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SOFTWARE EDUCACIONAL: RECURSO DIDÁTICO PARA APOIO NO PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA LÍNGUA TUPI

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SILVA, J. D. Software Educacional: recurso didático para apoio no processo de
revitalização da língua Tupi. In: COSTA, F. V. F; NETO, J. V. F (Orgs.). Multiverso
Indígena - abordagens transdisciplinares. Salvador (BA): Egba, 2014).
SOFTWARE EDUCACIONAL: RECURSO DIDÁTICO PARA APOIO
NO PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA LÍNGUA TUPI
José Daniel da Silva
Podemos afirmar que Língua e Sociedade são duas
realidades que se inter-relacionam de tal modo que é
impossível conceber-se a existência de uma sem a outra.
É no seio da sociedade, com suas particularidades e
afinidades, que as falas fluem, que a interação ocorre.
Maria do Socorro Pessoa
A fala é o espelho da alma; o homem é o que diz.
Públio Siro
APRESENTAÇÃO
Respondendo a uma demanda da comunidade indígena Tupinambá, localizada
no Sul e Extremo Sul da Bahia, relacionada ao processo de revitalização da língua Tupi
e, tendo como elemento norteador a pesquisa que resultou na tese de doutorado do
professor Francisco Vanderlei Ferreira da Costa1, foi desenvolvido um trabalho de
pesquisa fomentado pela FAPESB2. Esta pesquisa debateu o ensino e a aprendizagem
da língua indígena, isso com contribuições determinantes da comunidade. O resultado
da pesquisa foi a criação de um recurso tecnológico do tipo Software Educacional para
auxiliar no processo de revitalização da língua indígena.
O desejo de a comunidade Tupinambá voltar a falar a língua Tupi não é recente,
mas foi fortalecido pelo movimento político local por volta da década de 90, quando um
pequeno grupo de professores e lideranças buscaram o reconhecimento étnico por parte
das autoridades, a língua acompanhou essa ação.
Graduando do curso de Licenciatura em Computação do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Bahia (IFBA), Campus Porto Seguro.
1 Professor da Licenciatura Intercultural Indígena e da Licenciatura em Computação, ambas do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Campus Porto Seguro. Orientador da
pesquisa.
2 Pesquisa de Iniciação Científica financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia,
sob os números BOL1614/2011 e BOL 2141/2012.
A pesquisa, que culminou neste capítulo, iniciou-se em agosto de 2011, tendo
duração de dois anos, e procurou trazer contribuições para o debate sobre o processo de
revitalização da língua por meio do ensino na escola e também na comunidade. O
recurso didático resultante destina-se à adoção da tecnologia por parte dos docentes,
para uso nos laboratórios de informática existentes nas escolas indígenas das
comunidades. No decorrer da pesquisa foram feitas discussões a respeito do papel da
tecnologia na sociedade e na educação e visitas de campo às comunidades para
conhecer as escolas indígenas e os aparatos tecnológicos nelas disponíveis.
A decisão pela criação de um software educacional livre partiu da convergência
entre a pesquisa de coleta de dados do professor orientador, na área de Linguística, e a
pesquisa de formação na área Tecnológica, na graduação do curso de Licenciatura em
Computação. O fruto desta pesquisa, o software educacional, foi nomeado de Glossário
Digital Tupinambá e será apresentado detalhadamente adiante.
SOBRE OS TUPINAMBÁ DO SUL DA BAHIA
A comunidade indígena Tupinambá, situada nos municípios de Ilhéus,
Buerarema, Una e Belmonte, etnia considerada extinta pelas autoridades brasileiras
desde o século XVIII, desde muito tempo luta pelo seu reconhecimento como tal, tendo
esta luta tomado maior corpo a partir do ano 2000 – no bojo das comemorações pelos
500 anos da chegado dos europeus ao Brasil. Como um dos resultados dessa luta,
chegou-se ao reconhecimento étnico desse grupo em maio de 2002, através da Nota
Técnica 01/CGPE/02 emitida pela Fundação Nacional do Índio.
Para se chegar a esse reconhecimento, é importante lembrar que até 2003, a
prática corrente, de acordo com os mecanismos desenvolvidos pelo governo para a
aferição da identidade étnica, era a de elaboração de laudos por parte de antropólogos,
sendo estes mecanismos considerados por antropólogos e juristas como
anticonstitucionais. Em 20033, esta situação foi modificada com a adoção da Convenção
169 da Organização Internacional do Trabalho, em que a autoidentificação como
indígena deverá ser considerada um critério fundamental para a definição dos grupos
aos quais se aplicam as disposições da convenção (VIEGAS, 2007).
Como parte desta luta, a comunidade Tupinambá ainda busca a retomada de seu
território tradicional bem como de seus direitos correlatos perante o Estado brasileiro.
3 Ver Decreto № 5.051, de 19 de abril de 2004, da Presidência da República.
Contudo para que os índios possam ser assistidos na reivindicação de seus direitos no
tocante a identificação da terra indígena, é necessário a comprovação dessa identidade
baseada em critérios fundamentados em teorias de identidade indígena (VIEGAS, 2007).
Faz parte dessa luta também a busca da revitalização da língua Tupi,
denominada por vezes como Tupinambá. Essa revitalização da língua vem como um
meio de reforçar não só o reconhecimento étnico já ocorrido, mas também como forma
de manutenção das tradições, da ligação da comunidade com seus antepassados e
naturalmente resgatar a língua que a etnia não fala há bastante tempo.
COMUNIDADE INDÍGENA, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
Figura 1- Charge publicada no jornal Diário do Amazonas em 19/04/2012, aludindo às diferenças entre os
índios de antigamente e os atuais. Fonte: http://blogs.d24am.com/jrlima/files/2012/04/indio-2-charge-
opiniao-quinta-c%C3%B3pia1.jpg.
Quando se fala de comunidades tradicionais, tem-se o entendimento, ainda que
incorreto, que tais comunidades ficaram paradas no tempo, preservando suas tradições e
sem muito ou nenhum contato com o mundo exterior e seus artefatos modernos. Ainda
que algumas comunidades tenham um perfil próximo desse conceito, mas mantendo
uma dinamicidade própria, fato este que deve ser fortalecido e respeitado, outras, como
os Tupinambá do Sul e Extremo Sul da Bahia, mantêm suas tradições culturais e ao
mesmo tempo fazem uso de tecnologia, tanto em seu modo de vida diário quanto na
educação.
Uma grande barreira encontrada pelos indígenas é o fato de os não-índios muitas
vezes não reconhecê-los em suas especificidades, apelando para uma ideia de falta de
pureza como única forma de reconhecimento, ou seja, não haveriam mais índios devido
à miscigenação e mudanças de hábitos. Para tais pessoas, para serem ‘índios’ os
indivíduos além da alegada pureza deveriam viver nus na mata como antes da chegada
dos portugueses.
A figura acima, ainda que retratando um típico índio norte-americano, procura
mostrar a ‘diferença’ entre o índio de outrora e o de hoje. A partir dessa figura podemos
fazer uma análise, ainda que superficial, dos ‘nossos’ índios pelos mesmos critérios
apresentados.
Na relação apresentada entre as personagens (o índio antigo e o atual)
observamos que diversos hábitos modificaram-se com o passar do tempo. Na figura
vemos o índio ‘antigo’ se comunicando através de sinais de fumaça e o ‘atual’ através
de um computador. O índio vestido de tanga dá lugar ao índio vestido de bermuda e
calçado em um tênis, alimentando-se com produto industrializado e ouvindo música
com fones de ouvido. Em relação a moradia a figura não apresenta grandes mudanças
(na imagem a ‘oca’ retratada é típica dos índios norte-americanos) embora a ‘oca’ do
índio atual possua diversos apetrechos tecnológicos.
Entre os Tupinambá podemos observar que as ocas deram lugar a casas de
madeira e alvenaria, que a comunicação se dá por telefones celulares e computadores
ligados à internet, que o vestuário no cotidiano é o mesmo do ‘homem branco’ e que a
tecnologia está bem presente em seu contexto.
No ideário de alguns, uma cultura não pode mudar, se isto ocorre ela deixa de
ser autêntica. Por isso, a visão de algumas pessoas a respeito dos indígenas quanto a sua
falta de pureza. O índio que conhecemos através da escola e damídia é folclorizado
(morando em ocas na floresta, de tanga ou nus, alimentando-se de caça, pesca e colheita,
de arco e flecha e pintados para a guerra etc.). A visão dos mesmos morando em casas
modernas e utilizando equipamentos tecnológicos parece, a alguns, algo que quebra
completamente a sua ligação com o ‘modelo padrão’ do índio brasileiro de 5 séculos
atrás.
Seria um absurdo colocarmos a imagem do português que aqui chegou no ano de
1500 em contraste com o atual e dizer que o atual trata-se de um ex-português, visto que
sua indumentária e fala, por exemplo, diferem entre o ‘antigo’ e o ‘atual’. Por que então
se insiste tanto na ideia do ‘ex-índio’ ou do índio ‘impuro’?
Independentemente dessa visão equivocada, iniciativas de uso da tecnologia
entre os indígenas não são algo novo, pelo contrário, a tecnologia está inserida na vida
de boa parte das comunidades. Há desde TV e telefones celulares a computadores e
internet. Contudo a utilização da tecnologia não significa abandonar as tradições que
são não somente o que as comunidades têm de mais valioso como também o de mais
bonito (PANK, 2007). Essas comunidades sabem conciliar a tecnologia e a cultura,
aproveitando essa ligação para promover o desenvolvimento, abrindo as portas para a
obtenção de um conhecimento mais amplo. A internet, por exemplo, pode ser utilizada
pelas comunidades para diversos fins, tais como fortalecer a cultura e as tradições e
expor ao mundo suas histórias, costumes e crenças.
Para Ará Pank, indígena Pankararu de Pernambuco, a
tecnologia não mata a cultura dos povos indígenas, pelo contrário, a
fortalece, se utilizada com responsabilidade. Ela quebra fronteiras [e]
traz benefícios para os povos indígenas, além de oportunidades de
expressão. Quanto aos indígenas que ainda não usufruem da
tecnologia convidamos a utilizá-la com responsabilidade, consciência
e sabedoria (2007, p. 24).
Alguns não-índios chegam a considerar que os indígenas não são capazes de
utilizar a tecnologia e ter acesso a novos conhecimentos, como se eles houvessem
parado no tempo e ainda possuíssem as mesmas características de há 500 anos. Os
Pankararu, por exemplo, possuem o maior número de indígenas com formação superior
em diversas áreas, sendo Maria Pankararu, a primeira indígena a obter o título de
doutora, “um exemplo a ser seguido pelos indígenas” (PANK, 2007, p. 25).
É importante salientar que a tecnologia, descrita como a “teoria geral e/ou estudo
sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais
ofícios ou domínios da atividade humana“ (HOUAISS ELETRÔNICO 3.0, 2009), não
se refere apenas as normalmente nomeadas Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICs), como pode parecer a princípio, mas refere-se a todas as tecnologias que foram
responsáveis por processos de desenvolvimento das sociedades, incluindo nesses
processos a própria educação (BAZZO et al., 2003). As tecnologias criadas pelo ser
humano, desde a roda até o computador, geraram mudanças na sua forma de
comunicação, como podemos observar na invenção da escrita, da imprensa e da
informatização. O surgimento dessas tecnologias causou grandes transformações no
mundo, mas, muitas vezes, elas foram e ainda são fatores de exclusão e desigualdade,
como, por exemplo, o caso de pessoas que não possuem acesso aos indicativos mais
básicos de qualidade de vida (habitação, escolas, etc.), mas vivem cercadas de artefatos
tecnológicos, sem, contudo, participar efetivamente das consequências que eles
provocam. Assim, essa relação do homem com a tecnologia torna-se efetivamente mais
um fator de desigualdade social. Ao longo da história da humanidade a tecnologia teve
papel importante nos processos de evolução do ser humano, que modificou as suas
relações com os seus semelhantes e com a natureza, ao transformar ao longo do tempo
as formas de produzir e reproduzir os meios de sua própria sobrevivência (SAMPAIO;
LEITE, 2011).
A tecnologia está presente em quase todos os lugares e áreas de nossas vidas e é
impossível não notar todas as mudanças aceleradas que vem ocorrendo pelo mundo. As
mais diversas publicações, científicas ou não, como livros, filmes, programas de TV
entre outras nos trazem a discussão a respeito do avanço tecnológico ocorrido nos
últimos anos, bem como as suas consequências. O avanço tecnológico é sem dúvida
uma das principais marcas do nosso tempo e atinge todos os setores da sociedade,
mesmo que as relações ocorram entre classes sociais com diferentes interesses, poderes
e direitos. Para Filé (2011),
Os aparatos tecnológicos interessam naquilo que tem alterado nos
seres humanos: a vida social, a produção da cultura, produção de
outras subjetividades e alteração da ordem do conhecimento. Pensá-
los entre a proposição de que eles possuem capacidade benfazeja
intrínseca (TICs) e as transformações que vão produzindo (p. 32).
Muitos estudiosos das ciências humanas já buscaram compreender, definir e
produzir conhecimento sobre a sociedade, hoje predominantemente tecnológica. No
quadro abaixo podemos ver uma síntese do que alguns desses estudiosos pensavam a
respeito da ‘revolução tecnológica’ sofrida pela sociedade (SAMPAIO; LEITE, 2011, p.
30-31).
Marcuse
(1967)
O avanço tecnológico deve ser orientado e o homem não pode deixar-se
dominar pela tecnologia, para que o crescimento econômico e social seja
mais qualitativo e menos desumano.
Ferkiss
(1972)
A tecnologia é incapaz de acabar com as desigualdades sociais do
sistema capitalista. Pensa o homem tecnológico em contraposição ao
homem burguês da sociedade industrial. O primeiro dominaria a ciência
e a tecnologia em vez de ser dominado por elas.
Morais
(1978)
Aponta a desigualdade de distribuição dos benefícios tecnológicos e não
considera a tecnologia como solução de todos os problemas.
Fromm
(1984)
Não considera a tecnologia libertadora e ela somente resolverá todos os
problemas quando estiver a serviço da humanidade e não de alguns
grupos e nações.
Frigotto
(1992)
A tecnologização é inerente a busca do ser humano por formas de
construção de seu mundo.
Lévy
(1993)
Considera a época atual como limítrofe, uma transição da civilização
baseada na escrita e na lógica para a civilização informática.
Parente
(1993)
As tecnologias são produtoras e produtos da subjetividade humana.
Borheim
(1995)
A “pedagogia da máquina” refere-se ao processo de robotização do
homem que passa a ser padronizado pela máquina, assimilando a
dinâmica e comportamento desta.
Schaff
(1995)
Aponta como bases da produção tecnológica, a microeletrônica, a
revolução da microbiologia e a revolução energética.
Esses estudiosos encaram a relação entre o homem e a tecnologia de duas formas:
a tecnologia como instrumento do ato humano de trabalhar e a tecnologia como
ferramenta do ato humano de pensar e construir conhecimento, nas formas de raciocínio
e interpretação.
Mais recentemente vemos o surgimento das chamadas Novas Tecnologias ou
Tecnologias Digitais, que são definidas em diversos livros e artigos como um conjunto
de recursos tecnológicos integrados que proporcionam a automação e/ou a comunicação
de vários tipos de processos existentes nas mais diversas áreas, tais como negócios,
ensino e pesquisa científica, bancária e financeira, etc. Essas tecnologias são utilizadas
para reunir, distribuir e compartilhar informações: sites da Web, equipamentos de
informática, telefonia, etc. (MENDES, 2008).
Como participantes desta sociedade informacional, vivemos cercados pelas
tecnologias digitais. Elas estão presentes nas TVs, computadores, tablets, equipamentos
de rede, telefones celulares, computadores de bordo, micro controladores, leitores de
código de barras, terminais de autoatendimento bancário, etc. Nessa sociedade tão
impregnada de tecnologia, a educação não poderia ficar fora. Antes do surgimento das
Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (ou Tecnologias Digitais), pode-se
pensar que na educação não haviaa utilização de nenhum tipo de ferramenta
tecnológica, entretanto ao considerarmos o significado mais amplo que este termo traz,
percebemos que tal pensamento não se sustenta historicamente, pois “as ações dos
professores para ensinar determinados conteúdos, durante um certo período de tempo,
com a finalidade de alcançar determinadas metas é tecnologia” (SANCHO, 1994, p. 28
apud CORRÊA, 2006, p. 45). Veremos mais adiante que a tecnologia já vem sendo
utilizada de longa data no sistema educacional.
Devemos antes entender que classificar um conjunto de tecnologias e/ou
métodos como ‘Novas Tecnologias’ irá depender do uso que se faz das mesmas no
contexto social ou escolar. Uma tecnologia dita “inovadora” em sua cronologia ou
contexto (centros urbanos) pode não ser uma inovação em um outro contexto (periferia,
escola, etc.) se não produzir mudanças significativas (CORRÊA, 2006). Tomemos por
exemplo o mimeógrafo, que no contexto urbano é considerado uma velha tecnologia,
mas que num outro ambiente ou contexto social pode ser uma inovação, isso pelo uso
que é dado a ele. Da mesma forma, uma sala de aula equipada com artefatos
tecnológicos de última geração não pode ser considerada inovadora se o uso destes
artefatos for feito de forma inadequada, ou seja, além de não se alcançar os objetivos
propostos, também não ocorre a modificação das relações dos sujeitos envolvidos
(alunos e professores).
De nada adiantará propagar a ideia de uma escola com grande gama de artefatos
tecnológicos a disposição do processo de ensino e aprendizagem, se este processo, com
a utilização de tais artefatos, se der apenas como forma de reprodução do paradigma
educacional no qual fomos formados. Usar tecnologia sem modificar as práticas
docentes é dar uma roupagem de modernidade a práticas antigas (CORRÊA, 2006,
p.47).
No contexto da sociedade tecnológica atual caracteriza-se o que podemos
chamar de Tecnologia Educacional. Sendo a escola uma instituição social cuja função é
preparar cidadãos para o trabalho e para a vida, ela não pode e nem deve ficar às
margens da modernidade tecnológica da sociedade, sob o risco de tornar-se uma escola
defasada, desinteressante, alienada além de não cumprir com suas funções (DEMO,
1991 apud SAMPAIO; LEITE, 2011). No Brasil, a partir dos anos 60, iniciou-se nas
instituições educacionais as discussões sobre a Tecnologia Educacional, que a princípio
possuía um caráter tecnicista, voltado para a formação de mão-de-obra especializada
para o mercado de trabalho. Esse caráter ainda perdura em muitos aspectos da educação,
mas hoje ela é, ou deveria ser, voltada para a formação do homem crítico, portanto
produtora de mudanças sociais. Nos anos de 79/80, a Associação Brasileira de
Tecnologia Educacional (ABT) submete um novo conceito em que define que a
Tecnologia Educacional é fundamentada em uma opção filosófica, centrada no
desenvolvimento integral do homem, inserido na dinâmica da transformação social.
Para Luckesi (1986, apud SAMPAIO; LEITE, 2011, p. 23) este novo conceito
“globaliza os três elementos fundamentais de qualquer ação humana: uma opção
filosófica, uma contextualização social da ação e o uso de princípios científicos e
instrumentos técnicos de transformação” social.
Embora o termo Tecnologia Educacional seja recente, no decorrer do
desenvolvimento da humanidade e das sociedades podemos perceber diversos artefatos
que foram inovações tecnológicas nos processos educativos: as pinturas pictográficas
pré-históricas nas cavernas, que foram a forma que o homem primitivo encontrou para
‘registrar’ sua história; a invenção da escrita pelos sumérios por volta de 4000 a.C, que
demonstra que o homem desejava construir outras formas de comunicação; a prensa4 de
Gutenberg que por volta século XV inovou a publicação de livros através da impressão
de tipos móveis, livros antes escritos/copiados à mão etc.
Figura 2- Ilustração metafórica onde há uma ligação entre a comunicação através de uma pictografia pré-histórica e
outra tecnológica. Fonte: Google Imagens.
Depois da prensa, diversos outros artefatos puderam ser destacados como
inovações tecnológicas: quadros negros, livros, rádio, projetores de filmes,
retroprojetores, televisão, fitas de vídeo e áudio e, mais recentemente, computadores,
lousas digitais, datashows, internet, smartphones, laptops, tablets, videogames, entre
4 http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/prensa-gutenberg-435887.shtml
outros. Contudo, devemos entender que a inovação é definida não pela cronologia da
tecnologia, mas pela transformação que a tecnologia promove no meio em que é
utilizada.
Na tabela abaixo podemos ver as tecnologias utilizadas em ambiente escolar
através dos anos.
Época Tecnologia Descrição
Século
XVIII
Quadro e giz Possibilita o aumento do número de alunos e o surgimento
do professor que conhecemos hoje. Desde 1980, dividem
espaço com o quadro branco e o pincel atômico.
1887 Mimeógrafo Permite a impressão de pequenas tiragens com papel
carbono e álcool. Colabora principalmente com a preparação
de provas, exercícios e lições de casa.
1900 Episcópio Projeta em uma tela objetos ou superfícies opacas, como
fotografias e páginas de livros. Para funcionar corretamente,
a sala deve estar completamente escura.
1950 Retroprojetor Com ele, o professor não precisa mais ficar de costas para a
turma. Além disso, preparar as transparências é bem mais
rápido do que escrever com o giz no quadro.
1971 Computador O primeiro uso em aulas no Brasil foi na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mas, rapidamente, ele
passa a contribuir também com o ensino para as crianças.
1984 Datashow Exibe a imagem do computador em uma tela ou na parede.
Tem gerado o abandono dos demais recursos de projeção
que existiram antes dele.
1990 Internet Apesar de ter sido utilizada na Guerra Fria, ela chega às
escolas na década de 1990. A partir daí, revoluciona o
acesso de professores e alunos à informação.
1991 Lousa Digital Reproduz a imagem do computador em uma tela sensível ao
toque, na qual também é possível escrever. Com isso, deixa
o antigo quadro com cara de passado.
2010 Tablet Nos Estados Unidos, existem mais de 20 mil aplicativos
educativos. No Brasil, há intensa distribuição para docentes
e alunos do Ensino Médio, com usos variados.
Fonte: Revista Nova Escola, Edição Especial № 42, Julho de 2012.
Desde as primeiras gerações de computadores, sempre ocorreu a busca de sua
utilização no ambiente educacional. Contudo, a prática educacional difere de outras
práticas sociais, como a comercial e a científica, e, portanto, requer outro tipo de
abordagem. Na educação, por exemplo, existem dois tipos de usuários, o professor e o
aluno, que operam por vezes quase que simultaneamente. Além disso, existem as
questões pedagógicas que envolvem o processo de ensino e aprendizagem e seu alto
grau de subjetividade. Portanto, a utilização da tecnologia na educação tem pelo menos
dois aspectos: seu uso na interação com o conhecimento de áreas específicas e como
ferramenta de apoio ao processo de ensino e aprendizagem (NETO, 2006, p. 55).
O software educativo, um conjunto de recursos informáticos projetados para
serem usados em contextos de ensino e aprendizagem, abrangendo finalidades diversas,
desde a aquisição de conceitos até o desenvolvimento de habilidades básicas (CANO,
1998, p. 169 apud MARQUES NETO, 2006, p.55), é utilizado por alunos e professores
no processo de interação com o conhecimento de uma disciplina, podendo ser utilizado
para que os alunos, sob orientação do professor, promovam também a produção do
conhecimento. No contexto das comunidades Tupinambá, além das tecnologias
relacionadas ao seu dia a dia (televisão, áudio, vídeo, etc.), há uso das Novas
Tecnologias nas escolas.
Figura 3 - Modelo Monitor Educacional. Fonte: http://educar.sec.ba.gov.br/monitoreducacional
Estas escolas possuem Monitores Educacionais (figura acima) que possibilita a
exibiçãode arquivos digitalizados de áudio, imagem e vídeo, todos diretamente de uma
mídia de armazenamento, o pendrive e o cartão de memória são exemplos dessas mídias.
Também há no ambiente escolar da citada etnia data-shows, esses podem ser utilizados
com notebooks e ou computadores desktop para exibição de vídeos, apresentações de
slides dentre outras aplicações nas aulas. Além desses equipamentos, as escolas
possuem centros digitais com diversos computadores e impressoras, e boa parte dos
docentes possuem notebooks. Todos esses equipamentos fazem parte da iniciativa de
uso das tecnologias e novas tecnologias como ferramentas no processo de ensino e
aprendizagem. Há ainda o uso de computadores para a gestão da escola.
A escola indígena Tupinambá na comunidade de Serra do Padeiro, município de
Buerarema, recentemente recebeu a instalação de um link de acesso à internet. Esse
novo recurso tecnológico disponibilizado, não desconhecido, mas até então ausente na
comunidade e na escola, proporcionará acesso aos diversos recursos de pesquisa
disponibilizados, bem como permitirá a criação de conteúdo para o ambiente da web.
Esse novo portal abre um mundo de vasto conhecimento distribuído, com origem em
várias partes do mundo, vários povos, vários pensadores e teóricos. É necessário
contudo, muito critério ao se apropriar desse conhecimento, pois deve-se procurar
sempre fontes confiáveis.
Esse acesso ao ciberespaço5, ou simplesmente o ‘acesso à internet’, proporciona
navegar numa rede digital que se comporta de certa forma com uma grande
biblioteca/discoteca/videoteca ilustrada e que contém dentro de seu ambiente ‘estantes’
com itens virtuais que equivalem a livros, a discos, a programas de rádio, a revistas, a
jornais, a folhetos, a videogames e a uma série de outras mídias, todas apresentadas de
forma interligada e fluida. Esse espaço é compartilhado e a manutenção dele, parte de
nossa relação com ele, é feita através da alimentação e atualização desse imenso acervo
de mídias.
O ciberespaço também é definido
como o espaço de comunicação aberta pela interconexão mundial dos
computadores e das memórias dos computadores. Esse novo meio tem
a vocação de colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de
criação de informação, de gravação, de comunicação e de simulação.
A perspectiva da digitalização geral das informações provavelmente
tornará o ciberespaço o principal canal de comunicação e suporte de
memória da humanidade a partir do início do próximo século (LÉVY,
1999, p.94-95).
5 “A palavra Ciberespaço foi inventada em 1984 por Willian Gibson em seu romance de ficção
Neuromancer. Neste romance o termo designa o universo de redes digitais, descrito como um campo de
batalha entre multinacionais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural” (LÉVY,
1999, p. 94).
Assim, o ciberespaço passa a ter como principal função o acesso aos diversos
recursos de outros computadores. Isso ocorre de forma natural no nosso dia a dia,
quando acessamos a internet para diversos fins, como pesquisar um determinado
assunto, assistir vídeos e ouvir músicas, efetuar compras, enviar e-mails, ler o noticiário,
escrever e/ou comentar artigos em blogs. Por haver muitas oportunidades de acesso e
criação da informação no ciberespaço, as contribuições para a educação são enormes e,
em particular, no processo de revitalização da língua Tupi pela comunidade Tupinambá.
Mas não basta apenas ter estas ferramentas tecnológicas disponíveis na escola, é
necessário que os docentes estejam preparados para fazer uso adequado delas, pois a
educação nesta sociedade tecnológica requer que os indivíduos ligados a ela estejam
habilitados no uso dos vários instrumentais disponibilizados pela tecnologia e que sejam
capacitados a transformar as linguagens digitais em simbologias e representações
construtivas, sabendo como as inserir no processo educativo. Contudo para que esses
recursos sejam utilizados de forma adequada há a necessidade de revisão do processo de
ensino e aprendizagem, bem como uma gestão de forma consciente tanto da pedagogia
como do conhecimento em rede (FERREIRA; FRADE, 2010).
Quando nos apropriamos das tecnologias digitais tendemos a alterar nossa visão
geral sobre a educação e deixamos de ser meros usuários dos instrumentais disponíveis,
pois a tecnologia deixa de ser só um objeto de uso e torna-se um objeto de cooperação
no processo de aquisição do conhecimento. Não podemos limitar a aplicação da
tecnologia na educação apenas aos seus aspectos operacionais, tais como pesquisas por
parte dos alunos e apontamento de notas por parte dos professores. É necessário que o
docente reflita sobre o seu ato educativo e como prover, nesse ato, momentos de
experimentações, simulações e até mesmo ações de reconstrução dos processos de
ensino e aprendizagem. O docente poderá, dependendo da proposta pedagógica, aplicar
a tecnologia na educação tanto de forma multidisciplinar como de forma unidisciplinar.
Uma ferramenta educacional, tal como a proposta por esta pesquisa, ao ser
utilizada/acessada através do ciberespaço, poderá colaborar com o processo de
revitalização e ensino da língua Tupinambá de uma forma dinâmica e multicultural. Sua
publicação em ambiente on-line atingirá um público maior, uma vez que ultrapassará as
barreiras físicas da escola e seus computadores locais, não sendo acessado apenas por
indígenas, mas por toda a comunidade que ‘habita’ o ciberespaço.
O uso da tecnologia entre os Tupinambá é algo real e palpável, isso pode ser
comprovado ao assistirmos o curta-metragem Indígenas Digitais6. Neste, indígenas de
diversas etnias, Tupinambá inclusive, relatam suas experiências com o uso de celulares,
câmeras fotográficas, filmadoras, computadores e internet. Esses recursos são
apresentados como ferramentas na busca por melhorias para os grupos, também
facilitam a relação destes com o mundo globalizado. O uso da tecnologia permite-os
interagir como o mundo. Permitindo, inclusive, a divulgação de suas lutas e tradições.
Como exemplo, temos a produção dos livros Tupinambá e Nós Tupinambá, de autoria
da própria comunidade em parceria com a ONG THYDÊWÁ, e que fazem parte da
série ‘índios na visão dos índios’. Estes livros, disponíveis para download7 no site da
ONG, contém relatos de experiências, da cultura, da luta, da tecnologia além de fotos.
A TECNOLOGIA COMO MEDIADORA DA APRENDIZAGEM
Há cerca de 15 anos, o cenário era de pressão para o uso das tecnologias em
todas as áreas, inclusive na educação. Os professores sentiam medo de não terem mais
lugar no mercado de trabalho caso não fossem capazes de dominá-las (COSCARELLI,
1998). Hoje, o que mudou em relação a esse cenário?
Acreditamos que pouca coisa mudou deste cenário inicial, pois o uso da
tecnologia tem aumentado e as pressões continuam as mesmas (em geral e na educação).
Os medos dos professores continuam os mesmos. Mas nesse longo período de
acomodação da tecnologia em nosso cotidiano e também na educação, quais os
resultados que a informática trouxe para o processo de ensino e aprendizagem? Será que
os alunos de hoje, considerados ‘nativos’ digitais, realmente aprendem mais com o uso
da tecnologia ou ela apenas tem maquiado o resultado?
Estas questões ainda podem continuar em aberto em alguns ambientes
educacionais, mas em outros a tecnologia tem alcançado êxito ao ser utilizada como
mediadora, juntamente com o professor, nos processos de ensino e aprendizagem.
Recentemente o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, anunciou o investimento de
cerca de R$ 150 milhões para a compra de 600 mil tablets, que serão utilizados por
6 Esse curta-metragem é o resultado da parceria da ONG Thydewá com a Cardim Projetos. Conta com o
patrocínio da Oi, via Oi Futuro, e do Programa Estadual de Incentivo ao Patrocínio Cultural do Governo
da Bahia, o Fazcultura. Fonte: http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI4382950-EI4802,00-
Curta+sobre+comunidades+indigenas+digitais+tem+preestreia.html.Acesso em: 10/05/2013.
7 Disponível em: http://www.thydewa.org/downloads1. Acesso em: 01/08/2013.
professores do ensino médio da rede pública de ensino (MEC, 2012). A ideia do projeto,
chamado de Educação Digital, é prover não somente instrumentos, mas também
formação aos professores e gestores das escolas públicas, de forma que ocorra o uso
intensivo das TICs nos processos de ensino e aprendizagem. O projeto abrange o uso do
computador interativo desenvolvido pelo MEC, que reúne projeção, computador,
microfone, DVD, lousa digital e acesso à internet, além de abranger também o uso do
tablet. Além desse aparato tecnológico o MEC disponibilizou em 2008 o Portal do
Professor8, que possui um acervo de cerca de 15 mil aulas criadas por educadores,
acervo este que tende a ser ampliado cada vez mais. Há sem dúvida um investimento em
tecnologia para educação e esta tecnologia será mais eficiente na proporção em que
houver maiores cuidados pedagógicos e maior envolvimento dos professores no
processo educativo. Para o ministro Aloísio Mercadante “na educação, a inclusão
[tecnológica] começa pelo professor” (MEC, 2012).
Nas comunidades indígenas, a educação formal tem importante papel na
reafirmação da identidade étnica, na valorização das suas línguas e no acesso ao
conhecimento, possibilitando que possam ser respeitados como grupos étnicos
diferenciados e tenham preservados os seus costumes, crenças e direitos. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação de 1996 garantiu aos indígenas o acesso ao
conhecimento oriundo de uma educação própria, com programas e matrizes curriculares
específicas para as comunidades.
As tecnologias não podem ficar fora do contexto da educação indígena, pois sem
dúvida contribuem em muito nos processos de ensino e aprendizagem e também nos
processos de reafirmação étnica e cultural, entre eles o processo de revitalização da
língua no caso específico dos Tupinambá. É necessário, contudo, a adequação do uso
destas tecnologias aos contextos específicos da educação indígena em cada comunidade,
assim a mediação nos processos de ensino e aprendizagem fluirá respeitando sempre o
contexto indígena e não com a imposição de teorias específicas.
GLOSSÁRIO DIGITAL TUPINAMBÁ
A comunidade Tupinambá do Sul e Extremo Sul da Bahia reúne duas iniciativas
relevantes – o uso da tecnologia e o processo de revitalização da língua Tupi – estes
8 O Portal do Professor foi projetado com objetivo de apoiar os professores em seus processos de
formação, bem como auxiliar e enriquecer a sua prática pedagógica deles. Disponível em:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br. Acesso em: 30/06/2013.
caracterizaram fator importante para a criação de um recurso didático, proposto como
forma de auxiliar os professores de língua indígena, já ensinada de forma tradicional. O
processo de revitalização da língua Tupi na comunidade Tupinambá tem como objetivos
principais subsidiar as ações didático-educacionais desenvolvidas por professores de
língua indígena e colaborar para o fortalecimento cultural dessa etnia. A comunicação
entre os indivíduos nas aldeias se dá pelo uso da língua portuguesa, mas é latente o
desejo que a língua Tupi volte a ser falada. Assim algumas pesquisas em andamento
procuram ajudar nesse processo, como a pesquisa entre os Tupinambá de Olivença
realizada por alguns professores indígenas sob a orientação da antropóloga Flávia
Cristina de Mello, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus, Bahia.
A partir do processo de revitalização da língua Tupi, pela comunidade
Tupinambá, a pesquisa que resultou neste capítulo, visou auxiliar a comunidade nesse
processo de revitalização, propondo a catalogação de palavras faladas pelos anciãos,
cujas lembranças remontam as suas infâncias, pois aprenderam tais palavras com seus
pais e avós. Muitos desses vocábulos apresentam vínculo com a língua Tupi. A pesquisa,
finalizada em julho de 2013, visou também o debate para a proposição de alternativas
tecnológicas para armazenamento de dados e propostas de metodologias de ensino.
Como a comunidade dispõe de laboratórios de informática em suas escolas, faz-se
necessário a adoção de tecnologias digitais para uso nestes laboratórios, bem como
propor alternativas para o processo de ensino e aprendizagem, que abranjam não apenas
o ambiente escolar, mas toda a comunidade. Segundo Ferreira e Frade (2010), o recurso
didático deve ser visto como ferramenta para uso reflexivo sobre o ato educativo,
propiciando a professores e alunos experimentações relativas às atividades de ensino e
aprendizagem, por isso o software Glossário Digital Tupinambá, também designado por
GDT, não tem como função única a pesquisa de palavras. O seu uso compreende ações
e projetos educacionais abrangentes que envolvam todas as disciplinas ministradas nas
escolas da comunidade (português, geografia, história etc.) ou em ações isoladas que
envolvam apenas a disciplina de ensino da língua Tupi. Esse uso pode ocorrer
concomitante ao uso de outros softwares educacionais, tais como o HagáQuê, um editor
de histórias em quadrinhos desenvolvido pelo NIEED/Unicamp9 para auxiliar no
desenvolvimento da alfabetização infantil, podendo ser utilizado nas mais diversas
disciplinas do ensino fundamental. O software HagáQuê foi apresentado aos professores
9 Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Unicamp. Disponível em http://www.nied.unicamp.br.
Acesso em: 15/07/2013.
da comunidade de Serra do Padeiro em um minicurso realizado em 2012. Dentre a
classificação de softwares proposta por Tajra (2008, p. 50) podemos classificar o
recurso digital resultante desta pesquisa na modalidade ‘Banco de Dados’, visto que sua
construção possibilita o arquivamento e gerenciamento de informações, com opções de
atualização e inclusão de novas palavras.
Considerando o aspecto do ensino da língua, em pesquisas preliminares10,
verificou-se a existência de alguns cursos de língua Tupi, presenciais e a distância,
dicionários publicados ou digitalizados e alguns sites contendo algumas listas de
palavras em Tupi. Em princípio, poderia ser considerado mais prático adotar um destes
cursos, contudo, por tratar-se de um processo de revitalização, que inclui
autoidentificação étnica, manutenção das tradições culturais com seu movimento
dinâmico e o desejo da comunidade em participar ativamente do processo de volta da
língua, criando seus próprios métodos para o ensino dessa, ficou claro que as
alternativas existentes não proveriam as necessidades de tal processo de revitalização.
Durante a pesquisa de campo ocorreram visitas à comunidade Tupinambá onde
foram catalogadas diversas palavras através de entrevistas realizadas com os anciãos,
moradores de Serra do Padeiro (em Buerarema/BA) e Olivença (em Ilhéus/BA).
Paralelamente à pesquisa de campo e durante as entrevistas para coleta de dados,
ocorreram discussões com os professores a respeito da aplicação das tecnologias da
informação e comunicação nos processos de ensino e aprendizagem.
Após a fase de entrevistas, as palavras coletadas foram organizadas, ordenadas
alfabeticamente e iniciou-se a fase de busca das mesmas em dicionários de Tupi, cujo
objetivo era verificar se as palavras coletadas possuíam origem nesse idioma, assim
como verificar a similaridade entre os significados dados pelos entrevistados
(significado comunitário) e os significados encontrados nos dicionários. Para essa tarefa,
foram utilizados os seguintes dicionários: Dicionário da Língua Tupi - Chamada
Língua Geral dos Indígenas do Brasil de A. Gonçalves Dias (1858), Pequeno
Vocabulário Português-Tupi de A. Lemos Barbosa (1970), Dicionário de Tupi Antigo
de Eduardo de Almeida Navarro (2006) e o Dicionário Histórico das palavras
portuguesas de origem Tupi de Antonio Geraldo da Cunha (2005). Os dicionários de A.
Gonçalves Dias e A. Lemos Barbosa foram obtidos na Biblioteca Digital Curt
10 Foram pesquisas feitas durante a escrita do plano de trabalho, elas se tornarama base para os
levantamentos de dados ocorridos durante a pesquisa.
Nimuendaju11 através de download. Durante o processo de busca algumas palavras
coletadas não foram encontradas nos dicionários, mesmo pesquisando-as com grafias
diferentes. Algumas dessas palavras demonstraram influência africana, por isso também
serviu de apoio o Novo Dicionário Banto do Brasil, de autoria de Nei Lopes. Outras
permaneceram sem significado dicionarizado, constando apenas o significado dado pela
comunidade.
Terminada a fase de busca nos dicionários de Tupi, na qual também ocorreu a
transcrição fonética das palavras, deu-se início ao processo de construção de um recurso
didático digital – também chamado de software educacional, onde as palavras, seus
significados, imagens referentes ao seu significado principal e sua pronúncia foram
inseridas.
Para a construção do software, no que se refere à interface com o usuário, foi
utilizada a ferramenta de programação Delphi 7 Enterprise12. O Delphi é uma
ferramenta de desenvolvimento de aplicações cliente/servidor, que também pode ser
utilizada para desenvolver aplicativos de uso genérico, tais como um editor de textos,
uma planilha eletrônica, um cliente de e-mail, entre outros. O Delphi é baseado na
linguagem Object Pascal e foi desenvolvido em 1995 pela empresa Borland Software
Corporation. A ferramenta foi comprada em 2008 pela empresa Embarcadero e
atualmente encontra-se na versão denominada Delphi XE4, que possibilita o
desenvolvimento de aplicativos mobile para iOS (sistema operacional para iPhone e
iPad da Apple Inc) além de aplicativos para Windows e Mac (Apple). Esta ferramenta
foi criada seguindo o conceito RAD (Rapid Application Development –
Desenvolvimento Rápido de Aplicativos) e seu ambiente de desenvolvimento é um IDE
(Integrated Development Environment – Ambiente de Desenvolvimento Integrado),
que proporciona ao desenvolvedor construir a interface de programas seguindo o padrão
de janelas com todas as facilidades que elas possuem, como por exemplo visualizar as
telas durante o processo de desenvolvimento e podendo arrastar e soltar
(organizar/alinhar) os componentes (botões, barras, frames, caixas etc.) que comporão
tal interface.
11 Essa biblioteca on-line possui uma coletânea de artigos e livros raros sobre línguas e culturas indígenas
sul-americanas. Disponível em: http://biblio.etnolinguistica. Acesso em: 15/12/2012.
12 Disponível em: http://www.embarcadero.com/br/products/delphi. Acesso em: 05/01/2013.
No que se refere ao armazenamento dos dados coletados, foi utilizada a versão
1.5.6 do Firebird SQL13. O Firebird é um SGDB (Sistema Gerenciador de Banco de
Dados) que trabalha nos sistemas operacionais Windows, Linux, Mac e diversos
sistemas baseados em Unix. O Firebird é baseado no SGDB Interbase 6.0 da Inprise
Corp, cujo código foi aberto em julho de 2000, sendo mantido desde então por uma
comunidade mundial de programadores. Ele é distribuído de forma gratuita e atualmente
está na versão 2.5.2. É utilizado como sistema de armazenamento de dados em diversos
softwares, desde pequenas aplicações até aplicações de grande porte. Oferece diversas
características tais como excelente concorrência, alta performance e suporte para stored
procedures (procedimentos armazenados) e triggers (gatilhos).
O software GDT foi construído de forma a auxiliar professores no processo de
ensino e aprendizagem nas séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, e
possui como funções principais:
a) Pesquisa por palavra: exibe os significados da palavra pesquisada;
b) Pesquisa parcial de palavras: busca palavras que contenham o termo
parcial digitado e exibe os significados das palavras encontradas;
c) Pesquisa parcial dos significados: exibe quais palavras possuem o termo
pesquisado em seus significados.
Além da interface de pesquisa de palavras, o software dispõe de uma interface
que simula um livro, onde as páginas (duas) serão visualizadas uma após a outra e as
palavras (uma por página) estão dispostas em ordem alfabética, como ocorre em um
glossário impresso. Outra característica do software GDT é a possibilidade de adição de
novas palavras, por parte dos docentes, pois sendo um software livre (mas sem
possibilidade de alteração de seu código por outros), esse programa estará à disposição
do docente para que ele mesmo possa construir sua prática pedagógica. O tipo de
construção do software também permitirá utilizá-lo em uma rede de computadores
(padrão cliente/servidor) onde o banco de dados estará instalado em um servidor central
e não haverá necessidade de inclusão da mesma palavra várias vezes, como ocorre na
opção de instalação monousuário. O GDT será utilizado nas escolas tupinambá de três
comunidades: Serra do Padeiro, Olivença e Belmonte, que inicialmente deverão utilizar
13 Disponível em: http://www.firebirdsql.org. Acesso em: 05/01/2013.
um computador central (servidor) para armazenar o banco de dados e os demais
computadores (clientes) farão o acesso aos dados.
Figura 4 - Ilustração de acesso em rede com servidor central. Fonte: http://www.datasolution.srv.br/DS-
Infra
Outra possibilidade, prevista para atualização futura, é a transposição do GDT
para o ambiente web (internet), onde o banco de dados seria centralizado num servidor
na nuvem14 e o acesso se daria através de um navegador de internet (Internet Explorer,
Google Chrome, Mozilla Firefox etc.).
Figura 5 - Ilustração de acesso de computadores à internet Fonte: http://antivirus.uol.com.br/dicas/dia-
mundial-da-internet-segura.html.
Uma vez portado o GDT para a web, será necessário o investimento na
infraestrutura das escolas, tais como possuir uma conexão à internet, criar um domínio
de internet e contratar um plano de hospedagem em um provedor, onde o banco de
dados será disponibilizado para acesso através de uma página web, construída tanto para
consulta quanto para administração. Essa atualização não impedirá o uso do GDT na
rede local, uma vez que o banco de dados local poderá ser atualizado com os dados on-
14 “Nuvem é um termo que descreve um amplo recurso de computação disponível na internet. Não é
possível saber onde a nuvem se localiza fisicamente” (LANIER, 2012, p. 32).
line e vice-versa. Essa transposição proverá o acesso on-line, podendo ser utilizando
além da própria comunidade Tupinambá, como recurso de consulta acadêmica por
exemplo.
A operação do GDT por parte dos docentes e alunos é bastante simples,
necessitando apenas de um conhecimento básico na operação de computadores por parte
destes. A tela inicial do GDT possui botões com as funções de pesquisa, livro,
manutenção e informações sobre o software.
Figura 6 - Botões de acesso às funções do GDT.
Quando clicamos no botão ‘pesquisa’, temos acesso a tela de pesquisa (figura 7)
onde podemos efetuar dois tipos de buscas: a busca por palavras (específica ou parcial)
e a busca por significados (comunitário ou dicionarizado). Nesta tela também podemos
ter acesso aos dados de uma palavra específica escolhendo-a em uma lista onde são
exibidas todas as palavras existentes ou previamente exibidas de acordo com uma
pesquisa parcial.
Figura 7 -Tela inicial com todas as palavras listadas. Fonte: Glossário Digital Tupinambá.
A Figura 8 exemplifica uma busca ‘específica’ pela palavra ‘jequi’ que retornou
a transcrição fonética, o significado comunitário, o significado dicionarizado e a
imagem referentes a palavra.
Figura 8 - Exemplo de pesquisa de uma palavra específica. Fonte: Glossário Digital Tupinambá.
A Figura 9 exemplifica uma busca ‘parcial’ por palavras que contenham o termo
‘capi’ em sua composição. O resultado da busca foram as palavras ‘Capim Açu’ e
‘Capivara’. Nesse caso basta escolher na lista para qual das palavras desejamos obter os
dados e eles serão exibidos.
Figura 9 - Exemplo de pesquisa parcial. Fonte: Glossário Digital Tupinambá.
A Figura 10 exemplifica uma busca nos ‘significados’ por palavras que
contenham o termo‘árvore’. O resultado da busca foram várias palavras, entre elas a
palavra ‘acari’ que é a designação de um peixe conhecido por ‘cascudo’, mas que
também designa uma espécie de árvore. As demais palavras exibidas são designações
apenas de árvores.
Figura 10 - Exemplo de pesquisa de significados. Fonte: Glossário Digital Tupinambá.
A Figura 11 exemplifica uma busca nos ‘significados’ por palavras que
contenham o termo ‘pesca’. O resultado da busca foram as palavras ‘jequi’ e ‘jereré’.
Figura 11 - Exemplo de pesquisa de significados. Fonte: Glossário Digital Tupinambá.
A Figura 12 exemplifica a tela de atualização de dados onde podemos incluir
novas palavras, atualizar o significado de palavras já inseridas e incluir imagens e áudio
previamente disponíveis no computador.
Figura 12 - Tela de manutenção de dados. Fonte: Glossário Digital Tupinambá.
A Figura 13 exemplifica a tela onde as palavras são apresentadas em um suporte
em formato de folhas de um livro, ordenadas alfabeticamente, sendo necessário apenas
fazermos a passagem das páginas através dos botões que representam as ações de
avançar e retroceder.
Figura 13 - Tela com simulação de livro. Fonte: Glossário Digital Tupinambá.
Como já elencado, o GDT pode ser utilizado em conjunto com outros softwares
educacionais, a depender da prática pedagógica do professor, não só de ensino de língua
indígena, mas de qualquer outra disciplina. A Figura 14 exemplifica o uso em conjunto
com o software HagáQuê, onde foi criada uma página de história em quadrinhos
contendo imagens e termos em Tupi e Português.
Figura 14 - Tela do software HagáQuê utilizando palavras catalogadas.
Salientamos contudo que o Glossário Digital Tupinambá não substitui as
metodologias nos processos de ensino e aprendizagem construídas pelos professores,
antes se propõe a auxiliá-los no processo da práxis educativa nas escolas da comunidade
Tupinambá.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A tecnologia sem dúvida tem papel importante nos processos de ensino e
aprendizagem, contudo devemos encará-la como um meio e não como um fim. Não há
motivos para que os professores temam ser substituídos por ela, mas ao mesmo tempo
não há motivos para descartá-la, visto já se encontrar presente em todas as áreas.
Também devemos entender que a tecnologia por si só não produzirá mudanças se não
for utilizada de forma adequada, calcada nas escolas metodológicas do docente. O
computador traz informações e recursos, mas o professor necessita planejar a sua
aplicação em sala de aula.
O ensino diferenciado para comunidades indígenas é garantido pela legislação e
muitas delas já possuem forte ligação com as tecnologias da informação e comunicação.
Por isso faz-se necessário um estudo mais profundo para que essas tecnologias sejam
adequadas ao contexto educacional indígena, promovendo a formação do indígena sem
contudo criar um fator de negação de sua identidade e cultura.
Esperamos que o Glossário Digital Tupinambá cumpra seu papel de auxiliador
na prática do ensino e aprendizagem da língua Tupi nas comunidades Tupinambá. As
comunidades, através de seus docentes, proverão um feedback valioso sobre o uso e o
resultado do mesmo nos processos pedagógicos, permitindo assim que o GDT possa,
caso necessário, ser modificado, sempre em consonância com as necessidades e
expectativas da comunidade. A sua utilização reforçará, sem dúvidas, a importância da
tecnologia aplicada à educação, na qual os educadores esperam que os modos de estudar,
pesquisar e elaborar, sejam aprimorados e elevadas as estratégias de construção de
oportunidades e autoria. Nesse processo, tanto os especialistas em tecnologia quando os
especialistas em educação devem arquitetar em conjunto as possibilidades educacionais,
aprendendo sempre uns com os outros (DEMO, 2008).
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