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COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química ESCOLA PILOTO EM ENGENHARIA QUÍMICA Processos de Separação com Membranas Rio de Janeiro, RJ Membrana do Tipo Fibra Oca Março de 1997 COPPE/UFRJ Programa de Engenharia Química Professores Responsáveis: A. Claudio Habert Cristiano P. Borges Ronaldo Nobrega COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química ESCOLA PILOTO EM ENGENHARIA QUÍMICA TEMA: Processos de Separação com Membranas (PRIMEIRA AULA) I - Aspéctos Gerais dos Processos com Membranas 1.1 - Introdução 1.2 - Breve Histórico 1.3 - Morfologia de Membranas, Força Motriz e Transporte 1.4 - Mercado COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química ESCOLA PILOTO EM ENGENHARIA QUÍMICA TEMA: Processos de Separação com Membranas (PRIMEIRA AULA) I - Aspéctos Gerais dos Processos com Membranas 1.1 - Introdução A indústria química é, fundamentalmente, uma indústria de transformação e para se chegar aos produtos finais, com as especificações desejadas, é necessário separar, concentrar e purificar as espécies químicas presentes nas diferentes correntes resultantes dessas transformações. Este, sem dúvida, tem sido um dos maiores desafios da indústria química, desde seus primórdios. A partir do início da década de 70, em adição aos processos clássicos de separação como, destilação, filtração, absorção, troca iônica, centrifugação, extração por solvente, cristalização e outros, surge uma nova classe de processos que utiliza membranas como barreira seletiva. "De uma maneira geral, uma membrana é uma barreira que separa duas fases e que restringe, total ou parcialmente, o transporte de uma ou várias espécies químicas presentes nas fases". A Figura 1 ilustra, esquematicamente, o transporte de diferentes espécies através de uma membrana. O termo membrana, como será visto mais adiante, inclui uma grande variedade de materias e estruturas. Não foi por acaso que os processos de separação por membranas, (PSM), atingiram o status de processos comerciais. Eles apresentam uma série de vantagens que os permite a competir com as técnicas clássicas de separação. Algumas dessas vantagens são comentadas a seguir: ♦ ECONOMIA DE ENERGIA Os processos de separação por membranas, em sua grande maioria, promovem a separação sem que ocorra mudança de fase. Neste sentido são processos energeticamente favoráveis. Esta é uma das razões pela qual seu desenvolvimento coincide com a crise energética dos anos 70, devido ao elevado preço do petróleo na época. ♦ SELETIVIDADE A seletividade é outra característica importante dos processos com membranas. Em algumas aplicações estes processos se apresentam como a única alternativa técnica de separação. No entanto, na maioria dos casos, processos híbridos, envolvendo processos COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química clássicos e processos com membranas, cada qual atuando onde é mais eficiente, tem se mostrado como a opção mais econômica e eficiente de separação. ♦ SEPARAÇÃO DE TERMOLABEIS Como, via de regra, os processos com membranas são operados a temperatura ambiente eles podem ser aplicados no fracionamento de misturas envolvendo substancias termo sensíveis. Por este motivo eles tem sido largamente empregados no indústria farmacêutica e de alimentos e, mais recentemente, como uma alternativa de "down steam processes" em biotecnologia. ♦ SIMPLICIDADE DE OPERAÇÃO E DE "SCALE UP" Ao contrário da maioria dos processos de separação, os processos com membranas apresentam, ainda, a vantagem de serem extremamente simples do ponto de vista operacional e em termos de "scale up". Os sistemas são modulares e os dados para o dimensionamento de uma planta podem ser obtidos a partir de equipamentos pilotos operando com módulos de membrana de mesma dimensão daqueles utilizados industrialmente. Além disso, o operação dos equipamentos com membranas é simples e não intensiva em mão de obra. Fase I Fase IIPotencial Elavado Potencial baixo Membrana COPPE/UFRJ Figura 1 - Transporte de Diferentes Espécies Através de uma Membrana Os processos de separação por membranas têm sido utilizados nos mais deferentes setores de atividade como na indústria química, com a quebra de azeótropos de misturas de solventes orgânicos , até na área médica, com a hemodiálise e a dosagem controlada de remédios, passando pela biotecnologia, indústria alimentícia e farmacêutica e tratamentos de águas industriais e municipais. Na Tabela 1 são apresentados exemplos de aplicação de processos com membranas em algumas das áreas acima mencionadas COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química Tabela 1 - Exemplos de Aplicação de Processos com Membranas ÁREA APLICAÇÕES QUÍMICA • Quebra do azeótropo benzeno/hexano • Recuperação de H2 - Síntese da Amônia • Fracionamento CO2/CH4 • Fracionamento do ar: obtenção de gás inerte e de corrente rica e oxigênio. BIOTECNOLOGIA E FARMACÊUTICA • Separação de substâncias termolabeis • Desidratação de etanol • Purificação de enzimas • Fracionamento de proteínas • Esterilização de meios de fermentação • Bio-reatores a membranas ALIMENTÍCIA E BEBIDAS • Concentração de leite • Concentração do soro de queijo • Concentração de sucos de fruta • Clarificação de vinhos e cervejas • Desalcoolização de vinhos e cervejas TRATAMENTO DE ÁGUAS • Dessalinização de águas • Eliminação de traços de orgânicos • Tratamento de esgotos municipais • Desmineralização de águas p/ caldeiras • Água ultrapura p/ indústria eletrônica TRATAMENTO DE DESPEJOS INDUSTRIAIS • Separação água/óleo • Recuperação de índigo - Têxtil • Recuperação de PVA - Têxtil • Recuperação de ions metálicos - Couro • Recuperação de proteínas - Laticínio • Tratamento águas - Papel e Celulose MEDICINA • Rim artificial - Hemodiálise • Pulmão artificial - Oxigenadores • Ar enriquecido em oxigênio • Esterilização de soluções injetáveis • Dosagem controlada de remédios COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química Um outro aspeto a ressaltar é o caracter multidisciplinar envolvido no desenvolvimento dos processos de separação por membranas. Desde a química de polímeros no desenvolvimento de novos materiais, até o projeto e otimização de equipamentos que utilizam membranas, passando tela termodinâmica de soluções poliméricas, modelização dos fenômenos de transporte e projeto e construção dos permeadores. O Quadro 1 apresenta um esquema do espectro de atuação no desenvolvimento tecnológico dos processos de separação por membranas. Quadro 1 - Espectro de Atuação no Desenvolvimento Tecnológico dos Processos de Separação com Membranas. MEMBRANA Influência Variaveis Correlação Estrutura Ciência dos Materiais Fenômen. de Transporte Sint. do Polímero base Preparo da membrana Ciências dos Materiais Termod. Sol. Poliméricas CARACTERIZAÇÃO PROCESSO MÓDULO Prod. Contínua Projeto de Módulos Eng. Química Eng. Mecânica Contr.de Processos Desenv. Permead. Desempenho Processo Pré e Pós Trat. Eng. Química ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO TIPOS DE ESTUDOS ÁREAS DO CONHECIMENTO COPPE/UFRJ 1.2 - Breve Histórico COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química As membranas sintéticas surgem como uma tentativa de se imitar as membranas naturais, em particular quanto as suas características únicas de seletividade e permeabilidade. Para tanto, houve a necessidade da observação e compreensão do fenômeno de permeação e do desenvolvimento de técnicas de preparo de membranas sintéticas. O desenvolvimento dos processos de separação por membranass e suas aplicações industriais podem ser considerados relativamente recentes, principalmente levando-se em conta que fenômenos envolvendomembranas vêm sendo estudados ha mais de um século. Na realidade, o primeiro registro que se tem notícia, sobre um estudo relativo a fenômenos que ocorrem com membranas, data de 1748 e se deve a um abade francês de nome Nollet. Em sua experiência, Nollet emerge, em água pura, um copo cheio de um destilado de vinho (para efeito do problema, uma simples mistura de água e etanol ), vedado com uma bexiga (membrana) de origem animal. Após um certo tempo ele observou que a bexiga se estufou, chegando mesmo a romper em alguns casos. Esta experiência evidenciou, pela primeira vez, as características de semi permeabilidade de uma membrana. A interpretação deste fenômeno, hoje, é relativamente simples: a diferença de potencial químico da água entre os dois lados da membrana (bexiga animal) determina um fluxo preferencial da água para dentro do copo. Como a bexiga é elástica, no início ela se expande, mantendo a pressão dentro do copo constante e, aproximadamente igual a pressão atmosférica. Numa etapa posterior sua elasticidade já é menor e a pressão no interior do copo começa a aumentar, fazendo com que o potencial químico da água aumente. Caso a membrana resista esta pressão sem se romper, o potencial químico da água, no interior do copo, pode se igualar ao potencial químico da água do recipiente externo ao copo, atingindo-se, assim, o equilíbrio termodinâmico. A fundamentação teórica para esta explicação, no entanto, é bem mais recente. Somente em 1855, mais de 100 anos após a experiencia de Nollet, Fick publicou sua lei da difusão, que até hoje é utilizada para descrever muitos fenômenos que ocorrem em membranas. Alguns anos mais tarde, Graham estudou a permeação de gases através de borrachas e efetuou as primeiras medidas experimentais de diálise, utilizando mambranas sintéticas. Ainda na segunda metade do século passado Traube, Pfeffer e van't Hoff estudaram o fenômeno osmótico, que serviu de base para a descrição termodinâmica deste fenômeno, no caso de soluções diluídas - lei de van't Hoff. No início deste século, membranas de celulose regenerada, entre outras, foram desenvolvidas por Zsigmond, Bachman e Elford. Bechhold e outros utilizaram estas membranas para filtrar soluções de coloides, numa primeira experiência do que hoje se chama de microfiltração. Embora os processos de diálise e microfiltração tenham alcançado a escala comercial desde 1930, os processos de separação que utilizam membranas densas (sem poros) não evoluiram com a mesma velocidade, face a espessura elevada das membranas disponíveis e, conseqüentemente, aos valores reduzidos dos fluxos permeados. Os processos de separação com membranas começaram, realmente, a deixar de ser uma curiosidade científica e de laboratório no final da década de 50. Nesta época começou, nos Estados Unidos, um plano de pesquisa em dessalinização de águas que resultou em, pelo menos, duas descobertas importantes: 1) Reid e Breton (1953) relataram que membranas homogêneas de acetato de celulose, quando utilizadas para osmose inversa, podiam COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química apresentar retenção salina elevada, e 2) Loeb e Sourirajan (1960-1962) aperfeiçoaram uma técnica para preparo da membrana, mais tarde chamada técnica de inversão de fase por imersão-coagulação, que podia aumentar muito o fluxo permeado de água, mantendo elevada a retenção de sais. A partir destes fatos, o interesse sobre o assunto aumentou consideravelmente, pois a melhoria na seletividade e a redução da resistência ao transporte das espécies permeantes representavam alterações que poderiam tornar os processos com membranas, em geral, e não somente a dessalinização de águas, mais competitivos do que os processos de separação tradicionais. Posteriormente, descobriu-se que o principal motivo para o sucesso das membranas preparadas pela técnica desenvolvida por Loeb e Sourirajan era devido a sua morfologia singular. Estas membranas apresentam poros gradualmente maiores em sua seção transversal. A região superior, em torno de 2% da espessura global, é chamada de "pele" e não apresenta poros ou possui poros muito pequenos (<0,05 µm), sendo a principal responsável pela seletividade. A região abaixo da pele, chamada suporte ou substrato, apresenta poros progressivamente maiores e tem como função principal fornecer resistência mecânica à pele. Membranas com esta morfologia são denominadas anisotrópicas ou assimétricas. O Quadro 2 presenta uma relação cronológica dos eventos que mais contribuiram para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia de membranas. Quadro 2: Principais eventos que contribuíram para o desenvolvimento da ciência e tecnologia de membranas 1748 Nollet utilizou o termo osmose para descrever o transporte de água 1823 Dutrochet explicação sobre osmose e diálise 1840 Mitchell permeação H2 e CO2 1866 Graham mecanismo solução-difusão (O2, N2, NR) 1877 Traube e Pfeffer estudos quantitativos sobre osmose 1887 van´t Hoff comportamento de solução diluida 1906 Bechhold técnica de preparo membranas microporosas de nitrocelulose 1930 "Sartorius" utilização comercial de membranas microporosas 1944 Kolff desenvolvimento do primeiro hemodializador 1960 desenvolvimento da base para a tecnologia e ciência de membranas moderna (Loeb e Sourirajan, Riley, etc.). U.S. Departament of Interior; Office of Saline Water. Um grande número de investigações têm ocorrido para entender, controlar e caracterizar a estrutura dessas membranas. Em relação à estrutura da membrana, dois enfoques têm sido adotados. No primeiro, a ênfase principal é alterar as condições de preparo para obter as propriedades adequadas para a pele e substrato, enquanto que no segundo enfoque a pele e o substrato poroso são obtidos em etapas distintas. O procedimento de preparar a membranas em duas etapas foi sugerido nos trabalhos de Cadotte e Francis em COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química 1966, como uma técnica alternativa ao uso exclusivo da técnica de inversão de fase. Neste procedimento um filme homogêneo ultrafino (< 1µm) é depositado sobre uma membrana microporosa. Estas membranas, que consistem de dois (ou mais) filmes laminados, são chamadas "compostas" ("composite membranes"). Foi o desenvolvimento dessas membranas compostas que permitiu a exploração comercial de processos com membranas para a separação de misturas gasosas (permeação de gases) e de misturas líquidas (pervaporação). A firma americana Monsanto, no inicio dos anos 80 e a alemã GFT, no final desta mesma década, foram as pioneiras na aplicação industrial de membranas na separação de gases e de líquidos, respectivamente. 1.3 - Morfolofia de Membranas, Força Motriz e Transporte COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química As membranas sintéticas comerciais, em sua grande maioria, são preparadas a partir de materiais poliméricos com características químicas e físicas as mais variadas. Membranas de materiais inorgânicos são produzidas ha mais de 20 anos, mas só recentemente começam a disputar o mercado com as membranas poliméricas. As membranas inorgânicas apresentam uma vida útil maior mas são bem mais caras do que as poliméricas. Em função das as aplicações a que se destinam as membranas apresentam diferentes estruturas. De um modo geral as membranas podem ser classificadas em duas grandes categorias: densas e porosas. As características da superfície da membrana que esta em contato com a solução problema é que vão definir tratar-se de uma membrana porosa ou densa. A Figura 2, apresenta as morfologias mais comuns observadas em membranas comerciais. Tanto as membranas densas como as porosas podem ser isotrópicas ou anisotrópicas, ou seja, podem ou não apresentar as mesmas características morfológicas ao longo de sua espessura. As membranas anisotrópicas se caracterizam por uma região superior muito fina (≈1µm),mais fechada (com poros ou não), chamada de "pele", suportada em uma estrutura porosa. Quando ambas as regiões são constituídas por um único material a membrana é do tipo anisotrópica integral. Caso materiais diferentes sejam empregados no preparo de cada região a membrana será do tipo anisotrópica composta. Membranas Isotrópicas (simétricas) porosa porosa densa densa Membranas Anisotrópicas (assimétrica) porosa densa(integral) (composta) COPPE/UFRJ Figura 2 - Representação Esquemática da Seção Transversal dos Diferentes Tipos de morfologia de Membranas Dois tipos de parâmetros são normalmente empregados para se caracterizar membranas: parâmetros de natureza morfológica e parâmetros relativos as suas propriedades de transporte. No caso de membranas porosas características como a distribuição de tamanho COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química de poros, porosidade superficial e espessura representam parâmetros morfológicos relevantes. Para membranas densas, as características físico-químicas do polímero utilizado bem como a espessura do filme polimérico são parâmetros importantes. No caso de membranas compostas as características do suporte poroso também devem ser incluídas. Independente da tipo de membrana propriedades de transporte como permeabilidade a gases e líquidos bem como a sua capacidade seletiva são utilizadas como parâmetros característicos. No caso de membranas sintéticas, pode ocorrem três tipos distintos de transporte, conforme representado na Figura 3. No transporte passivo a espécie é transportada no sentido do potencial químico decrescente. Caso a membrana contenha alguma substância capaz de formar um complexo com a espécie a ser transportada, com conseqüente aumento de fluxo, o transporte é conhecido como facilitado. Finalmente, uma espécie pode ser transportada contra seu gradiente de potencial químico através da membrana, caso ocorra uma reação com uma outra espécie com liberação de energia. Neste caso o transporte é conhecido como transporte ativo, muito comum nas membranas de células vivas mas, até a presente data, de pouco interesse comercial. O transporte passivo é o predominante em membranas sintéticas. B A A AB µ a‘ µ a“ A A µ a‘ µ a“ AB B µ a‘ µ a“ A A Transporte Passivo Transporte Ativo Difusivo Facilitado Facilitado (reação química) COPPE/UFRJ Figura 3 - Esquema Ilustrativo dos Diferentes Mecanismos de Transferência de Massa em Membranas Sintéticas. Os principais processos de separação com membrana utilizam como força motriz o gradiente de potencial químico e/ou o gradiente de potencial elétrico. Como os processos com membranas são, em sua grande maioria, atérmicos, o gradiente de potencial químico é expresso em termos do gradiente de pressão, concentração ou pressão parcial. Em função do tipo de morfologia da membrana e do tipo de força motriz empregada o transporte das diferentes espécies através da membrana pode ocorrer pelo mecanismo convectivo ou difusivo. A morfologia da membrana define, também, os princípios em que se baseiam a sua capacidade seletiva (ver esquema da Figura 4 ). COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química Força Motriz para o Transporte E P C T µ Membrana DensaMembrana Porosa Transporte em Membranas ( Transporte convectivo ou/e difusivo ) ( Transporte difusivo ) COPPE/ UFRJ Figura 4 - Força Motriz e Transporte em Membranas Densas e Porosas Assim, em processos que utilizam membranas porosas a seletividade é definida pela relação de tamanho entre as espécies presentes e os poros da membrana (exemplo: microfiltração, ultrafiltração e diálise). Além disso, as espécies presentes devem ser, na medida do possível, inertes em relação ao material que constitui a membrana. Para membranas porosas, em função do tipo de força motriz aplicada, o transporte das espécies através da membrana pode ser tanto convectivo como difusivo. No caso da ultrafiltração e microfiltração, para os quais a força motriz é o gradiente de pressão através da membrana, o fluxo permeado é fundamentalmente convectivo. Já no caso da diálise, a força motriz é o gradiente de concentração das espécies através da membrana e ofluxo permeado é de natureza difusiva. Neste caso as espécies se difundem pelos poros da membrana. No caso de processos que empregam membranas densas, compostas ou não, a capacidade seletiva depende da afinidade das diferentes espécies com o material da membrana (etapa de natureza termodinâmica) e da difusão das mesmas através do filme polimérica (etapa de natureza cinética), como é o caso da osmose inversa, pervaporação e permeação de gases. O fluxo permeado é sempre de natureza difusiva, independente to tipo de força motriz aplicada, uma vez que a membrana não apresenta poros na interface com a solução a ser processada. A Figura 5 apresenta um esquema ilustrando a discussão acima, sobre aa relações entre força motriz e morfologia com o tipo de transporte esperado e os fatores determinantes COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química a seletividade do processo. As abreviações utilizadas para os diferentes processos com membrana podem ser identificadas na Tabela 2. + MORFOFOGIA Porosa Densa FORÇA MOTRIZ Fluxo Difusivo Interação Polímero/ Penetrante Dimensão dos Penetrantes Fator Preponderante na Seletividade Isotrópica AnisotrópicaAnisotrópica Pele Densa MF UF NF PV PG OI Fluxo Viscoso e/ou Fluxo Difusivo COPPE/ UFRJ Figura 5 - Relação Esquemática entre Força Motriz, Morfologia e Seletividade Assim, em função das características da membrana utilizada e do tipo de força motriz aplicada é possível identificar os diferentes processos de separação com membranas. A Tabela 2 relaciona os principais processos comerciais de separação por membranas, a força motriz e exemplos típicas de aplicação, em cada caso. COPPE/UFRJ - Programa de Engenharia Química Tabela 2 - Processos de Separação por Membranas Comerciais. PROCESSO FORÇA MOTRIZ MATERIAL RETIDO MATERIAL QUE PERMEIA APLICAÇÕES MICROFILTRAÇÃO (MF) ∆P ( 0,5 - 2 atm ) Material em Suspensão, Bactérias PM› 500.000 ( 0,01µm ) Água e sólidos dissolvidos • Esterilização Bacteriana • Clarificação de Vinhos e Cervejas • Concentração de Células • Oxigenação de Sangue ULTRAFILTRAÇÃO (UF) ∆P ( 1-7 atm ) Coloides, Macromoléculas PM › 5000 Água ( Solvente) Sais soluveis de baixo PM • Fracionamento e concentração de Proteínas • Recuperação de pigmentos • Recuperação de óleos NANOFILTRAÇÃO (NF) ∆P ( 5-25 atm ) Moléculas de peso molecular médio 500< PM< 2000 Água, sais e moléculas de baixo peso molecular • Purificação de enzimas • Bioreatores a membrana OSMOSE INVERSA (OI) ∆P ( 15-80 atm ) Todo material solúvel ou em suspensão Água (Solvente) • Dessalinização de águas • Concentração de suco de frutas • Desmineralização de águas DIÁLISE (D) ∆C Moléculas de PM >5000 Ions e orgânicos de baixo peso molecular • Hemodiálise - Rim Artificial • Recuperação de NaOH ELETRODIÁLISE (ED) ∆V Macromoléculas e Compostos não iônicos Ions • Concentração de soluções salinas • Purificação de águas PERMEAÇÃO DE GASES (PG) ∆P⇒∆C Gás menos permeável Gás mais permeável • Recuperação de hidrogênio • Separação CO2/CH4 • Fracionamento do Ar PERVAPORAÇÃO (PV) Pressão de vapor Líquido menos Permeável Líquido mais permeável • Desidratação de álcoois • Eliminação de VOC da água Uma análise das características de cada processo com membrana, apresentas na Tabela 2, permite inferir quais os processos clássicos de separação que podem competir com esta nova tecnologia. A Figura 6 apresenta a faixa de atuação dos diferentes processos com membranas bem como de alguns processos clássico de separação, em função do tamanho das espécies a serem separadas.FAIXAS DE APLICAÇÃO DOS PROCESSOS COM MEMBRANAS 1 10 Micron (µm) 10 -4 10-3 10 -2 10 -1 10 2 10 3 1 10 Angstron ( A ) 0 310 710 510410210 610 Microfiltração Eletrodiálise Pervaporação Osmose Inversa Sep. de Gases Ultrafiltração Nanofiltração Filtração Cromat. Gel Troca Iônica Eletroforese Distilação Cristalização Centrífuga Diálise Extração Ultracentrífuga - Processos de Separação por Membranas - Outros Processos de Separação R.NobregaCOPPE/UFRJ Figura 6 - Quadro Comparativo entre Processos Clássicos de Separação e os Processos com Membranas, em Função das Dimensões das Espécies a serem Separadas. 1.4 - Mercado Do final dos anos 60, quando Loeb e Sourirajan demonstraram, pela primeira vez, a viabilidade econômica de processos como a dessalinização de águas por osmose inversa, até os dias de hoje, o mercado de separação por membranas passou de US$ 2 milhões/ano para cerca de US$ 5 bilhões/ano. A Figura 7 apresenta a evolução, entre 1989 e 1995, do mercado dos principais processos de separação com membranas. Bilhões US$ 0 1 2 3 4 5 89 90 91 92 93 94 95 Ano Diálise Microfiltração Ultrafiltração Osmose Inversa Separação de GasesEletrodiálise Pervaporação POR TIPO DE PROCESSO COPPE/ UFRJ Figura 7 - O Mercado Mundial de Membranas por tipo de Processo Pelos dados da Figura 7 verifica-se que a diálise representa quase a metade do mercado de membranas. A hemodiálise ( rim artificial ) é a grande responsável pela dimensão deste mercado. O número de doentes renais, a espera de transplante, é muito grande, em todo mundo. Além disso, para evitar problemas de contaminação, em particular nos dias de hoje, os módulos de membrana para hemodiálise devem ser utilizadas apenas uma vez,, ou por algumas vezes, mas com um mesmo paciente. O segundo grande mercado fica com a microfiltração. A aplicação neste caso é, fundamentalmente, a esterilização de águas e do ar. Observa-se, também, que o mercado para permeação de gases e pervaporação ainda é pequeno. Estes processos ainda se encontram em desenvolvimento, embora já tenham alcançado o status industrial. ESCOLA PILOTO EM ENGENHARIA QUÍMICA Processos de Separação com Membranas Progredindo no Curso Espera-se, nesta altura, que o aluno esteja familiarizado com as idéias básicas que permitem apreciar o funcionamento e a oportunidade de aplicação dos Processos de Separação com Membranas, a saber: ♦ O que é membrana. ♦ Quais os principios básicos que governam a permeabilidade. ♦ Que tipos de morfologias (microestrutura) de membranas favorecem um determinado mecanismo de transporte. ♦ Quais são os principais processos comerciais e que força motriz é empregada, em cada caso. ♦ Com que outros processos clássicos de separação os PSM concorrem. ♦ Que áreas de aplicação os PSM podem atingir. Caso esta visão global ainda não tenha sido percebida, aconselha-se voltar à aula anterior para melhor fixação da matéria. À medida que o curso prossegue, os tópicos abordados elucidarão com mais detalhes como estas ideias básicas são implementadas. ESCOLA PILOTO EM ENGENHARIA QUÍMICA TEMA: Processos de Separação com Membranas (SEGUNDA AULA) II - Síntese de Membranas Indice 2.1- Intodução 2.2 - Materiais para Membrana 2.2.1 - Materiais Polímeros Cerâmicos Metais 2.3 - Síntese de Membranas Microporosas 2.3.1 - Síntese de Membranas Microporosas Simétricas Sinterização Estiramento Gravação ("Track-Etching") Inversão de Fase 2.3.2 - Síntese de Membranas Microporosas Assimétricas PrecipitaçãoTérmica Precipitação por evaporação de solvente Precipitação pela presença de não solventes Precipitação por imersão 2.4 - Síntese de Membranas Densas 2.4.1 - Síntese de Membranas Densas Simétricas 2.4.2 - Síntese de Membranas Densas Assimétricas 2.1- Introdução Conforme visto no capítulo anterior, membrana pode ser definida como uma barreira que separa duas fases e que restringe, total ou parcialmente, o transporte de uma ou várias espécies químicas presentes nas fases. Nos processos de separação por membranas elas representam o coração do processo. No entanto, como será visto mais adiante, mesmo uma excelente membrana pode apresentar um desempenho bisonho, caso o sistema onde ela esta incorporada não seja operado adequadamente. A morfológica da membrana e a natureza do material que a constitui são algumas das características que vão definir o tipo de aplicação e a eficência na separação. O grande sonho dos pesquisadores que trabalham em síntese de membranas (entenda por síntese de membranas, o seu preparo) é poderem "projetar" uma membrana com as características desejadas e, evidentemente, serem capazes de prepara-la em laboratório. Os trabalhos de literatura, em sua quase totalidade, são empíricos. No entanto, o conhecimento acumulado até o presente momento, na área de sintese de membranas, já permite algumas incursões, de sucesso, ou seja, o sonho começa a se tornar uma realidade. Do ponto de vista morfológico as membranas podem ser divididas em duas grandes categorias: densas e porosas. Em função das características de sua secção transversal é possivel se definir diferentes tipos de membrana densa e porosa. A Figura 8 resume esta classificação e a Figura 9 ilustra, esquematicamente, as características morfológicas dessas diferentes membranas. MEMBRANAS: CLASSIFICAÇÃO QUANTO SUA ESTRUTURA MEMBRANA POROSA ISOTRÓPICA ANISOTRÓPICA DENSA COMPOSTA INTEGRAL ANISOTRÓPICA ISOTRÓPICA ( Pele densa) • Membrana de Troca iônica • Membrana Líquida COPPE/UFRJ Figura 8 - Classificação das membranas quanto a morfologia Membranas Isotrópicas (simétricas) porosa porosa densa densa Membranas Anisotrópicas (assimétrica) porosa densa(integral) (composta) MORFOLOGIA DE MEMBRANAS SINTÉTICAS COPPE/UFRJ Figura 9 - Esquema da morfologias de diferentes membranas 2.2 - Materiais para Membrana As membranas sintéticas comerciais são produzidas a partir de duas classes distintas de material: os polímeros, na sua grande maioria materiais orgânicos, e os inorgânicos, como metais e cerâmicos. Via de regra as membranas de natureza orgânica são mais baratas do que as membranas inorgânicas. No entanto estas últimas apresentam uma maior vida útil e permitem limpezas mais eficientes. No quadro da Figura 10 são apresentados alguns dos materiais mais empregados no preparo de membranas comerciais. 2.2.1 - Materiais Para ilustrar melhor as diferenças que exibem distintos materiais empregados na fabricação de membranas, convém resumir algumas de suas caracteristicas básicas, particularmente, as que determinam suas propriedades de transporte. Vale lembrar que a descrição dos materiais abaixo refere-se à estrutura mais primaria, ou seja, ao nivel molecular ou atomico. Não deve ser confundida com a descrição microscópica (morfologia) das membranas e que se tem mais mencionado até aqui. Ambas são complementares e determinam as propriedades mais desejadas para membranas (permeabilidade, seletividade, resistência mecânica, estabilidade térmica e resistência quimica). Como alguns dos materiais podem ser empregados tanto para gerar estruturas densas quanto porosas, é importante relembrar que nas densas, isentas de poros ou canais detectáveis, as moléculas que permeiam o fazem por difusão após uma absorção e mistura homogênea (“dissolução”) com o material. Do ponto de vista físico-químico, o sistema membrana/penetrantes constitui uma única fase. Já nas porosas, sistemas pelo menos bifasicos desde a sua origem, as moléculas ou partículas em geral interagem pouco com o material, e trafegam exclusivamente pelos poros, por difusão e/ou convecção, dependendo da estrutura e do tamanhodos poros. Polímeros são uma classe de materiais extremamente versáteis (plásticos, fibras, elastomeros,...), obtidos por síntese (polimerização de monômeros) ou por extração de produtos naturais. Os polimeros orgânicos são mais empregados em membranas. Os sistemas poliméricos são formados de macromoléculas (usualmente com PM acima de 20.000) com apreciáveis forças intermoleculares (garantem coesão, facilidade de formar filmes autosuportáveis, e boas propriedades mecânicas). As cadeias macromoleculares são compostas da junção covalente de "n" unidades constitutivas ("meros") que conferem a sua identidade quimica e sua flexibilidade (capacidade de deformação , elasticidade). O polietileno representa um dos mais simples polimeros orgânicos e tem uma cadeia de atomos de carbono interligados por ligações simples, e saturados com atomos de hidrogênio. Cada uma destas ligações permite rotação (é uma junção bastante móvel) portanto a cadeia individual do polietileno é bastante flexivel. Já o poliestireno, formado de "n" meros de estireno, tem uma cadeia mais rigida, pois o tamanho do anel benzenico que substitui o H numa das valências adjacentes à ligação C-C restringe a sua rotação. Combinações de propriedades podem ser obtidas com os copolímeros (2 ou 3 meros distintos na macromolécula) como na borracha sintética SBR, que tem estireno e butadieno presentes na cadeia (Figura 11) A noção de mobilidade segmental das cadeias é importante de ser ressaltada pois, dependente da temperatura e da flexilidade da cadeia, é a que permite interpretar o movimento difusional de outras moléculas, p.ex. as pequenas que difundem numa membrana polimérica. Neste modêlo, o meio, matriz polimérica, tem as cadeias entrelaçadas e em permanente agitação, melhor descrita pela mobilidade segmental (como são longas, não se distingue mais localmente a identidade das cadeais individuais, fazendo-se referência à mobilidade de segmentos de cadeia). As moléculas penetrantes, que difundem sob ação de uma determinada fôrça motriz, se acomodam em "vagas" cujo tamanho e frequência de aparecimento depende desta agitação das cadeias. Se o polimero apresentar um certo grau de cristalinidade, entendida como a existência de regiões onde segmentos de cadeias se ordenam e empacotam de forma regular, mais coesos que nas regiões amorfas, a absorção e a difusão de pequenas moléculas serão reduzidas. Cerâmicos. Classe tradicional de materiais inorgânicos e que foi revigorada recentemente por avanços em métodos de fabricação, representa uma opção que permite aumentar limites de operação a temperaturas mais elevadas (acima de 150 oC) e em meios quimicamente mais agressivos . Consistem basicamente de oxidos de silicio ou de aluminio, zirconio e titanio. Alumina, zirconia e silica são representantes clássicos desta categoria. Distintamente dos materiais polimericos, acredita-se que os ceramicos pouco participam do processo de transporte das moleculas permeantes. Sua importancia maior reside no fato que permitem a fabricação de estruturas microporosas bem variadas com um bom controle de distribuição de tamanho de poros, caracterizadas por resistências térmicas e quimicas elevadas e baixa plasticidade (são duros e quebradiços). Estas propriedades são devidas à natureza altamente cristalina destes materiais, onde predominam ligações interatomicas muito estáveis, principalmente ionicas e intermediárias entre ionicas e covalentes. Na categoria geral de ceramicos, deve-se mencionar que vários tipos de vidros e grafite também são usados para fabricar membranas microporosas. O vidro é basicamente silica amorfa, ou seja, não cristalina, enquanto grafite é uma forma cristalina do carbono. Metais. A ligação metálica que mantem os átomos numa estrutura de rede envolta numa nuvem de elétrons livres é responsavel pelas principais propriedades caracteristicas dos metais, como altas condutividades, plasticidade e resistência mecânica. Estas e outras propriedades quimicas (particularemente as catalíticas) sugeriram-nos como candidatos naturais para material de membrana, seja densa ou porosa. É o caso de aguns metais de transição como Pd, Ag, W e Mo que são empregados puro ou em ligas com Ni, Rh e outros. Em alguns casos, moléculas pequenas como H2 e O2 são absorvidos por Pd e Ag, respectivamente, e difundem na rede metalica, justificando o emprego destes metais como membranas densas. MATERIAIS EMPREGADOS NO PREPARO DE MEMBRANAS NÃO POLIMÉRICOS • CERÂMICAS • GRAFITE • METAIS • ACETATO DE CELULOSE • POLISULFONA • POLIETERSULFONA • POLIACRILONITRILA • POLIETERIMIDA • POLICARBONATO • POLIÁLCOOLVINÍLICO • POLIDIMETISILOXANO • POLIURETANA • EPDM • EVA POLIMÉRICOS Figura 10 - Relação dos principais materiais utilizados no preparo de membranas. Polietileno (PE) n n Poliestireno (PS) mn Borracha SBR (poli(estireno-co-butadieno)) Figura 11 - Estrutura química de alguns polímeros comerciais. 2.3 - Síntese de Membranas Microporosas O principal objetivo de se produzir membranas com estrutura microporosa, simétricas ou não, é obter uma barreira seletiva capaz de promover a separação com base na dimensão dos poros. A metodologia a ser utilizada para transformar um dado material em um meio poroso, com espessura relativamente pequena, depende da natureza do material e das características finais desejadas. A Figura 12 relaciona as principais técnicas utilizadas industrialmente. 2.3.1 - Síntese de Membranas Microporosas Simétricas No caso de membranas microporosas simétricas, quatro são as técnicas normalmente empregadas: Sinterização, Estiramento, Gravação ("track etching") e Inversão de Fase. Sinterização A sinterização consiste na fusão incipiente de materiais na forma de pó, com granulometria controlada em um molde sob pressão. A porosidade final da membrana e o tamanho médio de poros depende, entre outros fatores, do material, da granulometria do pó, da temperatura e tempo de residência nesta temperatura e da pressão aplicada no molde. Esta técnica pode ser utilizada tanto para polímeros como para materiais inorgânicos como metais e cerâmicas. As principais caracteristicas das membranas produzidas por sinterização são apresentadas na Figura 13. Na Figura 17a é apresentada uma fotomicrografia de uma membrana preparada pela sinterização de politetrafluoretileno em pó. Estiramento Uma outra técnica relativamente simples de preparar membranas microporosas isotrópicas é através da estiramento de filmes homogêneos de polímeros semi cristalinos. Normalmente são empregados filmes extrudados de polietileno ou politetrafluoretileno e o estiramento é efetuado perpendicularmente a direção de extrusão. Este procedimento provoca pequenas fraturas no filme polimérico o que dá origem a poros relativamente uniformes, com diâmetro entre 1 e 10µm. As principais características das membranas assim obtidas podem ser encontradas na Figura 14. Na Figura 17b é apresentadas uma fotomicrografia de uma membrana de politetrafluoretileno, preparada pela técnica do estiramento de filme denso. Gravação ("Track-Etching") Membranas microporosas, com poros perfeitamente cilíndricos e de diâmetro uniforme, podem ser obtidas através da técnica conhecida como Gravação ou "Track- Etching". Esta técnica consiste em se submeter um filme polimérico denso a um bombardeamento de partículas nucleares carregadas, proveniente de um reator nuclear, e posterior tratamento com uma solução cáustica. Na primeira etapa as partículas nucleares atravessam a espessura da filme provocando a quebra nas ligações químicas das cadeias poliméricas (track). Quando submetido ao tratamento químico, as regiões do polímero danificadas pela passagem das partículas nucleares são atacadas, preferencialmente, e a erosão provocada dá origem a poros perfeitamente cilíndricos (etching). A densidade de poros dessas membranasdepende do tempo e da intensidade da irradiação e o seu diâmetro depende da natureza do banho cáustico e do tempo em que o filme fica submetido a este tratamento. Um aumento na densidade de poros pode ser conseguido com uma maior exposição do filme ao bombardeamento de partículas. No entanto, haverá sempre um compromisso entre densidade de poros e sua uniformidade. Um bombardeamento excessivo aumenta a possibilidade de que duas partículas atravessem o filme em locais muito próximos, provocando o aparecimento de poros maiores, quando do tratamento químico, pela interconecção de dois ou mais poros. Na Figura 15 são apresentadas algumas características das membranas produzidas por esta técnica. A NucleporeR é a principal fabricante deste tipo de membrana. A Figura 17c apresenta uma fotomicrografia de uma membrana microporosa de policarbonato preparada pela técnica de gravação. Inversão de Fase A grande maioria das membranas microporosas, simétricas e assimétricas, disponiveis comercialmente, são preparadas pela técnica da inversão de fase. Neste processo um polímero é dissolvido em um solvente adequado e a solução espalhada formando um filme de espessura uniforme, entre 20 e 200 µm. No caso de membranas microporosas isotrópicas este filme é exposto a vapores de um não solvente para o polímero. O não solvente é absorvido pela solução provocando uma separação de fases no sistema. A fase rica em polímero dará origem a parte estrutural da membrana e a fase rica em solvente dará origem aos poros da membrana. Há um número muito grande de variaveis que afetam as características finais da membrana formada por esta técnica. O sistema polímero/solvente e eventuais aditivos, o não solvente e a temperatura são algumas das variaveis mais importantes. A Figura 16 apresenta um resumo desta técnica. Na Figura 17d é apresentada a fotomicrografia de uma membrana polimérica microporosa simétrica preparada pela técnica da inversão de fase. TÉCNICAS DE PREPARO DE MEMBRANAS MICROPOROSAS • Sinterização • Estiramento • “Track Etching” • Inversão de Fase MEMBRANAS MICROPOROSAS ANIS0TRÓPICAS • Inversão de Fase MEMBRANAS MICROPOROSAS ISOTRÓPICAS COPPE/UFRJ Figura 12 - -Técnicas comerciais de preparo de membranas microporosas TÉCNICAS DE PREPARO DE MEMBRANAS MICROPOROSAS SINTERIZAÇÃO Moldagem e fusão incipiente de pós : Natureza: Metálica Polimérica Cerâmica Porosidade: de 0,1 µm a 50 µm, dependendo da granulometria do pó e das condições de sinterização. Materiais: -aço inoxidavel, prata, latão. -polietileno, politetrafluoretileno. -óxido de alumínio, sílica, argila. Aplicações: Filtrações em temperaturas elevadas, filtração de suspensões e de ar. Figura 13- Preparo de Membranas Microporosas. Técnica da Sinterização TÉCNICAS DE PREPARO DE MEMBRANAS MICROPOROSAS ESTIRAMENTO O estiramento de filmes poliméricos cristalinos no sentido transversal ao da extrusão pode dar origem a membrana microporosas Porosidade: de 0,1 µm a 5 µm, dependendo da natureza do polímero e das condições de estiramneto. Materiais: - Polietileno de alta densidade, - Polipropileno - Politetrafluoretileno Aplicações: - Filtração de ar, - Filtração de solventes orgânicos. COPPE/UFRJ Figura 14- Preparo de Membranas Microporosas. Técnica do Estiramento TÉCNICAS DE PREPARO DE MEMBRANAS MICROPOROSAS “TRACK-ETCHING” Esta técnica consiste em submeter um filme polimérico denso a um bombardeamento de partículas de um reator nuclear, carregadas eletricamente, seguido de uma lavagem com uma solução cáustica. Porosidade: Poros cilíndricos com diâmetro entre 0,02 e 20 µm. Energia suficiente para perfurar filmes de até 20 µm. Aplicações: Filtração de suspensões e filtração estéril para soluções biológicas Tempo de “etching” Fonte de radiação t0 t1 t3 caminhos da radiação Irradiação “Etching” Filme polimérico t2 COPPE/UFRJ Figura 15 - Preparo de Membranas Microporosas. Técnica da Gravação TÉCNICAS DE PREPARO DE MEMBRANAS MICROPOROSAS INVERSÃO DE FASE Técnica utilizada no preparo da maioria das membranas comerciais disponiveis no mercado. ETAPAS: • Dissolução do polímero. • Espalhamento da solução ( filme entre 20 e 200 µm ). • O Filme espalhado é exposto a uma atmosfera controlada de vapores de um não solvente para o polímero. • O não solvente é absorvido pela solução e se difunde ao longo da espessura do mesmo, promovendo uma separação de fases no sistema polimérico. A fase rica em polímeros dará origem a estrutura da membrana e a fase pobre dará origem aos poros. Materiais : Esteres de celulose, polissulfona, policarbonato, polietersulfona. Porosidade : Poros de 0,1 a 10 µm Aplicações : Filtrações para esterilização e purificação. Processos de diálise. COPPE/UFRJ Figura 16 - Preparo de Membranas Microporosas. Técnica da Inversão de Fase Figura 17.a - Detalhe da seção transversal de uma membrana isotrópica de PE produzida por sinterização de particulas de polímero. Figura 17.b - Detalhe da seção transversal de uma membrana isotrópica de PTFE produzida por estiramento mostrando a porosidade gerada. Figura 17.c - Superfície de uma membrana de policarbonato produzida por "track-etching". Seção transversal - 200X Seção transversal - 2000X Figura 17.d - Membrana de Acetato de Celulose produzida por inversão de fase por imersão em banho de não solvente. 2.3.2 - Síntese de Membranas Microporosas Assimétricas Este processo é caracterizado pela desestabilização de uma solução polimérica, que se consegue através da indução do estado de supersaturação na solução, pela adição de um outro componente, um não solvente para o polímero, ou pela mudança da temperatura da solução. A solução, então, torna-se termodinamicamente instável e tende a se separar em pelo menos duas fases, rica e pobre em polímero. No processo de formação de uma membrana, a fase rica dará origem à estrutura, enquanto a fase pobre dará origem aos poros. A viscosidade aumenta com a concentração de polímero na fase rica, dificultando a transferência de massa no sistema. Durante este processo, caso a transição vítrea da fase concentrada em polímero ocorra, o equilíbrio termodinâmico entre as fases líquidas não é alcançado, o que leva à fixação da estrutura e a formação da membrana. Dependendo da natureza do sistema, podem ocorrer interações físico-químicas entre as cadeias poliméricas, podendo levar à gelificação, ou até mesmo à formação de regiões cristalinas, acelerando a precipitação. A competição destes fenômenos durante a separação de fases dará origem a diferentes tipos de membrana. Um diagrama esquemático, que mostra os possíveis caminhos para a formação de membranas por inversão de fase, é apresentado na Figura 18. Imersão em banho de não solvente Perturbação inicial na solução polimérica Variação de temperatura Evaporação de solvente Transferência de massaCristalização Vitrificação Gelificação Separação de fases líquido-líquido Figura 18 - Processos envolvidos na formação de membranas por inversão de fase. Os fenômenos que levam à solidificação do sistema dependem do tipo de polímero utilizado, conforme citado anteriormente. Na maioria das vezes acredita-se que a vitrificação do material polimérico seja a principal responsável pela fixação da estrutura da membrana. Este é um processo no qual a viscosidade do sistema aumenta pela redução dos movimentos segmentais do polímero. Este processo evolui até que a viscosidade atinja valores característicos de um sólido (1013 poise). Diz-se então, que a substância passou para o estado vítreo. No entanto, existem polímeros semicristalinos, que são constituídos por uma fase amorfae outra cristalina, na qual os segmentos de cadeia estão ordenados. Quando se utiliza um polímero desta natureza para a síntese de membranas, existe a possibilidade de ocorrer outro tipo de transição no sistema, que seria a cristalização do polímero. Esta transição não depende somente das condições termodinâmicas do sistema, mas também da cinética, uma vez que as moléculas de polímero necessitam de um certo tempo hábil para se ordenar, devido ao tempo de relaxação das cadeias poliméricas. Outro fenômeno que pode ocorrer é conhecido como gelificação. Esta pode ser definida como um processo no qual há a formação de uma estrutura tridimensional, devido ao aparecimento de interações físico-químicas entre os segmentos de cadeia polimérica e os solutos de baixo peso molecular. Dependendo das características do sistema, como natureza do polímero, do solvente e não solvente, presença ou não de aditivos e das condições em que é realizada a precipitação, pode-se controlar o processo, obtendo-se diferentes tipos de morfologia. Desta forma, pode-se obter membranas com morfologias adequadas a diferentes aplicações, desde a microfiltração até a separação de gases. Existem vários meios de se induzir instabilidade a uma solução polimérica, podendo levar a sua precipitação. Para se obter um certo controle sobre o processo de inversão de fase, algumas técnicas têm sido empregadas. As principais técnicas utilizadas são descritas a seguir. Precipitação térmica Uma solução polimérica é preparada a alta temperatura e então resfriada. Durante a redução de temperatura, a solução pode tornar-se instável, iniciando o processo de separação de fases líquido-líquido. Além da transferência de massa entre as fases líquidas, a taxa de resfriamento influencia na morfologia da membrana resultante (Figura 19). Figura 19 - Detalhe da seção transversal de uma membrana isotrópica de polipropileno (PP) produzida por inversão térmica. Precipitação por evaporação de solvente Nesta técnica se utiliza uma solução polimérica contendo um não-solvente e um solvente volátil. Sendo o solvente mais volátil que o não-solvente, à medida que o solvente for evaporando, a concentração de polímero na solução irá aumentar até que a precipitação ocorra, devido à presença do não-solvente. Precipitação pela presença de vapores de não-solvente Neste caso, um filme de solução polimérica é exposto a vapores de um não- solvente ao polímero. O vapor irá se difundir pela solução, até que a precipitação ocorra, podendo dar origem a uma membrana microporosa simétrica. Precipitação por imersão Nesta técnica um filme da solução polimérica é imerso em um banho de precipitação contendo o não-solvente (NS). A solução precipitará devido à difusão do solvente para o banho e do não-solvente para a solução. Esta técnica permite uma grande flexibilidade, e portanto, variação na morfologia das membranas, dependendo da escolha do solvente e do não-solvente para o polímero. O preparo de membranas planas utilizando esta técnica é ilustrado pela sequência apresentada na Figura 20. solução polimérica placa de vidro solução Figura 20 - Sequência de etapas envolvidas na formação de membranas por imersão em banho de não solvente Na inversão de fase por precipitação por imersão há sempre a troca de massa entre o banho de precipitação e a solução polimérica, tendo como força motriz a diferença de potencial químico dos componentes entre o banho e a solução. Desta forma, além da termodinâmica do processo, deve-se também levar em consideração a cinética de transferência de massa na formação da membrana. Atualmente, o mecanismo mais aceito para a formação da membrana por precipitação por imersão envolve diversos fenômenos. Dependendo das taxas de transferência de massa entre o banho e a solução polimérica, ocorrerá a separação de fases líquido-líquido. Com a evolução do processo, a fase rica em polímero poderá caminhar em direção à região onde a viscosidade do sistema pode diminuir as taxas de transferência de massa, e fenômenos como gelificação, vitrificação e cristalização podem ocorrer, havendo então, a formação da membrana microporosa. Alternativamente, a relação entre as taxas de transferência de massa entre solvente e não-solvente podem levar diretamente à região dos efeitos viscosos, sem que haja separação de fases líquido-líquido. Desta forma, poderá ser formada uma membrana densa, típica para separação de gases. A Figura 21 ilustra a variação de concentração na solução polimérica durante a transferência de massa com o banho de precipitação. Na Figura 22 é apresentado um diagrama esquemático da técnicas para formação de membranas por inversão de fases. placa de vidro a) Antes da Imersão b) Logo após a Imersão c) Precipitação da Interface d) Separação Líquido-Líquido Φ 0 1 Φp Φs Φns Φ 0 1 Φp Φs Φns FORMAÇÃO DE MEMBRANA: PRECIPITAÇÃO POR IMERSÃO Banho de precipitação Solução Polimérica Φ (fração mássica) 0 1 Φp Φs Φns Φ 0 1 Φp Φs Φns NS - não solvente S - solvente P - polímero presença de núcleos da fase diluida em polímero efeitos viscosos presentes na região superficial Figura 21 - Variação de concentração na solução polimérica durante a transferência de massa com o banho de precipitação PROCESSOS DE INVERSÃO DE FASE a) Evaporação espalhamento evaporação c) Absorção de não solvente espalhamento d) Evaporação +Imersão espalhamento evaporação imersão b) Temperatura espalhamento variação de T Banho de não Solvente SolventeNão solvente Solução Poliméricax x(t) x(0) Suporte Ji α ∆µ R 1 . J1J2 não solvente (vapor) (Solvente) Imersão: Figura 22 - Diagrama esquemático das técnicas para formação de membranas por inversão de fases 2.4 - Síntese de Membranas Densas Membranas densas são utilizadas, principalmente, em processos de separação de misturas de líquidas e de gases ou soluções aquosas contendo pequenos íons. Como não apresentam poros, as espécies a serem separadas por estas membranas devem se solubilizar nas mesmas e serem transportadas por difusão através de sua espessura. Deste modo, o material que constitui a membrana e a natureza de suas interações com as espécies a serem separadas representam fatores determinantes para a eficiência do processo de separação. Assim como as membranas microporosas, as membranas densas também porem ser classificadas em simétricas e assimétricas. A Figura 23 relaciona as principais técnicas de preparo de membranas densas. 2.4.1 - Síntese de Membranas Densas Simétricas Membranas densas simétricas não apresentam nenhum interesse do ponto de vista comercial. São filmes poliméricos de espessura relativamente elevada (por questão de resistência mecânica) e, por este motivo, apresentam um fluxo permeado muito baixo, fora da faixa de interesse comercial. Estas membranas são muito utilizadas em escala de laboratório, principalmente, na etapa de seleção de polímeros para serem utilizados como pele densa de membranas compostas. As técnicas de preparo de membranas densas simétricas são as técnicas industriais, usadas para produção de filmes poliméricos. Dependendo das características do polímero em questão pode ser utilizado o processo de sopro, extrusão ou laminação. A nível de laboratório, quando não se dispõe do polímero na forma de filme, a técnica utilizada é a da evaporação do solvente, que constitui na dissolução do polímero em solvente adequado, espalhamento da solução em uma superfície plana e posterior evaporação do solvente, mantendo-se o sistema em uma atmosfera inerte com relação a solução. Neste caso o sistema polímero/solvente deve ser miscível em toda faixa de composição para que não ocorra separação de fase durante a evaporação do solvente, o que poderia dar origem a uma membrana porosa. 2.4.2 - Síntesede Membranas Densas Assimétricas As membranas densas assimétricas foram desenvolvidas com o objetivo de contornar o grande inconveniente apresentado pelas membranas densas simétricas, qual seja: o baixo fluxo permeado. O problema foi solucionado utilizando-se uma membrana microporosa como suporte mecânico para uma fina camada (pele) de um material denso depositado, por alguma técnica, na superfície da membrana porosa. Assim, a seletividade da membrana é mantida pela pele densa e o fluxo permeado aumenta, pois a espessura desta pele densa é muito pequena (na ordem de microns) e o suporte poroso não oferece resistência ao transporte. A principal técnica de deposição de um filme denso na superfície de uma membrana microporosa é a chamada "casting". Esta técnica consiste no espalhamento de uma solução diluída, do polímero de interesse, na superfície da membrana microporosa, seguida de uma etapa de evaporação controlada do solvente (Figura 24). Existem outras técnicas, de uso mais restrito, como a polimerização "in situ" e a polimerização por plasma. Na primeira o polímero é preparado, a partir dos monômeros, diretamente na superfície do suporte. Na segunda o suporte é mantido numa câmara de vácuo a qual, a partir de um dado instante, é alimentada por uma corrente de gas submetida a uma descarga elétrica de alta voltagem. A polímero formado nestas condições se deposita sobre a superfície do suporte na forma de uma película ultra fina. Alternativamente, membranas inorgânicas têm sido preparadas pela aplicação de uma camada seletiva produzida pelo processo sol-gel, sobre um suporte microporoso também inorgânico com estrutura resultante exemplificada na Figura 25. TÉCNICAS DE PREPARO DE MEMBRANAS DENSAS MEMBRANAS DENSAS ISOTRÓPICAS MEMBRANAS DENSAS ANIS0TRÓPICAS • Evaporação de Solvente • Extrusão • Laminação • Sopro • Inversão de fase ( integral ) • Deposição de um filme denso sobre um suporte microporoso ( composta). - “Casting” - Polimerização “in situ” - Polimerização por plasma COPPE/UFRJ Figura 23 - Técnicas de Preparo de Membranas Densas Pele densa Suporte poroso anisotropico Figura 24 - Seção transversal de uma membrana anisotrópica densa composta com suporte de poli(eter sulfona) e pele de EPDM. Figura 25 - Corte da seção transversal próximo a superfície densa (seletiva) de uma membrana inorgânica anisotrópica. ESCOLA PILOTO EM ENGENHARIA QUÍMICA TEMA: Processos de Separação com Membranas (TERCEIRA AULA) II - Caracterização de Membranas 3.1 - Introdução 3.2 - Caracterização de membranas Porosas 3.2.1 - Microscopia Eletrônica 3.2.2 - Porosimetria pelo Método da Intrusão de Mercúrio 3.2.3 - Adsorção e Dessorção de Gas 3.2.4 - Permeabilidade 3.2.5 - Ponto de bolha 3.2.6 - Permeação Gas - Líquido 3.2.7 - Rejeição de Solutos Polidispersos 3.2 - Caracterização de Membranas Densas 3.3 - Caracterização de Membranas Compostas 3.1 - Introdução Os processos de separação com membranas tem sido aplicados no fracionamento de misturas, soluções e suspensões envolvendo espécies de tamanho e natureza química diferentes. Por este motivo, estas aplicações requerem a utilização de membranas com características específicas. Dependendo da aplicação estas membranas podem apresentar diferenças significativas em termos funcionais e estruturais. O conhecimento da estrutura de membranas e sua relação com as propriedades de transporte é importante para uma melhor compreensão dos fenômenos envolvidos nos problemas de separação e fornece informações que permitem a selecionar a melhor estrutura para uma dada separação. A Tabela 1 apresenta a dimensão aparente de diferentes espécies presentes, por exemplo, em um processo fermentativo. Verifica-se que a dimensão aparente dessas espécies pode variar algumas ordens de grandeza ( de 10.000 a 0,2 nm). Qualquer que seja a técnica empregada no preparo de uma membrana, é necessária a sua caracterização, tendo em vista ao tipo de aplicação a que se destina. Cabe salientar que pequenas variações nas condições de síntese de uma membrana, em particular quando se usa a técnica da inversão de fase (membranas poliméricas), pode acarretar variações significativas em sua estrutura, alterando completamente sua performance. O que se busca com as técnicas de caracterização é relacionar propriedades estruturais das membranas com porosidade, distribuição de tamanho de poros, espessura no (caso e membranas porosas) e, cristalinidade e volume livre (no caso de membranas poliméricas densas), com suas características de separação. Deve ser enfatizado, no entanto, que muito embora características tais como porosidade, distribuição de poros, curva de corte, permeabilidade hidráulica e outras, sejam fornecidas pelos fabricantes, informações a respeito do desempenho das mesmas quando em operação em uma dada aplicações industrial, são normalmente omitidas. A título de exemplo, fluxos permeados em processos de ultrafiltração podem chegar a 10% do valor do fluxo permeado de água pura. O fluxo de água é um dado utilizado para caracterizar membranas de ultrafiltração. No caso de microfiltração, dependendo da aplicação, o fluxo permeado pode atingir valores ainda menores. Esta grande diferença entre o fluxo permeado obtido quando da caracterização das membranas e quando em operação em um processo industrial se deve a fenômenos como polarização de concentração e adsorsão das diferentes espécies na superfície e poros da membranas. Estes fenômenos seram abordados, com mais detalhes, no transcorrer do curso. Tabela 1 - Dimensão aparente de pequenas partículas, moléculas e ions*. Espécie Faixa de Tamanho (nm) Fungos e leveduras 1000 - 10000 Bactéria 300 - 10000 Emulsões de óleo 100 - 10000 Sólidos coloidais 100 - 1000 Vírus 30 - 300 Proteínas/Polissacarídeos ( PM: 104 - 106) 2 - 10 Enzimas ( PM: 104 - 105) 2 - 5 Antibióticos (PM: 300 - 1000) 0,6 - 1,2 Moléculas orgânicas ( PM: 30 - 500) 0,3 - 0,8 Ions inorgânicos ( PM: 10 - 100) 0,2 - 0,4 Água ( PM: 18 ) 0,2 * - Beaton, N. C. and Cooper, A.R. No caso de membranas porosas, o tamanho dos poros e sua distribuição de tamanhos irão determinar quais moléculas ou partículas serão retidas pela membrana e quais poderão passar através de seus poros. Via de regra, para este tipo de membrana, o material de que é feito a membrana pouca, ou nenhuma, influência tem na sua capacidade seletiva. Já no caso de membranas densas, como as utilizadas em separação de gases e pervaporação, a não existência de poros faz com que as características fisico-químicas do material que constitue a membrana seja determinante em sua performance. Neste caso o transporte através da membrana ocorre pela sorção da espécies no polímero seguida de sua difusão através da espessura da membrana ( ver Figura 1 ). Na Tabela 2 são apresentadas características básicas das membranas utilizadas nos diferentes processos de separação. Membranas porosasMembranas porosas e não porosas e não porosas Membrana porosa:Membrana porosa: microfiltração/microfiltração/ ultrafiltraçãoultrafiltração Membrana não porosa:Membrana não porosa: seperação de gases/seperação de gases/ pervaporaçãopervaporação Figura 1 - Esquema de membrana porosa e membrana densa Tabela 2 - Características básicas das membranas para os diferentes processos de separação. PROCESSO Tamanho de Poro Características Mecanismo de Separação Observações Microfiltração 5 - 0.05 Erro! Fonte de referência não encontrada. misotrópicaa Erro! Fonte de referência não encontrada. ~ 10- 50 % por tamanho Ultrafiltração 50 - 3 nm anisotrópica Erro! Fonte de referência não encontrada. ~ 0.1 - 10 % por tamanho cerâmica Erro! Fonte de referência não encontrada. ~10 - 50% Osmose Inversa 1- 0.1 nmb anisotrópica sorção/ difusão Dialise 10 - 0.1 nm porosidade elevada Erro! Fonte de referência não encontrada. ~ 50 % difusão Matriz pol. altamente inchada Eletrodialise 10 - 0.1 nm densidade de carga Erro! Fonte de referência não encontrada. - potential diferença de carga elétrica Separação de Gases < 0.1 nm anisotrópica sorção/ difusão Pervaporação < 0.1 nm anisotrópica sorção/ difusão volatilidade dos permeantes a) porosidade da "top layer" no caso de membranas anisotrópicas e porosidade global no caso de membranas isotrópicas b) transição entre microporos e espaço intermolecular. 3.2 - Caracterização de membranas Porosas Uma membrana porosa está perfeitamente caracterizada se forem conhecidos os seguintes parâmetros : porosidade superficial, tamanho e distribuição de tamanho de poros. Qualquer que seja a técnica de caracterização empregada um dos problemas a ser enfrentado é a definição da forma e da geometria dos poros da membrana. Os poros, via de regra, são irregulares. No entanto, algumas hipóteses são efetuadas de maneira a que se possa utilizar modelos conhecidos. Assim, ao se utilizar a equação de Hagen-Poiseuille se está admitindo que os poros apresentam a forma de cilindros paralelos, ao passo que se a equação de Kozeny-Carman for empregada a forma dos poros correspondem ao espaço livre entre esferas de mesmo diâmetro em contato. Na Figura 2 é apresentada uma comparação entre a estrutura real e uma estrutura ideal da "pele" de uma membrana de ultrafiltração. Estrutura dos poros: ideal/realEstrutura dos poros: ideal/real modelomodelo ‘realidade’‘realidade’ 11 22 33 1. estrangulamento1. estrangulamento 2. poro sem saida2. poro sem saida 3. raio hidráulico3. raio hidráulico “pele”“pele” subcamadasubcamada Figura 2 - Comparação entre estruturas real e ideal da "pele" de uma membrana de ultrafiltração Independente da forma dos poros é importante que estes poros sejam passantes, Somente estes poros contribuem para o fluxo permeado. No entanto, algumas técnicas de caracterização detectam, indiscriminadamente, poros ativos e não ativos. Além da forma dos poros a porosidade superficial é outro importante parâmetro. Dela depende o valor do fluxo permeado, para uma dada aplicação. Membranas de microfiltração apresentam porosidade superficial que variam de 5 a 70%. As membranas de ultrafiltração são muito mais densas, apresentando uma porosidade superficial na faixa de 0,1 a 1%. As diferentes técnicas de caracterização de membranas porosas permitem a determinação de parâmetros de duas naturezas: Erro! Fonte de referência não encontrada. parâmetros relacionados a estrutura da membrana, como tamanho de poro distribuição de tamanho de poros, espessura da "pele" e porosidade superficial. Erro! Fonte de referência não encontrada. Parâmetros relacionados com a permeabilidade, como curva de corte e fluxo permeado. Diversos métodos têm sido propostos para a caracterização da morfologia de membranas microporosas. Basicamente, existem dois enfoques distintos, ou seja, a observação direta da membrana e a determinação, por métodos indiretos, de fatores relacionados ao tamanho e densidade de poros (Kesting, 1985). A observação direta da morfologia da membrana é feita por microscopia eletrônica e, em alguns casos, microscopia ótica. Estes métodos são bastante úteis para a análise da estrutura real da membrana, sendo possível detectar defeitos e macroporos. A principal limitação é a faixa de tamanho de poros que pode se observada, pois poros pequenos (<0,01µm) estão próximos ao limite de resolução. Desta forma, a microscopia somente pode auxiliar em análises qualitativas sobre o efeito das variáveis envolvidas no preparo da membrana, assim como, sobre o comportamento da membrana no processo de permeação. Como em meios porosos tradicionais, os parâmetros mais usuais para caracterizar uma estrutura porosa são: o tamanho médio de poros, a distribuição de tamanho de poros, a porosidade, a tortuosidade e a área superficial específica. Estes parâmetros podem ser estimados por vários métodos, que diferem entre si principalmente na forma de avaliar os espaços vazios. Métodos dinâmicos medem apenas os poros contíguos, enquanto métodos estáticos levam em conta todos os espaços vazios disponíveis, independente de serem ou não contíguos. (Altena et alii, 1983). Quando métodos indiretos são utilizados, deve ser ressaltado que parâmetros como o tamanho médio de poros ou a distribuição de tamanho de poros, não têm significado geométrico verdadeiro. Estes parâmetros são calculados como base em poros cilíndricos paralelos hipotéticos que devem apresentar um comportamento equivalente aos espaços vazios reais. Outro aspecto à ser salientado é a presença de anisotropia. Neste caso, os parâmetros ligados à morfologia devem ser determinados em relação à camada superficial (pele) da membrana. Os principais métodos de caracterização de membrana porosas são apresentados resumidamente na Tabela 3. O métodos mais utilizados serão discutidos a seguir 3.2.1 - Microscopia Eletrônica Basicamente são utilizadas duas técnicas para caracterização de membranas: a microscopia eletrônica de varredura (MEV/ "SEM") e a microscopia eletrônica de transmissão (MET/ "TEM"). Ambas as técnicas permitem uma caracterização rápida e precisa da estrutura porosa de membranas de microfiltração. Além disso a microscopia eletrônica tem sido muito utilizada na análise das subestruturas porosas das membranas assimétricas. O limite de resolução dos microscópios eletrônicos está por volta de 0,01Erro! Fonte de referência não encontrada.m ( 10nm ) e por este motivo é possivel uma boa caracterização de membranas de microfiltração que apresentam poros na faixa de 0,1 a 10Erro! Fonte de referência não encontrada.m. Mesmo com microscópios sofisticados ( resolução de até 5nm ) não é possivel utilizar esta técnica para caracterizar membranas de ultrafiltração. Quando um material polimérico é analisado ao microscópio eletrônico a amostra corre a rico de se alterar, ou mesmo queimar, devido a alta voltagem empregada para a aceleração dos eletrons. Quando isso ocorre, além de se perder a amostro, danifica-se o microscópio. Este problema é contornado recobrindo-se a amostra com uma fina camada metálica ( ~ 300 A0 ), normalmente em ouro. Neste caso a amostra deve ser seca e novos cuidados devem ser tomados com o intuito de se evitar o colapso dos poros menores durante o processo de secagem, face as forças capilares. A técnica mais simples é substituir a água ( tensão superficial elevada, Erro! Fonte de referência não encontrada.=72x10-3N/m), presente nas poros das membranas uma vez que é o não solvente normalmente utilizado na etapa se síntese das membranas, por outros líquidos de menor tensão superficial. A escolha dos líquidos depende do polímero de que é feito a membrana, uma vez que o líquido não deve inchar o polímero. Via de regra, para os polímeros de uso mais corrente como polissulfona, polietersulfona, polieteramida e policarbonato, substitui-se a água pelo etanol e este pelo hexano, o qual, devido a baixa tensão superficial e alta volatilidade evapora dos poros sem deformá-lo líquido, para evitar deformação no corte, recobertas com ouro em um "spputering" e analisadas ao microscópio eletrônico. Nas figuras 3 e 4 são apresentadas as fotomicrografias da superfície de uma membrana de microfiltração e da secção transversal de duas membranas assimétricas de ultrafiltração. Tabela 3 - Principais métodos de caracterização de membranasmicroporosas Método Princípio Faixa de Tamanho de Poros Limitações Vantagens M/P* Microscopia Eletrônica Erro! Fonte de referência não encontrada . 500 A0 - boa definição para poros Erro! Fonte de referência não encontrada. que 500 A0 - determina distribuição de tamanho de poros. M Porosimetria de Mercúrio Equilíbrio entre Pext. e Erro! Fonte de referência não encontrada.sup. 7,5 Erro! Fonte de referência não encontrada .m a 20 A0 -pressões elevadas -presença assimetria -rapidez - determina a distr.de poros M Adsorsão e desorção de gas Condensação capilar / tensão superficial 500 A0 a 15 A0 -equilíbrio lento -presença assimetria - determ. a dist. de poros M Termoporometria abaixamen. da temp. de fusão em função do raio do poro 1500 A0 a 15 A0 - interação líq./polím. - presença assimetria - a amostra não é submet- secagem e compressão M Permeação ampla Só valores mé- dios podem ser obtidos equip.simples de medidas rápidas. P Ponto de Bolha tensão superficial -só para poros com diâmetro Erro! Fonte de referência não encontrada. 1000 A0 equip.simples de medidas rápidas. M Permeação de líquido + ponto de bolha Desobstrução do poro quando Pext. Erro! Fonte de referência não encontrada. Erro! Fonte de referência não encontrada.sup. Erro! Fonte de referência não encontrada . 300 A0 - não é sensivel para poros pequenos - determina poro máximo e distr. de poros. P/M Perporometria Combinação: condensação capilar/perm. de gases 300 A0 a 20 A0 - interação penetrante/pol. - distribuição de tamanho de poros P/M Rejeição parcial de solutos relação entre retenção e tamanho de poros (r) ampla - relação peso molecular/geo- metria. - deform. da macromolécula - determina distribuição de tamanho de poros P * M - Parâmetros relacionados com a morfologia da membrana. P - Parâmetros relacionados com a permeabilidade CARACTERIZAÇÃO DE MEMBRANAS MICROPOROSAS Curva de Distribuição de Tamanho de Poros Microscopia Eletrônica Superfície da Membrana rp n Figura 3 - Superfície de uma membrana microporosa de policarbonato Quando um material polimérico é analisado ao microscópio eletrônico a amostra corre a rico de se alterar, ou mesmo queimar, devido a alta voltagem empregada para a aceleração dos eletrons. Quando isso ocorre, além de se perder a amostro, danifica-se o microscópio. Este problema é contornado recobrindo-se a amostra com uma fina camada metálica ( ~ 300 A0 ), normalmente em ouro. Neste caso a amostra deve ser seca e novos cuidados devem ser tomados com o intuito de se evitar o colapso dos poros menores durante o processo de secagem, face as forças capilares. A técnica mais simples é substituir a água ( tensão superficial elevada, Erro! Fonte de referência não encontrada.=72x10-3N/m), presente nas poros das membranas uma vez que é o não solvente normalmente utilizado na etapa se síntese das membranas, por outros líquidos de menor tensão superficial. A escolha dos líquidos depende do polímero de que é feito a membrana, uma vez que o líquido não deve inchar o polímero. Via de regra, para os polímeros de uso mais corrente como polissulfona, polietersulfona, polieteramida e policarbonato, substitui-se a água pelo etanol e este pelo hexano, o qual, devido a baixa tensão superficial e alta volatilidade evapora dos poros sem deformá-lo líquido, para evitar deformação no corte, recobertas com ouro em um "spputering" e analisadas ao microscópio eletrônico. Na Figura 3 e nas Figuras 4 e 5 são apresentadas as fotomicrografias da superfície de uma membrana de microfiltração e das secções transversais de duas membranas assimétricas de ultrafiltração. Figura 4 - Corte transversal de uma membrana anisotrópica de polietersulfona. Figura 5 - Corte transversal de uma membrana isotrópica de polietersulfona. 3.2.2 - Porosimetria pelo Método da Intrusão de Mercúrio A caracterização de meios porosos por intrusão de mercúrio é efetuada a partir de medidas do volume de mercúrio que penetra nos poros de uma membrana seca, em função da pressão aplicada. O método baseia-se na equação de Laplace que fornece uma relação entre o raio do poro (rp) e a pressão (P) necessária para se vencer a tensão superficial entre o líquido ( mercúrio) e o material de que é feito a membrana, ou seja: r Pp = − 2σ θcos (1) onde Erro! Fonte de referência não encontrada.é a tensão superficial mercúrio/ar e Erro! Fonte de referência não encontrada. o ângulo de contato do mercúrio com o polímero. Como o mercúrio não molha a polímero, o ângulo de contato é maior que 900 e, conseqüentemente o cosErro! Fonte de referência não encontrada. é negativo. Esta é a razão do sinal negativo na equação 1. A tensão superficial mercúrio/ar é em torno de 0,48 N/m e o ângulo de contato do mercúrio com materiais poliméricos é por volta de 1430. Tendo em vista que o volume de mercúrio pode ser medido com precisão, o método permite uma determinação precisa da distribuição de tamanho da membrana microporosa. Deve ser salientado que o referido método apresenta restrições no caso da presença de poros pequenos. neste caso a pressão a ser aplicada deve ser muito elevada e pode deformar a estrutura da membrana. O método só deve ser aplicado na caracterização de membranas simétricas e não exclui os poros não passantes. A Figura 6 apresenta um curva típica de volume acumulado de mercúrio na amostra porosa em função da pressão aplicada. Na Figura 7 encontra-se representado o histograma da distribuição de poros de uma membrana microporosa da MIllipore do tipo HAWF 047. Figura 6 - Curva típica de porosimetria de mercúrio. Volume acumulado em função da pressão aplicada. 30 20 10 0 2 3 4 5 6 7 8 9103 10 4 r (A ) 0 1000 = 0,1µm (A ) 0 %Vp Figura 7 - Histograma da distribuição de poros de uma membrana microporosa da Millipore do tipo HAWF 047 determinada por porosimetria de mercúrio (Borges, C.P.). 3.2.3 - Adsorção e Dessorção de Gas Esta técnica é muito utilizada na caracterização de materiais cerâmicos porosos e de catalisadores e consiste em se medir o volume de gás adsorvido em um meio poroso em função da pressão relativa deste gás para uma dada temperatura. (Prel.=P/Po, ou seja, a relação entre a pressão aplicada e a pressão de saturação do gás na temperatura do experimento). O nitrogênio é utilizado, normalmente, como gás a ser adsorvido. Inicia - se a obtenção da isoterma de adsorsão à baixas pressões relativas. Devido a forças de dispersão, moléculas do gas irão se adsorver na superfície do material poroso. Esta adsorção, no entanto, é restrita a a uma fina camada sobre as paredes dos poros. As moléculas adsorvidas estão em equilíbrio termodinâmico com a fase gasosa acima da superfície e a quantidade adsorvida é determinada pela pressão relativa do gas e pela curvatura da interface. Com a aumento da pressão relativa mais moléculas são adsorvidas formando novas camadas de líquido. Devido a curvatura da interface ocorre um abaixamento da pressão de vapor do líquido e tão logo a curvatura do menisco passe por um valor crítico, os poros que apresentam meniscos com esta curvatura são rapidamente preenchidos com o gas condensado, ou seja , ocorre a condensação capilar. A medida que a pressão relativa aumenta a condensação capilar passa a ocorrer em poros de dimensões maiores. A Figura 8 apresenta um esquema da seqüência acima descrita. Pr1 = 1 a) 2 rk Pr2 < 1 b) 2 rk Pr3 < Pr2 < 1 c) Pr4 = 0 d) 2 r = 2 r + 2 t kp t t Figura 8 - Etapas durante a adsorção: de a a d a pressão de vapor relativa aumenta.
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