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Guia de Estudos da Unidade 3 - Educação das Relações Étnicos - Raciais

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Educação das Relações 
Étnico-raciais
UNIDADE 3
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EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
UNIDADE 3
PARA INíCIO DE CONvERSA
Olá, caro (a) aluno(a)!
Seja, mais uma vez, muito bem-vindo a nossa unidade III da disciplina de Educação nas Relações Étnico
-Raciais da sua graduação à distância – EAD, da UNINASSAU.
Antes de iniciar nossa terceira aula é importante lembrar que nos conteúdos anteriores falamos da le-
gislação das relações étnico-raciais e dos fatos da história mundial e brasileira que nos levou a debater 
e discutir os direitos humanos e as questões raciais. Também é importante ressaltar que esses e outros 
conteúdos estão contidos em seu BUP e que este é um material de estudo obrigatório.
Vamos então começar a nossa terceira aula? 
 
ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA
Neste ponto, vamos tratar de um dos assuntos que, acredito eu, é uma das mais belas partes de nosso 
conteúdo e também uma ferramenta riquíssima para se trabalhar as questões raciais em sala de aula e na 
sociedade. Trata-se da CULTURA AFRO-BRASILEIRA, ou seja, trata-se uma parte da cultura africana que 
foi fortemente incorporada à cultura brasileira e que traz um toque especial a nossa disciplina.
E exatamente, ao que me refiro? 
Prezado(a), neste momento iremos tratar da cultura africana no Brasil, danças, musicalidade, comidas e 
religião que tem o tempero e a beleza do continente africano. 
Lógico que todas essas características sofreram adaptações ao serem incorporadas ao dia a dia dos es-
cravos no Brasil, e também ao longo desses, mais de quinhentos anos de miscigenação racial, mas até 
hoje trazem os matizes africanos em cada um de seus detalhes.
Lembro, antes de iniciar a apresentação do conteúdo, que todos os textos e vídeos aqui indicados são de 
visualização ou leitura obrigatória e serão adotados como conteúdo em nossas avaliações. Desta forma, 
é essencial que esse material seja efetivamente lido e assistido por você, ok? 
Vamos começar? Mãos à obra!
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CULTURA AFRO-BRASILEIRA 
No Brasil temos uma população que contempla, desde o descobrimento das terras brasileiras pelos portu-
gueses e de sua consequente colonização, várias etnias, sendo essa diversidade um aspecto fundamental 
da formação do povo brasileiro e também, uma característica bastante relevante da formação dos diver-
sos aspectos de nossa população e da nossa cultura, que por sinal, é bastante rica em variantes, não é 
mesmo? 
Mais uma vez esclareço que, num país como o Brasil, formado pela mistura de vários povos, todos os as-
pectos da nossa cultura são essenciais para o estudo da disciplina Educação nas Relações Étnico-raciais. 
Cada um desses pedaços da história do nosso país é responsável por fazer do Brasil e de seu povo aquilo 
que ele realmente é, com todas as suas faces e nuances.
 
vISITE A PágINA
Para que você possa ter uma ideia do qual diversificada é a população brasileira, visite 
o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE:
PARA PESqUISAR
Neste site é possível encontrar muitas informações sobre a composição da população 
brasileira, de acordo com o censo de 2010, além de muitos dados sobre nossa história 
e cultura. É uma fonte bastante rica de informações. Visite, navegue, pesquise. Garanto 
que sempre que o faço acho uma informação interessante que me havia passado des-
percebida em uma visita anterior.
De acordo com o site do IBGE, no link indicado acima, a população brasileira se divide da seguinte ma-
neira:
Dos nossos 190 milhões de habitantes, 91 milhões se classificaram como brancos (47,7%), 15 milhões 
como pretos (7,6%), 82 milhões como pardos (43,1%), 2 milhões como amarelos (1,14%), e 817 mil como 
indígenas (0,4%) no Censo 2010. 
Nesse ponto ficam algumas dúvidas: apenas 15% da população de negros? E o que são pardos?
De um modo geral, define-se o pardo como sendo o indivíduo nascido de uma mistura de raças, sejam 
descendentes de brancos e negros, de brancos e índios ou de negros e índios. Para o Censo do IBGE, a 
definição de raça é de livre escolha e o entrevistado responde a essa pergunta livremente, sem que haja 
interferência do entrevistador. Então, podemos afirmar que, pelos dados apresentados acima, 51,1% da 
população se vê como negro, índio ou descendente da miscigenação entre branco, negro e índio.
http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/caracteristicas-da-populacao.html
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Realmente, é difícil identificar algum brasileiro que possa afirmar não ter nenhum antepassado negro, 
índio ou pardo, não acha querido(a) aluno(a)?
Então, da mesma forma que essas cores de pele se misturaram ao longo dos séculos, o mesmo aconteceu 
com as culturas desses povos, não é mesmo? E é através desta linha de raciocínio, vamos começar a falar 
de cultura africana no Brasil. 
Vamos em frente? Vamos iniciar nosso estudo?
CULTURA AFRICANA 
Definitivamente, os africanos trazidos para o Brasil transportaram consigo uma grande carga cultural: 
idiomas, vestimentas, religião, hábitos alimentares, danças, musicalidade; enfim, todos os costumes aos 
quais estavam habituados em sua terra natal. Tudo isso e mais um pouco, por assim dizer, foi trazido com 
eles em seus corações, pois não lhes era permitido ter muitos bens ou pertences. Muito pouco, ou quase 
nada, lhes era permitido ter, na verdade. 
Os negros uma vez desembarcados no Brasil eram separados dos demais componentes de suas tribos 
e, muitas vezes, colocados em senzalas, como eram chamados os alojamentos destinados aos escravos, 
com membros de tribos inimigas, vale lembrar que a África era um continente marcado por guerras in-
ternas e muita rivalidade entre as tribos ali existentes. Por isso, em muitos casos, os escravos africanos 
eram fornecidos aos portugueses pelos próprios líderes de tribos rivais, que firmavam acordos comerciais 
com os homens brancos e lhes vendiam os inimigos capturados durante os conflitos. Esse fato nos levou a 
ter uma grande diversidade de tribos africanas aportadas no Brasil, as quais vinham de diversas regiões, 
falavam idiomas diferentes e possuíam tradições distintas.
A mistura de tribos rivais na mesma senzala era uma tentativa dos senhores de escravos, de criar dificul-
dades para qualquer comunicação ou união que resultasse em um fortalecimento dos negros e, conse-
quentemente, em fugas ou revoltas. 
Contudo, apesar das diferenças entre as tribos e possíveis rivalidades, restava algo em comum a todos 
que servia de ponto de união, tratava-se da cultura, da religião, e de uma forte saudade de casa. Além 
disso, diferente do indígena, o africano não se curvava com facilidade à escravidão.
 
LEITURA COmPLEmENTAR
Uma breve descrição das senzalas pode ser encontrada no site História Brasileira, con-
forme o link a seguir:
http://www.historiabrasileira.com/escravidao-no-brasil/senzalas/
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vOCê SABIA?
Você sabe como os escravos eram tratados?
As senzalas em que viviam eram abafadas, com poucas janelas, em sua grande maioria, fechadas com 
grades. Tratava-se de ambientes desconfortáveis, com chão de barro, e que serviam de alojamento para 
uma grande quantidade de escravos, entre eles homens, mulheres e crianças. As senzalas não possuíam 
divisórias e os seus “moradores” eram obrigados a dormir no chão de terra batida ou no máximo coberto 
por palha embora, em alguns casos amarrados a ferros. Viviam de regras, nesses ambientes os homens 
ficavam separados das mulheres.
Uma vez adquiridos como “propriedade” dos senhores de escravos e “acomodados” nas conhecidas sen-
zalas, cabia aos africanos uma rotina de trabalhos forçados, com jornadas tão longas e condições tão 
extremas tinham reduzidas, a uma média de dez anos, a expectativa de vida no cativeiro. Outro fato re-
levante da transformação do negro em escravo é que, uma vez na colônia, eles eram levados a aprender 
o idioma do branco, convertidos ao catolicismo e batizados com nomes portugueses, ou seja, sofriam 
com a perda de suas raízes ao deixarem suas terras e, no Brasil, passavam por uma aculturação, pois ossenhores de escravo tentavam mudar suas identidades e costumes.
Mas, apesar de todas as adversidades que lhes foram impostas, os escravos conseguiram manter vivas 
suas culturas de origem, e com alguns subterfúgios conseguiram realizar suas práticas culturais e religio-
sas. Desta forma, dentre outras coisas, a música e a religião foram mantidas vivas na cultura afro-brasi-
leira e continuam presentes em nossa sociedade até os dias atuais.
Neste contexto, um dos principais aspectos da cultura africana que foi preservado desde o Brasil Colônia 
foi à religiosidade, trazida da África pelos escravos. 
É claro que cada grupo possuía suas próprias características dado a heterogeneidade de origens dos 
mesmos, mas apesar das diferenças de dialetos e das regiões de origem, os negros mantiveram-se fiéis 
a suas crenças e o culto as suas divindades prevaleceu mesmo na adversidade da vida nas senzalas. Da 
mesma maneira, suas danças e características musicais foram preservadas, claro que em muitas situa-
ções através do uso de vários subterfúgios, mas o importante é que os africanos conseguiram cultuar os 
seus deuses e suas danças, mantendo viva a chama de suas crenças e as suas características culturais.
1.1 Religiosidade Africana 
Saiba que em se tratando da religião, os africanos buscaram manter suas tradições, porém, como eles 
eram levados a adotar a religião católica assim que chegavam ao Brasil, houve uma mistura das religiões 
africanas com o catolicismo, essa mistura teve o nome de sincretismo religioso e foi fundamental para a 
sobrevivência da religião africana, pois através dele, em muitos momentos, foi possível aos negros man-
terem seus rituais ancestrais bem debaixo dos narizes dos senhores de escravo, ou melhor, bem debaixo 
dos altares católicos que eram montados nas senzalas. 
???
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Sabiamente, era ali, embaixo dos altares cristãos, que escondiam seus orixás e suas representações e 
também onde praticavam, no sigilo das senzalas, seus rituais de adoração aos deuses africanos.
 
 
gUARDE ESSA IDEIA!
Vale ressaltar que, nos navios negreiros, foram trazidos ao Brasil: reis, rainhas, prínci-
pes e princesas e, da mesma maneira, também desembarcaram no Brasil os sacerdotes 
africanos, um fator preponderante para que fosse possível dar continuidade as suas 
religiões e aos seus cultos dos seus orixás.
Sabiamente e através do sincretismo religioso, os negros conseguiram manter o culto a Ogum, associan-
do-o ao santo católico São Jorge. Iemanjá era cultuada no dia de Nossa Senhora da Conceição ou Nossa 
Senhora da Saúde e através de suas imagens. Oxum era representado por Nossa Senhora do Carmo, Iansã 
cultuada como Santa Bárbara e, nesse contexto, cada um dos orixás africanos que vieram ser cultuados 
no Brasil foi associado a um ou mais santos católicos.
 
É muito interessante saber que, diferente da religião católica, nas religiões africanas os deuses ou orixás 
são associados a forças da natureza.
ExEmPLO
Iemanjá é a deusa que representa as águas do mar, Oxum a fertilidade e as águas doces, Iansã aos ventos 
e as tempestades. Também na África seus cultos estavam associados a cidades ou regiões, tendo sido 
maior ou menor o culto a determinados orixás em função da região de onde foram trazidos os negros. 
Identificamos, na atualidade, orixás cujos cultos na África encontram-se praticamente extintos, mas que 
no Brasil é bastante abrangente. Esse fato acontece, pois, em meio às guerras entre tribos, a tribo per-
dedora foi praticamente extinta e enviada como escrava para o Brasil, não restando representantes na 
África em quantidade suficiente para perpetuar o culto ao orixá em questão. 
LEITURA COmPLEmENTAR
Um artigo a ser lido sobre o tema é “Africanos mantiveram cultos religiosos através do 
sincretismo”, que pode ser encontrado no seguinte link.
Nele é possível ver depoimentos dos descendentes dos escravos, que até hoje mantêm suas crenças e 
praticam sua religião naquele que é o primeiro quilombo urbano brasileiro a ter a área demarcada dentro 
de uma cidade, a comunidade Portão de Gelo, em Olinda, Pernambuco.
http://g1.globo.com/pernambuco/vestibular-e-educacao/noticia/2013/10/africanos-mantiveram-cultos-religiosos-atraves-do-sincretismo.html
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Como resultado da prática das religiões africanas no Brasil nasce, ainda nas senzalas, o Candomblé, que é 
a religião de matriz africana cultuada no Brasil até os dias atuais, e que se divide em nações cujos nomes 
são originários das regiões africanas de origem dos escravos aportados no Brasil. 
Aluno(a), segundo alguns pesquisadores das religiões de matriz africana no Brasil, existem duas possibi-
lidades para a origem da palavra Candomblé:
•	 A primeira possibilidade encontrada seria uma modificação fonética do nome dado a um tipo 
de instrumento musical utilizado pelos negros angolanos, chamado Candonbé;
•	 A outra possibilidade seria uma derivação da palavra Candonbidé, que pode ser traduzida como 
ato de louvar ou pedir por alguém. 
 
vISITE AS PágINAS
Há ainda, na literatura, uma terceira possibilidade de tradução do termo Candomblé, 
o qual segundo Carmen Prisco, no texto “As religiões de matriz africana e a escola”, 
teria como tradução “lugar de costume dos negros”. Esse texto pode ser acessado no 
seguinte link.
Entre as nações do Candomblé podem-se citar as Nações Nagô, Jeje, e Ketu, mas existem ainda outras 
que podem ser identificadas. 
Mais detalhes sobre o candomblé e sua formação, podem ser encontrados no site do 
Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia – IRDEB, localizado no link.
É importante ter em mente que como qualquer religião, o Candomblé possui suas cerimônias e rituais 
próprios, entre eles: a leitura de búzios, através dos quais os orixás “falam” com seus filhos, as oferendas 
de alimentos, os cânticos e as danças. É através desses rituais ancestrais que os filhos de santo se ligam 
aos seus orixás, prestam homenagens a estes e se graduam ao longo dos anos até passarem de filhos a 
pais de santo, em alguns casos.
vEjA O víDEO!
Para ter uma visão clara do que trata o candomblé, recomendo que seja assistido o 
documentário Candomblé: paz e fraternidade, fruto do trabalho de conclusão do curso 
de Comunicação Social da UNINASSAU, da aluna Mirella Lima, localizado no link, com 
duração de vinte e cinco minutos. Esse documentário é muito bonito e mostra vários de-
poimentos sobre o candomblé. É uma belíssima reunião de informações. Esclarecedor, 
e vale a pena ser assistido.
http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/11/As-religi%C3%B5es-de-matriz-africana-e-a-escola_apostila.pdf
http://www.irdeb.ba.gov.br/tamboresdaliberdade/?tag=nacoes-do-candomble
https://www.youtube.com/watch?v=yQ9avrXDDts
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Falando ainda sobre o candomblé, podemos afirmar que ele surge como religião em meados de 1830, 
quando três princesas africanas trazidas para o Brasil na condição de escravas, Iyá Dêtá, Iyá Kalá e Iyá 
Nassô, fundaram o primeiro terreiro de Candomblé, a princípio na Barroquinha em Salvador, e depois 
transferiram para o Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, onde existe até os dias de hoje. 
Em Pernambuco, a mais antiga casa de Candomblé, é o Ilê Obá Ogunté ou, como é mais conhecido, o Sítio 
de Pai Adão, que foi fundado por volta de 1875 pela africana Inês Joaquina da Costa. Essa é a mais antiga 
casa da nação Nagô do Estado de Pernambuco e foi tombada pelo Governo do Estado em 1985.
Essas e outras decisões de estabelecer terreiros em varoas cidades do Brasil, onde se pudesse manter 
vivo os cultos às religiões de matriz africana resultam na possibilidade real da preservação dos rituais, da 
maneira mais aproximada possível daquilo que se praticava na África.
 
vEjA OS víDEOS!
Outro documentário sobre o tema é o Casa de Santo, com cinquenta minutos de dura-
ção, que mostra a influência do povo africano e das religiões de matriz africana, apre-
sentando o registro das Nações de Candomblé situadas em Maragojipe, no Recôncavo 
Baiano. Disponível no link.
Caro(a) aluno(a),ainda tratando das questões ligadas ao Candomblé, um bom exemplo 
pode ser visto no documentário: reparação - cultura afrodescendente, de cinco minutos 
e onze segundos, localizado no link a seguir. Esse documentário retrata a criação do 
homem do ponto de vista da cultura africana, com base nas influências de seus deuses.
Outro texto que nos dá uma breve noção disso é raízes negras: cultura dos escravos contribuiu para a 
formação do Brasil, que pode ser lido no link. Nele você vai observar que da influência negra no Brasil 
surgiram às religiões de matriz africana, cultuadas até os dias atuais, e perceberá que de acordo com a 
localidade brasileira onde o Candomblé se desenvolveu ele também recebeu diferentes nomenclaturas, 
entre elas o xangô, em Pernambuco, o candomblé, na Bahia, a umbanda, no Rio de Janeiro e no sudeste 
do país.
Vamos falar um pouco sobre os orixás africanos?
Panteão Africano
No Candomblé, cada pessoa possui dois Orixás que respondem por ela, sendo um o principal, denominado 
o Orixá da Cabeça, e o outro, o segundo ou Ajuntó, que seria responsável de maneira mais sutil pelas 
características da pessoa. Esses orixás representariam a essência do filho de santo, sendo aquilo que se 
considera como a sua natureza e atribuindo-lhe características específicas de personalidade. 
https://www.youtube.com/watch?v=Ff-zu3wpVx8
https://www.youtube.com/watch?v=5MLbYkJMzvA
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/raizes-negras-cultura-dos-escravos-contribuiu-para-a-formacao-do-brasil.htm
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Alguns autores afirmam que na África existem cerca de 400 orixás diferentes, sendo 100 ligados a água, 
100 ao fogo, outros 100 vinculados ao vento e os demais 100 relativos ao elemento terra. No entanto, em 
minhas pesquisas, consegui identificar aproximadamente 20 orixás, os quais se encontram entre os mais 
cultuados no Brasil.
Cada orixá possui características próprias de personalidade e um elemento da natureza ao qual está 
vinculado, tendo também uma cor que o caracteriza e com as quais seus adeptos se vestem em sua ho-
menagem.
Outro fato relevante para o nosso estudo é que, semelhante ao que nos contam as mitologias gregas, 
romanas e egípcias, existem lendas que se aplicam a cada um dos orixás africanos. É uma mitologia be-
líssima e muito rica em detalhes, mas que carece de pesquisas mais detalhadas. 
Um dos principais pesquisadores sobre o assunto, e talvez o que mais publicou sobre o tema, foi o fotó-
grafo franco-brasileiro Pierre Verger.
 
vEjA O víDEO!
Para saber mais sobre as religiões de matriz africanas e a história desses fotografo 
francês, indico ainda que assista o documentário Pierre Fatumbi Verger - Um mensa-
geiro entre dois mundos, o qual conta a trajetória do em sua visita à África e iniciação 
aos rituais religiosos. O vídeo tem uma hora e meia de duração e pode ser acessado 
no link. 
 
vISITE A PágINA
Para conhecer mais sobre o Fatumbi, leia o artigo sobre ele na página.
Orixás Africanos 
Segue abaixo uma breve descrição sobre alguns dos deuses africanos. Existem muitos outros sobre os 
quais poderia escrever, mas acho que isso ficará para um segundo momento.
Comecemos então? 
Olodumaré - é o deus supremo na mitologia africana, a ele coube a criação dos orixás para que governas-
sem o mundo, servindo esses de intermediadores entre os seres humanos e Olodumaré.
Olodumaré mora no Orun que é o além, o infinito, e que normalmente é traduzido como céu por alguns 
pesquisadores, mas que, conhecendo-se a fundo a cultura africana e sua forma de culto aos seus deuses, 
pode-se considerar que está muito mais para ser embaixo da terra do que no céu como cultuado pelos 
católicos.
https://www.youtube.com/watch?v=FyS53WkYyYI
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Verger
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Exu - é sempre o primeiro orixá a ser cultuado, a ele cabe a missão de servir de mensageiro entre os ho-
mens e os outros orixás. Ele possui características bastante contraditórias é astuto, vaidoso, e por vezes 
irascível, mas também possui um lado bom, muitas vezes sendo prestativo e bondoso.
Segundo diversos autores, Exu possui mais características positivas do que negativas, podendo ser consi-
derado um orixá protetor. Cabe a ele a missão de guardar os templos, as casas e as pessoas. 
 
ANALISANDO
Conta à lenda que Exu fez com que Iemanjá, Oyá e Oxum brigassem, pois lhes deu a 
missão de vender, no mercado, uma cabra por 20 búzios, deixando-as ficar com metade 
do valor apurado. Contudo, as três perceberam que não havia forma de dividir igual-
mente os dez búzios em 3 partes. Discutiram muito para tentar achar uma solução, mas 
em cada situação apresentada, uma delas acabaria por receber um búzio a mais, e as 
demais não ficavam satisfeitas. 
Com o retorno de Exu elas entregaram a sua parte e lhe pediram para dividir igualmente a parte das três, 
ele então entregou 3 búzios a cada uma e enterrou na terra o décimo búzio, como oferenda para os ante-
passados, pois a estes sempre deveria ser atribuída uma parte dos frutos do trabalho. Lembrando-se da 
importância dos antepassados as três aceitaram a solução.
Ogum - é um orixá forte e corajoso, de caráter enérgico e pouca paciência, é um guerreiro audaz. É o orixá 
a quem se atribui o domínio da guerra, dos metais e do fogo e considerado o padroeiro dos ferreiros e de 
todas as profissões que fazem uso de metal e manejam ferramentas, inclusive mecânicos e motoristas.
ANALISANDO
Conta lenda que Ogum depois de muitos anos ausente resolveu visitar a cidade de 
seu filho. Chegando lá, encontrou a população em uma cerimônia em que não se podia 
falar por nenhum motivo. Como não foi saudado por ninguém, nem teve nenhuma de 
suas perguntas respondidas, além de estar com fome e sede, Ogum se enfureceu com 
o silêncio e passou a matar as pessoas próximas e quebrar as coisas ao seu redor, até 
que seu filho chegou e falou com ele oferecendo comida e bebida, acalmando o pai que 
se arrependeu do feito. 
Oxóssi - é o orixá das matas e um exímio caçador. Segundo a cultura africana ele teria sido irmão de 
Ogum, ou talvez filho. É reconhecido como o protetor dos caçadores. Seu culto encontra-se praticamente 
extinto na África, muito provavelmente devido ao fato do país de origem do seu culto ter sido devastado 
pelas tropas do Rei de Daomé, e sua população ter sido vendida como escravos.
No Brasil, talvez devido à vinda de seus iniciados para cá como escravos, é uma das divindades mais 
cultuadas.
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ANALISANDO
Conta à lenda que Exu, Ogum e Oxossi eram filhos de Iemanjá, Exu era indisciplinado 
e fora mandado embora por Iemanjá, Ogum cuidava da roça e Oxossi da caça, nunca 
faltando alimentos na casa. Mas, os sacerdotes recomendaram a Iemanjá que Oxossi 
não mais entrasse nas matas para caçar, pois poderia se encontrar com Ossain e ficar 
exposto aos feitiços desse orixá. 
Como Oxossi era muito independente não atendeu aos conselhos da mãe e continuou a adentrar nas 
matas para caçar, até o dia em que encontrou com Ossain. Este sendo detentor do domínio das ervas, o 
fez beber um poção que fez com que perdesse a memória e, não se lembrando de quem era ou de onde 
morava, Oxossi passou a viver nas profundezas da floresta com Ossain.
Ossain - é o orixá das profundezas das florestas e detém o conhecimento sobre do segredo de todas as er-
vas e, portanto, tem importância fundamental nos rituais do candomblé, uma vez que, não se faz nenhum 
ritual sem que Ossain esteja presente.
ANALISANDO
Conta à lenda que Ossain possuía o segredo de todas as ervas escondido em uma caba-
ça e que não os entregava a nenhum outro orixá, mas Xangô, que era esposo de Iansã 
queixou-se a sua mulher. Iansã que era a senhora dos ventos fez com que ventasse tão 
violentamente que a cabaça, que estava pendurada em um galho de uma arvore, caísse 
e se quebrasse, espalhando as ervas no chão de forma que os outros deuses pudessem 
pegar e dividir entre eles o conhecimento.
Xangô - teria sido rei da cidade de Oyo. É um orixá forte, viril e atrevido quedomina as pedreiras, os raios 
e trovões. Seu símbolo é um machado de duas lâminas e é considerado o deus da justiça, sendo respon-
sável por castigar bandidos e malfeitores, solucionando conflitos.
ANALISANDO
Conta à lenda que Xangô foi criado por Dadá, que o cobria de cuidados para que não se 
machucasse, até o dia em que Xangô caiu dentro de um fogão em brasas. Desesperada, 
Dadá se aproximou do fogão para socorrer Xangô que nada sofreu e estava a brincar 
com as brasas vivas, que não lhe causavam nenhum dano.
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Iansã - é também conhecida com Oya, a deusa dos ventos e das tempestades, mulher guerreira e de 
temperamento forte. Foi mulher de Ogum, mas fugiu para viver com Xangô. Oya é a senhora dos espíritos 
dos mortos, sendo o único orixá com poder de domina-los e encaminha-los para o outro mundo.
ANALISANDO
Conta à lenda que Oya-Iansã não conseguia engravidar, mas sua situação era devido 
ao fato da mesma ingerir uma comida que lhe era proibida, a carne de carneiro. Para 
tentar pôr fim a sua triste situação, Oya procurou um sacerdote que lhe revelou o erro 
de sua alimentação e a aconselhou a fazer oferendas para conseguir engravidar. Entre 
as oferendas, Oya entregou um pedaço de pano vermelho, que mais tarde foi utilizado 
para vestir os Egungus ou os espíritos dos mortos. Com essa oferenda e tendo parado 
de comer carne de carneiro Oya-Iansã teve nove filhos.
Oxum - é a deusa da fertilidade, das águas doces, dos rios e das cachoeiras. Seu nome vem de um rio 
que corta as terras de Ijexá e Ijebu na Nigéria. Foi a segunda mulher de Xangô, mas também foi mulher 
de Ogum e Oxossi. Oxum é considerada a mulher mais importante da cidade, usa joias de cobre e ouro 
e muitos adereços. As mulheres que desejam engravidar lhe fazem oferendas para conseguir o intento
ANALISANDO
Conta à lenda que quando os orixás chegaram a terra, começaram a fazer reuniões das 
quais as mulheres não podiam participar. Oxum não gostou nada dessa situação e se 
vingou fazendo com que as mulheres ficassem estéreis e as decisões dos outros deuses 
não obtivessem sucesso. 
Desesperados os deuses procuraram Olodumaré e explicaram a situação, mas este lhes perguntou se 
Oxum estava participando das reuniões e, ouvindo da resposta negativa, lhes disse que sem o poder de 
Oxum sobre a fecundidade nenhuma das ações teria resultado positivo. Os deuses então convidaram 
Oxum a participar de suas reuniões e toda a situação mudou.
Obá - possui uma única orelha e foi à terceira esposa de Xangô. É uma deusa muito forte e de personali-
dade guerreira, venceu na luta orixás com Oxalá, Xangô e Orunmilá, mas foi derrotada por Ogum que fez 
uma pasta de milho e quiabos e espalhou no chão tornando escorregadio o local onde aconteceria a luta. 
Durante a luta Obá se desequilibrou e caiu, sendo então derrotada por Ogum.
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ANALISANDO
Conta à lenda que havia uma grande rivalidade entre Oxum e Obá, ambas as esposas 
de Xangô. Oxum enganou Obá fazendo-a crer que havia cortado suas orelhas para pre-
parar uma refeição especial para Xangô. Vendo a saciedade e o deleite de Xangô com 
o prato servido, Obá decidiu cortar uma de suas orelhas e servir também para o marido. 
Percebendo o que havia acontecido Xangô não ficou enfurecido e as duas fugiram apa-
voradas, indo se transformar nos rios que levam seus nomes.
Iemanjá -é a deusa do mar, mãe por excelência e de grande sabedoria. Casada com Olofin, Iemanjá teve 
dez filhos, entre eles: Oxumaré e Xangô. É deusa que rege o equilíbrio familiar, responde também pelo 
equilíbrio emocional, é considerada o orixá que domina os males relativos à cabeça.
ANALISANDO
Conta à lenda que Iemanjá é filha de Olokum, divindade do oceano, e que foi casada 
com Olofin. Sentindo-se presa em Ifé, cidade de Olofin, Iemanjá foge e passa a ser per-
seguida pelo exército do marido. Para não ser pega pelos soldados de Olofin, Iemanjá 
quebra uma garrafa que lhe fora entregue por Olokum para um caso de emergência. 
Dessa garrafa, surge um rio de águas fortes que a levou novamente para o oceano. 
Oxumarê - é considerado o orixá de riqueza e representado pelo arco-íris que liga o céu e a terra. Controla, 
além das riquezas, a energia em movimento, a chuva, a fertilidade do solo e as colheitas. Possui dupla 
natureza sendo o feminino e o masculino, ou o macho e a fêmea.
 
ANALISANDO
Conta à lenda que tendo Oxumaré curado os olhos de Olodumaré, este o manteve vi-
vendo no Orun, permitindo a Oxumaré visitar a terra apenas de tempos em tempos, 
como o arco-íris. Nessas ocasiões, os homens são afortunados com situações de rique-
za e prosperidade.
Obaluaiê - é o orixá da cura, que vem combater as epidemias e doenças. Possui o corpo coberto de marcas 
de varíola e por isso, usa sempre um manto de palha da costa como forma de encobrir sua aparência.
 
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ANALISANDO
Conta à lenda que Obaluaiê brincava no jardim com sua mãe que o alertava para que 
não pisasse nas flores, mas ele era uma criança teimosa e não obedecia a sua mãe. 
De repente, a pele de Obaluaiê começou a ficar toda coberta de bolhas horríveis de 
varíola e ele desesperado pediu ajuda. Sua mãe lhe disse que aquilo era resultado de 
sua teimosia, mas que iria ajudá-lo. Então, ela pegou um punhado de pipoca e passou 
em seu corpo fazendo as feridas desaparecerem.
Nanã - é uma divindade muito antiga, sendo a sua imagem sempre vinculada à uma pessoa idosa, ou uma 
avó. É a deusa das águas paradas e lamacentas, como os pântanos e lagoas. 
ANALISANDO
Conta à lenda que havia um desentendimento antigo entre Nanã e Ogum, o qual era 
o senhor do metal e a quem todos referenciavam, e antes mesmo de comer pediam li-
cença a ele para usar uma faca ou colher. Mas, Nanã disse que não precisava de Ogum 
para nada e, por isso, nunca mais utilizou faca ou qualquer utensílio de metal. Desta 
forma, os seguidores de Nanã não se utilizam de metal para lhe fazer oferendas. 
Oxalá - é considerado o grande deus, a divindade responsável pela paz. Oxalá ou Orixalá utiliza o branco 
em suas vestimentas, não come sal ou azeite em suas refeições. O Oxalá foi dado a atribuição de criar o 
mundo e o homem.
ANALISANDO
Conta à lenda que Olodumaré atribuiu a Oxalá a criação do homem, então Oxalá fez 
uso de todos os elementos possíveis sem nenhum resultado satisfatório, até que Nanã 
saindo da profundeza de uma lagoa lhe perguntou o que ele estava fazendo e ofereceu 
a ele a lama do fundo da lagoa; material moldável como o qual Oxalá finalmente con-
seguiu moldar o homem.
Bem, finalizamos por aqui e espero que tenham apreciado os conteúdos aqui presentes. Recomendo que 
leiam atentamente o seu BUP e todas as indicações que fiz.
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Recomendo que leia e assista a cada um dos textos e vídeos indicados aqui, e que, além disso, leia os 
capítulos de seu livro texto que abordam o tema em pauta, pois todos esses materiais podem ser aborda-
dos em nossas avaliações. Recomendo também, que visite o Ambiente Virtual e realize as atividades ali 
propostas, os tutores estão a sua disposição para apoiá-lo nos estudos e tirar quaisquer dúvidas.
Não se esqueça de que os questionários e as atividades são imprescindíveis para seu bom rendimento no 
curso, além de terem caráter avaliativo! 
Até breve! Esperamos nos encontrar novamente na próxima unidade!

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