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Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 1. CONTESTAÇÃO Da mesma forma que é assegurada a garantia da Inafastabilidade da Jurisdição, do direito à ação, deve ser permitido ao Réu, no processo civil, o direito de se defender. Em razão dos princípios do contraditório e da ampla defesa é necessário que a parte Requerida tenha ciência do processo, para que possa se manifestar, contestar, bem como se defender de forma ampla e efetiva. Portanto, proposta a ação pelo Autor, o Réu deve ser informado através da citação que existe uma demanda contra ele, consoante dispõe o artigo 238 do Novo CPC. Logo, deve ser dada a oportunidade ao Réu de reagir à pretensão da parte contrária, dando ciência ao que foi descrito e comprovado pelo Autor na inicial. Observar que o novo CPC houve profundas transformações no que se refere à forma procedimental da apresentação da defesa pelo réu, com a sua simplificação e diminuição dos atos processuais. Ou seja, como exemplo, pode-se mencionar que a incompetência relativa, reconvenção e impugnação ao valor da causa que antes eram apresentadas em peças autônomas, pelo novo CPC passam a ser feitas na própria contestação. Conclui-se que com o advento do CPC/15, várias questões que no CPC/73 eram alegadas em petições apartadas (incompetência relativa, impugnação do valor da causa, impugnação à justiça gratuita) passam a ser matérias suscitáveis em alegação de preliminar de contestação, conforme previsão do art. 337 do CPC/15. A defesa do Réu deve ser efetiva e da mesma forma ampla, atingindo questões processuais ou de mérito, podendo ser dividida em direta e indireta. OU SEJA, PRELIMINARES E DEFESA DE MÉRITO. A CONTESTAÇÃO ESTÁ REGULADA NOS ARTIGOS 335 A 342 DO CPC 040 01 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 1.1 Da defesa quanto às preliminares e quanto ao mérito: Defesa do réu pode incluir alegações de mérito e outas de índole meramente processual. Como exemplo, pode ser suscitada uma Ação de Indenização de Danos Materiais em razão de um acidente entre veículos automotores. No referido processo, o Autor pleiteia Danos Materiais no veículo no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme provas produzidas. Na defesa, se o Réu alegar a inépcia da Petição Inicial ou Litispendência, estaria atacando aspectos processuais, e assim, seria a chamada defesa quanto às preliminares. No entanto, quando no mérito (também chamada de defesa substancial), alegar que não foi o causador do acidente, ou que não houve os danos referidos, estar-se-ia praticando a defesa direta de mérito. Seria aconselhável ao Réu alegar apenas preliminares na Contestação, por exemplo? Não, pois é de se considerar que, em caso de eventual não acolhimento pelo magistrado de alguma preliminar suscitada pelo Réu o processo continua, sendo analisado o mérito da questão levantada pelo Autor. Assim, deverá o Réu, mesmo existindo evidente vício processual apresentar impugnação também no que se refere à relação de direito material. Por isso que em sede de Contestação, as defesas quanto às preliminares devem ser apontadas antes, ou seja, em preliminares, justamente por serem analisadas antes do mérito da ação. Assim, o processo sendo extinto sem resolução do mérito por conta de uma preliminar. Logo: PRELIMINARES (Ou defesa processual) VEM ANTES DO MÉRITO NA PEÇA DA CONTESTAÇÃO; QUANTO AO MÉRITO O RÉU EXPÕE A SUA VERSÃO DOS FATOS E DO DIREITO QUE IMPUGNA O PEDIDO DO AUTOR; Há ainda a divisão da defesa de mérito em direta ou indireta. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 1.2 Conceito de contestação Contestação é o meio pelo qual o Réu oferece sua defesa em relação à demanda ajuizada pelo Autor. Considerada a principal manifestação do mesmo, haja vista que é neste meio processual que deverá impugnar as alegações trazidas na inicial, de maneira a buscar que a ação não continue ou que os pedidos deduzidos pela parte Autora sejam improcedentes. 1.3 Princípio da eventualidade Ao contrário do que ocorre com a inicial, a contestação é uma peça processual de redação livre, de forma que não precisam ser preenchidos requisitos, conferindo-se liberdade em termos de forma. Ou seja, deve haver a concentração da defesa na contestação, de forma que inclusive a contestação poderá conter teses em princípio incompatíveis entre si. COM ISSO, TODAS AS ARGUMENTAÇÕES DEVEM SER REUNIDAS, AINDA QUE EXCLUDENTES, DEVENDO O MAGISTRADO LEVAR EM CONSIDERAÇÃO A PRIMEIRA E, CASO ESSA NÃO SEJA ACOLHIDA, ANALISARÁ A SEGUNDA E ASSIM SUCESSIVAMENTE. (LOURENÇO, 2017). EXEMPLO 1: “A” ingressou com uma ação de cobrança contra “B”. “B” na contestação afirma: (I) QUE NÃO CELEBROU O CONTRATO COM “A”; (II) CASO O JUIZ ENTENDA QUE TENHA CELEBRADO, A DÍVIDA ESTÁ PRESCRITA; (III) CASO VOSSA EXCELÊNCIA ENTENDA QUE A DÍVIDA NÃO ESTÁ PRESCRITA, O CONTRATO SERIA NULO PELA OCORRÊNCIA DE DOLO; EXEMPLO 2: que o réu não foi responsável pelo acidente, porém, caso condenado que não seja no valor requerido pelo autor. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper No entanto, apesar de haver tal entendimento alguns pontos devem ser observados, como o endereçamento e indicação do número do processo, nome das partes (a qualificação se fará necessária se houver alguma retificação em relação ao apontado na Inicial), requerimento de provas, conclusão ou pedido, requerimento da juntada de procuração. Além disso, a contestação é orientada pelo princípio da EVENTUALIDADE, previsto no art. 336 do Novo CPC, quando estabelece: Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. CONSEQUENCIA DE NÃO ALEGAR NA CONTESTAÇÃO PRECLUSÃO O Réu, após a contestação, pode arguir novos argumentos, complementando a defesa? Somente pode ocorrer em caso de fato ou direito superveniente (questão surgida após a apresentação da contestação) quando o juiz puder conhecer de ofício ou quando se referirem a matérias que podem ser conhecidas a qualquer tempo e qualquer grau de jurisdição, pois não sujeitas à preclusão. Tal previsão encontra-se no art. 342 do Novo CPC: Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. Não obstante a obrigação do Réu de observar o princípio da eventualidade deve o mesmo apresentar sua defesa respeitando o denominado ônus da impugnação específica, a fim de que não haja presunção de fato não impugnado. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 1.4 Ônus da impugnação especificada Segundo a previsão do ônus da impugnação especificada, o Réu não pode apresentar contestação genérica, de forma a se limitar a dizer de forma ampla que as alegações do Autor não merecem amparo. Ou seja, ao buscar a improcedência do pedido inicial deve referir as razões para tanto. Dessa forma, o Réu tem que enfrentar de forma específica aquilo que foi alegado pelo Autor e não se limitar a dizer que os argumentos não são verdadeiros. E se não for realizada a impugnação especificada? Ocorre a presunção dos fatos não rebatidos, o que autoriza o julgamento de forma antecipada. Nesse sentido é a previsão do art. 341 do Novo CPC: Art. 341. Incumbe também aoréu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Sobre as consequências da não impugnação especificada, haverá a presunção de veracidade dos fatos não rebatidos, autorizando o magistrado a julgar antecipadamente o processo, em vista da desídia do Réu. Logo, essa previsão traz como consequência de que não é possível a contestação por negativa geral EXCEÇÃO: previsão do parágrafo único do art. 341 do CPC tais sujeitos poderão fazer contestação por negativa geral; Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 1.5 Prazo O prazo para oferecimento da contestação é de 15 dias. Hoje, com o novo CPC, o prazo para contestação vai ter que observar a realização da audiência de conciliação ou mediação. Observar que contam apenas os dias úteis – art. 219 do CPC. OBSERVAR QUE NOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS O PRAZO DA CONTESTAÇÃO PODERÁ SER OUTRO E TER OUTRO MARCO INICIAL. Quanto ao termo inicial, devem ser observados os incisos do artigo 335 do Novo CPC: Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I; III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos. No que tange ao inciso I, do art. 335, verifica-se que o prazo da contestação tem como termo inicial, ou seja, começa a fluir a partir da realização da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver a autocomposição. Caso ambas as partes manifestarem-se acerca da não realização de audiência de conciliação e/ou mediação, e, dessa forma, não sendo realizada, qual o prazo para defesa? Neste caso, vai ser aplicada a previsão do art. 335, II, segundo o qual, o termo inicial começa a correr do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo Réu. Ou seja, caso o Réu não tenha interesse na audiência de conciliação ou de mediação, o termo inicial para contestar contar-se-á da data do protocolo do Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper pedido de cancelamento da referida audiência. DO DIA DO SEU PEDIDO DE CANCELAMENTO DA AUDIENCIA. O art. 335, II, CPC/15 é uma exceção, pois para que a audiência de conciliação não seja realizada é necessário que Autor se manifeste na Inicial e o Réu em petição própria. Este protocolo deverá ser feito com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. Observar o caso dos litisconsortes: § 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência. (BRASIL, 2015). O parágrafo primeiro do art. 335 faz referência ao 6º do artigo 334 do NCPC. Cabe assim esclarecer que o artigo 334 do CPC/15 estabelece a realização de audiência de conciliação ou mediação, sendo que o parágrafo 6º prevê a desistência de tal audiência por parte dos litisconsortes: Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. (...) § 6o Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. Dessa forma deve haver a unanimidade entre os litisconsortes réus. Quando houver mais de um réu, é necessário que todos manifestem recusa à audiência de conciliação para que esta não seja realizada. A partir de cada recusa começa a fluir o prazo para contestação, de forma que o prazo não vai ser comum, mas individualizado para cada réu. Porém, se apenas um, por exemplo, se manifestar pela não realização da audiência, está se realizará. Assim, por uma questão de isonomia, o prazo para contestar para todos será contado da audiência. ENTENDIMENTO ESTE DOUTRINÁRIO. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Quanto ao termo inicial para apresentação da contestação, conforme previsão do inciso III do art. 335 do CPC/15, tal dispositivo prevê a aplicação subsidiária do artigo 231 do CPC/15, a depender da forma que foi realizada a citação. O artigo 231 do Novo CPC assim dispõe: Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio; II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital; V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; (...). Então, por exemplo, de acordo com o previsto no inciso I do art. 231 do CPC/15, o prazo da contestação é de quinze dias, tendo como termo inicial a juntada do mandado de citação ou Aviso de Recebimento (AR) aos autos. Já, se a citação for realizada por edital, a apresentação da resposta começa a fluir depois do encerramento do prazo nele fixado. Observar ainda a previsão do §2º do artigo 335, que estabelece: § 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência. Ou seja, se o direito não admitir a autocomposição, a audiência não será designada. E, caso o Autor desista da ação em relação a um dos litisconsortes ainda não citado, o prazo para contestação correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência. Lembrar que de acordo com o procedimento do CPC/15, a contestação será apresentada após a realização da audiência de conciliação e mediação. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art334%C2%A74ii Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper No entanto, conforme o art. 340 do CPC/15, a contestação será apresentada antes desta audiência, quando for hipótese de alegação de incompetência absoluta ou relativa: Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico. 1.6 Preliminares As defesas quanto às preliminares são aquelas que alegam aspectos processuais, não se pretendendo enfrentar o mérito da ação. São intituladasde preliminares, apresentadas na contestação antes do mérito, podendo ser divididas em peremptórias e dilatórias. PEREMPTÓRIAS: são aquelas, que, caso forem acolhidas colocam fim ao processo. DILATÓRIAS: apenas suspendem ou dilatam o curso do processo, não o extinguindo. Assim, sanado o vício ou o requisito que faltava, o processo segue seu curso normal. Há quem aponte ainda as dilatórias potencialmente peremptórias: ou seja, em um primeiro momento não acarretariam a extinção, mas se não for cumprido o que o juiz determinar daí trazem como consequência a extinção. EX: REGULARIZAÇÃO PROCESSUAL. Ou seja, fala-se que as preliminares podem ou não ser prejudiciais à análise do mérito (art. 485 do CPC, quando não há resolução de mérito). As preliminares – algumas delas - objetivam que o juiz não analise o mérito da causa e encerre o processo sem resolução de mérito. ATENÇÃO: Cuidar o artigo 487, parágrafo único que estabelece previsão acerca da prescrição ou decadência, isto é, que não deverão ser reconhecidas pelo juiz sem que antes seja dada oportunidade às partes de manifestar-se: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; b) a transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. A previsão legal das preliminares encontra-se no artigo 337 do CPC/15, quando aduz que cabe ao Réu, antes de discutir o mérito, alegar: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa; IV - inépcia da petição inicial; V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; VIII - conexão; IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X - convenção de arbitragem; XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. As preliminares com exceção da incompetência relativa e da existência de convenção de arbitragem poderiam ser conhecidas de ofício. Previsão dos §§ 5º e 6º do artigo 337 do CPC: § 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. § 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. INEXISTÊNCIA OU NULIDADE DA CITAÇÃO: Quanto ao inciso I, que estabelece a Inexistência ou nulidade da citação, a ausência de citação afeta a própria constituição da relação processual. Isso porque não pode se falar em processo com uma só parte http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art332%C2%A71 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper (Autor), exigindo-se a citação do Réu para que a relação seja angularizada. Assim, a inexistência ou nulidade de citação é pressuposto de desenvolvimento válido e regular do processo. A citação está prevista no artigo 238 do CPC: Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. A citação é pressuposto de validade do processo. É indispensável a citação para o processo ser válido. Então, através desta preliminar, o réu vem alegar que ou não foi citado ou a citação foi nula. Se o réu comparecer mesmo havendo nulidade, esta nulidade fica suprida pelo princípio da instrumentalidade das formas Apresentando contestação, será considerada tempestiva se acolhida a preliminar alegada. Agora se comparecer apenas para alegar a nulidade sem oferecer ainda a contestação, o juiz abrirá prazo para defesa. Previsão do artigo 239 do CPC: Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. § 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. § 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de: I - conhecimento, o réu será considerado revel; II - execução, o feito terá seguimento. Você poderá fundamentar ainda quanto à nulidade (se for hipótese) no artigo 280 do CPC: Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA OU RELATIVA: No que se refere ao inciso II, que prevê como preliminar a incompetência absoluta e relativa, é de se destacar que a incompetência independente de sua natureza será alegada, conforme previsão do artigo 64, Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper caput, do CPC/15 como preliminar de contestação: “A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação”. Assim, a previsão do artigo 64 do CPC/15 inova apenas no tocante à incompetência relativa (territorial e valor da causa), que no sistema anterior era alegada por meio de exceção. A incompetência absoluta em razão da matéria, da hierarquia e da pessoa também é matéria de ordem pública, podendo ser reconhecida de ofício pelo juiz. As partes não podem dispor sobre o assunto, elegendo foro. O próprio artigo 64 do CPC, em seus parágrafos, menciona que a Incompetência absoluta pode ser reconhecida de ofício, enquanto que a relativa deve ser alegada em contestação, sob pena de preclusão: § 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. § 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência. § 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. § 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. O §5º do artigo 337 também afirma que a incompetência relativa deve ser alegada na contestação e não poderá ser reconhecida de ofício pelo juiz: § 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. Então, após a alegação de incompetência pelo réu, o juiz vai ouvir o autor, sendo que o juiz decidirá imediatamente sobre a incompetência e remeterá os autos ao juiz competente. Não haverá, assim, extinção do processo. Observar ainda que o artigo 340 do CPC veio permitir ao Réu QUANDO ALEGAR A INCOMPETENCIA RELATIVA (TERRITORIAL) QUE A CONTESTAÇÃO SEJA PROTOCOLADA NO DOMÍCILIO DO RÉU: Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper § 1o A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado por meio de carta precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa. § 2o Reconhecidaa competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a carta precatória será considerado prevento. § 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada. § 4o Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de conciliação ou de mediação. Para fundamentar ESSA PRELIMINAR DE INCOMPETENCIA ABSOLUTA OU RELATIVA na hora da prova analisar as regras na CF E NO CPC SOBRE A COMPETENCIA. INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA: O art. 337, III do CPC estabelece a incorreção do valor da causa como preliminar de contestação. Frisa-se que tal arguição é uma inovação do Código de Processo Civil de 2015. Isso porque, de acordo com o CPC/73, o réu deveria fazer tal alegação em peça apartada. LEMBRAR QUE O VALOR DA CAUSA É REQUISITO DA PETIÇÃO INICIAL, CONFORME PREVISÃO DO INCISO V DO ARTIGO 319 DO CPC. Aqui não se ataca o pedido do autor, mas pede-se que seja ajustado o valor da causa de acordo com o que determina o artigo 292 do CPC. E mais, entendimento é de que a incorreção do valor da causa deverá ser considerada à luz do art. 292. Assim, deverá o réu alegar em preliminar de contestação a incorreção do valor da causa, sob pena de preclusão – artigo 293 do CPC: Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas. Porém, conforme previsão do §3º do artigo 292, mesmo que o Réu não alegue, o juiz poderá conhecer de ofício: § 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL: Previsão do inciso IV do artigo 337 do CPC, que estabelece que a inépcia da inicial deverá ser alegada em preliminar de contestação. Ocorrerá quando o problema apresentado pela FGV deixa claro que tem algum defeito na peça de petição inicial ou foi omisso em algum requisito que a inicial deveria conter de forma expressa (cuidar o enunciado). Isso porque a petição inicial será inepta quando não preencher alguns de seus requisitos, conforme artigo 330, §1º do CPC: Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. Como apontado pelo artigo 330, a petição inicial será indeferida não apenas no caso da inépcia, mas também nas outras hipóteses dos incisos do artigo 330. Lourenço (2017) entende que antes de indeferir a inicial, o autor deve ter a oportunidade de sanar seu vício, conforme artigo 352 do CPC. PORÉM, É UMA PRELIMINAR QUE ACARRETA A EXTINÇÃO DO PROCESSO. FAZER ESSE PEDIDO NA CONTESTAÇÃO. PEREMPÇÃO: Quanto à preliminar estabelecida no inciso V, qual seja, a Perempção, ocorre quando o Autor dá causa a extinção do processo POR 03 VEZES, sem resolução de mérito. Ou seja, quando o Autor por 03 vezes abandonar o processo por mais de 30 (trinta) dias, deixando de praticar atos e diligências que deveria ter realizado. Nesse sentido, destaca-se o artigo 485, inciso III do Novo CPC: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art106 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art321 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...) III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias. Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. § 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito. § 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado. § 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. Assim, deve verificar de acordo com o problema da FGV se o autor não está impossibilitado de ingressar com nova ação, a qual possui o mesmo objeto, se tiver abandonado o processo por 3 vezes. Então, será quando o autor propor pela 4ª vez, sendo que nas 3 anteriores ele abandonou o processo. LITISPENDÊNCIA: A preliminar prevista no inciso VI, qual seja, a Litispendência, ocorre quando houver a propositura de duas ações idênticas, isto é, que possuem os mesmos elementos – partes, causa de pedir e pedido. Tal previsão encontra-se nos parágrafos 1º, 2º e 3º do artigo 337 do Novo CPC: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) § 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. § 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. § 3o Há litispendência quando se repete ação que está em curso. O que se pretende é evitar duas ações idênticas em curso, justamente para não ocorrer julgamentos conflitantes. Neste caso, o processo deverá ser extinto sem julgamento de mérito. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485i Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper DA COISA JULGADA: O inciso VII do artigo 337 estabelece como preliminar a coisa julgada. Essa situação ocorre quando a parte Autora ingressa com ação idêntica (partes, causa de pedir e pedido) a uma que já teve julgamento com sentença transitada em julgado. Nesse sentido é a previsão do §4º do artigo 337 do CPC/2015 “Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado”. Ressalta-se que para que haja coisa julgada não se torna possível a interposição de qualquer recurso no primeiro processo. Isso porque, se ainda for possível a interposição de recurso, se refere à litispendência e não coisa julgada, pois o referido processo ainda não teria transitado em julgado. Tal preliminar trará como consequência a extinção do processo sem julgamento de mérito, sendo, portanto, peremptória. CONEXÃO: A conexão é proposta como preliminar no inciso VIII do artigo 337 do CPC/15. Segundo o artigo 55 do CPC/15, a conexão se dá: “Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir”. Assim, ocorre a conexão quando houver duas ações em que lhes for comum o pedido ou causa de pedir. Neste caso, deve haver a reunião dos processos para evitar julgamento contraditório, uniformizando as sentenças que serão prolatadas. Por fim, questiona-se: qual a consequência do acolhimento desta preliminar? Seria preliminar dilatória, pois não acarretaria a extinção, e sim reunião dos processos em um só juízo. A conexão é causa de modificação de competência (art. 54 do CPC) e o objetivo é justamente evitar julgamentos conflitantes: Art. 54. A competênciarelativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção. Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. § 2o Aplica-se o disposto no caput: I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. § 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. E A CONTINENCIA? DOUTRINA ENTENDE QUE SIM TAMBÉM (LOURENÇO, 2017). DA INCAPACIDADE DA PARTE, DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO OU FALTA DE AUTORIZAÇÃO: Outra preliminar, prevista no IX do artigo 337 do Novo CPC é a incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização, constituindo-se em preliminar peremptória. Porém, a extinção não é automática, uma vez que a parte deve ter a oportunidade de sanar o defeito processual. Assim sendo, somente se o vício não for sanado no prazo e após manifestação da parte interessada, ocorrerá a extinção do processo. Assim o réu deverá alegar defeito de representação: artigo 71 do CPC: Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei. Também poderá o réu alegar falta de autorização da parte: artigo 73 do CPC: Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. § 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. § 3o Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Por fim, poderá o réu alegar incapacidade da parte, conforme artigo 76 do CPC: Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. § 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária: I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor; II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber; III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre. Neste caso, o juiz dará a possibilidade de sanar o vício e o demandante não fazendo, o processo será extinto sem resolução de mérito, conforme previsão do artigo 485, IV DO CPC: IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; DICA NA HORA DA PROVA: verificar no código civil a questão da representação ou assistência dos incapazes absoluta e relativamente (de acordo com o problema da FGV). CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM: Outra preliminar refere-se à convenção de arbitragem, consoante previsão do inciso X, artigo 337 do CPC/15. Sobre a convenção de arbitragem, se compreende que as partes de um contrato particular, desde que capazes e que o instrumento verse sobre direitos disponíveis ou patrimoniais, podem estabelecer que problemas decorrentes da interpretação ou descumprimento do contrato serão levados ao conhecimento de um árbitro, que pode ser de logo designado pelos contratantes ou escolhido posteriormente. E se ocorrer o conflito de interesses e a parte ingressar em juízo? A parte estará descumprindo o que foi pactuado, cabendo ao Réu, antes de discutir o mérito, ou seja, como preliminar de contestação, alegar a existência da convenção de arbitragem, sendo que se a preliminar for acolhida, será uma preliminar peremptória, acarretando a extinção do processo sem julgamento de mérito. Observar a previsão do §5º do artigo 337 do Novo CPC: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper “Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo”. Disso decorre, que assim como a incompetência relativa, se a convenção de arbitragem não for alegada no prazo da defesa, acarreta a preclusão, de modo que o juiz não pode reconhecer de ofício, vez que é matéria de interesse somente das partes. Portanto para alegar em preliminar de contestação deverá constar no contrato a cláusula compromissória ou do compromisso arbitral terá o réu como dever alegar em preliminar de contestação, sob pena de precluir. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE OU DE INTERESSE PROCESSUAL: A preliminar prevista no inciso XI do artigo 337 do Novo CPC refere-se aos casos de ausência de legitimidade ou de interesse processual, ou seja, quando faltar uma ou mais condições da ação. Sobre as condições da ação o artigo 17 do CPC/15 estabelece: “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade”. O interesse processual é a necessidade da tutela jurisdicional, a adequação do provimento pleiteado em face da situação de fato e a utilidade que o processo pode trazer ao demandante. Assim, caso for acolhida a preliminar, o processo deverá ser extinto sem julgamento de mérito, constituindo-se em preliminar peremptória, de acordo com a previsão do artigo 485, VI do CPC, quando estabelece: “O juiz não resolverá o mérito quando: (...) VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual”. OBSERVAR QUE SE O RÉU ALEGAR SUA ILEGITIMIDADE DEVE SER CUMPRIDO O DETERMINADO PELO ARTIGO 339 DO CPC O RÉU SEMPRE QUE TIVER CONHECIMENTO DEVE APONTAR QUEM DEVE FIGURAR NO SEU LUGAR NA DEMANDA: Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper FALTA DE CAUÇÃO OU DE OUTRA PRESTAÇÃO QUE A LEI EXIGE: A falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar também pode ser alegada pelo Réu em Contestação consoante previsão do inciso XII do artigo 337 do CPC/15. Como exemplo, pode ser citada a ação rescisória que exige o depósito de 5% do valor da causa para ingressar com a ação. INDEVIDA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA: Por fim, no inciso XIII do artigo 337 do CPC/15, tem-se como preliminar a ser arguida pelo Réu na contestação, a indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. Assim sendo, se o pedido de gratuidade pleiteado pelo Autor for deferido, poderá o Réu impugnar, conforme previsão do artigo 100 do CPC/15: Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão deseu curso. Observar, portanto, que nem toda preliminar acarretará a extinção do processo. Temos as preliminares dilatórias e peremptórias: Preliminares Peremptórias Preliminares dilatórias Ensejam a extinção do feito. Visam somente corrigir algum vício endoprocessual, retardando a marcha do processo até que essa invalidade seja sanada. Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: IV - inépcia da petição inicial; V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa; Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper X - convenção de arbitragem; XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; VIII - conexão; IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. #FONTE: AGUIRRE, João; SÁ, Renato Montans de. Prática Civil. 7. Ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 48. CONSEQUÊNCIA DE CADA PRELIMINAR PRELIMINAR CONSEQUÊNCIA - Falta ou defeito na CITAÇÃO (inciso I) A) Se alegada pelo réu novo prazo para contestar ou considerar a contestação tempestiva. B) Considera-se que se for alegada pelo advogado dativo ou curador especial deverá requerer nova citação. - Incompetência absoluta e relativa (inciso II) - Conexão (inciso VII) Deslocamento para o juízo competente ou para o juízo em que devem ficar reunidos os processos (pela prevenção). - Inépcia da Inicial (inciso IV) - Perempção (inciso V) - Litispendência (inciso VI) - Coisa julgada (inciso VII) - Convenção de arbitragem (inciso X) - Ausência de legitimidade e interesse processual (inciso XI) Extinção do processo sem resolução de mérito, conforme previsão do artigo 485 do CPC. - Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização (inciso IX) Juiz deverá assinalar prazo para o defeito ser sanado, sob pena de aplicar as disposições dos artigos 70 a 76 do CPC. - Falta de caução ou outra garantia imposta por lei (inciso XII) Juiz deve assinalar prazo para comprovação da caução, sob pena de extinção do processo, Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper ### FONTE: BARROSO, Darlan; LETTIÈRE, Juliana Francisca. Prática processual no Novo Processo Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 119-120. E como devo indicar a preliminar no processo? AGUIRRE E SÁ (2017, p. 48) apresentam o seguinte esquema: 1º LOCALIZAR NO ARTIGO 337 A PRELIMINAR QUE SE TRATA + 2º FUNDAMENTAR O POR QUE ESSA PRELIMINAR SE APLICA (DANDO A SUA DEFINIÇÃO E DEMONSTRANDO A SUA EXISTÊNCIA NO PROCESSO) + 3º APRESENTAR SUA CONSEQUÊNCIA (EXTINÇÃO, CASO A PRELIMINAR SEJA PEREMPTÓRIA OU SUA REGULARIZAÇÃO, CASO A PRELIMINAR SEJA DILATÓRIA) 1.7 Da possibilidade de correção do polo passivo pelo autor Tal situação encontra previsão do artigo 338 do Novo CPC: Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, §8º. Denota-se, com isso, inovação em relação ao CPC de 1973, pois se refere à alegação de ilegitimidade da parte, a qual deve ser alegada como preliminar na contestação. A inovação ocorre porque o CPC/15 possibilita artigo 485, III do CPC. - Incorreção do valor da causa (inciso III) Juiz determinará sua correção e o autor será responsável pelo pagamento de eventual diferença em relação às custas. - Impugnação ao benefício da gratuidade da justiça Juiz revogará o benefício e a parte será responsável pelas despesas que deixou de pagar. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper correção do polo passivo da ação, visando evitar a extinção do feito sem resolução do mérito por ilegitimidade passiva. Assim, se o réu alegar na contestação que é parte ilegítima, que não é o responsável pelo prejuízo, o juiz deve facultar ao autor o prazo de 15 dias para alterar a petição inicial e indicar a substituição do réu. Já no CPC/73, se fosse reconhecida a ilegitimidade da parte, o juiz deveria extinguir o feito sem resolução do mérito. Conforme previsão do parágrafo único se for realizada a substituição, o autor deve reembolsar as despesas e pagar os honorários ao Réu excluído. Os honorários ao procurador do Réu excluído serão fixados entre três a cinco por cento do valor da causa. Em sendo irrisório o valor, o juiz pode fixar por equidade. Ou seja, o Autor terá que pagar sucumbência para parte que foi indevidamente citada no processo. Além disso, quando alegar a sua ilegitimidade incumbe ao Réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e indenizar o Autor pelos prejuízos em razão da falta de indicação, de acordo com o que estabelece o artigo 339: Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. § 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. § 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. Da mesma forma que o artigo anterior, o artigo 339 não encontra correspondência no CPC/73, constituindo-se em uma inovação. Se o Réu souber quem é o sujeito passivo correto e mesmo assim não o indicar, deverá arcar com as despesas processuais e terá de indenizar o Autor pelos prejuízos. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper OBSERVAÇÃO: prescrição e decadência é julgamento com resolução de mérito INDICA-SE ALEGAR EM TÓPICO PRÓPRIO. 1.8 Da existência de Prescrição e Decadência do Direito do Autor: Se houver alegação de prescrição e decadência do direito do autor deverão ser arguidas depois da síntese da inicial e antes das preliminares, em tópico específico. Isso, porque, a prescrição e decadência são matérias de mérito, elencadas no artigo 487 do CPC: Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; b) a transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se. 4.9 Da defesa quanto ao mérito: Aqui o Réu deverá impugnar as questões de fato e de direito trazidas pelo Autor na sua petição Inicial. Neste tópico podem ser trazidos pelo Réu, de acordo com o problema da FGV (fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor – ex: pagamento da dívida, o que extingue a obrigação e assim o direitodo autor em cobrar). Aqui o réu traz um fato novo, qual seja, um fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ainda, poderá haver a defesa de mérito direta, impugnando todos os fatos articulados pelo Autor na Inicial. OU SEJA, AQUI ATACA O PRÓPRIO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art332§1 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO DO AUTOR. Ex: que não houve o contrato, que o contrato é nulo. Que o valor cobrado não é o devido. 1.10 Demais questões incidentais: Denunciação à lide, Chamamento ao Processo e Reconvenção Caso existirem, deverão ser arguidas DEPOIS DO MÉRITO DA CONTESTAÇÃO E ANTES DOS PEDIDOS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE: A denunciação à lide está prevista no CPC, nos artigos 125 a 129, tendo seu cabimento estabelecido no artigo 125: Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. E Como posso alegar na Contestação? A Ré vem nessa oportunidade denunciar a lide a Seguradora ...(qualificar a Seguradora). Isso porque, conforme se verifica no contrato de seguro em anexo, a denunciada tem o dever de indenizar nos casos de sinistro. Portanto, requer a citação da Seguradora... para que venha responder aos termos da demanda regressivamente conforme o artigo 125, II do Código de Processo Civil #FONTE: AGUIRRE, João; SÁ, Renato Montans de. Prática Civil. 7. Ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 49. OBSERVAR AINDA SOBRE A EVICÇÃO NO QUE SE REFERE ÀS PREVISÕES DO CC – ART. 447 E SEGUINTES DO CC/2002. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper CHAMAMENTO AO PROCESSO: Neste caso ocorre a intervenção de terceiro coobrigado, quando o réu chama ao processo os devedores que estão igualmente obrigados, o devedor principal, demais fiadores. O chamamento ao processo está previsto nos artigos 130 a 132 do CPC, sendo que o seu cabimento está estabelecido no artigo 130 do CPC: Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. VERIFICAR REGRAS DE FIANÇA NO CC/2002. E Como posso alegar na Contestação? O Réu vem nessa oportunidade chamar ao processo o coobrigado... (qualificação completa). Isso porque, conforme se verifica no contrato de compra e venda em anexo, o chamado contraiu igualmente a obrigação em solidariedade... (conforme problema fornecido pela FGV). Portanto, requer a citação do coobrigado... para que venha responder aos termos da demanda conforme o artigo 130, III do Código de Processo Civil. #FONTE: AGUIRRE, João; SÁ, Renato Montans de. Prática Civil. 7. Ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 50. 1.10 Passo a passo da contestação A Contestação, diferentemente da inicial, não possui um art. no CPC estabelecendo seus requisitos. Porém, alguns pontos devem ser preenchidos na Contestação, segundo Aguirre e Sá (2017): 1. INICIAR PELO ENDEREÇAMENTO: que é o juízo onde corre o processo; 2. INDICAR O NUMERO DO PROCESSO. OBS: Se a FGV não mencionar, colocar de forma genérica, através de ... ou XXX Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 3. INDICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO RÉU: não esquecer que o primeiro a ser indicado na contestação é o RÉU, pois é a peça de defesa. 4. NOME DA PEÇA E SEU FUNDAMENTO LEGAL 5. INDICAÇÃO DO AUTOR E SUA QUALIFICAÇÃO 6. DA SÍNTESE DA INICIAL: narrando a versão do autor e o que foi pedido por ele na Inicial. Aqui não se faz ainda nenhuma defesa. Segundo Aguirre e Sá (2017) poderão ser usadas expressões para atacar a versão inicial “alegada dívida”, “suposto crédito”. 7. EVENTUAL ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO OU DECADENCIA DO DIREITO DO AUTOR – MAS SOMENTE SE FOR O CASO. Indica-se apontar tais matérias antes das preliminares (AGUIRRE E SÁ, 2017, p. 46). Tais autores mencionam ainda que demais questões incidentais (com exceção da prescrição e decadência) deverão ser alegadas após o mérito, antes dos pedidos. 8. PRELIMINARES: as matérias previstas no art. 337 do CPC; 9. MÉRITO: impugnar o direito do autor; 10. QUESTÕES INCIDENTAIS: chamamento ao processo, denunciação a lide, reconvenção; 11. PEDIDOS 12. FECHAMENTO DA PEÇA Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper CHACON (2016, p. 174) demonstra a seguinte estrutura da Contestação: ENDEREÇAMENTO DO JUIZ DA CAUSA (com indicação da Vara, da numeração processual etc); PREÂMBULO COM QUALIFICAÇÃO DAS PARTES E INDICAÇÃO QUE SE TRATA DE CONTESTAÇÃO RESUMO DA INICIAL (fatos e pedidos do autor) PRELIMINARES (com pedido que sejam acatadas e a consequente extinção do processo com ou sem resolução de mérito ou outra consequência prevista) MÉRITO (fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor com a devida argumentação jurídica pertinente) FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA REVONVENÇÃO (quando for o caso) PEDIDO DE IMPROCEDENCIA DA AÇÃO, BEM COMO: (i) PEDIDO DE ACATAMENTO DAS PRELIMINARES (se for o caso), (ii) PEDIDO DE PROCEDÊNCIA DA RECONVENÇÃO (iii) PEDIDO DE EVENTUAIS REQUERIMENTOS PROCESSUAIS (ex: concessão do benefício da gratuidade da justiça) REQUERIMENTO DE PROVAS FECHAMENTO Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper MODELO DE CONTESTAÇÃO Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper MODELO DE CONTESTAÇÃO Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 1.9 Contestação no XVI Exame da FGV OBSERVAR QUE O GABARITO UTILIZA O CPC/73, CONTUDO, FIZEMOS A CORRESPONDÊNCIA DOS ARTIGOS AO CPC/15. ENUNCIADO: João andava pela calçada da rua onde morava, no Rio de Janeiro, quando foi atingido na cabeça por um pote de vidro lançado da janela do apartamento 601 do edifício do Condomínio Bosque das Araras, cujo síndico é o Sr. Marcelo Rodrigues. João desmaiou com o impacto, sendo socorrido por transeuntes que contataram o Corpo de Bombeiros, que o transferiu, de imediato, via ambulância, para o Hospital Municipal X. Lá chegando, João foi internado e submetido a exames e, em seguida, a uma cirurgia para estagnar a hemorragia interna sofrida. João, caminhoneiro autônomo que tem como principal fonte de renda a contratação de fretes, permaneceu internado por 30 dias, deixandode executar contratos já negociados. A internação de João, nesse período, causou uma perda de R$ 20 mil. Após sua alta, ele retomou sua função como caminhoneiro, realizando novos fretes. Contudo, 20 dias após seu retorno às atividades laborais, João, sentindo-se mal, voltou ao Hospital X. Foi constatada a necessidade de realização de nova cirurgia, em decorrência de uma infecção no crânio causada por uma gaze cirúrgica deixada no seu corpo por ocasião da primeira cirurgia. João ficou mais 30 dias internado, deixando de realizar outros contratos. A internação de João, por este novo período, causou uma perda de R$ 10 mil. João ingressa com ação indenizatória perante a 2ª Vara Cível da Comarca da Capital contra o Condomínio Bosque das Araras, requerendo a compensação dos danos sofridos, alegando que a integralidade dos danos é consequência da queda do pote de vidro do condomínio, no valor total de R$ 30 mil, a título de lucros cessantes, e 50 salários mínimos a título de danos morais, pela violação de sua integridade física. Citado, o Condomínio Bosque das Araras, por meio de seu síndico, procura você para que, na qualidade de advogado(a), busque a tutela adequada de seu direito. Elabore a peça processual cabível no caso, indicando Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper os seus requisitos e fundamentos, nos termos da legislação vigente. (Valor: 5,00) Responda justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. COMO INDENTIFICAR QUE A PEÇA É CONTESTAÇÃO? Para identificar que a peça é uma contestação, veja as informações que o enunciado coloca ao examinando: 1. João ingressa com ação indenizatória perante a 2ª Vara Cível da Comarca da Capital contra o Condomínio Bosque das Araras – Aqui, o enunciado informa que já existe uma petição inicial tramitando, excluindo a possibilidade de ser uma inicial. 2. Citado, o Condomínio Bosque das Araras, por meio de seu síndico, procura você para que, na qualidade de advogado(a), busque a tutela adequada de seu direito – Aqui, demonstra que houve a citação e que o condomínio precisa se defender, logo, o examinando já pode pensar quais são os meios de defesa no processo de conhecimento. 3. Veja que o enunciado em nenhum momento falou de decisão proferida pelo juiz, eliminado, desde já, as hipóteses de recursos. GABARITO COMENTADO PELA FGV - LEMBRE-SE QUE AQUI FOI USADO O CPC/73: A peça a ser formulada é uma CONTESTAÇÃO à ação indenizatória proposta por João. O Condomínio deverá defender a sua ilegitimidade passiva pelo fato de, em relação à queda do pote de vidro, ser identificado o condômino (aqui, em razão do art. 339 do CPC/15, terá que informar, sempre que tiver conhecimento, quem é o legitimado a figurar no polo passivo) e, com relação ao erro médico, ser responsabilidade do Hospital Municipal X. O Condomínio deverá arguir improcedência do pedido de indenização em relação à primeira cirurgia, tendo em vista que o pote de vidro foi lançado de apartamento individualizado – 601 –, isto é, de unidade autônoma reconhecida. De acordo com o Art. 938 do Código Civil, “aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido”. Assim, o habitante (proprietário, Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper locatário, comodatário, usufrutuário ou mero possuidor) da unidade autônoma é o responsável pela prática do ao danoso, e não o Condomínio. Outrossim, deverá o Condomínio arguir que não há obrigação de indenizar de sua parte em relação aos danos decorrentes da segunda cirurgia sofrida por João, na medida em que o dano é resultado de erro médico cometido pela equipe cirúrgica do Hospital Municipal X, não da queda do pote de vidro. Ainda que materialmente relacionado ao evento, a queda do pote de vidro do edifício somente se pode atribuir a consequências danosas do primeiro evento, de acordo com o Art. 403 do CC: “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”. Por fim, deverá defender a inexistência de danos morais a serem indenizados e, caso seja diferente o entendimento do juízo, que o valor a ser fixado a título de indenização seja inferior àquele pedido pelo autor. DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper RESOLUÇÃO DE ACORDO COM CPC/73 E ADAPATAÇÕES DESTACADAS EM VERMELHO. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 2. RECONVENÇÃO 2.1 Previsão legal A Reconvenção ocorre quando o Réu se vale do mesmo processo para buscar não apenas a improcedência do pedido do autor, mas uma pretensão, ou seja, um contra-ataque ao Autor. Assim, o que a Reconvenção viabiliza é o processamento simultâneo da ação principal com o da ação reconvencional, sendo que por ser esta ação nova, dentro do mesmo processo, deve a reconvenção preencher todos os requisitos exigidos para propositura da inicial, tais como pressupostos processuais e condições da ação. (Colombo; Silva, 2017) Reconvenção com o Novo CPC deixa de ser apresentada de forma autônoma, passando a ser alegada na própria contestação, consoante previsão do art. 343, caput: Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Logo, se for apresentada dentro da contestação, se sujeita ao prazo da contestação 15 dias, na forma do artigo 335 do CPC. Quanto ao oferecimento, cabe questionar: se a Reconvenção se não for proposta na Contestação trará alguma consequência? Frisa-se que a Reconvenção não é uma obrigação do Réu, e sim uma opção. Assim, não trará consequência, pois o Réu poderá ingressar com uma demanda nova em face do Autor. 05 02 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Sobre a autonomia da Reconvenção em relação à ação principal mesmo que oferecida na Contestação, o § 2º do art. 343 dispõe: § 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção. O dispositivo prevê que a desistência da ação proposta pelo Autor ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta o prosseguimento do processo referente à Reconvenção. Ressalta-se, então, que apesar da Reconvenção ser apresentada na contestação, o legislador estabeleceu, ainda, que a apresentação de Reconvenção independe de contestação, consoante §6º: “O réu pode propor reconvenção independentementede oferecer contestação”. 2.2 Como identificar que se trata de reconvenção: Além de querer se defender, pode ser que o Réu tenha o direito de exercer uma ação contra o autor. 2.3 Requisitos da Reconvenção Os autores Juliano Colombo e Jaqueline Mielke Silva (Verbo Juridico, 2017, p. 108) apontam os seguintes requisitos para a reconvenção: Conexão com a ação principal ou com o fundamento de defesa; Existência de um processo pendente: para propor a reconvenção é necessário que haja um processo principal (autor contra o réu) pendente. Depois de proposta a reconvenção, ela assume autonomia, de forma que a desistência da ação do autor contra o réu, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta o prosseguimento da reconvenção; O procedimento da reconvenção deve ser adequado com o procedimento da ação originária ou com o procedimento comum. Segundo os autores, essa é a ideia do artigo 327, §2º do CPC; Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper O juiz da causa principal deve ser competente para o julgamento da reconvenção. 2.4 Processamento da reconvenção De início, cabe destacar que o foro competente para julgar a reconvenção é justamente o da ação principal, mesmo que seja oferecida dentro da contestação ou em peça autônoma (somente a reconvenção); O §1º do art. 343 do CPC/15 prevê que, proposta a Reconvenção, o Autor será intimado na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 dias: Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias. Observar que se fala em INTIMAÇÃO DO AUTOR e não citação, isso porque ele já está no processo. Ademais, no que se refere ao processamento, como dito, no CPC/73, a Reconvenção era apresentada em forma de peça autônoma, porém, com o CPC/15 passa a ser apresentada na Contestação. Sobre a possibilidade de a Reconvenção ser proposta contra o Autor e terceiro, estabelece o §3º do artigo 343 do CPC/15: “A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro”. E, quanto à previsão da Reconvenção, também poder ser proposta pelo Réu em litisconsórcio com terceiro, institui §4º do artigo 343 do CPC/15: “A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro”; Ou seja, o CPC amplia o polo ativo da Reconvenção, permitindo que um terceiro possa figurar no polo ativo junto com o Réu. A Reconvenção não se confunde com a ação principal, e por isso a sentença deve conter fundamentação e dispositivo para ação principal e para Reconvenção. E o recurso cabível? Apelação. Ou seja, como a Reconvenção não se confunde com a ação principal, a sentença deve conter fundamentação e conclusão para cada uma delas, inclusive no que se refere à condenação em custas e despesas processuais de forma separada. A reconvenção é tratada no artigo 343 do CPC/15. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Colombo e Silva (2017, p. 110) mencionam ainda quanto aos Recursos: - CASO HAJA INDEFERIMENTO DA RECONVENÇÃO O RECURSO SERÁ AGRAVO DE INSTRUMENTO ART. 1015, XIII C/C 354, PARÁGRAFO ÚNICO E 485, I, TODOS DO CPC; - TAMBÉM SERÁ AGRAVO DE INSTRUMENTO SE HOUVER JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DE MÉRITO NA RECONVENÇÃO ART. 356 E 1.015, II DO CPC; - SERÁ RECURSO DE APELAÇÃO QUANDO HOUVER O JULGAMENTO DA RECONVENÇÃO PELA SENTENÇA DE PROCEDENCIA OU IMPROCEDENTE CONJUNTAMENTE COM A AÇÃO ORIGINÁRIA. Importante observar que nada impede que o réu apresente somente a reconvenção, sem a contestação. Neste caso, a reconvenção seguirá os passos de uma petição inicial. 2.5 Reconvenção da Reconvenção: Pode haver a reconvenção da reconvenção neste caso será requerida pelo Autor Reconvindo 2.6 Passo a passo da contestação com reconvenção Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper LEMBRAR: SIMPLES CONTESTAÇÃO NÃO TEM VALOR DA CAUSA; CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO POR SER DENTRO DA CONTESTAÇÃO AQUI TEM VALOR DA CAUSA Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper MODELO DE CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 3. RÉPLICA 3.1 Do saneamento após o fim do prazo da contestação O saneamento se dá após o fim do prazo da Contestação, consoante se verifica no artigo 347 do Novo CPC: Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, conforme o caso, as providências preliminares constantes das seções deste Capítulo. Assim, cabe ao juiz, após a apresentação de defesa pelo réu (contestação) no processo de conhecimento, estabelecer quais as próximas providências necessárias à análise da demanda. Deverá intimar as partes para especificarem as provas que pretendem produzir, ou conceder eventual abertura de prazo para que o autor apresente sua réplica ou, ainda, marcar audiência. Com isso o que se pretende é organizar o processo e garantir a manifestação das partes e o contraditório, preparando o processo para julgamento. 3.2 Como identificar que se trata da Réplica: Quando o Autor atacar a contestação oferecida pelo Réu. 3.3 Do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do Autor Tal situação se refere à Réplica e ao prazo desta. A previsão legal está no art. 350 do CPC/15: Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova. 06 03 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Inovação do CPC/15 no que diz respeito ao prazo, ou seja, no CPC/73 o prazo era de 10 dias, sendo que pelo CPC/15 passou a ser de 15 dias. A contagem passou a ser somente em dias úteis, na forma do art. 219 do CPC. Cabe ao Autor se manifestar em relação à contestação apresentada pelo Réu quando ele trouxer fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do Autor. O artigo também possibilita ao Autor a produção de provas, não somente documental. Da mesma forma, tal previsão se aplica também ao Réu quando o Autor apresentar contestação à reconvenção e alegar tais fatos. Previsão do artigo 351 do CPC/15: Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 337, o juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe a produção de prova. Ou seja, quando o Réu arguir matérias de preliminar de mérito, previstas no artigo 337 do CPC/15, o Autor terá o prazo de 15 (quinze) dias e lhe será permitida a produção das provas que entender relevantes para elidir preliminares levantadas. Salienta-se, também, de acordo com o artigo 352 do CPC/15 devem ser sanadas as irregularidades ou vícios do processo, em um prazo de até 30 dias: Verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias. 3.4 No que se refere à peça A réplica é a manifestaçãodo Autor em relação à contestação apresentada pelo Réu. Observar que o CPC/15 não utiliza a expressão RÉPLICA. Portanto, terá o Autor o direito de se manifestar no prazo de 15 dias, se na contestação o Réu alegar: Não há requisitos como na petição inicial para serem preenchidos, no entanto, deve conter: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 4. MEMORIAIS 4.1 Momento Oferecido depois da audiência de instrução e julgamento quando não forem realizados os debates orais, ou seja, quando os debates orais forem substituídos por alegações finais escritas. Previsão do art. 364 do CPC/15: Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz. § 1o Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso. § 2o Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos. 4.2 Cabimento O CPC/15 não estabelece requisitos para a formulação dos memoriais, porém, os memoriais ou razões finais escritas constituem a peça anterior à sentença e após a audiência de instrução. Servem justamente para evidenciar o contexto probatório que foi realizado evidenciando as provas em benefício da parte. 07 04 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper 4.3 Passo a passo Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professora Tatiane Kipper
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