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INTRODUÇÃO-AO-DIREITO-DA-FAMILIA-APOSTILA

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NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO 
 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO 
DA FAMILIA 
 
 
 
 
 
 
2 
Índice 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA .................................................................. 4 
1. CONCEITO ............................................................................................................. 4 
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................... 11 
 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana .......................................................... 12 
 Princípio da Igualdade Jurídica de Todos os Filhos .............................................. 15 
 Princípio da Igualdade Jurídica dos Cônjuges e dos Companheiros ..................... 18 
 Princípio da Igualdade na Chefia Familiar ............................................................. 21 
 Princípio da Solidariedade Familiar ....................................................................... 22 
 Princípio da Liberdade Familiar ou da Não Intervenção ........................................ 24 
 Princípio do Melhor Interesse da Criança/Adolescente ......................................... 28 
 Princípio da Afetividade ......................................................................................... 31 
 Princípio da Função Social da Família .................................................................. 35 
 Princípio da Convivência Familiar ......................................................................... 36 
3. CONSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA .............................................................................. 38 
 Evolução Histórica da Família ............................................................................... 38 
 Espécies de Família .............................................................................................. 46 
 Família Matrimonial ................................................................................... 47 
 Família Monoparental ................................................................................ 48 
 Família Anaparental .................................................................................. 49 
 Família Pluriparental ................................................................................. 49 
 Família Paralela ........................................................................................ 50 
 União Estável ............................................................................................ 50 
 Família Substituta...................................................................................... 51 
 Família Homoafetiva ................................................................................. 51 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53 
3 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Sejam bem-vindos ao curso de Especialização em DIREITO CIVIL com 
ênfase em DIREITO DE FAMÍLIA. 
Esforçamos-nos para oferecer um material condizente com a graduação 
daqueles que se candidataram a esta especialização, procuramos referências 
atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. 
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar ser, não são neutras, 
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos 
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou 
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e 
provado pelos pesquisadores. 
Não obstante, que o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, 
colocamos-nos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que 
nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e 
melhorar nosso trabalho. 
Nos cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, os alunos 
são livres para estudar da melhor forma para que possam se organizar, lembrando 
que: aprender e refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é 
demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação 
dos nossos alunos. 
Esta apostila contempla os seguintes conteúdos: Introdução ao Direito de 
Família. 
Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos 
serem os mais importantes para a disciplina. 
Desejamos um bom estudo a todos e caso surjam algumas lacunas, ao final 
da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar 
dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 
4 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
1. CONCEITO 
 
 
O direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais intimamente 
ligado à própria vida, uma vez que, de modo geral, as pessoas provêm de um 
organismo familiar e a ele conservam-se vinculadas durante a sua existência, 
mesmo que venham a constituir nova família pelo casamento ou pela união estável. 
Já se disse, com razão, que a família é uma realidade sociológica e constitui a base 
do Estado, o núcleo fundamental em que repousa toda a organização social. Em 
qualquer aspecto em que é considerada, aparece a família como uma instituição 
necessária e sagrada, que vai merecer a mais ampla proteção do Estado. A 
Constituição Federal e o Código Civil a ela se reportam e estabelecem a sua 
estrutura, sem, no entanto, defini-la, uma vez que não há identidade de conceitos 
tanto no direito como na sociologia. Dentro do próprio direito a sua natureza e a sua 
extensão variam, conforme o ramo (GONÇALVES, 2011, p. 18). 
Direito de Família é o conjunto de princípios e normas de Direito Público e 
Direito Privado destinado a regular as relações decorrentes da união ou do 
parentesco entre pessoas. Ainda que a principal fonte do direito de família seja o 
Código Civil, não se pode esquecer que esse ramo do direito também inclui normas 
existentes em diversos outros diplomas legais, considerados legislação extravagante 
como, por exemplo, a Lei n. 5.478/68 (Lei de Alimentos), a Lei n. 6515/77 (Lei do 
Divórcio), a Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a Lei n. 8.560/92 
(Investigação de Paternidade), a Lei n. 9.263/96 (Planejamento Familiar) e a Lei n. 
10.741/2003 (Estatuto do Idoso), além de outras (LUZ, 2009, p. 19). 
A família é, sem sombra de dúvida, o elemento propulsor de nossas maiores 
felicidades e, ao mesmo tempo, é na sua ambiência em que vivenciamos as nossas 
maiores angústias, frustrações, traumas e medos. Muitos dos nossos atuais 
problemas têm raiz no passado, justamente em nossa formação familiar, o que 
condiciona, inclusive, as nossas futuras tessituras afetivas. Somos e estamos 
umbilicalmente unidos à nossa família (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
5 
 
 
 
 
 
Família é palavra que no decorrer dos tempos, foi empregada de várias 
maneiras. Entre os gregos, família era fundamentalmente o grupo de pessoas que 
se reunia pela manhã e ao cair da tarde para a realização do culto aos seus deuses. 
O conceito de família, em Roma, independia da consanguinidade, pois se tratava de 
uma unidade econômica, religiosa, política e jurisdicional. Considerava-se família os 
descendentes de um tronco ancestral comum (gens); todos os sujeitos unidos por 
laços de parentesco, inclusive por afinidade; os cônjuges e os seus descendentes, 
mesmo os de gerações posteriores à dos filhos; os cônjuges e, tão somente, os seus 
filhos menores; o grupo de pessoas que vivia sob o sistema de economia comum, 
tendo como moradia o mesmo lugar, em outras palavras, um conjunto de pessoas e 
um acervo de bens; e o grupo de pessoas que se reunia diariamente em torno do 
altar doméstico, para cultuar os deuses, à semelhança do modelo grego 
anteriormente citado. Como se pode notar, nãose afigura correta a ideia de que 
família é tão somente o núcleo constituído pelo casamento. Essa ideia, na verdade, 
foi construída pelo direito canônico, que buscou vincular o conceito de família ao de 
casamento, assim entendido como um sacramento indissolúvel. No direito positivo 
brasileiro atual, a expressão “família”, na acepção jurídica do termo, não se limita 
mais à noção religiosa católica. Família, consoante dispõe a lei, é a entidade 
constituída: pelo casamento civil entre o homem e a mulher; pela união estável entre 
o homem e a mulher; e pela relação monoparental entre o ascendente e qualquer de 
seus descendentes (LISBOA, 2012). 
 
A família não é importante única e exclusivamente para distinguir os seus 
membros entre os demais, separando os privilegiados e os desafortunados 
das riquezas materiais e sequer ganha destaque pela estrutura que oferece 
ao desenvolvimento físico, emocional e profissional daqueles que a 
integram. A sua maior vocação está em padronizar, pela sua qualidade, os 
predicados existenciais de uma sociedade, modelando condutas para que 
expectativas comuns sejam alcançadas e para que todos se beneficiem 
indistintamente. É a função social da família pressuposto da conclusão de 
que o caráter de um povo é comparado ao valor e importância de sua 
família. A biografia da família contemporânea nem de longe se assemelha 
ao figurino construído pelos antepassados, e essa mudança ocorreu 
principalmente pela atuação das mulheres que, sem prejuízo do 
cumprimento da indispensável feminilidade, reivindicaram e conquistaram 
posições isonômicas que são, hoje, alicerces de uma divisão de poderes e 
encargos. A chefia do lar, antes confiada ao homem, é, atualmente, um 
comando unissex, e a experiência, indiscutivelmente vitoriosa, eliminou 
resíduos de um passado de submissão imprópria pelo qual as esposas, 
companheiras e filhos se sujeitavam a um exagerado e prepotente arbítrio, 
causa de prejuízos incontáveis e anônimos (ZULIANI, 2011) 
6 
 
 
 
 
 
Ao conceituar a “família”, destaque-se a diversificação. Em sentido genérico 
e biológico, considera-se família o conjunto de pessoas que descendem de tronco 
ancestral comum. Ainda neste plano geral, acrescenta-se o cônjuge, aditam-se os 
filhos do cônjuge (enteados), os cônjuges dos filhos (genros e noras), os cônjuges 
dos irmãos e os irmãos do cônjuge (cunhados). Na largueza desta noção, os 
civilistas enxergam mais a figura da romana Gens ou da grega Genos do que da 
família propriamente dita Tradicionalmente, a família era considerada em relação: a) 
ao princípio da autoridade; b) aos efeitos sucessórios e alimentares; c) às 
implicações fiscais e previdenciárias; d) ao patrimônio. Em senso estrito, a família se 
restringia ao grupo formado pelos pais e filhos. Aí se exercia a autoridade paterna e 
materna, participação na criação e educação, orientação para a vida profissional, 
disciplina do espírito, aquisição dos bons ou maus hábitos influentes na projeção 
social do indivíduo. Aí se praticava e desenvolvia em mais alto grau o princípio da 
solidariedade doméstica e cooperação recíproca. Novos núcleos familiares foram 
reconhecidos, a exemplo da união estável e a família monoparental (SILVA 
PEREIRA, 2014, p. 40). 
Ao longo do tempo, o Direito das Famílias sofreu mudanças legislativas, 
tendo em vista as constantes modificações sociais. Logo, os legisladores foram 
impulsionados a adequar os institutos jurídicos a nova realidade, de modo a conferir 
maior harmonização às dificuldades enfrentadas por essa nova estrutura familiar. O 
Código Civil de 1916 estabeleceu novas abordagens, transferindo o foco do 
patrimônio para a pessoa, em um processo conhecido como despatrimonialização 
das relações familiares. Com a evolução da entidade familiar no Brasil, 
desenvolveram-se também os dispositivos normativos sobre o tema. Cabe citar, 
como grande exemplo, a Lei n.° 4.121, de 1962, o Estatuto da Mulher Casada, que 
redefiniu a figura da mulher, afastando-se das visões discriminatórias do passado. 
Nessa modificação constante, segue na esteira o advento da Emenda Constitucional 
n.° 9, de 1977, que excluía a indissolubilidade do casamento ao instituir o instituto do 
divorcio, regulamentado pela Lei n.° 6.515/ 77. Contudo, o grande salto evolutivo no 
trato das relações familiares deu-se com a Constituição Federal de 1988, a qual 
trouxe relevantes modificações na visão normativa da família, principalmente no art. 
226 e seguintes (BAPTISTA, 2010, p. 12). 
7 
 
 
 
 
 
A família patriarcal, que a legislação civil brasileira tomou como modelo, 
desde a Colônia, o Império e durante boa parte do século XX, entrou em crise, 
culminando com sua derrocada, no plano jurídico, pelos valores introduzidos na 
Constituição de 1988. Como a crise é sempre perda dos fundamentos de um 
paradigma em virtude do advento de outro, a família atual está matrizada em 
paradigma que explica sua função atual: a afetividade. Assim, enquanto houver 
affectio haverá família, unida por laços de liberdade e responsabilidade, e desde que 
consolidada na simetria, na colaboração, na comunhão de vida (LÔBO, 2011, p. 18). 
A Constituição Federal de 1988 posiciona a família como "célula 
fundamental da sociedade" (BASTOS, 1994, p. 71), encontrando-se esta valoração 
bem definida pela literalidade do art. 226, dispositivo guardião dos valores 
essenciais da socialização e civilidade que assim estabelece: 
 
 
Constituição Federal de 1988 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre 
o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua 
conversão em casamento. (Regulamento) 
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada 
por qualquer dos pais e seus descendentes. 
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos 
igualmente pelo homem e pela mulher. 
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia 
separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou 
comprovada separação de fato por mais de dois anos. 
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada 
Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010) 
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de 
instituições oficiais ou privadas. Regulamento 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos 
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de 
suas relações. 
 
 
 
Nesse ponto, devemos reconhecer o grande avanço que se operou. Isso 
porque, até então, a ordem jurídica brasileira apenas reconhecia como forma 
“legítima” de família aquela decorrente do casamento, de maneira que qualquer 
outro arranjo familiar era considerado marginal, a exemplo do concubinato. Vale 
dizer, o Estado e a Igreja deixaram de ser necessárias instâncias legitimadoras da 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91972/constituicao-federal-de-1988#art-226
8 
 
 
 
 
 
família, para que se pudesse, então, valorizar a liberdade afetiva do casal na 
formação do seu núcleo familiar. Na mesma linha, acompanhando a mudança de 
valores e, especialmente, o avanço científico das técnicas de reprodução humana 
assistida, cuidou-se também de imprimir dignidade constitucional aos denominados 
núcleos monoparentais, formados por qualquer dos pais e sua prole (GAGLIANO e 
PAMPLONA FILHO, 2012). 
O Código Civil de 2002, por sua vez, incorporou ao seu texto as 
modificações sugeridas pela legislação especial, alem de apresentar profundasalterações em diversas matérias do Direito Civil, especialmente no Direito de 
Família. O Direito de Família foi tratado no Livro IV do novo código, do art. 1.511 ao 
1.783, assim dividido: Do Direito Pessoal, Do Direito Patrimonial, Da União Estável, 
Da Tutela e Da Curatela. Adaptado a nova realidade de ampliação das formas de 
constituição familiar, bem como a consagração do principio da igualdade de 
tratamento do homem e da mulher, e do principio da dignidade da pessoa humana, 
abandonou-se a visão patriarcalista do código revogado quando o casamento 
figurava como única instituição normativamente reconhecida. Abandonou-se a 
vetusta visão monolítica e positivista, adquirindo-se maior maleabilidade e trato 
constitucional aos temas (BAPTISTA, 2010). 
Em razão da constitucionalização do Direito Civil, temos que interpretar o 
Código Civil à luz da Constituição Federal. No Direito de Família isso não é 
diferente, pois uma das consequências disso é verificar que o conceito de família é 
plural, não existindo entre as várias formas existentes nenhum tipo de hierarquia, 
pois todas são amparadas pela Carta Magna (CASSETTARI, 2011). 
Na família, as principais relações jurídicas são, de um lado, as horizontais e, 
de outro, as verticais. As relações horizontais são as de conjugalidade, empregada a 
expressão aqui num sentido muito amplo, que abarca todos os enlaces entre duas 
pessoas adultas (não irmãs) voltadas à organização da vida em comum. Mantêm 
relações horizontais de família os casados, os que convivem em união estável, em 
união livre e as pessoas de mesmo sexo em comunhão de vida. As relações 
verticais são as de ascendência e descendência, como as que unem pais aos filhos, 
avós aos netos etc. As relações horizontais dizem respeito, em geral, aos vínculos 
fundadores de novo núcleo familiar, incluindo os estabelecidos pelo casamento de 
duas pessoas de sexo oposto, mas não se limitando a essa hipótese. Mas não são 
9 
 
 
 
 
 
os únicos vínculos fundadores de nova família, porque também ela se forma por 
relações verticais, como no caso da adoção de filho por pessoa solteira, divorciada 
ou viúva, a geração e educação de criança por mulher não casada (chamada 
“produção independente”), o acolhimento do neto, em sua casa, pelos avós etc. 
(COELHO, 2012, p. 39). 
Sobre o tema leciona LISBOA (2012, p. 17): 
 
Entidade familiar é todo grupo de pessoas que constitui uma família. Diante 
das modificações que a sociedade sofreu, com sensíveis repercussões 
sobre as relações familiares, outra é, atualmente, a noção de família. 
Família é o gênero, do qual a entidade familiar é a espécie. Família é a 
união de pessoas constituída formalmente, pelo casamento civil; constituída 
informalmente, pela união estável; e constituída pela relação monoparental. 
Em sentido estrito, a doutrina vem se utilizando da expressão “entidade 
familiar” para designar a união estável e a relação entre o ascendente e o 
descendente. Cumpre observar, no entanto, que essa figura designa 
qualquer relação familiar, e o constituinte poderia ter contemplado outras 
situações jurídicas de parentesco, além das que evidenciou. Diante do 
exposto, as entidades familiares reconhecidas pelo sistema jurídico 
brasileiro são: a) O casamento, que é a entidade familiar constituída por 
pessoas físicas de sexos diferentes, de forma solene e, em princípio, 
indissolúvel. b) A união estável, que é a entidade familiar constituída por 
pessoas de sexos diferentes, por período prolongado e contínuo de 
conhecimento público, porém sem a adoção da forma solene exigida por lei. 
c) A relação monoparental, que é a entidade familiar constituída por 
qualquer dos genitores e seus descendentes. Outras famílias naturais 
podem ser concebidas, em que pese o constituinte apenas reconhecer 
expressamente as anteriormente mencionadas. Assim, por exemplo: os 
irmãos, que moram sozinhos em uma casa; o tio que mora com o sobrinho; 
o padrasto que mora com o enteado sem parentes maternos vivos, cuja 
genitora faleceu. O simples fato de o constituinte ter se limitado a prever 
três categorias de entidades familiares não pode se constituir numa 
proibição de reconhecimento de outras entidades familiares, já que o 
ordenamento jurídico, ao regular determinadas categorias (o casamento, a 
união estável entre o homem e a mulher e a relação entre o ascendente e o 
descendente), não excluiu a possibilidade da existência de outras (outras 
relações monoparentais, as uniões homoafetivas etc.). 
 
 
O modelo igualitário da família constitucionalizada contemporânea se 
contrapõe ao modelo autoritário do Código Civil anterior. O consenso, a 
solidariedade, o respeito à dignidade das pessoas que a integram são os 
fundamentos dessa imensa mudança paradigmática que inspiraram o marco 
regulatório estampado nos arts. 226 a 230 da Constituição de 1988. As constituições 
modernas, quando trataram da família, partiram sempre do modelo preferencial da 
entidade matrimonial. Não é comum a tutela explícita das demais entidades 
familiares. Sem embargo, a legislação infraconstitucional de vários países ocidentais 
10 
 
 
 
 
 
tem avançado, desde as duas últimas décadas do século XX, no sentido de atribuir 
efeitos jurídicos próprios de direito de família às demais entidades familiares. A 
Constituição brasileira inovou, reconhecendo não apenas a entidade matrimonial 
mas também outras duas explicitamente (união estável e entidade monoparental), 
além de permitir a interpretação extensiva, de modo a incluir as demais entidades 
implícitas (LÔBO, 2011, p. 34). 
11 
 
 
 
 
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
 
Pode-se dizer que princípios são juízos abstratos de valor que orientam a 
interpretação e a aplicação do Direito. Os princípios possuem um caráter de dever e 
de obrigação. Basta violar um princípio para que toda aquela conduta praticada 
esteja ilegal. Por esse motivo, violar um princípio é muito mais grave do que violar 
uma norma. Devido a este fato os princípios representam uma ordem, a qual deve 
ser acatada. Assim, sempre que a Administração Pública for agir, todos os princípios 
deverão ser respeitados. 
Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro 
alicerce dele, disposição fundamental que ser irradia sobre diferentes normas, 
compondo-lhes o espírito e servindo de critério para exata compreensão e 
inteligência delas, exatamente porque define a lógica e a racionalidade do sistema 
normativo, conferindo-lhe a Tônica que lhe dá sentido harmônico. Adverte o autor 
que violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma. A 
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento 
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos (BANDEIRA DE MELLO, 2005). 
Princípios são aquelas normas que estabelecem fundamentos para que 
determinado mandamento seja encontrado. Mais do que uma distinção baseada no 
grau de abstração da prescrição normativa, a diferença entre os princípios e as 
regras seria uma distinção qualitativa. O critério distintivo dos princípios em relação 
às regras seria, portanto, a função de fundamento normativo para a tomada de 
decisão (ESSER, 2009, p. 35). 
LARENZ (2009, p. 35/36) define princípios como normas de grande 
relevância para o ordenamento jurídico, na medida em que estabelecem 
fundamentos normativos para a interpretação e aplicação do direito, deles 
decorrendo, direta ou indiretamente, normas de comportamento. 
Para ALEXY (2008, p. 63) princípios são normas que ordenam algo que, 
relativamente às possibilidades fáticas e jurídicas, seja realizado em medida tão alta 
quanto possível. Princípios são, segundo isso, mandamentos de otimização, assim 
caracterizados pelo fato de a medida ordenada de seu cumprimento depender não 
só das possibilidades fáticas, mas também das jurídicas. 
12 
 
 
 
 
 
O princípio da interpretação conforme a Constituição é uma das mais 
importantesinovações, ao propagar que a lei deve ser interpretada, sempre, a partir 
da lei maior. Assim, os princípios constitucionais passaram a informar todo o sistema 
legal de modo a viabilizar o alcance da dignidade da pessoa humana em todas as 
relações jurídicas. A doutrina e a jurisprudência têm reconhecido inúmeros princípios 
constitucionais implícitos, cabendo destacar que inexiste hierarquia entre os 
princípios constitucionais explícitos e implícitos (DIAS, 2011). 
 
 
 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
 
 
É o principal e mais amplo princípio constitucional, no direito de família diz 
respeito à garantia plena de desenvolvimento de todos os seus membros, para que 
possam ser realizados seus anseios e interesses afetivos, assim como garantia de 
assistência educacional aos filhos, com o objetivo de manter a família duradoura e 
feliz (DINIZ, 2007, p. 18). 
Constitui-se com atributo humano já que é uma condição elaborada pelo 
homem, neste sentido leciona PLÁCIDO E SILVA (1967, p. 526): 
 
(...) dignidade é a palavra derivada do latim dignitas (virtude, honra, 
consideração), em regra se entende a qualidade moral, que, possuída por 
uma pessoa serve de base ao próprio respeito em que é tida: compreende- 
se também como o próprio procedimento da pessoa pelo qual se faz 
merecedor do conceito público; em sentido jurídico, também se estende 
como a dignidade a distinção ou a honraria conferida a uma pessoa, 
consistente em cargo ou título de alta graduação; no Direito Canônico, 
indica-se o benefício ou prerrogativa de um cargo eclesiástico. 
 
Esta constitui a base moral que apresenta o direcionamento a ser seguido 
pelas pessoas já que suas ações serão verificadas por esta medida. É inerente à 
natureza social que todo ser humano busque o respeito e o reconhecimento por 
partes dos seus semelhantes. 
Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva 
de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por 
parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de 
direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
13 
 
 
 
 
 
qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as 
condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e 
promover sua participação ativa co-responsável nos destinos da própria existência e 
da vida em comunhão dos demais seres humanos (SARLET, 2001, p. 60). 
O princípio da dignidade humana é o mais universal de todos os princípios. 
É um macro princípio do qual se irradiam todos os demais: liberdade, autonomia 
privada, cidadania, igualdade, uma coleção de princípios éticos. (DIAS, 2012, p. 62). 
A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se 
manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria 
vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, 
constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve 
assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações 
ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária 
estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos (MORAES, 2002, 
p. 128). 
 
O valor da dignidade da pessoa humana - resultante do traço distintivo do 
ser humano, dotado de razão e consciência, embora tenha suas raízes no 
pensamento clássico, vincula-se à tradição bimilenar do pensamento 
cristão, ao enfatizar cada Homem relacionado com um Deus que também é 
pessoa. Dessa verdade teológica, que identifica o homem à imagem e 
semelhança do Criador, derivam sua eminente dignidade e grandeza, bem 
como seu lugar na história e na sociedade. Por isso, a dignidade da pessoa 
humana não é, no âmbito do Direito, só o ser humano é o centro de 
imputação jurídica, valor supremo da ordem jurídica. (JOSÉ AFONSO DA 
SILVA, 1998, p. 89), 
 
A conceituação e a proteção à dignidade da pessoa humana pelo Direito é 
fruto da evolução do pensamento humano, entretanto, pode-se dizer que este 
instituto já existia em consonância à existência humana. Seu avanço dentro do 
Direito Constitucional é resultado da afirmação dos direitos fundamentais como o 
cerne da proteção da dignidade da pessoa e da concepção de que é a Constituição 
o meio hábil para positivar estas as regras que assegurem estas pretensões. 
Sobre este Fundamento Constitucional FLÁVIA PIOVESAN (2000, p. 54) 
leciona: 
 
 
A dignidade da pessoa humana, (...) está erigida como princípio matriz da 
Constituição, imprimindo-lhe unidade de sentido, condicionando a 
interpretação das suas normas e revelando-se, ao lado dos Direitos e 
Garantias Fundamentais, como cânone constitucional que incorpora as 
14 
 
 
 
 
 
exigências de justiça e dos valores éticos, conferindo suporte axiológico a 
todo o sistema jurídico brasileiro. 
 
Diz ainda a autora que (2004, p. 92): 
 
 
É no valor da dignidade da pessoa humana que a ordem jurídica encontra 
seu próprio sentido, sendo seu ponto de partida e seu ponto de chegada, na 
tarefa de interpretação normativa. Consagra-se, assim, dignidade da pessoa 
humana como verdadeiro super princípio a orientar o Direito Internacional e 
o Interno. 
 
Seguem, juntos no tempo o reconhecimento da Constituição como norma 
suprema do ordenamento jurídico e a percepção de que os valores mais caros da 
existência humana merecem estar resguardados em documento jurídico com força 
vinculativa máxima, ilesa às maiorias ocasionais formadas no calor de momentos 
adversos ao respeito devido ao homem (MENDES, 2012). 
Neste sentido de eleger a dignidade da pessoa humana a princípio 
fundamental já se manifestou o STF: 
 
(...) o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa - 
considerada a centralidade desse princípio essencial (CF, art. 1º, III) - 
significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e 
inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso País e que 
traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre 
nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito 
constitucional positivo (...). (HC 95464, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, 
Segunda Turma, julgado em 03/02/2009, DJe-048 DIVULG 12-03-2009 
PUBLIC 13-03-2009 EMENT VOL-02352-03 PP-00466) 
 
Assim, respeitar a dignidade da pessoa humana traz quatro importantes 
consequências: a) igualdade de direitos entre todos os homens, uma vez integrarem 
a sociedade como pessoas e não como cidadãos; b) garantia da independência e 
autonomia do ser humano, de forma a obstar toda coação externa ao 
desenvolvimento de sua personalidade, bem como toda atuação que implique na 
sua degradação e desrespeito à sua condição de pessoa, tal como se verifica nas 
hipóteses de risco de vida; c) não admissibilidade da negativa dos meios 
fundamentais para o desenvolvimento de alguém como pessoa ou imposição de 
condições sub-humanas de vida. Adverte que a tutela constitucional se volta em 
detrimento de violações não somente levadas a cabo pelo Estado, mas também 
pelos particulares (NOBRE JÚNIOR, 2000, p. 4). 
15 
 
 
 
 
 
Como decorrência do disposto no art. 1º, III, da Constituição Federal. 
Verifica-se, com efeito, que a milenar proteção da família como instituição, unidade 
de produção e reprodução dos valores culturais, éticos, religiosos e econômicos, dá 
lugar à tutela essencialmente funcionalizada à dignidade de seus membros, em 
particular no que concerne ao desenvolvimento da personalidade dos filhos. De 
outra forma, não se consegue explicar a proteção constitucional às entidades 
familiares não fundadas no casamento (art. 226, § 3º) e às famílias monoparentais 
(art. 226, § 4º); a igualdade de direitos entre homem e mulher na sociedade conjugal 
(art.226, § 5º); a garantia da possibilidade de dissolução da sociedade conjugal 
independentemente de culpa (art. 226, § 6º); o planejamento familiar voltado para os 
princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável (art. 226, § 
7º) e a previsão de ostensiva intervenção estatal no núcleo familiar no sentido de 
proteger seus integrantes e coibir a violência doméstica (art. 226, § 8º), 
(GONÇALVES, 2011). 
 
 
 Princípio da Igualdade Jurídica de Todos os Filhos 
 
Este princípio encontra-se tipificado no §7º do Art. 226 da CF/88 e veda 
qualquer distinção entre os filhos havidos dentro ou fora do casamento, não 
importando se este for adotivo. Adotando-se somente a denominação filhos não se 
permitindo mais a diferenciação entre filhos legítimos e ilegítimos, tampouco em 
relação a direitos, deveres e qualificação. 
Não se justifica impor ao inocente a discriminação ou a pecha de “bastardo”, 
pelo falso conceito de ser a prole resultante de um relacionamento considerado 
pelas circunstâncias espaciais e temporais moralmente reprovável. O tratamento 
odioso que a legislação novecentista conferia aos filhos ilegítimos, como o adulterino 
e o incestuoso, somente era assim regulado para a proteção do cônjuge inocente. 
Olvidavam-se as necessidades mais comezinhas do filho, que atualmente, em regra, 
prevalecem sobre os interesses dos demais. O filho não havido das relações 
conjugais possui atualmente os mesmos direitos dos filhos havidos do casamento. O 
direito pós-moderno confere uma tutela jurídica diferenciada e mais protetiva à 
16 
 
 
 
 
 
criança, ao adolescente e ao idoso, em comparação com os demais membros da 
entidade familiar (LISBOA, 2012, p. 18). 
O Código Civil de 1916 em seu Art. 377 previa que “quando o adotante tiver 
filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos, a relação de adoção não envolve a de 
sucessão hereditária”, essa constante prevista no presente código foi revogada pelo 
Código Civil de 2002 pelo Art. 1.596 e também previsto no Art. 41, caput da lei nº 
8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) quando esta trata da adoção: A 
adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, 
inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo 
os impedimentos matrimoniais. 
De igual modo, a adoção possui características muito peculiares no nosso 
direito, eleva um filho adotivo ao mesmo status quo dos demais filhos de um casal, 
concorrendo este de igual modo em direitos e deveres, bem como a qualificação que 
de modo algum deva constar na certidão de registro do mesmo qualquer menção do 
processo de adoção em respeito ao presente princípio. Outro fato marcante é a 
característica da mesma incidir sobre o processo de investigação de paternidade 
que conforme o Art. 5º e 6º da Lei 8.560/92 dispensa o ajuizamento dessa ação pelo 
Ministério Público se a criança já estiver sido encaminhada para adoção. 
Assim leciona GONÇALVES (2011, p. 24): 
 
 
Consubstanciado no art. 227, § 6º, da Constituição Federal, que assim 
dispõe: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação”. O dispositivo em apreço estabelece 
absoluta igualdade entre todos os filhos, não admitindo mais a retrógrada 
distinção entre filiação legítima ou ilegítima, segundo os pais fossem 
casados ou não, e adotiva, que existia no Código Civil de 1916. Hoje, todos 
são apenas filhos, uns havidos fora do casamento, outros em sua 
constância, mas com iguais direitos e qualificações (CC, arts. 1.596 a 
1.629). O princípio ora em estudo não admite distinção entre filhos 
legítimos, naturais e adotivos, quanto ao nome, poder familiar, alimentos e 
sucessão; permite o reconhecimento, a qualquer tempo, de filhos havidos 
fora do casamento; proíbe que conste no assento do nascimento qualquer 
referência à filiação ilegítima; e veda designações discriminatórias relativas 
à filiação. 
 
A igualdade e seus consectários não podem apagar ou desconsiderar as 
diferenças naturais e culturais que há entre as pessoas e entidades. Homem e 
mulher são diferentes; pais e filhos são diferentes; criança e adulto ou idoso são 
diferentes; a família matrimonial, a união estável, a família monoparental e as 
17 
 
 
 
 
 
demais entidades familiares são diferentes. Todavia, as diferenças não podem 
legitimar tratamento jurídico assimétrico ou desigual, no que concernir com a base 
comum dos direitos e deveres, ou com o núcleo intangível da dignidade de cada 
membro da família. Não há qualquer fundamentação jurídico-constitucional para 
distinção de direitos e deveres essenciais entre as entidades familiares, ou para sua 
hierarquização, mas são todas diferentes, não se podendo impor um modelo 
preferencial sobre as demais, nem exigir da união estável as mesmas características 
do casamento, dada a natureza de livre constituição da primeira. Uma ordem 
democrática [incluindo a democratização da vida pessoal] não implica um processo 
genérico de ‘nivelar por baixo’, mas em vez disso promove a elaboração da 
individualidade. Há situações em que os pais podem adotar medidas diferentes na 
educação de cada um dos filhos, ou mesmo um dos filhos. Por vezes, a satisfação 
do princípio da igualdade na filiação impõe o atendimento às diferenças individuais, 
o respeito ao direito de cada um de ser diferente. Outras vezes, um dos filhos 
apresenta necessidades especiais a demandar medidas especiais. Nessas 
situações, em que são tratados desigualmente os desiguais, os pais não podem ser 
acusados de discriminação. (LÔBO, 2011, p. 67/68). 
Em suma, juridicamente, todos os filhos são iguais perante a lei, havidos ou 
não durante o casamento. Essa igualdade abrange também os filhos adotivos e 
aqueles havidos por inseminação artificial heteróloga (com material genético de 
terceiro). Diante disso, não se pode mais utilizar as odiosas expressões filho 
adulterino ou filho incestuoso que são discriminatórias. Igualmente, não podem ser 
utilizadas, em hipótese alguma, as expressões filho espúrio ou filho bastardo, 
comuns em passado não tão remoto. Apenas para fins didáticos utiliza-se o termo 
filho havido fora do casamento, eis que, juridicamente, todos são iguais. Isso 
repercute tanto no campo patrimonial quanto no pessoal, não sendo admitida 
qualquer forma de distinção jurídica, sob as penas da lei. Trata-se, desse modo, na 
ótica familiar, da primeira e mais importante especialidade da isonomia 
constitucional (TARTUCE, 2014, p. 63/64). 
18 
 
 
 
 
 Princípio da Igualdade Jurídica dos Cônjuges e dos 
Companheiros 
 
Com esse princípio desaparece o poder marital, e a autocracia do chefe de 
família é substituída por um sistema em que as decisões devem ser tomadas de 
comum acordo entre marido e mulher, já que os tempos atuais requerem que a 
mulher seja colaboradora do homem e não sua subordinada e que haja paridade de 
direitos e deveres entre ambos os cônjuges. 
De acordo com o art. 226, § 5º, da CF, os direitos e deveres referentes à 
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. O art. 
1.511 do CC, seguindo a norma citada, determina que o casamento estabelece 
comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges: 
 
 
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Institui o Código Civil. 
SUBTÍTULO I 
Do Casamento 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na 
igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. 
 
 
 
O sexo sempre foi um fator de discriminação. O sexo feminino sempre 
esteve inferiorizado na ordem jurídica, e só mais recentemente vem ele, a duras 
penas, conquistando posição paritária, na vida social e jurídica à do homem. A 
Constituição, como vimos, deu largo passo na superação do tratamento desigual 
fundado no sexo, ao equiparar osdireitos e obrigações de homens e mulheres 
(SILVA, 1998, p. 226). 
A igualdade conquistada entre os cônjuges aboliu a antiga ideia de “cabeça 
de casal” ou pater famílias, sendo substituída pelo poder parental, termo mais 
adequado, em nosso entender, para representar a igualdade jurídica dos dirigentes 
da nova sociedade conjugal, porque diz respeito aos pais, sendo, por conseguinte, 
menos amplo que a denominação poder familiar. O diploma civilista trata da matéria 
nos arts. 1.565 a 1.570, 1.631, 1.634, 1.643, 1.647, 1.650, 1.651 e 1.724, de sorte 
que a responsabilidade pela família passa a ser do casal. Entre outras formas, a 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/cc-lei-n-10-406-de-10-de-janeiro-de-2002#art-1511
19 
 
 
 
 
 
família poderá ser constituída tanto pelo casamento (família matrimonial), quanto 
pela união estável (entidade familiar). Em qualquer dessas formas, há vida em 
comum, com comunhão de direitos e obrigações, sendo ambas reconhecidas pelo 
constituinte, que alçou a união estável a condição de entidade familiar (art. 226, § 
3.°), não havendo, assim, motivo para afastar a isonomia que deve haver entre o 
marido e a mulher, e entre o companheiro e a companheira (BAPTISTA, 2010). 
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Institui o Código Civil. 
SUBTÍTULO I 
Do Casamento 
 
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a 
condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da 
família. 
§ 1º Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o 
sobrenome do outro. 
§ 2º O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao 
Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse 
direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas 
ou públicas. 
 
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não 
sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta dias, interditado 
judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em virtude de 
enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a direção 
da família, cabendo-lhe a administração dos bens. 
 
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar 
aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com 
exclusividade. 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é 
assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. 
 
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação 
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos 
filhos: (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
I - dirigir-lhes a criação e a educação; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 
2014) 
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; 
(Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; (Redação 
dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; 
(Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua 
residência permanente para outro Município; (Redação dada pela Lei nº 
13.058, de 2014) 
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro 
dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder 
familiar; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) 
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, 
nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91577/cc-lei-n-10-406-de-10-de-janeiro-de-2002#art-1565
20 
 
 
 
 
 
partes, suprindo-lhes o consentimento; (Redação dada pela Lei nº 13.058, 
de 2014) 
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; (Incluído pela Lei nº 
13.058, de 2014) 
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de 
sua idade e condição. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014) 
 
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do 
outro: 
I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica; 
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa 
exigir. 
 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, 
sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: 
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; 
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; 
III - prestar fiança ou aval; 
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que 
possam integrar futura meação. 
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando 
casarem ou estabelecerem economia separada. 
 
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, 
sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada 
pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus herdeiros. 
 
Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos 
bens que lhe incumbe, segundo o regime de bens, caberá ao outro: 
I - gerir os bens comuns e os do consorte; 
II - alienar os bens móveis comuns; 
III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, 
mediante autorização judicial. 
 
 
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos 
deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e 
educação dos filhos. 
 
 
 
Nessa mesma linha de raciocínio pode-se verificar a aplicação do principio 
da igualdade na guarda compartilhada, nesse sentido ROBLES (2007) leciona que a 
Constituição Federal, procedendo à assunção de tais mudanças sociais, consagrou 
o princípio da igualdade entre homens e mulheres no exercício dos direitos e 
deveres decorrentes da sociedade conjugal. Entrementes, para que tal princípio 
possa ser efetivamente concretizado, faz-se necessária a instituição de uma nova 
forma de relacionamento entre pais e filhos, em que o papel do pai não seja mais 
relegado a um plano secundário. Desse modo, a guarda compartilhada é a que se 
apresenta mais apta a reorganizar as relações parentais no interior da família 
desunida, atenuando os traumas nas relações afetivas entre pais e filhos, garantindo 
21 
 
 
 
 
 
a esses últimos a presença de ambos os genitores em sua formação e, aos pais, a 
solidariedade no exercício do poder familiar. 
Consigne-se que o art. 1.º do atual Código Civil utiliza a expressão pessoa, 
não mais o termo homem, como fazia o art. 2.º do CC/1916, deixando claro que não 
será admitida qualquer forma de distinção decorrente do sexo, mesmo que 
terminológica. Especificamente, prevê o art. 1.511 do CC/2002 que o casamento 
estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres 
dos cônjuges. Por óbvio, essa igualdade deve estar presente na união estável, 
também reconhecida como entidade familiar pelo art. 226, § 3.º, da CF/1988 e pelos 
arts. 1.723 a 1.727 do Código Civil. Diante do reconhecimento dessa igualdade, 
como exemplo prático, o marido ou companheiro pode pleitear alimentos da mulher 
ou companheira, ou mesmo vice-versa. Além disso, um pode utilizar o nome do 
outro livremente, conforme convenção das partes (art. 1.565, § 1.º, do CC), 
(TARTUCE, 2014). 
Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos 
igualmente pelo homem e pela mulher. A regulamentação instituída no aludido 
dispositivo acaba com o poder marital e com o sistema de encapsulamento da 
mulher, restrita a tarefas domésticas e à procriação. O patriarcalismo não mais se 
coaduna, efetivamente, com a época atual, em que grande parte dos avanços 
tecnológicos e sociais está diretamente vinculada às funções da mulher na família e 
referenda a evolução moderna, confirmando verdadeira revolução no campo social 
(GONÇALVES, 2011, p. 24). 
Com o fim do patriarcalismo e a emancipação da mulher, confere-se a elaa 
igualdade de direitos em relação ao seu marido, durante a constância do casamento. 
Isso significa que não há mais o estado de sujeição no qual a cônjuge virago se 
encontrava, podendo ela tomar as decisões em conjunto com o seu consorte. Institui-se, 
assim, o regime de cogestão familiar (LISBOA, 2012, p. 18). 
 
 
 
 Princípio da Igualdade na Chefia Familiar 
 
Como decorrência lógica do princípio da igualdade entre cônjuges e 
companheiros, surge o princípio da igualdade na chefia familiar, que pode ser 
22 
 
 
 
 
 
exercida tanto pelo homem quanto pela mulher em um regime democrático de 
colaboração, podendo inclusive os filhos opinar (conceito de família democrática). 
Substitui-se uma hierarquia por uma diarquia. Assim sendo, pode-se utilizar a 
expressão despatriarcalização do Direito de Família, eis que a figura paterna não 
exerce o poder de dominação do passado. O regime é de companheirismo e de 
cooperação, não de hierarquia, desaparecendo a ditatorial figura do pai de família 
(pater familias), não podendo sequer se utilizar a expressão pátrio poder, substituída 
por poder familiar (TARTUCE, 2014, p. 71). 
 
 
 
 Princípio da Solidariedade Familiar 
 
A família, como célula-mater da sociedade, faz surgir entre seus integrantes 
laços que se eternizam, ainda que, por diferentes razões, seus componentes se 
afastem. Tais laços podem ser tanto decorrentes de consanguinidade como por 
afinidade, como ocorre, por exemplo, entre adotante e adotado, padrasto/madrasta 
em relação ao enteado/enteada. Assim, transcendem o patrimonial, para alcançar os 
meandros psicológicos das relações inter subjetivas. E esse um dos fundamentos 
que compele, mesmo contra a vontade expressa, um familiar a manter outro, em 
caso de necessidade, por meio da prestação de alimentos (BAPTISTA, 2010, p. 
2010). 
 
Artigo 1694 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos 
outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com 
a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua 
educação. 
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do 
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. 
§ 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a 
situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. 
 
Nesse sentido baliza-se a jurisprudência: 
 
 
TJ-DF - Apelação Cível APC 20120710324785 (TJ-DF) 
Data de publicação: 26/05/2015 
Ementa: CIVIL. PROCESSO CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. ALIMENTOS. 
OBRIGAÇÃO DOS AVÓS. AVOENGA. SUBSIDIÁRIA E 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10615295/artigo-1694-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/191625448/apelacao-civel-apc-20120710324785
23 
 
 
 
 
 
COMPLEMENTAR.PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR. ARTIGO 
1.694 §§ 1º E 2º. BINÔMIO. NECESSIDADE X POSSIBILIDADE. 
ALTERAÇÃO. AUSÊNCIA. EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. NÃO 
CABIMENTO. Nos termos do art. 1694 , § 1º , do CC , a fixação do valor 
dos alimentos definitivos deve obedecer ao binômio: necessidade do 
alimentando e possibilidade econômica do alimentante. São obrigados a 
fornecer alimentos os parentes consangüíneos até o segundo grau, 
cônjuges ou companheiros. Tal obrigação se baseia 
no princípio da solidariedade familiar. A ordem obrigacional alimentícia é 
sempre a partir do grau mais próximo, excluindo-se os mais remotos. Não 
obstante, tal obrigação pode atingir os avós, na medida em que os genitores 
não tenham condições de arcar com o sustento dos próprios filhos. Nesse 
descortino, a obrigação avoenga é subsidiária, mas também complementar, 
na hipótese em que os pais do menor não consigam atingir o mínimo 
suficiente para o suprimento das necessidades básicas do alimentando. 
Inexistindo qualquer comprovação de mudança no binômio necessidade- 
possibilidade, notadamente se o percentual foi estabelecido em patamar 
moderado, não cabe exoneração de alimentos fixados em desfavor da avó 
paterna. Recurso conhecido e desprovido. 
 
 
 
No Código Civil em vigor, destacam-se algumas regras consubstanciadas 
pelo princípio da solidariedade familiar: o art. 1.513 tutela “a comunhão de vida 
instituída pela família”, somente possível na cooperação entre seus membros; 
a adoção (art. 1.618) brota não de um dever oponível ao adotante, mas do 
sentimento de solidariedade; o poder familiar (art. 1.630) é menos “poder” dos pais e 
mais múnus ou serviço que deve ser exercido no interesse dos filhos; a colaboração 
dos cônjuges na direção da família (art. 1.567) e a mútua assistência moral e 
material entre eles (art. 1.566) e entre companheiros (art. 1.724) são deveres 
hauridos da solidariedade; os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de 
seus bens e dos rendimentos para o sustento da família (art. 1.568); o regime 
matrimonial de bens legal e o regime legal de bens da união estável é o da 
comunhão dos adquiridos após o início da união (comunhão parcial), sem 
necessidade de se provar a participação do outro cônjuge ou companheiro na 
aquisição (arts. 1.640 e 1.725); o dever de prestar alimentos (art. 1.694) a parentes, 
cônjuge ou companheiro, que pode ser transmitido aos herdeiros no limite dos bens 
que receberem (art. 1.700), e que protege até mesmo o culpado (§ 2° do art. 1.694 e 
art. 1.704), além de ser irrenunciável (art. 1.707) decorre da imposição de 
solidariedade entre pessoas ligadas por vínculo familiar. 
https://jus.com.br/tudo/adocao
https://jus.com.br/tudo/uniao-estavel
24 
 
 
 
 
 Princípio da Liberdade Familiar ou da Não Intervenção 
 
O princípio da liberdade refere-se ao livre poder de formar comunhão de 
vida, a livre decisão do casal no planejamento familiar, a livre escolha do regime 
matrimonial de bens, a livre aquisição e administração do poder familiar, bem como 
a livre opção pelo modelo de formação educacional, cultural e religiosa da prole 
(DINIZ, 2007). 
Assim estabelece o art. 1.513 do Código Civil: 
 
Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, 
interferir na comunhão de vida instituída pela família. 
 
 
 
Este princípio encontra-se respaldo na Constituição Federal de 1988 e 
materializa-se na liberdade de constituir família, seja pelo casamento ou pela união 
estável sem qualquer intervenção estatal. Está a liberdade familiar consubstanciada 
na faculdade que o casal tem em dissolver o casamento, bem como em formar 
novas uniões como base nos laços de afetividade, devido à correlação existente 
entre liberdade e igualdade, em que na falta desta, consequentemente, não haverá 
liberdade. 
O momento e a forma de constituição da família (se matrimonial ou por união 
estável), de sua dissolução, do planejamento do casal em ter ou não prole, são da 
exclusiva responsabilidade de seus integrantes, não devendo pessoas estranhas 
intervir em referidas escolhas (CC, arts. 1.513 e 1.565, § 2º,). Respeita-se, assim, a 
autonomia privada das partes envolvidas para decidir o que melhor lhes aprouver. 
Cabe, entretanto, ao Estado fornecer meios para o exercício de tais direitos, 
especialmente no que diz respeito a disponibilização de recursos educacionais e de 
acesso as técnicas cientificas de natalidade e planejamento familiar, como parte de 
políticas publicas, sem, contudo, coagir o casal a adota-las (CF, art. 226, §7.°). 
Igualmente, exige-se dos pais responsabilidade com a prole, dado que lhes 
compete, primariamente, o cuidado e a assistência dos filhos, do que resulta o 
principio da paternidade responsável, contraponto dogmático ao exercício da 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631885/artigo-1513-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
25 
 
 
 
 
 
liberdade no planejamento familiar, concedida pelo constituinte (BAPTISTA, 2010, p. 
36). 
 
Artigo 1565 da Lei nº 10.406 de 10 deJaneiro de 2002 
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a 
condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da 
família. 
§ 1º Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o 
sobrenome do outro. 
§ 2º O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao 
Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse 
direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas 
ou públicas. 
 
De forma o princípio da liberdade diz respeito ao livre poder de escolha ou 
autonomia de constituição, realização e extinção da entidade familiar, sem 
imposição ou restrições externas (LÔBO, 2010). 
Esse princípio tem como matriz a concepção do ser humano como agente 
moral, dotado de razão, capaz de decidir o que é bom ou ruim para si, e que deve 
ter a liberdade de guiar-se de acordo com estas escolhas, desde que elas não 
perturbem os direitos de terceiros e nem violem outros valores relevantes para a 
comunidade (SARMENTO, 2005, p. 188). 
O desafio fundamental para a família e das normas que a disciplinam é 
conseguir conciliar o direito a autonomia e à liberdade de escolha com os interesses 
de ordem pública, que se consubstancia na atuação do Estado apenas como 
protetor. Esta conciliação deve ser feita através de uma hermenêutica comprometida 
com os princípios fundamentais do Direito de Família, especialmente o da autonomia 
privada, desconsiderando tudo aquilo que põe o sujeito em posição de indignidade e 
o assujeite ao objeto da relação ou ao gozo de outrem sem o seu consentimento. 
(PEREIRA, 2010). 
Deve-se ter cuidado na leitura do art. 1513 do CC, pois, ele prevê que o 
Estado ou mesmo um ente privado não pode interferir coativamente nas relações de 
família. Entretanto, o Estado poderá incentivar o controle da natalidade e o 
planejamento familiar por meio de políticas públicas. Fundado nos princípios da 
dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar 
é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e 
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte 
de instituições oficiais ou privadas. Nesse sentido o Estado assegurará a assistência 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10626526/artigo-1565-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
26 
 
 
 
 
 
à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir 
a violência no âmbito de suas relações. 
A Lei 9263/96, regulamentou o art. 226 § 7º, da CF, proibindo que o Estado 
utilize ações de regulação da fecundidade com o objetivo de realizar controle 
demográfico. Entendendo-se o planejamento familiar como o conjunto de ações de 
regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou 
aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Sendo proibida a 
utilização de ações de qualquer tipo de controle demográfico. 
 
LEI Nº 9.263, DE 12 DE JANEIRO DE 1996. 
CAPÍTULO I 
DO PLANEJAMENTO FAMILIAR 
Art. 1º O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observado o 
disposto nesta Lei. 
Art. 2º Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o 
conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais 
de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou 
pelo casal. 
Parágrafo único - É proibida a utilização das ações a que se refere 
o caput para qualquer tipo de controle demográfico. 
Art. 3º O planejamento familiar é parte integrante do conjunto de ações de 
atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de 
atendimento global e integral à saúde. 
Parágrafo único - As instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde, em 
todos os seus níveis, na prestação das ações previstas no caput, obrigam- 
se a garantir, em toda a sua rede de serviços, no que respeita a atenção à 
mulher, ao homem ou ao casal, programa de atenção integral à saúde, em 
todos os seus ciclos vitais, que inclua, como atividades básicas, entre 
outras: 
I - a assistência à concepção e contracepção; 
II - o atendimento pré-natal; 
III - a assistência ao parto, ao puerpério e ao neonato; 
IV - o controle das doenças sexualmente transmissíveis; 
V - o controle e prevenção do câncer cérvico-uterino, do câncer de mama e 
do câncer de pênis. 
V - o controle e a prevenção dos cânceres cérvico-uterino, de mama, de 
próstata e de pênis. (Redação dada pela Lei nº 13.045, de 2014) 
Art. 4º O planejamento familiar orienta-se por ações preventivas e 
educativas e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, 
métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade. 
Parágrafo único - O Sistema Único de Saúde promoverá o treinamento de 
recursos humanos, com ênfase na capacitação do pessoal técnico, visando 
a promoção de ações de atendimento à saúde reprodutiva. 
Art. 5º - É dever do Estado, através do Sistema Único de Saúde, em 
associação, no que couber, às instâncias componentes do sistema 
educacional, promover condições e recursos informativos, educacionais, 
técnicos e científicos que assegurem o livre exercício do planejamento 
familiar. 
Art. 6º As ações de planejamento familiar serão exercidas pelas instituições 
públicas e privadas, filantrópicas ou não, nos termos desta Lei e das normas 
de funcionamento e mecanismos de fiscalização estabelecidos pelas 
instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.263-1996?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.263-1996?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13045.htm#art1
27 
 
 
 
 
 
Parágrafo único - Compete à direção nacional do Sistema Único de Saúde 
definir as normas gerais de planejamento familiar. 
Art. 7º - É permitida a participação direta ou indireta de empresas ou 
capitais estrangeiros nas ações e pesquisas de planejamento familiar, 
desde que autorizada, fiscalizada e controlada pelo órgão de direção 
nacional do Sistema Único de Saúde. 
Art. 8º A realização de experiências com seres humanos no campo da 
regulação da fecundidade somente será permitida se previamente 
autorizada, fiscalizada e controlada pela direção nacional do Sistema Único 
de Saúde e atendidos os critérios estabelecidos pela Organização Mundial 
de Saúde. 
Art. 9º Para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos 
todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente 
aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, 
garantida a liberdade de opção. 
Parágrafo único. A prescrição a que se refere o caput só poderá ocorrer 
mediante avaliação e acompanhamento clínico e com informação sobre os 
seus riscos, vantagens, desvantagens e eficácia. 
Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes 
situações: (Artigo vetado e mantido pelo Congresso Nacional - Mensagem 
nº 928, de 19.8.1997) 
I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e 
cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que 
observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da 
vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa 
interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo 
aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a 
esterilização precoce; 
II - risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado 
em relatório escrito e assinado por dois médicos. 
§ 1º É condição para que se realize a esterilização o registro de expressa 
manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a 
informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, 
dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis 
existentes. 
§ 2º É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de 
parto ou aborto, excetonos casos de comprovada necessidade, por 
cesarianas sucessivas anteriores. 
§ 3º Não será considerada a manifestação de vontade, na forma do § 1º, 
expressa durante ocorrência de alterações na capacidade de discernimento 
por influência de álcool, drogas, estados emocionais alterados ou 
incapacidade mental temporária ou permanente. 
§ 4º A esterilização cirúrgica como método contraceptivo somente será 
executada através da laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método 
cientificamente aceito, sendo vedada através da histerectomia e 
ooforectomia. 
§ 5º Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do 
consentimento expresso de ambos os cônjuges. 
§ 6º A esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente incapazes somente 
poderá ocorrer mediante autorização judicial, regulamentada na forma da 
Lei. 
Art. 11. Toda esterilização cirúrgica será objeto de notificação compulsória à 
direção do Sistema Único de Saúde. (Artigo vetado e mantido pelo 
Congresso Nacional) Mensagem nº 928, de 19.8.1997 
Art. 12. É vedada a indução ou instigamento individual ou coletivo à prática 
da esterilização cirúrgica. 
Art. 13. É vedada a exigência de atestado de esterilização ou de teste de 
gravidez para quaisquer fins. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/Mv928-97.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/Mv928-97.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/Mv928-97.htm
28 
 
 
 
 
 
Art. 14. Cabe à instância gestora do Sistema Único de Saúde, guardado o 
seu nível de competência e atribuições, cadastrar, fiscalizar e controlar as 
instituições e serviços que realizam ações e pesquisas na área do 
planejamento familiar. 
Parágrafo único. Só podem ser autorizadas a realizar esterilização cirúrgica 
as instituições que ofereçam todas as opções de meios e métodos de 
contracepção reversíveis. (Parágrafo vetado e mantido pelo Congresso 
Nacional) Mensagem nº 928, de 19.8.1997 
 
 
 
Atualmente, a intervenção estatal sobre as relações familiares se manifesta 
através de políticas públicas governamentais, decisões judiciais e, principalmente, 
por meio da promulgação de leis protetivas ou repressivas de comportamentos 
reputados indevidos pelo Estado. O Estado vem abandonando sua figura de 
protetor-repressor, para assumir postura de Estado protetor-provedor- 
assistencialista, cuja tônica não é de uma total ingerência, mas, em algumas vezes, 
até mesmo de substituição a eventual lacuna deixada pela própria família, como, por 
exemplo, no que concerne à educação e saúde dos filhos (artigo 227, caput, da CF), 
(PEREIRA, p. 180). 
 
 
 
 Princípio do Melhor Interesse da Criança/Adolescente 
 
 
O princípio do melhor interesse da criança e do adolescente representa 
importante mudança de eixo nas relações paterno-materno-filiais, em que o filho 
deixa de ser considerado objeto para ser alçado a sujeito de direito, ou seja, a 
pessoa humana merecedora de tutela do ordenamento jurídico, mas com absoluta 
prioridade comparativamente aos demais integrantes da família de que ele participa. 
Cuida-se, assim, de reparar um grave equivoco na história da civilização humana em 
que o menor era relegado a plano inferior, ao não titularizar ou exercer qualquer 
função na família e na sociedade, ao menos para o direito (GAMA, 2008, p. 80). 
Os filhos menores — crianças e adolescentes — gozam, no seio da família, 
por determinação constitucional (art. 227, CF), de plena proteção e prioridade 
absoluta em seu tratamento. Isso significa que, em respeito à própria função social 
desempenhada pela família, todos os integrantes do núcleo familiar, especialmente 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/Mv928-97.htm
29 
 
 
 
 
 
os pais e mães, devem propiciar o acesso aos adequados meios de promoção 
moral, material e espiritual das crianças e dos adolescentes viventes em seu meio. 
Educação, saúde, lazer, alimentação, vestuário, enfim, todas as diretrizes 
constantes na Política Nacional da Infância e Juventude devem ser observadas 
rigorosamente. A inobservância de tais mandamentos, sem prejuízo de eventual 
responsabilização criminal e civil, pode, inclusive, resultar, no caso dos pais, na 
destituição do poder familiar (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
Apesar de toda a inovação no que tange à assistência, proteção, 
atendimento e defesa dos direitos da criança e do adolescente, constantes na 
Constituição Federal, estes não poderiam se efetivar se não regulamentados em lei 
ordinária. Se assim não fosse, a Constituição nada mais seria do que uma bela, mas 
ineficaz carta de intenções (VERONESE, 2008, p. 10). 
Com esse objetivo é editada, em 13 de julho de 1990, a Lei n. 8.069, 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
No cenário mundial foi o primeiro diploma legal concorde com a evolução da 
chamada normativa internacional, notadamente com a Convenção Internacional dos 
Direitos da Criança, aprovada por unanimidade, em novembro de 1989, pela 
Assembléia Geral das Nações Unidas, servindo o Estatuto da Criança e do 
Adolescente de parâmetro e incentivo para o renovar da legislação de outros países, 
especialmente da América Latina (PAULA, 2004, p. 53). 
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) acentuou a importância da 
família, das instituições e da comunidade, como responsáveis pela formação desses 
indivíduos (SCHREIBER, 2001). E nesse sentido, não distinguiu em termos gerais 
entre o menor em situação regular e o menor em situação irregular. Sua aplicação é 
ampla e abrangente. (PEREIRA, 1996). 
O Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente está previsto 
na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227, caput, e no Estatuto da Criança 
e do Adolescente em seus artigos 4º, caput, e 5º. 
 
CF/88 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
30 
 
 
 
 
 
exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda 
Constitucional nº 65, de 2010) 
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da 
criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades 
não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos 
seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 
2010) 
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na 
assistência materno-infantil; 
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para 
as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como 
de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, 
mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do 
acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos 
arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. (Redação dada Pela 
Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos 
edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a 
fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. 
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: 
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o 
disposto no art. 7º, XXXIII; 
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; 
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato 
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por 
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; 
V - obediência aos princípios de brevidade,excepcionalidade e respeito à 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de 
qualquer medida privativa da liberdade; 
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos 
fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de 
guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; 
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao 
adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins. 
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao 
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. 
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da 
criança e do adolescente. 
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que 
estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de 
estrangeiros. 
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação. 
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em 
consideração o disposto no art. 204. 
§ 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 
2010) 
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; 
(Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à 
articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas 
públicas. (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
 
 
ECA 
31 
 
 
 
 
 
Artigo 4 da Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do 
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, 
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária. 
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: 
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância 
pública; 
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com 
a proteção à infância e à juventude. 
 
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, 
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus 
direitos fundamentais. 
 
 
 
 
 Princípio da Afetividade 
 
O afeto talvez seja apontado, atualmente, como o principal fundamento das 
relações familiares. Mesmo não constando a expressão afeto do Texto Maior como 
sendo um direito fundamental, pode-se afirmar que ele decorre da valorização 
constante da dignidade humana (TARTUCE, 2014, 86). 
 
A afetividade, como princípio jurídico, não se confunde com o afeto, como 
fato psicológico ou anímico, porquanto pode ser presumida quando este 
faltar na realidade das relações; assim, a afetividade é dever imposto aos 
pais em relação aos filhos e destes em relação àqueles, ainda que haja 
desamor ou desafeição entre eles. O princípio jurídico da afetividade entre 
pais e filhos apenas deixa de incidir com o falecimento de um dos sujeitos 
ou se houver perda do poder familiar. Na relação entre cônjuges e entre 
companheiros o princípio da afetividade incide enquanto houver afetividade 
real, pois esta é pressuposto da convivência. Até mesmo a afetividade real, 
sob o ponto de vista do direito, tem conteúdo conceptual mais estrito (o que 
une as pessoas com objetivo de constituição de família) do que o 
empregado nas ciências da psique, na filosofia, nas ciências sociais, que 
abrange tanto o que une quanto o que desune (amor e ódio, afeição e 
desafeição, sentimentos de aproximação e de rejeição). Na psicopatologia, 
por exemplo, a afetividade é o estado psíquico global com que a pessoa se 
apresenta e vive em relação às outras pessoas e aos objetos, 
compreendendo o estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as emoções 
e as paixões e reflete sempre a capacidade de experimentar sentimentos e 
emoções. Evidentemente essa compreensão abrangente do fenômeno é 
inapreensível pelo direito, que opera selecionando os fatos da vida que 
devem receber a incidência da norma jurídica. Por isso, sem qualquer 
contradição, podemos referir a dever jurídico de afetividade oponível a pais 
e filhos e aos parentes entre si, em caráter permanente, independentemente 
dos sentimentos que nutram entre si, e aos cônjuges e companheiros 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619550/artigo-4-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
32 
 
 
 
 
 
enquanto perdurar a convivência. No caso dos cônjuges e companheiros, o 
dever de assistência, que é desdobramento do princípio jurídico da 
afetividade (e do princípio fundamental da solidariedade que perpassa 
ambos), pode projetar seus efeitos para além da convivência, como a 
prestação de alimentos e o dever de segredo sobre a intimidade e a vida 
privada (LÔBO, 2011, p. 73). 
 
 
O papel dado à subjetividade e à afetividade tem sido crescente no Direito 
de Família, que não mais pode excluir de suas considerações a qualidade dos 
vínculos existentes entre os membros de uma família, de forma que possa buscar a 
necessária objetividade na subjetividade inerente às relações. Cada vez mais se dá 
importância ao afeto nas considerações das relações familiares; aliás, um outro 
princípio do Direito de Família é o da afetividade (GROENINGA, 2008, p. 28). 
Priorizada, assim, a convivência familiar, ora nos defrontamos com o grupo 
fundado no casamento ou no companheirismo, ora com a família monoparental 
sujeita aos mesmos deveres e tendo os mesmos direitos. O Estatuto da Criança e 
do Adolescente outorgou, ainda, direitos à família substituta. Os novos rumos 
conduzem à família socioafetiva, onde prevalecem os laços de afetividade sobre os 
elementos meramente formais. Nessa linha, a dissolução da sociedade conjugal 
pelo divórcio tende a ser uma consequência da extinção da affectio, e não da culpa 
de qualquer dos cônjuges (GONÇALVES, 2011, p. 26). 
A Constituição Federal de 1988 chegou como um texto inovador, que busca 
acompanhar as notáveis mudanças ocorridas na sociedade brasileira. O art. 226 do 
texto constitucional projeta a família como um porto seguro digno da proteção do 
Estado. No § 5º do mesmo artigo, homem e mulher são tratados de forma igualitária 
nas relações conjugais pela Constituição. Nos incisos I e IV do referido artigo, a 
entidade familiar ficou com um conceito amplo sobre sua forma de constituição. O 
casamento, a união estável e a família monoparental foram explicitamente 
instituídas, além de outras formas de família existentes, como a família socioafetiva, 
homoafetiva, entre outras entidades familiares fundadas laços de afeto (PESSANHA, 
2013). 
Há de se ressaltar que o princípio da afetividade também se encontra 
assegurado pelo princípio do melhor interesse da criança e do adolescente (artigo 
227 caput da Constituição Federal de 1988), uma vez que este assegura o direito à 
dignidade, saúde, convivência familiar, entre outros direitos que são de 
33 
 
 
 
 
 
responsabilidade do Estado e da família. Literalmente não se menciona o afeto no 
art. 227 da Carta Magna. Sabe-se, todavia, que a primeira interpretação é a literal. 
De forma límpida, o texto constitucional, ao mencionar o princípio da convivência 
familiar, demonstra que sua efetivação abrange dois aspectos: proximidade e 
convivência física. Entretanto, interpretação sistemática da própria Constituição, 
especialmente tomando em conta o art. 226, § 8°, que consagra a família-função de 
cunho eudemonístico, revela que há uma faceta substancial inerente ao

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