Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Blendas Poliméricas Ticiane Valera Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Poliestireno (PS) Polietileno (PE) Poli(teraftalato de etileno) -PET Poliamidas (nylon) Poli(cloreto de vinila) -PVC Pesquisa de uma nova molécula 15 milhões de dólares até a fase de Planta Piloto (150 milhões). • Longo tempo para o desenvolvimento do sistema de polimerização • Equipamentos especiais Novo Material Nova Molécula ?? Polímero A Sinergismo de propriedades Misturas Poliméricas ou Blendas Poliméricas Polímero B Pesquisa de uma nova blenda ~~alguns milhões. Investimento de capital basicamente em equipamentos de mistura. Oferecem alternativa para reciclagem N úm er o de p at en te s d e bl en da s po lim ér ic as de po si ta da s no s EU A 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 1982 1989 1996 2003 2010 2017 Ano Utracki, L.A.: Polymer Alloys and Blends, Hanser, New York, 1990 Por que Misturar ? • 1960s: Modificar um polímero específico para melhorar uma propriedade específica, ex.: resistência ao impacto. • 1970s: Diluir plásticos de engenharia com commodities para reduzir custo. • 1980s: Melhorar a processabilidade de polímeros de alto desempenho. • 1990s em diante: garantir conjuntos de propriedades específicas desejadas para certa aplicação. Utracki, L.A.: Polymer Alloys and Blends, Hanser, New York, 1990 Por que Misturar ? • Resistência ao impacto • Processabilidade • Resistência à tração • Rigidez • HDT • Flamabilidade • Resistência a Solventes • Estabilidade Térmica • Estabilidade Dimensional • Brilho • Outros 38 18 11 8 8 4 4 3 3 2 6 Utracki, L.A.: Polymer Alloys and Blends, Hanser, New York, 1990 Por que Misturar ? Sinergismo Obter conjunto de propriedades Reduzir custo Blendas poliméricas são materiais originários da mistura física de dois ou mais polímeros, sem que haja um elevado grau de reação química entre eles. Polímero A Polímero B 10 mícrons Fase dispersa Fase matriz Métodos de Obtenção Solução: • Uso de solventes para dissolução dos componentes, seguido de evaporação (processo casting) Mistura mecânica: • Mistura no estado fundido • Equipamento mais comum: extrusoras Razões para obtenção de Blendas Poliméricas • Melhoria de propriedades: resistência ao impacto, rigidez, ductilidade, resistência química, propriedades de barreira, resistência à abrasão, inflamabilidade, etc. • Melhora na processabilidade do material. • Facilidade de reciclagem. • Diluição de um polímero (em geral os polímeros de engenharia) para reduzir o custo do produto. Poliamida: Nylon Polivinil butiral 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 Poliamida: PA PA + 20% PVB PA + 40% PVB Re si st ên ci a ao I m pa ct o (J /m ) “Polymer Toughening Using Residue of Recycled Windshields: PVB film as impact modifier”,, EUROPEAN POLYMER JOURNAL Volume: 44 Issue: 3 Pages: 755-768 Importância • Baixo custo de desenvolvimento (quando comparado ao custo de desenvolvimento de novas moléculas) • Processamento fácil (quando comparado ao processamento de materiais com multicamadas). Potencial para utilização em várias áreas • indústria automobilística • indústria de eletro-eletrônicos • indústria de embalagens • bens de consumo Miscível (água e vinagre) Imiscível (água e óleo) Blenda Polimérica Miscível (água e vinagre) única fase (homogênea até nível molecular) ΔG = Δ H - T Δ S ΔG - energia livre ΔH – entalpia ΔS - entropia ΔG 0 Blenda Polimérica Miscível (água e vinagre) única fase ΔG = Δ H - T Δ S ΔG 0 Blenda Polimérica Fatores que afetam a miscibilidade dos polímeros: Ligação de hidrogênio Interações dipolares e iônicas Interações entre ácidos e bases de Lewis (diminuem a entalpia do sistema - Δ H ) Miscível (água e vinagre) Imiscível (água e óleo) Blenda Polimérica duas ou mais fases distintas ΔG = Δ H - T Δ S ΔG > 0 única fase ΔG = Δ H - T Δ S ΔG 0 Miscibilidade x Compatibilidade Miscibilidade é definida como uma mistura íntima entre cadeias moleculares de diferentes polímeros (mistura em nível molecular), ocorrendo a formação de uma única fase. O sinônimo de miscibilidade para mistura de compostos químicos de baixa massa molar é solubilidade. Compatibilidade é um termo mais genérico que miscibilidade e se refere aos estados de mistura com as quais foram ou não obtidas as propriedades desejadas. Um sistema polimérico pode ser imiscível e compatível. Como verificar a miscibilidade de uma blenda? MEV: Microscopia Eletrônica de Varredura Blenda Miscível Blenda Imiscível Análise de Tg – temperatura de transição vítrea Análise Térmica DSC _ calorimetria exploratória diferencial Polímero A Polímero B Blenda imiscível Blenda compatibilizada Blenda miscível • Compatibilizada: Este tipo de blenda, que exibe uma fina morfologia de fase e propriedades satisfatórias, é referida como compatível. Ambas as fases são homogêneas e possuem sua própria Tg, porém estas são deslocadas dos valores dos polímeros puros em direção à Tg do outro polímero. Imiscível. Elas apresentam uma grosseira morfologia de fase, a interface não apresenta interações, havendo uma adesão pobre entre as fases, cada uma exibindo Tg dos polímeros puros. Miscível: Estes blendas possuem apenas uma Tg, que está entre as Tg's de ambos os componentes. Avaliação da Tg • Limitações – Quando se determina a Tg para uma blenda por DSC ou DTA, muito raramente duas Tg são observadas para baixas concentrações de um polímero (<10%) – Também esse método não pode ser utilizado em sistemas nos quais Tg <20oC pois a transição não consegue ser detectada. Dispersão de gotas Fibrilar Lamelar A maioria das blendas são imiscíveis Duas fases Controlar a evolução da morfologia Controlar as propriedades da blenda resultante Não representa um problema A maioria das blendas são imiscíveis Duas fases Tamanho da fase dispersa Distribuição dos tamanhos da fase dispersa Controlar a evolução da morfologia Propriedades reológicas dos materiais que formam a blenda Composição da blenda Condições de processamento da blenda Compatibilidade entre os componentes que formam a blenda Propriedades reológicas dos materiais que formam a blenda Razão de viscosidade k = m (viscosidade da fase matriz) d (viscosidade da fase dispersa) k 1 Morfologia “grossa” e menos uniforme 1/3 k 1 Morfologia “fina” e mais uniforme Controlar a evolução da morfologia Propriedades reológicas dos materiais que formam a blenda Composição da blenda Condições de processamento da blenda Compatibilidade entre os componentes que formam a blenda Composição da Blenda Gotas de B numa matriz A A 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 B 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Gotas de A numa matriz B Inversão de fase Jordhamo G.M., J.A. Manson, Sperling L.H., Polym. Eng. Sci., 26, 518 (1986) 31 Composição Xx V V I II II I V: fração em volume dos polímeros e : viscosidade Se X > 1, a fase I é a fase contínua Se X 1, inversão de fase, Se X <1, a fase II é a fase contínua Composição da Blenda Vinil butiral Vinil álcool Vinil acetato Nylon-6 70/30 dn = 0,86m 80/20 dn=0,68m90/10 dn=0,53m Composição da Blenda 60/40 dn=1,05m 0 300 600 900 1200 1500 1800 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Fração mássica de PVB (%) R es is tê n ci a ao I m pa ct o Iz od c om e nt al h e (J /m ) Injeção Paralela Injeção Perpendicular Controlar a evolução da morfologia Propriedades reológicas dos materiais que formam a blenda Composição da blenda Condições de processamento da blenda Compatibilidade entre os componentes que formam a blenda Processamento Extrusão Dependendo da matriz usada eda taxa de cisalhamento (velocidade e do perfil da rosca) Dispersão de gotas ou Fibrilar Zona de compressão Zona de dosagem Zona de alimentação Processamento Zona de compressão Zona de dosagem Zona de alimentação Extrusora de rosca dupla Altas taxas de cisalhamento Extrusora de rosca simples Menores taxas de cisalhamento Extrusão Dispersão de gotas ou Fibrilar Morfologia “grossa” e menos uniforme Morfologia “fina” e mais uniforme Dependendo da matriz usada e da taxa de cisalhamento (velocidade e do perfil da rosca) Processamento Injeção Dependendo do molde usado e do tipo de blenda Morfologia em camadas Processamento Camadas próximas à superfície (contato com o molde) Morfologia fibrilar ou Gotas alongadas Camadas internas Morfologia de dispersão de gotas Injeção Dependendo do molde usado e do tipo de blenda Morfologia em camadas Superfície do molde Superfície do molde Controlar a evolução da morfologia Propriedades reológicas dos materiais que formam a blenda Composição da blenda Condições de processamento da blenda Compatibilidade entre os componentes que formam a blenda Compatibilidade entre os componentes Blendas imiscíveis Fraca adesão entre as fasesMorfologia não uniforme Compatibilização Melhor interação entre as fases Adição de um copolímero em bloco ou grafitizado (compatibilizantes) Funcionalização Compatibilização Altera a morfologia Dispersão uniforme OK Morfologia Estável OK Adição de um copolímero em bloco ou grafitizado Monômero A Polímero Copolímero em bloco A-b-B Copolímero grafitizado ou enxertado A-g-B AAAAAAAAAAAAAAAAAA BBBBBBBBBBBBBBBBBBMonômero B Polímero AAAAAAAAABBBBBBBBB AAAAAAAAAAAAAAAAAA B B B B B B B Definição de copolímero Copolímero aleatório ou randômico A-ran-B AAABBAABBBABAABBBB Ex: SBS – borracha termoplástica de estireno e butadieno (tribloco) EX: ABS Copolímero de acrilonitrila-butadieno-estireno Cadeia principal de butadieno com adição de estireno-acrilonitrila Polímero B Polímero A Interface da blenda A/B Bloco AAAAAAA Bloco BBBBBBB Copolímero em bloco AAAAAAABBBBBBB na interface da blenda A/B Polímero B • Adição do copolímero Funcionalização Um grupamento funcional capaz de reagir quimicamente com um dos polímeros é grafitizado na molécula do outro polímero Ocorre uma reação química na interface, tornando os polímeros compatíveis. Ex: Blenda de Polietileno e EVOH (copolímero de etileno e vinil álcool) com anidrido maleico Polietileno Impermeável à água Permeável a gases EVOH Impermeável a gases PE/EVOH Blenda utilizada em embalagens Funcionalização Polietileno grafitizado com anidrido maleico Efeitos da adição de um agente compatibilizante redução da tensão interfacial entre os componentes da blenda boa estabilidade da morfologia redução do tamanho da fase dispersa melhor adesão na interface Redução da tensão interfacial entre os componentes da blenda Blenda PP/PS 90/10 compatibilizada com SEBS ou SBS Afinidade entre as fases : menor tensão interfacial Menor afinidade entre as fases : maior tensão interfacial Boa estabilidade da morfologia: Redução da coalescência das partículas da fase dispersa: morfologia fina Coalescência das gotas Agente compatibilizante localizado na interface impedindo a aproximação das gotas (barreira) Redução do tamanho da fase dispersa Blenda PP/PEAD 80/20 0% EPDM 10%EPDM 2% em relação a blenda total 0 5 10 15 20 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 EPDM SEBS EVA R ai o vo lu m ét ric o m éd io ( m ) Concentração de compatibilizante (% em massa) MEV de blendas PS/PMMA Blenda compatibilizadaBlenda não compatibilizada O trabalho de adesão entre duas fases é dado por: 21 SSaW Wa é o trabalho de adesão entre as duas fases, S1, S2 são as tensões superficiais dos dois componentes é a tensão interfacial entre os polímeros formadores da blenda Melhor adesão na interface: Diminuição da tensão interfacial entre os componentes da blenda Adição de compatibilizante Redução da tensão interfacial Aumento da adesão entre as fases Logo, as tensões necessárias para o aparecimento de quebra por fragmentação na interface são maiores, melhorando as propriedades mecânicas da mistura. L.A. Utracki: Encyclopaedic dictionary ofComeercial Polymer Blends, ChemTec Publishing, Toronto, 1996 Como fazer uma blenda ? 1. Definir as propriedades que a blenda deve ter 2. Escolher os diversos polímeros que possuem as propriedades necessitadas 3. Listar as vantagens e desvantagens desse polímeros 4. Desses polímeros escolher os que juntos terão as propriedades necessárias 5. Determinar a compatibilidade desses materiais ou a possibilidade de serem compatibilizados 6. Examinar os custos (polímeros, compatibilizantes...). Caso seja caro escolher outros polímeros 7. Definir a morfologia que dará as melhores propriedades 8. Selecionar as propriedades reológicas dos componentes, as composições, quantidades de compatibilizantes 9. Determinar o método de estabilização da morfologia (reação química) 10. Selecionar o processamento que fornecerá a morfologia desejada Aplicações PP/EPDM Santoprene – Monsanto Perfis de janelas, capôs, porta malas Dutos de ar Coifas de proteção de amortecedor, de direção etc. Principais Blendas utilizadas no mercado brasileiro EPDM: copolímero de etilieno-propeno- dieno E.R. Simielli: Compostos de Polipropileno, Apostila 1990 67 PP/EPDM Tabela 2 – Propriedades Mecânicas de Polipropileno Modificado com EPDM Propriedades PPcopo PPcopo + 20% EPDM PPcopo +C.M +EPDM PPcopo + F.V. +EPDM Res Tração (Mpa) 29,0 21,0 16,0 18,0 Mod Flexão (Mpa) 1400,0 900,0 1200,0 1700,0 Res Impact Izod (J/m) 23o C -20o C 85,0 25,0 700,0 500,0 300,0 55,0 300,0 90,0 HDT a 1,82 MPa(o C) 55,0 45,0 55,0 52,0 Contração (%) 1,0-2,0 1,0-2,0 0,8-1,5 0,6-1,2 PC+ABS Bayblend (Bayer) Cycoloy (GE Plastics) PBT+PC Makroblend (Bayer) Xenoy (GE Plastics) Peças de painel de carros, carcaças de lanternas de automóveis, carcaças de equipamentos eletrônicos, carcaças de telefones celulares, etc Grades de radiador; Pára-choques Principais Blendas utilizadas no mercado brasileiro ABS Copolímero graftizado de butadieno –acrilonitrila-estireno PC/ABS • Propriedades dependem da proporção dos monômeros no ABS • Em geral – ótima resistência ao impacto – elevada resistência térmica – alta rigidez – alta dureza – excelente estabilidade dimensional – baixa contração de moldagem – Brilho superficial PC/ABS Propriedades de blenda poliméricas de PC/ABS Propriedades PC/ABS 45/55 PC/ABS 70/30 HDT a 1,82 MPa (oC) 105 120 Resistência ao Impacto Izod 23o C (J/m) 350 600 Módulo Flexão (MPa) 2600 2700 Resistência à Tração (Mpa) 60 63 Densidade (g/m2) 1,1 1,5 PPO + HIPS Noryl – GE Plastics PPO + PA Noryl GTX – GE Plastics Grades frontais, calotas, portas. Pára-choques e painéis laterais, painéis de instrumentos, aerofólios, bobinas e conectores para telecomunicações Principais Blendas utilizadas no mercado brasileiro Blendas a base de PPO • PPO: poli(2,6 dimetil oxifenileno) GE em 1964, – muito difícil de processar e portanto não adquiriu importância comercial – Tg= 208o C, Tm = 257oC, – =18,4-19 (MJ/m3)1/2 facilmente solubilizado em hidrocarbonatos – menor absorção de água dentre os plásticos de engenharia • 1966 : Noryl PPO modificado com HIPS – baixa absorção de água – Resistência a hidrólise – Alta resistência a temperatura – Excelente característica de isolação elétrica – Elevada resistência ao creep – Baixa contração no molde – Excelente estabilidade dimensional – Facilidade de processamento Blendas a base de PPO • Hoje em dia existem mais de 30 tipos de Noryl (Noryl GTX com PA) – Mesmas característicasdo que Noryl – maior resistência à temperatura – maior resistência química – maior absorção de umidade – maior contração no molde e pós-contração • PPO/HIPS, PPO/Poliamida – pára-choques, painel de carro – componentes para industria automobilística Blendas a base de PPO Propriedades Físicas de PPO e suas blendas Poliméricas Propriedades ASTM PPO Noryl Noryl GTX Densidade 23o C g/cm3 D792 1,06 1,06 1,10 Absorção H20 24 hs 23oC % D570 0,03 0,07 0,40 HDT a 0,45 MPa (oC) D648 180 137 180 Impacto IZOD 23o C D256 65 270 250 Módulo de Flexão (MPa) D790 2600 2500 2000 Resistência à Tração (MPa) D638 80 66 50 Contração no molde D1299 0,5-0,7 0,5-0,7 1,2-1,6 Referências • J.M.G. Cowie. Polymers: Chemistry and Physics of Modern Materials, 2nd edition,1991, Blackie Academic and Professional. • Ciência dos polímeros: um texto básico para tecnólogos e engenheiros, Sebastião V. Canevarolo Jr., Editora Artliber, 2º edição, 2006. • UTRACKI, L.A. Polymer alloys and blends: thermodynamics and rheology. Munich, Hanser, 1989.
Compartilhar