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DIREITO ORGANIZACIONAL
Fernanda Pimentel da Silva
2DIREITO ORGANIZACIONAL
SUMÁRIO
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. 
Caxias do Sul/ RS 
REITOR
Claudino José Meneguzzi Júnior
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Débora Frizzo
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Altair Ruzzarin
DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (NEAD)
Lígia Futterleib
Desenvolvido pelo Núcleo de Educação a 
Distância (NEAD)
Designer Instrucional 
Sabrina Maciel
Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem
Igor Zattera, Sabrina Maciel 
Revisora
Carmem Maura Vaccari
APRESENTAÇÃO 3
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 4
DIREITO PRIVADO – DIREITO CIVIL 8
DIREITO DO CONSUMIDOR 13
ATIVIDADES 18
GABARITO 18
FUNDAMENTOS DE DIREITO COMERCIAL 19
INTRODUÇÃO AO DIREITO COMERCIAL 20
O DIREITO DA EMPRESA 20
TIPOS DE SOCIEDADE 23
ATIVIDADE EMPRESÁRIA INDIVIDUAL 27
SOCIEDADES COOPERATIVAS 31
MODIFICAÇÕES NA ESTRUTURA DAS SOCIEDADES 31
TÍTULOS DE CRÉDITO 31
NOÇÕES DE DIREITO FALIMENTAR E RECUPERAÇÃO DE 
EMPRESAS (Lei n. 11.101/2005) 37
ATIVIDADES 43
GABARITO 43
DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO AMBIENTAL 44
NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO 45
PRINCIPAIS ELEMENTOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 47
NOÇÕES DE DIREITO AMBIENTAL 53
ATIVIDADES 58
GABARITO 58
DIREITO DO TRABALHO 59
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO 60
CONTRATO INDIVIDUAL DO TRABALHO 63
SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO 63
POSTO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 65
CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO 66
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS DE TRABALHO 66
REMUNERAÇÃO E SALÁRIO 68
ALTERAÇÃO, INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO 
CONTRATO DE TRABALHO 70
AVISO PRÉVIO E EXTINÇÃO DO CONTRATO DE 
TRABALHO 71
TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO 72
ATIVIDADES 74
GABARITO 74
3DIREITO ORGANIZACIONAL
APRESENTAÇÃO
A unidade curricular de Direito Organizacional apresenta os 
conceitos fundamentais da área jurídica, iniciando pela introdução ao 
estudo do direito, seus principais conceitos e sua relação com o sistema 
jurídico brasileiro. Propõe uma visualização da atividade jurídica dentro 
da sociedade e mostra como as relações sociais, empresariais e de consumo 
são tratadas pela legislação nacional. Apresenta ainda uma abordagem 
inicial sobre o direito tributário, ambiental e laboral mostrando como 
estas ramificações buscam equalizar as relações estabelecidas dentro de 
nossa sociedade; criando assim jurisprudências e julgados tratados por 
nosso Direito Público e Direito Privado.
4DIREITO ORGANIZACIONAL
INTRODUÇÃO 
AO ESTUDO DO 
DIREITO
O que é Direito? Quais são suas fontes? 
Quais são seus principais elementos? Do 
que trata o Direito Civil? Como ele é aplicado 
ao contexto atual das relações de nossa 
sociedade?
A convivência em comunidade demanda de organiza-
ção e respeito. Com a evolução da sociedade, passou a surgir a 
necessidade de se regrar a conduta humana, de impor limites, 
de declarar direitos e obrigações de conduta e comportamento 
humano. Dessa forma, não era mais possível que as regras fossem 
aleatórias, que o mais forte fosse sempre o vitorioso. Surgiu, 
então, a necessidade de codificar essas regras, escrevendo-as, 
nascendo a ordem jurídica por nós, hoje, conhecida. 
5DIREITO ORGANIZACIONAL
Portanto, as normas jurídicas ser-
vem, portanto, para organizar a vida em 
coletividade, contando com a limitação de 
direitos e organização de deveres de todos 
os indivíduos que fazem parte do grupo 
para o qual o dispositivo é criado. Com o 
passar dos anos, a sociedade sofre mutações 
em sua composição e funcionamento e, o 
Direito, por sua vez, também acompanha 
tais fatos, adaptando-se constantemente.
Podemos ainda usar as palavras de 
HERMIDA (2007, p.25) para destacar 
que o papel do Direito é “proteger a ‘vida’, 
proteger não só a sua existência mínima, 
mas também garantir o seu desenvolvi-
mento de acordo à ótica que a sociedade 
lhe imprimir”.
Mas por que estudar Direito, se mi-
nha formação é como Gestor de Processos 
Gerenciais?! Direito costuma ser chato e 
distante do que eu preciso para atuar em 
minha vida profissional!?
A imagem ao lado ajuda a encontrar 
a resposta ao questionamento. Nosso agir é 
uma soma dos sentimentos e das escolhas 
racionais determinadas a partir de nosso 
conhecimento e experiências. Assim, se o 
Direito é a forma de organizar a sociedade, 
não há como atuar gerindo uma empresa, 
atividade ou até mesmo a vida pessoal sem 
conhecer os padrões aplicáveis.
Além de ser necessária para a vida 
em sociedade, conhecer às regras jurídicas 
é imprescindível para garantir a saúde fi-
nanceira das empresas.
Durante nossos estudos retomare-
mos o assunto, mas vale, desde já, dedicar 
atenção especial para os temas da disciplina, 
pois ensinam métodos e práticas que evitam 
prejuízos ou transtornos!
Por fim, quanto a dúvida de muitos 
sobre o Direito ser “chato”... meus amigos, 
tudo depende do quanto vocês estão dis-
postos a mergulhar nessa ciência repleta de 
sinônimos e curiosidades! Tenho certeza 
que se você dedicar um tempo especial para 
nossa disciplina e nossos encontros virtuais, 
ao final, descobrirá, não só, a utilidade, mas 
a pluralidade do Direito!
Conhecer as 
regras jurídicas é 
imprescindível para 
garantir a saúde 
financeira das 
empresas.
6DIREITO ORGANIZACIONAL
Então, agora, convido você a mergu-
lhar em nosso material, que é o mapa para 
um ramo encantador, dinâmico e que pode 
ajudar muito no sucesso do Gestor! Vamos 
lá! Temos muito que desbravar!
DIREITO POSITIVO E DIREITO SUBJETIVO
De acordo com Venosa (2006) Direi-
to Positivo é o conjunto de regras jurídicas, 
criado numa sociedade e em determinada 
época. Por ser criado pelo homem – nor-
malmente legisladores - as regras seguem 
à vontade e os objetivos do ser humano. O 
Direito Positivo está em constante mudança 
e evolui conforme a evolução da socieda-
de. Vale, como exemplo, a Lei nº 11.101, 
de 09 de fevereiro de 2005, que alterou a 
legislação falimentar no Brasil. O autor 
complementa, explicando que o Direito 
Subjetivo é o direito da pessoa. É a faculda-
de, a liberdade que o sujeito tem de agir ou 
não agir de acordo com o Direito Positivo, 
ou seja, a pessoa pode ou não reclamar um 
direito seu.
O Direito é, portanto, um conjunto 
de normas, impostas pelo Estado, e aplicá-
veis a determinada sociedade, com propósi-
to de garantir a segurança coletiva. Todos os 
participantes deste grupo aceitam os limites 
determinados pelos dispositivos legais, pois 
assim pretendem que os demais também 
respeitem o que lhes é de direito.
DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO
O Direito conta com ramificações 
(Público e Privado), organizando os temas 
de acordo com o conteúdo das normas. 
Direito Público é o direito que compõe 
normas, regras de natureza pública, que 
a todos obriga, em que há predomínio do 
interesse social. Direito Privado é composto 
por regras de ordem privada e que, por isso, 
podem ser renunciados, conforme à vontade 
de cada pessoa, desde que não contrarie a 
ordem jurídica (VENOSA, 2006). 
Ou seja, após dividir o Direito entre 
Público e Privado, ocorre nova subdivisão 
aproximando os temas de acordo com a 
aplicação. Dessa forma, as áreas em que o 
interesse seja exclusivo de particulares, serão 
elencadas no Direito Privado. Já as demais, 
que contam com interesses ou participa-
ção do Estado, são organizadas dentro do 
Direito Público.
A ilustração a seguir esclarece a for-
ma de organização dos ramos do Direito:
7DIREITO ORGANIZACIONAL
A informação anterior é imprescin-
dível também para aqueles que não são 
acadêmicos do curso do Direito. A justifi-
cativa é simples: se o Direito é o norteador 
das práticas na sociedade, o Gestor, desde o 
início de sua formação, precisa conhecer os 
limites e recomendações legais das práticas 
que encontrará na atuação profissional.
FONTES DO DIREITO
As fontes são os alicerces das regras 
jurídicas, afinal são elas que o conteúdo 
preencheo “livro” norteador das práticas 
do Direito. 
Existem fontes diretas e indiretas. As 
Fontes Diretas são as normas e o costume. 
As Fontes Indiretas são a doutrina, princí-
pios e a jurisprudência, valendo esclarecer 
os conceitos conforme seguem:
• Normas: emanadas em geral pelo 
Legislativo e são consideradas como 
a principal fonte do direito. Em regra, 
há 5 fases no processo de elaboração 
das leis – iniciativa, discussão, apro-
vação, sanção e promulgação; Além 
das leis, existem outras formas de 
normas que podem ser emanadas 
pelo executivo, judiciário ou autar-
quias, por exemplo. 
• Costumes: é a reiteração de uma 
conduta. Antigamente era conside-
rada a fonte principal;
• Doutrina: é a interpretação da lei 
feita pelos pesquisadores, doutores, 
mestres e juristas.
• Princípios: são práticas reiteradas já 
adotadas em outros ordenamentos 
jurídicos e conhecidos como norte-
adores de conduta. 
Exemplo: o Princípio da Pacta sunt 
servanda ensina que há de ser respei-
tado e mantido o conteúdo pactuado 
em contrato.
• Jurisprudência: é a interpretação 
da lei feita pelos juízes e tribunais. 
Quando é pacífico o entendimento, 
tem-se como a interpretação mais 
correta da lei.
A seguir consta uma jurisprudência 
de caso real julgado em Tribunal do Estado 
do Rio Grande do Sul:
Embora o conteúdo seja resumido, 
obviamente o vocabulário conta com termos 
jurídicos, que, por sua vez, exigem atenção 
na leitura. Ainda assim, é interessante o 
exemplo para que se compreenda de forma 
prática como são os textos jurisprudenciais 
e sua função no direito.
A G R A V O D E I N S T R U M E N T O . 
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE 
DE TRÂNSITO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. 
INTEMPESTIVIDADE. O presente recurso foi 
aforado fora do prazo, razão pela qual não 
pode ser conhecido. Violação ao prazo do 
artigo 522, caput, do CPC. A decisão agravada 
é mera reiteração de provimento jurisdicional 
exarado anteriormente, não reabrindo o 
prazo recursal. Precedentes. AGRAVO DE 
INSTRUMENTO NÃO CONHECIDO. (Agravo 
de Instrumento No 70066613605, Décima 
Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça 
do RS, Relator: Luiz Roberto Imperatore de 
Assis Brasil, Julgado em 16/10/2015) 
8DIREITO ORGANIZACIONAL
LEI E NORMA JURÍDICA
A Lei busca organizar a sociedade, 
para que seja um espaço pacífico. Conforme 
ensina a doutrinadora DINIZ (2010), so-
mente após a identificação do problema ou 
necessidade é que surge a imposição jurídica 
regulando a conduta. Como consta no art. 
3º da Lei de Introdução ao Código Civil, 
ninguém pode deixar de cumprir uma lei, 
alegando, para isso, que não a conhece. A 
partir do momento em que a lei entra em 
vigência, ela passa a ser obrigatória, há a 
presunção legal de que todos a conheçam, 
ou seja, ninguém poderá alegar em sua de-
fesa que não cumpriu uma lei porque não 
a conhecia.
DIREITO PRIVADO – DIREITO 
CIVIL
De acordo com Diniz (2010), o Di-
reito Civil é também conhecido como o di-
reito dos particulares, por conter, em quase 
sua totalidade, normas de direito privado. 
O Código Civil está assim dividido: 
Parte geral e parte especial. A primeira 
abriga sujeitos, objeto de direito e fatos ju-
rídicos. Já a segunda parte, conhecida como 
especial, conta com Direito das obrigações, 
das empresas, das coisas além de família e 
sucessões.
A seguir, material ilustrativo aborda 
a composição do Direito dos particulares:
PESSOA NATURAL
Os sujeitos de direito na esfera civil 
são aqueles que contam com personalidade 
civil. A legislação divide entre pessoa na-
tural e pessoa jurídica. Conforme Martins 
(2012, p. 219) “[...] pessoa natural é o ser 
humano provindo da mulher”.
A legislação vigente determina ainda 
que a personalidade civil inicia no momento 
do nascimento, porém ainda no ventre pode 
receber doações ou legados, e também ser 
adotado. Os direitos serão confirmados no 
momento em que o feto nascer, no entanto 
para isso deve “nascer com vida”.
Para compreender o conteúdo do art. 
2º do Código Civil é importante entender 
o que é nascituro e natimorto:
• Nascituro: é o ser já concebido (que 
está para nascer). A legislação protege 
as expectativas desde a sua concepção. 
Lei 10.406/02 – Código Civil Brasileiro
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e 
deveres na ordem civil.
Lei 10.406/02 – Código Civil Brasileiro
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa 
do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, 
desde a concepção, os direitos do nascituro.
9DIREITO ORGANIZACIONAL
Caso o nascituro viva, terá a garan-
tia de reconhecimento de todos os 
direitos das pessoas.
• Natimorto: é aquele que “nasceu” 
morto. Mesmo assim, ele recebe pro-
teção jurídica (ex.: nome, imagem, 
sepultura).
CAPACIDADE
Exercer pessoalmente atos da vida 
civil. Necessita ser representado ou assis-
tido. A capacidade é a regra, incapacidade 
a exceção. 
A incapacidade pode ser:
 » Absoluta – proibição total do exercí-
cio do direito pelo incapaz. Há direi-
to, mas não pode ser exercido pesso-
almente pelo incapaz. Pode ocorrer a 
nulidade, se não, estiver devidamente 
representado e é aplicável aos me-
nores de dezesseis anos, conforme 
ensina o art. 3º do CC.
 » Relativa: refere-se àqueles que po-
dem praticar, por si só, os atos da vida 
civil, desde que assistidos, sob pena 
de anulabilidade (art. 4º do CC)
São Relativamente incapazes: 
• Os maiores de dezesseis e menores 
de dezoito anos;
• Ébrios habituais e viciados tóxicos;
• Aqueles com limitações transitórias 
ou permanentes que interfiram na 
expressão de vontade;
• Os pródigos;
• Os indígenas.
Você sabia?! 
Que para saber se o feto nasceu “com vida” 
peritos analisam os pulmões do bebê. Os 
pulmões são inseridos em recipiente com 
água. Somente se o feto tiver respirado, 
seus pulmões estarão expandidos e por 
consequência flutuarão. 
VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA SER 
RELATIVAMENTE INCAPAZ?
Significa que a pessoa deverá ser assistida 
(acompanhada) por responsável, para que suas 
práticas da vida civil sejam válidas.
10DIREITO ORGANIZACIONAL
A incapacidade cessa com a idade de 
18 anos completos ou pela emancipação, 
adquirindo capacidade para praticar todos 
os atos da vida civil (art. 5º do CC).
DOMICÍLIO
Tanto a pessoa jurídica, quanto a pes-
soa física, possuem domicílio. Considera-se 
domicílio o local onde a pessoa elege a sua 
sede jurídica, ou seja, o local onde a pessoa 
pratica os seus negócios. Para a pessoa física 
o domicílio é o lugar onde ela fixa residência 
com ânimo definitivo (art. 70 do CC). Em 
alguns casos, pode existir domicílio duplo 
ou múltiplo (art. 71 do CC). Para a pessoa 
jurídica, vale a regra do artigo 75 do CC.
AUSÊNCIA
Ocorre a ausência da pessoa natural 
quando ela desaparece do seu domicílio, 
sem dar qualquer notícia de seu paradeiro 
e sem deixar procurador. Caso o ausente 
tenha patrimônio, o juiz nomear-lhe-á um 
curador para administrá-lo. Não havendo 
patrimônio, não será nomeado curador (art. 
22 a 37 do CC).
PESSOA JURÍDICA
A pessoa jurídica é a entidade consti-
tuída por pessoas ou bens, e que conta com 
vida, direitos, deveres e acervo patrimonial 
próprio, podendo ser de direito público ou 
privado. Ou seja, há pessoas jurídicas de 
direito público interno (União, Estados, 
Municípios, autarquias) e externo (estados 
estrangeiros), e de direito privado (associa-
ções, fundações, sociedades) (art. 40, 41, 42, 
43 e 44 do CC).
Em regra, a pessoa jurídica possui 
patrimônio próprio, ou seja, o patrimônio 
da pessoa jurídica não se confunde com 
o patrimônio das pessoas naturais a ela 
ligadas.
RESPONSABILIDADE DA PESSOA 
JURÍDICA
Lopes (1984) apresenta as respon-
sabilidades da Pessoa Jurídica:
• Contratual: a pessoa jurídica é res-
ponsável pelos contratos que assinar, 
respondendo com seus bens, caso 
ocorra inadimplemento contratual.
• Extra-contratual: a pessoa jurídi-
ca é responsável pelos atos ilícitos 
praticados por seus representantes/
prepostos, desde que haja culpa.
EXISTÊNCIA E DISSOLUÇÃO DA 
PESSOA JURÍDICA
Oinício da pessoa jurídica dá-se com 
o registro dos seus atos constitutivos no ór-
gão competente (art. 45 do CC). Enquanto 
não for realizado o registro dos seus atos 
constitutivos, a sociedade ou associação será 
apenas de fato, sem personalidade jurídica. 
Lopes (1984) explica que a Pessoa 
Jurídica termina a sua existência nas se-
guintes hipóteses: 
1. Decurso de prazo de sua duração: 
em se tratando de sociedade com pra-
zo de duração determinado, a mesma 
finda quando termina o prazo pre-
visto em seu contrato social.
2. Dissolução deliberada entre os 
11DIREITO ORGANIZACIONAL
membros: quando os sócios ajustam 
pelo fim da pessoa jurídica.
3. Determinação legal: quando norma 
jurídica estabelece o fim da empresa.
4. Ato governamental: por decisão do 
governo determinando o fim da so-
ciedade jurídica.
5. Dissolução judicial: quando a so-
ciedade é encerrada através de ação 
judicial.
BENS
Segundo Diniz (2010), Bens são coi-
sas materiais ou imateriais que possuem 
valor econômico e podem servir de objeto 
de uma relação jurídica. A seguir, os prin-
cipais tipos de bens, definidos pela autora:
• CORPÓREOS: são os bens físicos.
• INCORPÓREOS: são os bens abs-
tratos (um direito).
• MÓVEIS: os que podem ser trans-
portados (art. 82 do CC).
• IMÓVEIS: aqueles que não podem 
ser transportados, sem destruição de 
sua substância (art. 79 do CC).
• FUNGÍVEIS: os que podem ser 
substituídos por outros (art. 85 do 
CC).
• INFUNGÍVEIS: os que não po-
dem ser substituídos, valendo pela 
sua individualidade.
• ACESSÓRIO: é o bem que depen-
de do bem principal.
• BENS PÚBLICOS: são bens per-
tencentes à União, Estados e Mu-
nicípios. Caracterizam-se por serem 
inalienáveis e impenhoráveis.
DOS ATOS JURÍDICOS
Todo o acontecimento praticado pelo 
homem ou pela natureza que pode produzir 
efeito jurídico, ou, até mesmo, não produzir, 
mas que, mesmo assim, interessa ao mundo 
12DIREITO ORGANIZACIONAL
jurídico (DINIZ, 2010). Assim, temos um 
fato jurídico natural quando ocorre um 
acontecimento que independe da vontade 
humana (ex.: maioridade). Outras vezes, 
o acontecimento ocorre por ato humano, 
mas sem manifestação da vontade (ex.: ga-
rimpo). Em outros casos, temos aconteci-
mentos que decorrem da atividade humana 
e que dependem da vontade humana (ex. 
rescisão de um contrato).
De acordo com Diniz (2010) o ne-
gócio jurídico é o ato praticado pela pessoa 
homem que tenha como objetivo adquirir, 
transferir, modificar ou extinguir direitos. 
Se o ato tem objetivo negocial (ex.: con-
trato), é chamado de negócio jurídico. Pela 
importância, o negócio jurídico receberá 
uma atenção especial no nosso estudo. 
Segundo a autora, para que um ne-
gócio jurídico seja considerado válido, há 
exigência de que os requisitos existentes no 
art. 104 do Código Civil Brasileiro sejam 
atendidos, a saber: 
Agente capaz: é a pessoa capaz de 
exercer os atos da vida civil (ex.: o maior 
de 18 anos).
Objeto: O objeto da relação jurídica 
não deve ser contrário a lei (ex. dívida de 
jogo). Deve ser também possível (ex.: não 
posso vender a lua), determinado ou deter-
minável (ex.: posso vender uma safra que, 
embora não seja possível no início saber 
qual será a produção, saber-se-á ao final).
Forma prescrita ou não-defesa em 
lei: Em regra, o negócio jurídico não tem 
forma especial (art. 107 do CCB). A von-
tade manifestada pelas partes pode ser ver-
bal, escrita, ou através de gestos. Somente 
quando a lei exigir o negócio deve ter forma 
especial (art. 108 do CCB).
Os atos jurídicos são classificados 
da seguinte forma:
• Inter vivos: que ocorrem com todos 
os envolvidos vivos. Ex.: compra e 
venda ou doação;
• Causa mortis: tem como base o fa-
lecimento de uma das partes. Ex.: 
testamento;
• Unilaterais: contam com a vontade 
apenas de uma parte;
• Bilaterais: conta com a vontade de 
duas partes. Ex.: locação.
• Onerosos: determina a obrigação 
com reciprocidade entre as partes. 
Ex.: financiamento bancário.
• Gratuitos: Embora o bem envolvido 
tenha valor pecuniário a transação é 
gratuita. Ex.: doação pura e simples;
• Patrimoniais: são aqueles que en-
volvem bens e capitais. Ex.: compra 
e venda.
• Pessoais: aqueles vinculados a vida 
particular, valendo como exemplo o 
registro do nome.
• Formais: com passos de constituição 
determinados expressamente em le-
gislação;
• Informais: aqueles que não contam 
com forma prevista em lei;
13DIREITO ORGANIZACIONAL
• Constitutivos: com função de criar 
extinguir ou modificar direito;
• Declaratório: aqueles que declaram 
existência ou inexistência de relação 
jurídica ou trata de autenticidade e 
falsidade documental;
• Lícito: que tem como base práticas 
permitidas em lei;
• Ilícitos: aqueles praticados em desa-
cordo com a legislação vigente.
DIREITO DO CONSUMIDOR
Diante da evidente diferença de po-
deres entre as partes da relação de consumo, 
surgiu no Brasil o Código de Defesa do 
Consumidor, através da Lei 8.078/90, esta-
belecendo normas de proteção e defesa do 
consumidor, de ordem pública e interesse 
social, Nunes (2007) apresenta os princípios 
fundamentais relacionados ao Direito do 
Consumidor:
 » Princípio da Vulnerabilidade: vul-
nerabilidade significa que o consu-
midor não tem conhecimento técnico 
e científico sobre o bem ou serviço 
posto no mercado, podendo facil-
mente ser enganado. Há presunção 
absoluta de que o consumidor no 
momento de realizar o negócio jurí-
dico – relação material – é vulnerável 
(art. 4º, I do CDC).
 » Princípio da Hipossuficiência: a 
hipossuficiência do consumidor só 
poderá ser declarada no processo ju-
dicial, ou seja, o juiz poderá declarar 
o consumidor hipossuficiente (parte 
mais fraca). Não há presunção abso-
luta nesse caso, ou seja, o consumi-
dor tem que comprovar que é a parte 
mais fraca na relação processual (art. 
6, VIII do CDC).
 » Princípio da Boa-fé Objetiva: todos 
da relação de consumo devem ter 
uma conduta leal, honesta, transpa-
rente, sem subterfúgios, inclusive o 
consumidor (art. 4º, III do CDC)
 » Princípio da Informação: o con-
14DIREITO ORGANIZACIONAL
sumidor tem o direito a receber do 
fornecedor uma informação clara, 
correta, ostensiva sobre os produtos e 
serviços. Se é direito do consumidor, 
é dever do fornecedor (art. 6º, III e 
9º do CDC).
 » Princípio da Segurança: o consumi-
dor tem o direito de não ser exposto 
a perigo, colocando em risco a sua 
integridade física e mental (art. 6º, I 
do CDC). Caso o produto ou serviço 
apresente algum risco para o consu-
midor o fornecedor tem o dever de 
informar. Se algum produto posto no 
mercado apresente risco exagerado à 
integridade física do consumidor, o 
fornecedor tem obrigação de retirá-lo 
do mercado, bem como de avisar a 
autoridade competente (arts. 8º, 10º 
e 64º do CDC).
 » Princípio da Inversão do Ônus da 
Prova: para facilitar a defesa judicial 
do consumidor, o juiz poderá deter-
minar que o fornecedor comprove o 
fato controvertido do processo (art. 
6º, VIII do CDC).
Consumidor
É toda pessoa física ou jurídica que 
adquire ou utiliza produtos ou serviços 
como destinatário final, ou seja, é aquele 
que arca com os custos da aquisição e que 
não age como profissional (art. 2º do CDC). 
Ou seja, ao contrário do compreendido 
pelo senso comum, não são apenas as pes-
soas físicas que se enquadram no papel de 
consumidor.
Importante: Segundo o Código de 
Defesa do Consumidor, equiparam-se aos 
consumidores:
• As vítimas de acidentes causados 
por produtos defeituosos, mesmo que não 
os tenha adquirido (art. 17 do CDC).
• Todas as pessoas expostas às práticas 
abusivas, mesmo que não tenham compra-
do o produto ou contratado o serviço. Por 
exemplo: uma pessoa exposta à publicidade 
enganosa (art. 29 do CDC).
Fornecedor
São pessoas físicas ou empresas que 
colocam, com habitualidade, produtos ou 
serviços à disposição dos consumidores com 
estrutura profissional/empresarial (art. 3º 
do CDC). O Professor Sérgio Pinto Mar-
tins (2012, p. 383) explica em sua obraque 
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, nacional ou estrangeira, 
bem como os entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividades de produção, mon-
tagem, criação, construção, transformação, 
importação, exportação, distribuição ou 
VOCÊ SABIA QUE
O Código de Defesa do Consumidor brasileiro 
serviu de inspiração para a elaboração de 
Códigos de outros países?
15DIREITO ORGANIZACIONAL
comercialização de produtos ou prestação 
de serviços. 
A imagem ao lado chama para re-
flexão sobre a importância de práticas que 
respeitem os Direitos do consumidor, já 
que independente do tamanho do empre-
endimento, todos os fornecedores terão as 
mesmas responsabilidades.
Produto e Serviço
Produto é qualquer bem que sirva de 
objeto para a relação de consumo (art. 3º, 
§ 1º do CDC) e também conforme ensi-
na Martins (2012, p. 383) “[...] produto é 
qualquer bem, móvel ou imóvel, material 
ou imaterial”.
Você sabia que produtos distribu-
ídos gratuitamente também podem ser 
regidos pelas regras do Direito do Con-
sumidor?
Amostras enviadas ou distribuídas, 
gratuitamente, é exemplo prático de tal 
situação, já que elas têm como objetivo es-
timular a venda de produtos.
Além de regular a comercialização de 
produtos, o Código de Defesa do Consu-
midor também rege as relações, cujo foco 
o comércio de serviços. Vale destacar que 
Serviço é qualquer atividade remunerada 
que sirva de objeto para uma relação de 
consumo (art. 3º, § 2º do CDC).
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto 
ou pelo Fato do Serviço
Nas relações de consumo, a respon-
sabilidade do fornecedor é objetiva. Assim, 
independente de comprovação de sua culpa 
ou intenção de praticar o dano, ele responde 
pela reparação moral e material.
Nunes (2007) explica que o forne-
cedor (fabricante, produtor, construtor, 
nacional ou estrangeiro e o importador) é 
responsável independentemente da existên-
cia de culpa pelos prejuízos causados aos 
consumidores (art. 12 do CDC). Nesses 
casos, o acidente atinge a integridade física 
do consumidor. Nos casos de acidente de 
consumo, o fabricante, produtor, construtor, 
nacional ou estrangeiro, o importador só 
não será responsabilizado se provar, segun-
16DIREITO ORGANIZACIONAL
do o art. 12, § 3º do CDC:
I - que não colocou o produto no mer-
cado;
II - que, embora haja colocado o produto 
no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor 
ou de terceiro.
Note que, nunca foi falado do comer-
ciante, o que significa dizer que o comer-
ciante, em regra, não será responsabilizado 
em casos de acidente de consumo. Nunes 
(2007) apresenta as únicas exceções previs-
tas no art. 13 do CDC, que determinam 
que o comerciante será responsabilizado 
quando:
I - o fabricante, o construtor, o produ-
tor ou o importador não puderem ser 
identificados;
II - o produto for fornecido sem identi-
ficação clara do seu fabricante, produtor, 
construtor
 ou importador;
III - não conservar adequadamente os 
produtos perecíveis.
Da Responsabilidade pelo Vício do 
Produto ou Serviço
Nos casos de incidente de consumo, 
ou seja, quando não está em risco a inte-
gridade física do consumidor, mas há tão 
somente um defeito do produto, há res-
ponsabilidade dos fornecedores de forma 
geral, incluindo o comerciante (art. 18 do 
CDC).
Sendo assim, pode-se afirmar que:
1. o consumidor compra uma cane-
ta e a tinta dela lhe causa alergia, 
a princípio, o comerciante não será 
responsabilizado.
2. o consumidor compra uma caneta e 
ela não escreve, nesse caso, o comer-
ciante poderá ser responsabilizado.
Nunes (2007) salienta que em casos 
de defeito do produto, o fornecedor tem o 
prazo de 30 dias para sanar o defeito. Após 
esse prazo, o consumidor pode exigir a sua 
escolha:
I – a substituição do produto por outro 
da mesma espécie, em perfeitas condições 
de uso;
II – a restituição imediata da quantia 
paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do 
preço.
É possível afirmar, portanto que fato é: quando 
a anomalia resulta apenas em deficiência 
no funcionamento do produto ou serviço, 
colocando em risco a saúde ou segurança 
do consumidor.
17DIREITO ORGANIZACIONAL
Importante também destacar que 
o fornecedor não responde apenas com 
ressarcimento do produto ou serviço que 
comercializa. Caso ele cause prejuízos para 
o consumidor, atingindo patrimônio diverso 
ou superior do que vendeu caberá a empresa 
indenizar. 
Como exemplo, vale verificar o vídeo 
(youtube, clique na imagem) a seguir que 
reproduz uma decisão judicial recente. No 
material é narrado o caso de uma passageira 
que teve as bagagens extraviadas durante 
viagem aérea.
No caso exposto, embora o contrato 
tenha sido de viagem, a empresa foi con-
denada ao pagamento, correspondentes aos 
bens extraviados durante a prestação do 
serviço de transporte de passageiro.
JURISPRUDÊNCIA APLICADA
Como já estudamos, a jurisprudência 
é uma das fontes de direito. Para ilustrar 
de forma prática, segue modelo de Juris-
prudência Aplicada em situação de Direito 
do Consumidor:
É possível afirmar, portanto que vício é: quando 
a anomalia resulta apenas em deficiência no 
funcionamento do produto ou serviço, mas 
não coloca em risco a saúde ou segurança 
do consumidor.
CONSUMIDOR. OBRIGAÇÃO DE FAZER. 
COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS. QUITAÇÃO 
INTEGRAL DO PREÇO POR PARTE DOS 
AUTORES EM FACE DA CONSTRUTORA. 
TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE A TERCEIRO 
INVIABILIZADA EM RAZÃO DA PERMANÊNCIA 
DE ÔNUS REAL DE HIPOTECA LEVADA A EFEITO 
PELA CONSTRUTORA EM FAVOR DO AGENTE 
FINANCEIRO QUE FINANCIOU A CONSTRUÇÃO 
DO EMPREENDIMENTO. INEFICÁCIA DESSA 
HIPOTECA FRENTE AOS ADQUIRENTES DE 
BOA-FÉ. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N° 308 
DO STJ. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. 
QUITADO O NEGÓCIO JURÍDICO HAVIDO ENTRE 
OS AUTORES E A CONSTRUTORA, OS IMÓVEIS 
NÃO PODEM MAIS SERVIR COMO GARANTIA A 
EVENTUAL INADIMPLÊNCIA DESTA PARA COM 
O AGENTE FIANCIADOR DA OBRA. IMPOSIÇÃO 
DE OUTORGA DA ESCRITURA PÚBLICA E 
LIBERAÇÃO DO GRAVAME DE HIPOTECA. 
Sentença confirmada. Recurso improvido. 
(Recurso Cível No 71006314124, Quarta Turma 
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: 
Ricardo Pippi Schmidt, Julgado em 30/09/2016)
https://www.youtube.com/watch?v=1OOWWc9SVNo
ATIVIDADES
Com base nos estudos desenvolvidos 
na Unidade 1, responda aos questionamen-
tos que seguem:
1. Analisando as fontes de direito é 
possível afirmar que somente as leis 
tem força de determinar a solução 
dos litígios judiciais?
2. Quando começa a personalidade civil 
do homem?
3. É correto afirmar que os ébrios são 
absolutamente incapazes, visto que 
em razão da dependência perdem o 
pleno discernimento? Justifique.
4. O que são bens infungíveis?
5. Imagine que sua empresa é uma in-
dústria que produz peças para maqui-
nário. Diariamente são produzidas 
2.000 unidades em seu parque fabril. 
A energia elétrica consumida é ad-
quirida da Concessionária. A relação 
entre sua empresa e a prestadora de 
serviços de energia elétrica é de con-
sumo? Justifique.
GABARITO
R1: Todas as fontes de direito podem auxiliar na solução 
dos litígios, posto que elas se complementam.
R2: Quando ele nasce, desde que seja com vida.
R3: A informação não está correta, posto que os ébrios e 
pessoas com vícios em tóxicos são relativamente incapazes.
R4: São bens que não podem ser substituídos. Por exemplo: 
uma obra de arte.
R5: A relação narrada é de consumo. O elemento básico 
para justificar a afirmação é simples: a empresa é destinatária 
final da energia elétrica que consome no processo produtivo 
que estabelece diariamente.
19DIREITO ORGANIZACIONAL
FUNDAMENTOS 
DE DIREITO 
COMERCIAL
O que é Direito Comercial? Quais são as 
diretrizes para a formação de uma empresa? 
O que é uma sociedade empresária? Quais 
são suas modalidades? E como as relações 
comerciais atuam desde o início até o fim da 
sociedade empresária?
Conheça nesta unidade as ferramentas do direito criadas 
para dar vidaao sonho de abrir e gerir uma empresa em nosso 
país.
20DIREITO ORGANIZACIONAL
INTRODUÇÃO AO DIREITO 
COMERCIAL
Mesmo com as constantes alterações 
da legislação mundial, o Direito Comercial 
positivo permaneceu por longo período 
vinculado a teoria obsoleta dos atos de co-
mércio, não acompanhando as mudanças 
normativas mundiais. Portanto, o Direito 
Comercial atual tem como foco principal 
a empresa, a atividade desenvolvida pelo 
empresário ou sociedade empresária, que a 
faz de forma economicamente organizada. 
O novo Código Civil de 2002 re-
voga então, de forma parcial, o Código 
Comercial, consagrando o regime jurídico 
do empresário individual e da sociedade 
empresária. Interessante notar que o novo 
Código Civil, em suas disposições finais, 
preocupou-se em disciplinar a aplicação e 
controlar a aplicação das leis comerciais até 
então existentes. 
FONTE DO DIREITO COMERCIAL
As fontes do Direito Comercial são 
as formas pelas quais surgem as normas ju-
rídicas de natureza comercial. São divididas 
entre diretas e indiretas. As fontes diretas 
ou primárias são as leis comerciais. Por sua 
vez, as fontes indiretas ou secundárias são a 
analogia, os costumes e os princípios gerais.
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO 
COMERCIAL
O fato de grande parte do Direito 
Comercial encontrar-se inserido no Códi-
go Civil de 2002, não significa que houve 
unificação ou confusão do Direito Comer-
cial ao Civil. Tais ramos do Direito são 
autônomos e independentes, com regras, 
princípios e estrutura própria. O Direito 
Comercial atual, não se limita apenas às 
regras empresariais, pois abarca uma sé-
rie de outros institutos que chamamos de 
complementares.
O DIREITO DA EMPRESA
O Direito de Empresa está discipli-
nado no livro II da parte especial do Código 
Civil 2002, especialmente no conteúdo dos 
artigos 966 a 1.195. O ponto de partida 
para a compreensão da teoria da empresa 
e seu respectivo amparo jurídico, repousa 
principalmente sobre o que é empresa, e o 
que é empresário. Apesar de serem diversos 
os sentidos dados à palavra empresa, encon-
tramos no CCB seu verdadeiro significa-
do jurídico, que é de atividade econômica 
organizada para a produção ou circulação 
de produtos e de serviços.
O Art. 966 do CCB traz o conceito 
de empresário, citando que é aquele que 
exerce profissionalmente essa atividade. A 
seguir, é apresentada a explicação de cada 
trecho do texto legal, para facilitar a com-
preensão de seu conteúdo!
21DIREITO ORGANIZACIONAL
Importante lembrar que a atividade 
empresarial é econômica, pois está voltada 
à obtenção de lucro.
A imagem a seguir, convida-nos para 
uma reflexão sobre a empresa. Ela resume 
características das sociedades empresárias 
que enquanto atividades organizadas, con-
centram-se em quatro fatores de produção: 
capital, insumos, mão de obra e tecnologia.
OBRIGAÇÕES DOS EMPRESÁRIOS
Segundo Venturoti (2005) os em-
presários individuais e as sociedades em-
presárias, têm basicamente três obrigações 
fundamentais, para que as suas atividades 
sejam legalmente amparadas:
1. Dever de arquivamento de seus atos 
constitutivos na junta comercial;
2. Dever de escrituração dos livros em-
presariais;
3. Dever de levantar periodicamente o 
balanço patrimonial e os resultados 
econômicos da empresa.
O descumprimento desses deveres 
implica em sanções previstas na legislação 
comercial e até penal.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE
Nossa legislação trata de diferentes 
modelos de sociedade empresária, conforme 
estudaremos. No entanto, há característi-
cas gerais, que são norteadoras e por isso 
ATENÇÃO: A empresa como convencionado, 
visa sempre à obtenção de lucros por parte 
daqueles que a exploram.
22DIREITO ORGANIZACIONAL
aqui ganham especial atenção. Segundo o 
Código Civil de 2002 são características 
gerais da sociedade:
 » Constitui-se por contrato, entre 
duas ou mais pessoas: Podem ser 
pessoas físicas ou jurídicas de acordo 
com o modelo societário.
 » Tem início a existência com o regis-
tro do contrato ou estatuto: Serão 
registradas no Registro das pessoas 
jurídicas ou na Junta Comercial cor-
respondente.
 » Tem por nome uma firma, também 
conhecida como razão social: que 
não se confunde com marca ou nome 
fantasia.
 » Extingue-se pela dissolução, por 
expirado o prazo de duração deter-
minado, por iniciativa dos sócios, por 
determinação legal, por determinação 
judicial.
 » É uma pessoa (jurídica), distinta 
das pessoas dos sócios: conta com 
personalidade jurídica própria.
 » Tem “vida”, direitos, obrigações e 
patrimônio próprios: a comunicação 
entre o patrimônio dos sócios e da 
sociedade será regida pelo modelo 
societário através da responsabili-
dade.
 » É representada por quem o contra-
to ou estatuto determinar: poderá 
contar com administrador, diretor 
ou preposto de acordo com particu-
laridades do modelo societário.
 » O patrimônio é da sociedade e não 
dos sócios: não se confunde o patri-
mônio da sociedade com o patrimô-
nio pessoal dos sócios.
 » Responde sempre ilimitadamente 
pelas dívidas da sociedade: não há 
exclusão de suas obrigações.
 » Pode modificar sua estrutura, por 
alteração no quadro social ou por 
mudança de tipo: é livre a possibi-
lidade de modificação da sociedade, 
desde que analisados os passos pre-
vistos em lei.
Segundo o Código Civil de 2002 
para que uma sociedade seja devidamente 
constituída, o seu contrato social deverá 
conter, necessariamente, as seguintes cláu-
sulas:
I – Nome, nacionalidade, estado civil, profissão 
e residência dos sócios, se pessoas naturais, 
e a firma ou a denominação, nacionalidade e 
sede dos sócios, se jurídicas;
II – denominação, objeto, sede e prazo da 
sociedade;
III – capital da sociedade, expresso em moeda 
corrente, podendo compreender qualquer 
espécie de bens, suscetíveis de avaliação 
pecuniária;
IV - quota de cada sócio no capital social, e 
o modo de realizá-la;V – prestações a que 
se obriga o sócio cuja contribuição consista 
em serviços;
VI - pessoas naturais incumbidas da 
administração da sociedade, bem como seus 
poderes e atribuições;
VIII - a participação de cada sócio nos lucros 
e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, 
subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
23DIREITO ORGANIZACIONAL
CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
Seguindo a avaliação da estrutura 
das sociedades, é importante observar que 
elas podem ser classificadas como de pes-
soas e de capital. As primeiras são assim 
determinadas, pois o elemento primordial 
são os sócios, já que tudo gira em torno 
deles. Já nas sociedades classificadas como 
de capital, o fator imprescindível é o valor 
pecuniário envolvido. 
 Também é característica de suma re-
levância a classificação em razão da respon-
sabilidade dos sócios na sociedade. Existem 
modelos societários cuja responsabilidade 
dos participantes é limitada, ilimitada ou 
mista. Ou seja, no primeiro modelo o ca-
pital do sócio que está em risco é o corres-
pondente às quotas ou ações que ele com-
prar, enquanto no segundo formato todo 
o capital particular pode sempre arcar com 
dívidas e obrigações da empresa. O terceiro 
modelo, conhecido como responsabilidade 
mista, trata parte dos sócios de uma forma 
e parte de outra.
Trataremos em breve sobre os mo-
delos societários, retomando este tema!
REGISTRO DE UMA SOCIEDADE
Para que a sociedade adquira per-
sonalidade jurídica os seus atos devem ser 
registrados na Junta Comercial ou no Re-
gistro de pessoas jurídicas, de acordo com 
o modelo societário. Somente a partir desse 
registro é que terá capacidade de contrair 
direitos e obrigações em nome próprio. Para 
garantir o nome da sociedade, o registro 
deverá ser arquivado nos Registros Públicos 
de Empresas Mercantis de todos os estados 
em que a sociedade atuar, é uma garantia 
para a própria sociedade (art. 969 do CC).
Para garantir maior proteção, da so-
ciedade e de sua atividade, a sociedade deve 
realizar os seguintes procedimentos:
• Nome empresarial: registro na Re-
gistroPúblico de Empresas Mer-
cantis.
• Marca: depósito no INPI – Instituto 
Nacional da Propriedade Industrial.
• Domínio internet: registro na 
FAPESP - Fundação de Amparo 
à Pesquisa do Estado de São Paulo.
TIPOS DE SOCIEDADE
Nosso ordenamento jurídico conta 
com sociedades personificadas e não per-
sonificadas, trazendo o rol de modelos com 
suas características conforme segue.
Exemplos:
Sociedade de responsabilidade Limitada: 
Sociedade Limitada
Sociedade de responsabilidade Ilimitada: 
Sociedade Simples
Sociedade de responsabilidade Mista: 
Sociedades em comandita Simples
24DIREITO ORGANIZACIONAL
A imagem ao lado ilustra perfeita-
mente a possibilidade jurídica existente 
em nosso ordenamento. Afinal, ela retrata 
formas diferentes de estabelecer relações 
entre as pessoas, da mesma forma que os 
modelos societários permitem eleições so-
bre vínculos, participação e responsabilida-
des dos sócios.
SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA OU 
IRREGULAR
Como já vimos, sociedade é a união 
de duas ou mais pessoas, físicas ou jurídi-
cas, que se obrigam mutuamente a contri-
buir com bens ou serviços, visando a um 
fim (resultado), através de um contrato. O 
CC/2002 determina que a sociedade não 
personificada ou irregular é a sociedade 
constituída por contrato escrito, mas que 
não teve o registro desse contrato na Junta 
Comercial. As sociedades não personifica-
das ou irregulares podem ser classificadas 
em: Sociedade em Comum e Sociedade 
em Conta de Participação.
São as sociedades conhecidas como 
“sociedade de fato, mas não de direito”, 
ou seja, existe no plano fático, mas não no 
plano jurídico, pois lhes falta a inscrição de 
seus atos constitutivos no registro próprio e 
na forma da lei. Os seus sócios respondem 
solidariamente e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais, excluindo-se, inclusive, 
o benefício de ordem do art. 1.024 do CC 
que prevê que os bens da sociedade devem 
ser leiloados antes dos bens dos sócios (art. 
987 do CC).
Na sociedade em Conta de Partici-
pação, não há necessidade de que a mesma 
seja constituída por contrato escrito, pois 
a Lei não exige qualquer formalidade. Há 
um sócio ostensivo, em nome do qual são 
feitos os negócios, e um sócio oculto (par-
ticipante), que não aparece entre terceiros. 
O sócio ostensivo é quem responde inte-
ATENÇÃO: Nas sociedades, não, de fato ou 
irregulares os sócios respondem solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações da sociedade 
estabelecida!
25DIREITO ORGANIZACIONAL
gralmente perante terceiros, pois assume 
todo o negócio em seu nome individual 
(arts. 991 e 992 do CCB).
SOCIEDADE PERSONIFICADA
Sociedade personificada é aquela que 
registra os seus atos constitutivos no regis-
tro próprio e na forma da Lei, adquirindo, 
assim, personalidade jurídica própria. As 
sociedades personificadas subdividem-se 
em Sociedade Simples e Sociedades Em-
presárias.
SOCIEDADE SIMPLES
Ela é constituída por pessoas físicas 
ou jurídicas e tem como objetivo exercer 
atividade econômica de cunho artístico 
ou cultural, também é conhecida por ser 
utilizada por prestadores de serviços cujo 
objeto seja profissão regulamentada. Ou 
seja, é uma sociedade que não é constituída 
para o exercício de atividade comercial ou 
empresária.
Aspecto importante ao analisar as 
características deste modelo é que a respon-
sabilidade dos sócios da sociedade simples é 
ilimitada. O contrato social das sociedades 
personificadas deve conter, além de outras 
cláusulas que interessem aos sócios, os re-
quisitos mínimos enumerados no art. 997 
do CC.
SOCIEDADE EMPRESARIAL
Segundo o Código Civil de 2002 as 
sociedades Empresárias são as sociedades 
que têm como objetivo o exercício de ativi-
dade econômica organizada para a produ-
ção ou a circulação de bens ou de serviços, 
visando o lucro. As sociedades empresárias 
devem registrar os seus contratos sociais na 
Junta Comercial, adquirindo personalidade 
jurídica.
SOCIEDADE EM NOME COLE-
TIVO
Nessa sociedade, todos os sócios res-
pondem ilimitadamente com seus bens 
particulares pelas dívidas sociais. Se o patri-
mônio da sociedade não for suficiente para 
São exemplos de atividades que 
exigem adoção da Sociedade Simples: 
Sociedade de MÉDICOS, ADVOGADOS 
OU DENTISTAS.
PRAZO PARA REGISTRO: A sociedade, depois 
de criada, tem o prazo de 30 dias para 
requerer o registro do contrato no órgão 
competente, sob pena de ficar caracterizada 
como sociedade em comum, acima estudada 
(art. 998 do CC).
26DIREITO ORGANIZACIONAL
saldar seus compromissos, os sócios poderão 
ser responsabilizados pelo pagamento. O 
grande benefício desse tipo de empresa é 
a facilidade para obter crédito, se os sócios 
tiverem um bom patrimônio, é claro.
SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
Nesse tipo de sociedade há dois tipos 
de sócios. Os comanditários que contri-
buem com capital e não o trabalho, e, não 
têm qualquer poder na administração da 
sociedade. Eles somente contribuem com o 
capital e a responsabilidade deles é limitada. 
Há, ainda, os sócios comanditos – pessoas 
físicas - que assumem a direção da empresa 
e respondem ilimitadamente pelas dívidas 
da sociedade (art. 1045 do CC).
SOCIEDADE POR COTA DE 
RESPONSABILIDADE LIMITADA
Nessa sociedade cada sócio, ou co-
tista, contribui com uma parcela do capital 
social. Após a assinatura do contrato social, 
o sócio é responsável pela integralização da 
sua cota que subscreveu, e subsidiariamen-
te pela integralização das cotas subscritas 
pelos demais sócios. Há, então, responsa-
bilidade solidária entre os sócios no que se 
refere à integralização do capital social da 
sociedade. Uma vez integralizada a cota de 
cada sócio, não podem mais eles ser res-
ponsabilizados com seus bens particulares 
pelas dívidas da sociedade. 
A responsabilidade, portanto, é li-
mitada à integralização do capital social 
(art. 1052 do CC). É obrigatório que no 
nome da sociedade seja colocada a palavra 
“limitada”, ou de forma abreviada (LTDA.) 
(art. 1.158 do CC). Todo o capital da so-
ciedade por cotas de responsabilidade limi-
tada está divido em cotas sociais. É livre o 
momento da integralização das cotas pelos 
sócios, podendo ser feita em dinheiro ou 
qualquer outro bem que possa ser avaliado. 
Nas sociedades por cotas de responsabili-
dade limitada é vedada a contribuição em 
serviço (art. 1.055, § 2º do CC).
A cessão das cotas pode ser regulada 
livremente pelos sócios no contrato social. 
Caso não exista nenhuma estipulação no 
contrato social, a cota poderá ser cedida 
livremente, se for para outro sócio. Para 
que as cotas sejam cedidas para terceiros 
estranhos à sociedade, deverá a cessão ser 
aprovada por mais de 75% do capital social 
(art. 1.057 do CC).
O sócio poderá ser excluído de for-
ma judicial ou extrajudicial. Poderá ser 
extrajudicial nos casos em que o sócio não 
tenha integralizado as suas cotas no tem-
po e modo devido, previsto no contrato 
social, pela declaração da falência ou da 
No Quadro Societário:
Não podem ter pessoas jurídicas. 
Somente pessoas físicas podem fazer 
parte dessa sociedade (art. 1039 do 
CC).
27DIREITO ORGANIZACIONAL
insolvência do sócio. A judicial ocorrerá 
quando o sócio a ser excluído da sociedade 
for majoritário, ou, quando for minoritário, 
não exista cláusula contratual permitindo a 
exclusão por justa causa (art. 1.030 do CC).
SOCIEDADE ANÔNIMA OU COMPANHIA
É a sociedade que possui o capital di-
vidido em partes iguais, as chamadas ações. 
A responsabilidade dos sócios ou acionistas 
é limitada às ações subscritas ou adquiridas 
(art. 1.088 do CC). Nessas sociedades há a 
impessoalidade dos sócios e/ou acionistas. 
Deve existir na denominação da socieda-
de a expressão “Sociedade Anônima” ou 
abreviadamente “S/A”, ou, ainda, a palavra 
“Companhia” ou sua abreviatura “CIA”. A 
sociedade anônima é regida por lei especial 
– Lei 6.404/76 -, aplicando-se o Código 
Civil de forma subsidiária. As sociedades 
anônimas classificam-se em:
• Aberta: dependem de prévio registro 
na Comissão de Valores Mobiliá-rios – CVM -. A partir do registro, 
podem negociar suas ações na bolsa 
de valores.
• Fechadas: para seu funcionamento, 
não dependem de registro na comis-
são de valores mobiliários.
Os acionistas podem ser divididos 
conforme as ações e quantidade de cada 
uma delas que possuem: 
• Comum ou Ordinário: os acionistas 
têm direitos e deveres comuns de 
todo acionista. Possuem direito a 
voto – votar e ser votado - e direito 
a dividendos, mas sem privilégio ou 
preferência.
• Preferencial: os acionistas não têm 
direito a voto, mas terá algum bene-
fício relativo à distribuição dos lucros 
da sociedade, ou seja, recebe antes 
que os portadores de ações comuns 
ou ordinárias.
• Controlador: é a pessoa que detém a 
maioria dos votos e o poder de ele-
ger a maioria dos administradores. 
Tem os mesmos direitos e deveres 
do acionista comum, mas responde 
por abusos praticados.
• Dissidente: é o acionista que não con-
corda com as deliberações da maio-
ria. Tem o direito de se retirar da 
Companhia, mediante o reembolso 
do valor patrimonial ou, em alguns 
casos, pelo valor do mercado de suas 
ações.
• Minoritário: é o acionista que não 
participa do controle da companhia, 
ou por desinteresse ou por insufici-
ência de votos.
ATIVIDADE EMPRESÁRIA 
INDIVIDUAL
Além da prática empresarial através 
de sociedade, nossa legislação prevê a atua-
ção de forma individual, valendo destaque 
ao Microempreendedor Individual (MEI) 
e a Empresaria Individual de Responsabi-
lidade Limitada (EIRELI).
Microempreendedor Individual
No ano de 2006 através da Lei Com-
plementar 123/06 estabeleceu o Estatuto 
28DIREITO ORGANIZACIONAL
Nacional da Microempresa e da Empresa 
de Pequeno Porte. Nesse ato é criada a fi-
gura do Microempreendedor Individual, 
porém, apenas, após as alterações inseridas 
no ano de 2014 é que o modelo ganhou 
adesão. A lei complementar 147/2014 vem 
em resposta à imensa quantidade de pessoas 
que atuavam à margem da legalidade. 
 Conforme ilustrado abaixo, a legis-
lação referida determina menor incidência 
tributária e burocrática para empreendi-
mentos de menor porte como forma de 
incentivar e viabilizar a sobrevivência desses 
negócios.
As atividades do Microempreende-
dor Individual são restritas à lista com-
posta por: fabricação e comercialização de 
produtos, além de prestação de serviços. O 
anexo XIII da Resolução CGSN nº 94, de 
29 de novembro de 2011, trata das ativi-
dades permitidas, excluindo todas as que 
não estiverem nele citadas expressamente. 
Atividades como padeiro, jardineiro, 
zelador, comerciante, mecânico e garçom 
estão na lista das permitidas para enqua-
dramento como Microempreendedor.
A simplificação tributária é refletida 
nos valores pagos. O MEI é enquadrado 
no Simples Nacional, contando com isen-
ção de tributos federais. O empreendedor 
paga apenas os seguintes valores mensais 
de acordo com sua atuação:
29DIREITO ORGANIZACIONAL
Os valores são alternativos e não 
cumulativos, e serão destinados ao INSS 
e ICMS ou ISS. Os mesmos são corrigi-
dos anualmente, tendo como base o salário 
mínimo nacional. O MEI pode contratar 
um funcionário, e caso opte por tal prática 
também terá custo inferior ao que suportam 
os outros modelos empreendedores vigentes 
em nossa legislação.
Outra característica do MEI é a des-
burocratização. Tal fenômeno é visto desde 
a inscrição para início das atividades até o 
seu encerramento. Não há necessidade de 
controle documental complexo, podendo 
ser realizado pelo próprio empreendedor 
toda a documentação necessária. Para fa-
cilitar as práticas, ainda, há site com infor-
mações, modelos e auxílio. 
A imagem faz alusão ao sentimento 
do empresário em busca de atender os trâ-
mites de abertura e funcionamento de seu 
negócio. Enquanto os formatos tradicionais 
de empreender trazem rotinas burocráticas, 
parecendo um labirinto para o empresário, 
o MEI simplifica suas práticas.
Os procedimentos relativos ao MEI 
são feitos através do site: http://www.por-
taldoempreendedor.gov.br/
• R$ 45,00 para comércio ou indústria;
• R$ 49,00 para quem atua em prestação 
de serviços;
• R$ 50,00 para quem atua em comércio 
e serviços.
Quer empreender?
Veja o conteúdo que o SEBRAE disponibiliza!
Veja o link.
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30DIREITO ORGANIZACIONAL
EIRELI
Conforme ensina Martins (2012, p. 
348) “A empresa individual de responsa-
bilidade limitada será constituída por uma 
única pessoa titular da totalidade do capital 
social, devidamente integralizado, que não 
será inferior a 100 vezes o salário mínimo 
vigente no país”.
A imagem faz menção a caracterís-
tica principal da EIRELI: Apenas uma 
pessoa compõe o quadro societário. Ainda 
assim, a responsabilidade dela é limitada 
à integralização do capital social, que, por 
sua vez, é igual ou superior a 100 vezes o 
salário mínimo.
O modelo vem para ofertar configu-
ração mais próxima da realidade e, assim, 
desmotivar a criação de Sociedades Li-
mitadas com sócios que não participavam 
ativamente.
O regulamento deste modelo de 
atuação determina ainda, que, 
somente poderá ser sujeito a pessoa 
física.
Não pode ser sujeito na EIRELI a 
pessoa jurídica.
31DIREITO ORGANIZACIONAL
SOCIEDADES COOPERATIVAS
As sociedades cooperativas não são 
empresas, porém merecem atenção quando 
se trata de Direito Empresarial, posto que 
tem por objetivo a organização de esforços 
em comum para a obtenção de finalidade 
específica. Elas contam com personalidade 
jurídica própria. 
Além disso, conforme Martins (2012, 
p.341) “[...] os membros da cooperativa não 
têm subordinação entre si, mas vivem num 
regime de colaboração”.
MODIFICAÇÕES NA 
ESTRUTURA DAS SOCIEDADES
As sociedades podem durante sua 
existência alterar seu modelo através das 
chamadas reorganizações societárias. Ou 
seja, elas podem durante a sua trajetória 
sofrer alteração na sua estrutura. O fenô-
meno é conhecido pelo senso comum como 
Fusões & Aquisições, porém conta com 
diversas fórmulas, de acordo com a preten-
são dos envolvidos. Além das alterações 
geradas pelas aquisições, atualmente, es-
sas mudanças na estrutura estão regradas 
pelo Código Civil e pela lei das Sociedades 
Anônimas – Lei 6.404/76 -. 
As alterações podem ser:
a. Transformação: a sociedade passa de 
um tipo para outro (ex.: de LTDA 
para S/A) (art. 1.113 do CC).
b. Incorporação: uma ou mais socie-
dade são absorvidas por outra (art. 
1.116 do CC).
c. Fusão: unem-se duas ou mais socie-
dades para formar uma terceira (art. 
1.119 do CC).
d. Cisão: a sociedade transfere patri-
mônio para uma ou mais sociedades 
(art. 229 da Lei 6.404/76).
TÍTULOS DE CRÉDITO
O título de crédito é um documento 
necessário para o exercício do Direito, literal 
e autônomo, nele mencionado. Os títulos de 
crédito estão regulados pela Lei Uniforme 
de Genebra – LUG, Dec. 57.663/1966, pela 
Lei Nacional – Dec. 2.044/1908 – e pelo 
atual Código Civil. O art. 887 do Código 
Civil define os títulos de crédito como sen-
do “[...] documento necessário ao exercício 
do direito literal e autônomo nele contido”. 
Por expressa determinação desse artigo, o 
título de crédito “[...] somente produz efeito 
quando preencha os requisitos da lei”. Serão 
alvo de nossos estudos os títulos de crédito 
mais usuais: letra de câmbio, duplicata, nota 
promissória e cheque.
PRINCÍPIOS
Coelho (2007) trata dos princípios 
dos títulos de crédito, quais sejam:
• Cartularidade: Há a necessidade da 
cártula original, é a materialização do 
direito, no documento. Sem o do-
cumento o credor não pode exigir o 
seu crédito.
• Literalidade: a obrigação do deve-
dor, o crédito do credor, deve estar 
32DIREITO ORGANIZACIONAL
literalmente no título. Só vale o que 
está escrito no título.
• Autonomia: define a relação entre os 
participantes do título. Quem tem o 
direito de crédito não precisa provar 
a legitimidade. O credor nada precisa 
provar(processo de conhecimento). 
A presunção é de que o credor tem 
direito independente do seu ante-
cessor.
PRINCIPAIS TIPOS
LETRA DE CÂMBIO
É uma promessa de pagamento, em 
que o sacador dá uma ordem ao sacado para 
pagar determinada quantia em favor de 
alguém – tomador - que pode ser o próprio 
sacador ou um terceiro. Se o sacado se nega 
a pagar a letra de câmbio, o tomador pode 
cobrar diretamente do sacador. São requisi-
tos essências da letra de câmbio, segundo o 
art. 1º da Lei Uniforme de Genebra (LUG):
A imagem traz um modelo de Letra 
de Câmbio, valendo observar que em desta-
que temos os elementos que são requisitos 
básicos.
Se faltar qualquer um dos requisitos 
supracitados, não será considerado título 
de crédito, ou seja, perde a qualidade de 
título executivo. De acordo, com o segundo 
item, a quantia deverá ser determinada. O 
Decreto-Lei nº 857/69, em seu artigo 1º, 
estabelece que são nulos os títulos e qual-
quer obrigação que estipule o pagamento 
em ouro, moeda estrangeira ou qualquer 
outro que restrinja a moeda nacional. A 
exceção é quando a obrigação venha de 
contratos de exportação ou importação (art. 
2º do Decreto-Lei nº 857/69). A jurispru-
dência tem aceitado se o valor expresso no 
título for em reais e o seu indexador for o 
dólar, por exemplo.
I. a palavra “letra” inserta no próprio texto do 
título e expressa na língua empregada para 
a redação desse título;
II. o mandato puro e simples de pagar uma 
quantia determinada;
III. o nome daquele que deve pagar (sacado);
IV. a época do pagamento;
V. a indicação do lugar em que se deve efetuar 
o pagamento;
VI. o nome da pessoa a quem ou à ordem de 
quem deve ser paga;
VII. a indicação da data em que, e do lugar 
onde a letra é passada;
VIII. a assinatura de quem passa a letra 
(sacador).
33DIREITO ORGANIZACIONAL
Caso exista, no título de crédito, con-
tradição entre o numeral e por extenso, vale 
por extenso, quando confrontado os dois, 
vale o menor. Isso vale para todos os títulos 
de créditos (art. 6º Decreto nº 57.663/66). 
Os títulos de créditos podem ser aceitos 
com omissões, ou em branco, pois podem 
ser completados ou preenchidos pelo credor 
de boa-fé antes da cobrança ou do protes-
to. Sendo assim, o pós-preenchimento do 
título não gera a sua anulação, só será nulo 
se for preenchido de forma abusiva.
A letra e os demais títulos de cré-
ditos podem ser endossados. O endosso 
tem como característica a transferência do 
crédito e a garantia pelo pagamento. Com 
relação a garantir o pagamento, o Código 
Civil, em seu artigo 914, estabelece que o 
endossante não se responsabiliza pelo pa-
gamento do título, salvo se for estipulado 
em contrário. Essa previsão contraria as 
demais leis extravagantes, Lei Uniforme de 
Genebra (LUG), Lei das Duplicatas, Lei do 
Cheque, dentre outras. Por isso, a maioria 
dos julgados responsabiliza o endossante 
pelo pagamento do título.
O endosso parcial é nulo e não pode 
ser subordinado a qualquer condição (art. 
12 LUG e 912 do CC). O endosso pode ser 
dado depois de vencido o título – endosso 
póstumo – (art. 920 do CC). O endosso 
pode ser dado em “preto” colocando no 
título o nome do endossatário, ou pode 
ser dado em “branco”, tornando o título ao 
portador. Há, ainda, o endosso mandato ou 
procuração que legitima a posse do título, 
sem transferir o direito ao crédito (art. 
18 da LUG). O título pode ter restrição 
à circulação através do endosso quando 
constar a cláusula não à ordem, ou seja, o 
título não pode circular pelo endosso.
O aceite, tratado nos art. 21 a 29 da 
LUG, é o modo pelo qual o sacado reco-
nhece o débito e assume a obrigação de 
adimplir a obrigação. O aceite pode ser 
parcial, ou seja, vincula o sacado apenas na 
parte em que aceitou (art. 26 da LUG). O 
aceite deve obrigatoriamente ser dado no 
próprio título (art. 25 da LUG).
O aval é uma garantia de pagamento 
do título de crédito (art. 897 do CC). O 
aval deve ser dado no verso ou no anverso 
do próprio título, ou seja, só é valido ser for 
escrito no próprio título de crédito (art. 898 
do CC). Há solidariedade entre o avalista 
e o devedor principal, isso significa que o 
credor pode cobrar dos dois em conjunto ou 
de qualquer um deles isoladamente. Caso 
o avalista pague o título, ele pode cobrar 
de forma regressiva do avalizado (art. 899, 
§ 1º do CC).
O novo Código Civil exige que o 
cônjuge para prestar aval tenha a outorga 
uxória, desde que, não casados em regime da 
separação total dos bens, ou seja, o cônjuge 
tem que ter autorização do outro para ser 
avalista (art. 1647 do CC).
Você sabia que nos contratos de Comércio 
Exterior a Letra de Câmbio é o documento 
que utilizado para viabilizar o recebimento 
dos valores negociados?
34DIREITO ORGANIZACIONAL
Estabelece também o novo código 
que o aval não pode ser parcial (art. 897, 
parágrafo único do CC). É permitido que 
o aval seja prestado depois de vencido o 
título, produzindo os mesmos efeitos se 
tivesse sido dado antes do vencimento (art. 
900 do CC).
O pagamento é a forma pelo qual 
se extingue uma obrigação. O credor não 
é obrigado a receber o pagamento anteci-
pado (art. 902 do CC). Mas o credor, no 
vencimento, não pode recusar o pagamento, 
ainda que parcial (art. 902, § 1º do CC). 
Quanto ao vencimento, há possibilidade de 
serem fixados quatro tipos de vencimento 
(art. 33 da LUG): à vista; a um certo termo 
de vista; a um certo termo de data; e pagável 
num dia fixado.
A letra de câmbio prescreve em três 
anos. E poderá ser protestada, o protesto 
suspende a prescrição (art. 202, III do CC). 
O protesto tem que ser lavrado na praça 
de pagamento do título. Caso haja alguma 
irregularidade com o título apresentado a 
protesto, o juiz pode, a pedido do “devedor” 
determinar a sustação do protesto, ou seja, 
o devedor não terá o nome protestado.
NOTA PROMISSÓRIA
A nota promissória é uma promessa 
de pagamento, na qual o devedor – emitente 
– assume a obrigação de pagar determinada 
importância no prazo fixado. A nota pro-
missória já nasce aceite, pois tem que ter a 
assinatura do emitente devedor. Segundo 
o artigo 75 da LUG, são os requisitos da 
nota promissória.
Caso algum desses requisitos não 
seja preenchido, a nota promissória não 
produzirá efeito de título de crédito (art. 76 
da LUG). São aplicáveis às notas promissó-
rias, as mesmas normas da letra de câmbio, 
acima citadas, com algumas exceções, como 
é o caso do aceite, pois aqui não cabe (art. 
O que é outorga uxória? É a autorização ou 
participação expressa dada pelo cônjuge 
ao firmar documento e, assim, confirmar 
que tem conhecimento sobre determinado 
negócio.
I. denominação “nota promissória” inserta no 
próprio texto do título e expressa na língua 
empregada para a redação desse título;
II. a promessa pura e simples de pagar uma 
quantia determinada;
III. a época do pagamento;
IV. a indicação do lugar em que se efetuar o 
pagamento;
V. o nome da pessoa a quem ou à ordem de 
quem deve ser paga;
VI. a indicação da data em que e do lugar onde 
a nota promissória é passada;
VII. a assinatura de quem passa a nota 
promissória (subscritor).
35DIREITO ORGANIZACIONAL
77 da LUG). A nota promissória prescreve 
em três anos.
DUPLICATA
A duplicata é um título de crédito 
causal, ou seja, necessita de uma origem 
para ser emitida, pois tem que representar 
uma compra e venda – duplicata mercantil 
– ou uma prestação de serviço – duplica 
de prestação de serviço -. São requisitos 
essenciais da duplicata, segundo o art. 2º 
da Lei nº 5.474/68: A imagem traduz uma duplicata, apontando com destaque a existência dos 
requisitos determinados em legislação vi-
gente:
Pode-se fazer endosso de duplicata 
e é possível comprovar o adimplemento da 
obrigação pelo recibo, mas se deve verificar 
se o pagamento está sendo feito ao credor. 
A duplicata também comporta aval. A du-
plicata prescreve em três anos. A duplicata 
mercantil exige o comprovante da entrega 
da mercadoria e a duplicata de prestação de 
serviço exigea comprovação da contratação 
do serviço e a prova efetiva da realização da 
prestação de serviço para que sejam execu-
tadas judicialmente, caso não tenham sido 
aceitas pelo devedor. Também é necessário 
o protesto da duplicata para o ingresso de 
ação executiva.
CHEQUE
O cheque é uma ordem de pagamen-
to à vista, regulado pela Lei nº 7.357/85 e 
Decreto nº 57.595/66
A Lei nº 7.357/85 enumera os re-
quisitos essenciais do cheque (art. 1º). Caso 
falte algum desses requisitos, o documento 
não vale como cheque (art. 2º). São eles:
I - a denominação “duplicata”, a data de sua 
emissão e o número de ordem;
II - o número da fatura;
III - a data certa do vencimento ou a declaração 
de ser a duplicata à vista;
IV - o nome e domicílio do vendedor e do 
comprador;
V - a importância a pagar, em algarismos e 
por extenso;
VI - a praça de pagamento;
VII - a cláusula à ordem;
VIII - a declaração do reconhecimento de 
sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a 
ser assinada pelo comprador, como aceite 
cambial;
IX - a assinatura do emitente.
36DIREITO ORGANIZACIONAL
Não é necessário protestar o che-
que para se ingressar com ação executiva. 
O cheque não comporta aval parcial. O 
cheque não pode ser endossado de forma 
parcial. O cheque deve ser apresentado para 
pagamento no prazo de 30 dias da emissão, 
se for emitido na praça de pagamento ou 
no prazo de 60 dias caso seja emitido fora 
da praça de pagamento (art. 33 da Lei nº 
7.357/85).
O prazo da apresentação do cheque 
é prazo inicial para a prescrição, ou seja, 
o cheque prescreve em seis meses a ini-
ciar da data final para a sua apresentação 
(art. 59 da Lei nº 7.357/85). Nos moldes 
do acima referido, o cheque é uma ordem 
de pagamento à vista (art. 32 da Lei nº 
7.357/85). Contudo, o Superior Tribunal 
de Justiça – STJ – entende que a apresen-
tação antecipada do cheque gera o dever de 
indenizar, tendo em vista que houve uma 
quebra contratual por parte do credor.
EMISSÃO DE TÍTULO SEM ORIGEM
Apesar da aparente fragilidade dos 
títulos de crédito e sua emissão, é crime 
emitir título sem a devida procedência. O 
artigo 172 do Código Penal (CP) ensina 
que:
 Art. 172 - Emitir fatura, duplicata 
ou nota de venda que não corresponda à 
mercadoria vendida, em quantidade ou 
qualidade, ou ao serviço prestado. 
I - a denominação “cheque” inscrita no 
contexto do título e expressa na língua em 
que este é redigido;
II - a ordem incondicional de pagar quantia 
determinada;
III - o nome do banco ou da instituição 
financeira que deve pagar (sacado);
IV - a indicação do lugar de pagamento;
V - a indicação da data e do lugar de emissão;
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou 
de seu mandatário com poderes especiais.
37DIREITO ORGANIZACIONAL
O desrespeito determina pena de 
detenção de dois a quatro anos, e multa.
O art. 172 do CP em seu parágrafo 
único reza que “Nas mesmas penas incorrerá 
àquele que falsificar ou adulterar a escritu-
ração do Livro de Registro de Duplicatas”.
NOÇÕES DE DIREITO 
FALIMENTAR E RECUPERAÇÃO 
DE EMPRESAS (Lei n. 
11.101/2005)
FALÊNCIA
A falência é considerada um processo 
de execução coletiva, em que todos os bens 
da empresa falida são arrecadados para uma 
venda judicial forçada – leilão. 
No momento em que ocorre a Fa-
lência a empresa encerra suas atividades de 
forma definitiva. 
O produto da venda desses bens 
será distribuído proporcionalmente entre 
todos os credores. Somente o empresário 
ou a sociedade empresária, já estudado no 
nosso curso, pode ir à falência (art. 1º da 
Lei nº 11.101/08). Há algumas empresas 
que não podem falir, descritas no art. 2º da 
Lei nº 11.101/08. A falência caracteriza-se 
pela impontualidade, pela não nomeação 
de bens à penhora no prazo legal ou pela 
prática de um ato de falência (art. 94 da 
Lei nº 11.101/08).
A impontualidade é evidenciada 
quando o devedor não paga título(s) exe-
cutivo(s) protestado. Note que a lei exige 
que seja(m) protestado(s) o(s) título(s) de 
crédito(s). Além de ser protestado, o títu-
lo ou títulos executivos tem que ter soma 
superior a 40 salários mínimos. Poderá 
também ser requerida a falência quando a 
empresa executada não paga, não deposita 
e não apresenta nos processos bens à pe-
nhora para garantir a dívida no prazo legal. 
Ainda, poderá ser requerida a falência do 
empresário que pratique certos atos suspei-
tos, aos quais chamamos atos de falência. 
Tais atos estão citados no art. 94 da Lei nº 
11.101/05.
O empresário, para não falir, terá o 
prazo de 10 dias para contestar o pedido 
de falência, podendo alegar como funda-
mento as hipóteses do art. 96, ou requerer 
a sua recuperação judicial, nos termos do 
art. 95 dessa lei.
Segundo o artigo 97 da lei, podem 
requerer a falência:
JUÍZO REQUERENTE E VENCIMENTOS
O juízo competente para julgar a 
falência é o juízo do local do principal es-
tabelecimento do devedor, pois a sede é, 
em regra, o estabelecimento principal do 
devedor (art. 3º). Quando o juiz declara a 
falência, todos os processos da falida serão 
I - o próprio devedor;
II - o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro 
do devedor ou o inventariante;
III - o cotista ou o acionista do devedor 
na forma da lei ou do ato constitutivo da 
sociedade;
IV - qualquer credor.
38DIREITO ORGANIZACIONAL
suspensos, passando o juízo da falência a ser 
juízo universal, ou seja, o único competente 
para conhecer e decidir todas as questões de 
caráter econômico que envolvam o devedor 
falido. A falência apenas não suspende as 
execuções fiscais, as ações trabalhistas e as 
ações em que a falida for autora (art. 76). 
A falência produz o vencimento antecipa-
do de todas as dívidas do falido. Portanto, 
mesmo aqueles que detenham títulos ainda 
não vencidos devem habilitar-se na falência 
(art. 77).
MASSA FALIDA E TERMO LEGAL
Massa falida é o conjunto do ativo e 
passivo da falida. A massa falida passa a ser 
administrada e representada pelo adminis-
trador judicial nomeado pelo juiz.
O Termo Legal, também chamado 
período suspeito, é o período de tempo 
que antecede à falência. Ele é fixado pelo 
juiz na sentença declaratória, geralmente 
90 dias antes do primeiro protesto (prazo 
máximo). Vários atos praticados pelo falido 
dentro do termo legal não produzem efeito 
dentro da falência, como o pagamento de 
dívidas não vencidas e a constituição de 
garantias reais (art. 99, II).
SITUAÇÃO DOS SÓCIOS
Quem vai à falência é a sociedade e 
não os sócios, porém, podem ser arrecada-
dos também os bens particulares de certos 
sócios, de acordo com a estrutura da socie-
dade e obrigações patrimoniais dos sócios. 
Também haverá resquícios no patrimônio 
dos sócios quando eles faltarem com suas 
obrigações, especialmente no que tange à 
idoneidade de suas práticas ante a Socie-
dade Empresária.
O ADMINISTRADOR JUDICIAL
A nova lei resolveu criar a figura do 
“administrador judicial”, substituindo o 
síndico (processos antigos falimentares) 
e o comissário (processos antigos de con-
cordatas).
Com a decretação de falência ou 
na recuperação judicial, o juiz nomeia um 
administrador judicial (art. 21). É função 
do administrador judicial, dentre outras, 
Na atual legislação Sai o SINDÍCO e o 
COMISSIÁRIO
E entra o ADMINISTRADOR JUDICIAL
39DIREITO ORGANIZACIONAL
representar a massa falida, arrecadar os bens 
do falido, prestar informações aos interessa-
dos, elaborar relatórios, organizar o quadro 
geral de credores, promover a liquidação, 
vendendo os bens da massa falida e distri-
buindo o produto entre os credores (art. 22). 
O administrador judicial será remunerado 
pela própria massa falida, não podendo a 
remuneração fixada pelo juiz ser superior a 
5% do valor obtido com a venda dos bens 
da falida (art. 24).
PROCEDIMENTOS E OBRIGAÇÕES DO 
FALIDO
Logo após a declaração da falência, 
com a nomeação do administrador judicial, 
dá-se início à arrecadação dos bens da fa-
lida. Com a nova lei, poderá dar-se início 
a venda do ativo antes mesmo de formado 
o quadro geral de credores (art. 139).Exis-
tindo sócio solidário ou de responsabilidade 
ilimitada, o administrador deverá arrecadar 
também os seus bens.
Uma vez declarada a falência e in-
timado os falidos, eles devem comparecer 
em juízo e prestar informações sobre todos 
os negócios da empresa, assinando termo 
de comparecimento. Devem acompanhar o 
andamento da falência, devendo fiscalizar 
o administrador judicial da massa falida, 
sendo que o falido diligente poderá receber 
módica remuneração (art. 104).
Certos atos praticados pela falida, 
anteriores à declaração da falência, são ine-
ficazes perante a massa falida, se praticados 
pelo devedor com intenção de prejudicar 
credores mediante fraude. A lei indica, ain-
da, outras hipóteses de atos ineficazes, tais 
como renúncia a herança até dois anos antes 
da falência (art. 129). Poderá o negócio da 
falida continuar a funcionar, mesmo após a 
falência, quando houver interesse dos cre-
dores. Caberá ao administrador cumprir o 
contrato para diminuir ou evitar maiores 
prejuízos à massa falida (art. 117).
CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
Os créditos dos credores são classifi-
cados segundo a ordem do artigo 83, sendo 
o administrador judicial o responsável pela 
organização do quadro geral dos credores. 
A principal mudança trazida com a nova 
Lei foi a de que os titulares de crédito com 
garantia real (em geral bancos) passam a 
ter preferência sobre os credores fiscais. A 
intenção do legislador foi baratear os juros 
bancários. Esses créditos com garantia real 
figuravam na 5ª colocação na antiga Lei e 
passaram agora para a 2ª colocação.
CRIMES FALIMENTARES
O falido pode ser condenado por cri-
me falimentar se praticar certos atos previs-
tos na Lei, como por exemplo, o desvio de 
bens, ou qualquer outro fato fraudulento, 
de que resulte ou possa resultar prejuízo 
aos credores (art. 168 e seguintes). Termi-
nada a venda dos bens e feita distribuição 
do resultado proporcional aos credores, o 
administrador judicial, no prazo de 30 dias, 
presta contas ao juiz que as julgará. Em 
seguida, o juiz dá sentença de encerramento 
da falência (arts. 154, 155 e 156).
As obrigações do falido serão extin-
tas, conforme a regra do artigo 158:
40DIREITO ORGANIZACIONAL
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
É um processo que tem por obje-
tivo o saneamento da crise econômica da 
empresa, buscando preservar a atividade 
econômica, seus postos de trabalho e os 
interesses dos seus credores. Diz-se que, 
uma vez recuperada, a empresa atenderá a 
sua função social (art. 47). Segundo estabe-
lece o artigo 48, somente poderá requerer 
a recuperação judicial aquele que também 
puder falir, pois uma das consequências 
da recuperação judicial é a decretação da 
falência. Ainda, esse artigo enumera alguns 
requisitos:
O pedido de recuperação judicial 
deverá conter, sob pena de não ser aceito 
(art. 51):
I - o pagamento de todos os créditos;
II - o pagamento, depois de realizado todo 
o ativo, de mais de cinquenta por cento dos 
créditos quirografários, sendo facultado ao 
falido o depósito da quantia necessária para 
atingir essa porcentagem, se para tanto não 
bastou a integral liquidação do ativo;
III - o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, 
contado do encerramento da falência, se o 
falido não tiver sido condenado por prática 
de crime previsto nesta Lei;
IV - o decurso do prazo de 10 (dez) anos, 
contado do encerramento da falência, se o 
falido tiver sido condenado por prática de 
crime previsto nesta Lei.
I - não ser falido e, se o foi, estejam declaradas 
extintas, por sentença transitada em julgado, 
as responsabilidades daí decorrentes;
II - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido 
concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido 
concessão de recuperação judicial com base 
no plano especial de que trata a Seção V deste 
Capítulo;
IV - não ter sido condenado ou não ter, como 
administrador ou sócio controlador, pessoa 
condenada por qualquer dos crimes previstos 
nesta Lei.
I - a exposição das causas concretas da 
situação patrimonial do devedor e das razões 
da crise econômico-financeira;
II - as demonstrações contábeis relativas 
aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as 
levantadas, especialmente, para instruir 
o pedido, confeccionadas com estrita 
observância da legislação societária aplicável 
e compostas obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último 
exercício social;
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de 
sua projeção;
III - a relação nominal completa dos credores, 
inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de 
dar, com a indicação do endereço de cada um, 
a natureza, a classificação e o valor atualizado 
do crédito, discriminando sua origem, o 
regime dos respectivos vencimentos e a 
indicação dos registros contábeis de cada 
transação pendente;
41DIREITO ORGANIZACIONAL
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDI-
CIAL
Uma vez aceito pelo juiz, o pedido 
de recuperação judicial, o devedor terá o 
prazo de 60 dias para apresentar o plano 
de recuperação (art. 53).
O devedor precisará atender a dois 
prazos na elaboração do plano de recupe-
ração (art. 54). 1) no máximo de 1 ano para 
pagar os créditos trabalhistas e de aciden-
tes de trabalho vencidos até o pedido de 
recuperação. 2) no máximo 30 dias para 
pagar, até o limite de 5 salários mínimos 
por trabalhador, os créditos de natureza 
salarial, vencidos nos 3 últimos meses antes 
do pedido.
Caso algum devedor apresente obje-
ção ao plano de recuperação, a assembléia-
-geral de credores irá aprovar, com ou sem 
alterações, ou rejeitar o plano. Rejeitado o 
plano pela assembléia, juiz decretará a fa-
lência (art. 56). O devedor deve apresentar, 
no prazo de 5 dias da aprovação do plano 
pela assembléia de credores, as certidões 
negativas de débitos tributários (art. 57). O 
plano de recuperação não pode ser alterado, 
é imutável. Se o devedor não cumprir com 
qualquer obrigação prevista no plano, o juiz 
transforma em falência (art. 61).
Cumpridas todas as obrigações do 
plano de recuperação do devedor no prazo 
de 2 anos, o juiz decreta o encerramento 
da recuperação judicial (art. 63). O devedor 
não poderá durante o pedido de recupera-
ção judicial vender ou onerar bens, salvo 
com autorização judicial ou se constar no 
plano de recuperação, sob pena de ser de-
cretada a falência (art. 66).
DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DU-
RANTE A RECUPERAÇÃO
Com a nova lei, o devedor que requer 
a recuperação judicial ou a obtém e cum-
pre rigorosamente o plano de recuperação 
IV - a relação integral dos empregados, 
em que constem as respectivas funções, 
salários, indenizações e outras parcelas a 
que têm direito, com o correspondente mês 
de competência, e a discriminação dos valores 
pendentes de pagamento;
V - certidão de regularidade do devedor 
no Registro Público de Empresas, o ato 
constitutivo atualizado e as atas de nomeação 
dos atuais administradores;
VI - a relação dos bens particulares dos 
sócios controladores e dos administradores 
do devedor;
VII - os extratos atualizados das contas 
bancárias do devedor e de suas eventuais 
aplicações financeiras de qualquer modalidade, 
inclusive em fundos de investimento ou em 
bolsas de valores, emitidos pelas respectivas 
instituições financeiras;
VIII - certidões dos cartórios de protestos 
situados na comarca do domicílio ou sede do 
devedor e naquelas onde possui filial;
IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas 
as ações judiciais em que este figure como 
parte, inclusive as de natureza trabalhista, 
com a estimativa dos respectivos valores 
demandados.
42DIREITO ORGANIZACIONAL
ou terá a falência decretada. Fala-se que a 
recuperação judicial equivale a uma mesa 
de cirurgia, ou a empresa sai curada, ou a 
empresa sai morta (art. 73).
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
A nova lei possibilita que, se todos 
os envolvidos (devedor e todos credores) 
estiverem de acordo, a sociedade empresária 
não precisa atender a nenhum dos requi-
sitos