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11 LEIS ESPECIAIS - APOSTILA RESUMO

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LEIS ESPECIAIS 
 
EVOLUÇÃO DA FORMA PENAL 
 
O direito penal tem a finalidade de proteger os bens mais valiosos que temos, como a vida, saúde etc.; 
e deve-se recorrer a ele quando os demais ramos do direito não forem suficientes. Nas palavras de Rogério 
Greco: “Como direito penal objetiva-se tutelar os bens que, por serem extremamente valiosos, não do ponto 
de vista econômico, mas sim político, não podem ser suficientemente protegidos pelos demais ramos do 
direito”. 
 
Considerações Exemplificativas 
 
Consideremos as seguintes situações hipotéticas: 
 
a) Um Policial Militar, de serviço se depara com um indivíduo, maltratando qualquer animal, 
domésticos, domesticados, silvestres ou exóticos – como abandono, envenenamento, presos 
constantemente em correntes ou cordas muito curtas, manutenção em lugar anti-higiênico, mutilação, 
presos em espaço incompatível ao porte do animal ou em local sem iluminação e ventilação, utilização em 
shows que possam lhes causar lesão, pânico ou estresse, agressão física, exposição a esforço excessivo e 
animais debilitados (tração), rinhas. 
 
Nesses casos cabe a intervenção policial para reprimir o crime de crueldade contra 
animais, previsto no artigo 32 da Lei Ambiental 
b) Um Policial Militar, de serviço, recebe uma denúncia de um consumidor de que em um 
determinado supermercado existe mercadoria imprópria para consumo, ou porque tem data de validade 
vencida ou porque mal acondicionada. 
 
Não há dúvida de que se comprovado for a causa que torna a mercadoria imprópria, o fornecedor 
poderá responder civil, penal e administrativamente. Lembre-se de que embora a vigilância sanitária 
deva ser acionada para as medidas administrativas, o policial será o responsável pela ocorrência sob o 
aspecto penal encaminhando as partes para a Delegacia Distrital ou Especializada por tratar-se de 
crime contra a relação de consumo previsto no artigo 7º, inciso IX, da Lei 8137/90. 
 
c) Um Policial Militar, de serviço, resolveu torturar um preso sob sua guarda, com objetivo de obter 
uma declaração sobre o paradeiro de uma arma de fogo utilizada na prática do crime, e, antes que isso 
ocorresse, o seu superior tomou conhecimento do fato. O superior não concordava com a tortura e não a 
praticou, mas nada fez para evitá-la. 
 
Nessa situação, tanto o policial, quanto o superior, poderiam ser responsabilizados penalmente, com 
base na lei que define os crimes de tortura: o subordinado pela tortura prova e o seu superior pela 
omissão em em face de tortura. 
 
 
ABUSO DE AUTORIDADE 
 
Disposições Gerais da Nova Lei de Abuso de Autoridade 
 
A definição sobre os crimes de abuso de autoridade, contida no artigo 1º da nova lei, nos indica a 
necessidade da existência de determinados requisitos, de forma concomitante, para a sua prática: 
 Serem cometidos por agente público, servidor ou não, 
 Com o abuso do poder que lhe é atribuído em razão do seu cargo público, 
 No exercício de suas funções públicas ou a pretexto de exercê-las, 
 Praticadas com a finalidade específica de: 
 
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Prejudicar outra pessoa; Beneficiar a si mesmo ou a terceiro; e Por mero capricho ou 
satisfação pessoal 
Entre os requisitos acima elencados, é importante compreender o que vem a ser dolo específico e a sua 
diferença para o dolo eventual: 
 
Dolo específico: a vontade do agente, ao praticar o ato, contém uma especial finalidade => a conduta é 
praticada com um especial fim de agir. 
 
Dolo eventual: O agente prevê que o ato que está praticando poderá produzir um determinado resultado, 
mas, apesar do agente não querer produzir esse resultado, ele continua praticando o ato e, agindo dessa 
forma, o agente assume o risco de efetivamente produzir esse resultado. 
 
Atenção: Em razão da exigência da finalidade específica para a prática dos crimes de abuso de 
autoridade, não se admite a modalidade culposa, não há previsão de nenhum crime culposo na lei de abuso 
de autoridade. 
 
Atenção: O parágrafo 2º do artigo 1º da nova lei de abuso de autoridade trouxe a previsão de que a 
divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. Se 
o legislador, ao elaborar a nova lei, criminalizasse tal conduta, estaria tipificando o crime de hermenêutica. 
 
SUJEITO ATIVO 
 
Os crimes de abuso de autoridade são classificados como crimes próprios em razão da imposição de 
uma condição especial para o sujeito ativo => tais crimes só poderão ser praticados pelo sujeito ativo 
especificado no tipo penal => nos crimes de abuso de autoridade são os agentes públicos no sentido amplo. 
Sujeito ativo: Está definido no caput do artigo 2º e seus incisos: sujeito ativo do crime de abuso de 
autoridade é qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, 
compreendendo, mas não se limitando a: 
 
a) Servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; 
b) Membros do Poder Legislativo; 
c) Membros do Poder Executivo; 
d) Membros do Poder Judiciário; 
e) Membros do Ministério Público; 
f) Membros dos tribunais ou conselhos de contas. 
 
Agente público: Está conceituado no parágrafo único do artigo 2º, é todo aquele que exerce, ainda que 
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra 
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos 
pelo caput do artigo 2º, definição de sujeito ativo para os efeitos da lei dos crimes de abuso de autoridade. 
 
Atenção: O particular (indivíduo que não é agente público) pode praticar um crime de abuso de 
autoridade? Sim. O particular poderá praticar o crime de abuso de autoridade na condição de coautor ou 
partícipe, em concurso com o agente público. Será essencial que o particular tenha o dolo de praticar o 
crime de abuso de autoridade e tenha conhecimento da condição especial do agente público. 
 
Atenção: Agente público aposentado => com a aposentadoria, o agente público perde o seu vínculo 
com a Administração Pública => portanto, não pode praticar crime de abuso de autoridade na qualidade de 
agente público => mas pode praticar na qualidade de particular, conforme a explicação contida no item 
anterior. 
 
 
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SUJEITO PASSIVO 
Os crimes de abuso de autoridade possuem a característica da dupla subjetividade passiva, 
ou seja, possuem dois sujeitos passivos: sujeito passivo principal ou imediato, e sujeito passivo secundário ou 
mediato. Sujeito passivo principal ou imediato: é a pessoa, física ou jurídica, que sofreu a ação delituosa. 
 
Sujeito passivo secundário ou mediato: é o Estado, titular do serviço público e interessado no 
regular funcionamento da administração pública. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO PELA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE 
 
Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima, a Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade, dependendo 
do crime em questão, protegerá: a liberdade de locomoção, a liberdade individual, o direito à assistência de 
advogado, a intimidade 
 
ou a vida privada. Também terá como objetivos: garantir o bom funcionamento do Estado, e que o 
funcionário público cumpra com o dever de conduzir-se com lealdade e probidade, preservando-se, assim, 
princípios básicos da Administração Pública, como a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência, previstos na Constituição Federal. 
 
AÇÃO PENAL 
 
Conforme a previsão contida no artigo 3º da Lei nº 13.869/19, a ação penal nos crimes de abuso de 
autoridade será realizada, como regra geral, na forma de ação penal pública incondicionada. Se houver 
inércia por parte do Ministério Público, será admitida a ação penalprivada subsidiária da pública. 
Com relação ao prazo para a proposição da ação penal privada subsidiária da pública, será de 6 (seis) 
meses. Tal prazo só começará a fluir a partir do dia em que se esgotar o prazo para oferecimento da 
denúncia. 
 
Sobre o procedimento que deverá ser adotado para o processo e julgamento na ação penal dos crimes 
de abuso de autoridade, o artigo 39 da Lei nº 13.869/19 contém a seguinte previsão: “Aplicam-se ao 
processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-Lei nº 
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 
(Lei dos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais)”. 
 
COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DOS CRIMES DE ABUSO DE 
AUTORIDADE 
 
Com relação a competência para o processo e julgamento dos crimes de abuso de autoridade, como regra 
geral, será a Justiça Comum Estadual e o Juizado Especial Criminal, conforme a pena prevista. Também 
como regra geral, essa competência será da primeira instância, salvo se o agente público possuir foro por 
prerrogativa de função, fato este que remeterá a competência para o Tribunal de Justiça. 
 
Se o crime for praticado por agente público federal, a competência será da Justiça Comum Federal. Se 
o crime for praticado por militar, a competência será da Justiça Militar da União ou da Justiça Militar 
Estadual. Com relação ao crime de abuso que venha a ser praticado por um militar, os professores Rogério 
Sanches Cunha e Rogério Greco, nos ensinam a seguinte lição: 
 
“No que diz respeito aos militares e ao crime de abuso de autoridade, é importante lembrar as mudanças 
trazidas pela Lei 13.491/17, que alterou o Decreto-Lei 1.001 de 1969 – Código Penal Militar -, mais 
precisamente o seu art. 9º, inflando a competência da justiça castrense, agora competente para processar e 
julgar crimes praticados por militares, mesmo que tipificados fora do Código Penal Militar. 
(...) Crime militar passa a ser o delito praticado por militar. Pode ser próprio, porque definido apenas no 
Código Penal Militar (como a deserção), ou impróprio, porque definido também no restante da legislação 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm
 
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penal (como o furto) ou somente nela, legislação não militar (coo a tortura, lavagem de capitais, 
organização criminosa, abuso de autoridade etc.). 
Qual o reflexo da mudança? Esses crimes militares, próprios e impróprios, passam a ser processados e 
julgados pela Justiça Militar da União ou dos Estados, a depender se o agente é integrante das Forças Armadas 
ou da Polícia Militar”. (Obra citada. p. 21-24). 
 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
A Lei nº 13.869/19 trouxe, no seu artigo 4º, a previsão sobre os efeitos da condenação pela prática dos 
crimes de abuso de autoridade. Tais efeitos são: 
a) Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento 
do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos por ele sofridos. 
b) A inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 
(cinco) anos; 
c) A perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
 
Observação: Os efeitos previstos nos itens 2 e 3 são condicionados à ocorrência de reincidência em 
crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença. 
 
Observação: Os efeitos previstos nos itens 2 e 3 são condicionados à ocorrência de reincidência em 
crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença. 
 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
As penas restritivas de direitos são: 
 
a) Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas. 
 
b) Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) 
meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; 
Observação: As penas restritivas de direitos poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. 
 
SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA 
 
A Lei nº 13.869/19 trouxe, nos artigos 6º, 7º e 8º, a previsão sobre a possibilidade de aplicação das 
sanções de natureza civil ou administrativa decorrentes da prática dos crimes de abuso de autoridade, as 
quais, caso sejam efetivadas, poderão ser aplicadas de forma independente da sanção que venha a ser 
aplicada no processo criminal, bem como sobre as excludentes de ilicitude. Tais sanções estão previstos da 
seguinte forma: 
 
Segundo o artigo 6º: As penas previstas na Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade serão aplicadas 
independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis => as notícias de crimes 
previstos nessa Lei que descreverem a falta funcional serão informadas à autoridade competente com vistas 
à apuração. 
 
Segundo o artigo 7º: As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal => não 
se poderá mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido 
decididas no juízo criminal. 
 
Segundo o artigo 8º: Faz coisa julgada => em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar 
=> a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em => estado de necessidade => em legítima 
defesa => em estrito cumprimento de dever legal => ou no exercício regular de direito. 
 
CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE 
 
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Com a edição da nova lei, mantidos os vetos presidenciais pela anuência do Congresso 
Nacional, estão previstas 34 (trinta e quatro) condutas nos 24 (vinte e quatro) artigos elencados como crimes 
de abuso de autoridade. A seguir, vamos estudar cada um desses crimes e as suas penas: 
A conduta descrita no artigo 9º, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 9º - Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com 
 
as hipóteses legais: 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, 
deixar de: 
I. Relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
 
II. Substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, 
quando manifestamente cabível; 
 
III.Deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a decretação de qualquer 
medida de privação da liberdade que esteja em desconformidade com as hipóteses legais de prisão => bem 
como outras medidas que não propiciem ao preso a sua liberdade provisória ou o relaxamento da sua prisão 
ilegal => A ordem para a privação de liberdade não pode ser determinada por qualquer agente público, mas 
somente por aqueles com autoridade para decretar tal medida nas formas previstas em lei. A seguir, 
podemos observar as respectivas modalidades de prisão e as suas hipóteses legais: 
 
Cautelares: Prisão em Flagrante 
 
=> Prisão preventiva 
 
 => Prisão temporária 
 
Definitiva: Prisão em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado. 
Com relação a prisão em flagrante, segundo o artigo 307 do Código de Processo Penal: 
“Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas 
funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os 
depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e 
remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não ofor a 
autoridade que houver presidido o auto”. 
 
Diante de tal previsão legal, podemos vislumbrar que somente determinadas autoridades que poderiam 
praticar a conduta descrita no caput do artigo 9º => o Delegado de Polícia; o Promotor de Justiça; o Juiz 
de Direito; o agente público com investidura para praticar atos de Polícia da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal. 
 
Nas demais modalidades de prisão (preventiva, temporária e a decorrente de sentença condenatória 
transitada em julgado), salvo melhor juízo, podemos concluir que => somente o Juiz de Direito poderá 
praticar esse abuso de autoridade => face o desempenho da atividade jurisdicional. 
 
 
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O teor da previsão contida no parágrafo único do artigo 9º, é taxativo quanto a autoria dessa 
conduta => será a autoridade judiciária que deixar de: relaxar a prisão manifestamente ilegal, 
OU substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando 
manifestamente cabível, OU deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível 
=> dentro de um prazo razoável. 
 
Atenção: Se a restrição de liberdade for imposta contra uma criança ou adolescente =>NÃO será 
aplicado este artigo da Lei de Abuso de Autoridade =>Será aplicada a norma especial contida no Estatuto 
da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) => artigo 230: “Privar a criança ou adolescente de sua 
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem 
escrita da autoridade judiciária competente”. 
 
A conduta descrita no artigo 10, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 10 - Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou 
sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e 
multa”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a decretação de condução 
coercitiva => de testemunha ou investigado => manifestamente descabida ou sem prévia (anterior) 
intimação para comparecimento ao juízo. 
 
Sobre o agente público que poderia praticar tal conduta, não há dúvida sobre a atuação do Juiz de Direito 
em razão do poder para determinar a condução coercitiva, tanto 
 
da testemunha, quanto do investigado. Entretanto, existe uma discussão entre os doutrinadores se o 
Delegado de Polícia e o Promotor de Justiça também possuiriam atribuição para determinar tal medida. 
 
Observação: Art. 11, o artigo 11 da Lei nº 13.869/19 previa um novo tipo penal que foi VETADO pelo 
Presidente da República. 
 
As condutas descritas no artigo 12, elencadas como crimes de abuso de autoridade, estão previstas 
da seguinte forma: 
 
“Art. 12 - Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade 
 
judiciária no prazo legal: 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: 
 
I. Deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à 
autoridade judiciária que a decretou; 
 
II. Deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à 
sua família ou à pessoa por ela indicada; 
 
III. Deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela 
autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; 
 
 
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IV. Prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão 
preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e 
excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura 
do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade o descumprimento 
dos seguintes mandamentos constitucionais, previstos no artigo 5º: 
 
 Inciso LXI => ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, 
definidos em lei. 
 
 Inciso LXII => a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Inciso LXV => a prisão 
ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. 
 
 Inciso LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade 
provisória, com ou sem fiança. 
 
Portanto, o agente público que poderá praticar tal conduta será aquele com a obrigação legal de fazer as 
comunicações sobre prisão em flagrante, execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade 
judiciária, bem como à família ou pessoa indicada, de entregar a nota de culpa ao preso segundo as 
especificações legais, ou de prolongar indevidamente a prisão, medida de segurança ou internação => tais 
como autoridades e agentes de polícia judiciária e diretores de estabelecimentos prisionais, manicômios 
judiciários ou abrigos para internação de adolescentes infratores. 
 
A conduta descrita no artigo 13, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 13 - Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua 
capacidade de resistência, a: 
 
I. Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
 
II. Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 
 
III.Produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade uma modalidade especial 
de constrangimento ilegal contra o preso ou detento. 
 
Com relação aos presos ou aos detentos => produzirem prova contra si mesmos ou contra terceiro (inciso 
III) => segundo os professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco: “Assim, por exemplo, forçá-lo a 
confessar a prática de um crime, a indicar os que com ele praticaram a infração penal, a entregar a arma de 
fogo, bem apontar o local onde se encontram os objetos por ele subtraídos etc. Qualquer constrangimento, 
praticado mediante violência ou grave ameaça, ou que importe em redução da capacidade de resistência do 
preso ou do detento, que seja utilizado com a finalidade de produzir provas contra ele ou contra terceiro, se 
caracterizará em abuso de autoridade”. (Obra citada. p.132-133). 
 
 
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Poderá praticar tal conduta qualquer agente público => Com relação a exibição do preso 
pela imprensa => o profissional da imprensa que estimula a transmissão desse tipo de conteúdo 
=> NÃO responderá pelo crime de abuso de autoridade (Renato Brasileiro de Lima. Obra citada. p.150). 
 
Observação: Art. 14, o artigo 14 da Lei nº 13.869/19 previa um novo tipo penal que foi VETADO 
pelo Presidente da República. 
 
A conduta descrita no artigo 15, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 15 - Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, 
ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) 
anos, e multa. 
 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: 
 
I. De pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou 
 
II. De pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença 
de seu patrono”. 
 
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade uma modalidade especial 
de constrangimento ilegal contra pessoa que sejasubmetida a interrogatório sob as seguintes circunstâncias 
=> pessoa que deva guardar segredo ou resguardar sigilo em razão de função, ministério, ofício ou profissão 
(devido a sua condição pessoal, estão proibidas de depor) => pessoa que tenha decidido exercer o direito 
ao silêncio (a pessoa não pode ser forçada a prosseguir falando) => e pessoa que tenha optado por ser 
assistida por advogado ou defensor público sem a presença de seu patrono (a pessoa presa em flagrante; o 
investigado/indiciado durante a fase pré-processual; o preso/réu durante qualquer ato processual). 
 
Quanto aos agentes públicos que poderão praticar tais condutas, segundo os professores Rogério 
Sanches Cunha e Rogério Greco => podem praticar tal conduta todo agente público que pratique esse 
constrangimento estando à frente de um processo ou de um procedimento => os juízes, membros do 
Ministério Público, autoridades policiais, os presidentes de Comissões Parlamentares de Inquérito, dentre 
outros => não importando a natureza do processo ou procedimento em que se deu o abuso => podendo ser 
criminal, cível, trabalhista, tributário etc. (Obra citada. p.149). 
 
A conduta descrita no artigo 16, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 16 - Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou 
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e 
multa. 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de 
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa 
identidade, cargo ou função”. 
 
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade uma forma especial de 
falsa identidade => O agente público omitir a sua identificação ou fornecer identificação falsa ao preso 
=>por ocasião de sua captura ou => durante sua detenção ou prisão=> Exemplo dos professores Rogério 
Sanches Cunha e Rogério Greco: “Alguém se identifica ao preso como sendo o Delegado de Polícia 
quando, na realidade, é o escrivão ou o investigador. Isso, com certeza, dificultará a sua identificação, caso 
 
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seja necessário, e importará na prática da infração penal em estudo, configurando abuso de 
autoridade”. (Obra citada. p.153). 
 
Segundo os citados professores, o agente público que poderá praticar tal conduta será: “o agente ou 
autoridade que atua na captura, detenção ou prisão da pessoa (caput) ou age no ato do seu interrogatório 
em sede de investigação de infração penal” (Obra citada. p.154). 
 
Observação: Art. 17, o artigo 17 da Lei nº 13.869/19 previa um novo tipo penal que foi VETADO pelo 
Presidente da República. 
 
A conduta descrita no artigo 18, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 18 - Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se 
capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações: 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crime de abuso de autoridade o ato de submeter o preso 
a interrogatório policial durante o período de repouso noturno. Segundo os professores Rogério Sanches 
Cunha e Rogério Greco: “Diante da ressalva do flagrante, o artigo em análise, tratando do interrogatório 
policial do preso, alcança, basicamente, as hipóteses das prisões temporária e preventiva, fundamentadas, 
respectivamente, no art. 1º da Lei nº 7.960/89, e o art. 311 do Código de Processo Penal, (...). Nessas duas 
situações, o interrogatório policial não poderá ser realizado durante o período de repouso noturno”. (Obra 
citadap.158). 
 
Conforme a previsão contida nesse dispositivo legal, como podemos determinar o que vem a ser 
considerado período noturno? Os citados professores respondem a esse questionamento da seguinte forma: 
“(...), a própria Lei nº 13.869/19, de 05 de setembro de 2019, no inciso III, do §1º do seu art. 22, considerou 
como abuso de autoridade o comportamento daquele que cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar 
após as 21 (vinte e uma) horas ou antes das 5 (cinco) horas”. (Obra citada. p.148). Portanto, segundo os 
citados professores, para efeito da Lei nº 13.869/19, período noturno deve ser o período compreendido 
entre as 21:00 horas do dia do interrogatório e às 5:00 horas do dia seguinte. 
 
Com relação ao agente público que poderá praticar tal conduta, os professores Rogério Sanches Cunha e 
Rogério Greco entendem que => será o agente ou a autoridade policial responsável pelo interrogatório (Obra 
citada. p.161) => Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima: “... esta atribuição é exclusiva dos Delegados 
de Polícia e dos encarregados de inquérito policial militar, no caso de crimes militares. Logo, sem embargo da 
possibilidade de membros do Ministério Público presidirem procedimentos investigatórios criminais, 
oportunidade em que poderão interrogar presos, por não se tratar, in casu, de interrogatório policial, mas sim 
ministerial, não há falar em crime, sob pena de indevida analogia in malam partem”. 
 
Observação: analogia in malam partem = comparar hipóteses parecidas utilizando uma interpretação 
que será prejudicial ao réu. 
 
A conduta descrita no artigo 19, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 19 - Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária 
competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia: 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
 
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Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da 
demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para 
decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade o impedimento ou 
retardamento do envio de pleito de preso à autoridade judiciária, bem como a inércia do magistrado em 
adotar as medidas legais cabíveis relativas a esse pleito. Quanto ao teor da previsão contida nesse 
dispositivo legal, aprendemos com os professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco que: “A prisão, 
mencionada no caput do art. 19, não é necessariamente penal, mas também extrapenal, como o caso do 
preso em virtude do não pagamento de pensão alimentícia. Este custodiado pode questionar a legalidade 
de sua custódia. (Obra citada. p.168). 
 
O agente público que poderá praticar a conduta prevista no caput será o agente ou autoridade que impeça 
ou retarde o envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente. Com relação ao parágrafo único, 
a conduta será do magistrado que possuir a competência para sanar a ilegalidade. 
 
A conduta descrita no artigo 20, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 20 - Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu 
advogado: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de 
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de 
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso 
de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a restrição da entrevista 
pessoal e reservada do preso com seu advogado, sem que ocorra uma justa causa => o termopreso deve 
abranger também o menor infrator internado. Na lição dos professores Rogério Sanches Cunha e Rogério 
Greco => O preso tem o direito de ser orientado por profissional habilitado e capacitado => Em processo 
judicial ou administrativo => Auxiliando não somente a defesa técnica com também a autodefesa => Todas 
inseridas no chamado princípio da ampla defesa (previsto no art. 5º, inciso LV, da CF) =>O parágrafo 
único, menciona também o investigado => Qual ato judicial envolve o investigado? Por exemplo, a 
audiência de custódia ou de apresentação => Em que a pessoa presa em flagrante é conduzida à presença 
da autoridade judiciária => Neste ato, o preso tem a necessidade de se entrevistar pessoal e reservadamente 
com o seu advogado ou defensor público, obtendo deles as informações e as orientações necessárias à sua 
defesa. 
 
O agente público que poderá praticar tais condutas =>No caput, será o agente ou autoridade que restrinja 
a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado, sem uma justa causa =>No parágrafo único, 
a conduta será do magistrado. 
 
A conduta descrita no artigo 21, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 21 - Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na 
companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) ”. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm
 
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Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a manutenção 
na mesma cela de presos de ambos os sexos, bem como criança ou adolescente presos na 
companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado. 
 
A conduta descrita no artigo 22, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 22 - Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, 
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial 
ou fora das condições estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
§ 1º - Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: 
 
I. Coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas 
dependências; 
 
II. (VETADO); 
 
III. Cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 
5h (cinco horas). 
 
§ 2º - Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios 
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre”. 
 
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a violação de domicílio 
nas modalidades de invadir, adentrar ou nele permanecer, clandestina ou astuciosamente, imóvel alheio ou 
suas dependências, contra a vontade ou conhecimento do seu ocupante, sem determinação judicial ou fora 
das condições estabelecidas em lei. O legislador também definiu como crimes de abuso de autoridade, a 
violação mediante coação, com violência ou grave ameaça, bem como o cumprimento de mandado de busca 
e apreensão domiciliar após as 21 horas ou antes das 5 horas. 
 
Este dispositivo legal, para os efeitos dos crimes de abuso de autoridade, conceituou o período noturno 
=> vem a ser o período compreendido após as 21 horas ou antes das 5:00 horas (do dia seguinte). 
 
Segundo a lição do professor Renato Brasileiro de Lima: “De acordo com a Constituição Federal (art. 
5º, XI), se o ocupante do imóvel consentir, é perfeitamente válido o ingresso no domicílio, seja durante o 
período do dia, seja durante a noite. Este consentimento deve ser voluntário, jamais poderá ser objeto de 
constrangimento. Daí a figura delituosa sob comento, que visa reprimir o emprego de violência ou grave 
ameaça de modo a obrigar o ocupante a franquear o aceso do agente público ao imóvel ou suas 
dependências”. (Obra citada. p.222) 
 
O parágrafo 2º elenca as hipóteses em que haverá a excludente de ilicitude mediante o ingresso no 
imóvel à revelia da vontade do seu ocupante: para prestar socorro, OU quando houver fundados indícios 
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito OU em razão de situação 
de desastre. 
 
Tal conduta poderá ser praticada por qualquer agente público ou autoridade, no sentido amplo contido 
no artigo 2º da Lei de Abuso de Autoridade. 
 
A conduta descrita no artigo 23, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
 
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“Art. 23 - Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, 
o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de 
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 
(quatro) anos, e multa. 
 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de: 
 
I. Eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de 
 
Diligência; 
 
II. “Omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletas para desviar o 
curso da investigação, da diligência ou do processo”. 
 
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade uma modalidade especial 
fraude processual. Para compreendermos melhor o conteúdo da previsão legal contida nesse dispositivo, 
vamos aprender com o professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco que => “O art. 23 da Lei nº 
13.869/19 pune modalidade especial do crime do art. 347 do CP (fraude processual), rotulando como abuso 
de autoridade o fato de o agente inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de 
processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de 
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade” => “Inovar artificiosamente é 
valer-se de meio enganoso” => “Cumpre ressaltar, que a inovação fraudulenta deve ser idônea a enganar, 
pois, do contrário, o crime não estará configurado”. (Obra citada. p.215-216). 
 
Tal conduta poderá ser praticada por qualquer agente público ou autoridade, no sentido amplo contido no 
artigo 2º da Lei de Abuso de Autoridade. Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima: “Na eventualidade 
de o agente público solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida para inovar artificiosamente 
o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a ele deverá ser imputado exclusivamente o crime de corrupção 
passiva (CP, art. 317), haja vista a subsidiariedade implícita do crime previsto no art. 23 da Lei nº 13.869/19”. 
(Obra citada. p.234). 
 
 
A conduta descrita no artigo 24, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 24 - Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição 
hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de 
alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência”. 
Através deste artigo o legislador definiu como crime de abuso de autoridade o constrangimento 
praticado por agente público contra funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou 
privada, obrigando-o a admitir para tratamento pessoa que já esteja morta. Para o estudo dessa conduta, 
vamos recorrer a lição dos professores Rogério Sanches Cunhae Rogério Greco: 
 
“Assim que tomar conhecimento da ocorrência de um crime, cabe a autoridade policial se dirigir ao 
local, garantindo sua preservação até a chegada dos peritos. (...) 
 
A preservação do local – em especial nos delitos violentos – é de vital importância. Somente assim os 
peritos poderão ter uma visão ampla do quadro encontrado, como, por exemplo, a posição do cadáver 
intacta, os eventuais sinais de luta, as manchas de sangue e os objetos espalhados pela casa, etc. Ao 
contrário, um cadáver removido de seu local original poderá, por si só, comprometer todo o trabalho 
 
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pericial, bastando lembrar da dificuldade em se apontar o trajeto do projétil no corpo do 
ofendido a partir dessa falta de cautela. (...) 
 
Deve ser observado, ainda, que o tipo não pressupõe qualquer procedimento investigatório em curso. 
Aliás, geralmente não existe sequer início de apuração, sendo a conduta do agente voltada para prejudicar 
a investigação ab initio. 
Como se percebe pela redação do tipo penal em análise, cuida-se de uma modalidade especializada de 
inovação artificiosa, prevista no delito anterior (art. 23). Aqui, contudo, o fato é praticado mediante o 
emprego de constrangimento (sob violência ou grave ameaça), e diz respeito também a um único fato, vale 
dizer, constranger (vis absoluta) ou grave ameaça (vis compulsiva), funcionário ou empregado de 
instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com 
o fim de alterar local ou momento do crime. Somente haverá a infração penal em exame se o agente souber, 
de antemão, que aquele que é levado à instituição hospitalar já se encontrava morto. Caso ainda o 
considerasse vivo e, consequentemente, necessitando de socorro, o fato será considerado erro de tipo, 
afastando-se 
o dolo”. (Obra citada. p.221-223). 
 
Quanto ao agente público que poderá praticar tal conduta, segundo o professor 
 
Renato Brasileiro de Lima: 
 
“Grosso modo, é possível afirmar que, ao tipificar a conduta do art. 24, o legislador mirou precipuamente 
aqueles agentes públicos (v.g., policiais militares, policiais civis, integrantes das Forças Armadas, guardas 
municipais, etc) que são os primeiros a chegar à cena do crime e que, por esse motivo, devem zelar pela 
preservação de todos os vestígios deixados pela infração penal. Não é necessário que o agente público tenha 
concorrido para o óbito em questão. Basta que sua conduta seja praticada com o objetivo de dificultar a 
identificação do local ou do momento da conduta que levou ao óbito, gerando prejuízo às investigações”. 
(Obra citada. p.240). 
 
A conduta descrita no artigo 25, elenca da como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 25 - Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou 
 
fiscalização, por meio manifestamente ilícito: 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou 
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude”. 
 
Através deste artigo, o legislador definiu como crime de abuso de autoridade a obtenção de prova 
utilizando meio manifestamente ilícito, para instruir procedimento de investigação ou fiscalização. Para 
compreendermos melhor o alcance da criminalização desta conduta, vamos recorrer a lição do professor 
Renato Brasileiro de Lima: 
 
“Mas por que se vedar a utilização da prova ilícita no processo? Aos olhos do leigo, soa desarrazoado 
permitir-se a absolvição de um culpado pelo fato de a prova contra ele produzida ter sido obtida por meios 
ilícitos. Para ele, os fins justificam os meios. Ora, não podemos perder de vista, jamais, que vivemos em 
um Estado Democrático de Direito, e que neste a descoberta da verdade não pode ser feita a qualquer preço. 
Mesmo que em prejuízo da apuração da verdade, no prol do ideal maior de um processo justo, condizente 
com o respeito aos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, não se pode admitir a utilização 
em um processo de provas obtidas por meios ilícitos. A eficiência processual, compreendida como a 
 
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funcionalidade dos mecanismos processuais tendentes a alcançar a finalidade do processo, que 
é a apuração dos fatos e das responsabilidades, não pode prescindir do respeito aos direitos e 
garantias fundamentais, sob pena de deslegitimação do próprio sistema punitivo”. 
Para ilustrar como se procede tal conduta, vamos recorrer ao exemplo formulado pelos professores 
Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco, em razão de decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sobre 
esse tema: 
 
“E a prova obtida por acesso ao WhatsApp sem autorização judicial? Deve ser rotulada como 
ilícita? 
 
(...). Recentemente, ao julgar o RHC89.385/SP (j. 16/08/2018), o tribunal reiterou orientação 
semelhante ao considerar nula a prova obtida por meio de acesso ao WhatsApp em telefone celular 
apreendido após prisão em flagrante por tráfico de drogas. 
 
No caso, o recorrente havia sido preso trazendo consigo certa quantidade de droga destinada à 
mercancia, e, no momento da lavratura do auto de prisão, a autoridade policial procedeu à análise do 
telefone celular apreendido em poder do preso. No histórico do aplicativo WhatsApp foram encontradas 
mensagens que robusteciam os indícios da prática do crime. 
Ainda em primeira instância, a defesa sustentou, em defesa preliminar, a ilicitude da prova em virtude 
da ausência de autorização judicial para a devassa de dados no aparelho apreendido. O juízo de primeiro 
grau afastou a pretensão porque os agentes haviam afirmado que o preso autorizara a análise do aparelho e 
a defesa não comprovou o contrário. 
 
Impetrou-se, em seguida, habeas corpus, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo também não encampou 
o pedido, argumentando que a prisão não havia se dado em virtude das mensagens encontradas no aparelho, 
algo incidental, que não prejudicava o conjunto probatório. Dispensava-se, ademais, a prévia autorização 
judicial, pois. (...) 
 
O STJ, contudo, reconheceu a nulidade, considerando que atribuir à defesa a comprovação de que o 
agente não havia autorizado a análise de seu aparelho constitui indevida inversão do ônus da prova: (...). 
No mais, fez-se referência a diversos precedentes nos quais o acesso a dados em aparelhos telefônicos 
apreendidos foi considerado ilícito em virtude da inexistência de prévia autorização (...). 
 
O tribunal não anulou, contudo, todas as provas produzidas, mas somente o que foi obtido pelo acesso 
às mensagens. A análise de elementos probatórios não derivados da prova ilícita ficou a cargo do juízo de 
primeiro grau”. 
 
Com relação ao agente público que poderá praticar tal conduta, serão aqueles com a obrigação legal de 
atuar na persecução criminal, tanto na fase de investigação, quanto na fase do processo. Sobre a autoria, 
Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco respondem a seguinte indagação: “E os parlamentares, durante 
investigação no âmbito de uma CPI? Entendemos que podem figurar como sujeitos ativos do crime”. (Obra 
citada. p.236). 
 
Observação: Art. 26, o artigo 26 da Lei nº 13.869/19 previa um novo tipo penal que foi VETADO pelo 
Presidente da República. 
 
A conduta descrita no artigo 27, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 27 - Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou 
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional 
ou de infração administrativa: 
 
 
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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Parágrafo único - Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigaçãopreliminar sumária, 
devidamente justificada”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a requisição ou instauração 
de procedimento investigatório sem que existam quaisquer indícios. Segundo os professores Rogério 
Sanches Cunha e Rogério Greco=> “Na mira do legislador estão as autoridades que instauram efetivamente 
o procedimento, bem como aquelas que o requisitam”. => “Contudo, para caracterização do delito é 
imprescindível que as ações nucleares ocorram num ambiente de absoluta falta de indício da prática de 
crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa. O contrário sensu, diante do mínimo de indício de 
materialidade e/ou autoria, é dever da autoridade agir”. (Obra citada. p.243). 
 
O parágrafo único do artigo 27 contém uma causa de excludente de ilicitude, ao prever que não haverá 
crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. Para 
entendermos melhor o fundamento para tal excludente, segundo o professor Renato Brasileiro de Lima: 
=> Sobre a sindicância sumária (âmbito administrativo) => “funciona como um procedimento 
preliminar sumário, instaurado com o fim de investigação de irregularidades funcionais, que precede ao 
processo administrativo disciplinar, sendo prescindível de observância dos princípios constitucionais do 
contraditório e da ampla defesa”. => “A sindicância, portanto, não se presta para a aplicação de penalidades, 
funcionando, grosso modo, como um procedimento simples e célere de investigação de infrações 
administrativas, não se sujeitando, portanto, ao rigor procedimental a que se submete o processo 
administrativo disciplinar”. (Obra citada. p.263-264). 
 
=> Sobre a investigação preliminar sumária (âmbito criminal) => “Como o próprio nome sugere, cuida-
se de investigação preliminar e simples, verdadeiro filtro contra inquéritos policiais temerários, que 
possibilita a colheita de indícios mínimos capazes de justificar a instauração de um inquérito policial”. => 
“As diligências levadas a efeito nesses procedimentos – comumente chamados de verificação da 
procedência das informações (“VPI”) – são relativamente simples e devem ser documentadas em relatórios, 
não se admitindo medidas invasivas como busca e apreensão domiciliar, interceptação telefônica, quebra 
de sigilo de dados, apreensão de bens, etc”. => “Seu fundamento normativo é extraído do art. 5º, § 3º, do 
CPP, in fine, que dispõe que “qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração 
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunica-la à autoridade policial, e 
esta, verificando a procedência das informações, mandará instaurar inquérito”. 
 
Com relação ao agente público que poderá praticar tal conduta, serão aqueles com competência ou 
atribuição legal para requisitar ou instaurar um procedimento investigatório de natureza penal ou 
administrativa. Sobre a autoria, segundo o professor Renato Brasileiro de Lima => “Especificamente quanto à 
requisição de instauração de inquérito policial, o dispositivo tem como foco precípuo o Promotor de Justiça e 
o Juiz. Isso porque o Código de Processo Penal (art. 5º, II, primeira parte) dispõe que o inquérito policial pode 
ser iniciado mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público”. => “Especificamente 
quanto à requisição do juiz, grande parte da doutrina entende que esse dispositivo não teria sido recepcionado 
pela Constituição Federal”. => “Essa controvérsia, todavia, não tem qualquer relevância para fins de tipificação 
do crime do art. 27, visto que não consta do referido tipo penal qualquer ressalva nesse sentido”. => “(...), se 
a instauração de um inquérito policial for objeto de requisição pela autoridade judiciária à falta de qualquer 
indício da prática de crime, presente, ademais, o especial fim de agir do art. 1º, § 1º, da Lei nº 13.869/19, 
restará caracterizado o crime do art. 27”. (Obra citada. p.259-260). 
 
A conduta descrita no artigo 28, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 28 - Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, 
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado: 
 
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Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”. 
 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a divulgação de gravação 
que exponha a intimidade ou a vida privada do investigado ou do acusado, sem que exista uma relação com 
a prova que se pretenda produzir. Para compreendermos melhor a criminalização desta conduta, vamos 
recorrer a lição dos professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco, que utilizam a Lei nº 9.296/96 
(Lei de Interceptação Telefônica) para fundamentar tal estudo: 
 
“O Art. 10. Da Lei de Interceptações, alterado pela Lei 13.869/19 (art. 41), pune cinco 
comportamentos alternativos, sendo quatro no caput e um no parágrafo único: 
 
a) Realizar interceptação de comunicações telefônicas, de 
informática ou telemática, promover escuta ambiental sem autorização judicial (caput); 
b) Realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta 
ambiental com objetivos não autorizados em lei (caput); 
 
c) Quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial (caput); 
 
d) Quebrar segredo da Justiça, com objetivos não autorizados em lei (caput); 
 
e) Determinar a execução de conduta prevista no caput com objetivo não autorizado em lei 
(parágrafo único). 
 
Não se ajustava a qualquer dessas condutas aquela em que o agente divulgava 
 
gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a 
intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado. A lacuna, agora, 
foi preenchida pelo art. 28 da Lei em comento. 
 
O crime, como se percebe, pressupõe interceptação legal (legítima e lícita), havendo abuso no manuseio 
do conteúdo obtido com a medida extrema”. (Obra citada. p.253-254). 
 
Portanto, o agente público que poderá praticar tal conduta será aquele que possuir acesso ao conteúdo 
de uma interceptação telefônica ou ambiental, em razão da sua atividade funcional. Segundo o professor 
Renato Brasileiro de Lima: “(...), o sujeito ativo do delito só poderá ser aquele agente público que, 
legitimamente, tomou conhecimento de uma interceptação telefônica (ou ambiental), ou de seu resultado, 
em virtude do exercício do cargo, emprego ou função (v.g., Promotor de Justiça, Magistrado, Defensor 
Público, Delegado de Polícia, Perito, membro de Comissão Parlamentar de Inquérito, etc) ”. (Obra citada. 
p.270). 
 
A conduta descrita no artigo 29, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 29 - Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com 
o fim de prejudicar interesse de investigado: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Parágrafo único. (VETADO) ”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a prestação de informação 
falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com a finalidade específica de 
prejudicar o interesse de um investigado. Na lição do professor Renato Brasileiro de Lima (Obra citada. 
 
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p.274-275) => “Prestar informação falsa consiste em mentir, narrando à autoridade a ocorrência 
de fato inverídico”. => “De se notar, portanto, que estamos diante de verdadeira modalidade 
especial de falsidade ideológica (CP, art. 299), na qual o agente público, ao prestar informação sobre 
procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo, insere ou faz inserir declaração falsa ou diversada 
que deveria ser escrita”. => “É o que ocorre, por exemplo, com o Delegado de Polícia que determina a 
instauração de um inquérito policial contra alguém, mas, ao ser notificado para prestar informações na 
condição de autoridade coatora em virtude de impetração de um habeas corpus pelo investigado, afirma 
que não haveria nenhuma investigação em andamento”. 
 
O agente público que poderá praticar tal conduta será aquele que possuir o dever funcional de prestar 
informação sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo, com a finalidade de prejudicar 
o interesse do investigado. 
 
A conduta descrita no artigo 30, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 30 - Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa 
fundamentada ou contra quem sabe inocente: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crime de abuso de autoridade a deflagração de persecução 
penal, civil ou administrativa mediante duas ações distintas: sem a existência de uma justa causa 
fundamentada ou contra quem sabe inocente. Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima: “Dar início 
significa instaurar, deflagrar, provocar a instauração, in casu, de persecução penal, civil ou administrativa. 
Proceder, por sua vez, pelo menos para fins do art. 30, deve ser compreendido como dar seguimento, 
prosseguir”. (Obra citada. p.279) => Complementando essa lição, os professores Rogério Sanches Cunha 
e Rogério Greco nos ensinam que: “Reparem que na denunciação caluniosa (art. 399 CP) exige-se que o 
fato imputado ao inocente, mesmo em procedimento extrapenal, seja criminoso ou contravencional. Já no 
art. 30 da Lei de Abuso de Autoridade não existe essa exigência, contentando-se com a instauração sem 
justa causa ou contra pessoa que sabe inocente, pouco importando a natureza do fato imputado”. (Obra 
citada. p.262). 
 
Quanto ao agente público que poderá praticar tal conduta, ainda segundo o professor Renato Brasileiro 
de Lima: “Não é qualquer agente público que pode figurar como sujeito ativo do art. 30 da Lei 13.869/19. 
Para tanto, o agente deve ter atribuição ou competência para dar início ou proceder à persecução penal, 
civil ou administrativa (v.g., autoridades administrativas, Delegados de Polícia, Procuradores da República, 
etc.) ”. (Obra citada. p.279). Com relação a citação de Procuradores da República como sujeito ativo do 
citado artigo, leia-se, membros do Ministério Público Federal e Estadual. 
 
A conduta descrita no artigo 31, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 31 - Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou 
fiscalizado: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de 
procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado”. 
Através deste artigo o legislador definiu como crime de abuso de autoridade o prolongamento 
injustificado de investigação em prejuízo do investigado ou fiscalizado. Sobre tal conduta, o professor 
Renato Brasileiro de Lima nos ensina: 
 
“Uma investigação, em seu desenvolvimento, demanda um tempo razoável para que seja transcorrido 
todo o iter necessário até a sua conclusão. Quanto maior a complexidade do crime, maior será o tempo 
 
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necessário para uma perfeita apuração. Isso, todavia, não significa dizer que os órgãos 
responsáveis por essas investigações dispõem de um tempo ilimitado para fornecer a resposta 
pleiteada. 
 
(...). Evidentemente, em situações mais complexas, envolvendo vários acusados, é lógico que o prazo 
para a conclusão das investigações deverá ser sucessivamente prorrogado. Porém, uma vez verificada a 
impossibilidade da colheita de elementos que autorizem o oferecimento de denúncia, deve o Promotor de 
Justiça requerer o arquivamento dos autos, sem prejuízo de ulterior desarquivamento diante do surgimento 
da notícia de provas novas; 
Sobre o agente público que poderá praticar tal conduta, vamos recorrer ao ensinamento do professor 
Renato Brasileiro de Lima: “Sem embargo do aparente silêncio do art. 31, não é qualquer agente público 
que pode figurar como sujeito ativo do delito sob análise. Para tanto, o agente público deve ter atribuição 
para presidir a investigação (v.g., Delegado de Polícia, Encarregado de Inquérito Policial Militar, 
Procurador da República, etc), estendendo-a de maneira injustificada de modo a prejudicar a pessoa do 
investigado (ou fiscalizado) ”. (Obra citada. p.285-288). 
 
Mais uma vez, com relação a citação de Procuradores da República como sujeito ativo do citado artigo, 
leia-se, membros do Ministério Público Federal e Estadual. 
 
A conduta descrita no artigo 32, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 32 - Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação 
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de 
infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a 
peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo 
seja imprescindível: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a negativa de acesso aos 
autos de procedimento investigatório, bem como a extração de cópias de documentos em autos de 
investigação preliminar, termo circunstanciado, inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório 
de infração penal, civil ou administrativa. Segundo a lição do professor Renato Brasileiro de Lima: 
 
“Se a deflagração de um procedimento investigatório tem como objetivo precípuo identificar fontes de 
prova e coletar elementos de informação quanto à autoria e materialidade dos delitos, de nada valeria o 
trabalho dos órgãos persecutórios se não fosse resguardado o sigilo necessário durante o curso de sua 
realização. 
 
(...) Logo, a despeito do art. 20 do CPP, e mesmo em se tratando de inquérito sigiloso, o investigado e 
seu defensor devem ter acesso aos autos do procedimento investigatório, caso a diligência realizada pela 
autoridade policial já tenha sido documentada. Porém, em se tratando de diligências que ainda não foram 
realizadas ou que estão em andamento, não há falar em prévia comunicação ao advogado, nem tampouco 
ao investigado, na medida em que o sigilo, nesse caso, é inerente à própria eficácia da medida investigatória. 
É o que se denomina de sigilo interno, que visa assegurar a eficiência da investigação que poderia ser 
seriamente prejudicada com a ciência prévia de determinadas diligências pelo investigado e por seu 
advogado. 
(...). Pelo menos em regra, o acesso do defensor aos elementos de informação já documentados nos 
autos do procedimento investigatório independe de prévia autorização judicial. No entanto, em se tratando 
de investigação referente a organizações criminosas, uma vez decretado o sigilo da investigação pela 
autoridade judicial competente, para a garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, 
o acesso do defensor aos elementos informativos deverá ser precedido de autorização judicial, ressalvados 
os referentes às diligências em andamento (Lei nº 12.850/13, art. 25, caput)”. (Obra citada. p.293-295). 
 
 
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O agente público que poderá praticar tal conduta será aquele com atribuição para presidir 
um procedimento investigatório. Prosseguindo com a lição do professor Renato Brasileiro de 
Lima: “O sujeito ativo do crime éo agente público, nos termos do art. 2º da Lei nº 13.869/19, in casu, 
dotado de atribuição para presidir determinado procedimento investigatório (v.g., Delegado de Polícia, 
Promotor de Justiça, Encarregado de inquérito policial militar, no caso de crimes militares, etc.)”. (Obra 
citada. p.295-296). 
A conduta descrita no artigo 33, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 33 - Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, 
sem expresso amparo legal: 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a 
condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio 
indevido”. 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a exigência de informação 
ou do cumprimento de obrigação sem expresso amparo legal, bem como a utilização do cargo ou função 
pública ou invocação da condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter 
vantagem ou privilégio indevido. Com relação ao caput do artigo 33, os professores Rogério Sanches 
Cunha e Rogério Greco nos ensinam que: 
 
“A Constituição Federal, dentre outros direitos, garante ao homem não ser compelido a fazer ou deixar 
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º, II). Dentro desse espírito, a Lei 13.869/19, no art. 33, 
abriga essa liberdade da formação e atuação da vontade, da autodeterminação, de fazer ou não fazer aquilo 
que deliberar. 
 
A Administração Pública, quando persegue informação do cidadão ou o cumprimento de obrigação, 
deve agir com respaldo legal, tornando-se, obviamente, a expressão “legal” no sentido amplo, abrangendo 
todas as espécies normativas do art. 59 da CF/88”. (Obra citada. p.277). 
Com relação ao parágrafo único do artigo 33, segundo os citados professores: 
 
“O parágrafo único do art. 33 pune com a mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou 
invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio 
indevido. 
 
Temos aqui a conduta popularmente conhecida como “carteirada”, por meio do qual o agente, valendo-
se ou invocando a sua condição funcional, busca vantagem ou tratamento diferenciado que extrapolam seus 
direitos, como, por exemplo, ser tratado por determinados pronomes de tratamento, não enfrentar filas, não 
ser autuado quando infringe normas de trânsito, ficar isento do valor de ingressos etc”. (Obra citada. p.278). 
 
Portanto, tal conduta poderá ser praticada por qualquer agente público ou autoridade, no sentido amplo 
contido no artigo 2º da Lei de Abuso de Autoridade. 
 
Observação: Art. 34, o artigo 34 da Lei nº 13.869/19 previa um novo tipo penal que foi VETADO 
pelo Presidente da República. 
 
Observação: Art. 35, o artigo 35 da Lei nº 13.869/19 previa um novo tipo penal que foi VETADO 
pelo Presidente da República. 
 
A conduta descrita no artigo 36, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
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“Art. 36 - Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em 
quantia que extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a 
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 
(quatro) anos, e multa”. 
 
Através deste artigo, o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade a decretação, em processo 
judicial, da indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapola exacerbadamente o valor 
estimado para satisfação da dívida e subsequente negativa de correção do excesso. O processo judicial 
citado neste artigo é aquele que tramita segundo os preceitos do Código de Processo Civil. 
 
Com relação ao agente público que poderá praticar tal conduta, segundo Renato Brasileiro de Lima: 
“Referindo-se ao dispositivo à decretação da indisponibilidade de ativos financeiros em processo judicial, 
é de rigor a conclusão no sentido de que o sujeito ativo do crime do art. 36 é apenas a autoridade judiciária, 
porquanto se trata do único agente público listado pelo artigo 2º da Lei nº 13.869/19 com competência para 
tanto. Isso, todavia, não impede a participação de outros agentes públicos (v.g., analista, assessor, 
estagiário, etc.) ou até mesmo de pessoas estranhas aos quadros da administração pública”. (Obra citada. 
p.284-285). 
 
A conduta descrita no artigo 37, elencada como crime de abuso de autoridade, está prevista da 
seguinte forma: 
 
“Art. 37 - Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido vista 
em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa”. 
 
Através deste artigo, o legislador definiu como crime de abuso de autoridade a demora demasiada e 
injustificada para o exame de um processo efetuada por um julgador (vogal) integrante de um órgão 
colegiado, em que o mesmo tenha requerido pedido de vista. 
 
Nos processos judiciais, por exemplo, o vogal é um juiz que atua em um órgão colegiado (composto por 
vários magistrados) integrante de um Tribunal e, por não ser o relator ou revisor do processo, profere o seu 
voto durante o julgamento de determinado caso. Se o (juiz) vogal necessitar de examinar melhor o conteúdo 
desse processo, fará um “pedido de vista” ao (juiz) relator. Em razão desse “pedido de vista”, o 
prosseguimento no julgamento do processo ficará suspenso por um (in) determinado tempo, até que esse 
vogal finalize a sua análise do conteúdo dos autos do processo e manifeste o seu voto. 
 
Segundo a lição proferida pelo professor Renato Brasileiro de Lima: 
 
“Por fim, a conduta terá como objeto material o processo de que tenha requerido vista em órgão 
colegiado. Como exposto anteriormente, onde a lei não distingue, não é dado ao intérprete fazê-lo. Logo, 
levando-se em consideração que o art. 37 faz menção a “processo”, sem especificar sua natureza, aí estão 
abrangidos não apenas aqueles de natureza criminal, como também feitos cíveis e administrativos”. (Obra 
citada. p.317-318). 
 
O agente público que poderá praticar tal conduta, segundo os professores Rogério Sanches Cunha e 
Rogério Greco: “É sujeito ativo do crime qualquer agente público da administração direta, indireta ou 
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de 
Território, integrante de órgão colegiado de julgamento”. (Obra citada. p.317-318). 
 
Portanto, podemos concluir que o crime do art. 37 poderá ser praticado por qualquer agente público que 
atue como vogal, integrante de um órgão colegiado, composto para o julgamento de um processo, nas áreas 
criminal, civil e administrativa. 
 
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A conduta descrita no artigo 38, elencada como crime de abuso de autoridade, está 
prevista da seguinte forma: 
 
“Art. 38 - Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, 
atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa”. 
 
Através deste artigo o legislador definiu como crimes de abuso de autoridade o ato de antecipar a 
atribuição de culpa por meio de qualquer tipo de comunicação, inclusive rede social, antes de concluídas 
as investigações e formalizada a acusação através do oferecimento da denúncia (peça de acusação que 
formaliza o início do processo). Segundo os professores Rogério Sanches Cunha e Rogério Greco (Obra 
citada. p.293) => “Para que fique configurado o crime, portanto, exige-se da autoridade má-fé e afoiteza, 
atribuindo culpa antesde formalizada a acusação na petição inicial, seja numa ação penal, seja numa ação 
civil” => “Quer-se se coibir, em suma, o prejulgamento na fase pré-processual. Fica claro que o tipo não 
impede a publicidade da condição de suspeito da pessoa objeto da investigação. Aliás, essa divulgação, não 
raras vezes, aparece como necessária para a apuração de determinadas infrações, podendo contar com a 
colaboração dos membros da comunidade em que ocorreu a infração. ” 
 
Segundo o professor Renato Brasileiro de Lima (Obra citada. p.322-324) => “Especificamente em 
relação à divulgação da imagem de pessoas presas, o que se vê no dia a dia é uma crescente degradação da 
imagem e da honra produzida pelos meios de comunicação de massa com a conivência das autoridades 
estatais, por meio da reprodução da imagem do preso sem que haja prévia autorização do preso, nem 
tampouco um fim social na sua exibição” 
 
=> “É dentro desse contexto de necessário respeito à integridade moral do preso e à regra de tratamento 
que deriva do princípio da presunção de inocência que devemos compreender a novel figura delituosa do 
art. 38 da Lei nº 13.869/19. Se é verdade que a Administração Pública está sujeita ao princípio da 
publicidade (CF, art. 37, caput), também não é menos verdade que a observância irrestrita desse postulado 
não pode se dar ao arrepio de direitos e garantias individuais daquele indivíduo cuja presunção de inocência 
deve ser respeitada”. 
 
O agente público que poderá praticar tal conduta, segundo o professor Renato Brasileiro de Lima (Obra 
citada. p.325) =>“Trata-se de crime próprio, nos exatos termos do art. 2º da Lei nº 13.869/19. => “Porém, 
não é qualquer agente público que pode figurar como sujeito ativo do crime de abuso de autoridade sob 
comento, mas apenas aquele responsável pelas investigações 
 
– penais ou extrapenais, já que a lei não faz qualquer ressalva nesse sentido -, a exemplo de um Promotor 
de Justiça, um Delegado de Polícia, um Presidente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, um 
encarregado de inquérito policial militar, em se tratando de crimes militares, etc”. 
 
=> Na eventualidade de a pessoa responsável pela atribuição de culpa não ostentar a qualidade de agente 
público, e nem concorrer com este para a prática do delito, nos termos dos arts. 29 e 30 do Código Penal, 
deverá responder por crime contra a honra, notadamente calúnia e difamação (CP, arts. 138 e 139) ”. 
 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
 
“O fato de ter havido a revogação expressa da legislação pretérita não significa dizer que teria havido 
abolitio criminis em relação a todas as figuras delituosas nela previstas. Aplica-se, in casu, o denominado 
princípio da continuidade normativo-típica: a revogação da lei anterior é necessária para o processo da 
abolitio criminis, mas não o suficiente. Para além da revogação formal, deve ser verificado se o conteúdo 
normativo revogado não foi, simultaneamente, deslocado para outro dispositivo legal. Se é verdade que o 
 
Projeto Monitoria 
 
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art. 44 da Lei nº 13.869/19 revogou expressamente a Lei nº 4.898/65, também não é menos 
verdade que o conteúdo normativo de grande parte das condutas delituosas nela previstas 
migraram para nova Lei de Abuso de Autoridade”. (Obra citada. p.360). 
 
O professor Renato Brasileiro apresenta o seguinte exemplo: 
 
 
Lei nº 4.898/65 (lei revogada) 
 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
 
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada. 
 
Lei nº 13.869/19 (lei nova) 
 
Art. 9º - Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses 
legais: 
 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar 
de: 
 
I. Relaxar a prisão manifestamente ilegal. 
 
A conduta anteriormente descrita no artigo 4º da Lei nº 4.898/65 migrou para o artigo 9ºda Lei nº 
13.869/19, não havendo, portanto, a abolitio criminis em relação a referida conduta. 
Observação: Abolitio criminis => é um termo jurídico (de origem latina) que significa que uma 
conduta, antes considerada como crime por uma lei penal, deixa de ser proibida pela edição de uma lei 
posterior, fazendo cessar de forma imediata qualquer investigação ou processo, bem como a execução e os 
efeitos de uma sentença penal condenatória. 
 
Com relação a vigência da nova lei dos crimes de abuso de autoridade, foi promulgada a seguinte 
previsão no artigo 45: 
 
“Art. 45 - Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua publicação oficial. 
 
Brasília, 5 de setembro de 2019; 198o da Independência e 131o da República”. 
 
A Lei dos crimes de abuso de autoridade entrou em vigor após 120 (cento e vinte) dias de sua publicação 
oficial, em 5 de setembro de 2019. Esse período de 120 (cento e vinte) dias decorridos entre a data da 
publicação e a data da entrada em vigor é denominado pelos doutrinadores de vacatio legis. 
 
Observação: Vacatio legis => é um termo jurídico (de origem latina) que significa vacância da lei => 
corresponde ao período entre a data da publicação de uma lei e o início de sua vigência => existe para que 
ocorra um prazo de assimilação do conteúdo de uma nova lei => durante o período da vacância (intervalo) 
continua vigorando a lei anterior. 
 
LEIS DOS CRIMES HEDIONDOS - LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990 
 
Conceito Legal de Crimes Hediondos 
 
A Constituição Federal, no seu art. 5º, XLIII, dispõe que: 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4898.htm
 
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XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da 
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes 
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
(BRASIL, 1988). 
 
Para viabilizar a aplicação desse dispositivo foi editada a Lei nº 8.072/90, que, além de definir os delitos, 
trouxe outras providências de cunho penal e processual penal, e referentes à execução da pena dos crimes 
hediondos, do tráfico de entorpecentes, do terrorismo e da tortura. 
 
A Lei nº 13.964/2019, promulgada em 24 de dezembro de 2019, foi editada com o propósito de 
aperfeiçoar a legislação penal e processual penal vigente. Nesse contexto, foram alterados diversos 
dispositivos legais, entre os quais, os crimes considerados hediondos. 
 
Face ao ineditismo da nova lei, conhecida como “pacote anticrime”, a qual ainda começa a ser debatida 
pelos tribunais superiores e pelos nossos doutrinadores, para o estudo das alterações promovidas na lei dos 
crimes hediondos, vamos recorrer aos valiosos ensinamentos do professor Guilherme de Souza Nucci, através 
da obra: Pacote anticrime comentado: Lei 13.964/2019, de 24.12.2019 / Guilherme de Souza Nucci. – 1. ed. – 
Rio de Janeiro: Forense, 2020. 
 
O art. 1º da citada lei diz o seguinte: 
“Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-lei nº 2.848, de 
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: 
 
I. Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda 
que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V, VI e VII VIII); 
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
I-A Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 
129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função 
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em 
razão dessa condição. 
 
II. Roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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