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Daniel (MHenry)

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DANIEL 
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 Introdução 
 Capítulo 1 Capítulo 4 Capítulo 7 Capítulo 10 
 Capítulo 2 Capítulo 5 Capítulo 8 Capítulo 11 
 Capítulo 3 Capítulo 6 Capítulo 9 Capítulo 12 
 
Introdução 
Daniel foi um homem de berço nobre, podendo provavelmente ter 
sido da família real de Judá. Em sua juventude foi levado ao cativeiro em 
Babilônia, durante o quarto ano do reinado de Joaquim, em 606 a.C. 
Ali ensinaram-lhe a ciência dos caldeus, e teve altos cargos no 
império babilônico e no império persa. Foi perseguido por causa da fé 
que professava, mas foi milagrosamente liberto, e viveu até uma idade 
avançada. Deveria ter noventa e quatro anos na época da última de suas 
visões. O livro de Daniel é em parte histórico, porque narra várias 
circunstâncias acontecidas com ele e com os judeus na Babilônia. Porém, 
é principalmente profético, detalhando visões e profecias que anunciam 
muitos sucessos importantes com referência aos quatro grandes impérios 
do mundo, à vida e à morte do Messias, à restauração dos judeus, e à 
conversão dos gentios. Ainda que existam consideráveis dificuldades 
para explicar o significado profético de algumas passagens deste livro, 
encontraremos sempre o alento para a fé e para a esperança, dignos de 
selem imitados e algo para dirigir os nossos pensamentos a Cristo, na 
cruz e em seu turno glorioso. 
 
Daniel 1 
Versículos 1-7: O cativeiro de Daniel e de seus companheiros; 8-
16: A sua recusa de alimentar-se da mesma porção do rei; 17-21: A sua 
melhoria em termos de sabedoria. 
Vv. 1-7. No primeiro ano de seu reinado, Nabucodonosor, rei de 
Babilônia, tomou Jerusalém e levou consigo aqueles e aquilo que quis. É 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 2 
desde este primeiro cativeiro que a maioria dos estudiosos entende que 
devem ser contados setenta anos. É do interesse dos príncipes empregar 
os homens sábios; é uma atitude sábia procurar e preparar tais pessoas. 
Nabucodonosor ordena que os jovens escolhidos sejam ensinados. Todos 
os homens hebreus tinham algo de Deus em si mesmos, mas para fazer 
com que se esquecessem do Deus de seus pais, o Guia de sua juventude, 
os pagãos deram-lhes nomes que tinham sabor de idolatria. É triste 
pensar nas muitas vezes e situações em que a educação pública tem a 
tendência de corromper os princípios e a moral. 
Vv. 8-16. Devemos reconhecer como dádivas de Deus os bens que 
pensamos ter alcançado por nossos próprios méritos ou esforços. 
Daniel ainda era firme em sua religião, e prosseguiu fortemente 
apegado ao espírito de um verdadeiro israelita, sem se importar com o 
nome que lhe deram. Estes jovens sentiram repugnância em relação à 
comida que lhes era servida, pois era pecaminosa. Quando o povo de 
Deus está em Babilônia, deve ter o cuidado especial de não participar 
dos pecados que ali são cometidos. Digno de elogio é que a juventude 
não cobice e nem busque os deleites que estão ligados aos sentidos. 
Aqueles que desejam destacar-se em sabedoria e piedade devem 
aprender a sujeitar o seu próprio corpo. Daniel evitou corromper-se com 
o pecado; este deve ser o nosso temor acima de qualquer outro problema 
exterior. É mais fácil manter a tentação à distância do que resistir quando 
ela está próxima. Não podemos aproveitar melhor aquilo que nos 
beneficia do que utilizando-o para afastar-nos do pecado. 
As pessoas não crerão na vantagem de evitar os excessos e ter uma 
dieta austera, nem contribuirão para a saúde de seus corpos, se não se 
dispuserem ao menos a tentar. A temperança consciente, sempre fará 
mais do que a indulgência pecaminosa a favor do bem-estar nesta vida. 
Vv. 17-21. Daniel e os seus companheiros mantiveram-se na fé, e 
Deus os premiou com iminência no aprendizado, os jovens piedosos 
devem esforçar-se por fazer melhor do que os seus semelhantes, naquilo 
que for útil; não para que recebam louvores dos homens, mas para a 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 3 
honra do Evangelho, e para que sejam reconhecidos por serem úteis. 
Bom é para um país, e para a honra de um príncipe, quando pode julgar 
aqueles que estão melhor equipados para servi-lo, e prefere aqueles que 
estão nesta condição. Que os jovens prestem muita atenção a este 
capítulo; que todos se lembrem que Deus honra aqueles que o honram, 
mas aqueles que o desprezam serão considerados como pessoas de pouco 
valor. 
 
Daniel 2 
Versículos 1-13: O Sonho de Nabucodonosor; 14-23: O sonho é 
revelado a Daniel; 24-30: Daniel é recebido pelo rei; 31-45: O sonho e 
a sua interpretação; 46-49: Daniel e os seus amigos são honrados. 
Vv. 1-13. Os maiores homens são os mais expostos às preocupações 
e transtornos da mente, que perturbam o seu repouso noturno, enquanto o 
sono do trabalhador é doce e profundo. Não conhecemos a inquietação 
de muitos que vivem com grande pompa e, conforme outros pensam de 
modo vão, com prazer. o rei pediu aos seus sábios que lhe declarassem o 
próprio sonho, caso contrário, todos eles seriam executados como 
enganadores, os homens estão mais ansiosos por perguntar sobre os 
acontecimentos futuros do que por aprender o caminho da salvação ou a 
senda do dever; porém, o conhecimento antecipado dos sucessos 
aumenta a ansiedade e o transtorno. Aqueles que enganavam, 
pretendendo fazer aquilo que não podiam, foram sentenciados à morte 
por não conseguirem levar adiante seus enganos. 
Vv. 14-23. Daniel orou humildemente para que Deus revelasse o 
sonho do rei e o seu significado. os amigos que oram são amigos 
valiosos, e é bom que os homens melhores e de maior posição desejem a 
oração dos demais a seu favor. Mostremos que valorizamos tanto os 
nossos amigos quanto as suas orações. 
Eles oravam de forma específica. Podemos esperar somente como 
dádiva da graça de Deus aquilo que pedirmos em oração. Por meio da 
oração, o Senhor permite que expressemos as nossas necessidades e as 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 4 
nossas cargas. A sua petição a Deus tinha como motivo o perigo que 
estavam correndo. 
A misericórdia pela qual Daniel e os seus amigos oravam lhes foi 
concedida. A oração eficaz do justo pode muito em seus efeitos. Daniel 
estava agradecido a Deus, por fazer-lhe saber aquilo que foi capaz de 
salvar tanto a sua vida como a de seus amigos. Devemos estar 
agradecidos a Deus por dar a conhecer a grandiosa salvação da alma, 
àqueles que estão entre os sábios e prudentes do mundo! 
Vv. 24-30. Daniel faz com que a opinião do rei mude em relação 
aos seus magos e adivinhos. A insuficiência das criaturas deve levar-nos 
à absoluta suficiência do Criador. Existe um que é capaz de fazer por 
nós, e dar-nos a conhecer àquilo que ninguém na terra é capaz de fazer 
ou dar a conhecer; de modo específico, a obra da redenção e os desígnios 
secretos do amor de Deus a nosso favor estão disponíveis a todos na 
terra. 
Daniel confirmou ao rei a sua opinião de que o sonho era de grande 
conseqüência, com referência aos assuntos e mudanças deste mundo 
inferior. 
Que aqueles a quem Deus tem favorecido e honrado grandemente, 
deixem de lado toda a opinião de sua própria sabedoria e valor, para que 
somente o Senhor seja louvado pelo bem que eles tiverem e fizerem. 
Vv. 31-45. A imagem representava os reinos da terra, que 
dominariam sucessivamente todas as nações e que teriam influência nos 
assuntos da igreja judaica. 
1. A cabeça de ouro representava o império caldeu, que então existia. 
2. O peito e os braços de prata representavam o império medo-persa. 
3. O ventre e os músculos de bronze representavam o império 
grego, fundado por Alexandre, o grande. 
4. As pernas e os pés de ferro representavam o império romano. 
Este se dividiu em dez reinos, como os dedos destes pés. Alguns eram 
fracos como o barro, outros fortes como o ferro. Sempre têm sido feitos 
esforços para uni-los, para fortalecer o império, porém têm sido vãos.Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 5 
A pedra cortada sem o auxílio de mãos humanas, representava o 
reino de nosso Senhor Jesus Cristo, que deveria estabelecer-se sobre os 
reinos do mundo, sobre as ruínas do reino de Satanás neles. Esta era a 
Pedra que os edificadores rejeitaram, por não ter sido cortada por suas 
mãos, mas que se tornou a principal pedra angular. A ampliação do 
império de Cristo e a paz não terão limites, o Senhor reinará não somente 
no final dos tempos, mas também quando o tempo e os dias já não forem 
mais contados, os fatos ocorreram, o cumprimento desta visão profética 
foi exato e irrefutável. As eras futuras presenciarão que esta Pedra 
destruirá a imagem, e encherá toda a terra. 
Vv. 46-49. O nosso dever é dirigir a nossa atenção ao Senhor, como 
Autor e Doador de toda boa dádiva. Muitos têm pensamentos sobre o 
poder e a majestade divinos, mas não pensam em servir a Deus. Todos 
devem se esforçar para que Deus seja glorificado, e para que os melhores 
interesses da humanidade sejam promovidos. 
 
Daniel 3 
Versículos 1-7: A imagem de ouro de Nabucodonosor. 8-18: 
Sadraque e os seus companheiros recusam-se a adorá-la; 19-27. São 
lançados na fornalha, porém são milagrosamente guardados; 28-30: 
Nabucodonosor dá a glória ao Senhor. 
Vv. 1-7. Provavelmente a altura da imagem, cerca de vinte e sete 
metros, incluía um pedestal e, provavelmente estava adornada com 
placas de ouro, não sendo uma massa sólida deste metal precioso. 
O orgulho e o fanatismo fazem os homens exigirem que os seus 
súditos sigam a sua religião, seja boa, seja má, e poucos se negam 
quando o interesse mundano e o castigo os oprimem. Isto é fácil para o 
indolente, o sensual e o infiel, que constituem a grande maioria, e muitos 
seguirão por estes caminhos. Nada é tão mau que impeça o mundo 
negligente de se deixar atrair por um concerto musical, ao invés de ser 
lançado em uma fornalha ardente. A falsa adoração tem se estabelecido e 
se mantido por meio de métodos como este. 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 6 
Vv. 8-18. A verdadeira devoção acalma, aquieta e abranda o 
espírito, mas a superstição e a devoção para com falsos deuses inflamam 
as paixões dos homens. Há poucas alternativas: ou se converte ou arderá, 
os soberbos ainda estão dispostos a pensar como Nabucodonosor: Quem 
é Jeová para que eu deva temê-lo? Sadraque, Mesaque e Abede-Nego 
não vacilaram, considerando se deveriam ou não obedecer. A 
consideração não era a vida ou a morte. Aqueles que evitam o pecado 
não devem negociar com a tentação quando aquilo que procura os 
seduzir é abertamente mau. Não devemos nos deter a pensar, mas, assim 
como o Senhor Jesus Cristo fez, devemos dizer: vai-te, Satanás! 
Eles não pensaram em uma resposta evasiva na ocasião em que uma 
resposta direta foi requerida. Aqueles que colocam o seu principal 
interesse em seu dever não devem angustiar-se nem temer. os fiéis 
servos de Deus sabem que Ele é poderoso para controlar e dominar a 
todas as potestades armadas contra eles. Senhor, se tu quiseres, tu podes. 
Se Ele está a nosso favor, não temamos o que o homem nos possa fazer. 
Deus nos livrará da morte ou "por meio" da morte. 
Eles devem obedecer a Deus, e não ao homem; melhor ainda, 
devem sofrer ao invés de pecar; e não devem fazer o mal para que 
recebam o bem. Portanto, nenhuma destas coisas os comoveu. Salvá-los 
de cometer pecados foi um milagre tão grande no reino da graça, quanto 
foi tirá-los sãos e salvos da fornalha ardente, no reino da natureza. o 
temor ao homem e o amor ao mundo, especialmente a falta de fé, fazem 
com que os homens rendam-se à tentação, enquanto que uma firme 
convicção da verdade os livrará de negarem a Cristo ou de 
envergonharem-se dEle. Temos que ser mansos para responder, mas 
devemos ser decididos para obedecer antes a Deus do que ao homem. 
Vv. 19-27. Que Nabucodonosor aqueça a sua fornalha tão 
fortemente quanto possa, porque dentro de poucos minutos terminará o 
tormento daqueles que foram lançados dentro dela. Já o fogo do inferno 
tortura, e não mata. Aqueles que adoram a besta e a sua imagem não têm 
descanso, pausa, nem um momento livre de sua dor (Ap 14.10,11). Esta 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 7 
grande promessa se cumpria agora ao pé da letra (Is 43.2): "Quando 
passares pelo fogo, não te queimarás". Deixando a escolha de livrá-los a 
critério deste Deus, que preservou-os em meio ao fogo, os jovens 
caminhavam de um lado para outro em meio ao fogo, sustentados e 
animados pela presença do Filho de Deus. Aqueles que sofrem por causa 
do Senhor Jesus Cristo têm a sua presença até dentro de uma fornalha 
ardente, e no vale da sombra da morte. 
Nabucodonosor reconhece-os como servos do Deus Altíssimo; um 
Deus capaz de livrá-los de sua mão. O nosso Deus é o único Fogo 
Consumidor (Hb 12.29). Se tão somente pudéssemos contemplar o 
mundo eterno, veríamos ali, a salvo da maldade de seus inimigos, o 
crente que é perseguido na terra; enquanto que os seus inimigos estão ali 
expostos à ira de Deus, e atormentados com o fogo que jamais se apaga. 
Vv. 28-30. Aquilo que o Senhor Deus fez por estes servos ajudou a 
manter os judeus em sua religião enquanto estiveram no cativeiro, e a 
curá-los da idolatria. Este milagre produziu uma profunda convicção em 
Nabucodonosor. Entretanto, não houve uma transformação permanente 
em sua conduta. Aquele que preservou estes judeus piedosos dentro da 
fornalha é capaz de sustentá-los na hora da tentação, e de impedir que 
caiamos em pecado. 
 
Daniel 4 
Versículos 1-18: Nabucodonosor reconhece o poder de Jeová; 19-
27: Daniel interpreta o seu sonho; 28-37: O seu cumprimento. 
Vv. 1-18. O princípio e o final deste capítulo levam-nos a ter a 
esperança de que Nabucodonosor tenha sido um monumento ao poder da 
graça divina, e às riquezas da misericórdia celeste. Após ser curado de 
sua loucura, difundiu amplamente e escreveu para as gerações futuras o 
modo como Deus o havia humilhado de modo justo e, por sua graça o 
havia restaurado. Quando o pecador volta a si, procurará o bem-estar dos 
demais, dando a conhecer a prodigiosa misericórdia de Deus. 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 8 
Antes de Daniel relatar os juízos divinos contra ele por causa de seu 
orgulho, Nabucodonosor falou das advertências que teve em um sonho 
ou visão. Daniel explicou-lhe o seu significado. A pessoa representada 
seria despojada de toda honra e privada do uso da razão pelo espaço de 
sete anos. Este é certamente o mais doloroso de todos os juízos 
temporais. Qualquer que seja a aflição exterior que Deus permita nos 
alcançar, temos motivos para suportá-la pacientemente e estar 
agradecidos de Ele permitir que utilizemos a nossa mente de um modo 
são, e que coloque a nossa consciência em paz. Porém se o Senhor 
considerar adequado impedir por tais meios que um pecador cometa 
múltiplos delitos, ou que um crente desonre o seu nome, até a prevenção 
mais espantosa seria preferível à má conduta. 
Deus determinou, como Justo Juiz, o juízo a Nabucodonosor, e os 
anjos no céu o aplaudem. Não se trata de que o Grande Deus precise do 
conselho ou da concordância dos anjos, mas este fato denota a 
solenidade da sentença. A demanda é pela palavra dos santos, o povo de 
Deus que sofre: quando o oprimido clama a Deus, Ele o ouvirá. 
Busquemos com diligência as bênçãos que jamais nos poderão ser 
retiradas, e guardemo-nos especialmente do orgulho e de esquecermo-
nos de Deus. 
Vv. 19-27. Daniel estava impressionado com assombro e terror, 
ante um juízo tão duro que caia sobre um príncipe tão grande, e o 
aconselha com ternura e respeito. É necessário que, com arrependimento, 
não somente deixemos de praticar o mal, mas que aprendamos a fazer o 
bem. Ainda que o juízo não seja completamente evitado, contudo, é 
capaz de retardar muito a chegada do transtorno, ou abreviá-lo quando 
chegar. Todos aqueles que se arrependem e se voltam a Deus escaparão 
da miséria eterna. 
Vv. 28-33.O orgulho e o engano de uma pessoa são pecados que 
perseguem os grandes homens. Costumam atribuir a si mesmos a glória 
que é devida somente a Deus. Enquanto a soberba estava na palavra do 
rei, veio a poderosa Palavra de Deus. A memória e o entendimento de 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 9 
Nabucodonosor desapareceram, e todas as faculdades de sua alma 
racional se quebrantaram. 
Quão cuidadosos devemos ser para não fazermos nada que 
provoque a Deus de privar-nos dos nossos sentidos! Deus resiste aos 
soberbos. Nabucodonosor desejava ser mais do que um homem normal, 
mas Deus o tornou, de modo justo, menos do que isto. 
Vv. 34-37. Podemos aprender que o Deus Altíssimo vive para 
sempre, e que o seu reino é como Ele mesmo: eterno e universal. Não se 
pode resistir ao seu poder. Quando os homens são levados a honrar a 
Deus, pela confissão do pecado e pelo reconhecimento de sua soberania, 
podem ter a expectativa de que Deus os honrará; não somente os 
restaurará à dignidade que perderam por causa do pecado do pr1nleiro 
Adão, mas lhes adicionará a majestade excelente da justiça e da graça do 
segundo Adão. As aflições não durarão mais do o necessário para 
realizar a obra para a qual foram enviadas. Não pode haver uma dúvida 
razoável de que Nabucodonosor tenha sido um verdadeiro penitente e 
um crente aceito. Acredita-se que não viveu mais do que um ano após a 
sua restauração. Assim, pois, o Senhor sabe abater aqueles que andam de 
modo soberbo, mas dá graça e consolo ao humilde pecador que o invoca 
com o coração quebrantado. 
 
Daniel 5 
Versículos 1-9: A festa ímpia de Belsazar; a escritura na parede; 
10-17: Daniel é trazido para interpretá-la; 18-31: Daniel anuncia ao rei 
a sua destruição. 
Vv. 1-9. Belsazar desafiou os juízos de Deus. A maioria dos 
historiadores considera que nesta circunstância Ciro sitiou a Babilônia. A 
segurança trazida pelo sentimento de auto-confiança e a sensualidade são 
tristes provas de uma ruína iminente. A alegria que profana as coisas 
sagradas é pecaminosa, e muitas das canções utilizadas nas festas 
modernas não são melhores do que os louvores cantados pelos pagãos 
aos seus deuses! 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 10 
Observemos como Deus aterrorizou Belsazar e os seus senhores. A 
Palavra de Deus escrita é suficiente para assustar o pecador mais 
orgulhoso e atrevido. Aquilo que vemos de Deus a parte da mão que 
escreve diante das criaturas – e o livro das Escrituras deve encher-nos de 
pensamentos reverentes a respeito daquilo que vemos. Se este é o dedo 
de Deus, o que é o seu braço quando se desnuda? E o que poderíamos 
dizer sobre Ele mesmo? A consciência culpável do rei disse-lhe que não 
teria razões para esperar por qualquer boa notícia vinda do céu. Deus 
pode, em um momento, fazer com que o coração do pecador mais 
endurecido trema; é necessário somente que solte os seus pensamentos 
sobre si - estes lhes trarão muitos problemas. Nenhuma dor fisica é capaz 
de igualar-se à agonia interior que às vezes sobrevém ao pecador em 
meio às suas alegrias, prazeres carnais e pompa mundana. 
Às vezes, o terror faz com que os homens fujam a Cristo em busca 
de perdão e paz; porém, muitos daqueles que clamam com medo da ira, 
não estão humilhados por seus pecados, e buscam somente o alívio por 
meio de atitudes vãs e mentirosas. A ignorância e a incerteza mostradas 
em relação às Sagradas Escrituras, por muitos homens que se dizem 
sábios, apenas tendem a levar os pecadores ao desespero, como fez a 
ignorância destes homens supostamente sábios. 
Vv. 10-17. Daniel estava esquecido na corte; vivia de forma 
reservada e já era da idade de noventa anos. Muitos consultam os servos 
de Deus por causa de assuntos curiosos, ou para que lhes expliquem 
temas difíceis, mas não perguntam pelo caminho da salvação ou pela 
senda do dever. 
Daniel rejeitou a oferta de recompensa. Dirigiu-se a Belsazar como 
a um criminoso condenado. Devemos desprezar todos os presentes e 
recompensas que este mundo é capaz de dar, contemplando pela fé como 
podemos fazer para que o seu final se apresse. Porém, cumpramos o 
nosso dever fio mundo, e desempenhemos todo o serviço que nos é 
ordenado. 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 11 
Vv. 18-31. Daniel lê a condenação de Belsazar. Não havia tomado 
como advertência os juízos de Nabucodonosor. Havia insultado a Deus. 
Os pecadores se comprazem com deuses que não vêm, nem ouvem, nem 
têm conhecimento algum; porém, serão julgados por aquEle ante cujos 
olhos todas as coisas estão patentes. 
Daniel lê a sentença escrita na parede. Toda esta situação pode ser 
bem aplicada ao futuro de todo o pecador. Ao morrerem, estão contados 
e terminados os dias do pecador; após a morte vem o juízo, quando será 
pesado na balança e encontrado em falta. E, após o juízo, o pecador será 
cortado e banido, e entregue como presa ao diabo e aos seus demônios. 
Enquanto estas coisas aconteciam no palácio, o exército de Ciro 
estava entrando na cidade; e quando Belsazar foi morto, seguiu-se um 
domínio geral. Cada pecador impenitente reconhecerá logo que a Palavra 
de Deus está sendo aplicada a ele, seja que o pesem na balança da lei 
como um fariseu, que tem a sua justiça própria, seja que o pesem na 
balança do Evangelho como hipócrita, como sepulcro caiado. 
 
Daniel 6 
Versículos 1-5: A maldade dos inimigos de Daniel; 6-10: A sua 
constância na oração; 11-17: Daniel é lançado à cova dos leões; 18-24: 
Daniel é guardado de modo miraculoso; 25-28: O decreto de Dario. 
Vv. 1-5. Para a glória de Deus nos damos conta de que, mesmo 
estando Daniel muito velho, era capaz de trabalhar, e havia perseverado 
fielmente em sua fé. É para a glória de Deus que aqueles que professam 
a fé comportem-se de tal forma que os seus inimigos mais vigilantes não 
possam encontrar ocasião para culpá-los, exceto naquilo que se refere ao 
seu Deus, pois neste assunto andam conforme a sua consciência. 
Vv. 6-10. Proibir a oração por tanto tempo, trinta dias, é roubar de 
Deus todo o tributo que Ele recebe do homem, e rouba do homem todo o 
consolo que recebe da parte de Deus. Não se dirige a Deus o coração de 
todo homem quando, em meio a necessidades ou angústias, clama a 
Deus? Não podemos viver sequer um dia sem a presença de Deus; e os 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 12 
homens daquela época poderiam viver trinta dias sem orar? Porém, 
sintamos temor por aqueles que, sem nenhum decreto que lhes proíba, 
não apresentam a Deus petições sérias, de todo o seu coração, por mais 
de trinta dias; e que ao todo, estes sejam mais numerosos do que aqueles 
que continuamente servem a Deus com corações humildes e agradecidos. 
As leis perseguidoras são sempre elaboradas sob falsos pretextos, 
mas os cristãos não devem queixar-se amargamente ou cair em 
impropérios. Bom é que tenhamos horários para orar. 
Daniel orava de forma aberta e reconhecida, e mesmo sendo um 
homem extremamente atarefado, não pensava que este motivo fosse 
capaz de escusá-lo de exercer a sua devoção diária. Quão inescusáveis 
são aqueles que têm pouco a fazer no mundo, e não farão isto nem 
sequer por suas almas! 
Em momentos de provas devemos ter cuidado para que não suceda 
que, sob o pretexto da prudência, tomemo-nos culpáveis de covardia na 
obra de Deus. Todos aqueles que desprezam a sua alma, como 
certamente fazem aqueles que vivem sem orar, no final serão 
considerados como néscios, ainda que coloquem a sua vida em 
segurança. Daniel não somente orava, mas também não deixava de lado 
as ações de graça, para que pudesse diminuir o seu devocional e reduzir 
o tempo em que estava exposto ao perigo, mas cumpria tudo como se 
não houvesse qualquer risco. De forma resumida, o dever da oração se 
fundamenta na suficiência de Deus como o Todo-Poderoso Criador e 
Redentor, e em nossas necessidades como criaturas pecadoras. Devemos 
voltar os nossos olhos ao Senhor Jesus Cristo. Que todos os cristãos 
mantenham o seu olhar fixo nEle,e que a Ele orem enquanto estiverem 
nesta terra, que é o seu cativeiro. 
Vv. 11-17. Não é novidade que atos praticados em conformidade a 
uma consciência fiel a Deus, sejam falsamente considerados como atos 
de obstinação e desprezo aos poderes cíveis. Por falta do devido 
raciocínio, costumamos fazer aquilo que, como Dario, faz-nos desejar 
mil vezes voltar atrás e desfazer. Daniel, este homem venerável, é levado 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 13 
como o mais vil dos malfeitores, e violentamente lançado à cova dos 
leões, para que seja devorado sob a única acusação de adorar o seu Deus. 
Não há dúvida de que a colocação da pedra fora ordenada por Deus, 
para que o milagre da libertação de Daniel fosse ainda mais evidente; e o 
rei selou-a com o seu próprio selo, provavelmente para que os inimigos 
de Daniel não o matassem. Encomendemos a nossa vida e a nossa alma a 
Deus, fazendo o bem. Não podemos depositar toda a nossa confiança em 
algum ser humano, nem mesmo naqueles a quem servimos fielmente; 
porém, em todas as situações, os crentes podem ter a segurança do favor 
e do consolo divino. 
Vv. 18-24. A melhor maneira de passar uma boa noite é manter um 
boa consciência. Temos certeza naquilo em que o rei tinha dúvidas, que 
os servos do Deus vivo têm um Senhor completamente capaz de protegê-
los. Podemos ver o poder de Deus sobre as criaturas mais ferozes, e crer 
nEle para deter nosso adversário, aquele que, como o leão que ruge, anda 
continuamente buscando a quem devorar. Daniel foi mantido 
perfeitamente a salvo porque cria em seu Deus. Aqueles que confiam de 
modo ousado e jubiloso na proteção de Deus no caminho do dever, 
sempre o encontrarão como um auxílio bem presente. Assim, pois, o 
justo é liberto dos problemas, e o ímpio é colocado em seu lugar, o breve 
e curto triunfo dos maus terminará em sua ruína. 
Vv. 25-28. Se vivermos com temor a Deus e andarmos conforme 
esta regra, a paz estará sobre nós. o reino, o poder e a glória pertencem 
ao Senhor para todo o sempre; porém, muitos são empregados para que 
as suas obras maravilhosas sejam dadas a conhecer aos demais, que 
permanecem alheios à sua graça salvadora. Sejamos crentes e praticantes 
de sua Palavra, para que não suceda que ao final concluamos que nos 
enganamos. 
 
Daniel 7 
Versículos 1-8: A visão que Daniel teve dos quatro animais; 9-14: 
A visão que Daniel teve do reino de Cristo; 15-28: A interpretação. 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 14 
Vv. 1-8. Esta visão contém as mesmas representações proféticas do 
sonho de Nabucodonosor. O grande mar agitado pelos ventos representa 
a terra e os seus moradores, turbados pelos príncipes e conquistadores 
ambiciosos. Os quatro animais significam os mesmos quatro impérios 
representados pelas quatro partes da estátua de Nabucodonosor. os fortes 
conquistadores não são mais do que instrumentos da vingança de Deus 
em um mundo culpável. o animal selvagem representa os traços odiosos 
no caráter de cada um destes. Entretanto, o domínio dado a cada um tem 
limite; o seu furor será para louvor do Senhor, e Ele mesmo refreará o 
restante da ira deles. 
Vv. 9-14. Estes versos são para consolo e apoio do povo de Deus 
durante as perseguições que lhes sobreviriam. Muitas profecias do Novo 
Testamento sobre o juízo vindouro aludem a esta visão, especialmente 
Apocalipse 20.11,12. 
Aqui o Messias é chamado de Filho do homem; Ele foi feito 
semelhança da carne pecadora e encontrado como homem, porém, 
jamais deixou de ser o Filho de Deus. O maior sucesso anunciado nesta 
passagem é a gloriosa vinda de Cristo, para destruir todo o poder do 
anticristo, e tornar o seu reino universal na terra. Até que chegue o tempo 
solene de manifestar a glória de Deus a todo o mundo, em seu trato com 
as criaturas, podemos esperar que o destino de cada um de nós seja 
determinado na hora de nossa morte; e, antes que chegue o final, o Pai 
entregará ao seu Filho, que esteve em carne, nosso Mediador e Juiz, a 
herança das nações e seus súditos dispostos. 
Vv. 15-28. É desejável que obtenhamos o direito e o sentido pleno 
daquilo que vemos e ouvimos de Deus; e aqueles que o conhecem, 
devem pedi-lo por meio de orações fiéis e fervorosas. O anjo falou a 
Daniel de modo simples. Desejava saber especialmente em relação ao 
chifre pequeno, que fazia guerra contra os santos e os vencia. João 
refere-se de modo simples a estas visões, que com suas profecias 
apontam para Roma. 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 15 
Daniel teve a agradável perspectiva da supremacia do reino de Deus 
entre os homens. Isto se refere à Segunda vinda de nosso Bendito 
Senhor, quando os santos triunfarão por causa da queda completa do 
reino de Satanás. os santos do Altíssimo possuirão o reino para sempre. 
Longe de nós esteja inferir com isso que o domínio se fundamenta na 
graça. O reino do Evangelho será estabelecido; um reino de luz, santidade e 
amor e graça, cujos privilégios e consolos serão as primícias e os primeiros 
frutos do reino da glória. Porém, o pleno cumprimento será na eterna 
felicidade dos santos, o reino que não pode ser abalado. A reunião de toda a 
família de Deus será uma bênção proveniente da vinda de Cristo. 
 
Daniel 8 
Versículos 1-14: A visão que Daniel teve do carneiro e do bode; 
15-27: A interpretação desta visão. 
Vv. 1-14. Deus deu a Daniel a previsão da destruição de outros 
reinos que, em sua época, foram tão poderosos como o reino da 
Babilônia. Se pudéssemos prever as mudanças que acontecerão quando 
já não estivermos mais neste mundo, seríamos menos afetados pelas 
mudanças de nossa própria época. 
O carneiro de dois chifres era o segundo império, o da Média e da 
Pérsia. Daniel viu que este carneiro era vencido por um bode. Este era 
Alexandre, o Grande, que morreu aos trinta e três anos, no auge do seu 
vigor, e deste modo mostrou quão enganosos são o poder e a pompa do 
mundo, e que estes são incapazes de fazer com que os homens sejam 
felizes. Enquanto os homens lutam, como no caso de Alexandre, no 
exemplo da morte de um próspero guerreiro, é evidente que a causa 
fundamental de todas as coisas não tinha outro plano senão executá-lo e, 
portanto, cortou-o. Em lugar deste grande e único chifre, haviam quatro 
notáveis, que foram os quatro principais capitães de Alexandre. Um 
pequeno chifre tornou-se um grande perseguidor do povo de Deus. 
Parece que a ilusão muçulmana é sinalizada aqui. Esta prosperou e, em 
determinada ocasião, quase destruiu a santa religião que a destra de Deus 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 16 
havia plantado. É justo que Deus prive dos privilégios de sua casa 
aqueles que os desprezam e os profanam; e que dê a conhecer o valor das 
ordenanças por sua falta, aos que não as conheceram desfrutando-as. 
Daniel ouviu que o tempo desta calamidade era limitado e 
determinado, mas não ouviu em que tempo aconteceria. Se conhecemos 
a mente de Deus, devemos buscar ao Senhor Jesus Cristo com muita 
pressa, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do 
conhecimento. Estes tesouros não estão escondidos "de nós", mas estão 
escondidos "para nós". Existe muita dificuldade para que se compreenda 
o tempo exato que está estipulado nesta passagem, mas o final não pode 
estar muito distante. Deus se ocupará, para a sua glória, da purificação da 
Igreja no devido momento, o Senhor Jesus Cristo morreu para limpá-la, e 
o fará para apresentá-la imaculada a si mesmo. 
Vv. 15-27. O eterno Filho de Deus estava diante do profeta em 
forma de homem, e mandou que o anjo Gabriel lhe explicasse a visão. O 
desalento e o assombro de Daniel, ante a perspectiva dos males que 
contemplou vindo sobre o seu povo e a Igreja, confirmam a opinião de 
que são preditas calamidades continuamente prolongadas. 
Quando a visão terminou, Daniel foi encarregado de mantê-la em 
segredo por certo tempo. Ele guardou-a para si e continuou a cumprir os 
seus deveres no lugar em que vivia. Enquanto vivermos neste mundo, 
deveremoster algo para fazer aqui. E até aqueles a quem Deus mais 
honra não devem pensar que estão acima de suas próprias atividades. 
Tampouco o prazer da comunhão com Deus deve nos tirar dos deveres 
relacionados às nossas vocações, mas é neles que devemos permanecer 
com Deus. Todos aqueles que estão encarregados de assuntos públicos 
devem desempenhar as suas responsabilidades com justiça. Em meio às 
lutas e desalentos podem, se forem crentes verdadeiros, esperar que 
sejam felizes. Assim, devemos empreender a compostura de nossas 
mentes para atender os deveres a nós designados, sendo responsáveis 
tanto na Igreja como no mundo. 
 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 17 
Daniel 9 
Versículos 1-3: Daniel considera o tempo de seu cativeiro; 4-19: A 
sua confissão de pecado, e a sua oração; 20-27: A revelação acerca da 
vinda do Messias. 
Vv. 1-3. Daniel aprendeu dos livros dos profetas, especialmente de 
Jeremias, que a desolação de Jerusalém duraria setenta anos, e que esta 
aproximava-se de seu final. As promessas de Deus servem para estimular 
as nossas orações, e não para tomá-las desnecessárias; e quando 
percebemos que o seu cumprimento se aproxima, devemos rogar a Deus 
com maior fervor. 
Vv. 4-19. Em todas as nossas orações devemos fazer 'confissão', 
não somente dos pecados pelos quais fomos culpáveis, mas de nossa fé 
em Deus e de nossa dependência dEle; de nossa tristeza por causa do 
pecado, e de nossa decisão contra ele. A linguagem de nossas convicções 
deve ser a 'nossa' confissão. Aqui está a oração séria, humilde e devota 
de Daniel a Deus, na qual ele lhe dá a glória como Deus temível e fiel. 
Devemos contemplar, em oração, a grandeza e a bondade, a majestade e 
a misericórdia de Deus. Aqui há uma confissão penitente de pecados, 
que é a causa dos transtornos sob os quais o povo gemeu por tantos anos. 
Todos aqueles que queiram encontrar misericórdia devem confessar os 
seus pecados. Aqui há um reconhecimento da justiça de Deus que 
humilha o ego; e o caminho do verdadeiro penitente é sempre 
reconhecer, deste modo, que Deus é justo. As aflições são permitidas ou 
enviadas para levarem os homens a abandonarem os seus pecados e 
compreenderem a verdade de Deus. 
Aqui há uma apelação de fé à misericórdia de Deus. É um consolo 
saber que Deus tem sempre estado pronto para perdoar pecados. Nos dá 
ânimo recordar que as misericórdias pertencem a Deus, assim como é 
convincente e humilhante lembrarmo-nos que a justiça lhe pertence. 
Existem abundantes misericórdias em Deus, não somente perdão para 
uma transgressão, mas perdão para todas as transgressões. 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 18 
Aqui argumenta-se acerca da reprovação sob a qual o povo de Deus 
encontrava-se submetido, e a ruína do santuário de Deus. o pecado é uma 
reprovação para qualquer povo, especialmente para o povo de Deus. As 
desolações do santuário são tristeza para todos os santos. 
Aqui há um fervoroso pedido a Deus, que restaure os pobres judeus 
cativos aos seus privilégios anteriores. oh, Senhor, ouça e realize a obra. 
Não somente escutes e fales, mas realizes a obra de que necessitamos; 
faça por nós aquilo que ninguém mais pode fazer; e não demores. 
Aqui há vários pedidos e argumentos para colocar as petições em 
vigor. Faça-o por amor ao Senhor Jesus; Cristo é o Senhor de todos, e 
por Ele Deus faz com que o seu rosto brilhe sobre os pecadores, quando 
se arrependem e se voltam a Ele. Em todas as nossas orações esta deve 
ser a nossa súplica; devemos mencionar a sua justiça, a de seu Unigênito. 
o fervor de fé confiado e humilde desta oração, deve ser sempre seguido 
por nós. 
Vv. 20-27. Imediatamente foi enviada uma resposta memorável à 
oração de Daniel. Não esperemos que Deus envie respostas às nossas 
orações por meio de anjos, mas oremos fervorosamente por tudo aquilo 
que Deus nos tem prometido, e que podemos, por fé, tomar por promessa 
como resposta imediata de nossas orações; aquEle que prometeu é fiel. 
Foi revelada a Daniel uma redenção muito mais grandiosa e gloriosa, a 
qual Deus realizaria a favor de sua Igreja nos dias derradeiros. Aqueles 
que desejam familiarizar-se a Cristo e sua graça devem orar muito. 
A oferta vespertina tipificava o grande sacrifício que o Senhor Jesus 
ofereceria por ocasião do crepúsculo do mundo; em virtude deste 
sacrifício, a oração de Daniel foi aceita. E por amor a Ele, foi-lhe feita 
esta revelação gloriosa do amor redentor. 
Nos versos 24 a 27 temos uma das profecias mais notáveis a 
respeito do Senhor Jesus Cristo, de sua vinda e da salvação que Ele nos 
concederia. Mostra que os judeus são culpáveis pela mais obstinada 
incredulidade, ao esperar por um outro Messias, tanto tempo depois 
daquEle que foi expressamente designado para a sua vinda. Cada dia das 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 19 
setenta semanas representa um ano, o que resulta 490 anos. Ao final 
deste período, se ofereceria um sacrifício que expiaria completamente o 
pecado e produziria a justiça eterna, para a justificação completa de todo 
o crente. Então os judeus, crucificando o Senhor Jesus, cometeriam este 
crime, pelo qual a medida da culpa deles chegaria ao limite máximo, 
sobrevindo assim angústias à sua nação. 
Todas as bênçãos outorgadas ao homem pecador vêm por meio do 
sacrifício expiatório de Cristo, que sofreu de uma vez por todas por 
nossos pecados; o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus. Aqui está o 
nosso caminho de acesso ao trono da graça, e de nossa entrada no céu. 
Isto sela a profecia como um todo, e confirma o pacto com muitos. 
Enquanto nos regozijamos nas bênçãos da salvação, devemos nos 
lembrar de quanto custaram ao Redentor. Como escaparão aqueles que 
rejeitarem uma tão grande salvação! 
 
Daniel 10 
Versículos 1-9: A visão de Deus às margens do rio Hidequel; 10-
21: Devem esperar por uma revelação dos fatos futuros. 
Vv. 1-9. Este capítulo relata o princípio da última visão de Daniel, 
que continua até o final do livro. Passará muito tempo até que aconteça o 
seu total cumprimento, e grande parte dela ainda não se cumpriu. 
O Senhor Jesus Cristo apareceu a Daniel de forma gloriosa, e deve 
comprometer-nos a pensar nEle de forma honrosa e elevada. Admiremos 
a sua condescendência para conosco e por nossa salvação. 
Não restavam forças a Daniel. Nem mesmo os maiores e melhores 
homens são capazes de suportar as revelações plenas da glória divina, 
porque o homem não será capaz de contemplar a glória de Deus e 
continuar vivo. Porém, os santos glorificados vêm a Cristo assim como 
Ele é, e podem suportar esta visão. Por mais temível que Cristo possa 
parecer para aqueles que estão acusados de pecados, existe toda a 
suficiência em sua Palavra para acalmar o espírito de cada pecador. 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 20 
Vv. 10-21. Cada vez que temos comunhão com Deus, devemos 
sentir, de modo apropriado, a distância infinita que existe entre nós e o 
Deus Santo. Como é que nós, que somos pó e cinza, poderemos falar 
com o Senhor da glória? Nada é mais provável e efetivo para fazer 
reviver o espírito desfalecido de cada santo, do que receberem a certeza 
do amor de Deus por eles. Desde o primeiro dia em que começamos a 
contemplar a Deus no caminho do dever, Ele está preparado para 
encontrar-se conosco no caminho da misericórdia. Assim, pois, Deus 
está pronto para ouvir as nossas orações. 
Quando o anjo relatou ao profeta os fatos que estavam por 
acontecer, teria que regressar e fazer oposição aos decretos dos reis 
persas contra os judeus. os anjos são empregados como ministradores de 
Deus (Hb 1.14). Muito foi feito contra os judeus por parte dos reis da 
Pérsia, com permissão de Deus; entretanto, teriam lhes feito muito pior 
se Deus não os tivesse impedido. Agora mostrará plenamente quais eram 
os propósitos de Deus, dos quais as profecias são um esboço. E nos 
interessa estudar aquilo que consta nestas fiéis Escrituras, porque estão 
relacionadas à nossa eterna paz. EnquantoSatanás e os seus demônios, e 
os maus conselheiros, alvoroçam os príncipes para que façam o mal 
contra a Igreja, podemos nos regozijar de que Cristo, o nosso Príncipe, e 
todos os seus anjos poderosos agem contra os nossos inimigos. Porém, 
não devemos esperar que muitos nos favoreçam neste mundo mau. Todo 
o conselho de Deus será estabelecido; e que cada um de nós ore da 
seguinte maneira: Senhor Jesus, seja a nossa justiça no presente, e a 
nossa confiança eterna, tanto na vida quanto na morte, no dia do juízo e 
para todo o sempre. 
 
Daniel 11 
A visão das Escrituras da verdade. 
Vv. 1-30. O anjo mostra a Daniel a sucessão dos impérios persa e 
grego. Destacam-se os reis do Egito e da Síria. A Judéia estava entre os 
seus domínios, e era afetada por suas pelejas. 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 21 
Consideram-se os versos 5 a 30, de modo geral, como referindo-se 
aos sucessos que aconteceriam durante a continuação destes governos; e 
a partir do verso 21, referindo-se a Antíoco Epífanes, que foi um cruel e 
violento perseguidor dos judeus. 
Observemos quão decadentes e perecíveis são a pompa e as posses 
do mundo, e o poder pelo qual são obtidas. Deus, em sua providência, 
estabelece a um e retira o outro, conforme aquilo que lhe agrada. o 
mundo está repleto de guerras e pelejas, que têm origem nas 
concupiscências dos homens. Todas as mudanças e revoluções de 
estados e reinos, e todo o sucesso, estão plena e perfeitamente previstos 
por Deus. Nenhuma Palavra de Deus cairá por terra; de modo infalível 
acontecerá tudo o que Ele tem determinado, o que Ele tem declarado. Os 
vasos de barro da terra lutam uns contra os outros, vencem e são 
vencidos, enganam e são enganados; porém, aqueles que conhecem a 
Deus confiam nEle, que os capacita para resistirem, levar a sua cruz e 
suportarem o seu conflito. 
Vv. 31-45. O restante desta profecia é de difícil compreensão, e os 
comentaristas diferem muito a este respeito. Parece que o relato passa de 
Antíoco ao anticristo, e se faz referência ao império romano, à quarta. 
monarquia em seus estados pagãos, ao início do estado cristão, e ao 
estado papal. O final da ira do Senhor contra o seu povo se aproxima, e 
também o final de sua paciência para com os seus inimigos. Se 
desejamos escapar da ruína do perseguidor infiel, idólatra, cruel e 
supersticioso, e daquela que vem do profano, façamos dos oráculos de 
Deus a nossa norma de verdade e dever, o fundamento de nossa 
esperança e luz de nossos caminhos através deste mundo tenebroso, em 
direção à gloriosa herança que nos espera no porvir e acima deste 
mundo. 
 
Daniel 12 
Versículos 1-4: A conclusão da visão das escrituras da verdade; 5-
13: Os tempos da continuação destes sucessos. 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 22 
Vv. 1-4. Miguel significa "Quem é como Deus?" e o seu nome, com 
o título de "o grande príncipe" aponta para o divino Salvador. O Senhor 
Jesus Cristo ofereceu-se como sacrifício em lugar dos filhos de nosso 
povo, levou a maldição por eles e tirou a que estava neles. Ele está a seu 
favor, intercedendo junto a Deus Pai. E após a destruição do anticristo, o 
Senhor Jesus voltará à terra no último dia; Ele se manifestará para a 
redenção completa de seu povo. 
Quando Deus realiza a favor deles a libertação da perseguição, é 
como se aqueles que estivessem entre os mortos recebessem a vida. 
Quando o seu Evangelho é pregado, muitos judeus e gentios que 
dormem, como se estivessem mortos no pó da terra, são despertados de 
seu judaísmo ou de seu paganismo. E, ao final, despertará a multidão que 
dorme no pó da terra. Muitos serão levantados para a vida eterna, e 
muitos para a vergonha eterna. 
No estado futuro existe glória reservada para cada um dos santos, 
para todos aqueles que são sábios para as suas almas e para a eternidade; 
aqueles que conduziram muitos à justiça, que fizeram com que os 
pecadores se convertessem dos seus caminhos errados e ajudaram a 
salvar as almas da morte (Tg 5.20). Eles participarão da glória daqueles a 
quem ajudaram a ir ao céu, o que se somará à sua própria glória. 
Vv. 5-13. Um dos anjos pergunta quão longo será o tempo que resta 
até o final destes prodígios; dá-se uma resposta solene de que será por 
um tempo, tempos e metade de um tempo, o período mencionado no 
capítulo 7, versículo 25, e no livro do Apocalipse. Significa 1.260 dias 
ou anos proféticos, a começar do tempo em que o poder do povo santo 
seja destruído. O engano de Maomé e a usurpação papal tiveram início 
quase ao mesmo tempo, e estes foram um ataque dobrado contra a Igreja 
de Deus. Porém, no final, tudo terminará bem. Todo rei, principado e 
potestade contrários serão derrubados, a santidade e o amor triunfarão, e 
serão estabelecidos de modo honrado e para toda a eternidade. o final 
chegará. Que profecia assombrosa é esta, de tantos feitos variados, e 
Daniel (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 23 
estendendo-se através de tantas épocas sucessivas, chegando até a 
ressurreição geral! 
Daniel deve ter se consolado com a perspectiva carinhosa de sua 
própria felicidade na morte, no juízo, e para toda a eternidade. É bom 
que todos nós tenhamos em mente e consideremos seriamente que 
sairemos deste mundo. Este deve ser o nosso caminho, mas o nosso 
consolo é que não partiremos até que Deus nos chame, e até que Ele 
tenha terminado aquilo que tem feito e fará por nosso intermédio aqui; 
até que diga: venha por teu caminho, tu que fizeste a tua obra; portanto, 
agora, vem por teu caminho e deixe que outros ocupem o teu lugar. Foi 
um consolo para Daniel, e é um consolo para todos os santos que, 
qualquer que seja a sua sorte em vida, terão uma sorte feliz ao final dela. 
Assegurarmo-nos disto deve ser o maior interesse e preocupação de cada 
um de nós. Então, podemos estar muito felizes quanto à nossa condição 
atual, e aceitar a vontade de Deus em relação à nossa vida. os crentes são 
felizes em todos os momentos; repousamos em Deus no presente pela fé, 
e nos está reservado o repouso no céu, ao final. 
 
 
 
 
	DANIEL 
	Introdução 
	Daniel 1 
	Daniel 2 
	Daniel 3 
	Daniel 4 
	Daniel 5 
	Daniel 6 
	Daniel 7 
	Daniel 8 
	Daniel 9 
	Daniel 10 
	Daniel 11 
	Daniel 12

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