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Amanda Selina Salvi 01 – Visão Geral do Sistema Imunológico O Sistema Imune faz a proteção contra invasores e os elimina, porém causa desconforto (inflamação) e pode causar autoimunidade. Complexidade do organismo (diversidade de genes) não está atrelado à causa de patologias! O vírus influenza tem apenas 11 genes, mas ele tem grande habilidade de mutação. - Patógenos: alta mutação, novas gerações rápidas (adaptação); - Hospedeiros: baixa mutação, novas gerações lentas. Fatores que estimulam as defesas: a existência de patógenos conhecidos e novos, tumores (maior incidência por causa do aumento da expectativa de vida), alérgenos, novos estilos de vida e de consumo, procedimentos iatrogênicos (causa excessiva de remédios). O paciente pode estar infectado, mas não estar doente e pode ser transmissor. A seleção natural faz o sistema imune ser tão inconstante. Tipos de resposta imune - Inata ou inespecífica: nasce com o indivíduo; antiga, independe do tipo de antígeno, está pronta para agir (age em questão de horas), não tem memória (não deixa descendentes). Barreiras naturais: anatômicas (pele, cílios, vilosidades), fisiológicas (pH, temperatura, reflexos de micção e tosse), simbiontes (microbiota com maior concentração no intestino); Humoral (fluidos): complemento interferon, secreções proteicas, lisozima (age quebrando a parede da bactéria, presente na saliva e na lágrima), etc; Celular: macrófagos, neutrófilos, células dendríticas, etc. - Adaptativa, Específica ou adquirida: feita por meio de estímulos; recente, depende do antígeno para existir, mas demora para ter resposta (age em questão de dias), induz à memória imunológica (tendem a diminuir o tempo de resposta, é muito variável). Humoral: anticorpos; Celular: linfócitos. *Linfócitos T Helper (CD4 no citoplasma, que precisa do auxílio de outras moléculas para acabar com o patógeno) e T Citotóxico (CD8 no citoplasma, ataca vírus diretamente já que ele próprio lança substâncias líticas na célula contaminada). *Marcadores celulares: moléculas na superfície das células que as diferenciam. Principal nomenclatura foi CD (correceptores). Método de marcação para detectar a quantia de células no indivíduo e saber o tratamento. *O plasmócito é a forma inativa do Linfócito B que é ativado com a presença dos antígenos, e é ele que produz os anticorpos, logo ele raramente é encontrado circulando. Células Sanguíneas Após liberação da medula óssea e maturação do Linfócito T no timo formam-se as células granulares (neutrófilos e bastonetes, eosinófilo, basófilos) e agranulares (monócitos, linfócitos). Fagócitos: neutrófilos, macrófagos e células dendríticas. Células que encontram e se ligam ao vilão por meio de moléculas, formam vesículas (fagossomo) para liberação de substâncias do lisossomo: fagolisossomo - para haver destruição, deve haver a fusão de fagossomo e lisossomo. Os neutrófilos fazem a fagocitose de maneira inespecífica. A maioria dos neutrófilos são circulantes, porém eles podem fazer diapedese caso sejam requisitados por citocinas (reação inflamatória). Alguns mecanismos de destruição de antígenos dos neutrófilos fazem a liberação de radicais livres, hipoclorito, iodo, enzimas que formam pus, etc. Os macrófagos (teciduais) derivam dos monócitos (circulantes) e também fazem fagocitose com o fagolissomo. Após a digestão, moléculas de MHC (Complexo Principal de Histocompatibilidade) captam as pequenas partículas do antígeno digerido para expor ao seu redor e apresentam o vilão aos linfócitos; isso diferencia o neutrófilo do macrófago. As moléculas de MHC podem ser: ▪ Classe I apresenta antígenos intracelulares como vírus (reconhecido pelo Linfócito CD8); ▪ Classe II apresenta antígenos extracelulares como bactérias (reconhecido pelo Linfócito CD4). *O macrófago inicia a resposta imunológica já que ele está no tecido, ou seja, mais perto do vilão, liberam citocina para requisitar os neutrófilos. *Os macrófagos estão espalhados por todo nosso corpo, mas podem receber nomes específicos. As células dendríticas têm mais habilidade de apresentar o agressor do que o macrófago. Exemplo: células de Langerhans presentes na epiderme. *A resposta específica só existe porque os macrófagos e as células dendríticas fazem a apresentação de antígenos. Célula NK - Natural Killer. Célula semelhantes aos Linfócitos CD8 já que fazem liberação de toxinas, mas não são específicos. Algumas células, quando invadidas por vírus, expressam um sinal (independentes dos macrófagos) que fazem o NK se ligar e fazer liberar toxicidade. Se apresentar MHC I quem age ainda é o CD8 (específico). Eosinófilos contém grânulos que podem auxiliar na lise de antígenos. Resposta a parasitas grandes que não conseguem ser fagocitadas. Sinais intestinais (IgE) mostram na corrente sanguínea que precisam da ajuda dos eosinófilos no intestino. Em casos de alergias, também há liberação de IgE. Basófilos pouco circulantes e pouco presentes. Grânulos com aminas vasoativas como histaminas. Assemelham-se com os mastócitos (teciduais) que tem grande resposta inflamatória - vasodilatação, contração de músculo liso, etc. *Os IgE se ligam aos mastócitos; a reação alérgica só acontece quando há muito IgE. *A maior parte das infecções são assintomáticas. Interação das células de defesa com os agentes Os patógenos têm padrões em suas membranas: PAMP. As células de defesa possuem em suas membranas o TLR – receptor do tipo Toll – que se liga no PAMP do agente agressor. O TLR é um tipo de PRR, um receptor de reconhecimento padrão. 02 – Órgãos Linfoides e Linfócitos ▪ Primários (centrais): desenvolvem e maturam células do sistema imune – medula óssea (maturação do Linfócito B), timo (maturação do Linfócito T), fígado fetal. Medula óssea Principal função de hematopoese: fabricação de células sanguíneas. Ao nascer, praticamente todos os ossos possuem essa função. Na vida adulta, apenas alguns: principalmente o osso do quadril, vértebras, esterno, costelas. Fígado e baço podem assumir a hematopoese caso tenha algum problema na medula dos ossos. Infelizmente, eles não conseguem ter a mesma capacidade. *A medula também serve de residência de Linfócitos T e B imaturos e virgens. Timo Local de maturação dos Linfócitos T (será CD4 ou CD8). Localizado no mediastino superior anterior. Nas crianças, o timo é bem aumentado. Com o passar da puberdade, ele é substituído por tecido adiposo e fica bem atrofiado. As células reticulares epiteliais residem no córtex e na medula do timo. No córtex do timo, fazem seleção positiva: seleciona os linfócitos que funcionam. “Testam” os timócitos, apresentando MHC I e II, selecionando os que reagirem. Os que não passam no teste são fagocitados por macrófagos. Na medula do timo fazem seleção negativa: Os Linfócitos expressam CD4 e CD8 e passam por outro teste que inclui saber se ele reage a algum componente próprio ou não, ou seja, exclui os que reagem. A resposta tem que funcionar, mas não pode ser exagerada. Falha na seleção negativa pode causar doenças de autoimunidade. *A maior parte dos Linfócitos T não passam nos dois testes e são eliminados, sofrendo apoptose. Após a liberação, os Linfócitos T CD4 (Th0) são diferenciados de novo em Th1, Th2 e Tregs. ▪ Secundários: manter o ambiente adequado para que o sistema imunológico possa viver. Linfonodos (lar dos linfócitos virgens), vasos linfáticos (conexão dos linfonodos), baço, MALT (tecido linfoide associado à mucosa). Vasos Linfáticos Importância para o sistema circulatório e imunológico. Drenam a linfa dos tecidos e mandam para a análise nos linfonodos. A linfa é drenada pelos ductos torácico e linfático direito que despejam a linfa de volta ao sistema circulatório; não possuem um sistema de bombeamento, mas têm válvulas. Acompanham grandes vasos sanguíneos. Linfonodos Tamanho variável;localizados no pescoço, axilas, inguinal e ao longo de grandes vasos. Dentro de um linfonodo há folículos que tem Linfócitos B e T virgens. Os vasos linfáticos aferentes trazem a linfa que foi recolhida dos tecidos, Baço A maior quantidade de tecido linfoide do corpo. Funcionam como um linfonodo gigante. Produção de anticorpos que vão direto para a circulação e que fazem a proteção contra germes encapsuladas que não são vistos pelo sistema complemento. MALT – tecido linfoide associado à mucosa Todas as mucosas que tem contato com o meio externo, desenvolvem o MALT que representa um reforço: GALT, BALT, CALT, SALT... As tonsilas são formas de MALT que se organizaram. 03 – Citocinas A maneira como as células se comunicam para saber o que fazer. Citocinas são proteínas solúveis produzidas por células do sistema imune e funcionam como mediadoras. São conhecidas como “hormônios do sistema imune” A comunicação pode ser por meio do contato célula-célula (macrófago apresentando o antígeno) e por mediadores solúveis (inflamação). Podem agir de maneira autócrina (no local onde foi produzida), parácrina (células ao lado), endócrinas (à distância, pela corrente sanguínea). Propriedades: produção rápida e autolimitada; ação pode ser local ou sistêmica e na célula que a produziu ou em outras; citocinas se ligam a receptores específicos para agir; quanto mais citocina, melhor o efeito; tem citocinas com efeitos antagônicos para equilíbrios; não são armazenadas, já que são rapidamente secretadas. Existem vários tipos de citocinas: IL – interleucinas, em geral, são produzidas por leucócitos e agem em outros leucócitos; IFN – interferons; TNF – fator de necrose tumoral; Quimiocinas – causam quimiotaxia, envolvidas na linfopoiese e angiogênse; Eritropoetina... Supressão: os corticosteroides inibem as citocinas da imunidade inata já que tem efeitos sistêmicos e os imunossupressores específicos, como os usados em transplante de órgãos, são usados para inibir citocinas da imunidade adaptativa. *As citocinas liberadas governam o isótipo de anticorpo que o Linfócito B produzirá, já que ele irá produzir de acordo com a citocina que mais ter no local. Citocinas da imunidade inata (não-específica) Produzidas por fagócitos (macrófagos, células NK) estimulados por produtos bacterianos (membrana de alguma bactéria) ou por outras citocinas. Agem em células endoteliais e em outros leucócitos. Efeitos locais e sistêmicos. TNF-α: principal mediador da resposta inflamatória aguda. Recruta neutrófilos e linfócitos para o local, já que induz a expressão de moléculas de adesão no endotélio vascular (marginação). Quando há maior produção de TNF-α apresenta efeitos sistêmicos, como febre (prostaglandinas), proteínas de fase aguda no fígado (fibrinogênio, opsoninas, proteínas do sistema complemento), medula óssea para fazer a liberação de novas células. Se for por muito tempo, há efeitos mais severos, como diminuição do débito cardíaco, bloqueio de glicogenólise no fígado, distúrbios metabólicos, choque, trombose vascular. IL-1: funciona em conjunto com TNF-α. Tem efeitos similares, porém sozinha não causa choque. IL-12: resposta inicial a microrganismos intracelulares. Como a resposta inata tem grandes dificuldades no combate a vírus, eles são indutores da imunidade adaptativa. Estimula também a transformação de Linfócitos T CD4 em Th1. INF-1 (α e β): pode ser produzido por qualquer célula do organismo geneticamente e inicia a produção ao entrar em contato com vírus. Estimulam a produção de MHC I. Citocinas da imunidade adaptativa (específica) Produzidas por Linfócitos T estimulados por antígenos proteicos. Tem efeito local e são produzidas em baixa quantidade, indetectável no soro. IL-2: fator de crescimento (expansão clonal) para Linfócitos T CD4 (autócrina) e também induz a apoptose se necessário. Diferenciação e proliferação de Linfócitos B e células NK. IL-4: faz inibição de macrófagos. Induz transformação de T CD4 em Th2 e à produção de IgE e IgG. IFN-γ: ativa macrófagos, estimula produção de IgG e IgM, aumenta a expressão de MHC II. Citocinas reguladoras de hematopoese Eritropoetina (medula óssea), tromboproetina (megacariótico), fatores de diferenciação de colônia, outras interleucinas. 04 – Sistema Complemento Conjunto de 30 proteínas inativadas que circulam na corrente sanguínea. Parte da imunidade inata, mas às vezes precisa da reação antígeno-anticorpo. Faz a lise de células (MAC – complexo de ataque à membrana); opsonização (marcação da bactéria para que elas sejam facilmente fagocitadas); quimiotaxia e potencializar a resposta inflamatória. Via Clássica: começa com interação de antígeno-anticorpo, liberando uma cascata de quebra de proteínas para formar a MAC. Os restos das proteínas que foram quebradas (C3a e C5a) e voltaram para o plasma, serão utilizadas para induzir os mastócitos para a liberação de histamina (anafilatoxina), fazer a quimiotaxia e liberação de leucotrienos. Causam edema. Via alternativa: ausência da interação antígeno-anticorpo. Via das lectinas: ligação de lectinas-manose que se encontra em fungos e bactérias. *O sistema complemento exagerado pode causar alergias e doenças autoimunes 05 – Anticorpos e antígenos Os linfócitos são as células do Sistema Imune Adaptativo. Eles são bem comuns no sangue e têm origem na medula óssea linhagem linfoide. São transportados pela corrente sanguínea e linfática. Os linfócitos T são maturados no Timo e os Linfócitos B são maturados na medula óssea; os órgãos linfoides periféricos (baço, gânglios linfoides) compreendem a maior parte dos linfócitos. Linfócitos T: representam a maior parte dos linfócitos do sangue periférico e tem duas diferenciações: CD4 (liberam citocinas que ativam os macrófagos para fazer fagocitose) e CD8 (citotoxinas para células infectadas, principalmente intracelulares – vírus). Representam a imunidade celular por ser mediada por células. Os receptores reconhecem somente peptídeos apresentados via MHC. Linfócitos B: liberação de anticorpos (neutralização de microrganismos extracelulares), ativação do sistema complemento. Representam a imunidade humoral. Os anticorpos reconhecem proteínas, lipídeos, carboidratos, ácidos nucleicos. Os linfócitos reconhecem o antígeno do microrganismo e, mais especificamente, o epítopo do antígeno. Os linfócitos são os únicos que não reconhecem qualquer parte do invasor. O Sistema Imune faz uso de grupo de moléculas para reconhecer os antígenos: Imunoglobulinas (anticorpos), Receptor de Linfócitos T – TCR (linfócitos T), Moléculas de MHC (APCs). Características da resposta adaptativa: especificidade (o Linfócito reconhece o epítopo do antígeno e gera respostas ideais), produção de memória (a memória aumenta a capacidade de combate), faz expansão clonal (aumenta o número de linfócitos), não reativa a si próprio (impede a autoimunidade), faz contração e homeostasia (dá uma “pausa” na resposta imune para que o organismo se recupere). Linfócitos B e a Imunidade Adaptativa Humoral Os anticorpos reconhecem e se ligam ao antígeno (qualquer material estranho no corpo). A célula B virgem entra em contato com o antígeno; após sua ativação, por receber estímulos de Thelper, realiza expansão clonal (divisão celular exponencial). Anticorpo é proteína circulante produzida em resposta à antígenos; o anticorpo se dilui no sangue, por isso são rápidos e práticos para circularem. Pode aparecer ligado a membranas de Linfócitos B (reconhecem o antígeno) ou secretados na circulação, nos tecidos e nas mucosas (neutralizam, impedindo a entrada e disseminação do patógeno). Ligação antígeno-anticorpo: após o contato do antígeno, o anticorpo passa por uma cascata de fosforilação, alterando sua conformação na membrana do Linfócito B e secretam o anticorpo, tornando-se um plasmócito.Os anticorpos a) Neutralização: os anticorpos se ligam nos agentes e impedem a entrada dele no epitélio, impede que ele se ligue nas células teciduais para infectá-las e impede que a célula infectada passe para as outras células. Além disso, neutraliza as toxinas, impedindo que elas causem patologias. Se for um vírus, o anticorpo forma uma cápsula para impedir que ele na célula e também impedir que ele deixe o DNA viral caso adentre a célula. b) Opsonização dos patógenos: os anticorpos marcam os patógenos para que as células fagocíticas saibam quem atacar, isso aumenta a fagocitose. c) Ativação de mastócitos: uma classe específica de anticorpos que se ligam a membranas de mastócitos (depois que eles foram ligados a antígenos), que faz uma ativação para a liberação de vesículas de histaminas. d) Ativação do Sistema Complemento: recrutam o sistema complemento, já que é a partir da ligação antígeno-anticorpo que a cascata do complemento se inicia. Anticorpos no sangue: estão presentes no soro (sem fatores de coagulação). O antissoro é a amostra do soro que contenha moléculas de anticorpo detectáveis. A sorologia estuda os anticorpos e suas reações com antígenos para a formulação vacinas, antídotos, diagnóstico de doenças infecciosas (procura os antígenos e os anticorpos). ▪ Imunização passiva: Transferência de anticorpos feitos em outros locais diretamente para o infectado. É efetivo e específico, mas não induz a memória. Ex.: antídotos, soros. ▪ Imunização ativa: Transferência de antígenos para que as células produzam memória. Ex.: vacinas. Imunocromatografia (Testes Rápidos): permite detectar rapidamente a presença do antígeno ou anticorpo na amostra. É dividido em 4 campos: no primeiro vai a amostra de sangue; o segundo tem um anticorpo marcado com ouro; o terceiro é o antígeno; o quarto é anti-anticorpo. Quando o sangue infectado é pingado, os anticorpos da pessoa contra o agente X se ligam nos anticorpos marcados com ouro. Os dois passam pelo antígeno e reagem com ele: marcação T. Depois o anticorpo de ouro passa pelo anti-anticorpo e marca C. Anticorpos monoclonais: são anticorpos produzidos por um único clone de um único linfócito B parental, que é clonado e imortalizado, produzindo sempre os mesmos anticorpos, em resposta a um agente patogénico. Aplicações: diagnóstico in vivo – tumores e doenças autoimunes; uso terapêutico – transplantes, doenças respiratórias... Estrutura dos anticorpos Apresentam as mesmas características, mas enorme variabilidade na região que se liga ao antígeno. Tem estrutura simétrica: duas cadeias pesadas idênticas e duas cadeias leves idênticas; cada cadeia é formada por Domínios Ig (imunoglobulina) que se dobram de forma globular e se ligam por pontes dissulfeto. Porção Variável do Anticorpo Tanto as cadeias leves quanto as pesadas são compostas por regiões aminoterminais variáveis (VH e VL) que participam do reconhecimento dos antígenos. São 3 regiões hipervariáveis dentro da região variável que são unidas em 3 fitas B, formando uma superfície que se liga ao antígeno: CDR – regiões determinantes de complementariedade. A variação ocorre nos genes – cromossomo 2 (KAPPA 60%) e 22 (LAMBDA 40%) para a cadeia leve e cromossomo 14 para a cadeia pesada – que codificam as imunoglobulinas: recombinação V(D)J. A enzima Recombinase VDJ faz a quebra e recombinação dessas partes, resultando em várias possibilidades: 100 bilhões. Quando o anticorpo está formando, os Linfócitos B fazem expansão clonal. Os clones virgens amadurecem nos órgãos linfoides. Ao entrarem em contato com os antígenos nos tecidos linfoides, eles são ativados. Regulação da Variação Há a possibilidade de tanta recombinação que pode ocorrer de algum anticorpo acabar sendo feito para reconhecer nosso próprio corpo (autoimunidade). A medula óssea e os órgãos linfoides, ao terem contato, fazem a seleção positiva (seleciona os que tiveram respostas adequadas) e negativa (seleciona para apoptose os que tiveram respostas exageradas). Falha nisso resulta em doenças autoimunes. Porção Constante do Anticorpo As regiões carboxiterminais constantes (C) das imunoglobulinas tem função efetora. Mesmo sendo “constante”, essa região tem 5 tipos diferentes que são chamados de Isótipos das Imunoglobulinas por variarem na sequência de aminoácidos e na função. Imunoglobulina A (IgA): encontrada em mucosas (intestino, trato respiratório, trato urogenital), prevenindo sua colonização por patógenos. Baixa concentração no soro. Imunoglobulina D (IgD): receptor de antígeno precoce; ativa o crescimento das Células B. Raras no soro e nascem com os Linfócitos B imaturos. Imunoglobulina E (IgE): ativam os mastócitos – liberar histamina – e basófilos. Resposta imune contra helmintos e protozoários. Associados a hipersensibilidade, alergias. Imunoglobulina M (IgM): circulantes, nascem com Linfócitos B imaturos, estão na resposta primária antes que haja IgG e ativam o sistema complemento. Imunoglobulina G (IgG): as mais abundantes com 4 subclasses. Participam da ativação da opsonização, do sistema complemento. É o anticorpo principal da resposta imune secundária e requer a participação de Linfócitos T para a sua produção. Atravessam placenta e estão presentes no leite materno. *Os Linfócitos B virgens não produzem anticorpos, eles nascem com IgM ou IgD. Primeiro são ativados, se diferenciam e então secretam anticorpos. A troca de Isótipo dependerá de qual citocina dos Linfócitos Thelper está no local, assim ela altera a função da molécula, mas não altera a sua região variável. 06 – Captura e apresentação dos antígenos Os Linfócitos T representam a Imunidade Celular – Cell Mediated Immunity (CMI); eles são transportados pela corrente sanguínea e linfática, representam 60-80% dos linfócitos do sangue periférico e tem duas populações: ▪ T CD4 (auxiliar/helper): ativa respostas imunes inflamatórias com liberação de citocinas. ▪ T CD8 (citotóxico): mata diretamente as células infectadas como vírus, tumores e enxertos. Os TCRs (Receptor de Célula T) são expressadas para reconhecerem um único antígeno (especificidade), mas são capazes de reconhecer qualquer antígeno estranho. Formados por um dímero de cadeia β (Cβ e Vβ – Cromossomo 7) e um dímero de cadeia α (Cα e Vα – Cromossomo 14). A variação dos TCRs acontece pelos genes que os codificam. Há uma recombinação V(D)J com capacidade de reconhecer mais de 1 quatrilhão de epítopos. *A diferenciação de T CD4 e T CD8 está no correceptor, e não na parte variável como se imagina. A maturação dos Linfócitos T é feita no Timo na ausência de antígeno. Os Linfócitos maturados adentram os tecidos linfoides e aqueles que forem “selecionados” para combater o antígeno, serão clonados. Pela tamanha diferenciação seria impossível os Linfócitos encontrarem suas presas ideais, por isso as Células Apresentadoras de Antígenos (APCs) são as responsáveis em encontrar e mostrar o antígeno aos Linfócitos. Os microrganismos invadem o hospedeiro por 3 vias: pele, trato gastrointestinal e respiratório. Todos representam epitélios como barreiras, por isso, as guardiãs de barreiras são as APCs. O patrulhamento é feito por células dendríticas (ex.: células de Langerhans), pelos macrófagos e pelos Linfócitos B. ▪ Os microrganismos que passam pelo epitélio são capturados e endocitados pelas células APCs que possuem em suas membranas Receptor do tipo Toll. ▪ Ocorre a produção de citocinas: TNF e IL-1. ▪ APCs se ativam e migram para o Linfonodo através de vasos linfáticos. ▪ Apresentam o antígeno para os Linfócitos T. Aquele que tiver o TCR, passará por expansão clonal. Células maduras passam de células especializadas em captura para especializadas em apresentação de antígenos. Há um aumento na síntese e expressão de MHC e aumento de coestimuladores. As Células Dendríticasativam os Linfócitos T virgens e iniciam a expansão clonal deles. Os macrófagos ativam os Linfócitos T efetores que ativam os macrófagos – imunidade celular (relação macrófago-linfócito). Os Linfócitos B ativam os Linfócitos T efetores que ativam a produção de anticorpos do Linfócito B – imunidade humoral. Os Linfócitos T só reconhecem os antígenos que forem ligados ao MHC apresentados pelas APCs. Direcionamento de CD4 ou CD8 Dependerá de como é feita a captação do antígeno. ▪ Se o antígeno estiver no citosol, ele será digerido pelo proteassoma que formará fragmentos de proteínas e qualquer célula nucleada poderá “recolhê-los” e formar o MHC I. ▪ Se o antígeno estiver extracelular, ele será endocitado por APCs, formando vesículas endossomais que formarão MHC II. MHC – Complexo de Histocompatibilidade Principal. Fazem parte do grupo de moléculas utilizadas pelo sistema imune e ficam presentes na membrana das APCs para que, na apresentação, os Linfócitos T possam reconhecer o antígeno. O locus genético do MHC – coleção de genes polimórficos que diferem entre os indivíduos – do Cromossomo 6 é determinante para aceitação ou rejeição em transplantes. Improvável que dois indivíduos tenham o mesmo HLA (antígenos de leucócitos humanos/MHC); sempre haverá alguém que será capaz de lidar com a infecção. Os MHCs têm uma fenda que liga peptídeos. Apenas uma porção é constante e é ela que irá se ligar ao CD4 ou ao CD8 (correceptores). Cada molécula de MHC pode apresentar um peptídeo por vez, mas é capaz de apresentar diversos tipos. Nem todo peptídeo será recolhido pelo MHC, apenas alguns específicos. Processamento dos antígenos pelo MHC I Os antígenos do microrganismo são degradados pelo proteassoma – após serem marcados pela ubiquitina. Os peptídeos (fragmentos de proteínas) passam pelo canal TAP (Transportador associado ao processamento antigênico) no Retículo Endoplasmático das células e encontrará com o MHC I. Vesículas são criadas para liberar essa junção de MHC I + peptídeo do antígeno e são levadas até os Linfócitos T CD8. Isso é feito com qualquer proteína “lixo” do organismo. A diferença é que o Linfócito T CD8 não irá reconhecer as nossas proteínas como patógenas. Processamento dos antígenos pelo MHC II Como nesse caso, o antígeno está em meio extracelular, as APCs endocitam o antígeno proteico, formando uma vesícula que irá se fundir com outra vesícula com MHC II pelo mecanismo da CLIP – peptídeo de cadeia constante classe II. Com a associação antígeno-MHC, há o transporte até os Linfócitos T CD4. 07 – Ação dos Linfócitos T O reconhecimento de antígenos nos órgãos linfoides desencadeia a expansão clonal. As células T efetoras entram na circulação e procuram o local da infecção. Os Linfócitos T CD8, após a ativação, liberam perforina nas células infectadas para que elas sejam destruídas. Os Linfócitos T CD4 se diferenciam em subpopulações para produzir citocinas diferentes e realizar diferentes funções: ▪ Linfócito Th1: fazem a defesa contra microrganismos intracelulares já que ativam os macrófagos para a via clássica e ativam a produção de IgG nos Linfócitos B. ▪ Linfócito Th2: fazem a defesa contra helmintos e parasitas há que ativam os eosinófilos, os mastócitos, a produção de IgE, a via alternativa dos macrófagos. É uma resposta que não depende de fagócitos. ▪ Linfócito Th17: fazem a defesa de bactéria extracelular e fungos já que ativam a inflamação local.
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