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Apocalipse (MHenry)

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APOCALIPSE 
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 Introdução Capítulo 6 Capítulo 12 Capítulo 18 
 Capítulo 1 Capítulo 7 Capítulo 13 Capítulo 19 
 Capítulo 2 Capítulo 8 Capítulo 14 Capítulo 20 
 Capítulo 3 Capítulo 9 Capítulo 15 Capítulo 21 
 Capítulo 4 Capítulo 10 Capítulo 16 Capítulo 22 
 Capítulo 5 Capítulo 11 Capítulo 17 
 
Introdução 
O livro do Apocalipse de João consiste em duas partes principais: 
1. Relata "as coisas que são", isto é, o estado da Igreja da época, e 
contém a epístola de João às sete igrejas, o seu relato sobre a 
manifestação do Senhor Jesus e sua ordem para que o apóstolo 
escrevesse o que havia visto (Ap 1.9-20). Contém os sermões ou 
epístolas às sete igrejas da Ásia, que referem-se ao estado das respectivas 
igrejas como existiam na época. Essas canas contêm excelentes 
preceitos, exortações, recomendações, repreensões, promessas e ameaças 
aptas para instruir a Igreja cristã de todos os tempos. 
2. Contém uma profecia das coisas que breve devem acontecer, e 
descreve o futuro estado da Igreja, desde a época em que o apóstolo 
contemplou as visões aqui registradas. Foi concebida para o nosso 
aperfeiçoamento espiritual, para advertir o pecador descuidado, para 
mostrar o caminho da salvação ao que, despertado, pergunta para 
edificar o crente fraco e consolar o cristão aflito e tentado; podemos 
acrescentar especialmente que este livro fortalece os mártires de Cristo 
submetidos às cruéis perseguições e sofrimentos infligidos por Satanás e 
seus seguidores. 
 
Apocalipse 1 
Versículos 1-3: A origem, o desígnio divino e a importância deste 
livro; 4-8: O apóstolo João saúda às sete igrejas da Ásia; 9-11: Declara 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 2 
quando, onde e como recebeu a revelação; 12-20: A visão, na qual viu 
Cristo aparecer. 
Vv. 1-3. Este livro é a revelação de Jesus Cristo; toda a Bíblia o é, 
porque toda a revelação vem de Cristo e tudo se relaciona a Ele. Seu 
tema principal é expor os propósitos de Deus acerca dos assuntos da 
Igreja e das nações, segundo se relacionam com ela, e do fim do mundo. 
Tudo isto acontecerá com toda certeza, e começarão a acontecer dentro 
de pouco tempo. O próprio Cristo é Deus e tem luz e vida em si, mas 
como Mediador entre Deus e o homem, recebe instruções do Pai. A Ele 
devemos o conhecimento do que temos que esperar de Deus e do que Ele 
espera de nós. O tema desta revelação são as coisas que em breve devem 
acontecer. É pronunciada uma benção para todos os que lêem ou 
escutam as palavras desta profecia. Aqueles que investigam a Bíblia têm 
uma boa ocupação. Não basta ler e ouvir; devemos manter em nossa 
memória, afetos e na prática as coisas que aqui estão escritas, e seremos 
abençoados na obra. Até os mistérios e as dificuldades deste livro, que 
estão unidos às revelações de Deus, são adequados para imprimir na 
mente um temor reverente e para purificar a alma do leitor, ainda que 
este não discirna o significado profético. Nenhuma outra parte das 
Escrituras expõe mais plenamente o Evangelho, e adverte melhor contra 
o mal que é trazido pelo pecado. 
Vv. 4-8. Não pode haver verdadeira paz onde não há verdadeira 
graça; onde a graça for será seguida pela paz. Esta benção é concedida 
no nome de Deus, da santa Trindade, um ato de adoração. Primeiro 
nomeia-se ao Pai, descrito como Senhor, que é, que era e que há de vir, 
eterno e imutável. O Espírito Santo é chamado de "os sete espíritos", o 
perfeito Espírito de Deus, em quem há diversidade de dons e operações. 
O Senhor Jesus Cristo foi, desde a eternidade, uma testemunha de todos 
os conselhos de Deus. Ele é o Primogênito dos mortos, que por seu poder 
ressuscitará o seu povo. Ele é o Príncipe dos reis da terra; por Ele os 
conselhos destes são derrogados, e diante dEle os homens são 
responsáveis por prestar contas. O pecado deixa uma mancha de culpa e 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 3 
contaminação na alma. Nada pode tirar esta mancha, senão o sangue de 
Cristo, e Cristo derramou o seu próprio sangue para satisfazer a justiça 
divina e comprar o perdão e a pureza para o seu povo. 
Cristo faz dos crentes reis e sacerdotes para Deus, o seu Pai. Como 
tais eles vencem ao mundo, mortificam o pecado, governam os seus 
próprios espíritos, resistem a Satanás, prevalecem com Deus em oração e 
julgarão o mundo. Ele os tem feito sacerdotes, lhes deu acesso a Deus, 
capacita-os para oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis; por estes 
favores, eles lhe dão domínio e glória para sempre. 
Ele julgará ao mundo. O apóstolo chama atenção a esse dia no qual 
todos veremos a sabedoria e a felicidade dos amigos de Cristo e a 
loucura e a desgraça de seus inimigos. Pensemos freqüentemente na 
Segunda Vinda de Cristo. Ele virá para terror daqueles que o ferem e o 
crucificam de novo em sua apostasia; Ele virá para assombro de todos os 
ímpios. Ele é o Princípio e o Fim; todas as coisas são dEle e para Ele; 
Ele é Todo-Poderoso; é o mesmo, Eterno e Imutável. Se desejamos ser 
contados com os seus santos na glória eterna devemos nos submeter 
agora voluntariamente a Ele, recebê-lo e honrá-lo como Salvador, pois 
cremos que virá a ser o nosso juiz. Oh! Há muitos que desejariam nunca 
morrer e que não houvesse um dia de juízo! 
Vv. 9-11. O consolo do apóstolo é que não sofreu como malfeitor, 
mas pelo testemunho de Jesus, por testemunhar de Cristo como 
Emanuel, o Salvador; o Espírito de glória e de Deus repousou sobre este 
perseguido apóstolo. O dia e a hora desta visão foi o dia do Senhor, o dia 
do repouso cristão, o primeiro dia da semana, observado em memória da 
ressurreição de Cristo. Nós que o chamamos "Senhor nosso", deveríamos 
honrá-lo em um dia próprio. O nome mostra como este dia sagrado 
deveria ser observado; o dia reservado ao Senhor deveria ser dedicado 
absolutamente a Ele, e nenhuma de suas horas deveria ser empregada de 
forma sensual, mundana ou em diversões. 
Ele estava em uma atitude séria, celestial e espiritual, sob a 
influência da graça do Espírito de Deus. Os que desejam desfrutar da 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 4 
comunhão com Deus em um dia dedicado ao Senhor, devem procurar 
tirar os seus pensamentos e afetos das coisas terrenas. Se os crentes são 
impedidos de observar um santo dia dedicado ao Senhor, as ordenanças 
públicas e a comunhão dos santos, por necessidade e não por própria 
opção, podem buscar consolo na meditação e nos deveres secretos da 
influência do Espírito; ouvindo a voz e contemplando a glória de seu 
amado Salvador, e de cujas palavras de graça e poder confinamento 
algum ou alguma circunstância exterior os pode separar. É dado um 
alarme com o som da trombeta, e logo o apóstolo ouviu a voz de Cristo. 
Vv. 12-20. As igrejas recebem a luz de Cristo e do Evangelho, e 
mostram-na a outros. Elas são os castiçais de ouro; devem ser preciosas e 
puras; não somente os ministros, mas os membros delas; assim a nossa 
luz deve brilhar diante dos homens, para que possamos levar outros a dar 
glória a Deus. O apóstolo viu o Senhor Jesus Cristo aparecer em meio 
aos castiçais de ouro. Ele sempre está com suas igrejas, até o fim do 
mundo, enchendo-as com luz, vida e amor. 
Estava vestido com um manto até os seus pés, talvez representando 
a sua justiça e o seu sacerdócio, como Mediador. Esta vestimenta estava 
cingida com um cinto de ouro, que pode denotar quão preciosos são o 
seu amor e afeto por seu povo. Sua cabeça e cabelos brancos como a lã e 
a neve podem representar a sua majestade, pureza e eternidade. Seus 
olhos como chamas de fogo podem representar seu conhecimento dos 
segredos de todos os corações e dos acontecimentos mais distantes. Seus 
pés, como de bronze reluzente que arde em um forno, podem denotar a 
firmeza de seus desígnios e a excelência de seus procedimentos.Sua voz, 
como o som de muitas águas, pode representar o poder de sua palavra 
para resgatar ou destruir. As sete estrelas simbolizavam os ministros das 
sete igrejas às quais o apóstolo deveria escrever, e a quem Cristo 
sustentava e comandava. A espada representa a sua justiça e a sua 
palavra, que alcança até a divisão da alma e do espírito (Hb 4.12); seu 
rosto era como o sol, quando brilha clara e fortemente; a sua força é 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 5 
extremamente brilhante e capaz de cegar os olhos mortais que tentam 
contemplá-la. 
O apóstolo estava surpreendido com a grandeza do brilho e da 
glória em que Cristo lhe apareceu. Devemos estar contentes em andar 
por fé enquanto estivermos aqui na terra. O Senhor Jesus disse palavras 
de consolo: Não temas. Palavras de instrução, dizendo quem era o que 
havia aparecido daquela maneira. Sua natureza divina: o Primeiro e o 
Último. Seus sofrimentos anteriores: esteve morto, e os seus discípulos o 
viram na cruz. Sua ressurreição e vida: venceu a morte e é a vida eterna. 
Seu ofício e autoridade: o domínio soberano sobre o mundo invisível, 
como Juiz de tudo, de cuja sentença não há apelação. 
Ouçamos a voz de Cristo e recebamos as dádivas de seu amor; por 
que Ele se ocultaria daqueles por cujos pecados morreu? Então, 
obedeçamos a sua Palavra e entreguemo-nos totalmente àquEle que 
dirige todas as coisas retamente. 
 
Apocalipse 2 
Versículos 1-7: Epístolas às igrejas da Ásia, com advertências e 
exortações. À igreja de Éfeso; 8-11: À igreja de Esmirna; 12-17: À de 
Pérgamo; 18-29: À de Tiatira. 
Vv. 1-7. Estas igrejas estavam em tão diferentes estados de pureza de 
doutrina e poder da piedade, que as palavras de Cristo para elas sempre 
servirão bem para o caso de outras igrejas e crentes. Cristo conhece e 
observa o estado delas; mesmo estando no céu, anda em meio às suas 
igrejas na terra, observando o que está mau nelas e o que lhes falta. 
A igreja de Éfeso é elogiada pela diligência em relação ao seu 
dever. Cristo leva em consideração cada hora de trabalho que seus servos 
fazem para Ele na terra, e o trabalho deles não será vão no Senhor. 
Porém, não é suficiente ser diligentes; deve haver paciência para suportar 
e paciência para esperar. Ainda que devamos mostrar mansidão a todos 
os homens, também devemos mostrar justo zelo contra seus pecados. O 
pecado de que Cristo acusa a esta igreja não é que houvesse deixado e 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 6 
abandonado ao objeto do amor, mas de ter perdido o grau de fervor que 
teve no princípio. Cristo fica descontente com seu povo quando o vê 
relaxado e frio para com Ele. É certo que esta menção na Escritura, sobre 
os cristãos que abandonam o seu primeiro amor, é uma reprovação para 
aqueles que falam sobre isto com negligência e procuram assim escusar a 
indiferença e a preguiça neles mesmos e em outros. 
Nosso Salvador considera esta indiferença como pecaminosa. Eles 
devem se arrepender, condoer-se e envergonhar-se por sua pecaminosa 
inclinação, e confessá-la humildemente ante os olhos de Deus. Devem se 
propor a recuperar o seu primeiro zelo, ternura e fervor, e devem orar tão 
fervorosamente e vigiar tão diligentemente como quando entraram ao 
princípio nos caminhos de Deus. Se a presença da graça e do Espírito de 
Cristo for por nós descuidada, podemos esperar o seu desagrado. É feita 
uma alentadora menção do que era bom neles. A indiferença para com a 
verdade e o erro, para com o bem e o mal, pode ser chamada de caridade 
e mansidão, mas não é assim considerada por Cristo, e tem o seu 
desagrado. A vida cristã é uma guerra contra o pecado, contra Satanás, 
contra o mundo e a carne. Nunca devemos ceder diante de nossos 
inimigos espirituais, pois teremos um glorioso triunfo e recompensa. 
Todos os que perseverarem, receberão de Cristo, como a árvore da vida, 
a perfeição e a confirmação da santidade e a felicidade, não no paraíso 
terreno, mas no celestial. 
Esta é uma expressão figurada, tomada do relato do jardim do Éden, 
que significa os gozos puros, satisfatórios e eternos do céu; e a espera 
deles neste mundo por fé, em comunhão com Cristo e com as 
consolações do Espírito Santo. Crentes, lutai aqui a vossa vida de luta, e 
esperai e aguardai uma vida tranqüila no além; a Palavra de Deus nunca 
promete que aqui teremos tranqüilidade e liberdade completa quanto aos 
conflitos. 
Vv. 8-18. Nosso Senhor Jesus é o primeiro porque por Ele foram 
feitas todas as coisas; Ele estava com Deus antes de todas as coisas, e é o 
próprio Deus. Ele é o último porque será o Juiz de todos. 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 7 
Como Primeiro e Último, que foi morto e reviveu, é o Irmão e 
Amigo do crente. Este deve ser rico na mais profunda pobreza, digno de 
honra em meio à mais profunda humilhação e sentir-se feliz quando 
submetido à mais pesada tribulação, como a igreja de Esmirna. Muitos 
dos ricos deste mundo são pobres quanto ao vindouro; e alguns que são 
pobres por fora, são ricos por dentro em fé, boas obras, privilégios, ricos 
em dons e em esperança. Onde há abundância espiritual, a pobreza 
externa pode ser suportada; quando o povo de Deus é empobrecido 
quanto a esta vida por amor à Cristo e à boa consciência, Ele os 
compensa em tudo com riquezas espirituais. Cristo nos dá forças contra 
as tribulações iminentes. Não temais nenhuma destas coisas; não 
somente proibais o temor servil, mas submetei-o, proporcionando 
fortaleza e valor à alma. Será para prová-los, não para destruí-los. 
Observe a certeza da recompensa: "Te darei"; eles receberão a 
recompensa da própria mão de Cristo. Além disso, quão adequada é: "a 
coroa da vida"; a vida gasta a seu serviço ou entregue à sua causa será 
recompensada como uma vida muito melhor, aquela que será eterna. 
A segunda morte é indizivelmente pior do que a primeira, tanto em 
suas agonias quanto por ser eterna: sem dúvida é espantoso morrer e 
continuar morrendo para sempre. Se um homem for livrado da segunda 
morte e da ira vindoura, poderá suportar com paciência o que quer que 
encontre neste mundo. 
Vv. 12-17. A Palavra de Deus é uma espada, capaz de cortar 
pecados e pecadores. Gira e corta por todas as partes, porém o crente não 
deve temer esta espada; mesmo sabendo que a confiança não pode 
receber respaldo sem uma obediência constante. Como o nosso Senhor 
vê todos os benefícios e oportunidades que temos para cumprir o nosso 
dever nos lugares onde habitamos, assim também vê as nossas tentações 
e desalentos pelas mesmas causas. Em uma situação de prova, a igreja de 
Pérgamo não negou a fé, nem por franca apostasia. nem por ceder a fim 
de evitar a cruz. Cristo elogia a sua firmeza, porém repreende as suas 
faltas pecaminosas. Uma visão equivocada sobre a doutrina do 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 8 
Evangelho e da liberdade cristã, era a raiz de amargura da qual surgiram 
maus costumes. O arrependimento é o dever das igrejas e dos homens, 
de todas as pessoas em particular: aqueles que pecam juntos, devem 
arrepender-se juntos. 
Aqui está a promessa de favor para os que vencerem. As influências 
e as consolações do Espírito de Cristo descem do céu à alma, para apóia-
la. Isto está oculto ao resto do mundo. 
O novo nome é o nome da adoção: quando o Espírito Santo mostra 
a sua obra na alma do crente, ele compreende o novo nome e a sua 
verdadeira importância. 
Vv. 18-29. Mesmo que o Senhor conheça as obras de seu povo, que 
são feitas em amor. fé, zelo e paciência, os repreenderá, corrigirá ou 
castigará se seus olhos, que são como chamas de fogo, os virem 
cometendo ou permitindo o que é mau. 
Aqui há um elogio ao ministério e ao povo de Tiatira por parte 
daquele que conhecia os princípios pelos quais eles agiam. Eles se 
comportaram de modo melhor e mais sábio. Todos os cristãos devem 
desejar fervorosamente que as suas últimas obras sejam as melhores. 
Porém, esta igreja convivia com alguns malvados sedutores. Deusé 
conhecido pelos juízo, que executa; por isto, sobre os sedutores, mostra 
que é perfeitamente conhecedor dos corações dos homens, de seus 
princípios, desígnios, disposições e temperamentos. Dá-se alento aos que 
se mantinham puros e incontaminados. 
É perigoso desprezar o mistério de Deus, tão perigoso quanto 
receber os mistérios de Satanás. Acautelemo-nos das profundidades do 
Diabo, das quais os que menos as conhecem são os mais felizes. Quão 
terno é Cristo com seus servos fiéis! Ele não coloca carga sobre seus 
filhos, senão o que é para o bem deles. Há promessa de uma ampla 
recompensa para o crente perseverante e vitorioso; também 
conhecimento e sabedoria apropriados para seu poder e domínio. Cristo 
traz consigo à alma o dia, a luz da graça e a glória em sua presença e seu 
gozo, seu Senhor e Salvador. Depois de cada vitória prossigamos com 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 9 
nossa superioridade contra o inimigo, para que possamos vencer e 
manter as obras de Cristo até o fim. 
 
Apocalipse 3 
Versículos 1-6. Epístola à igreja de Sardo; 7-13: À de Filadélfia; 
14-22: À de Laodicéia. 
Vv. 1-6. O Senhor Jesus é aquEle que tem o Espírito Santo com 
todos os seus poderes, graças e operações. A hipocrisia e a lamentável 
deterioração da fé são os pecados de que o Senhor 
Jesus acusa a igreja de Sardo. As coisas exteriores pareciam bem 
para os homens, porém, ali havia somente uma piedade aparente, não o 
poder; uma fama de que vive, não um princípio de vida. Havia grande 
mortandade em suas almas e em seus serviços; muitos eram totalmente 
hipócritas, e outros estavam vivendo de forma desordenada e morta. 
Nosso Senhor os chamou a colocarem-se alertas contra os seus inimigos, 
e ativos e fervorosos em seus deveres; a se portarem dependendo da 
graça do Espírito Santo, a renovar e fortalecer a fé e os afetos espirituais 
dos que estavam vivos para Deus, ainda que em decadência. Perdemos 
terreno cada vez que baixamos a guarda. 
Suas obras são ocas e vazias; as orações não estão cheias de desejos 
santos, as esmolas não são obras cheias de caridade verdadeira, os dias 
de repouso não estão cheios de devoção da alma que se comporta de 
maneira adequada para com Deus. Não há afetos internos adequados 
para os atos e expressões exteriores; quando falta o espírito, a forma não 
permanece por muito tempo. Ao procurar um avivamento para a nossa 
alma ou para a dos demais, devemos comparar o que professamos com a 
maneira como vivemos, para sermos humilhados e vivificados, e 
tomarmos firmemente o que resta. Cristo enfatiza o seu conselho com 
uma temível ameaça, se fosse desprezado. 
Contudo, o nosso amado Senhor não deixa estes pecadores sem 
alento. Faz uma honrosa menção do remanescente fiel de Sardo e 
formula uma promessa de graça para eles. O que vencer será vestido com 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 10 
vestes brancas; a pureza da graça será recompensada com a perfeita 
pureza da glória. Cristo tem seu livro da vida, um registro de todos os 
que herdarão a vida eterna; o livro de memórias de todos os que vivem 
para Deus e mantêm a vida e o poder da piedade nos tempos maus. 
Cristo tomará este livro da vida e mostrará os nomes dos fiéis, diante de 
Deus, e diante de todos os anjos no grande dia. 
Vv. 7-13. O próprio Senhor Jesus tem a chave do governo e da 
autoridade na Igreja e sobre ela. Abre uma porta de oportunidade às suas 
igrejas; abre uma porta de pregação aos seus ministros; abre uma porta 
de entrada, abre o coração. Ele fecha a porta do céu ao néscio que dorme 
no dia da graça, e aos que cometem iniqüidades por serem vãos e 
confiados. 
Elogia a igreja de Filadélfia, mas com uma suave reprovação. 
Mesmo que Cristo aceite um pouco de vigor, contudo os crentes não 
devem ficar satisfeitos com um pouco, mas devem esforçar-se para 
crescer em graça, para ser fortes na fé dando glória a Deus. Cristo pode 
mostrar esse favor ao seu povo, de modo que seus inimigos se vejam 
forçados a reconhecê-lo. Pela graça de Jesus isto abrandará os seus 
inimigos, dando-lhes o desejo de ser admitidos à comunhão com o seu 
povo. Cristo promete preservar a graça em épocas de maior prova, como 
prêmio pela fidelidade passada: ao que tem lhe será dado. Aqueles que 
sustentam o Evangelho em épocas de paz. serão sustentados por Cristo 
na hora de tentação, e a mesma graça divina que os tem jeito frutificar 
em tempos de paz os fará fiéis em tempos de perseguição. 
Cristo promete uma gloriosa recompensa ao crente vitorioso. Este 
será uma coluna monumental no templo de Deus; um monumento à 
poderosa graça de Deus; um monumento que nunca será eliminado nem 
arrebatado. sobre esta coluna será escrito o novo nome de Cristo, por isto 
se manifestará sob o crente que lutou a boa batalha e saiu vitorioso. 
Vv. 14-22. Laodicéia era a última e a mais frágil das sete igrejas da 
Ásia. Aqui nosso Senhor Jesus apresenta-se como "o Amém" : alguém 
constante e imutável em todos os seus propósitos e promessas. 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 11 
Se a religião tem valor, podemos dizer que possui o maior valor. 
Cristo espera que os homens sejam fervorosos. Quantos há que 
professam a doutrina do Evangelho e não são frios nem quentes, salvo se 
forem indiferentes em relação às coisas necessárias, e quentes e 
vigorosos nos debates de coisas de menor importância; promete-se um 
severo castigo. Eles darão uma falsa impressão do cristianismo, como se 
fosse uma religião ímpia, enquanto outros concluirão que esta não dá 
uma satisfação real; caso contrário os seus professos não poriam tão 
pouco o coração nela, ou não estariam dispostos a buscar prazer ou 
felicidade no mundo. 
Uma causa desta indiferença e incoerência na religião é o orgulho e 
o engano de si mesmo: "Como dizes". Que grande diferença há entre o 
que eles pensam de si mesmos e o que Cristo pensa deles! Quanto 
cuidado devemos ter para não enganar a nossa própria alma! No inferno 
há muitos que pensaram estar bem adiantados no caminho ao céu. 
Roguemos a Deus para que não sejamos entregues a adularmos e a 
enganarmos a nós mesmos. Os professos se orgulhavam à medida que 
tornavam-se carnais e formais. 
O estado deles era miserável por si mesmo. Eram realmente pobres, 
porém, diziam e pensavam que eram ricos. Não podiam enxergar o 
estado em que se encontravam, nem seu caminho, nem seu perigo, mas 
pensavam que sim. Não tinham o manto da justificação nem da 
santificação: estavam nus ao pecado e à vergonha; a justiça deles era um 
trapo de imundícia, trapos que não os cobririam, mas que os 
contaminavam. Estavam nus, sem casa nem teto, porque estavam sem 
Deus, o único em quem a alma pode encontrar repouso e segurança. 
Cristo aconselhou bem esta gente pecadora. Felizes são aqueles que 
aceitam o seu conselho, porque todos os que não os aceitam perecerão 
em seus pecados. Cristo mostra-lhes onde podem ter verdadeiras 
riquezas e como podem obtê-las. Devem deixar algumas coisas, porém 
nada de valor; e isto é somente para dar lugar a receber riquezas 
verdadeiras. Abandonando-se o pecado e a confiança em si mesmo para 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 12 
que possam ser cheios com o seu tesouro que está reservado e oculto. 
Têm que receber estas vestes brancas de Cristo, as quais Ele comprou e 
providenciou para eles: sua própria justiça imputada para justificação e 
as vestes da santidade e da santificação. Que eles se entreguem à sua 
Palavra e ao seu Espírito; então os seus olhos serão abertos para que 
vejam o seu caminho e o seu fim. Examinemo-nos pela regra de sua 
Palavra e oremos com fervor pelo ensino de seu Espírito Santo, para que 
tire de nós a soberba, os preconceitos e as concupiscências carnais. Os 
pecadores deveriam tomar as repreensões da Palavra e da vara de Deus 
como sinais de seu amor por suas almas. Cristo ficou do lado de fora; Ele 
chama pelos tratos da providência, das advertências e dos ensinos de sua 
Palavra e da obra de seu Espírito.Cristo, com sua Palavra e Espírito, e 
por sua graça ainda continua vindo à porta do coração dos pecadores. Os 
que a abrirem desfrutarão de sua presença. Se aqueles a quem Ele 
encontra servem-no somente para uma pobre festa, Ele a tornará rica. Ele 
dará uma nova provisão de graça e consolo. 
Na conclusão encontra-se a promessa para o crente vencedor. O 
próprio Cristo sofreu tentações e conflitos; venceu a todos e foi mais do 
que vencedor. Aqueles que são como Cristo em suas provas, serão feitos 
como Ele em glória. 
Termina tudo com o pedido de atenção geral. Estes conselhos, ainda 
que aptos para as igrejas às quais foram dirigidos, são profundamente 
interessantes para todos os homens. 
 
Apocalipse 4 
Versículos 1-8: Uma visão de Deus em seu glorioso trono, ao redor 
do qual havia vinte e quatro anciãos e quatro seres viventes; 9-11: O 
apóstolo ouviu os seus cânticos e os dos santos anjos. 
Vv. 1-8. Depois que o Senhor Jesus instruiu o apóstolo para que 
escrevesse "as coisas que são" às igrejas, houve outra visão. O apóstolo 
viu um trono posto no céu, um emblema do domínio universal de Deus. 
viu um ser glorioso no trono, impossível de ser descrito por expressões 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 13 
humanas, e de ser representado por uma semelhança ou imagem, mas 
somente por seu fulgor sem igual. Estes pareciam símbolos da excelência 
da natureza divina e da temível justiça de Deus. O arco-íris é um símbolo 
apropriado do pacto de promessas que Deus tem feito com Cristo, como 
Cabeça da Igreja e com todo o seu povo nEle. A cor dominante era um 
verde aprazível, demonstrando a natureza renovada e refrescante do 
novo pacto. 
Havia vinte e quatro assentos ao redor do trono, onde estavam vinte 
e quatro anciãos, que, provavelmente, representam toda a Igreja de Deus. 
Estarem sentados significa honra, repouso e satisfação, e ao redor do 
trono significa a proximidade a Deus, a visão e o deleite que têm dEle. 
Os anciãos vestem roupas brancas, a justiça imputada aos santos, e a sua 
santidade: em suas cabeças tinham coroas de ouro, significando a glória 
que têm com Ele. Do trono saiam raios e vozes; as temíveis declarações 
que Deus faz à sua Igreja acerca de sua soberana vontade e prazer. 
Haviam sete lâmpadas de fogo ardendo diante do trono, os dons, as 
graças e as operações do Espírito de Deus nas igrejas de Cristo, 
dispensadas conforme a vontade e o prazer do que se assenta no trono. 
Na Igreja do Evangelho, a lavagem para a purificação é o sangue do 
Senhor Jesus Cristo, que limpa de o todo pecado. Neste, todos devem ser 
lavados para que, pela graça, sejam admitidos na presença de Deus na 
terra e diante de sua gloriosa presença no céu. 
O apóstolo viu quatro seres viventes entre o trono e o círculo dos 
anciãos, postos entre Deus e o povo. Estes pareciam representar os 
verdadeiros ministros do Evangelho, por seu lugar entre Deus e o povo. 
Isto também mostra a descrição dada, que significa sabedoria, valor, 
diligência e discrição, e os afetos pelos quais sobem ao céu. 
Vv. 9-11. Todos os crentes verdadeiros atribuem sua redenção e 
conversão, seus privilégios presentes e esperanças futuras, ao Eterno e 
Santo Deus. Assim sobem ao céu os cânticos de gratidão, e para sempre 
harmoniosos dos redimidos. Na terra, façamos como eles, que os nossos 
louvores sejam constantes, ininterruptos, unidos, indivisíveis, 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 14 
agradecidos, não frios nem formais; humildes e não confiados em si 
mesmos. 
 
Apocalipse 5 
Versículos 1-7: Um livro selado com sete selos, que não poderia ser 
aberto por ninguém, senão por Cristo, que toma o livro e abre-o; 8-14: 
Toda a honra é atribuída a Ele, como digno de abri-lo. 
Vv. 1-7. O apóstolo viu na mão do que estava assentado no trono 
um rolo de pergaminhos, da forma habitual daqueles tempos, e selado 
com sete selos. Representava os propósitos secretos de Deus que seriam 
revelados. Os desígnios e os métodos da providência divina para a Igreja 
e o mundo estão estabelecidos, determinados e escritos. Os conselhos de 
Deus estão inteiramente ocultos dos olhos e do entendimento das 
criaturas. O selo não é retirado, nem as diversas partes do rolo são 
abertas de imediato, mas uma parte depois da outra, até que todo o 
mistério do conselho e conduta de Deus seja consumado no mundo. 
As criaturas não podem abri-lo nem lê-lo; somente o Senhor pode 
fazê-lo. Aqueles que mais vêem de Deus, desejam ver ainda mais; os que 
têm visto a sua glória desejam conhecer a sua vontade, e os homens bons 
podem estar extremamente anelantes e apressados por esquadrinhar os 
mistérios da conduta divina. Tais desejos convertem-se em lamento e 
pesar se não forem respondidos prontamente. 
Se João chorou muito porque não podia ler o livro dos decretos de 
Deus, quantas razões muitos têm para derramar rios de lágrimas por sua 
ignorância sobre o Evangelho de Cristo, do qual depende a salvação 
eterna! 
Não temos que chorar por não conseguir prever acontecimentos 
futuros acerca de nós mesmos neste mundo; a ansiosa expectativa das 
perspectivas futuras ou a previsão de calamidades vindouras nos faria 
igualmente inaptos para nossos deveres e conflitos presentes ou 
tornariam inquietantes os nossos dias de prosperidade. Porém, podemos 
desejar saber, pelas promessas e profecias das Escrituras, qual será o 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 15 
acontecimento final para os crentes e para a Igreja; o Filho encarnado 
tem prevalecido para que aprendamos tudo o que necessitamos saber. 
Cristo está como Mediador entre Deus, os ministros e o seu povo. É 
chamado de Leão, porém aparece como Cordeiro imolado. Aparece com 
as marcas de seus sofrimentos para mostrar que intercede por nós no céu, 
em virtude da satisfação que realizou. Aparece como Cordeiro, com sete 
chifres e sete olhos: o poder perfeito para executar toda a vontade de 
Deus, e a sabedoria perfeita para entendê-la e realizá-la da maneira mais 
eficaz. O Pai colocou o livro de seus eternos conselhos nas mãos de 
Cristo, e Cristo o tomou rápida e alegremente em suas mãos: Ele deleita-
se em dar a conhecer a vontade de seu Pai, e dá o Espírito Santo para 
revelar a verdade e a vontade de Deus. 
Vv. 8-14. É motivo de gozo para todo o mundo ver que Deus trata 
os homens com graça e misericórdia por meio do Redentor. Ele governa 
o mundo, não só como Criador, mas como o nosso Salvador. As harpas 
eram instrumentos de louvor; os vasos estavam cheios de perfume ou 
incenso, que representam as orações dos santos: o louvor e a oração 
sempre devem ser oferecidos juntos. Cristo redimiu o seu povo da 
escravidão do pecado, da culpa e de Satanás. Não só tem comprado 
liberdade para eles, mas também a honra e a mais alta preferência; os 
têm feito reis e sacerdotes; reis para que reinem sobre os seus próprios 
espíritos e para vencerem o mundo e o maligno; os faz sacerdotes dando-
lhes acesso a Ele mesmo, e liberdade para oferecerem sacrifícios 
espirituais. 
Que palavras poderiam declarar mais plenamente que Cristo é, e 
deve ser adorado de modo igual ao Pai, por todas as criaturas, por toda a 
eternidade! Felizes são aqueles que o adorarão e louvarão no céu, e que 
para sempre bendirão ao Cordeiro que os livrou e os separou para si por 
seu sangue. Quão digno és tu, ó Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, de 
nossos mais excelsos louvores! Todas as criaturas devem proclamar a tua 
grandeza e adorar a tua majestade. 
 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 16 
Apocalipse 6 
Versículos 1-8: A abertura dos selos - O primeiro, o segundo, o 
terceiro e o quarto selo; 9-11: O quinto; 12-17: O sexto. 
Vv. 1-8. Cristo, o Cordeiro, abre o primeiro selo. Observe que um 
cavaleiro sai em um cavalo branco. Parece que a intenção da saída deste 
cavalo branco é um tempo de paz, ou o adiantado progresso da religião 
cristã; sua saída com pureza no tempo em que o seu Fundador celestial 
mandou os seus apóstolos a ensinar a todasas nações, acrescentando: E 
eis que estou convosco até a consumação dos séculos. A religião divina 
sai coroada tendo o favor divino sobre ela, armada espiritualmente contra 
os seus inimigos, e destinada a ser vitoriosa ao final. 
Ao abrir o segundo selo, aparece um segundo cavalo; este é 
vermelho e significa os juízos que fazem estragos. A espada da guerra e 
da perseguição é um juízo temível; tira a paz da terra, que é uma das 
maiores bênçãos; e os homens que deveriam amar-se e ajudar-se uns aos 
outros, dedicam-se a matar-se uns aos outros. Tais cenas também 
seguiram a pura era do cristianismo temporão, quando desprezando a 
caridade e o vínculo da paz, os líderes cristãos se dividiram entre si, 
apelaram à espada e se enredaram na culpa. 
Ao abrir o terceiro selo, apareceu um cavalo negro, cor que denota 
luto e ais, trevas e ignorância. Aquele que o montava tinha um jugo 
(balança, na versão de 1960 da Bíblia) em sua mão. Houve tentativas de 
se colocar um jugo de observâncias supersticiosas sobre os discípulos. 
Conforme a corrente do cristianismo foi fluindo e afastando-se de sua 
pura fonte, foi se corrompendo mais e mais. Durante o avanço deste 
cavalo negro, as necessidades da vida estariam a preços exagerados e as 
coisas mais custosas não deveriam ser danificadas. Conforme a 
linguagem profética, estes artigos significavam o alimento do saber 
religioso, pelo qual as almas dos homens são sustentadas para a vida 
eterna; tais como nós que somos convidados a comprar (Is 55.1). Porém, 
quando as nuvens negras da ignorância e da superstição, denotadas pelo 
cavalo negro, se esparramam sobre o mundo cristão, o conhecimento e a 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 17 
prática da religião verdadeira tornam-se escassos. Quando o povo odeia 
seu alimento espiritual, Deus pode privá-los, com justiça, de seu pão 
diário. A fome de pão é um juízo terrível, mas a fome da Palavra o é 
muito mais. 
Ao abrir o quarto selo, saiu outro cavalo, de cor amarela, pálido. O 
cavaleiro era a morte, o rei dos terrores. Os assistentes ou seguidores 
deste rei dos terrores, são o inferno, e o estado da miséria eterna para 
todos os que morrem em seus pecados; nas épocas da destruição geral, 
multidões vão à cova sem estar preparadas. O período do quarto selo é 
um período de grande matança e devastação, que destrói tudo que possa 
trazer felicidade à vida, assolando a vida espiritual dos homens. Assim, o 
mistério de iniqüidade foi contemplado e seu poder estendido sobre a 
vida e a consciência dos homens. Não se pode discernir as datas exatas 
destes quatro selos, porque as mudanças foram graduais. 
Deus lhes deu poder, isto é, os fez instrumentos de sua ira ou de 
seus juízos: todas as calamidades públicas estão sob seu comando; só 
avançam quando Deus ordena, e não vão além do que Ele permite. 
Vv. 9-11. A visão do apóstolo ao abrir-se o quinto selo foi 
impressionante. viu as almas dos mártires debaixo do altar do céu, aos 
pés de Cristo. Os perseguidores só podem matar o corpo; depois disto, 
não podem fazer mais nada; a alma vive para sempre. Deus tem 
providenciado um bom lugar no mundo melhor, para aqueles que são 
fiéis até a morte. 
O que lhes dá o acesso ao céu não é a sua própria morte, mas o 
sacrifício de Cristo. A causa pela qual sofreram foi a Palavra de Deus: o 
melhor que todo homem pode fazer é dar a sua vida por ela; ter fé na 
Palavra de Deus, e confessar essa fé que não pode ser removida. Eles 
encomendam as suas causas àquEle a quem a vingança pertence. O 
Senhor é o consolador de seus servos angustiados, e precioso é o sangue 
deles diante de seus olhos. Como a medida do pecado de seus 
perseguidores está se enchendo, assim também o número dos servos 
perseguidos e martirizados de Cristo. Quando esta se encher, Deus 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 18 
enviará tribulação aos que os perturbam, e felicidade e repouso sem 
interrupção aos que são perturbados. 
Vv. 12-17. Quando o sexto selo foi aberto, houve um grande 
terremoto. Os fundamentos das igrejas e dos governos serão abalados de 
forma terrível. Tais descrições figuradas, tão ousadas das grandes 
mudanças, são abundantes nas profecias das Escrituras porque estes 
acontecimentos são emblemas e declaram o fim do mundo e o dia do 
juízo. O espanto e o terror afetarão todas as classes de homens. Nem as 
grandes riquezas, a coragem nem a força poderão sustentar aos homens 
naquele momento. Eles se sentirão felizes de não serem mais vistos; sim, 
de não mais existirem. 
Mesmo que Cristo seja um Cordeiro pode irar-se, e a ira do 
Cordeiro é excessivamente espantosa; porque se nosso inimigo for o 
próprio Redentor, que apazigua a ira de Deus, onde encontraremos um 
amigo que interceda por nós? Como os homens têm seus momentos de 
oportunidade e seus períodos de graça, assim Deus tem seu dia de justa 
ira. Parece que aqui é apresentada a queda do paganismo do Império 
Romano. Os idólatras são descritos ocultando-se em suas covas e 
cavernas secretas, buscando inutilmente escapar da destruição. Em tal 
dia, quando os sinais dos tempos mostrarem aos que crêem na Palavra de 
Deus, que o Rei dos reis se aproxima, os cristãos serão chamados a um 
rumo decidido e a confessar ousadamente a Cristo e a sua verdade diante 
de seus semelhantes. Seja o que for que tenham que suportar, devem 
preferir suportar o desprezo do homem, que é de curta duração, ao invés 
da vergonha, que será eterna. 
 
Apocalipse 7 
Versículos 1-3: Uma pausa entre dois grandes períodos; 4-8: A 
paz, a felicidade e a segurança dos santos, representadas pelos 144 mil 
que são selados por um anjo; 9-12: Um cântico de louvor; 13-17: A 
benção e a glória dos que sofreram o martírio por Cristo. 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 19 
Vv. 1-8. Os quatro ventos soprando juntos significa, na linguagem 
figurada das Escrituras, uma terrível destruição geral. Porém, a 
destruição é retardada. Os selos eram usados para que cada pessoa 
marcasse os seus pertences. Esta marca é o testemunho do Espírito Santo 
impresso nos corações dos crentes. O Senhor não permitirá que o seu 
povo seja afligido antes de serem marcados, para que possam estar 
preparados contra todos os conflitos. 
Observe que os que foram selados pelo Espírito possuem tal selo na 
frente, para ser visto por amigos e inimigos igualmente, porém não pelo 
próprio crente, salvo quando este olha firmemente no espelho da Palavra 
de Deus. O número dos que assim foram selados pode ser entendido 
como representando o remanescente de pessoas que Deus preserva. 
Ainda que a Igreja de Deus seja apenas um pequeno rebanho quando 
comparada com o mundo mau, não obstante é uma sociedade realmente 
grande e que crescerá ainda mais. Aqui está figurada a Igreja universal 
sob a tipificação de Israel. 
Vv. 9-12. As primícias de Cristo, que abriram o caminho aos 
gentios convertidos, mais tarde são os que seguem e atribuem com 
triunfo a sua salvação a Deus e ao Redentor. 
Nos atos de adoração religiosa nos aproximamos de Deus e 
devemos ir a Ele por intermédio de Cristo; os pecadores não podem 
aproximar-se do trono de Deus senão através de um Mediador. Eles 
estavam vestidos com as vestes da justificação, da santidade e da vitória; 
e tinham palmas em suas mãos, como costumavam apresentar-se os 
vencedores em seus triunfos. Os fiéis servos de Deus farão uma gloriosa 
aparição ao final, quando tiverem pelejado a boa batalha da fé e 
terminado a sua carreira. Com forte voz davam a Deus e ao Cordeiro o 
louvor pela grande salvação. Os que esperam desfrutar da felicidade 
eterna devera bendizer e bendirão ao Pai e ao Filho; o farão em público e 
com fervor. vemos qual é a obra do céu, e devemos começá-la agora, 
colocando nela os nossos corações, e anelar aquele mundo, onde os 
nossos louvores e a nossa felicidade serão aperfeiçoados. 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 20 
Vv. 13-17. Os cristãos fiéis merecem nossa atenção e respeito; 
devemos observaro justo. Aqueles que desejam obter conhecimento não 
devem se envergonhar ao procurar instrução de quem a possa dar. O 
caminho ao céu é repleto de tribulações; porém, a tribulação, por maior 
que seja, não nos separará do amor de Deus. Ela faz com que o céu seja 
mais bem vindo e mais glorioso. Não é o sangue dos mártires, mas o 
sangue do Cordeiro, o que pode lavar o pecado, este é o único sangue 
que branqueia e limpa as vestes dos santos. 
Eles são felizes em seu exemplo; o céu é um estado de serviço, mas 
sem sofrimento; é um estado de repouso, não de preguiça; é um repouso 
que louva e deleita. Eles têm tido sofrimentos e derramado muitas 
lágrimas por causa dos pecados e das aflições, mas o próprio Deus, com 
sua mão de graça, enxugará todas essas lágrimas. Ele os trata como um 
terno pai. Isto sustenta o cristão sob suas aflições. Como todos os 
redimidos devem a sua felicidade totalmente à misericórdia soberana, 
assim a obra e a adoração a Deus seu Salvador é seu fundamento; sua 
presença e favor completam a alegria deles, não podem conceber outro 
gozo. Que todo o seu povo recorra a Ele; que dEle recebam toda a graça 
de que necessitam; e que a Ele ofereçam todo o louvor e toda a glória. 
 
Apocalipse 8 
Versículos 1, 2: O sétimo selo é aberto e aparecem sete anjos com 
sete trombetas, prontos para proclamar os propósitos de Deus; 3-5: Outro 
anjo lança fogo à terra, o que produz terríveis tormentas de vingança; 6: 
Os sete anjos se preparam para tocar as suas trombetas; 7-12: Quatro as 
tocam; 13: Um outro anjo anuncia grandes ais vindouros. 
Vv. 1-6. Abre-se o sétimo selo. Houve um profundo silêncio no céu 
por um espaço de tempo; todos estavam calados na Igreja, porque cada 
vez que a Igreja da terra grita pela opressão, esse grito chega ao céu; ou é 
um silêncio de expectativa. Foram dadas trombetas aos anjos, que 
deveriam tocá-las. O Senhor Jesus é o Sumo Sacerdote da Igreja, e tem 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 21 
um incensário de ouro e muito incenso, plenitude de mérito em sua 
gloriosa pessoa. 
É desejável que os homens queiram conhecer a plenitude que há em 
Cristo e se proponham a familiarizar-se com a sua excelência. Que eles 
sejam verdadeiramente persuadidos de que Cristo tem o ofício de 
Intercessor, e que o desempenha com profunda simpatia. Nenhuma 
oração assim recomendada jamais deixou de ser ouvida e aceita. Estas 
orações, assim aceitas no céu, produziram grandes mudanças na terra. 
A adoração e a religião cristã, puras e celestiais em origem e 
natureza, quando são enviadas à terra e entram em conflito com as 
paixões e os projetos mundanos dos homens pecadores, produzem 
notáveis tumultos, aqui expressos em linguagem profética, como 
declarou o próprio Senhor Jesus (Lc 12.49). 
Vv. 7-13. O primeiro anjo tocou a primeira trombeta, e houve 
granizo e fogo misturado com sangue. Uma tormenta de heresias, uma 
mistura de erros espantosos caiu sobre a Igreja ou uma tempestade de 
destruição. 
O segundo anjo tocou, e uma grande montanha, ardendo com fogo, 
foi lançada ao mar; e a terça parte do mar converteu-se em sangue. 
Alguns entendem que a montanha representa os líderes das perseguições; 
outros, a Roma saqueada pelos godos e pelos vândalos, com grande 
matança e crueldade. 
O terceiro anjo tocou, e caiu uma grande estrela do céu. Alguns 
consideram que isto é um governador eminente; outros, que é uma 
pessoa com poder que corrompeu as igrejas de Cristo. As doutrinas do 
Evangelho, a fonte da vida, do consolo e do vigor espiritual para as 
almas dos homens, estão corrompidas e amargadas pela mistura de 
perigosos enganos, de modo que as almas dos homens encontrem ruína 
onde antes encontravam refrigério. 
O quarto anjo tocou e caíram trevas sobre os grandes corpos 
celestes do céu que iluminam o mundo: o sol, a lua e as estrelas. Os 
líderes e os governantes estão em postos mais altos do que as pessoas 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 22 
comuns, e devem dispensar luz e boas influências sobre estas. Onde o 
Evangelho chega a um povo e não produz os efeitos apropriados sobre os 
seus corações e vidas, é seguido por terríveis juízos. Deus adverte a 
humanidade através da Palavra escrita, pelos ministros, pelas próprias 
consciências dos homens e pelos sinais dos tempos, de modo que se as 
pessoas forem surpreendidas, será por suas próprias faltas. A ira de Deus 
amarga todos os benefícios, e até a própria vida se torna uma carga. 
Porém Deus, neste mundo, coloca limites aos juízos mais terríveis. A 
corrupção da doutrina e da adoração na Igreja são grandes juízos, e 
também são as causas e os sinais habituais de outros juízos futuros para 
um povo. 
Antes que as outras três trombetas fossem tocadas, houve uma 
advertência solene do quão terríveis seriam as calamidades que se 
seguiriam. Se os juízos menores não produzirem efeito, a igreja e o 
mundo deverão esperar por outros maiores; e quando Deus vier castigar 
o mundo, seus habitantes tremerão diante dEle. Que os pecadores tomem 
as devidas precauções para fugir da ira vindoura; que os crentes 
aprendam a valorizar e agradecer por seus privilégios; e que continuem 
com paciência fazendo o bem. 
 
Apocalipse 9 
Versículos 1-12: A quinta trombeta é seguida pela visão de outra 
estrela que cai do céu e que abre o abismo insondável do qual saem 
exércitos de gafanhotos; 13-21: A sexta trombeta é seguida pela 
libertação dos quatro anjos presos junto ao grande rio Eufrates. 
Vv. 1-12. Ao toque da quinta trombeta caiu uma estrela do céu na 
terra. Havendo deixado de ser um ministro de Deus, aquele que está 
representado por esta estrela torna-se um ministro do Diabo, e solta as 
potestades do inferno contra a Igreja de Cristo. Ao abrir-se o abismo sem 
fundo, dali sai muita fumaça. O Diabo executa seus desígnios cegando os 
olhos dos homens, apagando a luz e o conhecimento e aumentando a 
ignorância e o engano. Desta fumaça sai um exército de gafanhotos, 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 23 
simbolizando os agentes de Satanás, que aumentam a superstição, a 
idolatria, o engano e a crueldade. As árvores e a erva, os crentes 
verdadeiros, novos ou mais experientes, serão intocáveis. Porém, um 
veneno e uma infecção secreta da alma roubará a pureza de muitos, e 
depois a paz. 
Os gafanhotos não tinham poder para ferir os que possuíam o selo 
de Deus. A graça distintiva e toda poderosa de Deus resguardará o seu 
povo da apostasia total e final. O poder está limitado a um curto período 
de tempo, mas será agudo. Em tais acontecimentos, os fiéis 
provavelmente poderão compartilhar a calamidade comum, mas estarão 
a salvo da pestilência do engano. Pelas Escrituras entendemos que tais 
enganos estavam ali provando e examinando os cristãos (1 Co 11.19). Os 
primeiros escritores se referem a isto como a primeira grande hoste de 
corruptores que se espalharam pela Igreja cristã. 
Vv. 13-21. O sexto anjo tocou sua trombeta, e parece que aqui o 
tema é o poder dos turcos. Seu tempo é limitado. Não só mataram na 
guerra, mas também trouxeram uma religião destruidora e venenosa. A 
geração anticristã não se arrependeu com estes espantosos juízos. Da 
sexta trombeta devemos aprender que de um inimigo da Igreja, Deus 
pode fazer um açoite, e de outro, uma praga. A idolatria dos 
remanescentes da igreja oriental e de todas as partes, e os pecados dos 
cristãos professos, tornam essa profecia e seu cumprimento 
maravilhosos. 
O leitor atento das Escrituras e da história perceberá que a sua fé e 
esperanças são fortalecidas pelos acontecimentos que em outros aspectos 
enchem seu coração de angústia e os seus olhos de lágrimas, enquanto vê 
que os homens que escapam destas pragas não se arrependem de suas 
más obras; antes prosseguem na idolatria, na maldade e na crueldade, até 
que a ira venha sobre eles de modo máximo. 
 
 
 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 24 
Apocalipse 10 
Versículos 1-4: O anjo do pacto apresenta um livrinho abertoseguido por sete tronos; 5-7: Ao final das seguintes profecias, o tempo 
não mais existirá; 8-10: Uma voz manda o apóstolo comer o livrinho; 
11: É dito a ele o que mais deve profetizar. 
Vv. 1-7. O apóstolo teve outra visão. A pessoa que comunica este 
fato provavelmente era o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, ou era 
para mostrar a sua glória. Ele coloca um véu sobre a sua glória, grande 
demais para que os olhos humanos a contemplem; e coloca um véu sobre 
as suas dispensações. Um arco íris estava sobre a sua cabeça; o nosso 
Senhor sempre se interessa por seu pacto. Sua surpreendente voz teve o 
eco de sete tronos, forma solene e terrível para revelar a mente de Deus. 
Não conhecemos os motivos dos sete tronos nem as razões para não 
serem escritos. 
Há grandes acontecimentos na história, talvez relacionados com a 
Igreja cristã, que não são observados na profecia revelada. A salvação 
final do justo, e o êxito final da verdadeira religião da terra, são 
apresentados pela Palavra do Senhor que não falha. Embora ainda não 
seja o tempo, todavia não pode estar longe. Para nós, o tempo logo não 
existirá; porém, se somos crentes, seguirá uma feliz eternidade; do céu 
contemplaremos os triunfos de Cristo e de sua causa na terra, e nos 
regozijaremos neles. 
Vv. 8-11. A maioria dos homens se comprazem observando os 
acontecimentos futuros, e todos os homens bons gostam de receber uma 
palavra de Deus. Porém, quando este livro da profecia foi 
completamente digerido pelo apóstolo, seu conteúdo resultou amargo; 
havia tantas coisas terríveis e espantosas, e perseguições tão dolorosas 
para o povo de Deus, que ver e saber antecipadamente de tais estragos 
seria doloroso para a sua mente. Procuremos ser ensinados por Cristo e 
obedeçamos as suas ordens; meditemos diariamente em sua Palavra para 
que nutra as nossas almas, e logo declaremo-la conforme os nossos 
diversos prazos e lugares onde estamos. A doçura das contemplações 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 25 
estará muitas vezes mesclada com amargura, quando comparamos as 
Escrituras com o estado do mundo e da Igreja ou até com o de nossos 
próprios corações. 
 
Apocalipse 11 
Versículos 1,2. O estado da Igreja está representado com a figura de 
um templo medido; 3-6: Duas testemunhas profetizam vestidas de saco; 7-
13: São mortas, porém depois ressuscitam e sobem ao céu; 14-19: Após o 
toque da sétima trombeta, todos os poderes anticristãos serão destruídos e 
haverá um glorioso estado do reino de Cristo na terra. 
Vv. 1,2. Esta passagem profética sobre a medição do templo parece 
referir-se à visão de Ezequiel. O desígnio desta medição parece ser a 
preservação da Igreja em tempos de perigo público; ou para seu juízo ou 
para seu conserto. os adoradores devem ser medidos para que se saiba se 
fazem da glória de Deus a sua finalidade, e de sua Palavra sua regra em 
todos os seus atos de adoração. Os do átrio externo adoram de maneira 
falsa, ou com corações não afetados, e serão contados com os inimigos. 
Deus terá um templo e um altar no mundo até o final dos tempos. Ele 
observa cuidadosamente o seu templo. A cidade santa, a Igreja visível, 
está pisoteada, cheia de idólatras, infiéis e hipócritas. Porém, as 
desolações da Igreja são limitadas e ela será liberta de todos os seus 
problemas. 
Vv. 3-13. Na época conhecida, Deus sustentou muitas de suas 
testemunhas fiéis para dar testemunho da verdade de sua Palavra e 
adoração, e da excelência de seus caminhos. o número destas 
testemunhas sem dúvida é pequeno. Elas profetizam vestidas de saco. 
Isto mostra o seu estado afligido, perseguido e a profunda angústia pelas 
abominações contra as quais protestam. São sustentadas durante sua 
grande e difícil obra até que esta termine. Quando tiverem profetizado 
vestidas de saco pela maior parte dos 1260 dias, o Anticristo, o grande 
instrumento do Diabo, fará guerra contra elas com força e violência por 
um tempo. Os rebeldes decididos contra a luz se regozijam como em um 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 26 
feito feliz, quando podem silenciar, afastar ou destruir os servos fiéis de 
Cristo, cuja doutrina e conduta os atormenta. 
Não parece que o período já tenha expirado, e as testemunhas não 
estão no presente, expostas a suportar tais sofrimentos exteriores tão 
terríveis como nas épocas anteriores. Porém, tais coisas podem voltar a 
acontecer e há muitos motivos para profetizarem vestidas de saco, por 
causa do estado da religião. O estado deprimido do cristianismo 
verdadeiro pode ser relacionado somente com a igreja ocidental. O 
Espírito de vida de Deus vivifica as almas mortas, e ressuscitará os 
corpos mortos de seu povo, e seu interesse moribundo no mundo. O 
avivamento da obra e das testemunhas de Deus produzirá terror nas 
almas dos inimigos. Onde há culpa há medo; e o espírito perseguidor, 
ainda que cruel, é um espírito covarde. 
Não será pane pequena do castigo dos perseguidores neste mundo 
verem, no grande dia, os servos fiéis de Deus honrados e elevados. As 
testemunhas do Senhor não devem se cansar de sofrer e servir, nem 
tomar precipitadamente o prêmio; devem permanecer quietas até que o 
seu Senhor as chame. A conseqüência de serem assim enaltecidas foi um 
tremendo golpe e convulsão para o império do Anticristo. Somente os 
fatos podem mostrar o significado disto. Porém, cada vez que a obra e as 
testemunhas de Deus revivem, a obra do Diabo e de suas testemunhas 
caem ante Ele. Parece provável que a matança das testemunhas será um 
acontecimento futuro. 
Vv. 14-19. Antes que a sétima e última trombeta soem, é feito o 
habitual pedido de atenção. Os santos anjos do céu sabem que a destra de 
nosso Deus e Salvador manda em todo o mundo. Porém, as nações saem 
com sua própria ira ao encontro da ira de Deus. Foi um tempo que Ele 
estava começando a recompensar os serviços fiéis e os sofrimentos de 
seu povo, e seus inimigos estavam nervosos com Deus, aumentando 
assim a sua culpa e apressam a sua destruição. 
A abertura do templo de Deus no céu, talvez signifique que 
houvesse mais comunicação livre entre o céu e a terra; a oração e os 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 27 
louvores subiam mais livre e freqüentemente; as graças e as bênçãos 
desciam com mais abundância. No entanto parece referir-se à Igreja de 
Deus na terra. No reino do Anticristo, a lei de Deus foi lançada de lado e 
esvaziada com tradições e decretos; as Escrituras foram fechadas para as 
pessoas, mas agora são colocadas à vista de todos. Como a arca, este é 
um símbolo da presença de Deus que se volta para o seu povo, e seu 
favor para com eles, em Jesus Cristo, como a Propiciação por seus 
pecados. A grande benção da Reforma foi acompanhada por 
providências muito temíveis; e Deus respondeu com atos terríveis de 
justiça as orações apresentadas em seu santo templo, agora aberto. 
 
Apocalipse 12 
Versículos 1-6: Descrição da Igreja de Cristo e da de Satanás, sob as 
figuras de uma mulher e de um grande dragão vermelho; 7-12: Miguel e 
seus anjos lutam contra o diabo e seus anjos, os quais são derrotados; 
13,14: O dragão persegue a Igreja; 15-17: Seus vãos intentos para destruí-
la – Renova sua guerra contra a semente da mulher. 
Vv. 1-6. A Igreja, representada por uma mulher, a mãe dos crentes, 
foi vista no céu pelo apóstolo em uma visão. Ela estava vestida de sol, 
justificada, santificada e brilhando pela união com Cristo, o Sol da 
justiça. A lua estava debaixo de seus pés; ela era superior à luz refletida e 
mais fraca que a revelação feita por Moisés. Tinha em sua cabeça uma 
coroa de doze estrelas; a doutrina do Evangelho pregada pelos doze 
apóstolos é uma coroa de glória de todos os crentes verdadeiros. Estava 
com dores para dar à luz a uma santa família; desejosa que a convicção 
dos pecadores pudesse resultar em sua conversão. 
O dragão simboliza o conhecido Satanás e seus principais a gentes, 
ou os que governam por ele na terra, como naquela época do Império 
pagãode Roma, a cidade edificada sobre sete colinas. Tendo dez chifres, 
dividida em dez reinos. Ter sete coroas representa sete formas de 
governo. Com a sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, e as 
lançava à terra; perseguia e seduzia os ministros e mestres. Vigiando 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 28 
para esmagar a religião cristã, porém, apesar da oposição dos inimigos, a 
Igreja enviou adiante a um grupo varonil de professos, fiéis e 
verdadeiros, em quem Cristo foi verdadeiramente formado de novo; o 
mistério de Cristo, o Filho de Deus, que governará as nações e cuja 
destra seus membros participam da mesma glória. Esta bendita semente 
foi protegida por Deus. 
Vv. 7-11. Os intentos do dragão foram infrutíferos contra a Igreja, e 
fatais para seus próprios interesses. A sede desta guerra era o céu; e a 
Igreja de Cristo, o reino do céu na terra. As partes eram Cristo, o grande 
Anjo do pacto e seus fiéis seguidores; e contra Ele Satanás e seus 
instrumentos. A força da Igreja está em ter ao Senhor Jesus como o 
Capitão da sua salvação. 
A idolatria pagã, que era a adoração aos demônios, foi lançada do 
império pela difusão do cristianismo. A salvação e a força da Igreja só 
devem ser atribuídas ao Rei e Cabeça da Igreja. O Inimigo vencido odeia 
a presença de Deus, mas está disposto a comparecer para acusar o povo 
do Senhor. Guardemo-nos para não dar-lhe motivos de nos acusar; se 
pecarmos apresentemo-nos diante do Senhor, condenemo-nos a nós 
mesmos e encomendemos a nossa causa a Cristo como nosso Advogado. 
Os servos de Deus vencem Satanás pelo sangue do Cordeiro; 
vencem pela Palavra de seu testemunho, pois a poderosa pregação do 
Evangelho é potente por meio de Deus, para derrubar fortalezas. Por sua 
coragem e paciência nos sofrimentos: eles não amaram tanto as suas 
vidas, mas renderam-nas pela causa de Cristo. Estes eram os guerreiros e 
as armas pelas quais o cristianismo destituiu o poder da idolatria pagã; se 
os cristãos continuassem pelejando com estas armas e com outras como 
estas, suas vitórias teriam sido muito mais numerosas e gloriosas, e seus 
efeitos mais duradouros. 
Os redimidos venceram por sua simples confiança no sangue de 
Cristo, como a única base de suas esperanças. Neste aspecto também 
devemos ser como eles. Não devemos mesclar nada mais com isto. 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 29 
Vv. 12-17. A Igreja e todos os seus amigos podem ser convocados 
para louvar a Deus por libertá-los da perseguição pagã, ainda que outras 
angústias lhes esperem. O deserto é um lugar desolado e cheio de 
serpentes e escorpiões, incômodo e desprovido de alimentos, mas seguro 
para uma pessoa poder estar só. Porém, estar assim isolada não é algo 
que protegeria a mulher. 
Muitos explicam a corrente de águas como as invasões dos 
bárbaros, pelos quais o império ocidental foi derrubado, porque os 
pagãos fortaleciam os seus ataques esperando destruir o cristianismo. 
Porém, os homens ímpios protegeram a Igreja em meio a estes tumultos 
devido aos seus interesses mundanos, e a derrota do império não 
contribuiu com a causa da idolatria, Isto pode significar uma corrente de 
enganos pela qual a Igreja de Deus correu o risco de ser derrubada e 
desviada. O Diabo, derrotado em suas intenções contra a Igreja, volta a 
sua fúria contra pessoas e lugares. Ser fiel a Deus e a Cristo em sua 
doutrina, adoração e prática expõe-nos à ira de Satanás, e assim será até 
que o último Inimigo seja destruído. 
 
Apocalipse 13 
Versículos 1-10: Uma besta selvagem sai do mar e a esta o dragão 
dá o seu poder; 11-15: Outra besta que tem dois chifres, como um 
cordeiro, mas fala como dragão; 16-18: Obriga a todos a adorarem sua 
imagem, e a receberem sua marca como pessoas consagradas a ela. 
Vv. 1-10. O apóstolo, estando na praia, viu uma besta selvagem sair 
do mar; um poder tirânico, idólatra, perseguidor, que surge dos 
transtornos que tiveram lugar. Era um monstro aterrorizador. 
Parece significar o domínio mundano opressor que por muitos 
séculos, desde os tempos do cativeiro babilônico, havia sido hostil à 
Igreja. Então, a primeira besta começou a perseguir e a oprimir os justos 
por amor à justiça; porém, eles sofreram mais com a quarta besta de 
Daniel (o Império Romano) que tem afligido os santos com muitas 
perseguições cruéis. 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 30 
A fonte deste poder foi o dragão. Foi estabelecido pelo Diabo e 
apoiado por ele. A ferida da cabeça pode ser a abolição da idolatria pagã; 
e a cura da ferida seria a introdução da idolatria papista, a mesma em 
essência, só que com nova roupagem, mas que corresponde muito 
efetivamente ao desígnio do Diabo. O mundo admirou seu poder, 
política e êxito. E todos os ímpios renderam honras e sujeição ao Diabo e 
a seus instrumentos. Exerceu um poder e uma política infernal exigindo 
que os homens rendessem às criaturas a honra que só pertence a Deus. 
Porém, o poder e o êxito de Satanás são limitados. Cristo tem um 
remanescente escolhido, redimido por seu sangue, registrado em seu 
livro, selado por seu espírito; e ainda que o Diabo e o Anticristo possam 
vencer o corpo e tirar a vida natural, não podem vencer a alma, nem 
prevalecer contra os crentes verdadeiros, para que estes abandonem ao 
seu Salvador e unam-se aos seus inimigos. A perseverança na fé do 
Evangelho e na verdadeira adoração a Deus, nesta grande hora de prova 
e tentação que enganará a todos, exceto os escolhidos, é a marca dos 
registrados no livro da vida. Este motivo e alentos poderosos à 
constância, constituem o grande objetivo de todo o livro de Apocalipse. 
Vv. 11-18. Os que entendem que a primeira besta significa uma 
potência mundial, tomam também a segunda como um poder 
perseguidor e usurpador, que age com o disfarce da religião e da 
caridade para com as almas dos homens. É um domínio espiritual que 
professa derivar de Cristo, e atua primeiramente de forma suave, mas 
logo falará como dragão. A sua fala engana, porque estabelece falsas 
doutrinas e decretos cruéis que mostram que pertence ao dragão, e não 
ao Cordeiro. Exerceu todo o poder da besta anterior, e persegue o mesmo 
objetivo: apartar os homens da adoração ao Deus verdadeiro e submeter 
suas almas à vontade e ao controle de homens. A segunda besta executa 
as suas intenções com métodos que enganam aos homens para que 
adorem a primeira besta em sua nova forma ou semelhança, criada para 
isto com prodígios mentirosos, pretensos milagres e por severas 
censuras. Ela também não permitirá o gozo de direitos naturais ou civis 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 31 
àqueles que não adorarem à primeira besta. É feito algo que dá 
autorização para se comprar e vender e para ganho e confiança, o que os 
obriga a usar todo o seu interesse, poder e trabalho no fomento do 
domínio da besta, o que é representado por receberem a sua marca. Fazer 
uma imagem à besta cuja ferida mortal foi curada, seria dar forma e 
poder à sua adoração, ou requerer obediência às suas ordens. Adorar essa 
imagem implica submeter-se às coisas que demonstram o caráter da 
marca, e a transformam na imagem da besta. 
O número da besta é dado para mostrar a sabedoria infinita de Deus 
e exercitar a sabedoria dos homens. O número é o numero do homem, 
calculado da maneira habitual dos homens, e é 666. Permanece como 
mistério o que ou quem está representado por isto. Este número tem sido 
aplicado em quase todas as disputas religiosas e há dúvidas se o seu 
significado já foi descoberto. Quem tem sabedoria e entendimento verá 
que todos os inimigos de Deus estão numerados e marcados para a 
destruição; e que o prazo de seu poder breve expirará, e que todas as 
nações se submeterão ao nosso Rei de justiça e paz. 
 
Apocalipse 14 
Versículos 1-5: Os fiéis a Cristo louvam a Deus; 6-13: Três anjos: um 
proclama o Evangelho eterno; outro, a queda da Babilônia; e o terceiro a 
terrível ira de Deus sobre os adoradores da besta.A benção dos que 
morreram no Senhor; 14-16: Uma visão de Cristo acompanhada de uma 
grande voz, e de uma seara madural; 17-20: O símbolo de uma colheita 
totalmente madura, pisada no lagar da ira de Deus. 
Vv. 1-5. O monte Sião é a Igreja do Evangelho. Cristo está com sua 
Igreja em meio a todas as suas angústias, portanto não é consumida. Sua 
presença assegura a perseverança. Seu povo apresenta-se honradamente. 
Eles têm o nome de Deus escrito em suas frontes, podem fazer uma 
profissão ousada e aberta de sua fé em Deus e em Jesus, e isto é 
acompanhado por atos apropriados. Nas épocas mais tenebrosas 
existiram pessoas que se arriscaram e renderam suas vidas pela adoração 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 32 
e pela verdade do Evangelho de Cristo. Mantiveram-se limpas da 
perversa abominação dos seguidores do Anticristo. Seus corações 
mantiveram-se bem com Deus e foram gratuitamente perdoados em 
Cristo; Ele é glorificado neles e eles nEle. Que a nossa oração, o nosso 
esforço e a nossa ambição seja ser achados nesta honrosa companhia. 
Aqui estão representados todos os que realmente são santificados e 
justificados, porque nenhum hipócrita, por mais veraz que pareça, pode 
considerar-se sem faltas diante de Deus. 
Vv. 6-13. Aqui parece manifestar-se o progresso da reforma. As 
quatro proclamações são evidentes em seus significados: que todos os 
cristãos sejam exortados a serem fiéis ao seu Senhor no tempo da prova. 
O Evangelho é o grande meio pelo qual os homens são levados a temer a 
Deus e dar-lhe glória. 
A pregação do Evangelho eterno estremece os fundamentos do 
Anticristo no mundo, e apressa a sua queda. 
Se alguém persiste em sujeitar-se à besta e em fomentar a sua 
causa, deve esperar ser miserável em corpo e alma para sempre. O crente 
deve arriscar-se ou sofrer qualquer coisa por obedecer aos mandamentos 
de Deus e professar a fé em Jesus. Que Deus nos conceda esta paciência. 
Observe a descrição dos que são e serão abençoados: os tais 
morrem no Senhor, pela causa de Cristo e em união com Cristo; os tais 
são achados em Cristo quando a morte chega. Descansam de todo 
pecado, tentação, sofrimento e perseguição, porque ali o mal pára de 
atormentá-los; ali os cansados repousam. Suas obras os acompanham: 
não vão adiante deles como títulos, ou como aquisições, mas os seguem 
como provas de terem vivido e morrido no Senhor; a lembrança deles 
será agradável, e a recompensa muito superior a todos os seus 
sofrimentos e aos serviços que prestaram a Deus. Isto é assegurado pelo 
testemunho do Espírito, que testifica com o espírito de cada um deles, e 
pela Palavra escrita. 
Vv. 14-20. Não tendo as advertências e os juízos produzido 
conserto, os pecados das nações têm enchido a medida e estão maduros 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 33 
para os juízos, representados por uma colheita, simbologia usada para 
significar a reunião dos justos quando estiverem maduros para o céu, 
pela misericórdia de Deus. O tempo da colheita dar-se-á quando o trigo 
estiver maduro, quando os crentes estiverem maduros para o céu; então o 
trigo da terra será reunido no grande celeiro de Cristo por uma colheita. 
Os inimigos de Cristo e de sua Igreja não serão destruídos até que, por 
causa de seus pecados, estejam maduros para a destruição, e então Ele 
não mais os ignorará, o lagar é a ira de Deus, uma calamidade terrível, 
provavelmente a espada, que derrama o sangue dos maus. A paciência de 
Deus para com os pecadores é o maior milagre do mundo; porém, ainda 
que seja duradoura, não será eterna; e a maturação do pecado é uma 
prova segura do juízo iminente. 
 
Apocalipse 15 
Versículos 1-4: A Igreja canta um cântico de louvor; 5-8: Visão de 
sete anjos com sete pragas; em seguida, um dos seres viventes dá a um 
deles sete taças de ouro cheias da ira de Deus. 
Vv. 1-4. Apareceram sete anjos no céu, preparados para terminar a 
destruição do Anticristo. Posto que a medida dos pecados da Babilônia 
estava cheia, encontra a medida cheia da ira divina. Enquanto os crentes 
estiverem no mundo, em tempos de angústia, como em pé sobre um mar 
de vidro misturado com fogo, podem esperar sua libertação final, 
enquanto novas misericórdias pedem novos hinos de louvor. Quanto 
mais soubermos das maravilhosas obras de Deus, mais louvaremos sua 
grandeza como o Senhor Deus Todo Poderoso, o Criador e Rei de todo o 
mundo; porém, seu título de Emanuel, o Rei dos santos, o fará querido a 
nós. Quem é que, considerando o poder da ira de Deus e o valor de seu 
favor, ou a glória de sua santidade, se recusará a temer e a honrar 
somente a Ele? Seu louvor está acima do céu e da terra. 
Vv. 5-8. Nos juízos que Deus executa contra o Anticristo e seus 
seguidores, se cumprem as profecias e as promessas de sua Palavra. 
Estes anjos estão preparados para a sua obra, vestidos com linho puro e 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 34 
branco; seus peitos estão cingidos com cinto de ouro, que representam a 
santidade, a justiça e a excelência dos tratos com os homens. Eles são 
ministros da justiça divina e fazem todas as coisas de forma santa e pura. 
Estavam armados com a ira de Deus contra seus inimigos. Até a criatura 
mais vil, quando está armada coma ira de Deus, será extremamente forte 
para enfrentar qualquer homem do mundo. 
Os anjos receberam as taças de um dos quatro seres viventes, um 
dos ministros da Igreja verdadeira, como resposta às orações dos 
ministros e do povo de Deus. O Anticristo não podia ser destruído sem 
um grande golpe para todo o mundo, e até o povo de Deus estaria 
angustiado e confundido enquanto a grande obra estivesse sendo feita. 
As maiores libertações da Igreja são produzidas por terríveis atos da 
providência; e o feliz estado da Igreja verdadeira não começará até que 
os inimigos obstinados sejam destruídos, e os cristãos fracos ou formais 
sejam purificados. Então, tudo o que estiver contra as Escrituras será 
purgado, toda a Igreja será espiritual e todos serão levados à pureza, à 
unidade e à espiritualidade, e todos os crentes serão firmemente 
estabelecidos. 
 
Apocalipse 16 
Versículos 1-7: A primeira taça é lançada à terra, a segunda ao 
mar e a terceira aos rios e às fontes; 8-11: A quarta ao sol, a quinta à 
sede da besta; 12-16: A sexta ao grande rio Eufrates; 17-21: E a sétima 
ao ar quando sobrevirá a destruição de todos os inimigos dos cristãos. 
Vv. 1-7. Temos de orar para que a vontade de Deus seja feita na 
terra como é feita no céu. Aqui há uma sucessão de terríveis juízos da 
providência; e parece ser uma alusão à diversas pragas do Egito. Os 
pecados eram semelhantes, e assim também os castigos. As taças 
referem-se às sete trombetas, que representavam o surgimento do 
Anticristo; e a queda dos inimigos da Igreja será semelhante à ocasião 
em que se levantaram. Todas as coisas de sua terra, seu ar, seu mar, seus 
rios, suas cidades, estão condenadas à ruína; todas são malditas por causa 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 35 
da maldade do povo. Não vos assombreis pelo fato dos anjos que 
presenciam ou executam a vingança divina nos obstinados que odeiam a 
Deus, a Cristo e a santidade louvarem a sua justiça e verdade; e 
adorarem os seus espantosos juízos, enquanto executam nos cruéis 
perseguidores as torturas que eles fizeram os santos e os profetas 
sofrerem. 
Vv. 8-11. O coração do homem é tão perverso que as desgraças 
mais severas nunca levarão ninguém a se arrepender sem a graça 
especial de Deus. O próprio inferno está cheio de blasfêmias, e os 
ignorantes em relação à história humana, à Bíblia, e aos seus próprios 
corações não sabem que quanto mais os homens sofrem e mais 
claramente vêem a mão de Deus em seus sofrimentos, mais furiosamente 
se indignam contra Ele. Que os pecadores busquem agora o 
arrependimento em Cristo e a graça do Espírito santo, ou terão a angústia 
e o horror de um coração não humilhado, impenitente e desesperançado, 
somando assim a sua culpa e desgraçapor toda a eternidade. As trevas se 
opõem à sabedoria e ao conhecimento, e prolongam a confusão e a 
maneira néscia de viver dos idólatras e seguidores da besta. se opõem ao 
prazer e ao gozo e representam a angústia e a afronta do espírito. 
Vv. 12-16. Provavelmente isto mostre a destruição da potência 
turca e da idolatria, e que se fará um caminho para o retorno dos judeus. 
Ou, como Roma, considere a Babilônia mística, o nome da Babilônia 
escrito por Roma conforme assim se pensava, mas que naquela ocasião 
não era abertamente nomeada. Quando Roma é destruída, seu rio e suas 
mercadorias devem sofrer com ela. Talvez se abra um caminho para que 
as nações orientais ingressem na Igreja de Cristo. O grande dragão 
reunirá todas as suas forças para lutarem uma batalha desesperançada 
antes que tudo esteja perdido. Deus adverte em relação a esta grande 
prova para fazer com que o seu povo se prepare para ela. Estes serão 
tempos de grande tentação; portanto, Cristo, por intermédio de seu 
apóstolo chama os seus servos crentes a esperarem a sua vinda repentina 
e a vigiar para não serem envergonhados como apóstatas ou hipócritas. 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 36 
Por mais que os cristãos difiram quanto aos seus critérios sobre os 
tempos e as eras dos acontecimentos que ainda ocorrerão, neste ponto 
todos estão de acordo: Jesus Cristo, o Senhor da glória, voltará 
subitamente para julgar o mundo. Para aqueles que vivem perto de 
Cristo, isto é motivo de gloriosa esperança e expectativa, e a demora é 
algo que eles não desejam. 
Vv. 17-21. O sétimo e último anjo lançam suas taças e consumam a 
queda da Babilônia. A Igreja triunfante do céu contemplou isto e se 
regozijou; a Igreja afligida na terra viu e sentiu-se triunfante. Deus 
lembrou-se da grande e malvada cidade, ainda que por um tempo 
pareceu que havia se esquecido da idolatria e da crueldade dela. Tudo o 
que era mais seguro foi eliminado pela ruína. 
Os homens blasfemaram: os maiores juízos que podem recair sobre 
os homens não produzirão arrependimento sem a graça de Deus. 
Endurecer-se contra Deus por seus justos juízos é sinal de garantida e 
total destruição. 
 
Apocalipse 17 
Versículos 1-6: Um dos anjos que tinha as taças, explica o 
significado da visão anterior da besta anticristã, que reinaria 1260 dias, 
e em seguida seria destruída; 7-18: E interpreta o mistério da mulher e 
da besta que tinha sete cabeças e dez chifres. 
Vv. 1-6. Roma parece estar claramente representada neste capítulo. 
A Roma pagã submeteu e governou com poderio militar, não por arte 
nem adulação. Geralmente deixava que as nações continuassem com 
seus antigos costumes e adorações, porém, sabe-se que por sua astuta 
administração política, com toda a classe de enganos e injustiças, é que a 
Roma papal tem obtido e mantido o seu governo sobre reis e nações. 
Aqui existiram seduções por meio de honras e riquezas mundanas, 
pompas e orgulho, apropriados para mentes mundanas e sensuais. A 
prosperidade, a ostentação e o esplendor alimentaram a soberba e as 
concupiscências do coração humano, mas não são uma garantia contra a 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 37 
vingança divina. A taça de ouro representa as seduções e as ilusões pelas 
quais esta Babilônia mística tem obtido e mantido sua influência, e 
seduzido a outros para que se unam às suas abominações. É nomeada por 
seus costumes infames, a mãe das prostitutas, a que educa na idolatria e 
em toda a classe de maldades. Está cheia do sangue dos santos e mártires 
de Cristo Jesus. Embriagava-se com ele, e isto lhe era tão agradável que 
nunca estava satisfeita. 
Não podemos senão nos surpreender pelos oceanos de sangue de 
cristãos, derramados por homens que se dizem cristãos; porém, quando 
consideramos estas profecias, estes feitos espantosos testificam da 
verdade do Evangelho. Guardemo-nos de uma religião esplêndida, 
gananciosa ou de moda. Evitemos os mistérios da iniqüidade e 
estudemos com diligência o grande mistério da piedade, para que 
aprendamos a ser humildes e agradecidos pelo exemplo de Cristo. 
Quanto mais procurarmos nos parecer com Ele, menos 
comprometidos estaremos de ser enganados pelo Anticristo. 
Vv. 7-14. A besta na qual a mulher estava montada era assento de 
idolatria e perseguição, não na antiga forma pagã, mas a sede da idolatria 
e da tirania, ainda que de outra sorte e forma. Enganaria a uma 
submissão estúpida e cega todos os habitantes da terra sob sua 
influência, exceto o remanescente dos escolhidos. 
Esta besta tem sete cabeças, sete montanhas, as sete colinas sobre as 
quais Roma foi erguida; e sete reis, sete tipos de governo. Cinco eram 
passados quando esta profecia foi escrita; um estava em vigor naquele 
momento; o outro ainda iria chegar. A besta, dirigida pelo papado, 
constitui o oitavo governante, e este volta a estabelecer a idolatria. 
Tinha dez chifres, que dizem ser dez reis que ainda não tinham 
reinado; eles só apareceriam quando o Império Romano fosse dividido, e 
seriam por um tempo extremamente zelosos em relação aos seus 
interesses. 
Cristo reinará quando todos os seus inimigos estiverem subjugados 
debaixo de seus pés. A razão da vitória, é que Ele é o Rei dos reis e o 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 38 
Senhor dos senhores. Ele tem o domínio supremo e poder sobre todas as 
coisas; todos os poderes da terra e do inferno estão sujeitos ao seu 
controle. Seus seguidores são chamados para esta guerra, são preparados 
para ela e serão fiéis nela. 
Vv. 15-18. Deus mandava de tal forma nos corações destes reis, por 
seu poder sobre eles e por sua providência, que eles fizeram estas coisas 
sem ter a intenção que Ele se propôs e anunciou. Eles verão suas 
condutas néscias, como foram enfeitiçados e escravizados pela prostituta 
e feitos instrumentos de sua destruição. Ela era essa grande cidade que 
reinava sobre os reis da terra, quando João recebeu esta visão; e todos 
sabem que Roma era esta cidade. 
Os crentes serão recebidos na glória do Senhor quando os maus 
serão destruídos da maneira mais terrível; sua união em pecado será 
transformada em ódio e ira, e eles assistirão anelantes as torturas uns dos 
outros. A porção do Senhor é o seu povo; seu conselho permanecerá e 
fará todo o seu beneplácito para a sua glória e para a felicidade de todos 
os seus servos. 
 
Apocalipse 18 
Versículos 1-3: Outro anjo do céu proclama a queda da Babilônia 
mística; 4-8: Uma voz do céu admoesta o povo de Deus, para que não 
participe de suas pragas; 9-19: As lamentações por ela; 20-24: A Igreja 
é chamada a regozijar-se pela extrema ruína da Babilônia. 
Vv. 1-8. A queda e a destruição da Babilônia mística estão 
determinadas nos conselhos de Deus. Outro anjo vem do céu. Este 
parece ser o próprio Cristo, que vem destruir seus inimigos e derramar a 
luz do seu Evangelho sobre todas as nações. A maldade desta Babilônia 
era muito grande, pois se esquecera do Deus verdadeiro e havia 
estabelecido ídolos, arrastando toda a classe de homens ao adultério 
espiritual, e por sua riqueza e luxo os manteve interessados nela. Parece 
representar principalmente a mercadoria espiritual, pela qual multidões 
Apocalipse (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 39 
têm vivido em riquezas de maldade pelos pecados e pela conduta néscia 
da humanidade. 
Adverte-se justamente a todos os que esperam misericórdia de Deus 
a não somente saírem de Babilônia, mas também a ajudarem na sua 
destruição. Deus pode ter filhos até na Babilônia, mas será chamado a 
sair da Babilônia, e será eficazmente chamado, enquanto os que 
participam com os ímpios em seus pecados devem receber as suas 
pragas. 
Vv. 9-19. Os enfermos haviam participado dos prazeres sensuais da 
Babilônia e adquirido lucro com sua riqueza e comércio. Eram os reis da 
terra, aos quais ela havia atraído à idolatria, permitindo que fossem 
tiranos com seus súditos, mas obedientes a ela; também eram os 
mercadores os que negociavam suas indulgências,