Buscar

Tecnologias Assistivas e sua Importância

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TECNOLOGIAS ASSISTIVAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Simone Schemberg 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, iremos discutir alguns aspectos históricos e conceituais acerca 
das tecnologias de uma forma geral, para que possamos refletir sobre as 
tecnologias assistivas, que se mostram como artefatos que viabilizam autonomia 
e acessibilidade para pessoas com deficiência. Ao tratar dessa temática, é 
importante pensar sobre o papel da tecnologia no nosso próprio cotidiano, na 
sociedade e nas diferentes culturas. Da mesma forma, é necessário compreender 
o quanto os recursos tecnológicos influenciam nossas vivências, nossos 
relacionamentos e as formas de interagirmos uns com os outros. 
Sobretudo quando se trata do contexto inclusivo, paradigma atual, as 
tecnologias desempenham um papel de extrema importância, ao passo que 
abrem novos caminhos e possibilidades, nos mais diversos âmbitos sociais. Por 
isso, entendê-las enquanto artefatos culturais capazes de oportunizar o 
desenvolvimento é de extrema importância para as mais diversas áreas, 
sobretudo no campo educacional. É nesse sentido que a escola, enquanto 
instituição privilegiada na troca de experiências e na construção do conhecimento, 
deve proporcionar novos espaços e diferentes formas de aprendizagem, 
desvinculando-se de um ensino tradicional e engessado, de forma a considerar 
mudanças e avanços do contexto social, levando em conta as tecnologias. 
CONTEXTUALIZANDO 
Falamos muito em tecnologias, vivemos em meio aos mais variados 
recursos tecnológicos, nos relacionamos e executamos várias tarefas por meio da 
tecnologia, que a cada dia está mais presente na nossa rotina e cada vez mais 
mostram-se como facilitadoras no dia a dia. Mas será que a tecnologia diz respeito 
somente a recursos materiais? O que é tecnologia? 
Antes de mais nada, é importante pensar que as tecnologias refletem as 
mudanças sociais, econômicas e culturais pelas quais a sociedade passa; o 
contexto educacional, por sua vez, reflete as transformações e os avanços 
tecnológicos. Em meio a isso, as tecnologias assistivas surgem para suprir 
necessidades e possibilitar a acessibilidade, desvinculando-se de uma visão 
tradicional sobre sujeito, aprendizagem e ensino. A acessibilidade também tem 
sido possibilitada e ampliada por determinados tipos de tecnologias. 
 
 
3 
Assim, pensar sobre o papel das tecnologias no desenvolvimento, na 
aprendizagem e na interação social é essencial, sobretudo quando se trata do 
contexto inclusivo, onde as diferenças devem ser consideradas. Vivemos o 
paradigma da inclusão, e para tanto é preciso desvincular-se da visão tradicional 
sobre sujeito, aprendizagem e ensino. Ou seja, não há mais espaço para uma 
visão tradicional e fechada acerca do desenvolvimento e da aprendizagem. 
TEMA 1 – UM OLHAR SOBRE O CONTEXTO DAS TECNOLOGIAS 
Quando falamos em tecnologia, logo nos vem à mente modernização, 
recursos avançados, máquinas e equipamentos superdesenvolvidos. No entanto, 
a tecnologia acompanha o desenvolvimento humano desde seus primórdios. Essa 
é uma das principais características que nos difere dos outros animais, porque é 
gerada com base no conhecimento e na cultura. Somos capazes de criar artefatos 
e recursos que podem suprir nossas necessidades e solucionar nossos 
problemas, tanto para a sobrevivência quanto para a satisfação de um desejo 
pessoal. 
A roda, por exemplo, é uma das tecnologias mais antigas; como as outras, 
surgiu das necessidades do ser humano, marcando sobremaneira o seu 
desenvolvimento. 
Para ilustrar essa ideia, leia os trechos da obra de Monteiro Lobato, História 
das invenções, analisando o quanto uma tecnologia demanda pensar em outras 
tecnologias. Veja quantas outras surgiram com base na roda. Curiosidade: no 
livro, as histórias são narradas por meio da voz de Dona Benta, do Sítio do Pica-
Pau Amarelo. Baseado em narrativas, é possível perceber a capacidade do 
homem de transformar a natureza e a si próprio por meio de invenções 
tecnológicas, além de nos mostrar que, muitas vezes, uma tecnologia é resultado 
de outra, e que suas descobertas dependem das concepções históricas e sociais 
em que foram pensadas, constituindo um processo de produção ao longo da 
humanidade. 
Saiba mais 
A natureza deu ao homem a Mão, que é uma perfeita maravilha. O cérebro deu à 
Mão a eficiência mecânica, que é mil vezes mais maravilhosa ainda. 
[...] 
A roda começou permitindo a multiplicação da força do pé. Sem aquele rolete que 
 
 
4 
o fogo queimou não teríamos os Fordes e os aviões. 
- Que tem o avião com a roda? 
- Tem tudo. É movido por meio de uma hélice, que não passa de uma roda com 
pás de um certo jeito. Entre as várias filhas da roda está a hélice. 
Mas a roda não se generalizou nos tempos antigos como está generalizada hoje. 
Houve povos que a ignoravam. As populações primitivas da América, por 
exemplo, desconheceram-na completamente. Quando os primeiros colonizadores 
introduziram aqui os veículos de roda, o espanto dos índios foi grande. 
A roda, ou antes o veículo de rodas, exige uma superfície lisa em que possa rodar; 
isto é, exige boa estrada. Ora, isso de estrada boa é coisa que só existe em certos 
países, de maneira que ainda hoje em muitos pontos do mundo há menos veículos 
de roda do que veículos de quatro pés: o burro que leva carga ao lombo. 
[...] 
- E como veio o pé de ferro que corre: o trem? 
- Ah, isso foi interessante. Depois de descoberta a máquina a vapor, vários 
ingleses tiveram a ideia de fazer essa máquina puxar carros pesados nas estradas 
comuns. Montavam num ponto da estrada uma máquina a vapor fixa, para, por 
meio de enrolamento de uma corda, puxar carros. Era complicadíssimo e de 
pouco resultado nas distâncias grandes. A boa ideia então ocorreu a Stephenson: 
e se em vez de a máquina puxar os carros ela se puxasse a si mesma? Estuda 
que estuda, Stephenson resolveu o problema. Inventou a locomotiva, a máquina 
que se puxava a si própria. 
[...] 
Isso não era tudo. Para que tal máquina pudesse caminhar com rapidez, 
tornavam-se necessários caminhos ótimos, bem calçados, bem nivelados, sem 
lama no tempo de chuva. E não havia tal coisa. Como resolver o problema? 
Stephenson imaginou os trilhos, isto é, duas estradinhas paralelas feitas de ferro, 
de largura que bastasse para as rodas da sua locomotiva - e hoje o mundo inteiro 
está cortado de norte a sul e de leste a oeste por maravilhosas estradas de ferro, 
filhas da estradinha do grande inventor inglês. 
Fonte: Lobato, 2014. 
É assim que os artefatos tecnológicos vão moldando a sociedade, os 
costumes e as formas de se relacionar. Cada fase da história é marcada por 
avanços que influenciam a vida em sociedade e geram diversas transformações. 
Segundo Lobato (2014), a tecnologia 
 
 
5 
molda nossa mentalidade, nossa linguagem, nossa maneira de 
estruturar o pensamento, inclusive a nossa maneira de valorar [...] Toda 
cultura tem seus valores arraigados. Esses valores são questionados na 
medida em que a sociedade tecnológica evolui. 
Na modernidade, já a partir do séc. XVI, os avanços tornam-se ainda mais 
significativos; a tecnologia passa a “contribuir para alterar a relação do ser humano 
com o mundo que o cerca, implicando no estabelecimento de uma outra 
cosmovisão.” (Miranda, 2002, p. 11). Assim, a tecnologia está intimamente ligada 
ao comportamento sociocultural, de forma que “é impossível separar o humano 
do seu ambiente material, assim como dos signos e das imagens por meio dos 
quais ele atribui sentido à vida e ao mundo.” (Lévy, 1999, p. 22). 
Atualmente, é impossível pensar os estudos e avanços científicos sem 
considerar as tecnologias, sobretudo na era da informática. Assim, esse novo 
contexto pode gerar ações, invenções e artefatos benéficos e também maléficos 
para a sociedade.Por isso, a tecnologia deve sempre ser pensada segundo o 
desenvolvimento coletivo e do bem social. 
TEMA 2 – CONCEITUANDO TECNOLOGIA 
Etimologicamente, tecnologia vem dos termos em grego technê 
(habilidade, arte, ofício) e logos (estudo, discussão). Ou seja, é o conjunto de 
estudos acerca de uma arte ou habilidade. Já de acordo com o dicionário Aurélio 
(2018), trata-se de: “1- Ciência cujo objeto é a aplicação do conhecimento técnico 
e científico para fins industriais e comerciais; 2 - Conjunto dos termos técnicos de 
uma arte ou de uma ciência.” 
Alicerçado nas mudanças da interação homem versus tecnologia, e do seu 
desenvolvimento, o próprio conceito passa a ganhar outras definições. Numa 
visão mais utilitarista, a tecnologia é definida com base no seu aspecto 
instrumental ou material; no entanto, uma visão mais atual a relaciona para além 
da técnica, pois considera-se que, além dos instrumentos desenvolvidos, a 
tecnologia envolve desde os estudos até a sua apropriação; ou seja, está 
vinculada a uma visão sociocultural. Nessa visão, Bastos (1998, p. 92) define 
tecnologia como sendo: 
a capacidade de perceber, compreender, criar, adaptar, organizar e 
produzir insumos, produtos e serviços. Em outros termos, a tecnologia 
transcende a dimensão puramente técnica, ao desenvolvimento 
experimental ou à pesquisa em laboratório; ela envolve dimensões de 
engenharia de produção, qualidade, gerência, marketing, assistência 
técnica, vendas, dentre outras, que a tornam um vetor fundamental de 
expressão da cultura das sociedades. 
 
 
6 
Então, o termo não se relaciona apenas a objetos (dispositivos ou 
equipamentos), mas ao contexto que vai da organização até as ações, o que 
envolve diversas técnicas (European Commission, 1998). Ou seja, a tecnologia 
assume um papel para além do caráter técnico e descritivo, pois visa à aplicação 
do conhecimento científico na resolução dos problemas, passando a ser uma 
ciência aplicada. Comecemos com a visão utilitarista: 
 aplicação do conhecimento científico; 
 estudo/tratado das aplicações, métodos, experiências e conclusões 
utilizadas pela técnica; 
 interação entre a técnica e a ciência moderna; 
 conjunto de atividades humanas ligado a símbolos, instrumentos e 
máquinas, visando construção/fabricação de produtos. 
Temos também a visão sociocultural (Bastos, 1998): 
 contempla as dimensões socioculturais envolvidas na produção; 
 envolve criação, apropriação e manipulação de técnicas que envolvem 
cultura, religião, política e economia; 
 visa solucionar problemas enfrentados por determinado grupo; 
 a educação tem um papel fundamental. 
Outro ponto a ser considerado é que as transformações sociais também 
estão relacionadas com o desenvolvimento tecnológico, de forma que as 
tecnologias mudam conforme as necessidades sociais e as demandas culturais. 
O que serve hoje, amanhã poderá não servir mais! Basta pensar que o primeiro 
computador do mundo era imenso. Você consegue imaginar um computador que 
ocupava uma sala inteira? Pois foi ele o primeiro do mundo! No contexto em que 
vivemos, é impossível pensarmos em formas de interações que não envolvam a 
internet, o computador e o celular. As tecnologias da informação e da 
comunicação estão em toda parte a todo momento, e preenchem nosso dia a dia. 
O espaço da escola também está envolvido nesse contexto, de modo que é 
inconcebível que educadores e demais profissionais ligados à educação não 
repensem suas ações e sua própria relação com as tecnologias. 
TEMA 3 – TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
 
 
7 
Ao tratar do contexto tecnológico, é impossível não pensarmos nas 
tecnologias de Informação e Comunicação, as TICs. Pode-se considerar que elas 
dizem respeito a um (Pacievitch, citado por Felipe, 2012, p. 20): 
Conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com 
um objetivo comum; São utilizadas das mais diversas formas, na 
indústria (no processo de automação), no comércio (no gerenciamento, 
nas diversas formas de publicidade), no setor de investimentos 
(informação simultânea, comunicação imediata) e na educação (no 
processo de ensino aprendizagem). 
As TICs abrem novas possibilidades, principalmente quando se trata de 
acessibilidade e acesso à informação a todas as pessoas. A educação, nesse 
sentido, ganha novos caminhos para o ensino e muitas barreiras podem ser 
superadas. Entretanto, é preciso desvincular-se do ensino tradicional, no qual não 
há espaço para essas novas possibilidades. As TICs, além de possibilitar a 
democratização da informação, novas formas de interação e trabalho 
colaborativo, favorecem o processo de inclusão e a acessibilidade. 
Vejamos alguns exemplos de TICs para refletir sobre seu uso no meio 
educacional. Primeiramente, as câmeras de vídeo. Atualmente, são recursos 
acessíveis e que possibilitam várias formas de uso no processo de ensino-
aprendizagem, como por exemplo: gravação de vídeos pelos alunos para 
explanação de conteúdos; exploração de imagens para estudos; visualização 
posterior de conteúdos; trabalho colaborativo, entre outros. 
Sobre o uso do vídeo em sala de aula, Moran (2007, p. 38) aponta: 
Televisão e vídeo são sensoriais, visuais, linguagem falada, linguagem 
musical, escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, 
somadas, não separadas. Daí sua força. Atingem-nos por todos os 
sentidos e de todas as maneiras. Televisão e vídeo nos seduzem, 
informam, entretém, projetam em outras realidades (no imaginário), em 
outros tempos e espaços (p. 38). 
Temos também os tablets e celulares. Impossível pensar em distanciar 
esses dispositivos móveis das crianças e adolescentes. As discussões sobre o 
uso em sala de aula ainda são polêmicas; o certo é a necessidade de repensar as 
práticas pedagógicas e trazer essa tecnologia a favor da aprendizagem 
significativa. Para Pinheiro e Rodrigues (2012, p. 122), “o celular é um instrumento 
pedagógico poderoso, pois concentra várias mídias, contribuindo para o 
desenvolvimento de competência comunicativa dos alunos.” 
Além disso, tais tecnologias contribuem para o processo de inclusão. Silva 
(et al, 2013, p. 4) afirmam que “Os tablets e os celulares têm permitido que 
 
 
8 
estudantes tenham acesso a conteúdos acadêmicos nos lugares mais 
diferenciados possíveis. Eles têm a cada dia servido para dar suporte ao processo 
de ensino e aprendizagem de alunos com ou sem deficiência.” 
Citamos, por fim, a internet e a informática. O uso da internet e do 
computador cria novos desafios; no entanto, abre novas formas de aprendizagem, 
que auxiliam no desenvolvimento de capacidades, podendo colaborar para a 
construção do conhecimento. Moran (1998, p. 128): sugere: 
A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela 
novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. 
Essa motivação aumenta se o professor a faz em um clima de confiança, 
de abertura, de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia o que 
facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de 
comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de 
confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência e simpatia 
com que atua. 
É preciso pensar que, assim como refere Galvão Filho (2012, p. 2), “as 
Tecnologias de Informação e Comunicação mudaram definitivamente as formas 
da humanidade se relacionar com o saber, com o ensinar e o aprender.” 
Entretanto, de acordo com a Unesco (2015), as TICs: 
São apenas uma parte de um contínuo desenvolvimento de tecnologias, 
a começar pelo giz e os livros, todos podendo apoiar e enriquecer a 
aprendizagem; Como qualquer ferramenta, devem ser usadas e 
adaptadas para servir a fins educacionais; Várias questões éticas e 
legais, como as vinculadas à propriedade do conhecimento, ao 
crescente tratamento da educação como uma mercadoria, à 
globalização da educação face à diversidade cultural, interferemno 
amplo uso das TIC na educação. 
TEMA 4 – TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO 
Pensar sobre as tecnologias no meio educacional não é tarefa fácil! 
Principalmente porque é preciso desvincular-se dos padrões tradicionais de 
ensino que ainda hoje estão enraizados no contexto escolar. Vamos pensar: Será 
que os espaços educacionais estão efetivamente estruturados fisicamente de 
forma a contemplar um ensino diferenciado, em que as tecnologias possam estar 
presentes? Por muito tempo, a sala de aula, de forma padronizada, foi o local de 
excelência no processo de ensino, e de fato, em muitos contextos, continua a ser. 
Ultrapassar este espaço é uma tarefa que caberá ao professor, partindo de 
mudanças nas suas próprias concepções e percepções. 
Moran (2013) destaca que apenas fornecer laboratórios para acesso à 
internet não é o suficiente, pois “Hoje, todos os alunos, professores e a 
 
 
9 
comunidade escolar caminham para poder aprender em qualquer espaço 
presencial e digital.”. É preciso ampliar os espaços para aprendizagem. Um 
exemplo, são os espaços virtuais, sobre os quais Moran (2000, p. 58) define: 
Hoje entendemos por aula um espaço e um tempo determinados. Esse 
tempo e esse espaço serão cada vez mais flexíveis. O professor 
continua “dando aula” quando está disponível para receber e responder 
a mensagens dos alunos, quando cria uma lista de discussão e alimenta 
continuamente os alunos com textos, páginas da internet, fora do horário 
específico da sua aula. Há possibilidades cada vez mais acentuada de 
estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes, 
quando tanto professores quanto alunos estão motivados e entendem a 
aula como pesquisa de intercâmbio, com os alunos sendo 
supervisionados, animados e incentivados pelo professor. 
Moran (2000, p. 1) aponta também a importância da organização e 
gerenciamento das práticas didáticas, ressaltando, como exemplo, a 
reorganização dos ambientes: 
O ideal seria as salas serem confortáveis, com boa acústica e 
tecnologias, das simples até as sofisticadas; elas precisam ter acesso 
fácil ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet para acesso a 
sites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário. 
Com o avanço das redes sem fio e o barateamento dos computadores, 
as escolas estarão conectadas e as salas de aula podem tornar-se 
espaços de pesquisa, de desenvolvimento de projetos, de 
intercomunicação on-line, de publicação, com a vantagem de combinar 
o melhor do presencial e do virtual no mesmo espaço e ao mesmo 
tempo. 
Sobre o papel do professor nesse novo contexto, Sousa, Miota e Carvalho 
(2011) defendem que não se trata mais de ser o detentor e transmissor do 
conhecimento, e que este não é um mero objeto. Há ainda, no ambiente escolar, 
um predomínio da visão de que o professor é o detentor maior do conhecimento, 
o que deixa de levar em conta a experiência do aluno e o conhecimento que cada 
aluno traz para além do escolar. Muda-se, portanto, o papel do professor, assim 
como o papel do aluno. 
As tecnologias, além do professor, também são mediadoras do 
conhecimento, ao passo que, na interação com os recursos, há diversas 
possibilidades de aprendizagem. Com relação ao tema, Belloni (2005) trata dos 
“modos de aprendizagem mediatizada”, que dizem respeito aos processos de 
aprendizagem fundamentados em um ponto de vista mais abrangente – por um 
lado, estocam a transmissão de informações, e por outro redimensionam o papel 
do professor. Ou seja, é necessário rever os papéis no contexto atual. Então, as 
práticas pedagógicas devem ser reavaliadas; ao professor cabe atualizar sua 
formação e se apropriar dos conhecimentos sobre as tecnologias, não mais como 
 
 
10 
transmissor, mas como mediador, não se limitando à realidade e ao contexto do 
aluno, já que, assim como ressaltam Sousa, Miota e Carvalho (2011, p. 23): “Com 
a mediação das ações pelo professor, que deve estar sempre aberto ao diálogo, 
os estudantes podem produzir conhecimento numa linguagem próxima de sua 
realidade, utilizando-se da criatividade e valorização do que cada um sabe nessa 
ação coletiva”. 
Além disso, o uso das tecnologias requer o envolvimento de todos os 
profissionais da área, de forma a repensar as formas de constituição do 
conhecimento pelo aluno. 
TEMA 5 – TECNOLOGIAS E APRENDIZAGEM 
A diversidade de possibilidades de aprendizagem no contexto das 
tecnologias é um aspecto positivo, sobretudo em relação às diferentes formas de 
interação do aluno e com a própria aprendizagem. Com base na teoria de 
Vygotsky (1998, p. 73), podemos vislumbrar a importância dos artefatos culturais, 
ou seja, dos recursos culturais desenvolvidos pelo homem, em seu 
desenvolvimento cognitivo. Segundo o autor, 
O uso de meios artificiais – a transição para a atividade mediada – muda, 
fundamentalmente, todas as operações psicológicas, assim como o uso 
de instrumentos amplia de forma ilimitada a gama de atividades em cujo 
interior as novas funções psicológicas podem operar. Nesse contexto, 
podemos usar o termo função psicológica superior, ou comportamento 
superior com referência à combinação entre o instrumento e o signo na 
atividade psicológica. 
Então, quanto mais houver mediação, interação e uso de ferramentas e 
instrumentos mediados, maior será o desenvolvimento das potencialidades. Para 
compreender melhor as ideias centrais da teoria sociointeracionista, leia o texto 
abaixo (Ostermann; Cavalcanti, 2011, p. 41-42): 
O conceito central da teoria de Vygotsky é o de atividade, que é a 
unidade de construção da arquitetura funcional da consciência; um 
sistema de transformação do meio (externo e interno da consciência) 
com ajuda de instrumentos (orientados externamente; devem 
necessariamente levar a mudanças nos objetos) e signos (orientados 
internamente; dirigidos para o controle do próprio indivíduo). Uma 
atividade entendida como mediação em que o emprego de instrumentos 
e signos representa a unidade essencial de construção da consciência 
humana, entendida como contato social consigo mesmo e, por isso, 
constituída de uma estrutura semiótica (estrutura de signos) com origem 
na cultura. Para Vygotsky, o desenvolvimento humano está definido pela 
interiorização dos instrumentos e signos; pela conversão dos sistemas 
de regulação externa em meios de autorregulação. 
[...] 
O conceito de zona de desenvolvimento proximal é talvez o conceito 
 
 
11 
mais original e de maior repercussão, em termos educacionais, da teoria 
de Vygotsky. Trata-se de uma espécie de desnível intelectual avançado 
dentro do qual uma criança, com o auxílio direto ou indireto de um adulto, 
pode desempenhar tarefas que ela, sozinha, não faria, por estarem 
acima do seu nível de desenvolvimento. 
A implicação pedagógica mais relevante desse conceito reside na forma 
como é vista a relação entre o aprendizado e o desenvolvimento. Ao 
contrário de outras teorias pedagógicas, como a piagetiana, que 
sugerem a necessidade de o ensino ajustar-se a estruturas mentais já 
estabelecidas para Vygotsky, o aprendizado orientado para níveis de 
desenvolvimento que já foram atingidos é ineficaz do ponto de vista do 
desenvolvimento global da criança. Ele não se dirige para um novo 
estágio do processo de desenvolvimento, mas, ao invés disso, vai a 
reboque desse processo. Assim, a noção de zona de desenvolvimento 
proximal capacita-nos a propor uma nova fórmula, a de que o “bom 
aprendizado” é somente aquele que se adianta ao desenvolvimento. 
Compreender esses apontamentos em relação à teoria sociocultural de 
Vygotsky é importante para conceber a aprendizagem, distanciando-se da visão 
tradicional pelo reconhecimento de diversas novas possibilidades, valorizando 
assim as potencialidades de cada sujeito. 
 Então, as tecnologias não devem ser percebidas como meros recursos, 
mas como artefatos que atuam como mediadores da aprendizagem, considerando 
que o papel do professor aindaé essencial. 
FINALIZANDO 
Sintetizando o que vimos nesta aula: 
 As tecnologias refletem as transformações e os contextos sociais, além da 
cultura, dos costumes e das formas de interação; 
 Nossos comportamentos, relacionamentos e formas de agir no mundo são 
influenciados pelas tecnologias, da mesma forma que elas mudam e afetam 
o nosso comportamento; 
 É preciso pensar o conceito de tecnologias para além dos recursos 
materiais; afinal, ele envolve conhecimentos culturais para a resolução de 
problemas, constituindo-se desde a pesquisa até a aplicação; 
 No contexto das tecnologias os espaços e das práticas educacionais, o 
papel do professor e o lugar do aluno devem ser repensados, distanciando-
se da visão tradicional de ensino, de forma a valorizar as potencialidades. 
Nesse sentido, a teoria sociocultural justifica as tecnologias como 
possibilitadoras da construção do conhecimento e da aprendizagem; 
 As tecnologias são artefatos privilegiados na promoção da inclusão e do 
acesso à informação e comunicação. 
 
 
12 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos 
processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 
Texto de abordagem prática 
MORAN, J. M. M. Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. 
Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.12, p.13-21, maio/ago. 2004. 
Disponível em: 
<https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/article/download/6938/
6818>. Acesso em: 20 jun. 2018. 
Saiba mais 
LOBATO, M. História das invenções. 1. ed. São Paulo: Globo, 2014. 
 
 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BASTOS, J. A. S. L. Educação e tecnologia. Curitiba: PPGTE/CEFETPR, 1998. 
EUROPEAN COMMISSION. Empowering Users Through Assistive 
Technology. 1998. Disponível em 
<http://www.siva.it/research/eustat/index.html>. Acesso em: 20 jun. 2018. 
FELIPE, A. A. C. Reflexões sobre as mudanças sociais motivadas pelo 
desenvolvimento tecnológico: a necessidade de instituir uma reflexão ética na 
utilização das tecnologias da informação e comunicação. Biblionline, João 
Pessoa, v. 8, n. 2, 2012. 
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Curitiba: 
Positivo, 2010. Disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com/>. Acesso em: 20 
jun. 2018. 
GALVÃO FILHO, T. Tecnologia assistiva: favorecendo o desenvolvimento e a 
aprendizagem em contextos educacionais inclusivos. In: GIROTO, C. R. M.; 
POKER, R. B.; OMOTE, S. (Org.). As tecnologias nas práticas pedagógicas 
inclusivas. Marília/SP: Cultura Acadêmica, 2012. p. 65-92. 
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. 
LOBATO, M. História das invenções. 1. ed. São Paulo: Globo, 2014. 
MIRANDA, A. L. Da natureza da tecnologia: uma análise filosófica sobre as 
dimensões ontológica, epistemológica e axiológica da tecnologia moderna. 
Dissertação (Mestrado em Tecnologia) – Programa de Pós-Graduação do Centro 
Federal de Educação Tecnológica do Paraná, CEFET-PR, Curitiba, 2002. 
MORAN, J. M. Internet no ensino universitário: pesquisa e comunicação na sala 
de aula. Interface, Botucatu, v. 2, n. 3, 1998. 
_____. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2007. 
_____. Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. Revista 
Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n. 12, p.13-21, maio/ago. 2004. 
OSTERMANN, F.; CAVALCANTI, C. J. de H. Teorias de aprendizagem. Porto 
Alegre: Evangraf; UFRGS, 2011. 
PINHEIRO, R. C.; RODRIGUES, M. L. O uso do celular como recurso pedagógico 
nas aulas de língua portuguesa. Revista Philologus, v. 18, n. 52, 2012. 
http://www.siva.it/research/eustat/index.html
http://www.siva.it/research/eustat/index.html
 
 
14 
SILVA, R. et al. Dispositivos móveis dentro da escola: possibilidades de 
aprendizagem que se abrem também para alunos surdos. SIMPÓSIO 
HIPERTEXTO E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO, 5., Universidade Federal de 
Pernambuco, 2013. Disponível em: 
<http://www.nehte.com.br/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2013>. Acesso em: 
20 jun. 2018. 
SOUSA, R. P.; MIOTA, F. M. C. S. C.; CARVALHO, A. B. G. (Org). Tecnologias 
digitais na educação. Campina Grande: EDUEPB, 2011. 
UNESCO. Representação da Unesco no Brasil. TIC na educação do Brasil. 
2015. Disponível em: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/communication-and-
information/access-to-knowledge/ict-in-education/>. Acesso em: 20 jun. 2018. 
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos 
processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Outros materiais