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Aula 04 - Cárie

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Cárie – princípios, aplicações clinicas e terapia preventiva
M. Eduarda – Odontologia 
Odontopediatria
Doença que atinge mais de 600 milhões de crianças. Muitas vezes não tradada. 
interfere na qualidade de vida da criança e da família. 
Os dentes possuem vasos sanguíneos que se comunicam com todo o corpo, podendo também disseminar bactérias. Sua disseminação pode causar problemas sistêmicos, inclusive levando a criança a óbito.
A cárie dentaria compartilha fatores de riscos comuns a outras doenças não transmissíveis (DNT) associadas com o consumo grande de açúcar, como doença cardiovascular, diabetes e obesidade. 
Declaração de Bangkok da IAPD
Em 2019, na capital de Bangkok houve uma grande reunião com a participação de profissionais do mundo todo. O objetivo desta declaração foi:
1. Obter apoio em todo o mundo para uma definição baseada em evidências e uma compreensão sobre as evidências em relação à etiologia, fatores de risco e intervenções para reduzir a cárie na Primeira Infância (CPI)
2. Elaboração de medidas preventivas colaborativas para diminuir esta doença crônica
3. Estabelecer uma mudança na nomenclatura da cárie. Antes chamada de cárie de mamadeira, rampante, avançada, ou cárie precoce da infância, agora com a classificação atual, chama-se cárie na primeira infância (CPI)
Recomendações da declaração de Bangkok para reduzir a prevalência e impacto de CPI
1. Conscientizar pais/cuidadores, dentistas, técnicos em saúde bucal, médicos, enfermeiras, profissionais da saúde e outros grupos interessados sobre CPI. 
2. Limitar o consumo de açúcar em alimentos e bebidas e evitar açúcares livres para crianças com menos de 2 anos de idade. 
3. Escovar os dentes de todas as crianças duas vezes por dia com pasta fluoretada (ao menos 1000 ppm) usando uma quantidade adequada de dentifrício. 
4. Prover orientações preventivas no primeiro ano de vida por um profissional da saúde ou agente comunitário de saúde (em conjunto com programas já existentes – p.ex. campanhas de vacinação – sempre que possível) e, idealmente, referir para um dentista para manutenção e cuidados preventivos.
Cárie na primeira infância – CPI
Cárie na Primeira Infância (CPI) é definida como a presença de uma ou mais superfícies cariadas (cavitada ou não cavitada), perdidas ou restauradas (devido à cárie) em qualquer dente decíduo de uma criança com menos de seis anos de idade. 
O processo da cárie não começa com a cavidade, e sim com desmineralização do esmalte, obtendo uma mancha branca ativa, progredindo assim para uma cavidade
Progressão rápida, frequentemente acomete os incisivos superiores com início no terço cervical. Podendo destruir toda a coroa
Algumas mães acham que seus filhos não possuem cárie porque não há cavidade nos dentes, e não conseguem diferenciar uma mancha branca nos dentes da criança
Cárie
1. É uma doença totalmente previnível e mais comum existente no mundo
2. É dinâmica multifatorial 
3. Determinada pelo consumo de açúcar 
4. Açúcar-biofilme-dependente: Mediada por bactérias do biofilme, resultando no desequilíbrio entre os processos de desmineralização e remineralizarão dos tecidos duros dentários 
5. A cárie dentária é determinada por fatores biológicos, comportamentais e psicossociais relacionados ao meio do indivíduo.
A prevenção e tratamento de CPI podem ser estruturados em três fases
1. Prevenção primária – inclui melhorar o conhecimento de pais limitando o consumo infantil de açucares e propiciando exposição diária ao flúor. 
2. Prevenção secundária – consiste no controle efetivo de lesões iniciais antes da cavitação, o que pode incluir aplicações mais frequentes de verniz fluoretado e aplicação de selantes de fissuras em molares suscetíveis. 
3. Prevenção terciária – inclui a paralisação de lesões cavitadas e tratamento operatório preservando a estrutura dentária (restauração) 
Higiene inadequada + Alimentação cariogênica, altera o ph bucal. Quanto maior a frequência da dieta cariogênica e maior intervalo de tempo sem controle biofilme, maior a desmineralização no esmalte (Lima, 2007).
Susceptibilidade a doença
1. Diferentes graus de risco a doença. Ex: uma criança consome muito doce, porém possui uma higienização muito boa
2. Período de susceptibilidade maior da criança de 2 a 4 anos
3. Oclusão dos molares
4. Características anatômicas: Ex: arco tipo 1 de Baume, com a transposição dos dentes na arcada de uma forma mais afastados e o tipo 2 com os dentes mais unidos, acumulando mais alimento e uma susceptibilidade maior
5. Alinhamento dental, apinhamento dificulta a higienização 
Saliva
Função – capacidade tampão, protetora, diluidora e neutralizadora dos ácidos 
Pacientes com ​ diminuição do fluxo saliva​r são mais susceptíveis ao desenvolvimento de carie. 
Causas da diminuição
1. Síndromes​ congênitas ou genéticas 
2. Radioterapia​ ou quimioterapia
3. Medicamentos​
4. Causas fisiológicas 
Capacidade tampão
Após a ingestão de sacarose, ocorre uma transformação química na boca, formando a glicólise que produz os ácidos presentes no biofilme 
Forma os íons de hidrogênio, modificando o ph bucal, tornando mais ácido e afetando o dente com o aparecimento de mancha branca 
A saliva começa a agir na proteção, realizando a manutenção do ph. A capacidade tampão atua para que os íons bicabornato + íons fosfato interfiram no processo de remineralização 
Ciclos des / remineralização 
O equilíbrio desse ciclo favorece a saúde bucal, evitando que o processo de desmineralização seja maior que a remineralização 
A frequente exposição e o tempo de contato dos ácidos bucais com a estrutura dental iniciam o processo carioso, ocorrendo de fato a cavitação 
Flora bucal 
Doença cárie – desequilíbrio da flora oral, com o crescimento dos microrganismos cariogênicos ​está associado ao biofilme
Streptococcus mutans​, microorganismo mais evidente, porém possui outros
Biofilme é uma comunidade de microrganismos incluídos em uma matriz de material extracelular, proveniente dos próprios microrganismos e do meio externo. ​
Implicações clinicas da carie
Ingestão frequente de sacarose, favorece os microrganismos cariogênicos, causando acidez do ph bucal com alteração da composição do biofilme e redução do fluxo salivar e reduzindo os fatores de proteção 
Co-leito + alta frequência – mães que dormem com os bebes e a mamada é frequente. O leite materno não possui açúcar, mas se a criança come outros alimentos, mistura com o leite materno irá ocorrer a fermentação. Misturando a composição do biofilme
O açúcar é a única causa da cárie dentaria, pois é fator inicial de todo processo. Porém para sua desenvoltura precisa de outros fatores. 
As bactérias e a produção de ácidos são consequência do consumo de açúcar. 
Quem oferta mais açúcar para as crianças
1. Mães com idade menor que 20 anos
2. Família não nucleares. Ex: horários distintos de alimentações da família, ou pais separados que mimam a criança como forma de agrado. 
3. Menor escolaridade materna 
4. Mãe tabagista ou etilistas
5. Bebê que não teve o aleitamento materno nas primeiras horas de vida
Chá é o liquido com mais açúcar, ofertados pelas mães para as crianças. Pois associam o chá como remédios para cólica por exemplo 
Biscoito doce, açúcares em outras bebidas
Consumo de açúcar associado a
Doença cardiovascular, diabetes tipo II, câncer e cárie dentaria. Se há histórico dessas doenças na familia, a chance da criança desenvolver é maior. 
Não oferecer doce a criança nos primerios dois anos de vida. 
	Cárie aguda
	Carie crônica
	Cor branca ou amarelada
	Cor escurecida (acastanhado, preto)
	Consistência amolecida
	Consistencia dura
	Dor, sensibilidade ao frio, doces e ácidos
	Sem sintomas
	Progressão rápida
	Progressão lenta, dentina escurecida
O Sistema Internacional de Avaliação e Detecção de Cáries - ICDAS
Mancha branca – aplicações de flúor, vernizes 
Cárie em esmalte – selamento cavitário 
Cárie em dentina – remoção seletiva do tecido cariado, proteção do complexo dentinho pulpar
Comprometimento do tecido pulpar –endodontia
Alimentação nos primeirosanos de vida
1. Aleitamento materno exclusivo 
2. Uso de leites industrializados, quando a mãe não consegue amamentar por diversos motivos
3. Introdução de novos alimentos coincide com o período de erupção dentaria, provocando o início do processo carioso
4. Regras dos mil dias: a formação do paladar da criança está se desenvolvendo, como ela não conhece o açúcar, se der um limão por exemplo, a mesma fará “caretas” mas continuará chupando, pois não conhecem o doce. 
Aplicações clinicas
Diagnóstico clínico e radiográfico 
Avaliação dos hábitos de higiene e alimentação 
Escolha adequada do material 
Aplicações de técnicas restauradoras
Remoção seletiva do tecido cariado 
Interação família – profissional – paciente
Visitas regulares de manutenção ao dentista
Sucesso no atendimento infantil 
Para que o profissional possa planejar o tratamento que será utilizado em cada caso deve ser feita uma avaliação da classificação da lesão, seja por sua localização, profundidade, evolução, sintomas, padrões estéticos e funcionais, dessa forma a escolha do material a ser utilizado deve sempre ser criteriosa e os mesmos sempre manipulados ou armazenados de forma correta e adequada, afim de que possamos ter um resultado final positivo.
Exames complementares auxiliam na obtenção de um correto diagnostico, planejamento do plano de tratamento e acompanhamento de controle do caso, resultando em um prognostico favorável. Observa-se tecidos duros (dentes) e ossos da face.

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