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PRINCÍPIO DA UTILIDADE E TEORIA DA PUNIÇÃO DE JEREMY BENTHAM

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PRINCÍPIO DA UTILIDADE E TEORIA DA PUNIÇÃO DE JEREMY BENTHAM
PORTO VELHO – RO
2013
Introdução
O presente trabalho tem como intuito apresentar um pouco da vida e as idéias do principal precursor da Teoria do Utilitarismo Jeremy Benthan (1748-1832), sua teoria sobre o utilitarismo tem por finalidade a busca do prazer e a fuga da dor, através da busca da felicidade para o maior número de pessoas. Benthan acreditava que o homem vivendo em sociedade e obedecendo às regras seriam mais felizes, pois teriam seus direitos protegidos pelo representante da comunidade.
Nesta perspectiva, a utilidade, entendida como capacidade de proporcionar prazer e evitar a dor deve constituir um princípio de moral a ser seguido pela sociedade. 
O utilitarismo de Benthan influenciou e continua influenciando nos dias atuais tanto no pensamento ético-filosófico, quanto no pensamento econômico e jurídico, pois seus argumentos são utilizados freqüentemente nos processos decisórios, seja na área particular, militar ou política, podemos então demonstrar a influência do termo utilitarismo como forma de gerir a felicidade da sociedade, conceituando sua aplicabilidade nas relações entre o estado e a comunidade, pois para Bentham o cidadão deveria obedecer ao Estado na medida em que a felicidade geral viria como sua contribuição (obediência).
No que tange a aplicação das penas, Bentham tem sua ideia focada na aplicação da pena como mecanismo para afetar o delinqüente a não exercer o ato ilícito, mas para isso é necessário que a pena atinja a magnitude, ou seja, a essência do agente delinqüente. É necessário que haja equilíbrio na aplicação da pena para esta não ser injusta (ou a pena maior que o ato em si). 
O UTILITARISMO DE JEREMY BENTHAM
Jeremy Bentham (15 de fevereirode1748–6 de junhode1832) foi um filósofo e jurista inglês. Bentham era filho de um ambicioso escrivão, neto de um honrado advogado e bisneto de um próspero agiota. Foi educado em um ambiente intelectual onde (dizem) leu e desfrutou de livros de história para adultos antes dos quatro anos de idade. Entre os papéis do pais estavam versos em latim, que o pai atestou terem sido escritos por Jeremy aos cinco anos. Aos sete anos teve um professor particular de francês que o fazia estudar muito e sempre o manteve afastado da ficção. Ele gostava de música e tocava bem tanto cravo como violino.
Foi mandado para Oxford antes de completar treze anos, levando consigo pouco dinheiro. Era pequeno para sua idade, solitário e infeliz. Trabalhou arduamente e recebeu o diploma com quinze anos.
Em seguida, Bentham voltou-se para o estudo de Direito na Lincoln’s Inn. Frequentou tribunais e relatou ter ficado encantado com as opiniões de Mansfield pronunciadas no Tribunal Superior de Justiça. Porém quando foi chamado para o tribunal, não conseguiu tomar gosto pela advocacia. Decidiu levar uma vida econômica com uma pequena herança deixada pela mãe e dedicar-se ao aperfeiçoamento do Direito.
 Juntamente com John Stuart Mill e James Mill, difundiu o utilitarismo, teoria ética que responde todas as questões acerca do que fazer, do que admirar e de como viver, em termos da maximização da utilidade e da felicidade.
Conhecido também pela idealização do Pan-optismo, que corresponde à observação total, a tomada integral por parte do poder disciplinador da vida de um indivíduo.
Em 1789, concebeu o Pan-óptico, que foi pensado como um projeto de prisão modelo para a reforma dos encarcerados. Mas, por vontade expressa do autor, foi também um plano exemplo para todas as instituições educacionais, de assistência e de trabalho, uma solução econômica para os problemas do encerramento e o esboço de uma sociedade racional.
Bentham foi quem primeiro utilizou o termo deontologia ('deon', dever + 'logos', ciência) para definir o conjunto de princípios éticos aplicados às atividades profissionais. A expressão Direito Internacional também é uma criação atribuída a Bentham, antes utilizavam-se “Direito das Gentes”.
Benthan fundou o University College London onde, tal como o solicitou em seu testamento, seu corpo embalsamado é vestido com suas próprias roupas e segue exposto em uma vitrine num corredor muito concorrido à vista dos alunos. Há muitas piadas relacionadascom esta curiosa excentricidade. A cabeça exposta atualmente é de cera, a real foi roubada várias vezes como uma brincadeira tradicional dos alunos. Atualmente a cabeça está conservada em uma caixa forte da UCL. O corpo, contudo, é conduzido todos os anos para presidir algumas reuniões nas quais é lembrado com a frase "Jeremy Bentham, presente, mas, sem direito a voto".
Objeto
O ponto de partida de sua doutrina foi seus estudos sobre a ciência do direito, concentrado no jusnaturalismo. Sua teoria dizia que o pacto entre os membros de uma sociedade deveria necessariamente ser feito um contrato anterior (original). Partindo desta premissa, sustenta que se a autoridade suprema não cumpre suas obrigações para com os súditos, ainda assim a obediência deve prevalecer.
“Se a justiça é, falando em sentido estritamente jurídico, o comportamento não arbitrário imposto mediante o sistema legal positivo, e então a justiça se funda na utilidade, posto que não há nada mais útil para a conservação da coesão social e para o desenvolvimento da vida coletiva que a conduta não arbitrária (no fundo, a teoria de Hobbes e Hume”). A doutrina constituída acerca do direito natural dizia ser insatisfatória, e por duas razões: diante da não possibilidade histórica de constatar a existência de tal contrato; e mesmo provando ser verossímil isto, ainda permanece a pergunta sobre por que os homens são obrigados a cumprir compromissos em geral. Sua visão, as únicas respostas possíveis são as vantagens que o contrato proporciona a sociedade.
Para Bentham o cidadão deveria obedecer ao Estado na medida em que a felicidade geral viria como sua contribuição (obediência). Esta felicidade geral ou interesse da comunidade em geral, seria como “uma equação” hedonista, isto é, uma soma dos prazeres e dores dos indivíduos. Assim, a teoria do direito natural é substituída pela teoria da utilidade, e o principal significado dessa transformação é a passagem de um mundo fictício para o mundo dos fatos (real). É no mundo empírico, afirma Bentham, que é possível a verificação de uma ação ou instituição, sua utilidade ou não. O direito de livre discussão na crítica é constituída pelo que é necessário em primeiro plano.
Essência do Utilitarismo
O entendimento da teoria proferida por Bentham e sustentada por seus seguidores era que para a interpretação da norma deveria levar em consideração os efeitos reais produzidos. A qualificação dos efeitos teria como base a utilidade, sendo o bom aquilo que traz prazer e mau, o que causa dor. Complementando esta frase, sob o prisma social bom e justo é tudo aquilo que tende a aumentar a felicidade geral.
”O universalismo teacutetico, ou o que se chama habitualmente utilitarismo, sustenta a posição segundo a qual o fim o último é o maior bem geral - que um ato ou regra de ação é correto se, e somente se, conduz ou provavelmente conduzirá a conseguir-se, no universo como um todo, maior quantidade de bem relativamente ao mal do que qualquer outra alternativa; é errado o ato o regra de ação quando isso não ocorrer e é obrigatório, na hipótese de conduzir ou de provavelmente conduzir a obtenção no universo, da maior quantidade possível de bem sobre o mal.
Para quantificar as vantagens e desvantagens foram criadas teorias sobre o método valorativo e causa social, evidenciando que a função do jurista seria então calcular as vontades lícitas, levando em consideração as fórmulas para conciliar os interesses individuais formando um só coletivo.
Não se deve esperar que esse procedimento seja estritamente observado antes de cada julgamento moral, ou de cada operação legislativa ou judicial. Entretanto, ele sempre pode ser mantido em vista; e o grau de proximidade que ele tiver com o procedimento de fato seguido nessas ocasiões indicará quanto talprocedimento se aproxima do caráter de um procedimento exato.
Seu ponto de partida foi a crítica ao legalismo da escola analítica de jurisprudência, pois o lema é a maior felicidade para o maior número de pessoas. Tal é a ética hedonista, justamente o que proporciona prazer é bom e evitar o sofrimento, é este o objetivo do utilitarismo.
Tipos de prazeres suscetíveis para a natureza humana: prazer do sentido, prazer da riqueza, prazer da habilidade, prazer da amizade, prazer de um bom nome, prazeres do poder, prazer da piedade, prazer da benevolência, prazeres da malevolência, prazer da memória, prazer da imaginação, prazer da expectativa, prazer da associação, prazer do alívio. Tipos de Dores para o ser humano: dores da privação, as dores dos sentidos, dores da inabilidade, dores da inimizade, dores de uma mau nome, as dores da piedade, dores da benevolência, dores da malevolência, dores da memória, as dores da imaginação, dores da expectativa, dores dependentes da associação.
O princípio da utilidade
Objetiva erigir a construção da felicidade pelas mãos da razão e da lei. Os sistemas que tentam questionar isso lidam com sons em vez de sentidos, com a fantasia em vez da razão, com a escuridão em vez da luz.
A natureza colocou a espécie humana sob o domínio de dois senhores soberanos: a dor e o prazer. Eles governam em tudo o que fazemos, dizemos ou pensamos.
Por princípio da utilidade dizemos que aprova ou desaprova toda ou qualquer ação, segundo a tendência que parece ter para aumentar ou diminuir a felicidade da parte cujo interesse está em questão, ou seja, para promover ou opor-se a essa felicidade.
Por utilidade entende-se a propriedade de qualquer objeto, pela qual ele tende a produzir benefício, vantagem, prazer, bem ou felicidade a impedir que aconteça o dano, a dor, o mal ou a infelicidade para a parte cujo interesse está sendo considerado; se essa parte for a comunidade em geral, então a felicidade da comunidade; se for um indivíduo particular, então a felicidade desse indivíduo.
O ser humano busca o prazer e foge da dor. E este seria o embasamento para uma filosofia jurídica crítica e também como modelo para o legislador hábil controlar e dirigir o comportamento social. "Nesse sentido, ele defendeu a idéia de que o princípio que rege tanto as ações individuais quanto as sociais é: ‘a busca da felicidade para o maior número de pessoas’. Esse princípio da utilidade daria consistência a uma Ética capaz de produzir o melhor dos indivíduos e a melhor das coletividades. Portanto, a busca do prazer pela fuga da dor é o princípio motivador da ação humana, tanto individual quanto coletiva. Disso decorria uma Ética para indivíduos racionais, capazes de buscar seus próprios interesses, amantes da vida. Enfim, uma Ética com todos os ingredientes da visão Iluminista do mundo que teria caracterizado os séculos XVII e XVIII".
Os princípios (P) e as regras (R) morais do utilitarismo de Bentham:
"I – Princípio da Utilidade:
P1. Todo ser humano busca sempre maior prazer possível.
R1. Busque sempre o maior prazer e fuja da dor.
II – Princípio da Identidade de Interesses:
P2. O fim da ação humana é a maior felicidade de todos aqueles cujos interesses estão em jogo. Obrigação e interesse estão ligados por princípio.
R2. Haja de forma que sua ação possa ser modelo para os outros.
III – Princípio da Economia dos Prazeres:
P3. A utilidade das coisas é mensurável e a descoberta da ação apropriada para cada situação é uma questão de aritimética moral.
R3. Faça o cálculo dos prazeres e das dores e defina o bem em termos genéricos.
IV – Princípio das Variáveis Concorrentes:
P4. O cálculo moral depende da identificação do valor aritmético de sete variáveis: Intensidade/Duração/Certeza/Proximidade/Fecundidade/Pureza/Extensão.
R4. Procure maximizar a objetividade e a exatidão de suas avaliações morais.
V – Princípio da Comiseração:
P5. O sofrimento é sempre um mal. Ele só e admissível para evitar um sofrimento maior.
R5. Alivie o sofrimento alheio.
VI – Princípio da Assimetria:
P6. Prazer e dor possuem valores assimétricos, pios a eliminação da dor sempre agrega prazer.
R6. Escolha sempre a ação que resulta na maior quantidade de prazer, agregando o prazer da eliminação de sofrimento."
Dos princípios opostos ao da utilidade
Um princípio pode ser diferente daquele da utilidade de duas maneiras: 
I) Sendo constantemente oposto a ele que chamamos de princípio do ascetismo, que é aquele princípio que aprova ou desaprova qualquer ação, de acordo com a tendência que pareça ter para aumentar ou diminuir a felicidade da parte cujo interesse está em questão, porém de maneira inversa: aprovando as ações na medida em que tendem a diminuir a felicidade; desaprovando aquelas na medida em que tentam a aumentar a felicidade.
 II) Sendo oposto a ele às vezes, e às vezes não, como pode ocorrer, esse chamamos de princípio da simpatia e da antipatia, é aquele que aprova e desaprova certas ações, não por conta de sua tendência a aumentar a felicidade, nem por conta de sua tendência a diminuir a felicidade da parte cujo interesse está em questão, mas apenas porque um homem se encontra disposto a aprová-las ou desaprová-las – mantendo essa aprovação ou desaprovação como uma razão suficiente em si, e rejeitando a necessidade de procurar algum motivo extrínseco. Isso no departamento geral da moral, já no departamento particular da política, medindo o quantum (bem como determinando o motivo) da punição pelo grau de desapropriação.
Origem Das Penas
Na antiguidade não havia a privação de liberdade como sanção penal, existia no entanto salas de suplícios para a pena de morte. Neste longo período histórico também se recorriam às penas corporais (mutilações e açoites), segundo Foucault “o suplício judiciário deve ser compreendido também como ritual político”, pois através dos espetáculos realizados em praça pública, o Judiciário manifestava seu poder.
Durante séculos a prisão era utilizada com a finalidade de contenção e custódia do preso, que esperava em condições subumanas a sua execução ou era usada como meio de reter os devedores até que pagassem suas dívidas, assim o devedor ficava a disposição do credor como seu escravo a fim de garantir o seu crédito.
Nos tempos medievais a Lei Penal tinha como principal objetivo provocar o medo coletivo, nesta época a pena continuava com a finalidade de custódia, aplicável aqueles que seriam submetidos aos mais terríveis tormentos exigidos por um povo ávido de distrações bárbaras e sangrentas.
As sanções estavam submetidas aos arbítrios dos governantes. Mas nesta época, surgiu a prisão de Estado, para recolher os inimigos do poder, real ou senhorial, que tivessem cometido delitos de traição. Dividido em duas modalidades:
 1)Prisão de Custódia, onde o réu espera a execução da pena, como por exemplo, a morte, o a açoite;
 2)Detenção Temporal, onde era perpetua ou até receber o perdão real.
E também surgiu a prisão eclesiástica que se destinava aos clérigos rebeldes e respondia às idéias de caridade e fraternidade da igreja, dando ao internamento um sentido de penitência e meditação.
A punição como o suplício, com passar do tempo, deixou de ser espetáculo, e o supliciado se tornou objeto de pena e admiração por suportar todo o processo de seu suplício.A pena privativa de liberdade foi um avanço na história das penas. Com a prisão canônica, criada para aplicação em alguns casos dos membros do clero, fazendo com que se recolhessem às suas celas para se dedicarem, em silêncio, à meditação e se arrependerem da falta cometida, reconciliando-se com Deus.
A igreja teve a consciência que deveria ser aplicado na sociedade civil, inspirando a prisão moderna, as primeiras penitenciarias e clássicos sistemas penitenciários como o celular e o auburniano (isolamento noturno e trabalho coletivo durante o dia).
Durante a idade moderna entre os séculos XVI e XVII a pobreza se abateu e se estendeu por toda Europa. As guerras religiosas acabaram com parte da riqueza da França. Vitimasda escassez subsistiam das esmolas, roubo e assassinatos. E o problema espalhou por toda Europa, e claro que por razões de política criminal era evidente que, ante tanta delinqüência, a pena de morte não era uma solução adequada, já que não podia aplicar a tanta gente.
O protesto contra os suplícios foi encontrado em toda parte na segunda metade do século XVI, tornando-se intolerável pelo povo. A crise da pena de morte deu origem a pena privativa de liberdade, que demonstrava ser o meio mais eficaz de controle social. A pena passou ser a prisão de reclusão, trabalho forçado, a servidão, interdição de domicílio e a deportação, com a finalidade de reformar os delinqüentes. 
Surgem casa de trabalho na Inglaterra, em Worceter no ano de 1697 e Dublin, com notável êxito alcançado em pouco tempo, se estendeu por vários lugares da Inglaterra. No fim do século XVIII já havia vinte e seis prisões.
Em Amsterdam em 1596, criaram-se a casa de correção para homens, Rasphuis que se destinava a tratar a pequena delinqüência. Para os crimes mais graves ainda aplicavam-se outras penas, como açoite, pelourinho etc. Criaram-se também a Spinhis para as mulheres e em 1600, uma seção especial para jovens.
Mas também não podemos pensar que a pena privativa de liberdade surgiu só porque a pena de morte estava em crise. Uma das causas de grande importância foi a razão econômica, com a crise da época, o confinamento adquiriu outro sentido. Usando a mão-de-obra dos reclusos para a prosperidade geral, uma vez que a pena consistia em trabalho pesado, visando alcançar a maior produtividade possível. Portanto não se pode afirmar que a prisão surgiu com o impulso de um ato humanitário, com o objetivo exclusivo de obter a reforma do delinqüente.
O papel do Direito
O Direito, então para Bentham assume importância de destaque. O legislativo só deve elaborar e aprovar leis segundo o princípio da utilidade. As leis devem ser produzidas para aumentar a felicidade do maior número de pessoas. As leis poderiam ser principais (se dirigidas aos cidadãos), ou subsidiárias (para as autoridades fazerem cumprir as primeiras). "Contudo, o utilitarismo não se esgota nessa Ética do sucesso. Ele também transforma em motivo ético o fracasso. Pois que, em seu projeto, se o princípio da ação humana é a busca do prazer e a eliminação da dor, ele estabelece um vínculo causal entre o prazer do agente individual e o sofrimento que possa, de alguma forma, estar associado à sua ação. Assim, o agente moral é responsável pela eliminação de todas as formas de sofrimento identificadas na convivência social. A eliminação do sofrimento alheio se torna motivo da ação moral de cada um.
A verdadeira função do Direito seria disciplinar as pessoas. "Nesse sentido a educação e a disciplina social são ingredientes indispensáveis para o funcionamento da sociedade. Pessoas sem educação frequentemente buscam a oportunidade de se aproveitar das recompensas devidas a outros, ou ainda procedem sem levar em consideração os verdadeiros efeitos, em termos de prazer e de dor, de sua conduta pessoal."
Houve também especial atenção às sanções e punições, já que o prazer e a dor atribuem verdadeiros valores aos atos e também são causas eficientes do comportamento, explica Morrison (p. 227). Paul Smith complementa: "Para Bentham, portanto, a utilidade (prazer ou felicidade) define o benefício. Essa concepção é usada para determinar o que é Direito.Bentham propõe o princípio da utilidade ou da maior felicidade. Esse é o princípio que ‘aprova ou não toda ação’ de acordo com sua tendência de‘aumentar ou diminuir’ a felicidade. Aplica-se a toda ação, apenas às dos indivíduos, mas também as do governo."
De acordo com Bentham, os elementos essenciais e a estrutura do utilitarismo seriam a concepção do benefício como prazer ou felicidade (utilidade) e o Direito seria simplesmente algo para aumentar essa felicidade. A ação correta seria aquela que atendesse melhor aos desígnios da utilidade, a maior felicidade ou o prazer para o maior número possível de pessoas. "Fica evidente que, na formulação de Bentham, a interpretação do princípio de utilidade implica a coincidência entre o prazer particular e o bem público. Nesse sentido, a felicidade alheia é desejada porque está associada com a própria felicidade do sujeito moral". O direito objetiva aumentar a felicidade total da sociedade ao desestimular os atos que possam gerar más consequências. Um ato criminoso ou ilegal representam, por definição, uma prática claramente prejudicial à felicidade do corpo social; somente um ato que, de alguma forma específica, inflija na prática algum tipo de dor – diminuindo, assim, o prazer de um indivíduo ou grupo específico – deve ser objeto da preocupação do Direito."
As sanções como força vinculatória
Justifica-se, assim, que os direitos de uma minoria sejam sacrificados em nome dos direitos de uma maioria. Porém, isso não é tão simples. É preciso saber calcular o prazer e a dor. As sanções dão força vinculatória a uma regra de conduta ou lei, e são, no total, de quatro tipos: físicas, públicas, morais ou religiosas. Seriam as sanções ameaças de dor. "Na vida pública, o legislador entende que os homens se sentem ligados a certos atos somente quando estes têm uma sanção clara a eles associados, e tal sanção consiste em alguma forma de dor se o tipo de conduta determinado pelo legislador for infringido pelo cidadão. Portanto, a principal preocupação do legislador é decidir que formas de comportamento tenderão a aumentar a felicidade da sociedade, e quais sanções serão mais passíveis de produzir essa maior felicidade. (...) Além disso, Bentham adotou a posição de que, sobretudo na esfera social em que o direito opera,a lei só pode punir aqueles que realmente infligiram sofrimento, qualquer que seja seu motivo, ainda que se admitam algumas exceções".
A teoria da punição proposta pelo utilitarismo é simples e mais capaz de atingir seus objetivos. Porém, considerava Benthamque a punição é um mal em si, pois acarreta em sofrimento e dor. Só se utiliza a punição, então, no intuito de punir um mal maior. Deve ela ser útil para que, ao final se tenha mais prazer e felicidade. Desta feita, não se trata de retaliação ou de vingança pura. A punição não deve ser infligida:
I - Quando for infundada; por exemplo, quando ineficaz, no sentido de não ser capaz de impedir um ato prejudicial; 
II- Quando for ineficaz, no sentido de não ser capaz de impedir um ato prejudicial; por exemplo, quando uma lei criada depois do ato for retroativa, ou ex post facto, ou quando uma lei já existe, mas não foi publicada. A punição também seria ineficaz quando estivessem envolvidos uma criança, um louco ou um bêbado, ainda que Bentham admitisse que nem a infância nem a intoxicação eram bases suficientes para a‘impunidade absoluta’. A punição também não deve ser infligida;
III- Quando for improfícua ou excessivamente onerosa, ‘quando os danos em que resultasse fossem maiores do que aquilo cuja ocorrência impedisse’; 
IV- Quando for desnecessária, ‘quando o dano puder ser impedido ou interrompido sem ela, isto é, a um menor custo’, sobretudo nos casos ‘que consistem na disseminação de princípios perniciosos em matéria de dever’, uma vez que em tais casos a persuasão é mais eficaz do que a força".
É necessário fazer uma distinção entre os atos que são ou podem ser ofensas. Pode ser uma ofensa qualquer ato que aqueles a quem a comunidade tem o hábito de obedecer queiram tornar uma ofensa; isto é, qualquer ato que queiram proibir ou punir. Mas, baseado no princípio da utilidade, só devem ser ofensas os atos que o bem da comunidade assim exija (dependendo obviamente de um conjunto de pessoas ou o Estado político definir que o ato é prejudicial para a comunidade).
Outro aspecto importante sobre a teoria da punição de Bentham é a de quando a pena não é lucrativa, ou seja, quando a punição é cara demais para o Estado o mal da pena excede o da ofensa. A punição aplicada pode não ser lucrativa por ambas das seguintes razões ou por uma delas:I- Pela despesa que acarretaria, mesmo supondo-se que sua aplicação ficasse totalmente confinada à deliquência;
II- Pelo perigo que pode haver de envolver inocentes no destino tencionado apenas para o culpado.
Panopticon: primórdios do ‘Big Brother’
No programa de televisão "Big Brother", todos os participantes são vigiados a todo momento por câmeras de televisão. Essa sensação de ser observado a todo momento não é novidade. Esse mecanismo que utilizar o olhar alheio como meio de se coibir comportamentos foi concebido por Bentham. Ele concebeu um tipo de prédio com uma arquitetura singular e o denominou de "Panopticon". Nesse imóvel, as pessoas confinadas seriam vigiadas constantemente, para condicionar o comportamento humano. Esse modelo poderia ser aplicado às prisões, porém, seria aberto ao público, que, durante as visitações, examinaria a arquitetura e manteria a vigilância sobre os reclusos. O francês Michel Foucault, no livro "Vigiar e Punir", escreveu um capítulo específico sobre o Panopticon. 
Conclusão
Concluímos que mesmo não seguindo uma carreira de Bacharel em Direito, Bentham foi de fundamental importância no que diz respeito ao pensamento jurídico moderno, com seus fundamentos na área do Direito Penal e constitucional, bem como, na filosofia radical, conhecida como utilitarismo. Ideias contestadas na época, mas que de alguma forma ainda se mostram presentes em diferentes aplicações até os dias atuais. 
Bentham trouxe para o Direito penal a noção de que a pena não tem como fim punir o indivíduo em si, mas sim trazer para a sociedade como um todo a coibição de delitos futuros. Seu estudo mostrou que a medida punitiva deve ser equilibrada com o ato ilícito, devendo assim todo ato ilícito ser analisado em sua forma de ser. Um exemplo claro disso, temos no Direito Penal brasileiro que analisa o crime em sua essência para assim estipular uma medida punitiva adequada. 
Bibliografia
MORRIS, Clarence. Os Grandes filósofos do direito: leituras escolhidas em direito/ Clarence Morris (org.); tradução Reinaldo Guarany; revisão da tradução Silvana Vieira, Claudia Berliner; revisão técnica Sérgio Sérvulo da Cunha. – São Paulo: Martins Fontes, 2002. – (Coleção justiça e direito).
http://www.jus.com.br/artigos/20642/etica-e-direito-no-utilitarismo-de-jeremy-bentham, acessado em 21/10/213 às 01:35.
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=155, acessado em 21/10/2013 às 12:45.
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8494, acessado em 21/10/2013 às 02:15.

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