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Planos de aula / Língua Portuguesa / 9º ano / Análise linguística/Semiótica O tempo e o espaço no gênero conto Por: Daiane Eloisa Dos Santos / 29 de Novembro de 2018 Código: LPO9_01SQA06 Sobre o Plano Este plano de aula foi produzido pelo Time de Autores NOVA ESCOLA Professor-autor: Daiane Eloisa dos Santos Mentor: Débora Aparecida Ianusz de Souza Especialista: Isabel Fernandes Título da aula: O tempo e o espaço no gênero conto Finalidade da aula: Identificar marcadores temporais e espaciais para compreender como eles contribuem para a progressão temática nos contos A cartomanteA cartomante , de Machado de Assis, e Entre a espada e a rosa,Entre a espada e a rosa, de Marina Colasanti. Ano: 9º ano do Ensino Fundamental Gênero: Contos clássicos e contemporâneos Objeto(s) do conhecimento: Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos. Prática de linguagem: Análise linguística e semiótica Habilidade(s) da BNCC: EF69LP47 Esta é a sexta aula de uma sequência de 15 planos de aula. Recomendamos o uso deste plano em sequência. Materiais complementares Documento Material para impressão - Trechos dos textos https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/6sVjQqr3RK3j4C5KnBJVChbmTGByDsmCtHBnaF7uupMZaJqkMg2bfGUQXrJN/material-para-impressao-trechos-dos-textos-lpo9-01sqa06.pdf Documento Resolução da atividade - Textos https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/d6hSaGDZDfvXHCTSK4R33UuwEcyDXKXUBFyahkNEBuTrpyF5kcJ5rrfQVCjX/resolucao-da-atividade-textos-lpo9-01sqa06.pdf Endereço da página: https://novaescola.org.br/plano-de-aula/3291/o-tempo-e-o-espaco-no-genero-conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/6sVjQqr3RK3j4C5KnBJVChbmTGByDsmCtHBnaF7uupMZaJqkMg2bfGUQXrJN/material-para-impressao-trechos-dos-textos-lpo9-01sqa06.pdf https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/d6hSaGDZDfvXHCTSK4R33UuwEcyDXKXUBFyahkNEBuTrpyF5kcJ5rrfQVCjX/resolucao-da-atividade-textos-lpo9-01sqa06.pdf https://novaescola.org.br/plano-de-aula/3291/o-tempo-e-o-espaco-no-genero-conto Slide 1 Sobre este plano Plano de aula O tempo e o espaço no gênero conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. Este slide não deve ser apresentado para os alunos, ele apenas resume o conteúdo da aula para que você, professor, possa se planejar. Sobre esta aula: Esta é sexta aula de uma sequência de 15 planos de aula com foco no gênero contos clássicos e contemporâneos e no campo de atuação artístico-literário. A aula faz parte do módulo Análise Linguística e Semiótica. Materiais necessários: Cópias dos textos, quadro e giz/caneta; projetor multimídia e computador. Informações sobre o gênero: O que caracteriza o conto (tradicional ou moderno), conforme aponta Gotlib (2006), é o seu movimento enquanto uma narrativa através dos tempos. “O que era verdade para todos passa ou tende a ser verdade para um só. Neste sentido, evolui-se do enredo que dispõe um acontecimento em ordem linear, para um Outro, diluído nos feelings, sensações, percepções, revelações ou sugestões íntimas. . .” (GOTLIB, 2006, pg. 30). Dificuldades antecipadas : Identificar os marcadores temporais e espaciais e compreender os efeitos de sentido que contribuem para a construção da narrativa. Para auxiliar o aluno a superar estas dificuldades, sempre que necessário, recupere conceitos já estudados. Permita, também, que eles troquem ideias e esteja sempre fornecendo o apoio necessário para as formulações e conclusões. Referências sobre o assunto: GANCHO, Cândida. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 2000. GOMES, Clara Monica Marinho. A cartomante: traduções intersemióticas do conto de Machado de Assis. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Fluminense: Instituto de Letras, 2015. GOTLIB, Nádia. Teoria do conto. São Paulo: Ática, 2006. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Introdução à linguística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004. LEITE, Ligia Chiappini. O foco narrativo. São Paulo: Ática, 1989. TERRA, E.; PACHECO, J.. O conto na sala de aula. Curitiba: Intersaberes, 2017. TERRA, E. Da leitura literária à produção de textos. São Paulo: Contexto, 2018. Capítulo “O conto” p. 65-82. TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. São Paulo: Perspectiva, 2003. Plano de aula O tempo e o espaço no gênero conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. Slide 2 Tema da aula Tempo sugerido : 10 minutos. Orientações: Comece a aula expondo o tema aos alunos, projete- o ou escreva-o no quadro. Pergunte a eles se já viram as palavras espaço e tempo unidas por hífen, numa só expressão. Depois, questione: “O que essa expressão sugere ?”. Orientação: espera-se que os alunos percebam que espaço e tempo são indissociáveis na expressão, dois elementos que devem ser analisados juntos. Exiba o vídeo espaço-tempo, explique que será apresentada uma explicação sobre o termo. Para acessar o vídeo, clique aqui. Depois de exibir o vídeo, pergunte: “ Numa narrativa, como o conto, por exemplo, o que é mais importante, a descrição do espaço ou do tempo?”. Explique aos alunos que os dois elementos são primordiais para criação do ambiente onde a história ocorre. Para você, professor: de acordo com Gancho (2000), o ambiente na narrativa é construído com base na confluência do espaço e do tempo, acrescido do clima, que são determinantes que cercam as personagens (psicológica, moral, socioeconômica, religiosa). Você pode pedir para os alunos descreverem oralmente o ambiente do início do conto A cartomante. Plano de aula O tempo e o espaço no gênero conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. https://www.youtube.com/watch?v=3uqztef7US4 Slide 3 Introdução Tempo sugerido : 5 minutos Orientações: Apresente as imagens aos alunos, projetando o slide. Peça a eles que observem e descrevam as imagens. Depois, peça que imaginem que histórias poderiam acontecer na cidade nos três momentos diferentes. Peça a dois ou três alunos que exponham o que imaginaram oralmente. Pergunte aos alunos: “ Como o tempo influencia ou modifica o espaço? Como isso contribui para o enredo da narrativa?” Espera-se que os alunos percebam que o clima é diferente entre as imagens: o anoitecer deixa o espaço escuro, colaborando para um clima de suspense, mistério ou romance. Já a imagem mais clara contribui para um clima mais aconchegante, em que o desenrolar da história acontece de forma mais clara, ou então traz a ideia de recomeço ou esclarecimento dos fatos. Plano de aula O tempo e o espaço no gênero conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. Slide 4 Desenvolvimento Tempo sugerido : 25 minutos Orientações: Comece perguntando aos alunos se eles sabem o que é flashback. Acolha as respostas dadas. Então, reitere o conceito sintetizando as ideias apresentadas. Sugestão: O recurso flashback é utilizado na literatura ou no cinema e consiste na interrupção do tempo em que se conta a história, para a volta no tempo da narrativa. Se preferir, leia o significado presente no dicionário para os alunos. flashback'flæ?bæk/ substantivo masculino 1.CINEMA•LITERATURA interrupção de sequência cronológica pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente. 2.POR METONÍMIA esse evento anterior. 3.ato ou efeito de trazer à memória pensamento, imagem, sensação do passado; lembrança, recordação. Distribua cópias de dois excertos retirados do conto A cartomante. Leia os dois excertos para os alunos. Peça que os alunos destaquem as expressões que marcam a passagem de tempo presentes nos excertos. A atividade pode ser feita individualmente, uma vez que ela exige apenas a identificação de elementos na superfície do texto e já foi analisada oralmente. Pergunte oralmente a eles: Quais recursos o narrador utilizou para demarcar a passagem do tempo? Resposta esperada: “Numa sexta-feira de novembro de 1869”, “Um dia”, “começou a rarear as visitas”, “Foi por esse tempo”, “Correram ainda algumas semanas”. Pergunte a eles: Quandoocorrem os fatos presentes nesses excertos? Quanto tempo duram as ações das personagens? Resposta esperada: No fim de 1869 (novembro). O primeiro excerto tem a duração de algumas horas (encontro de Rita e Camilo), o segundo excerto mostra que foram algumas semanas ou meses, desde o recebimento da carta até o momento presente da narrativa. Distribua, agora, cópias do outro trecho, que narra os acontecimentos anteriores a novembro de 1869. Peça aos alunos que leiam o texto silenciosa e individualmente e destaquem os recursos que indicam o tempo. Resposta esperada: “infância”, Plano de aula O tempo e o espaço no gênero conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. indicam o tempo. Resposta esperada: “infância”, “até”, “No princípio de 1869”, “Depois”, “Pouco depois”, “passar as horas”, “Agora”, “Um dia”, foi então”, pela primeira vez”, “a batalha foi curta”, “Não tardou”, “quando estavam ausentes”. Depois de conferir quais marcadores temporais os alunos destacaram no excerto, pergunte: Como esses recursos contribuem para a progressão da narrativa? Resposta esperada: Eles organizam o enredo, situando o leitor no tempo, auxiliando-o a compreender a sequência dos fatos. As expressões destacadas auxiliam os leitores a perceber que os personagens Rita e Camilo tornaram-se muito próximos, daí surgiu o romance, a pouca resistência de Camilo também contribuiu: passavam horas juntos, a batalha foi curta. Pergunte a eles: Quando ocorrem os fatos narrados nesse trecho? Quanto tempo parece durar essa etapa do enredo? Resposta esperada: Esta etapa da narrativa começa no início de 1869, e parece durar meses, um período mais longo, suficiente para que a convivência entre as três personagens se transformasse em triângulo amoroso. Pergunte aos alunos que efeitos de sentido a volta no tempo da narrativa causa no texto e qual seria a intenção do narrador em fazer este regresso. Questione ainda: Por que ele teria começado a história pelo romance de Rita e Camilo e não do momento que eles se conheceram? Resposta esperada: A volta no tempo nos traz um conhecimento maior sobre o enredo, são os fatos passados que nos levarão a entender o momento presente da trama. O narrador, ao iniciar o conto pelo encontro amoroso de Rita e Camilo, faz com que o leitor se identifique mais com essas personagens e com seus dilemas. É como se o narrador quisesse induzir a opinião do leitor sobre o triângulo amoroso, compreendendo o lado de quem comete a traição. Materiais complementares: Os excertos estão disponíveis para impressão nesse link. Se for necessário, acesse as sugestões de resolução das questões aqui. Plano de aula O tempo e o espaço no gênero conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/6sVjQqr3RK3j4C5KnBJVChbmTGByDsmCtHBnaF7uupMZaJqkMg2bfGUQXrJN/material-para-impressao-trechos-dos-textos-lpo9-01sqa06.pdf https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/d6hSaGDZDfvXHCTSK4R33UuwEcyDXKXUBFyahkNEBuTrpyF5kcJ5rrfQVCjX/resolucao-da-atividade-textos-lpo9-01sqa06.pdf Slide 5 Desenvolvimento Orientações: Apresente o excerto de A cartomante aos alunos, em que Camilo se consulta com a cartomante. Distribua cópias. Peça que leiam o trecho silenciosamente e em duplas. As análises serão realizadas por escrito, é importante que os alunos troquem ideias. Depois que todas as duplas finalizarem a leitura, peça que destaquem no texto todas as expressões que dizem respeito ao lugar e que o caracterizam. Faça uma socialização oral, solicite aos alunos que leiam os trechos destacados. Respostas esperadas: “Deu por si na calçada”, “ao pé da porta”, “subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso”, “Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.”fê-lo sentar diante da mesa, e sentou- se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas.”Voltou três cartas sobre a mesa[...]” Após conferir os termos destacados por eles, apresente a seguinte questão e peça para que respondam no caderno: Como essas expressões contribuem para a progressão da narrativa? Análise sugerida: A descrição do espaço se funde com as ações da cartomante e com suas características (físicas/socioeconômicas/morais), criando todo o ambiente de suspense necessário para essa etapa do enredo. Ao dar os detalhes do espaço, o narrador também aumenta a expectativa do leitor em relação ao que dirá a personagem sobre o futuro de Camilo. Além disso, é uma forma do narrador colocar o leitor como observador da “cena”, para que, posteriormente, ele possa julgar a atitude das personagens Rita e Camilo. Apresente também os seguintes questionamentos, pedindo que façam as análises por escrito no caderno: Como a descrição minuciosa deste espaço contribuiu para a o enredo da narrativa? Por que o ambiente de atendimento da cartomante teria sido apresentado ao leitor somente na consulta de Camilo e não em outros momentos, como quando Plano de aula O tempo e o espaço no gênero conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. Camilo e não em outros momentos, como quando Rita vai à cartomante? Algum elemento do espaço- tempo teria contribuído para que Camilo acreditasse na vidente? Que aspectos do espaço revelam ao leitor que a cartomante pode ser uma farsante e que o desfecho não está relacionado com a sua previsão? Análise sugerida: O narrador reservou a apresentação do ambiente e da personagem para a consulta de Camilo, provavelmente, porque tanto a personagem quanto ele eram céticos. Então, cabe a nós, leitores, acreditarmos ou não na cartomante. O espaço, como a escada sombria, pode relacionar-se com a escada que Camilo seguiu para a morte, na casa de Vilela. A cegueira de Camilo, em confiar que o amigo não lhe faria mal, pode estar representada na luz que batia em seu rosto e o impedia de ver com clareza a leitura das cartas da cartomante. A falta de luz no ambiente relaciona-se com a falta de sensatez nos pensamentos e ações de Camilo. Todo o ambiente criado pelo narrador nos indica que a cartomante é uma farsante, toda sua técnica de analisar o semblante das pessoas, os olhos penetrantes e dissimulados, ela finge ler as cartas, a verdadeira leitura está na expressão dos clientes e como o próprio narrador mesmo mencionou “Camilo não viu nem sentiu nada”, toda a descrição do ambiente é dada pelo narrador, não são observações que Camilo percebeu ou sentiu. Depois que todos responderem, promova a socialização das análises realizadas nos cadernos, solicitando que leiam em voz alta as respostas. Comente as respostas dos alunos, confirmando as análises ou complementando o que for necessário. Materiais complementares: Os excertos estão disponíveis para impressão nesse link. Se for necessário, acesse as sugestões de resolução das questões aqui. Plano de aula O tempo e o espaço no gênero conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/6sVjQqr3RK3j4C5KnBJVChbmTGByDsmCtHBnaF7uupMZaJqkMg2bfGUQXrJN/material-para-impressao-trechos-dos-textos-lpo9-01sqa06.pdf https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/d6hSaGDZDfvXHCTSK4R33UuwEcyDXKXUBFyahkNEBuTrpyF5kcJ5rrfQVCjX/resolucao-da-atividade-textos-lpo9-01sqa06.pdf Slide 6 Fechamento Tempo sugerido : 10 minutos Orientações: Para finalizar, distribua cópias de dois excertos do conto Entre a espada e a rosa . Peça que, nos excertos distribuídos, eles destaquem com uma cor todas as palavras que indicam tempo e, com outra cor, o espaço na narrativa. Sugestão de respostas: Expressões que indicam tempo: De volta, Afinal, na noite, de manhã, se passava. Expressões que indicam espaço: ao quarto, na cama, no escuro,o salão, seu quarto, sobre si mesma. Oriente-os que depois de destacarem os marcadores espaciais e temporais, eles escrevam uma pequena síntese no caderno, comparando os dois excertos, produzindo uma reflexão sobre o seguinte questionamento: O que o espaço-tempo da narrativa indicam sobre o desfecho? Qual a importância da repetição dos marcadores espaciais-temporais para a compreensão do leitor? Sugestão de análise: É durante a noite, em seu quarto, que a princesa pede uma solução para seus problemas e a mágica acontece. É ao amanhecer que a Princesa percebe sua transformação ou tem as resposta para seu problema. Quando o narrador repete a mesma cena, o lugar, as ações, o tempo, o leitor já pode prever que alguma transformação acontecerá com a personagem. No segundo excerto, o leitor imagina que a barba desaparecerá. A importância da repetição é a ênfase do momento mágico da história. Se desejar, você pode recolher as atividades, para analisar a pertinência das respostas. Faça a devolutiva por escrito, nas atividades. Materiais complementares: Os excertos estão disponíveis para impressão nesse link. Se for necessário, acesse as sugestões de resolução das questões aqui. Plano de aula O tempo e o espaço no gênero conto Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados. https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/6sVjQqr3RK3j4C5KnBJVChbmTGByDsmCtHBnaF7uupMZaJqkMg2bfGUQXrJN/material-para-impressao-trechos-dos-textos-lpo9-01sqa06.pdf https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/d6hSaGDZDfvXHCTSK4R33UuwEcyDXKXUBFyahkNEBuTrpyF5kcJ5rrfQVCjX/resolucao-da-atividade-textos-lpo9-01sqa06.pdf Flashback: a volta no tempo HAMLET observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras. Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo. — É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo, falava sempre do senhor. Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição. Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor. Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela, era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femmina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração, não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam. Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura, mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas. A previsão do futuro e o desfecho do conto Deu por si na calçada, ao pé da porta: disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio. A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo.Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa[...] Fechamento De volta ao quarto, a Princesa chorou mais lágrimas do que acreditava ter para chorar. Embotada na cama, aos soluços, implorou ao seu corpo, a sua mente, que lhe fizesse achar uma solução para escapar da decisão do pai. Afinal, esgotada, adormeceu. E na noite sua mente ordenou, e no escuro seu corpo ficou. E ao acordar de manhã, os olhos ainda ardendo de tanto chorar, a Princesa percebeu que algo estranho se passava. Sem resposta, ou gesto, a Princesa deixouo salão, refugiando-se no seu quarto. Nunca o Rei poderia amá-la, com sua barba ruiva. Nem mais a quereria como guerreiro, com seu corpo de mulher. Chorou todas as lágrimas que ainda tinha para chorar. Dobrada sobre si mesma, aos soluços, implorou ao seu corpo que lhe desse uma solução. Afinal, esgotada, adormeceu. E na noite seu mente ordenou, e no escuro seu corpo brotou. E ao acordar de manhã, com os olhos inchados de tanto chorar, a Princesa percebeu que algo estranho se passava. Flashback: a volta no tempo 5. Professor, destacamos os recursos de passagem do tempo, se desejar você pode projetar esse excerto. HAMLET observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras. Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. 8.Professor, destacamos os recursos de passagem do tempo, se desejar você pode projetar esse excerto. Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo. — É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo, falava sempre do senhor. Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição. Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor. Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela, era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femmina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração, não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam. Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura, mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas. A previsão do futuro e o desfecho do conto 3. Professor, destacamos os recursos que descrevem o espaço, se desejar você pode projetar esse excerto. Deu por si na calçada, ao pé da porta: disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio. A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo.Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa[...] Fechamento Professor, abaixo foram destacados em azul as expressões referentes ao tempo e em vermelho as expressões referentes ao lugar. Se desejar, você pode projetar esse excerto. De volta ao quarto, a Princesa chorou mais lágrimas do que acreditava ter para chorar. Embotada na cama, aos soluços, implorou ao seu corpo, a sua mente, que lhe fizesse achar uma solução para escapar da decisão do pai. Afinal, esgotada, adormeceu. E na noite sua mente ordenou, e no escuro seu corpo ficou. E ao acordar de manhã, os olhos ainda ardendo de tanto chorar, a Princesa percebeu que algo estranho se passava. Sem resposta, ou gesto, a Princesa deixou o salão, refugiando-se no seu quarto. Nunca o Rei poderia amá-la, com sua barba ruiva. Nem mais a quereria como guerreiro, com seu corpo de mulher. Chorou todas as lágrimas que ainda tinha para chorar. Dobrada sobre si mesma, aos soluços, implorou ao seu corpo que lhe desse uma solução. Afinal, esgotada, adormeceu. E na noite seu mente ordenou, e no escuro seu corpo brotou. E ao acordar de manhã, com os olhos inchados de tanto chorar, a Princesa percebeu que algo estranho se passava. O tempo e o espaço no gênero contoSobre o Plano Materiais complementares Documento Material para impressão - Trechos dos textos Documento Resolução da atividade - Textos Slide 1 Sobre este plano Slide 2 Tema da aula Slide 3 Introdução Slide 4 Desenvolvimento Slide 5 Desenvolvimento Slide 6 Fechamento
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