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4-ETICA E FILOSOFIA

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
ÉTICA E FILOSOFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 3 
UNIDADE 1 - A ÉTICA NA FILOSOFIA ANTIGA ......................................................................................... 5 
UNIDADE 2 - A ÉTICA CRISTÃ: A FILOSOFIA MEDIEVAL ................................................................... 17 
UNIDADE 3 - A ÉTICA NA FILOSOFIA MODERNA .................................................................................. 24 
UNIDADE 4 - ÉTICA CONTEMPORÂNEA ................................................................................................... 30 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
 Há duas perspectivas principais para a ética: a ética do dever e a ética do 
maior bem possível. Ambas as perspectivas receberam inúmeras derivações que, 
no momento, não serão objetos de nosso estudo. A ética do dever tem como 
princípio o seguinte fundamento: a melhor ação é esta porque isto é o correto a 
ser feito. A ética dos fins tem como princípio: ainda que isto signifique uma ação 
moralmente incorreta, neste momento, é melhor tomá-la e evitar um mal maior 
no futuro. 
 Em geral, um exemplo significativo desse dilema se dá em relação a moral 
religiosa. Na Bíblia está escrito que não devemos julgar para não sermos julgados. 
Tomando ao pé da letra, tal preceito impediria todo o funcionamento do sistema 
judiciário. No entanto, o mesmo preceito pode ser compreendido em outra 
perspectiva, qual seja, não queirá julgar se alguém é ou não pecador, portanto, que 
ninguém diga que o outro está condenado às penas divinas, pois somente Deus 
julga. Em relação à lei dos homens, trata-se de um julgamento meramente humano 
e nada tem a ver com as leis divinas. Tal interpretação, porém, só é compreensível a 
partir do momento em que vemos a lei como laica, isto é, que não se pode tomar 
preceitos religiosos para fundamentar leis civis, porque as religiões dentro de um 
mesmo Estado podem ser muitas e, nenhuma, deve ter a primazia para orientar o 
comportamento de todos os cidadãos. Nas teocracias – tanto as atuais como as 
antigas – as leis da religião oficial se tornam também leis civis, portanto, os que 
julgam condenam tanto o criminoso como o infiel. 
O dilema ético contemporâneo que se encontra em maior evidência é o do 
aborto. Há dois casos em que o aborto é considerado legal: se resultado de um 
estupro e se a gestação coloca em risco a vida da mãe. Do ponto de vista da ética 
do dever, portanto, com exceção desses dois casos e da anencefalia, autorizar um 
aborto porque a mãe não deseja ter o filho seria inadequado. Porém, o argumento 
daqueles que partem do princípio da “ética do maior bem possível” é a de que 
impedir o aborto legal leva milhares de mulheres às clínicas clandestinas causando 
mortes ou problemas de saúde que mais tarde deverão ser atendidos no sistema 
 
 
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público de saúde elevando os custos para toda a sociedade. Portanto, para esse 
grupo, autorizar o aborto é uma forma de minimizar a morte de mulheres e reduzir os 
custos da saúde pública. 
 
Orientação aos leitores 
 
 A metodologia deste trabalho adota a História da Filosofia como referência 
para o desenvolvimento do tema Ética. Além disso, dentro da História da Filosofia 
abordamos alguns filósofos. Apesar dos temas éticos contemporâneos serem nosso 
foco principal, não podemos perder de vista a fundamentação dos problemas 
filosóficos que não podem ser desprezados ao discutirmos os problemas éticos 
contemporâneos. Aliás, ao contrário, tais problemas devem ser tratados com todo o 
rigor filosófico possível, por isso, se nos delongamos na filosofia antiga é porque ali 
nasceram as grandes teorias éticas, cuja consistência permeia até os nossos dias. 
Mudaram, porém, os problemas, por isso, novos filósofos devem abordar novos 
problemas, sem romper com a história do pensamento filosófico. 
 
 
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UNIDADE 1 - A ÉTICA NA FILOSOFIA ANTIGA 
Por José Benedito de Almeida Júnior
1
 
 
1.1 ÉTICA SOFÍSTICA 
 
A filosofia nasce com os filósofos conhecidos como pré-socráticos, dentre 
eles destacamos Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Parmênides, Heráclito, 
Demócrito. Buscavam o conhecimento sobre a origem de todas as coisas, a 
chamada physis, muitas vezes incorretamente traduzida por natureza. O período da 
Filosofia da physis é conhecido também por cosmológico, pois sua preocupação era 
antes de mais nada com a ordem do universo, a definição do ser, a origem das 
coisas. 
Os sofistas modificaram o tema da filosofia, transportaram o tema principal 
para o homem. Assim, as relações humanas, as possibilidades da linguagem, a 
cultura, a política, passam a ser os novos objetos de investigação da Filosofia. O 
período sofístico também passa a ser conhecido como humanístico. Como foram 
adversários de Sócrates, Platão e Aristóteles, os sofistas passaram para a histórica 
como falsos filósofos, afinal, nos diálogos platônicos foram desmascarados por 
Sócrates. No entanto, a partir do século XIX, especialmente, vários filósofos 
recuperaram a imagem dos sofistas procurando entender seus pensamentos por 
suas próprias expressões e não mais pelas palavras de Platão. 
Outro fenômeno causado pelos sofistas foi a disseminação da cultura 
helênica, pois esses filósofos circulavam por entre as cidades, ensinando a quem os 
contratasse para ensinar. A arte da oratória e da escrita foram levadas aos seus 
graus máximos de excelência, pois além de ensinarem, tais filósofos também 
defendiam pessoas em tribunais públicos, ou posições políticas nos debates. Sua 
ferramenta era a linguagem e seu objetivo demonstrar os erros de raciocínio do 
 
1 José Benedito de Almeida Júnior é professor de Filosofia na Universidade Federal de Uberlândia; 
mestre e doutorando em Ética e Filosofia Política pela Universidade de São Paulo. 
 
 
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adversário, bem como impor o seu. Aristóteles registrou em seus elencos sofísticos 
os principais recursos retóricos utilizados por eles. 
Dentre os principais sofistas destacaremos dois: Protágoras e Górgias. O 
primeiro nasceu em Abdera e sua frase mais conhecida é “o homem é a medida detodas as coisas” esse é o conceito de homo mesura. Tal concepção nos remete à 
ideia de que o conhecimento das coisas, ou da verdade sobre as coisas, é resultado 
da construção humana, ou ainda, da construção possível da linguagem humana. 
Não há uma verdade oculta a ser desvendada pelos raciocínios filosóficos, mas a 
verdade reside justamente na linguagem. Os pré-socráticos buscavam a relação 
entre physis (origem) e logos (saber/linguagem); para Protágoras, há somente o 
logos, sabedoria e linguagem se fundem numa unidade indissolúvel. 
Górgias de Leontinos, em sua obra, ataca os fundamentos da Filosofia pré-
socrática a partir de três teses fundamentais. A primeira afirma: “o ser não existe”. 
Tal tese nos remete a ideia de que não há uma verdade oculta por trás das coisas a 
qual pode ser desvendada. Não há, portanto, nenhuma physis a ser descoberta pelo 
logos. Em sua segunda tese afirma: “se o ser existisse não poderia ser pensado”; 
essa concepção nos remete à ideia de que o pensamento está dentro do limite 
humano e que, portanto, não é possível conceber o ser das coisas, mas somente o 
próprio pensamento. Ora o nosso pensamento não é o ser das coisas, mas apenas 
pensamento. Também afirma: “se existisse e fosse pensável, não seria 
comunicável”; aqui vemos a delimitação do uso da linguagem. Nesse caso, a ideia 
central é a de que mesmo que pudéssemos pensar o ser, não haveria como 
comunicá-lo a outra pessoa, porque a linguagem não nos permite transmitir as 
coisas mesmas, mas somente suas representações em forma de palavras e 
fonemas. 
Conclusões. A respeito da ética sofística podemos compreender que para 
eles como não há verdades ocultas por trás das aparências das coisas, não há 
também nenhum critério absoluto e intocável que possa orientar a conduta ética. 
Essa deve ser definida dentro do limite humano do pensamento e da palavra. Assim, 
não buscam um princípio metafísico de verdade, justiça, bem ou qualquer outro que 
possa servir de orientação para o estabelecimento daquilo que é bom, mau, justo ou 
 
 
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injusto na vida concreta dos homens. Essas coisas devem ser conhecidas e 
definidas a partir da própria realidade humana, homo mesura, da linguagem e da 
cultura. Tais filósofos, evidentemente, são acusados de relativismo ético, pois dessa 
forma, não havendo critério absoluto para definir o que é bem e o que é mal estamos 
sempre à procura dos critérios de definição. Dentre estes acusadores está o maior 
adversário que enfrentaram: Sócrates. 
 
1.2 Sócrates 
 
O pensamento socrático foi registrado por dois discípulos: Xenócrates e 
Platão. No entanto, apesar de inúmeros pontos em comum, há diferenças entre os 
registros destes dois discípulos. Em Xenofonte, temos um Sócrates bem mais 
próximo dos sofistas, pois, em geral, os registros de seus argumentos estão presos 
ao campo da linguagem e ele mais faz destruir a argumentação dos adversários do 
que, propriamente, demonstrar verdades sobre a ética. Em Platão, no entanto, 
Sócrates além de contra-argumentar os pensamentos sofísticos registrados em 
diálogos como Górgias, Protágoras, Laquês, Teeteto, também demonstra a 
necessidade de se encontrar princípios que estejam além da realidade e que devem 
nortear a ética. Assim, a ética socrática diferencia-se da sofística, nesta perspectiva, 
na medida em que esta não está baseada em princípios metafísicos e aquela, busca 
tais princípios para orientarem a conduta do indivíduo, bem como a lei. 
Por exemplo, lemos nas Memoráveis de Xenofonte: “Farei também por contar 
como Sócrates formava seus discípulos na dialética. Achava que, quando se 
conhece bem o que seja cada coisa em particular, pode-se explicá-la aos outros; 
mas que, se se ignora, não admira que se engane a si mesmo e consigo aos outros”. 
Aristófanes foi o primeiro a dizer que Sócrates mais parecia um sofista do que 
propriamente seus adversários em sua peça teatral As Nuvens. Nietzsche, em A 
Gaia Ciência, também o chama de sofista. Sua obra, registrada pelos escritos de 
Platão, destaca-se por opor-se ao pensamento sofístico. 
 
 
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1.3 Platão 
 
A doutrina ética de Platão nos remete à ideia de que existem: o bem, a 
verdade, a justiça, e outros elementos da ética. Ao contrário dos sofistas que não 
acreditavam na existência desses entes. Uma vez que, se pode conhecer, por 
exemplo, o que é o bem, então os casos particulares nos quais deve se julgar o que 
é o bem e o que é o mal deve ser orientado por aquele conhecimento do que é o 
bem. Ora, conforme Platão, não podemos depreender o que é o bem ou o que é o 
justo somente observando os casos concretos que ocorrem, tal observação nunca 
se esgotará, haverá sempre a possibilidade de novos eventos. Será preciso usar de 
um critério que não derive dos casos particulares, mas ao contrário, que oriente a 
análise desses casos. 
Por isso, em Platão, o conhecimento e a ética estão profundamente 
imbricados. Afinal de contas, para que se julgue uma ação conforme a ética é 
preciso de um critério e esse só pode ser obtido por meio do uso abstrato da razão. 
Nesse filósofo, o modelo da geometria é fundamental para a Filosofia. Por meio de 
raciocínios, podemos nos distanciar da dependência dos casos particulares, dos 
fenômenos e entender o que as coisas são. Esta é a teoria das ideias, isto é, o que 
as coisas são? Ideias. No entanto, as coisas concretas, os fenômenos ou as 
aparências existem de fato, mas são apenas uma, das inúmeras possibilidades de 
existências das ideias. Tomemos como exemplo uma mesa. Ora por mais que 
observemos todas as mesas existentes no mundo hoje, não esgotaremos uma 
definição do que é mesa: quadrada, redonda; de madeira, de ferro; para cozinha, 
para sala; branca, azul? Definir o que é mesa é antes um exercício da razão do que 
de observação. Como dissemos anteriormente, se definir o que é mesa exige o uso 
da razão, definir o que é justo ou injusto torna-se ainda mais complicado. Por isso, 
Platão insiste em abandonar a observação dos casos reais e avançar cada vez mais 
em direção à ideia em si, ou como ele diz, a coisa – em – si. Vejamos o que nos diz 
no livro VII da República: 
“Sócrates – Mas como? Achas espantoso que um homem que passa das 
contemplações divinas às miseráveis coisas humanas revele repugnância e pareça 
 
 
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inteiramente ridículo, quando, ainda com a vista perturbada e não estando 
suficientemente acostumado às trevas circundantes, é obrigado a entrar em disputa, 
perante os tribunais ou em qualquer outra parte, sobre sombras de justiça ou sobre 
as imagens que projetam essas sombras, e a combater as interpretações que disso 
dão os que nunca viram a justiça em si mesma?” (Platão, 1987, p. 255). Esse 
princípio de que nosso conhecimento não passa de sombras do que as coisas 
realmente são (no exemplo acima, a justiça em si mesma) sintetiza os dois pólos 
principais de seu pensamento, isto é, o problema do conhecimento e o da ética. 
A alegoria da caverna, também presente no livro VII da República, é a mais 
conhecida ilustração que Platão faz desses dois pólos. 
“Sócrates – Agora, prossegui, imagina da maneira que se segue o estado da 
nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa 
morada subterrânea,em forma de caverna, tendo a toda a largura uma entrada 
aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço 
acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante 
deles, dado que a cadeia os impede de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma 
fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os 
prisioneiros passa uma estrada alta: imagina que ao longo dessa estrada está 
construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de 
títeres armam diante de si e por cima das quais exibem suas maravilhas. 
Imagina, agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam 
objetos de toda a espécie, que transpõem o muro, e estatuetas de homens e 
animais, de pedra, madeira e toda a espécie de matéria; naturalmente, entre esses 
transportadores, uns falam e os outros calam-se. (...) E, para começar, achas que, 
numa tal situação, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e dos seus 
companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna 
que lhes fica defronte? (...) E, portanto, se pudessem comunicar uns com os outros, 
não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?” (pp. 251 – 252). 
Essa alegoria ilustra muito bem o problema platônico: o que nós observamos 
são as sombras dos objetos reais e não os objetos mesmo. Portanto, perdemos 
nosso tempo tentando descobrir o que as coisas são pelo que “vemos”, isto é, pelo 
 
 
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conhecimento dos inúmeros fenômenos onde a justiça, o bem, o mal, o belo 
aparecerem. 
 
1.4 Aristóteles 
 
Aristóteles foi o mais famoso discípulo de Platão. Enquanto este fundou e 
dirigiu a Academia, seu discípulo fundou e dirigiu o Liceu. Aristóteles, apesar da 
admiração pelo mestre e por Sócrates, não deixou de efetuar críticas a eles e 
elaborar sua própria Filosofia. Essa se estende por vários campos, a Física, a 
Metafísica (ou Filosofia primeira em suas palavras), a linguagem, o raciocínio e, 
como não poderia deixar de ser, sobre ética e política. Sobre a ética sua obra mais 
conhecida é a Ética a Nicômacos, este não é outro senão o próprio filho de 
Aristóteles. 
 São vários os temas presentes nos livros da Ética a Nicômacos, o bem, a 
excelência moral, o meio termo, a amizade, o prazer e outros, concentrar-nos-emos 
nos mais significativos para esta obra. No livro 2 da Ética, Aristóteles afirma que o 
propósito desse livro não é o conhecimento teórico, mas o prático, porque seu 
objetivo não é somente dar a conhecer o que é a excelência moral, mas praticá-la. 
Assim, precisamos entender o que é a excelência moral e como ela pode ser 
alcançada. 
 A excelência moral é uma disposição da alma que pode ser alcançada 
somente pelo hábito. Para Aristóteles nossa alma possui três manifestações: 
emoções, como os desejos de cólera, medo, temeridade, inveja, alegria e outros; as 
faculdades que são nossas capacidades naturais, como por exemplo, a inteligência; 
e disposições as quais podem ser para a excelência ou para a deficiência. As 
disposições para a excelência ou para a deficiência moral não decorrem das 
emoções, mas de uma escolha, portanto não somos excelentes ou deficientes 
moralmente por natureza, mas por escolha. Ou seja, não são nossas emoções que 
nos fazem escolher esta ou aquela ação, mas nossa disposição para a excelência 
ou deficiência moral. 
 
 
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 “A excelência moral, além de proporcionar boas condições à coisa a que ela 
dá excelência, faz com que esta mesma coisa atue bem”, como por exemplo, a 
excelência dos olhos é a de serem sadios e permitirem uma boa visão; assim como 
o cavalo são é sadio e permite transportar o homem. Ter excelência moral é bom em 
si e suas consequências também o são, ou seja, o resultado das ações de quem 
possui excelência moral são bons em si. 
 Por outro lado, a excelência moral é a nossa disposição para escolher o meio 
termo, por meio da percepção. Assim, quando estamos diante de situações que 
exigem uma escolha moral, a razão não é o único critério de escolha, pois há 
também necessidade da percepção e da excelência moral. A excelência nos leva a 
escolher o bem; a razão, o meio termo. Esse não pode ser encontrado 
universalmente, isto é, não existe um meio termo natural do objeto, pois é preciso 
sempre levar em conta as condições de escolha, daí a necessidade da razão para 
nos levar a compreender qual é o meio termo em cada circunstância. Por exemplo, 
seis é o meio termo entre dez e dois; mas comer um quilo de alimento pode ser 
muito, assim como, duzentos gramas, pouco. Conforme a pessoa seiscentos gramas 
não são, necessariamente, o meio termo. 
Eis alguns exemplos que ilustram o meio termo: 
 o meio termo entre o medo e a temeridade é a coragem; 
 o meio termo entre a insensibilidade e a concupiscência é a moderação; 
 o meio termo entre a avareza e a prodigalidade é a liberalidade; 
 o meio termo entre o irascível e o apático é o amável; 
 o meio termo entre o acanhado e o impudente é o recatado; 
 o meio termo entre a inveja e o despeito é a indignação justa. 
 
 Ora, da mesma forma que o médio é maior que o menor e menor do que o 
maior, os dois extremos, isto é, as duas disposições que pecam pelo excesso ou 
pela falta, relativizam, o meio termo. Por exemplo, o corajoso é chamado de covarde 
pelo temerário e de temerário pelo covarde; da mesma forma, o moderado é 
 
 
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chamado de insensível pelo concupiscente e de concupiscente pelo insensível. É 
bem mais fácil atingir o excesso ou a falta em relação à excelência moral do que o 
meio termo, pois como dissemos, é preciso ter percepção das condições. Por isso, 
quando se procura agir pelo meio termo, mas se incorre no excesso ou na falta, 
deve-se observar se a ação não ficou muito longe do que seria o seu ponto de 
equilíbrio. Deve tomar cuidado, no entanto, para não se afastar demais do meio 
termo seja para mais, seja para menos para que a pessoa não se torne censurável. 
 
1.5 A Ética no período Helenístico 
 
 Entende-se por Filosofia helênica aquela formada pelo pensamento grego 
clássico. Por Filosofia helenística a Filosofia formada pelo contato do pensamento 
grego com outras fontes – especialmente as orientais. No século II antes de Cristo, 
Atenas ainda é o centro do pensamento filosófico, mas Alexandria, o centro das 
ciências. Essa passagem foi decorrente da desarticulação do mundo grego graças 
às invasões sofridas desde os macedônicos até os romanos. Por um lado, o 
pensamento grego perdeu a sua pureza, por outro, deu origem a novas filosofias 
marcadas profundamente pela ruptura entre a ética e a política. Em geral, os críticos 
apontam essa ruptura porque entendem que a Filosofia clássica formava cidadãos, 
afinal o indivíduo não teria qualquer identidade isolado de sua sociedade. Afirmam 
que a Filosofia helenística toma como principal motivo a formação do indivíduo, 
porque não havia mais sentido formar um cidadão para participar de uma sociedade 
na qual as leis eram impostas pelo imperador. 
 A Filosofia helenística, por causa desses fenômenos, é também conhecida 
como período ético. Várias escolas filosóficas formaram-se nesse período: o 
cinismo, o ceticismo, o epicurismo, o estoicismo; todas, porém,inseridas na história 
da Filosofia, ou seja, de um modo ou de outro, variando de fonte filosófica de 
influência, remetem suas ideias ao pensamento filosófico anterior a eles. 
 
 
 
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a) O cinismo. A escola cínica é conhecida também por ser a mais anti-cultural 
de todas as escolas helenísticas, exatamente porque, considera toda a cultura 
artificialidade humana que somente nos afasta da vida para a qual os deuses nos 
prepararam. Viver as fadigas impostas pela natureza – suportar o frio, a fome, o 
calor – era uma forma de temperar o espírito e o corpo para poder superar as ilusões 
que os homens criaram e chamavam de sociedade. Daí as “esquisitices” que 
marcaram sua história: viver num barril, carregar somente um manto, desprezar o 
luxo e a riqueza. Diz-se que certa vez Alexandre Magno sabendo que Diógenes se 
encontrava próximo e conhecendo a fama do filósofo apelidado de cão, foi ter com 
ele. Acercando-se do filósofo que estava deitado no chão propôs-lhe: “pede-me o 
que quiseres e eu te darei!” Diógenes, mesmo reconhecendo seu poderoso 
interlocutor, respondeu de maneira direta: “Afasta-te do meu sol!” 
b) O Epicurismo A primeira escola helenística surgiu em Atenas ao final do 
século IV (306 – 307 a.C.) e já captava o sentido da necessidade de mudança, pois 
ao invés de se localizar próximo à ágora (praça pública) localizava-se em um lugar 
afastado do centro urbano, no campo, num prédio dominado por um imenso jardim 
(daí kéros). Por isso a ruptura com a Filosofia da interpretação, vizinha do comércio 
onde se “discutia o preço”, interpretio. As principais teses epicuristas podem ser 
resumidas nos seguintes itens: 
 a realidade é plenamente cognoscível pela inteligência humana (crítica aos 
filósofos que duvidavam de nossa capacidade de conhecer a realidade material, 
especialmente Platão); 
 nas dimensões do real existe espaço para a felicidade do homem; 
 a felicidade é a falta de perturbação; 
 para atingir essa felicidade e essa paz, o homem só precisa de si mesmo; 
 não lhe servem a cidade, as instituições, a nobreza e todas as coisas e nem 
mesmo os deuses: o homem é autárquico, isto é, governa-se por si mesmo. 
 O pensamento de Epicuro é, predominantemente, ético, fundamentado na 
lógica e na física. A primeira é importante para determinar os critérios que nos 
permitem chegar à verdade; a segunda, por que demonstra a constituição do real; e 
 
 
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então, chega-se à ética, que estuda a finalidade do homem, ou seja, a felicidade. 
Sobre a física de Epicuro pode-se afirmar que está diretamente inspirada nas 
doutrinas dos atomistas Leucipo e Demócrito, com mudanças em algumas 
concepções. Para Epicuro, ao contrário de Platão, as sensações não devem ser 
descartadas do campo do saber, ao contrário, são reais porque pertencem à própria 
estrutura atômica da realidade. 
 A física de Epicuro é uma ontologia, isto é, ao refletir sobre a natureza reflete, 
fundamentalmente, sobre o ser. Seus fundamentos são: o nada nasce do não-ser e 
nada se dissolve no nada. Matéria gera matéria. O todo é composto apenas por dois 
elementos fundamentais: os corpos e o vazio que nada mais é do que espaço, 
distanciando-se da noção de não-ser de Platão. É importante observar que para 
Epicuro a alma é material, composta por partículas sutis. 
 A ética epicuréia está baseada nos princípios anteriores, por isso, sendo o 
homem matéria, sua felicidade será também material: seu bem é seu prazer. Essa é 
a sua teoria do hedonismo, da felicidade. Normalmente, acredita-se que a ética de 
Epicuro leva à uma concepção de fruir, desregradamente, dos prazeres. No entanto, 
se analisarmos corretamente seu pensamento verificaremos que isso deve ser 
interpretado como uma incitação à imoralidade. 
 Para Epicuro a felicidade é obtida por dois princípios: 
 aponia, que significa a ausência de dor no corpo; 
 ataraxia: ausência de perturbação na alma. 
 “Quando dizemos, então, que o prazer é bem, não aludimos, de modo algum 
aos prazeres dos dissipados, ou aos produzidos pela sensualidade, como crêem 
certos ignorantes em desacordo conosco ou não nos compreendem mas ao prazer 
de nos acharmos livres de sofrimentos no corpo e à ausência de perturbação na 
alma”. (Epicuro, 1980, p. 17). 
 Também, para ele, existem três tipos de prazeres: 
 os naturais e necessários: por exemplo, comer, beber, repousar, abrigar-se e 
outros semelhantes; 
 
 
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 os naturais, mas não necessários: comer bem, sorver bebidas finas, vestir-se 
com luxo e outros semelhantes; 
 os não naturais e nem necessários os quais devem ser evitados, como o 
desejo de riqueza, poder, honrarias, glória e outros semelhantes. 
Os quatro remédios do sábio são conclusões inevitáveis da lógica e da 
física que nos levam à aceitar a rigorosa ética, são eles: são vãos os temores em 
relação aos deuses e ao além; a morte é um mergulho no nada, por isso não deve 
nos apavorar; o prazer está à disposição de todos; o mal dura pouco e é facilmente 
suportável. 
 
c) O Estoicismo 
O estoicismo é representado por grandes nomes como Zenão de Cítio (336 – 
264 a.C.), Cleanto de Assos (280 – 210 a.C.) e Sêneca (4 ou 2 até 65 d. C.). A física 
dos estóicos gregos caracteriza-se por supor que todas as coisas corpóreas são 
semelhantes aos seres vivos. O sopro divino, presente em tudo, é quem faz com que 
todas as partes que compõem os corpos se tornem interdependentes. Assim, o 
Universo é a junção de todas as coisas unidas por um sopro ígneo (alma). A Razão 
Universal (o logos) seria essa alma comum, que a tudo penetra e organiza. Assim, 
tanto na natureza como na vida humana não haveria lugar para o caos nem para a 
desordem, pois é estar contra o logos. Dessa física decorre que tudo é corpóreo e 
sujeito a ciclos de surgimento e desaparecimento; sujeitos estamos à 
predeterminação de tudo, pois somente a predeterminação pode explicar a ordem 
perfeita das coisas. 
A ética, cujo lema é “seguir a natureza”, decorre dessa física. Uma vez que 
a natureza é logos, segui-la é estar de acordo com o que há de melhor para o 
homem. A virtude moral é o acordo do homem com sua natureza, quando caminha 
nesse sentido, pratica a prudência. O que leva os homens a viverem de forma 
contrária à sua natureza são as paixões, cujo surgimento e ampliação podem ser 
explicados pela influência do meio externo sobre os homens, por exemplo, por meio 
da educação. 
 
 
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Para Sêneca o corpo humano é um mal necessário, uma prisão, uma 
passagem; enganam-se aqueles que vivem para o corpo e não para a alma, pois ela 
é eterna, ao passo que o corpo é transitório. Porém, em virtude de sua necessidade 
não se deve negligenciar as necessidades do corpo, por outro lado, não se deve ser 
seu escravo, pois se nos entregamos às suas volições também estragamos nossa 
alma. 
Sintetizemos alguns dos principais aspectos da filosofia de Sêneca para 
compreendermos melhor o pensamento estóico. 
a) o homem é um ser corpóreo e espiritual. O corpo é uma prisão para 
a almae devemos, portanto, livrarmo-nos o máximo possível da influência deste 
sobre ela; 
b) a razão é parte do espírito divino imerso no corpo humano; 
c) para Sêneca Júpiter é o único Deus, todos as outras divindades que 
ele cultuava eram consideradas manifestações de Júpiter. 
d) a pessoa é o composto de corpo e alma; assim esta palavra atinge 
para ele um elevado teor ético, contrariamente a toda a filosofia anterior na qual 
significava, meramente, aparência; 
e) o ser pessoa iguala a todos os homens, quaisquer que sejam suas 
diferenças aparentes; 
f) podem os homens diferir quanto ao corpo, podem diferir quanto à 
fortuna, mas somente pela razão de todos serem bons por natureza, tornam-se 
iguais; 
g) a pessoa humana representa algo sagrado, na carta 4 a Lucilio 
afirma: Deus está perto de ti,; está contigo; está em ti. Sim, Lucilio, um espírito santo 
reside em nós, o qual observa e nota as más e boas ações nossas” Contudo, este 
espírito só habita os virtuosos e não aqueles que se entregam aos vícios. 
 
 
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UNIDADE 2 - A ÉTICA CRISTÃ: A FILOSOFIA MEDIEVAL 
 
A Filosofia cristã é caracterizada pela formação de um pensamento 
influenciado pela filosofia grega e pelos preceitos morais do cristianismo, orientados 
pela Bíblia e por seus intérpretes. O nascimento da Filosofia cristã ocorre com a 
formação de um período conhecido por patrística, o qual pode ser definido da 
seguinte forma: “elaboração doutrinal das crenças religiosas do cristianismo e na sua 
defesa contra os ataques dos pagãos e das heresias” (Abbagnano, 2003, p. 746) 
Então, a Filosofia cristã tinha por objetivo justificar a fé no cristianismo, mas 
precisava combater a filosofia pagã e as heresias, por vezes também orientadas 
pela Filosofia. Assim, era preciso tornar-se filosófica também. 
 
2.1 A virtude cristã e a virtude pagã 
 
Em geral, observa-se que, em relação à ética, a Filosofia cristã está muito 
próxima da Filosofia helenística, porque o cristianismo não é uma religião nacional, 
mas universal. A virtude do cristão não é a mesma virtude do cidadão. Enquanto a 
desse é marcada pelo amor à pátria, a qual vale mesmo a pena sacrificar a própria 
vida, aquela é marcada pelo amor a Deus, ao qual vale a pena sacrificar a própria 
vida. 
São vários os exemplos, durante a antiguidade, de heróis que sacrificaram a 
própria vida por amor à pátria. Catão é um exemplo romano e os 300 de Esparta que 
morreram na batalha das Termópilas são um exemplo grego auto-sacrifício em nome 
da pátria. Por outro lado, os mártires cristãos sacrificaram-se por sua fé; desde 
Estevão, aos mártires da perseguição romana até o édito de Milão, não morreram 
por pátria terrena, mas celeste. Esta diferença entre o sacrifício cristão e o pagão 
nos demonstra uma mudança significativa na estrutura ética. Enquanto a virtude no 
paganismo é a do cidadão, do guerreiro que defende sua pátria, a do cristão é a do 
auto-sacrifício, ser morto, mas não matar. 
 
 
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Maquiavel observará em seu Príncipe que o príncipe deverá parecer ter as 
virtudes cristãs, tais como a piedade, a humildade, a recusa à violência, o perdão, 
mas não deverá praticá-las sob pena de ser um mau governante e por todo o Estado 
em risco, por exemplo, como perdoar um inimigo que ataca sua cidade? Como ser 
piedoso com os traidores da pátria? Enfim, do mesmo modo que a virtude no modelo 
cristão representou um choque para a virtude pagã, também a autonomia da política 
na era moderna chocou-se contra os princípios cristãos. 
 
2.2 A Cidade de Deus 
 
Santo Agostinho, ou Aurélio Agostinho, nasceu em 354 em Tagasta, norte da 
África e faleceu em Hipona, em 430. Sua obra pode ser considerada a mais 
importante do início da filosofia cristã, justamente porque conseguiu conciliar, 
definitivamente, a doutrina filosófica de Platão aos princípios morais do cristianismo. 
É bom advertirmos ao leitor que Agostinho não teve contato com toda a obra 
platônica e, muitas vezes, suas fontes eram os neo-platônicos e não exatamente os 
diálogos do discípulo de Sócrates. 
Na Cidade de Deus Agostinho responde a uma acusação dos pagãos. Para 
eles a invasão de Roma por Alarico em 410 fora consequência do enfraquecimento 
do espírito de cidadania dos romanos em razão da penetração da moral cristã. 
Como vimos, a moral cristã enfraquece o espírito nacional e fortalece o universal. 
Agostinho escreve essa obra com o intuito de responder esta acusação dizendo que 
ao contrário do que os detratores do cristianismo falavam, o que enfraqueceu o 
espírito romano não foi a moral cristã, mas a situação de falta de moral, de absoluto 
desregramento na qual havia mergulhado a moral pagã. Então, em sua perspectiva, 
o rigor da moral cristã seria uma salvação para Roma e não a sua perdição. 
 
 
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2.3 A liberdade do cristão 
 
Um ponto central da ética cristã é o problema da liberdade. A questão pode 
ser posta mais ou menos da seguinte forma: nascemos sob o pecado, isto é, o 
pecado original. No entanto, este pode ser perdoado com o batismo. O problema se 
desloca, no entanto, para depois deste primeiro momento, quando o cristão se vê 
diante dos dilemas éticos da ação e tem liberdade de escolha. Assim, o pecador é 
alguém que diante de uma escolha, decidiu-se por agir de modo contrário ao 
recomendado pela moral cristã. 
A perspectiva de Santo Agostinho é a de que somos dotados por Deus do 
livre arbítrio, isto é, da liberdade de escolha. Para ele a chave do problema está na 
noção de vontade. Enquanto para os gregos a liberdade é uma escolha racional, ou 
pertence à esfera da razão, Santo Agostinho reconhece que a vontade está além do 
campo da racionalidade. Nossa razão pode até nos mostrar o que deve ser feito, 
mas nossa vontade pode nos conduzir para outros caminhos. Ele viveu isso 
plenamente, pois antes de converter-se ao cristianismo teve, como relata em suas 
Confissões uma vida libertina. 
Portanto, nossa liberdade está em resistir aos apelos da vontade e fazer 
aquilo que é correto e não aquilo que desejamos, pois estes desejos não pertencem 
à nossa natureza humana, mas foram impostos pela educação. Evidentemente, o 
referencial estóico na formação da Filosofia cristã é de absoluta evidência, mas o 
cristianismo não se resume em ser uma reprodução do estoicismo, havia novas 
questões para serem resolvidas. Dentre elas, Santo Agostinho nos alerta para o fato 
de que se os homens tentam ser livres e viver somente com as próprias forças uma 
vida correta não o conseguirão, o homem não pode pretender ser “autárquico”, isto 
é, governar a si mesmo, pois é preciso que uma força superior nos ajude a superar 
as tentações. 
Essa força superior é a graça divina. Ela não nos torna seu escravo, ao 
contrário, nos liberta verdadeiramente das paixões e do pecado, que é para onde ela 
nos conduzem. A graça divina é libertadora, porque, desde a tradição epicurista e 
estóica, considera-se que viver ao sabor das paixões não é ser livre, mas tornar-se 
 
 
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escravo dos próprios desejos.Quem não é senhor de seus desejos e vontades é 
escravo dos mesmos. Sozinho, o homem não tem capacidade de libertar-se desta 
servidão, a razão grega, por mais imponente que seja foi incapaz de salvar os 
homens, completamente, ainda que tenham os sábios, como Sócrates, chegado 
muito próximos da verdadeira libertação, não a conseguiram, pois não contaram com 
a conversão ao cristianismo. A graça divina não tem o poder de eliminar a vontade 
humana, mas pode torná-la boa. 
Os conceitos livre arbítrio e graça divina, portanto estão profundamente 
imbricados, pois a razão é insuficiente para nos fazer preferir o bem ao mal; ainda 
que possa demonstrar qual é o bem e qual é o mal, ela não nos pode fazer escolher. 
Como vimos, nossa vontade de preferir o bem ao mal também não é suficiente, mas 
sim, é preciso que a graça divina nos converta a preferir o bem. 
 Santo Agostinho tornou-se a principal referência para a formação 
filosófica dos cristãos durante séculos da Idade Média até que a influência de 
Aristóteles suplantou a de Platão, especialmente na Escolástica e na obra de Santo 
Tomás de Aquino. Contudo, em termos de teologia e do livre arbítrio sua obra 
continuou como uma referência fundamental. Assim, sua obra continuou a influenciar 
novos pensadores e, dentre estes, encontra-se Erasmo de Roterdã (1466 – 1536), 
em cuja obra encontramos o tratado Sobre o Livre Arbítrio. Encontramos em sua 
obra críticas severas à escolástica e um retorno às origens, do ponto de vista da 
história, ao cristianismo primitivo, e do ponto de vista filosófico aos padres da Igreja, 
ou seja, ao período patrístico com especial destaque para Santo Agostinho. Assim, 
suas concepções sobre o livre arbítrio são muito próximas daquelas de Santo 
Agostinho, por isso, vamos abordar agora não seu pensamento, mas o de seu mais 
ilustre adversário, Martinho Lutero. 
 
Sobre a liberdade do Cristão: Martinho Lutero 
 
Martinho Lutero (1483 – 1546) foi o fundador do protestantismo, contudo, sua 
formação intelectual se deu dentro da Igreja Católica, pois foi monge agostiniano. 
Aliás, é clara a influência de Santo Agostinho sobre seu pensamento e, tal como 
 
 
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Erasmo, com base nele tornou-se crítico da escolástica e sua filosofia árida e 
distante da vida do cristão. No entanto, afasta-se de Erasmo na medida em que 
rompe, definitivamente, com a Igreja em seu desejo de reforma; Erasmo também 
crítico dos péssimos costumes que tomavam conta da instituição, não aceita a 
posição de ruptura. O auge de seus debates se dá em torno do tema da liberdade. 
Erasmo publicou em 1524 seu Do Livre Arbítrio tendo em vista criticar as já 
propaladas teses de Martinho Lutero, esse respondeu-o em Do Servo Arbítrio em 
1525. 
O pensamento de Lutero, apesar de ser um forte crítico do pensamento 
filosófico, teve grande influência na história da filosofia, pois forneceu uma série de 
elementos críticos à autoridade da interpretação das escrituras – e 
consequentemente, qualquer autoridade que queira se impor sobre a razão. Seus 
pontos fundamentais são: 
 a doutrina da justificação, unicamente, pela fé; 
 a doutrina da infalibilidade da Escritura considerada única fonte de 
verdade; 
 a doutrina do livre exame da Bíblia ou do sacerdócio universal; 
 a doutrina da predestinação. 
 
Quanto à primeira destas doutrinas trata-se de uma posição radical contra 
uma ala dominantes da Igreja Católica que defendia a venda de indulgências como 
forma de salvação pelas obras. O problema não estava na venda da indulgência em 
si, mas no abuso que se fez dela para a reforma da Igreja de São Pedro em Roma e 
as estratégias nada éticas de John Tetzel para convencer os fiéis a doarem dinheiro 
à Igreja como forma de salvação da alma. Lutero radicaliza ao máximo suas 
posturas frente aos desmandos da cúpula da Igreja e defende, ardentemente, a 
doutrina da salvação unicamente pela fé. Além do que, os católicos como Tetzel 
afirmavam que quando se dava um dízimo à Igreja, Deus se via obrigado a conceder 
uma graça ao donatário. Para Lutero, essa postura era inaceitável, pois, de alguma 
 
 
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forma, os homens estavam tentando obrigar Deus a fazer algo, o que era um 
absurdo. 
A segunda doutrina se opõe à política da Igreja Católica de basear sua 
autoridade, não somente na Bíblia, mas numa série de documentos canônicos, como 
os resultados dos concílios. Para ele, estes documentos escritos por homens 
poderiam ser submetidos ao exame da razão e não deviam ser considerados 
verdades incontestáveis. Além disso, os próprios concílios se contradiziam, com 
teses abandonadas ou retomadas constantemente. Dessa postura, nasce sua crítica 
à ideia de infalibilidade papal, isto é, que a opinião oficial do Papa é sempre correta. 
A terceira doutrina afirma que todos possuem luzes de razão suficientes para 
ler e interpretar a Bíblia. Tradicionalmente, a Igreja Católica considerava 
desaconselhável que os fiéis lessem a Bíblia, pois como é um livro repleto de 
parábolas e histórias cujas interpretações deveriam ser orientadas por um correto e 
profundo conhecimento das Escrituras. Enfim, a exegese da Bíblia exige uma 
formação adequada para que não se a interprete literalmente dando origem a uma 
série de heresias. Para Lutero, se a interpretação da Bíblia exige determinados 
conhecimentos, então que sejam ensinados àqueles que desejam aprender. Para 
que ela fosse mais acessível ao povo, providenciou sua tradução para o alemão, 
dando origem às traduções da Bíblia para as línguas vulgares. Além disso, não 
adotou a Bíblia dos Católicos que era baseada na Septuaginta, preferindo o cânone 
da Bíblia judaica. Sua posição fortaleceu no meio protestante o estímulo à leitura da 
Bíblia e, portanto, ao estudo. 
Sua doutrina da predestinação se opõe frontalmente ao livre arbítrio, pois 
trata-se de uma tese na qual o destino dos homens já está traçado e não há como 
sabermos se Deus nos reservou a condenação ou a salvação. Em geral, essa tese 
causa algum embaraço naqueles que não enxergam nela a possibilidade de se 
compreender qual a responsabilidade que temos sobre nossos atos se tudo já está 
previsto pela mente divina, ou seja, se Deus já predisse o que aconteceria conosco, 
então não seríamos responsáveis por nossas ações. Ora, essa interpretação não é 
condizente com o pensamento luterano. Para ele, de fato, Deus já determinou quem 
 
 
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será salvo e quem será condenado, mas nós não sabemos em qual grupo estamos. 
Por isso, a responsabilidade de nossos atos recai sobre nós mesmos. 
A religião continua até nossos dias a influenciar o pensamento ético e os 
códigos morais, contudo, tais posturas não são essencialmente diferentes destas 
analisadas aqui. Por isso, passemos agora à Idade Moderna, onde as reflexões 
sobre a ética tentam livrar-se da influência religiosa e procuram fundamentar-se 
unicamente na natureza humana e na razão. 
 
 
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UNIDADE 3 - A ÉTICA NA FILOSOFIA MODERNA 
 
Podemos dizer que na idade moderna a tendência geral épela busca de uma 
ética laica, ou seja, de uma ética que esteja baseada somente na racionalidade, na 
natureza humana e não na religião. O motivo desta mudança está no fato de que a 
liberdade religiosa se expandiu de maneira definitiva, assim, pensadores de diversos 
credos buscam diferentes referenciais, mas estão em busca de uma ética universal, 
que valha para todo gênero humano e não somente para um grupo social específico. 
O anglicano Locke, o protestante Bayle, o judeu Espinosa, o católico Pascal. De 
qualquer forma, a problemática geral da ética continua em pé, pois todos estão em 
busca da compreensão do comportamento humano. 
3.1 Baruc Espinosa (1632 – 1677) retoma os princípios socráticos e estóicos 
de ética, ou seja, para ele, o vício é resultado da ignorância e a virtude do 
conhecimento. Por outro lado, para ele, as paixões nos dominam somente quando 
não as compreendemos. Desta forma, em linhas gerais, a ética de Espinosa implica 
naquela perspectiva de que é pela razão que nós controlaremos as paixões e 
passaremos a ter um comportamento ético, portanto, a razão é o fundamento de 
todas as virtudes. 
3.2 Blaise Pascal (1623 - 1662) parte de um princípio diferente daquele de 
Espinosa. Para ele, a razão é insuficiente para levar os homens à grandeza moral. 
Ele próprio converteu-se a uma ordem religiosa católica, extremamente, rigorosa do 
ponto de vista do comportamento e devotada ao conhecimento. Define, então, dois 
conceitos fundamentais: o espírito de geometria e o espírito de finesse. O primeiro é 
correspondente à racionalidade científica a qual Pascal conheceu desde a 
juventude, pois foi grande matemático e inventou a máquina de calcular, da qual 
obteve não somente a patente, como continuou aperfeiçoando o modelo. O espírito 
de finesse refere-se a uma forma de compreensão da realidade que ultrapassa os 
limites da pura racionalidade matemática ou científica. Pascal está convicto de que a 
razão não é suficiente para conduzir os homens. 
Agora, deixemos as proposições éticas particulares de alguns filósofos e 
mergulhemos nas duas correntes éticas mais representativas da modernidade: o 
 
 
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utilitarismo e o kantismo. Em outras palavras, a ética voltada para o que é mais útil 
para a maioria e a ética voltada para o dever. 
 
3.3 Rousseau: a moral como razão e consciência 
 
Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778), filósofo genebrino, é muitas vezes 
considerado um dos mais influentes inspiradores do romantismo. Essa corrente 
filosófica caracteriza-se por uma valorização da natureza em oposição à super-
valorização da cultura. Trata-se de um retorno ao “seguir a natureza” dos estóicos. 
Sua obra é marcada pela relação intrínseca entre ética e política, pois para ele, 
como vemos no texto que abre este trabalho, ética e política devem ser 
compreendidas juntas, quem as separa não entende, nem de uma, nem de outra. 
Sobre a ética podemos lembrar que, para Rousseau, a razão é insuficiente 
para conduzir a vontade humana. Em seu Discurso sobre as Ciências e as Artes 
afirma que se o gênero humano dependesse da compreensão do que os moralistas 
escrevem em seus grossos livros, há muito teria desaparecido. Isto significa sua 
desconfiança quanto à pedagogia dos moralistas que pretendem ensinar lições de 
morais e convencer seus leitores racionalmente a preferirem o bem ao mal. 
No entanto, não devemos supor que, para Rousseau, a natureza humana é 
má por sua origem, de forma alguma. No Discurso sobre a Origem da Desigualdade 
formulou sua tese de que o homem nasce com uma tendência para preferir o bem 
ao mal e somente prefere este quando a educação que recebeu em sociedade o 
leva a não mais ouvir e seguir “a voz da natureza”. Por isso, em seu Emílio ou da 
Educação procura demonstrar passo a passo como o mal vai lentamente penetrando 
o coração humano e deturpando sua origem boa. 
Para ele, o que nos leva a preferir o bem ao mal não é a razão, mas a 
consciência, tal como apresenta no Emílio: 
“Consciência! Consciência! Instinto divino, voz celeste e imortal; guia 
seguro de um ser ignorante e limitado, mas inteligente e livre; juiz infalível do 
bem e do mal, que tornas o homem semelhante a Deus, és tu que fazes a 
 
 
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excelência de sua natureza e a moralidade de suas ações; sem ti nada sinto em 
mim que me eleve acima dos bichos, a não ser o triste privilégio de me perder 
de erro em erro com a ajuda de um entendimento delirante sem regra e de uma 
razão sem princípios” (1992, p. 338). 
Não devemos supor, no entanto, que Rousseau seja um irracionalista apenas 
porque duvida dos limites da razão. De forma alguma, podemos ver em sua 
proposição uma ética do irracional, mas do sentimento e da consciência, pois a 
razão pode nos fazer compreender o que é o bem e o que é o mal, mas não tem 
força suficiente para direcionar nossa vontade. 
 
3.4 O utilitarismo 
 
Trata-se de uma corrente predominante no pensamento inglês dos séculos 
XVIII e XIX que abrangia as áreas da ética, da política e da economia. Stuart Mill foi 
seu primeiro teórico. 
O utilitarismo propunha transformar a ética numa ciência da conduta humana, 
portanto, transformar a ética em uma ciência exata como a matemática e a 
geometria. Ora, tais ciências assumem determinados axiomas e, a partir deles, 
deduzem as consequências. Tratava-se de encontrar os axiomas fundamentais da 
ética e deles deduzir as consequências inevitáveis. Seu fundamento não será, de 
forma alguma, o bem ou o mal em si mesmos, porque não há bem ou mal em si. 
Também não está preocupado em definir a natureza humana, ou seja, saber se ela 
é boa ou má em sua origem. Toma como referências os homens tais quais se 
comportam e procura formas de fazê-los comportarem-se de maneira útil para a 
sociedade. 
O pensamento utilitarista pode ser sintetizado na fórmula clássica de Cesare 
Beccaria: “a maior felicidade possível, compartilhada pelo maior número possível de 
pessoas” (Dos Delitos e das Penas). Há, portanto, uma coincidência entre a utilidade 
individual e a utilidade pública, no entanto, de modo proporcional. Assim, não se 
trata de se escolher o melhor bem público em si, porque não existe, mas de escolher 
 
 
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o melhor bem possível, para a maioria das pessoas. A influência do utilitarismo nas 
doutrinas econômicas resultou na radicalização das doutrinas liberais, as quais, por 
sua vez, sabiam que a liberdade de mercado poderia trazer alguns danos para a 
sociedade, mas por outro lado, também permitiam bens maiores. 
 Outra influência decisiva da doutrina ética utilitarista se encontra na obra O 
Príncipe de Maquiavel. No capítulo XVIII afirma sua máxima mais conhecida: os fins 
justificam os meios, a qual, a rigor foi assim enunciada: 
“Nas ações de todos os homens, especialmente os príncipes, contra os quais não há 
tribunal a que recorrer, os fins é que contam”. (1995, p. 113) 
 Por vezes, o príncipe deverá tomar determinadas decisões que ferem os 
princípios da moral cristã, ou mesmo não cumprir a palavra dada. No entanto, isto 
não deve acontecer ao seu bel-prazer, mas como resultado inevitável das 
circunstâncias. Se essas mudam, não deve o príncipe prender-se às máximas da 
religião porque os danos de uma postura desse formatopodem ser maiores do que 
os danos causados por sua decisão. Por exemplo, o inimigo está às portas da 
cidade para invadi-la, o que fazer? Perdoa-los e oferecer a outra face? Ainda que a 
decisão por uma guerra viole outro princípio o do, não matarás, o príncipe deve fazer 
uma escolha que deve oferecer o maior bem possível ao maior número possível de 
pessoas. O mesmo se dá em relação a palavra dada. Muitas vezes, o príncipe 
empenha sua palavra numa promessa futura, mas se as circunstâncias se modificam 
e manter o que havia prometido for causar mal a um grande número de pessoas é 
melhor deixar sua palavra e fazer o que é melhor para a maioria. 
 
3.5 Kant e a ética do dever 
 
 Immanuel Kant (1724 – 1804), filósofo alemão, realizou uma obra que 
pretendia sintetizar a filosofia até então e propô-la em novas bases. Supõe que sua 
teoria do conhecimento é uma síntese do empirismo (de David Hume, por exemplo) 
e o inatismo (de Descartes). Seu pensamento ficou conhecido como criticismo 
porque algumas de suas obras mais importantes iniciam com esta palavra: Crítica da 
 
 
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Razão Pura e Crítica da Razão Prática. Enquanto a primeira formula os princípios 
que demonstram como nós podemos conhecer, a segunda se refere à moral. A 
palavra prática para Kant, não tem o mesmo significado que lhe atribuímos hoje. 
Para ele, como herança da obra de Aristóteles, prática se refere ao mundo moral da 
ação e da esfera política. Nesse caso, a Crítica da Razão Prática é um livro sobre a 
ética. 
 Para Kant, a razão humana não é apenas teórica, mas também prática, ou 
seja, não é apenas capaz de conhecer possui a capacidade de determinar a vontade 
e, portanto, a ação moral. Por esse motivo, Kant pode ser considerado o maior 
expoente moderno da ética do dever, isto é, que nós devemos pautar nossas ações 
conforme o dever moral revelado a nós pela razão. Abaixo sintetizamos o caminho 
percorrido pelo pensamento kantiano do qual faremos a análise a seguir. 
 Os princípios práticos podem ser máximas (subjetivas) ou imperativos 
(objetivos). Os imperativos, por sua vez, podem ser hipotéticos (que são 
prescrições práticas, divididas em regras de habilidade e conselhos de prudência); 
ou categóricos (que são leis morais). 
 As máximas são subjetivas porque valem somente para os indivíduos que as 
propõem, por exemplo, “vinga-te da ofensa que receberdes”. Ora, diz-se que serve 
somente ao indivíduo que a propõe porque se todos agirem assim a sociedade logo 
se destruirá. Portanto, as máximas não têm valor universal, logo não podem tornar-
se leis morais. 
 A respeito dos imperativos hipotéticos é importante observar que o termo 
“hipotético” não tem o mesmo significado ao qual o atribuímos hoje. Aqui talvez 
pudéssemos falar em imperativos condicionais, porque eles determinam a vontade 
com a condição de que alcancem determinados objetivos. Uma prescrição prática é 
aquela que determina um objetivo imediato, por exemplo: “se quiser boas notas, 
deve estudar”. Um conselho de prudência é mais geral, suas orientações não 
remetem a um objetivo tão específico, como por exemplo, “seja cortês para com os 
mais velhos”. 
 
 
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 Os imperativos categóricos possuem valor universal, não somente para quem 
enuncia o princípio, mas para todo ser racional. Giovane Reale sintetiza desta forma 
o imperativo kantiano: 
“o imperativo categórico, portanto não diz ‘se quiserdes... deves’, mas sim 
‘deves fazer, porque deves’ ou ‘deves e pronto’”. (1990, p. 904). 
 Kant definiu alguns imperativos categóricos que possuem, conforme ele, valor 
universal, por exemplo: “não deves nunca prometer em falso”. Para identificarmos o 
imperativo categórico basta nos perguntarmos diante de uma ação que faremos: “se 
todos agirem conforme você o que ocorrerá na sociedade?” Podemos distinguir o 
imperativo categórico do hipotético sob duas perspectivas. A primeira é: o imperativo 
categórico nos propõe uma lei moral, porque o fim resultante da sua ação não é 
necessariamente o benefício de quem observou a lei. Por isso, trata-se da ética do 
dever; a segunda, que o imperativo categórico pode ser praticado por todo gênero 
humano e isto não implicará a destruição da sociedade. 
 Por fim, os conceitos de heteronomia e autonomia em Kant concluem o 
desenvolvimento do trajeto ético. A heteronomia, palavra cujo sentido literal significa 
“lei alheia” é obedecer às leis. Depois, passa-se à autonomia (lei própria). Ora, a 
autonomia não significa viver alheio às leis sociais, mas de admitir as leis civis como 
boas para si. Por exemplo, as leis nos obrigam a usar o cinto de segurança nos 
automóveis (heteronomia), porém, quando admitimos que é melhor utilizar o cinto do 
que circular nos automóveis sem eles, passamos da heteronomia para a autonomia. 
 
 
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UNIDADE 4 - ÉTICA CONTEMPORÂNEA 
 
Sobre a ética contemporânea nos concentraremos sobre um grupo específico 
de pensadores os quais possuem em comum a busca de fundamentos éticos 
materialistas, ou seja, não querem recorrer a preceitos que dependem de princípios 
metafísicos ou religiosos. Noções sobre “o que é o homem”, “o que é o bem”, “o que 
é justiça” são considerados princípios metafísicos e as noções que derivem dos 
livros sagrados ou das teologias, não servem como base para esta ética. 
Por outro lado, abordaremos também uma escola filosófica que fundamenta 
suja ética em princípios morais baseados tanto na metafísica quanto na religião, 
trata-se do personalismo. 
4.1 Friedrich Nietzsche ( (1844 – 1890) atacou todos os fundamentos morais 
metafísicos e religiosos, porque considerava que eles serviam somente para tornar 
os homens dóceis e não permitiam sua realização plena. Em Além do Bem e do Mal 
e Genealogia da Moral Nietzsche desenvolve seus argumentos contra a moral 
fundada, especialmente, na filosofia clássica ou metafísica e no cristianismo. 
Sobre a primeira, seu alvo de críticas é, especialmente, Sócrates e Platão. 
Para Nietzsche, Sócrates nos lançou para noções de ética para o mundo das ideias, 
separando o sensível do inteligível e, com isso, retirou as relações éticas do limite 
humano, tal como haviam estabelecido os sofistas. Definir o que é ético ou não, está 
dentro dos limites da linguagem, das relações humanas e não em princípios obtidos 
por meio de reflexões abstratas que podem até ser irrefutáveis, mas insuficientes 
para convencê-lo de que são a verdade. O positivismo, o evolucionismo, o 
idealismo e todas as outras escolas filosóficas eram apenas reflexões dos homens 
que pretendiam atribuir às suas teorias um valor universal de verdades eternas e 
absolutas. Era preciso, portanto, desmascará-las, todas. 
Sobre o cristianismo, Nietzsche repete a máxima de Rousseau modificando-
lhe de forma significativa o sentido: “uma religião de escravos”. Tal afirmação tem o 
seguinte sentido: o cristianismo pregando humildade, auto-sacrifício nos retira a 
vontade de vida; a famosa frase de São Paulo, em Romanos, 13: “toda autoridade 
 
 
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vem de Deus” éuma evidência dessa ação do cristianismo sobre o espírito humano. 
Para ele, é uma moral dos escravos que não podendo ter a mesma glória dos 
nobres subverte os valores realmente dignos dos guerreiros, como a bravura, o 
destemor, e torna os valores dos fracos mais elevados que o dos fortes. 
Dois princípios ilustram o pensamento nietzscheano sobre ética: o dionísico e 
o apolíneo. Em termos gerais, entendemos por dionisíaco, o mito grego de Dionísio, 
no qual a religião não significa a negação da vida, o controle das paixões e dos 
instintos. O dionisíaco é uma afirmação da vida em seu sentido mais pleno. Para ele, 
o apolíneo, referência ao deus Apolo, é o símbolo da racionalidade que procura 
eliminar o elemento que não pode compreender, ou seja, a razão expulsa os 
instintos e procura a tudo controlar. Nietzsche, em seus estudos sobre a tragédia 
grega, observou que as tragédias de Eurípedes (Medéia, Electra, As Bacantes) 
retiraram o elemento dionisíaco e inseriram os elementos da moral e de uma 
racionalidade árida, substituindo o valor vida pela superficialidade silogística, por 
isso conhecido também por “filosofo do teatro”. 
Quando Nietzsche proclama a “morte de deus”, quer dizer o fim de uma 
sociedade fundada nos valores morais que dependem da existência de um Deus 
que seja o fundamento de toda a verdade, de toda a justiça. Conforme Nietzsche, 
quem matou deus foram os homens que pouco a pouco foram se afastando dos 
valores que diziam cultuar, mas o super-homem nascerá para uma nova sociedade 
que não depende de um valor extra-humano para guiar-se. 
 
4.2 Jean-Paul Sartre 
 
 Sartre (1905 – 1980) foi um dos mais notáveis representantes do 
existencialismo. Em sua concepção, o existencialismo se opõe à filosofia 
essencialista, pois para ele, o homem não possui essência alguma ao nascer, a 
essência se forma na medida em que vivemos, por isso, “a existência precede a 
essência”. 
 
 
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 Sartre formula uma relação entre liberdade e responsabilidade. Nós somos 
livres e não há limite para esta liberdade, além da própria liberdade. Não podemos 
deixar de ser livres. Por outro lado, esta liberdade traz consigo a responsabilidade 
das nossas escolhas. Uma vez que estamos no mundo, estamos diante de escolhas 
a serem feitas constantemente, por isso, com a mesma frequência somos forçados a 
usar nossa liberdade o que faz de nós responsáveis por nossas escolhas e por suas 
consequências. 
Aparentemente, é paradoxal a afirmação de que somos livres e não podemos 
abrir mão de nossa liberdade, pois se vivemos em uma sociedade regida por leis as 
quais não fizemos – no máximo, votamos em que faz as leis – então que liberdade é 
essa? Ora, até mesmo obedecer ou deixar de obedecer às leis é escolha. Não nos 
esqueçamos que Sartre presenciou as duas grandes guerras e o holocausto, por 
isso, pode afirmar que o que levou o mundo a esses horrores foram escolhas, não 
podemos ocultar nossas decisões sob o manto da hipocrisia. 
Podemos citar como exemplo um seminarista que diga ter ido residir em uma 
cidade por ordem de sua congregação. Alega não ter tido oportunidade de escolha. 
No entanto, teve sim, pois ele poderia escolher não obedecer, como consequência, 
teria sido expulso do seminário. Ora, como não deseja sair do seminário, obedece a 
ordem superior e o faz por escolha própria. 
O existencialismo sartreano propõe o conceito de angústia, inspirado em 
Kierkegaard, pois diante dessa liberdade ilimitada, pela qual somos obrigados o 
tempo todo a fazer escolhas e arcar com a responsabilidade delas, vivemos um 
sentimento constante de angústia. 
 
4.3 Apel: a Ética do Discurso 
 
A expressão ética do discurso foi criada por Otto von Apel e, conforme ele, os 
atuais problemas éticos exigem novas respostas. Apel procura retomar a tradição 
filosófica da filosofia da linguagem desenvolvida no século XIX e a razão 
comunicativa elaborada por Jurgen Habermas. Três são os temas a serem 
 
 
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abordados: os problemas éticos contemporâneos, os fundamentos da ética do 
discurso e sua aplicação. 
Dois são os problemas éticos mais significativos para Apel. O primeiro deles é 
o embate entre natureza e técnica. Para Apel, pela primeira vez na história a 
civilização colocou sua própria existência em risco, pois a natureza corre riscos 
evidentes com a aplicação da técnica, por isso, é preciso que todas as nações 
atuem em comum para governar os efeitos do poder que efetivamente possuímos. O 
segundo problema é o desafio político, porque desde a queda do muro de Berlim 
(1989) as questões éticas transcendem as fronteiras dos Estados e exigem a 
elaboração de uma ética universal de solidariedade. 
A não atenção a esses dois problemas leva a sociedade a conviver com o que 
Apel chama de as quatro vergonhas contemporâneas: a fome, a miséria, a tortura 
e a má distribuição de renda e riquezas. A solução destas vergonhas é uma 
questão, portanto, de responsabilidade mundial. 
A respeito da fundamentação da ética do discurso, tanto para Apel, quanto 
para Habermas, o discurso é o ponto de apoio para a ética contemporânea. Ora, o 
discurso não é somente um jogo linguístico (como Sócrates afirmava ser o discurso 
sofístico), mas é uma forma pública, porque tanto o pensar como o falar, só 
encontram sua fundamentação no processo de comunicação das ideias. Por isso, é 
preciso superar a filosofia da consciência que deseja instalar-se como médio entre o 
sujeito e o objeto; para ele, deve ser o discurso, linguístico comunicativo que deve 
intermediar todas as experiências no mundo da vida. 
Sobre as condições de aplicação da ética do discurso, Apel afirma dois 
pontos de vista que devem ser atendidos: 
a) sintático: que o discurso cumpra as regras intersubjetivas do uso 
linguístico que uma determinada comunidade possua; 
b) semântico e pragmático: as proposições devem ser compreensíveis para 
os sujeitos da argumentação para que possa mediatizar o significado do objeto da 
argumentação. 
 
 
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O objetivo de Apel, portanto, é encontrar um princípio moral que seja 
fundamento da argumentação e da ação. Esse fundamento regulador da ação exige 
a corresponsabilidade da sociedade real. A sobrevivência aponta para dois 
caminhos, cujo interesse global são evidentes: a condição natural da sociedade 
(ecologia) e a condição particular de cada comunidade (cultura). 
A aplicação da ética do discurso deve ocorrer no campo da prática, e devem 
viabilizar as condições históricas concretas de um agir moral. Esse agir moral, 
pautado por normas válidas obtidas por meio de consenso, implica em aceitar, 
responsavelmente e, sem coerção, suas consequências, por todos os participantes 
do discurso. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 
ARANHA, M. L. A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. São 
Paulo: Editora Moderna, 2006. 
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2004.Introdução à História da 
Filosofia.São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 
REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, 1990, 
volumes III. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
Sugerimos como bibliografia complementar a obra dos autores citados neste 
trabalho publicados pela coleção os Pensadores 
 
ARISTÓTELES. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
EPICURO Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
KANT, I. Crítica da Razão Prática. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 
MAQUIAVEL. O Príncipe. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
PLATÃO. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
ROUSSEAU. Do Contrato Social e outras obras. Coleção os Pensadores. São 
Paulo: Abril Cultural, 1973. 
Emílio ou da Educação. Bertrand Brasil, 1992. 
SANTO AGOSTINHO. Coleção Os Pensadores. São Paulo, Nova Cultural, 1999. 
SANTO TOMÁS DE AQUINO. Coleção os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 
1996. 
SENECA Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
SOCRATES. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

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