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RELATÓRIO
Tatiana Maciel
Jacqueline Almeida de Moraes
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso de Bacharelado em Serviço Social (SES 0625/5) – Estágio I
10/06/2020
1. INTRODUÇÃO
Este relatório foi desenvolvido na intenção de demonstrar o tema da gestão de política da assistência social enquanto espaço de atuação profissional junto ao Serviço de Acolhimento infantil de 07 a 12 anos incompletos (SAI), com vistas a reconhecer esta área como meio de alcance da universalização de direitos e garantia de preservação da dignidade de crianças que precisam fazer uso dessa rede protetiva por motivos alheios à sua vontade, preservando uma perspectiva de inserção democrática. O Estágio I tem como critério a técnica da observação do agir de um Assistente Social em sua rotina funcional. A utilização das ferramentas para as demandas propostas, suas dificuldades no campo de atuação, identificação de desafios e possibilidades de intervenção frente as demandas profissionais, sua atuação enquanto gestor municipal da assistência social, as perspectivas e ações esperadas por esses profissionais e seus objetivos dentro das instituições em que buscam desvendar este campo de trabalho que requer um número cada vez maior de profissionais do serviço social, por conta de sua habilidade técnico-operativa dentre outras habilidades. 
O serviço social ganha notoriedade com a implantação da Tipificação dos Serviços Socioassistenciais, que descreve os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS) através de níveis de proteção e complexidade. A política de assistência social que materializa os direitos desse segmento prevê a intersetorialidade e o trabalho em rede, ou seja, a articulação entre políticas e seus serviços para atender as necessidades das famílias e dos seus membros. Rede essa, composta pelo sistema de garantia de direitos como Conselho Tutelar, Conselho de Direitos de Criança e Adolescentes, Judiciário, CREAS, CRAS, Ongs e outras entidades que prestam serviços de acolhimento institucional ou defesa de direitos do segmento. O trabalho em rede remete à interdicisplinaridade nos processos de trabalho das equipes, tanto das organizações governamentais como não governamentais, para garantir integralidade no atendimento, portanto, uma articulação de saberes e práticas, considerando os fatores que geram riscos sociais. 
2. RELATO E ANALISE DO PROCESSO DE TRABALHO
O Serviço de Acolhimento Infantil tem a missão de oferecer acolhimento provisório para as crianças de 07 a 12 anos incompletos, afastados do convívio familiar por meio de medidas protetivas de abrigo (ECA, art.101), em função de abandono ou cujas famílias ou responsáveis encontrem-se temporariamente impossibilitados de cumprir a função de cuidado e proteção, até que seja viabilizado o retorno ao convívio com família de origem ou, na sua impossibilidade, encaminhamento para família substituta.
Possibilitar uma nova inclusão social para as crianças e jovens significa, hoje, para a instituição, rever seu próprio lugar e analisar social e culturalmente o seu papel na rede de pertencimento à sociedade. Quando trabalhamos conjuntamente ao acolhimento e refletimos com os profissionais atuantes sobre a alta complexidade que envolve sua missão e sua identidade, dizer que “o acolhimento não deve existir” com ele existindo, cada vez mais cheio de crianças, é algo temeroso e perverso, pois o coloca num lugar de abandono, sem a estratégias de saída da problemática apresentada, impedindo a transformação dos assistidos e impossibilitando a reconstrução de um futuro. Antes da promulgação do Estatuo da Criança e do Adolescentes (ECA) em 1990, as instituições existentes para o acolhimento de crianças e adolescentes eram antigos orfanatos, educandários ou colégios internos, amparados pelo Código do Menor.
Durante décadas, essas instituições ficaram conhecidas como espaço de abandono, sendo isoladas da comunidade, atendendo muitas crianças ao mesmo tempo, até completarem 18 anos, inexistindo, portanto, um desenvolvimento garantidor de convivência familiar e comunitária.
O serviço de acolhimento para crianças e adolescentes deverá estruturar seu atendimento de acordo com os seguintes princípios:
· Excepcionalidade no afastamento do convívio familiar;
· Provisoriedade no afastamento do convívio familiar, ressaltando que a permanência por um período maior que dois anos na instituição só poderá ocorrer quando crianças e adolescentes não podem voltar a morar com seus pais ou extensão familiar (mesmo com fortes vínculos) ou quando órfãos (ou destituídos do poder da família), com perfil de difícil colocação em adoção;
· Preservação e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários;
· Garantia de acesso e respeito à diversidade e não discriminação;
· Oferta de atendimento personalizado e individualizado;
· Garantia de liberdade de crença e religião;
· Respeito à autonomia da criança, do adolescente e do jovem.
2.1 PROCESSO DE INSERÇÃO E ATIVIDADES REALIZADAS
No processo de inserção fui recepcionada pela Supervisora Local, a Assistente Social Adriana Souza da Conceição, registro no CRESS 7802, 1° Região, a qual apresentou-me aos setores da instituição, informando sua funcionalidade. Com o objetivo de pôr em prática o ensinamento teórico e metodológico absorvido em sala de aula, o Estágio I deveria me permitir acompanhar a rotina dos assistentes sociais junto às crianças acolhidas, a escolha do instrumental mais adequado, além da expansão de horizontes mas com a infeliz ocorrência da pandemia de COVID- 19, que nos obrigou a pausar essa etapa do curso de Bacharelado em Serviço Social, só tornou possível o acompanhamento de uns poucos atendimentos e técnicas utilizados por minha supervisora, que indicou a familiaridade com certos materiais de estudo, cabíveis ao profissional atuante nesse segmento, como:
Materiais de apoio;
Materiais áudio visuais: conforme Tipificação Nacional de Serviço Socioassistencial;
Artigos como: Diário Oficial da União, Conselho Nacional de Assistência (CNA), Orientação Técnica para o Serviço do Acolhimento, Provimento Conjunto 001/2019, Resolução n° 109 de 11/2009.
2.2 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE SUPERVISÃO
		
		Dentro do processo do estágio, a importância do estudo de pesquisas e avaliações traz a compreensão do quanto o assistente social da instituição deve manter-se atualizado sobre a legislação vigente, resoluções, qualquer modificação legal, uma vez que estamos em constante mudança, buscando melhor adaptação aos serviços prestados, além de formas mais humanizadas ao lidar com os usuários desta rede de proteção.
		Exercer a profissão Serviço Social é estar apto às dificuldades que serão enfrentadas conforme as demandas e objeções propostas. Mas ao analisar este campo de atuação o assistente social do acolhimento terá que se adaptar as seguintes atribuições: habilidade para trabalhar em equipe; empatia; capacidade de lidar com determinadas inconformidades; ter flexibilidade; ser articulado; ter estabilidade emocional para lidar com alguns processos conflituosos; capacidade de escutar; ser pro- ativo; criativo; ter disponibilidade afetiva – só assim será possível corresponder de forma coerente e humanizada aos assistidos dando a eles o que lhe é de direito.
		Nesse seguimento de trabalho é importante a concretização de tais comodidades dirigidas ao público- alvo – crianças que se encontram em situação de risco social-, ao mesmo tempo em que experimentam inúmeras contrariedades no contexto contemporâneo como crise econômica, política e fiscal que causam impacto nas políticas públicas desenvolvidas pelo aparato público como forma de satisfazer as necessidades dessa população, haja vista serem desenvolvidas sob contexto economista e neoliberal.
2.2.1 Auto- Avaliação
	 
	Como todo estudante que chega a esse estágio de seu curso, estava ansiosa por poder participar efetivamente da rotina de um Assistente Social: aprender a aplicabilidade de técnicas, a escolha de instrumentais, participar da acolhida às criançasrecém integradas, acompanhar quem já encontra- se em processo. Sou bastante atenta às informações transmitidas, procuro manter-me atualizada no tocante à legislação executada nesse e em outros espaços, sempre aberta ao aprendizado. Infelizmente, o tempo que interagi nessa instituição foi curto, mas apesar do pequeno período, foi o suficiente para perceber o quanto precisamos estar aptos para conseguirmos garantir a restauração de direitos e dignidade dessas crianças. 
2.2.2 Avaliação das Condições Institucionais
	
	A instituição Serviço de Acolhimento Infantil de 07 a 12 anos incompletos está pautada no Artigo 94 do ECA, o qual segue as devidas normatizações do artigo supra citado, oferecendo instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança, além de objetos necessários à higiene pessoal, vestuário e alimentação suficiente, adequados à faixa estaria das crianças atendidas. Cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos também são disponibilizados, além da escolarização e profissionalização, atividades culturais, esportivas e de lazer, atendimento personalizado em pequenas unidades e grupos reduzidos, favorecendo o convívio familiar e social, bem como a utilização dos equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local. 
	As regras de gestão e convivência deverão ser construídas de forma participativa e coletiva, a fim de assegurar a autonomia dos usuários, conforme seus perfis: preservar a identidade e ambiente de respeito para conservação da dignidade da criança; providência de documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não obtiverem, mantendo arquivos e anotações que datem a circunstância do atendimento, como nome da criança, filiação, responsável legal, parentes, endereço, sexo, idade, acompanhamento de formação, relação de pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e individualização do atendimento.
	Com características de residência, a instituição está inserida na comunidade em área residencial, oferecendo ambiente acolhedor e disposição institucional para atendimentos com padrões de dignidade para 10 crianças. Nessa unidade, é indicado que os educadores/cuidadores trabalhem em turnos fixos diários, a fim de garantir estabilidade das tarefas e rotinas diárias, referência e previsibilidade no contato com as crianças e adolescentes. Poderá contar com espaço específico para acolhimento imediato e emergencial, com profissionais preparados para receber a criança ou adolescente em qualquer horário do dia ou da noite, enquanto se realiza um estudo diagnóstico detalhado de cada situação para os encaminhamentos necessários.
	
2.2.3 Avaliação da Dinâmica De Supervisão
Chegando ao Serviço de Acolhimento Infantil de 07 a 12 anos incompletos, fui bem recebida por todos os servidores ali lotados, em especial a supervisora Adriana da Conceição, que buscou salientar as particularidades desse tipo de segmento através de conversas ao longo dos dias de estágio. Na primeira semana estudamos sobre a instituição, salientando as necessidades do mesmo, funcionalidade, modo de atuação frente às demandas, além da indicação dos materiais tais utilizados ao desempenhar o papel de interventor social. A interação supervisor/estagiário é fundamental na fixação de conhecimentos adquiridos em sala de aula e campo de prática, por isso é imprescindível o cumprimento das horas relativas a esse estágio do curso Bacharel em Serviço Social, nos transpondo à realidade dos vulneráveis e capacitando ao exercício de nossa função, tornando possível a transformação digna das vidas dos usuários. 
3. CONCLUSÃO
Foi possível identificar no espaço sócio-ocupacional da instituição de acolhimento um progresso tanto no entendimento da demanda da infância, quanto nas formas de enfrentamento e atendimento das crianças em situação de risco e vulnerabilidade social por parte dos profissionais de Serviço Social. Observou-se que as mudanças e os avanços na jurisprudência referente à infância, vêm sendo executadas de formas sucessivas, porém ainda não integral, pela prática de atendimento e trabalho em rede, posto que o contexto de restrição de gasto social e divisão de responsabilidades com a sociedade civil e com as famílias deixam as políticas da área em estado de incerteza e entrave, no que tange ao atendimento às demandas que se expressam pela falta de recurso financeiro, humano e material para tal concretização. O Serviço Social, enquanto processo de trabalho, pode contribuir para uma intervenção mais definitiva e transformadora da realidade social de crianças e adolescentes institucionalizados, assim como as demais problemáticas que circundam o seu campo de trabalho, em que o profissional deve acompanhar o movimento contemporâneo social e visualizar os novos espaços profissionais como possibilidades e estratégias de intervenção em uma dada realidade concreta.
REFERÊNCIAS
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 2018 ;
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_psicossocial_criancas_adolescentes_sus.pdf ;
http://www.mppr.mp.br/arquivos/File/OrientacoesTecnicasServicosdeAcolhimento0206 ;
https://www.mprs.mp.br/media/areas/infancia/arquivos/conanda_acolhimento.pdf 
http://www.sds.sc.gov.br/index.php/assistencia-social2/protecao-social-especial/alta-complexidade/servico-de-acolhimento-institucional
Orientações Técnicas no Serviço de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, 2009;
Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2014, reimpressão.

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