Os mesmo autores propõem a tabela abaixo para melhor compreensão dos gêneros: SITUAÇÕES SOCIAIS DE USO - TIPOS DE TEXTOS - CAPACIDADES DE LINGUAGEM DOMINANTES GÊNEROS ORAIS E ESCRITOS • Cultura literária ficcional • Narrar • Contar uma história ficcional coerente • Conto maravilhoso • Fábula • Lenda • Narrativa de aventura • Narrativa de ficção científica • Narrativa de enigma • Narrativa mítica • Biografia romanceada • Romance • Romance histórico • Novela fantástica • Conto • Crônica literária • Adivinha • Piada • Etc. • Documentação e memorização das ações humanas. • Relatar • Contar fatos reais ou experiências vividas, situando-se no tempo e no espaço. • Relato de experiência vivida • Relato de viagem • Diário íntimo • Testemunho • Caso • Autobio- grafia • Curriculum vitae • Notícia • Reportagem • Crônica social • Crô- nica esportiva • Relato histórico • Ensaio ou perfil biográfico • Biografia • Etc. O Texto como Ferramenta Central do Trabalho com Crianças DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 28 - 29I SITUAÇÕES SOCIAIS DE USO - TIPOS DE TEXTOS - CAPACIDADES DE LINGUAGEM DOMINANTES GÊNEROS ORAIS E ESCRITOS • Discussão de problemas sociais controver- sos. • Argumentar • Expressar opinião, utilizando para defender um ponto de vista e convencer o interlo- cutor. • Textos de opinião • Diálogo argu- mentativo • Carta do leitor • Carta de reclamação • Carta de solicita- ção • Debate deliberativo • Debate regrado • Assembleia • Discurso de defesa (advocacia) • Discurso de acusação (advocacia) • Rese- nha crítica • Artigos de opinião • Editorial • Ensaio • Etc. • Transmissão e construção de saberes. • Expor • Apresentar diferentes formas do conheci- mento. • Texto expositivo (em livro didá- tico) • Exposição oral • Seminário • Conferência • Comunicação oral • Palestra • Entrevista de especia- lista • Verbete • Artigo enciclopé- dico • Tomada de notas • Resumo de textos expositivos e explicati- vos • Resenha • Relatório científico • Relatório oral de experiência • Etc. • Instruções e Prescrições. • Instruir • Orientar comportamentos. • Instruções de montagem • Receita • Regulamento • Regras de jogo • Instruções de uso • Comandos • diversos • Textos prescritivos • Etc. LEITURA E ESCRITA SIGNIFICATIVA A leitura e a escrita são processos independentes. As operações mentais que estão presentes nestas habilidades são distintas. Compreender um texto e extrair dele o conteúdo significa mais que decodificar símbolos. Sendo assim, torna-se notório que o trabalho com leitura e escrita para ser significativo precisa estar atrelado ao texto. Ao escrever um texto a criança precisa articular suas ideias, usar vocabulário Leitura e Escrita Significativa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 28 - 29 adequado e conhecer a estrutura do que quer escrever. Com isso, é muito comum se prender ao conteúdo, usar boas ideias e se descuidar da forma, ou seja, da estrutura e organização do texto. Para Naspolini (1996), conteúdo e forma estão inter-relacionados e ambos apresentam sua importância dentro do texto. Ao se apropriar da escrita a criança expressa seu pensamento por meio dela, porém quando está no início da alfabetização seus textos acabam sendo “desa- jeitados”, ou seja, não apresenta forma adequada para o tipo de texto que quer produzir. Isso acontece quando a criança não tem noção que a forma interfere no que ela quis escrever. Com a intervenção do professor e leituras diversificadas que a criança rea- liza, ela passará a compreender também a necessidade da forma e entenderá que ambos, conteúdo e forma, são essenciais para a qualidade de seus traba- lhos escritos. Em relação às habilidades de escrita Soares (2004, p.69) afirma que: “(...) as habilidade de escrita estende-se da habilidade de registrar unidade de som até a capacidade de transmitir significado de forma adequada a um leitor potencial”. Ainda segundo a autora, o aluno ao produzir seus textos deve ter em mente que não estão escrevendo simplesmente para ser avaliado pelo professor, mas que seu texto apresenta um interlocutor. Para que isto ocorra o aluno deve ter alguns conhecimentos como: ■ O QUE precisa dizer, qual é o assunto ou tema que irá escrever. ■ PARA QUE está escrevendo, qual será a função social deste texto. ■ A QUEM se pretende dizer, quem é o leitor do seu texto. ■ SITUAÇÃO DE CIRCULAÇÃO do texto, de que maneira chegará ao leitor. ■ COMO será escrito e em que gênero textual será feito seu texto. Além disso, para que produza textos com função social, o professor precisa inter- vir antes, durante e depois da produção de seus alunos. Então você deve estar se perguntado: mas como podemos fazer isso? Vamos então entender como isso acontece: antes da produção o professor precisa identificar o gênero textual a ser trabalhado. Os enunciados também O professor precisa intervir antes, durante e depois da produção do aluno. ©p ho to s DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A Reprodução proibida. A rt. 184 do CódigoPenal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 30 - 31I devem ser claros, os temas agradáveis e que façam parte do repertório do aluno, ou seja, assuntos que possa ter argumentos suficientes para dar qualidade à pro- dução. Durante a produção o professor precisa mediar e atender as dificuldades de cada aluno e depois, fazer as devidas correções para tornar o texto coerente e organizado, assunto que trataremos na unidade ll. Partindo dos pressupostos citados, o aluno/autor, conseguirá expressar-se por escrito e relatará acontecimentos, ideias, opiniões, sentimentos, histórias etc. O importante é que enxergue a escrita como uma atividade social e que por meio dela consiga interagir e expor sua visão de mundo. Se em sala de aula o professor se propor a trabalhar com texto e fizer de maneira significativa para os alunos, estes deixarão de escrever texto como exercí- cios de redação e produzirão textos com a função de comunicação (função social). DO EXERCÍCIO DE REDAÇÃO À PRODUÇÃO TEXTUAL Antes de começarmos, gostaríamos de fazer uma pergunta para você: existe diferença entre fazer uma redação e produzir um texto? Se você respondeu que sim, está coberto de razão. Mas então qual é a diferença? Isso é o que veremos a partir daqui. O professor não monopoliza o saber, mas faz inferências necessárias para melhorar a produção escrita do aluno.©p ho to s Do Exercício de Redação à Produção Textual Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 30 - 31 O termo produção textual a partir da década de 1980 tornou-se uma nova maneira de desenvolver a escrita, ou seja, é um conglomerado de características que vêm sendo discutido e estudado por vários pesquisadores. Em sua essência o que mudou foi a nomenclatura. O que antigamente se dizia ser redação, atu- almente recebe o nome de produção textual, nesta nova concepção há muitas implicações que demandam conceitos. Geraldi (1995) descreve características desta produção textual bem como o papel do professor neste contexto. Segundo o autor, deve haver um desloca- mento da figura de avaliador do professor na direção de um perfil próprio de leitor, que aliado ao sujeito produtor possam, juntos, tecer análises e compartilhar conhecimentos. Nesta nova visão o professor não monopoliza o saber, mas faz inferências necessárias para melhorar a produção escrita, primando pela organi- zação e clarificação das ideias, visando garantir a qualidade do trabalho escrito. Desta forma, o professor será visto como um leitor crítico das produções textuais. Para o autor, na realização da produção de textos o interlocutor deve estar bem definido para o locutor, isto é, a quem será dirigido o texto, por que ele está produzindo e qual será a situação de circulação deste texto. Assim, o professor deve intervir conscientemente, questionando, sugerindo e atuando como leitor, apontando vertentes que estimulem os alunos a aprimo- rarem a maneira como se expressam. A produção textual não se limita a escrever para ninguém. Após ter passado pela “correção” o aluno tem a chance de reescrevê-la uma ou mais vezes após o professor propor novas elaborações, organizações e expansões de ideias. Para DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 32 - 33I Geraldi (2003), nessa proposta de reescrita, o aluno age como seu próprio ava- liador, pois observa os questionamentos e sugestões feitas pelo professor. Neste sentido o aluno se depara com situações de conflito referentes à sua escrita e tenta reescrevê-lo da melhor forma, assim se torna o real avaliador do seu texto. No que diz respeito ao termo redação, as características anteriormente cita- das não são observadas. Nas redações o professor é o único avaliador do texto do aluno. O produtor tem contato com sua produção apenas uma vez, ou seja, no momento da construção e em assim sendo, não lhe dão oportunidade para rees- crevê-lo. O professor corrige os supostos erros, não faz inferências para que aluno tenha oportunidade de perceber suas falhas e atribui uma nota. Muitas vezes o texto é arquivado ou entregue para o aluno sem as devidas condições para a reescrita. Segundo Geraldi (2003), a diferença entre redação e produção textual é clara. Na redação o aluno se preocupa em escrever para a escola e neste ato, percebe- mos muita escrita e pouco conteúdo, deficiências de ideias e a mensagem não são claras. Mesmo o aluno recém-alfabetizado tem a preocupação em escrever quan- tidade e evitar erros ortográficos, pois o professor vai “dar nota”. O propósito desta redação esta centrado predominantemente na avaliação que o professor irá realizar. Nas produções textuais, o aluno se preocupa em escrever apenas o que sabe, procurando enfatizar as ideias e a mensagem que quer transmitir. Sabe que terá oportunidade de rever e reescrever seu texto partindo das inferências do pro- fessor, que neste caso se torna leitor crítico e não avaliador. A prática da produção textual tem como objetivo ensinar os alunos a pas- sar seus conhecimentos sobre a linguagem oral para a forma escrita, com isso, mesmo nas séries iniciais do ensino fundamental, aprenderão a produzir textos de todos os gêneros, conforme as demandas culturais e escolares posteriores. Como já citado anteriormente, o texto é o ponto de partida e chegada de todo o processo ensino/aprendizagem da língua. Para Geraldi (2003), a produ- ção de um texto de qualidade deve abordar alguns fatores: a. “Que se tenha o que dizer”: os alunos precisam ter claro sobre o que irão escrever isso geralmente dever ser discutido antes da produção. Desta forma será dada oportunidade para que os alunos possam expor o conhe- cimento prévio e estabeleçam relações com a proposta de trabalho. O professor deve ser a mola propulsora para que seus alunos atuem criticamente em seu espaço social. © ph ot os Do Exercício de Redação à Produção Textual Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 32 - 33 b. “Que tenha uma razão para dizer”: neste caso o aluno precisa ter o conhecimento da razão pela qual irá escrever o porquê e qual o motivo de escrever sobre aquele assunto proposto pelo professor. c. “Que tenha para quem dizer”: ao escrever o aluno precisa saber que está escrevendo para um ou mais leitores assim, irá se preocupar em escrever de maneira clara par o interlocutor. d. “Que o locutor se constitua com tal, enquanto sujeito que diz o que diz para quem diz”: desta forma o aluno se sentirá obrigado a escrever construindo argumentos que comprovarão o que quis dizer e que con- vença o leitor sobre seu ponto de vista. e. o aluno deve ter a oportunidade de escolher qual a melhor maneira de desenvolver seu texto para que possa persuadir seu interlocutor. Os fatores anteriormente citados fazem com que os alunos se sintam incentiva- dos a produzirem textos com qualidade, pois existirá um propósito ao escrever. Assim, professor e aluno buscarão caminhos para tornar este ato um momento prazeroso, uma contínua construção e diálogo entre quem escreve e quem lê. Na produção textual a escrita tem a sua real função: a comunicação. Soares (2004) ressalta que a função primordial da escola e dos educadores seria propiciar aos alunos caminhos para que eles aprendam de forma consciente e consistente os mecanismos de apropriação de conhecimentos. Os mesmos devem ser a mola propulsora para que seus alunos atuem criticamente em seu espaço social. Uma escola transformadora é aquela que está consciente de seu papel político na luta contra as desigualdades e formação do aluno crítico. 34 - 35 TEXTO COMO UNIDADE DE ENSINO Fabiane Carniel O ensino da Língua Portuguesa tem sido mar- cado por uma sequenciação de conteúdos que se poderia chamar de aditiva: ensina-sea juntar sílabas (ou letras) para formar pala- vras, a juntar palavras para formar frases e a juntar frases para formar textos. Essa abordagem aditiva levou a escola a traba- lhar com “textos” que só servem para ensinar a ler. “Textos” que não existem fora da escola e, como os escritos das cartilhas, em geral, nem sequer podem ser considerados textos, pois não passam de simples agregados de frases. Se o objetivo é que o aluno aprenda a pro- duzir e a interpretar textos, não é possível tomar como unidade básica de ensino nem a letra, nem a sílaba, nem a palavra, nem a frase que, descontextua-lizadas, pouco tem a ver com a competência discursiva, que é questão central. Dentro desse marco, a unidade básica de ensino só pode ser o texto, mas isso não significa que não se enfoquem palavras ou frases nas situações didáticas específicas que o exijam. Um texto não se define por sua extensão. O nome que assina um desenho, a lista do que deve ser comprado, um conto ou um romance, todos são textos. A palavra “pare”, pintada no asfalto em um cruzamento, é um texto cuja extensão é a de uma palavra. O mesmo “pare”, numa lista de palavras come- çadas com “p”, proposta pelo professor, não é nem um texto nem parte de um texto, pois não se insere em nenhuma situação comuni- cativa de fato. Analisando os textos que costumam ser consi- derados adequados para os leitores iniciantes, novamente aparece a confusão entre a capa- cidade de interpretar e produzir discurso e a capacidade de ler sozinho e escrever de próprio punho. Ao aluno são oferecidos tex- tos curtos, de poucas frases, simplificados, às vezes, até o limite da indigência. Essa visão do que seja um texto adequado ao leitor iniciante transbordou os limites da escola e influiu até na produção editorial: livros com uma ou duas frases por página e a preocupação de evitar as chamadas “síla- bas complexas”. A possibilidade de se divertir, de se comover, de fruir esteticamente num texto desse tipo é, no mínimo, remota. Por trás da boa intenção de promover a aproxi- mação entre crianças e textos há um equívoco de origem: tenta-se aproximar os textos das crianças — simplificando-os —, no lugar de aproximar as crianças dos textos de qualidade. Não se formam bons leitores oferecendo materiais de leitura empobrecidos, justa- mente no momento em que as crianças são iniciadas no mundo da escrita. As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a leitura. * Autores atualmente bastante difundidos sobre as teorias dos gêneros textuais: Bernard Schneuwly; Joaquim Dolz; Jean – Paul Bronckart e Auguste Pasquier 34 - 35 A EXPERIÊNCIA SUÍÇA Desde a década de 1990, países como a França, Inglaterra, Suíça e Brasil vêm adotando uma pers-pectiva de trabalho didático com os gêneros, tal como teo- rizados por Bakhtin. Embora o pensador não tenha se concentrado na questão da transposição didática de sua teoria da lin- guagem, pesquisadores como Bernard Schneuwly, Joaquim Dolz, Jean – Paul Bronckart, Auguste Pasquier entre outros desenvolvem há mais de duas décadas pes- quisas que têm como objetivo a utilização dos gêneros no ensino de língua. Professores da Universidade de Genebra, Dolz e Schneuwly realizaram pesquisas sobre elaboração e princípios didáticos do ensino do francês e sobre o ensino- -aprendizagem da produção de gêneros textuais orais e escritos há anos. Mais recen- temente criaram um grupo de pesquisas que desenvolve estudos na área de didática de língua materna, contando com o traba- lho de diversos colaboradores. 36 - 37 Cada vez mais pessoas têm acesso à rede mundial de computadores e ela é um rico am- biente para a circulação de infinitos gêneros textuais, alguns até são bastante caracte- rísticos do meio, confirmando a tendência de que os gêneros são criados e estruturados conforme as necessidades dos falantes e de suas finalidades. O texto abaixo é uma entrevista de uma pesquisadora de gêneros específicos que foram criados a partir de alguma necessidade para o uso da internet. Por fazer parte de um curso na modalidade a distância, vale a pena lê-lo. Boa Leitura!!! VERA LÚCIA MENEZES DE OLIVEIRA E PAIVA Professora titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisadora do CNPq. Atua na Graduação em Letras e no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, nas linhas de pesquisa em Linguística Apli- cada e em Linguagem e Tecnologia. 1 – O que caracteriza o hipertexto? Quais são as suas especificidades? O termo hipertexto foi cunhado por Ted Nelson, em 1960, em um projeto desenvol- vido quando aluno de pós-graduação, em Harvard (WHITEHEAD, 1961). Hipertexto designa uma coleção de documentos com links, ou hiperlinks, que auxiliam o leitor a ir de um texto (texto escrito ou imagem) a outro, em um movimento auto-gerenciado. O hipertexto se caracteriza pela não-line- aridade, pela liberdade do percurso que o leitor pode construir. Em entrevista, concedida a Jim Whitehead (1996), Nelson explica que ele se inspirou em sua experiência de escritor. Segundo ele, o escritor enfrenta dificuldade em colo- car o conteúdo das histórias em seqüências lineares, que nem sempre retratavam a complexidade de sua história. Quando o leitor se depara com um texto ficcional, ele tem a tarefa de, através da seqüência linear, recompor o conteúdo e colocá-lo, nova- mente, em sua estrutura não linear. A idéia foi economizar, tanto para o autor como para o leitor, tempo e esforço, ao reunir e compreender o que estava sendo apresen- tado através de hipertextos. A princípio, poderíamos pensar que o hipertexto depende do autor que cria os links, mas hoje com os mecanismos de busca cada vez mais inteligentes, qual- quer leitor na web pode utilizar hipertexto, saindo do texto e voltando ao mesmo, sempre que quiser aprofundar seu conhe- cimento sobre algum tópico ou encontrar alguma informação rápida sobre algo mencionado no texto. Já existe software, por exemplo, que transforma um texto inteiro em hipertexto, associando cada palavra ao correspondente verbete em um dicionário. 2 – O que caracteriza os gêneros virtu- ais (ou digitais)? Shepherd e Walters (1999, p.1) afir- mam que os gêneros são, geralmente, caracterizados pela forma e pelo con- 36 - 37 teúdo e que pouca atenção é dada à funcionalidade das mídias. No caso dos gêneros virtuais, ou digitais, os usuá- rios têm certas expectativas em relação à funcionalidade, além da forma e do conteúdo. O que caracterizaria, então, esse tipo de gênero seria um conjunto de aspectos da funcionalidade, tais como a hipertextualidade, a interati- vidade, e a democratização do acesso, pois qualquer um pode ter acesso aos gêneros digitais. Mesmo que alguém diga que nem todo mundo está conec- tado à Internet, há terminais públicos em bibliotecas, livrarias e em instituições governamentais e não-governamentais. Quanto à forma, os gêneros digitais, pela sua própria natureza, oferecem maior pos- sibilidade de multimodalidade, podendo integrar texto, imagem, vídeo e som. É claro que alguns aspectos da funcionali- dade sofrem restrições ora da tecnologia e ora das instituições, pois, nem sempre, um usuário pode, por exemplo, ver um vídeo, seja por limitações tecnológicas (tipo de equipamento e de acesso à Internet) ou por restrições impostas por quem detém o controle sobre um terminal de compu- tador. Com o perigo de invasão de hackers ou contaminação por vírus, as redes, espe- cialmente nas organizações onde há muitos usuários, limitam o acesso a certos sites, impedem instalação de software e utiliza- ção de chat. Alguns gêneros digitais são evoluções de outros já existentes no suporte impresso ou no vídeo (ex. vídeo clip, conto, fotogra- fia). Outros nasceram com a nova mídia, como o fórum e o chat, para citar apenas dois exemplos. 3 – O que diferencia a linguagem usada na internet das outras manifestaçõeslin- güísticas? Considero que, hoje, vivemos duas instân- cias de uso da linguagem. A “real” e a virtual. Muitas atividades mediadas pela lingua- gem, em interações face a face ou mediadas por papel, áudio ou vídeo, podem, hoje, ter sua contrapartida na Internet, ou seja, pela mediação do computador. Nesse sentido muda apenas o suporte. No entanto, a Internet oferece tecnologias que permitem a criação de textos grafica- mente mais criativos e novas formas de comunicação e interação que superam limi- tes de tempo e espaço. O mais interessante para mim, é que a linguagem da Internet possibilita a criação de uma inteligência coletiva. Em texto no prelo, Paiva (2005) (http://www.veramenezes.com/comuni- dades), discuto esse conceito. Utilizando os termos de Lévy (1998), pode- mos dizer que a Internet permite uma “coordenação das inteligências em tempo real” e atinge uma “mobilização efetiva das competências”, potencializando interações que produzem “um comportamento glo- balmente inteligente”. Diz Lévy: Interagindo com diversas comunidades, os indivíduos que animam o Espaço do saber, longe de ser os membros intercambiáveis de castas imutáveis, são ao mesmo tempo singulares, múltiplos, nômades e em vias de metamorfose (ou de aprendizado) per- manente. Esse projeto convoca um novo huma- nismo que inclui e amplia o “conhece-te 38 - 39 a ti mesmo” para um “aprendamos a nos conhecer para pensar juntos”, e que genera- liza o “penso, logo existo” em um “formamos uma inteligência coletiva, logo existimos eminentemente como comunidade”. Pas- samos do cogito cartesiano ao cogitamus (p.31-32). As tecnologias da Internet possibilitam a expressão do pensamento e a transmissão de informação, mas é na ênfase na intera- ção que reside seu diferencial. Os gêneros, tipicamente virtuais, permitem uma inte- ração criadora, pois cada enunciador é um co-construtor do texto, um co-autor ou um co-criador. Uma página de fórum educacional nos mostra a co-construção de textos acadêmicos, através de interações entre seus membros. Os blogs oferecem espaço para comentários de seus leitores, o chat é co-construído localmente de forma semelhante à conversa espontânea, com a diferença que se materializa na tela e pode ser arquivado e até impresso. 4 – Apesar de toda a diversidade lin- güística nacional (variações regionais), percebemos que os recursos usados para comunicação entre internautas parece seguir alguns padrões, apesar da aparente “desordem” lingüística. Os internautas de todo o Brasil conseguem se compreender perfeitamente, pois utilizam os mesmos sinais gráficos, abre- viaturas, emoticons, etc. Como a senhora explica esse fenômeno? Eu acho que fazem muito barulho sobre isso. Há alguns anos fiz uma coleta de dados com adolescentes internos na FEBEM e, em vários momentos, de nossa interação, eles usaram a linguagem do “p” e outras lingua- gens que eu não conseguia compreender e muito menos utilizar. Ou seja, usaram recursos de uma comunidade lingüística, a qual eu não pertencia, de forma a me isolar ou mesmo deixar evidente que eu não pertencia ao grupo. Minha filha “tipo assim”, se refere a ônibus como balaio e usa várias palavras que não fazem parte de minha comunidade discursiva. Muitas vezes, tenho que pedir a ela que traduza o que está dizendo. Assim como não me interessava aprender os códigos dos internos da FEBEM, também não me interesso em aprender as gírias que minha filha usa ou as formas de interação no “chat”. Eu simplesmente não pertenço àquelas comunidades discursivas, mas se o fizesse, aprenderia rapidamente as novas formas de comunicação, pois nós, os huma- nos, temos a capacidade de linguagem que nos permite aprender e utilizar várias for- mas de expressão. Entendo que não existe desordem lin- güística, e nem ameaça aos códigos já estabelecidos. Tanto é assim, que os usu- ários do chat não enfrentam problemas de comunicação quando interagem com outras comunidades discursivas. Nunca vi nenhum professor ou pais reclamando que não conseguem interagir com os adoles- centes que usam muito o chat. A mudança de código de acordo com o contexto, faz parte da competência comunicativa de todo falante. É Interessante observar que ninguém implica com a linguagem usada na transmissão de mensagens pelo celular, a SMS (short message service). No entanto, ela também é cheia de supressões e abre- viaturas, pois precisa se adequar ao espaço da tela do celular, assim como o chat precisa se adequar ao tempo, à ligeireza da intera- ção típica desse gênero. Talvez, a tolerância 38 - 39 possa ser explicada pelo fato de ser a pri- meira do domínio privado e não do público, como é o caso do chat. 5 – Com o surgimento dos “e-books”, a senhora acredita que haverá a substi- tuição gradual dos livros tradicionais de papel, até a sua completa extinção, ou “nada substitui o livro”? Da mesma forma que o teatro, o rádio, e o cinema não morreram com o advento da televisão, acredito que o livro não morrerá. Os e-books, principalmente os publica- dos na web, vão ajudar na divulgação mais democrática do conhecimento, mas a leitura intensiva na tela não é algo con- fortável. A portabilidade do papel ainda não enfrenta competição com o compu- tador. Laptops ainda são caros, pesados e as baterias têm duração limitada. Minha filha, por exemplo, adora ler andando den- tro da piscina. Isso é inimaginável com a mídia eletrônica. No entanto, algumas modalidades de textos impressos deverão migrar para o mundo digital. Refiro-me aos periódicos e aos textos não-lineares como o dicionário e a enciclopédia, os dois últimos pela faci- lidade de busca e acesso à informação. As bibliotecas das universidades federais não recebem mais verba para periódicos e o acesso a eles foi expandido pelo portal da CAPES. Quanto às enciclopédias, o novo meio é mais eficaz, pois o conhecimento muda rapidamente e é mais fácil atuali- zá-lo na web do que fazer reimpressões. É interessante lembrar também que a Inter- net complementa a mídia impressa. Alguns livros e revistas vêm acompanhados de CD-Roms e revistas de circulação nacio- nal oferecem aos seus leitores informações extras, incluindo áudio, de matérias da semana, com acesso, geralmente limitado ao código do assinante ou do exemplar. No nosso caso, a circulação de nossos tex- tos é tão restrita que eu até torceria para que o livro acabasse. Assim, não estaríamos submetidos à lógica do lucro das editoras e poderíamos circular o conhecimento de forma barata e rápida. Optei por colocar tudo o que escrevo na Internet e isso tem feito com que meus textos circulem mais, até no exterior. 6 – A língua usada na internet é uma modalidade falada por escrito ou uma modalidade escrita com erros ortográ- ficos? Como a senhora compreende os recursos usados nas manifestações ele- trônicas? Na Internet, temos uma grande varie- dade de registros que se inserem em um continuum que vai da oralidade à escrita. Quando digo escrita também penso em um continuum da escrita informal à escrita acadêmica. No continuum da oralidade, podemos interagir usando um microfone, logo linguagem oral, ou podemos usar o chat que, por sua agilidade exige que usemos um código que se aproxima da oralidade, dela tomando, de empréstimo, muitos traços, como, por exemplo, o jorro de idéias sem muita restrição sintática. Os gêneros e suas características determi- nam o tipo de linguagem a ser utilizada. Houve uma época, por exemplo, que os telegramas grafavam vírgula como VG e ponto como PT, devido às restrições da tecnologia. Como o preço é por palavra, simplificava-se o texto ao máximo, mas nin- 40 - 41 guém ficava chocado com isso. Da mesma forma, a natureza do e-mail e do chat, incluindo seus usuários, determinam o tipo de linguagem: abreviaturas para aten- der à agilidade do gênero e emoticons para suprimir a ausência de dados do contexto, tais como o riso e as expressões faciais. É precisolembrar que essas características são típicas desses dois gêneros e podem se estender aos blogs. No entanto, a Inter- net veicula muito mais do que isso e usa outros registros que não diferem dos meios impressos. 7 – E quanto ao e-mail? Ele pode ser considerado um gênero virtual/digital? Quais as características que o definem como tal? Em texto publicado em Paiva (2004), defendo que o e-mail, como o correio ele- trônico, é um meio de transmissão de vários gêneros. Mas que existe um novo – o e-mail ou mensagem eletrônica – que seria uma mistura de vários gêneros. Naquele texto, defino e-mail da seguinte forma: (...) um gênero eletrônico escrito, com características típicas de memorando, bilhete, carta, conversa face a face e tele- fônica, cuja representação adquire ora a forma de monólogo ora de diálogo e que se distingue de outros tipos de mensa- gens devido a características bastante peculiares de seu meio de transmissão, em especial a velocidade e a assincronia na comunicação entre usuários de com- putadores. (p.77-78) Quanto às suas características, podemos elencar: a velocidade na transmissão; o baixo custo; a assincronia na comunicação; a possibilidade de ser enviado e reenviado a milhares de pessoas no mundo inteiro; a possibilidade de inserção de hipertex- tos em formato de links ou de anexos; e a facilidade de manipulação: pode ser lido na web, baixado para o computador pes- soal, reproduzido e impresso. 8 – O surgimento e utilização cada vez mais ampla do e-mail sugere o fim das cartas via correio? Acredito que sim. Ao abrir a sessão de carta do leitor na revista Veja, por exem- plo, você verá que o número de e-mails é muito superior ao de cartas. A edição de 28 de setembro registra que a revista recebeu 2031 e-mails, 43 textos em fax e 40 cartas. Parece que isso é uma evidência de que a carta está em queda. No entanto, o cor- reio está adquirindo nova função, pois o comércio virtual precisa de seus serviços para finalizar as transações on-line. 9 – Existe um padrão para a redação/ organização do texto em e-mails? [...] Dos textos escritos, herda a assincronia. Do memorando, toma de empréstimo seme- lhanças de forma que é automaticamente gerada pelo software; do bilhete a informa- lidade e a predominância de um ou poucos tópicos; da carta as fórmulas de aberturas e fechamentos. Dos gêneros orais herda a rapidez, a objetividade e a possibilidade de se estabelecer um “diálogo”. Da con- versa face a face, temos um formato que guarda alguma semelhança com a tomada de turno e a interação telefônica, além de limitações contextuais também semelhan- 40 - 41 tes, mas com a possibilidade de colocar em contato pessoas que se encontram geogra- ficamente distantes. Na primeira linha, é obrigatório o preenchi- mento do campo com o endereço digital de um ou mais destinatários; na segunda linha, o usuário pode inserir endereços para onde serão enviadas cópias da mesma mensa- gem. Outro campo, embutido na segunda linha, é um espaço para cópias ocultas, ou seja, você pode enviar cópias para outras pessoas sem que o destinatário saiba. Na terceira linha temos o assunto, que segundo Crystal (2001, p.97) é um elemento crítico na tomada de decisão sobre prioridade de leitura ou até de descarte do texto. Através dos assuntos, podem ser filtradas mensa- gens indesejadas, utilizando-se ferramentas do próprio gerenciador de e-mails ou de outro programa. Um outra opção é a assi- natura do usuário que pode ser inserida automaticamente assim que o autor inicia uma nova mensagem. 10 – Quais são as perspectivas para o futuro quanto ao uso da internet como “canal” para criação de novos gêneros ou formas de comunicação? A Internet está para os dias de hoje como a imprensa esteve para o século XV. Se a imprensa representava a possibilidade de “subversão”, a Internet é uma revolu- ção contra a censura e a manipulação da informação. Disseminar seu uso para fins educacionais e sociais e dar acesso aos “sem internet” são os grandes desafios que enfrentamos. Manter a Internet fora das garras dos governos ditatoriais de forma a assegurar a liberdade de expressão é um outro desafio. Quanto aos novos gêneros, acredito que com as máquinas fotográficas, gravadores e filmadoras digitais ficando cada vez mais acessíveis e com o avanço de aplicativos para a Internet, novos gêneros devem surgir, com fortes características multimídia e holo- gramáticas. Devem surgir, também, novos tipos de comunidades virtuais. Entendo que o Orkut é apenas o início e que novas comunidades com novos objetivos e novos ambientes virtuais serão criadas. Fonte: <http://www.latec.ufrj.br/hipertexto/index.php/entrevistas.html> Acesso em 15/12/2010. 42 - 43 DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA A Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 42 - 43I CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro aluno, chegamos ao final da nossa primeira unidade, nela procuramos mos- trar a importância do trabalho com textos no Ensino Fundamental para garantir o significado da escrita com qualidade. Vimos também que leitura e escrita são processos independentes, mas, que se relacionam. Nesse sentido, vale ressal- tar mais uma vez que todo texto é produzido para um destinatário e que dessa forma, o mesmo quando escrito será passível de leitura, dessa forma, o que rea- firmamos é que ambas as atividades, leitura e escrita se relacionam. Apresentamos ainda, que de forma bastante breve, a importância do traba- lho com os gêneros nas salas de aula do ensino fundamental, pois se os gêneros são instrumentos que utilizamos para falar e escrever e, consequentemente, para agir na sociedade e nosso intuito é garantirmos ao aluno a compreensão da orga- nização da Língua Portuguesa, uma das alternativas mais corretas para a eficácia dessa empreitada é o trabalho desses textos que circulam socialmente. Apresentamos ainda a você o papel do professor como mediador antes, durante e depois do processo de produção textual do aluno. Pautado em estu- dos, definimos também que o aluno precisa escrever com função social, mas para que isso ocorra, ele tem que ter propósitos ao escrever. Para encerrar essa primeira unidade procuramos mostrar e exemplificar a diferença entre redação e produção textual, enfatizando a necessidade de não analisar a escrita da criança apenas como um ato avaliativo, mas interagir, orien- tar e apresentar metodologias que sejam capazes de garantir as competências necessárias em relação à comunicação e a linguagem, pois como vimos essas circunstâncias de aprendizagem da língua podem levar a outras circunstância de aprendizagem do aluno que o transformaram, à medida que o mesmo evolui em um cidadão capaz de assumir seu papel como tal na sociedade. Assim, queremos deixar claro diante de todos os demais aspectos que abor- dados neste material de estudo, que o texto é sem dúvida o ponto de partida para o estudo da língua, pois é por meio dele que toda a situação de interação acon- tece, seja ela na oralidade ou na escrita. Na próxima unidade nos encontraremos novamente para discutirmos as diferentes maneiras de correção de texto da criança. Continue lendo, você verá o quanto seu papel como medidor desse processo é importante. 42 - 4342 - 43 1. Leia atentamente sobre o papel da escola, do professor e das novas necessida- des da atualidade e produza um texto relatando sobre estes papéis. Conceber o texto como unidade de ensino/aprendizagem é enten- dê-lo como um lugar de entrada e saída para este diálogo com ou- tros textos, que remetem a textos passados e que farão surgir textos futuros. Conceber o aluno como produtor de textos é concebê-lo como participante ativo deste diálogo contínuo: com textos e com leitores. (GERALDI, 2006). 2. A citação acima mostra a importância do trabalho com textos de diversos gêne- ros na sala de aula não como uma prática de redação. Sendo assim, discorra de forma explicativa
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