Buscar

Apostila_Sistemas_Hidrossanitarios_Predi

Prévia do material em texto

Rede de Ensino Doctum 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instalações Prediais I – Hidráulica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo 
Versão 4.0 
2º Sem./2019 
 
 
 
1 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Trabalho de Instalações Prediais II 
Horizontalidade com PA3 
 
Valor: XX ptos 
 
1. OBJETIVO 
O trabalho consiste na apresentação e desenvolvimento do Projeto Arquitetônico 
apresentado na disciplina de PA5 com caracterizações e detalhamentos dos atributos 
necessários ao desenvolvimento de Projeto de Sistemas Hidrossanitário Predial. 
 
2. DADOS PARA PROJETO 
 
- Pressão dinâmica medida pela concessionária local em frente ao imóvel: 12mca 
 
3. ITENS PRINCIPAIS A SEREM DESENVOLVIDOS 
- Locação e detalhamento de reservatórios superior e inferior (inferior para edificações 
com mais de 3 andares); 
- Locação e detalhamento de Shafts (dutos) (cozinha, banheiros, área de serviço e 
corredores de acesso); 
- Locação de central de gás liquefeito de petróleo (GLP); 
- Locação de área referente ao sistema de tratamento de água de piscina, se existir; 
- Locação e detalhamento de caixa de gordura; 
- Locação de caixas de inspeção de esgoto; 
- Locação de caixas de areia de águas pluviais; 
- Locação de sistema de aquecimento de água; 
- Locação de área para instalação de hidrômetros para medição individual; 
- Traçado dos subcoletores da rede de esgoto; 
- Traçado das tubulações horizontais da rede de águas pluviais; 
 
Poderão ser desenvolvidos outros itens referentes aos Sistemas Hidráulicos Prediais, os 
quais o aluno achar conveniente. 
 
4. PERÍODO DE REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES 
As atividades deverão ser realizadas paralelamente ao desenvolvimento do Projeto 
Arquitetônico. 
 
5. ELEMENTOS A SEREM ENTREGUES 
Deverão ser entregues em meio digital e impresso os seguintes elementos: 
- Memorial de Cálculo e Descritivo dos itens desenvolvidos e direcionados aos Sistemas 
Hidrossanitários Prediais, como também parte do memorial referente ao Projeto 
Arquitetônico apresentando os dados técnicos principais que interfiram com o 
desenvolvimento do projeto; 
- Projeto Arquitetônico com detalhamento dos itens desenvolvidos e direcionados aos 
Sistemas Hidrossanitários Prediais; 
 
 
2 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
6. DATA DE ENTREGA 
- A ser definida 
 
7. OBSERVAÇÕES FINAIS 
- Cada item desenvolvido representa um percentual do valor do trabalho, a não 
execução e especificação de algum item principal acarretará na eliminação da 
pontuação referente ao mesmo; 
- Capricho e organização são considerados na apresentação do trabalho. 
- Dúvidas entrar em contato pelo E-mail: liasalermo@gmail.com.br 
Bom Trabalho! 
Lia Soares Salermo 
Engenheira Civil, MSc. 
Juiz de Fora, 13/08/2019. 
 
A título de orientação é apresentado na tabela a seguir os itens avaliados. 
Trabalho de Hidráulica - Arquitetura e Urbanismo 
Nota: 
 
 Aluno: 
 MEMORIAL (Valor 23 ptos) 
 Item 
 
Valor Obtido 
Descrição do Edifício 
 Cálculo do Reservatório (volume e dimensões) 
 Cálculo das Caixas de Gordura (volume e dimensão) 
 Sistema de Shaft 
 Central de Gás 
 Tipo de aquecimento e locação 
 
 
Total 1 
 
 PROJETO (Valor 22 ptos) 
 Item Valor Obtido 
Locação de reservatórios superior e inferior (volume e dimensão) 
Locação de caixa de gordura (volume e dimensão) 
Locação de central de gás 
Locação de aquecimento de água 
Locação de Shaft 
Locação de tratamento de piscina 
Locação de caixa de inspeção de esgoto 
Locação de caixas de areia pluvial 
Locação de hidrômetro individual 
Trajetória subcoletores esgoto 
Trajetória condutores horizontais de água pluvial 
 
Total 2 
 
mailto:liasalermo@gmail.com.br�
 
3 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
1 AS INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E A ARQUITETURA 
Durante o processo de elaboração de uma proposta de um projeto, ou mesmo 
durante a sua execução propriamente dita, o profissional de Arquitetura se vê envolvido na 
necessidade de solução de diversas situações, entre as quais pode-se citar: estética, 
conforto térmico, conforto acústico, iluminação, ventilação, insolação, entre outros. 
O que se percebe na maior parte das vezes, talvez devido ao despreparo, ou 
mesmo por que a sua atenção não foi devidamente provocada, as necessidades da 
edificação ligadas aos sistemas prediais (instalações hidráulicas e sanitárias, instalações 
elétricas, ar condicionado central, utilização de recursos sustentáveis, previsões de 
atividades de manutenção predial, entre outros) são desenvolvidas de forma precária, ou 
inexistem. 
A previsão das necessidades dos usuários e da edificação como um todo no que diz 
respeito aos Sistemas Prediais é de suma importância. A sua falta ocasiona por diversas 
vezes interferências irreparáveis no produto final e por conseqüência a insatisfação do 
usuário. 
O que se vê freqüentemente é um acúmulo de falhas ocasionadas por uma série de 
eventos desenvolvidos durante o processo de projetos, ou até mesmo pela sua 
inexistência. 
São raras as vezes onde se verifica em obra a existência de um projeto 
arquitetônico acompanhado com todos os projetos necessários à edificação, geralmente 
prioriza-se os projetos de arquitetura e estrutural, existindo a visão errônea de que o 
profissional técnico executor (no caso o bombeiro hidráulico e o instalador elétrico) irão 
resolver de forma adequada a instalação dos respectivos sistemas diretamente na obra. 
Na maior parte das vezes esses profissionais são despreparados, não possuindo 
conhecimento técnico necessário e não é rara a verificação de improvisações que se 
tornam uma grande bomba relógio para a edificação e conseqüentemente para o usuário, 
ocasionando por diversas vezes danos materiais e pessoais irreparáveis. 
Somente para ilustrar o que foi comentado nos parágrafos anteriores é apresentado 
um exemplo que aglutina várias ocorrências referentes às instalações hidráulicas sanitárias 
que são freqüentes em nossas edificações e possivelmente você já deve ter passado por 
alguma dessas experiências. 
Você como Arquiteto(a) foi contratado(a) para executar uma edificação de alto luxo 
em um condomínio fechado, também de alto luxo. O proprietário deu a liberdade para você 
extrapolar a sua imaginação, é a obra dos seus sonhos. Você pensou em tudo, na suíte 
máster, localizada no segundo pavimento você planejou “aquele” banheiro, com o melhor 
acabamento e com todas as possibilidades de decoração e conforto. É lógico que você 
enviou o projeto para o projetista estrutural e ele executou minuciosamente o projeto, as 
vigas e pilares não interferindo com as paredes, os maiores vãos, etc... Você não viu 
necessidade de execução de projeto hidro-sanitário, pois a edificação, mesmo sendo de 
alto-luxo não é uma edificação de grandes proporções o que não justificaria a execução 
deste projeto, desta forma você contratou um bombeiro hidráulico de sua confiança para a 
execução das instalações. Tudo preparado, as obras começaram. 
 
 
 
4 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Durante a obra: 
1. Não houve previsão da rede coletora de esgoto e águas pluviais, a locação das 
caixas de inspeção, gordura, passagem e areia, foram locadas onde você 
havia imaginado um paisagismo maravilhoso; 
2. A inclinação do terreno não é suficiente para a conexão com a rede pública, ou 
você bombeia o esgoto para a rede ou será necessária a passagem pelo 
terreno do vizinho localizado aos fundos e em nível inferior, o problema é que a 
obra dele também é de alto luxo e já está pronta; 
3. As áreas dos ambientes molhados foram definidas de forma precisa para os 
móveis e utensílios, não foram deixadas área específicas para a passagem das 
tubulações, principalmente as de esgoto,terão que passar ou por fora da 
edificação ou serão desenvolvidos os famosos “dentes”; 
4. O banheiro da suíte máster localiza-se sobre o salão do primeiro pavimento, 
exatamente sobre a área central do salão, aquela área mais valorizada da 
casa, onde você imaginou um mini cinema, uma área de leitura, enfim, 
extrapolou a sua imaginação. Novamente houve um pequeno problema, onde 
será passada a tubulação de esgoto? Aí vai mais uma solução que vai acabar, 
ou no mínimo tirar o glamour do seu salão, que tal um dentinho horizontal? 
5. Chegou a hora da instalação da caixa de água, você imaginou um telhado, de 
baixa altura, a solução é colocar um reservatório de 1000 de pequena altura, é 
o único que cabe no local, rente à laje de forro, ele terá que ser locado fora da 
região onde se concentra a área molhada, já que é o local onde o telhado é 
mais alto. 
6. A instalação foi executada toda para a utilização de água fria aquecida com 
chuveiro elétrico nos banheiros. 
Durante a utilização: 
1. O usuário ficou insatisfeito com o jardim; 
2. Não foi executada obra de drenagem sob a edificação, as paredes ficam 
constantemente úmidas principalmente as térreas próximas do piso 
(Capilaridade); 
3. A pressão do chuveiro, principalmente o da suíte máster é baixa, o banho é 
pingado e por isso o chuveiro elétrico queima direto. Quando se usa os 
aparelhos do banheiro da suíte quem está no salão ouve, além do que existe 
uma “viga” horrível que corta o salão de fora a fora, o banheiro com melhor 
vazão é o da empregada, que fica lá no subsolo; 
4. Houve dois vazamentos de água potável dentro da edificação, um na suíte 
máster e outro na cozinha, o problema é que não havia o projeto hidráulico e o 
local de afloramento dos vazamentos na parede não havia passagem de nenhum 
tubo, o quebra-quebra foi generalizado, o acabamento maravilhoso que você 
escolheu foi se acabando rapidamente através das marretadas. A edificação 
como um todo ficou sem água, já que não havia registros de interrupção por 
ambiente somente na saída da caixa de água, que por sua vez tinha o acesso 
super difícil e não existia um alçapão para alcançá-la, houve a necessidade de 
se tirar umas telhas cerâmicas, quebrar umas ripinhas aqui e outra ali, até 
chegar ao reservatório e fechar o registro. 
 
5 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
5. Houve um vazamento de esgoto, por questão de economia o seu encanador te 
falou que poderiam ser executadas curvas e bolsas na tubulação de esgoto com 
fogo, adivinha onde foi o vazamento de esgoto, lógico, na sua suíte máster, 
aquela situação, a formação de uma mancha esverdeada, com alguns 
funguinhos, surgindo no forro do seu salão, novo quebra-quebra, agora 
envolvendo o salão. 
6. Outra coisa insuportável é o odor proveniente dos banheiros, o proprietário já fez 
de tudo, a última tentativa foi a colocação de um plástico na tampinha da caixa 
sifonada, ninguém agüenta permanecer no ambiente durante muito tempo, é um 
banho rápido e olhe lá. 
7. E os entupimentos, nem se fala, é o tempo todo, a pia da cozinha entope, a 
bacia sanitária quando vai dar a descarga a água sobe tanto que parece que vai 
transbordar, o ralinho do chuveiro não consegue absorver toda a água ficando 
aquela piscininha de água suja acumulada no box. 
8. Depois de uns três anos, os moradores observaram que a água estava saindo 
dos aparelhos com uma cor um tanto que amarelada e com um odor ruim, o 
tempo foi passando e a situação piorou, nem os filtros colocados estavam 
agüentando, foi quando resolveram fazer uma limpeza no reservatório, novo 
quebra-quebra de telhas e ripas, foi encontrada muita sujeira sob a cobertura e 
uma fresta na tampa do reservatório, ao abrir o reservatório encontram no seu 
interior de tudo, sapo, pomba, salamandra, e o fundo do reservatório estava 
encoberto por uma camada verde esponjosa, a limpeza foi bastante difícil, já que 
não existia tubulação de limpeza do reservatório e a altura da cobertura não 
permitia a permanência dos trabalhadores no local, além do incrível abafamento. 
9. Por se localizar fora da região urbana o loteamento não possui abastecimento 
permanente através da rede urbana, o volume disponibilizado pelo reservatório 
não é suficiente o que ocasiona freqüente falta de água na edificação. A solução 
foi a execução de um novo reservatório externo apoiado em uma torre. 
Conclusão: 
O proprietário ficou extremamente insatisfeito com a obra, devido aos constantes 
problemas na edificação houve muita briga com a esposa, os dois separaram, ambos se 
mudaram da casa, não conseguiram muito dinheiro em sua venda, e os novos proprietários 
já pensam em se livrar logo dela. O bombeiro hidráulico que fez a obra para você sumiu, 
sem dar satisfações, e conversando com uns conhecidos você ficou sabendo que ele não 
era bombeiro hidráulico, antes de você contratá-lo ele era servente de pedreiro. 
Na página seguinte são apresentados exemplos de instalações executadas de 
maneira inadequada, as quais ocasionaram danos aos proprietários dos imóveis. 
 
 
6 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Foto 1: Conexão unida por meio de bolsa executada 
com fogo e “Durepox” 
Foto 2: Fixação de tubulação de esgoto por meio de 
cadarço de tênis em tubulação de diâmetro inferior 
 
Foto 3: Afloramento de esgoto proveniente de 
vazamento de esgoto em imóvel em nível superior 
Foto 4: Execução inapropriada de instalação de 
caixa sifonada utilizando sifões flexíveis, 
ocasionando vazamentos e entupimentos 
 
Foto 5: Concentração de tubulações sobrepostas executando mudança de direção com fogo, esta foi a 
correção executada pelo técnico, anteriormente, houve erosão no terreno ocasionada por vazamento de 
esgoto, ocasionando pequeno recalque diferencial na estrutura da edificação 
 
 
7 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
2 HISTÓRIA DAS INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS 
As instalações sanitárias prediais, com os modernos recursos de privacidade, água 
corrente, água quente, sem odores é um conceito relativamente moderno e bastante ligado 
ao aumento geral do poder aquisitivo da sociedade. 
Entretanto os cuidados com o corpo e os conceitos de saneamento como pré-
requisitos para higiene e saúde, associados às idéias de conforto estão ligados a algumas 
sociedades muito antigas. Mas, como tanto outros aspectos da ciência, a higiene das 
habitações e dos costumes sofrem uma repressão na Idade Média, para retomada nos 
séculos XVIII e XIX. Pode-se dizer que a história das instalações prediais apenas se inicia 
na segunda metade do século passado, contando, portanto, com cerca de 140 anos. 
2.1 AS INSTALAÇÕES ANTIGAS 
Nossos conhecimentos sobre instalações prediais na Antiguidade é um 
conhecimento obtido quase que exclusivamente através de arqueologia. Poucos são os 
documentos escritos que revelam o conhecimento e o uso que faziam nossos 
antepassados. 
Entre outros exemplos pode-se citar: 
• No vale do rio Indus, na Índia, foram encontradas as ruínas de um sistema de 
instalações existente de 3.000 a 6.000 anos atrás, as quais se revelaram de 
grande qualidade; 
• No Egito foram encontrados tubos de cobre enterrados para a condução e 
retirada da água de banheiros no palácio do Faraó; 
• Na cidade de Kish, próximo ao rio Eufrates foram encontrados restos de 
tubulações de cerâmica e piscinas, estas instalações datavam 
aproximadamente de 4.500 aC; 
• A Babilônia era dotada de uma rede de dutos para escoamento de esgoto, e 
que por sua vez, possuía poços de inspeção; 
Apesar dos exemplos apresentados anteriormente, deve-se destacar que estes 
sistemas e dispositivos eram apenas reservados aos reis, sacerdotes e corte. Fora deste 
grupo a população vivia miseravelmente, salvo uma ou outra sociedade mais rica, a 
população vivia em precárias condições de saúde. 
Os eventos históricos ligados à instalaçõeshidráulico-sanitárias no Brasil evoluíram 
a partir da formação dos núcleos habitacionais, dentre os quais pode-se citar: 
Tabela 1
Evento 
: Eventos históricos no Brasil 
Ano Cidade 
Primeiro Sistema de abastecimento de água 1723 Rio de Janeiro – RJ 
Primeira cidade com rede de esgotos 1864 Rio de Janeiro – RJ 
Primeira hidrelétrica (para mineração) 1883 Diamantina – MG 
Primeira hidrelétrica (para abastecimento público) 1889 Juiz de Fora – MG 
 
 
8 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
2.2 AS BACIAS SANITÁRIAS 
A bacia sanitária é, sem dúvida, o aparelho sanitário mais importante de um 
banheiro. As soluções mais antigas para esse aparelho se constituem de um móvel de 
madeira, na forma de uma poltrona ou um trono, por vezes luxuosamente trabalhados. Na 
parte interna destes móveis um recipiente recolhia os dejetos. 
A fim de reduzir os odores do ambiente e facilitar a posterior remoção, evitando que 
eles aderissem às paredes, o recipiente era parcialmente cheio com água. Esse princípio 
de manter uma porção de água manteve-se nos aparelhos automatizados que se 
seguiram. Não possuíam, no começo, um sentido de sifão, mas logo se percebeu essa 
importância também. 
À medida que o sistema público de distribuição de água se expande e passa a 
atingir mais casas, novos sanitários passam a ser inventados. O fato de se dispor 
de “água corrente” sugere aos inventores que, em vez de recolherem os vasos 
camuflados pelos “tronos”, era preferível pensar num tipo de vaso cujo fundo se abrisse 
para lançar num tubo de esgoto a água com os dejetos e, em seguida, se fechasse 
novamente para receber mais um pouco de água e restabelecer as condições de uso. 
Em 1852, houve uma introdução do conceito de desempenho a partir da exigência 
por parte da Board Health of Englad dos seguintes requisitos: 
1. limpeza para remoção completa de dejetos; 
2. o melhor sifão para evitar o retorno de odores do sistema geral do esgoto; 
3. consumo da menor quantidade de água possível para uma perfeita lavagem e 
manutenção do sifão; 
4. durabilidade ou garantia contra: 
a. quebra em conseqüência do congelamento; 
b. desarranjo da parte mecânica; 
c. quebra quando bem usado; 
d. entupimento. 
5. fácil manutenção; 
6. barato quando produzido em larga escala. 
2.3 A ARQUITETURA E OS BANHEIROS 
Logicamente, a arquitetura locava os banheiros e as peças sanitárias conforme os 
costumes e os recursos tecnológicos de então. A medida que a higiene começa a 
preocupar a sociedade, os arquitetos passaram a locar os banheiros em situações tais que 
não causassem tantos incômodos, ou em projeções quase independentes do bloco 
principal ou totalmente independentes. 
A evolução técnica possibilitou incorporar o banheiro ao edifício e, já no início do 
século XX, constituía-se ele num ambiente de orgulho de proprietários, que podiam revelar 
o seu “status”. Surge também por esta ocasião a preocupação com o banheiro funcional, 
compacto, aparelhos padronizados e ergonômicos. 
 
 
 
 
 
 
9 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Figura 1: Bacia sanitária com depósito 
 
Figura 2: Bacia sanitária com móvel decorado 
 
Figura 3: Bacia sanitária com recipiente de água 
 
 
Figura 4: Bacia sanitária Bramah (valve closet) 
 
10 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
3 CONCEITOS BÁSICOS DE HIDRÁULICA 
3.1 HIDRÁULICA 
O significado etimológico da palavra Hidráulica é “condução de água” (do grego hydor, 
água e aulos, tubo, condução). Entretanto, atualmente, empresta-se ao termo Hidráulica um 
significado muito mais amplo: é o estudo do comportamento da água e de outros líquidos, 
quer em repouso, quer em movimento. 
 
Figura 5: Origem da palavra hidráulica 
Fonte: IHAR Bulletin, 1997. 
 A Hidráulica pode ser assim dividida: 
• Hidráulica Geral ou Teórica 
o Hidrostática; 
o Hidrocinemática; 
o Hidrodinâmica; 
• Hidráulica Aplicada ou Hidrotécnica. 
A Hidráulica Aplicada ou Hidrotécnica é a aplicação concreta ou prática dos 
conhecimentos científicos da Mecânica dos Fluidos e da observação criteriosa dos fenômenos 
relacionados à água, quer parada, quer em movimento. 
As áreas de atuação da Hidráulica Aplicada ou Hidrotécnica são: 
• Urbana: Sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem 
pluvial e canais; 
• Rural: Sistemas de drenagem, irrigação e de água potável e esgoto; 
• Instalações prediais: industriais, comerciais, residenciais, públicas; 
• Lazer e paisagismo; 
• Estradas (drenagem); 
 
11 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
• Defesa contra inundações; 
• Geração de energia; 
• Navegação e obras marítimas e fluviais 
Desta forma é verificado a empregabilidade da hidráulica em diversos ramos do 
conhecimento da Arquitetura e Engenharias diversas, entretanto, dentro desta disciplina 
iremos nos ater às instalações prediais, o que, por si só já absorve inúmeros conceitos e 
aplicações distintas. 
3.2 PROPRIEDADES DOS FLUIDOS 
Fluidos são substâncias ou corpos cujas moléculas ou partículas têm a propriedade de 
se mover, uma em relação às outras, sob a ação de forças de mínima grandeza, não 
possuindo forma própria, assumem o formato do recipiente que os comporta. Sendo 
subdivididos em líquidos e gases. 
• Líquidos: têm a superfície livre, e uma massa em temperatura uniforme ocupa 
um determinado recipiente assumindo a sua forma. 
• Gases: quando colocados em um determinado recipiente, ocupam todo o volume 
independente de sua massa ou do tamanho do recipiente. Os gases são 
altamente compressíveis e de pequena densidade, relativamente aos líquidos; 
3.3 FORÇA 
São interações entre corpos causando variações no seu estado de movimento ou 
deformação. 
Assim, como expressamos as medidas de comprimento em metros, a de tempo em 
horas ou a de volume em m³, dizemos que as forças podem ser medidas em quilograma-
força ou kgf. 
3.4 PRESSÃO 
É muito comum confundir-se pressão com força. A pressão, no entanto, leva em conta 
não só a força como também a área em que ela atua. Pressão é a força dividida pela área. 
Área
Forçaessão =Pr 
Exemplo
Isto depende da área de apoio do bloco sobre o solo. 
: Tomemos um bloco medindo 10 cm x 10 cm x 50 cm que pesa 50 kgf. Qual a 
pressão que ele exerce sobre o solo? 
Veja as duas possibilidades abaixo. 
 
12 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Força: 50kgf 
Área: 10x10=100cm² 
Pressão
50/100 = 0,5kgf/cm² 
: 
 
Força: 50kgf 
Área: 10x50=500cm² 
Pressão
50/500 = 0,1kgf/cm² 
: 
3.5 PRESSÃO EM HIDRÁULICA 
A pressão que a água exerce sobre uma superfície qualquer, só depende da altura do 
nível da água até a sua superfície. É o mesmo que dizer: a pressão não depende do volume 
de água contido no tubo. 
A pressão não depende da forma do recipiente, ou seja, níveis iguais, originam 
pressões iguais. 
Para os nosso estudos, será utilizado como fluido base a água, cujo peso específico é 
1000kgf/m³. 
Veja os exemplos abaixo. Vamos calcular a pressão exercida pela água sobre o fundo 
dos reservatórios. 
 
Volume: 1x1x1 =1m³ 
Força: 
1x1.000 = 1.000kgf 
Área: 1x1 = 1m² 
Pressão
1.000 kgf/m² 
: 1.000/1 = 
 
Volume: 1x1x2 =2m³ 
Força: 
 2x1.000 = 2.000kgf 
Área: 1x2 = 2m² 
Pressão
1.000 kgf/m² 
: 2.000/2 = 
 
Volume: 2x1x1 =2m³ 
Força: 
2x1.000 = 2.000kgf 
Área: 1x1 = 1m² 
Pressão
2.000 kgf/m² 
: 2.000/1 = 
 
Volume: 4x1x1 =4m³ 
Força: 
4x1.000 = 4.000kgf 
Área: 1x1 = 1m² 
Pressão
4.000 kgf/m² 
: 4.000/1 = 
Comparando-se a altura dos reservatórios com a pressão, pode-se observar que a 
pressão não depende da área, mas somente da altura do reservatório, ou seja, a pressão é 
proporcional aos METROS DE COLUNA DE ÁGUA (mca). Nos exemplos anteriores temos: 
 
13 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Alturado 
Reservatório (m) Pressão (kgf/m²) Pressão (mca) 
1 1.000 1 
2 2.000 2 
4 4.000 4 
Uma vez que as pressões dependem somente de altura da coluna de líquido, pode-se 
concluir facilmente que as pressões em qualquer ponto no interior do líquido não dependem 
do formato ou do volume do reservatório. Por exemplo: 
 
Figura 6: Pressão x Forma do Recipiente 
1kgf/cm² = 10 m.c.a. = 98.100 Pa (Pascal) 
3.6 VAZÃO 
Vazão é a quantidade de líquido que passa através de uma seção por unidade de 
tempo. A quantidade de líquido pode ser medida em unidades de massa, de peso ou de 
volume, sendo estas últimas as mais utilizadas. 
tempo
volumeVazão = 
Por isso as unidades mais usuais indicam VOLUME POR UNIDADE DE TEMPO: 
• m³/h  metros cúbicos por hora; 
• l/h  litros por hora; 
• l/min  litros por minuto; 
• l/s  litros por segundo. 
3.7 VELOCIDADE 
O termo velocidade, em hidráulica, normalmente refere-se à velocidade média de 
escoamento através de uma seção. Ela pode ser determinada dividindo-se a vazão pela área 
da seção considerada. 
área
vazãoVelocidade = 
 
14 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
As unidades usuais de medida indicam DISTÂNCIA POR UNIDADE DE TEMPO: 
• m/min  metros por minuto; 
• m/s  metros por segundo. 
3.8 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA NO CASO DE ESCOAMENTO DE ÁGUA NA TUBULAÇÃO 
(PERDA DE CARGA) 
Consideremos uma tubulação qualquer onde esteja ocorrendo escoamento de água de 
1 para 2: 
 
Figura 7: Trajetória do líquido 
A energia total da água em qualquer seção da tubulação é composta por: 
• energia potencial da posição (altura geométrica); 
• energia potencial da pressão interna; 
• energia cinética da velocidade de escoamento; 
Se não houvesse perdas, aplicando-se a lei da conservação da energia concluir-se-ia 
que o valor da energia total é o mesmo em todas as seções da tubulação. Mas existem 
perdas, causadas basicamente pelo atrito da água contra a tubulação e pelos choques que 
ocorrem por causa da turbulência e das mudanças bruscas de direção do escoamento. A 
energia assim dissipada é chamada de PERDA DE CARGA. 
 
 
Figura 8: Tubo Liso = Pequenos 
Atritos e Choques 
 
Figura 9: Tubo Rugoso = Grades 
Atritos e Choques 
 
Figura 10: Atrito entre as partículas 
 
 
15 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Assim, observando-se a Figura 7: Trajetória do líquido, o que se pode afirmar é que: 
A ENERGIA TOTAL NA SEÇÃO 2 É IGUAL À ENERGIA TOTAL NA SEÇÃO 1 DIMINUÍDA 
DA PERDA DE CARGA ENTRE 1 E 2. 
3.9 EQUAÇÃO DE BERNOULLI – ALTURA MANOMÉTRICA TOTAL 
Bernoulli demonstrou que a energia total específica (por unidade de peso) em qualquer 
seção pode ser expressa em termos de alturas de coluna de água, ou seja: 
• a energia potencial da posição como 
ALTURA GEOMÉTRICA = COTA EM RELAÇÃO A UM PLANO DE REFERÊNCIA 
• a energia potencial da pressão interna como 
ALTURA PIEZOMÉTRICA = PRESSÃO EXPRESSA EM METROS DE COLUNA DE ÁGUA 
• a energia cinética da velocidade de escoamento como 
ALTURA DINÂMICA= VELOCIDADE
2 
2 x ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE 
 
Podendo-se adotar para valor de aceleração da gravidade: 9,81 m / s² 
A energia total específica, que é a soma das três parcelas, é chamada de ALTURA 
MANOMÉTRICA TOTAL. 
ALTURA MANOMÉTRICA = ALTURA GEOMÉTRICA + ALTURA PIEZOMÉTRICA + ALTURA 
DINÂMICA 
Veja como podemos representar essas energias e a perda de carga na tubulação: 
 
Figura 11: Perda de carga na trajetória do líquido 
 
 
16 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Observe a figura abaixo e responda: 
 
1. Supondo-se que o registro esteja fechado, em qual nível que estará a água no tubo 1? 
( ) A ( ) B ( ) C 
2. Abrindo-se o registro, o nível da água irá para qual ponto no tubo1 
 ( ) A ( ) B ( ) C 
3. Se diminuirmos o diâmetro do tubo ED, a pressão no ponto D irá aumentar ou diminuir? 
 
 
Desta forma temos: 
 Maiores comprimentos de tubos 
 
M
ai
s 
A
tri
to
s 
e 
C
ho
qu
es
 
 
M
ai
s 
pe
rd
as
 
de
 C
ar
ga
 
 
M
en
or
 
P
re
ss
ão
 
 Maior número de conexões 
 Tubos mais rugosos 
 Menores diâmetros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
4 REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA, COLETA DE ESGOTO E 
COLETA DE ÁGUA PLUVIAL 
 
Figura 1: Rede de Distribuição de água e Coleta de Esgoto 
4.1 SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA 
4.1.1 CONCEITO 
Define-se por sistema de abastecimento de água o conjunto de obras, equipamentos e 
serviços destinados ao abastecimento de água potável a uma comunidade para fins de 
consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros usos. Essa água fornecida 
pelo sistema deverá ser, em quantidade suficiente e da melhor qualidade, do ponto de vista 
físico, químico e bacteriológico. 
4.1.2 UNIDADES DO SISTEMA 
Um sistema de abastecimento público de água compreende diversas unidades, a 
saber: 
a. Manaciais: podem ser subterrâneos ou superficiais. Suas água deverão atender requisitos 
mínimos no que tange à qualidade no ponto de vista físico, químico, biológico e 
bacteriológico, assim como no que diz respeito aos aspectos quantitativos (capacidade de 
suprir a demanda por um período razoável) 
b. Captação: 
 
18 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
• Subterrânea: pode ser obtida através de fontes, bicas, lençóis freáticos 
superficiais, lençóis freáticos profundos ou artesianos; 
• Superficial: pode ser obtida através de córregos, rios, lagos e reservatórios 
artificialmente criados. 
c. Adução: são as canalizações principais destinadas a conduzir água entre as unidades de 
um sistema público de abastecimento que antecedem a rede de distribuição. Em função da 
natureza da água conduzida, as adutoras podem ser classificadas como: de água bruta e 
de água tratada. Já levando em consideração a energia utilizada para a movimentação da 
água as adutoras podem ser: 
• Por gravidade (conduto livre ou forçado); 
• Por recalque; 
• Mistas (combinação entre as duas anteriores). 
d. Tratamento: em função das características qualitativas da água fornecida pelo manancial 
procede-se o tratamento de água em instalações denominadas estação de tratamento de 
água (ETA). O tratamento de água deverá ser efetuado quando for comprovada a sua 
necessidade e a purificação for indispensável, compreendendo os processos 
imprescindíveis à obtenção da qualidade necessária para o abastecimento público. Os 
principais processo de purificação adotados são: 
• Micro-peneiramento; 
• Aeração; 
• Coagulação/Floculação; 
• Decantação/Sedimentação; 
• Filtração; 
• Tratamento por contato; e 
• Controle de corrosão. 
e. Reservatórios de distribuição: são unidades destinadas a compensar as variações horárias 
de vazão e garantir a alimentação da rede de distribuição em caso de emergência, 
fornecendo também, os níveis necessários à manutenção de pressões na rede. 
f. Redes de distribuição: é a unidade do sistema que conduz a água para os pontos de 
consumo. É constituída por um conjunto de tubulações e peças especiais dispostas 
convenientemente, a fim de garantir o abastecimento dos consumidores de forma contínua 
nas quantidades e pressões recomendadas. Os limites desta rede são: 
• Pressão estática máxima  500kPa (50mca); 
• Pressão dinâmica mínima  100kPa (10mca); 
• Diâmetro mínimo  DN 50mm; 
• Velocidade mínima  0,60m/s; 
 
19 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
• Velocidade máxima  3,50m/s. 
Para o atendimento destes limites, a rede de distribuição pode ser dividida em zonas de 
pressão, com reservatórios próprios ou simplesmente, válvulas de redução de pressão. 
4.2 SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO 
A implantação de um sistema público de abastecimento de água gera a necessidade decoleta, afastamento e disposição final das águas servidas. 
Com a construção de um sistema de esgoto sanitário numa comunidade, procura-se 
atingir os seguintes objetivos mais importantes: 
a. melhoria das condições higiênicas locais e conseqüentemente aumento da 
produtividade; 
b. conservação dos recursos naturais, das águas em especial; 
c. coleta e afastamento rápido e seguro de esgoto sanitário; 
d. disposição sanitariamente adequada do efluente; 
e. eliminação de focos de poluição e contaminação, assim como de aspectos estéticos 
desagradáveis (por exemplo odores agressivos); 
f. proteção de comunidades e estabelecimento de jusante; 
g. preservação de áreas para lazer e práticas esportivas. 
4.2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
Define-se como sistema de esgoto sanitário o conjunto de obras e instalações 
destinadas a proporcionar a coleta, afastamento, condicionamento (tratamento) e disposição 
final do esgoto sanitário de uma comunidade, de forma contínua e higienicamente segura 
(sem riscos para a saúde). 
Existem três tipos de sistemas de esgotamento sanitário, a saber: 
• Sistema unitário de esgotamento: sistema de esgoto em que as águas pluviais e 
o esgoto sanitário escoam nas mesmas canalizações; 
• Sistema separador absoluto: compreende dois sistemas distintos de 
canalizações, um exclusivo para esgoto sanitário e outro destinado às águas 
pluviais. 
• Sistema separador parcial ou sistema misto: também compreende dois sistemas 
de canalizações, porém é considerada a introdução de uma parcela definida de 
águas pluviais nas canalizações de esgoto sanitário (águas pluviais que se 
originam em áreas pavimentadas internas, terraços e telhados dos edifícios). 
No Brasil, adota-se o sistema separador absoluto, que apresenta as seguintes 
vantagens: 
• As canalizações, de dimensões reduzidas, favorecem o emprego de manilhas 
cerâmicas e de outros materiais (concreto, PVC, fibra de vidro), facilitando a 
execução e reduzindo custos e prazos de construção; 
 
20 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
• Dentro de um planejamento integrado, é possível a execução das obras por 
partes, construindo-se e estendendo-se primeiramente, a rede de maior 
importância para a comunidade, com um investimento inicial menor; 
• O afastamento das águas pluviais é facilitados, admitindo-se lançamentos 
múltiplos em locais mais próximos e aproveitando o escoamento das sarjetas; 
• As condições para o tratamento do esgoto são melhoradas, evitando-se a 
poluição das águas receptoras por ocasião das extravasões que se verificam 
nos períodos de chuvas intensas. 
4.2.2 UNIDADES DO SISTEMA 
O sistema de esgoto sanitário compreende: 
a. Canalizações: coletores (secundários, principais e troncos), interceptores, 
emissários, sifões invertidos e passagens forçadas; 
b. Órgãos acessórios: poços de visitas, tubos de inspeção e limpeza, terminais de 
limpeza e caixas de passagens; 
c. Estações elevatórias; 
d. Estações de tratamento; 
e. Obras de lançamento final e corpo receptor. 
4.3 SISTEMA COLETOR DE ÁGUAS PLUVIAIS 
O caminho natural para o escoamento das águas pluviais urbanas é a calha de rua. 
Quando a vazão que passa é superior à sua capacidade de transporte, pode haver 
alagamentos e inundações, cabe captar essa vazão excedente por meio de sistemas 
complementares, ou seja, dispositivos de captação e transporte. 
O sistema pluvial abrange a calha das ruas, galerias, escadarias, rampas, entre outros, 
até a chegada das águas aos córregos, riachos, rios. O Sistema Pluvial terá como objetivo: 
• evitar erosões no terreno; 
• evitar erosões do pavimento; 
• evitar o alagamento da calha viária (surgimento da aquaplanagem); 
• eliminação dos pontos de baixos sem escoamento; 
• chegada ordenada das águas aos cursos de água da região. 
 
Figura 2: Declividade Transversal Figura 3: Declividade Longitudinal 
 
21 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
4.3.1 DISPOSITIVOS DO SISTEMA PLUVIAL 
O sistema pluvial compreende: 
• boca de lobo; 
• boca de leão; 
• grelhas/ralos; 
• bocas de lobo contínua; 
• canaletas de topo e pé de talude. 
Estes dispositivos podem entrar em colapso, ou seja, não atender as necessidades do 
sistema se: 
• o dispositivo de captação não estiver adequadamente localizado; 
• o dispositivo de captação não for o adequado hidraulicamente; 
• o dispositivo de captação estiver obstruído (entupido) ou com sua estrutura 
comprometida. 
a. Boca de Lobo e Boca de Leão 
Na boca de lobo a captação principal da água de sarjeta é feita horizontalmente. Ela é 
composta por: 
• Rebaixamento da sarjeta para facilitar a captação; 
• Guia chapéu; 
• Caixa de captação (alvenaria de tijolos ou blocos de concreto); 
• Tampa de cobertura; 
• Conexão da caixa à galeria pluvial, por meio de tubos. 
A boca de lobo capta horizontalmente a água, exigindo para isso uma depressão 
(rebaixamento da sarjeta). 
Já a boca de leão, além da captação horizontal pela guia chapéu, também capta 
verticalmente por meio de caixa, no leito de rua e grelha de ferro fundido, cobrindo estas 
caixas. 
As bocas de lobo e de leão não devem ser instaladas em frente às edificações 
destinadas ao acesso de carros. Se o ponto considerado for ponto baixo, de necessário 
esgotamento, prefira usar a caixa de grelha, que permite a passagem de carros sem maiores 
danos. 
A localização das bocas de lobo é feita próxima ao cruzamento das ruas, mas não no 
limite desse cruzamento. Coloca-se à montante do cruzamento, deixando espaço livre pelo 
menos igual à largura da calçada para facilitar a travessia de pedestres. 
 
22 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Figura 4: Corte transversal de boca de lobo. 
 
b. Caixas com Grelhas/Ralos 
São captações verticais de água. São usadas em locais planos (sem declividade 
transversal), no meio do leito carroçável, em frente às edificações (onde há acesso de carros, 
etc.). Ela é composta por: 
• Grelha de ferro fundido ou concreto e batente; 
• Caixa de recepção; 
• Tubo de ligação de água ao sistema principal. 
 
Figura 5: Grelha 
 
c. Bocas Contínuas de Captação 
 
23 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Não há critérios hidráulicos para o seu dimensionamento, suas dimensões são 
estabelecidas tendo em vista critérios construtivos e de facilidade de manutenção (limpeza). 
As bocas contínuas de captação são geralmente mais custosas que a construção de uma 
série de bocas de lobo. Têm a vantagem, entretanto, de dar melhor e mais confiável captação 
de águas, pois, pelo seu comprimento de captação, elas são à prova de entupimento. 
São usadas normalmente quando o curso de água receptor está próximo (ex.: avenidas 
marginais aos córregos). 
d. Canaletas do Topo e Pé de Talude 
Essas canaletas são utilizadas na interceptação e direcionamento das águas pluviais 
para proteção do topo e pé dos taludes. Ao interceptar e direcionar as águas pluviais, 
impedem que as mesmas, com alta velocidade, erodam a face do talude. 
O destino das águas interceptadas superiormente será finalmente uma rampa, uma 
escadaria ou uma tubulação de águas pluviais. 
4.4 REDE URBANA SUSTENTÁVEL 
É a rede urbana que dispõe de infraestrutura capaz de suportar as crescentes 
necessidades da população que a utiliza, sejam elas econômicas, sociais, culturais ou 
políticas. Somando-se a isso, atualmente, a preocupação com o meio ambiente. 
São itens fundamentais para a caracterização de uma rede urbana sustentável: 
- utilização racional e eficiente da água, da energia e do solo; 
- redução das emissões de gases no ar e da geração de resíduos sólidos, efluentes 
líquidos e outras cargas nocivas ao ambiente e controle de materiais; 
- construções de qualidade, presença de áreas verdes, organização e limpeza de rauas 
e praças e utilização de pavimentos permeáveis; 
- compromissodos agentes ( projetistas, executores e moradores) com a operação da 
rede; 
A sustentabilidade também deve contemplar a viabilidade econômica do projeto, 
garantido sempre a qualidade das tecnologias a serem empregadas, garantindo que as redes 
urbanas possibilitem a realização de gestão dos recursos necessários para a manutenção e 
operação de suas atividades, objetivando na qualidade de vida, conservando o meio ambiente 
e os recursos físicos e naturais. 
Uma infra-estrutura sustentável deve contemplar: abastecimento de água, tratamento e 
disposição final do esgoto e da água pluvial e distribuição de gás e energia. Para melhor 
aproveitamento do subsolo, organização e durabilidade desses sistemas, estes devem estar 
integrados em valas técnicas. 
 
 
 
 
 
24 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
 
 
Figura 6: Sustentabilidade na rede urbana 
4.4.1 SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO 
A rede de esgoto deve ser projetada para que a sua manutenção seja fácil, sem que 
haja contato humano com o esgoto e utilizar materiais que resistam aos agentes agressivos. 
O seu projeto deve buscar a racionalização das etapas executivas e a redução dos 
custos de implantação. A localização, se possível, deverá ser no passeio, sob a calçada, a 
menores profundidades. O seu projeto e execução devem facilitar escoamento por gravidade. 
O projeto, além de fazer o dimensionamento da rede e especificar o equipamento de 
limpeza adequado, também deve incluir orientações sobre a manutenção e operação a ser 
realizada no sistema, bem como a sua periodicidade. 
Áreas para serviços: Gás, 
coleta de lixo seletiva, 
reservatório de água central. 
Sistemas de 
infraestruturas 
organizados em 
 
Áreas de lazer 
Pavimento mais 
permeável 
Tratamento de Esgoto no 
local – empreendimento 
Ambientalmente Correto 
 
25 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Figura 7: Distribuição dos ramais de esgoto 
4.4.2 INFRAESTRUTURA DE DISTRIBUÇÃO E ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL 
Tratando-se de pequenas comunidades (condomínios, bairros, pequenos distritos), o 
sistema de abastecimento proposto é o direto com reservatório de uso coletivo único (sem 
caixa d´água individua), para alimentar a rede de distribuição. Este reservatório poderá ser 
elevado, posicionado no ponto mais alto da área a ser abastecida. 
A partir do reservatório, a água é encaminhada a cada residência através de uma rede 
de distribuição e ligações prediais, respectivamente. 
 
Figura 8: Distribuição da rede de abastecimento de água potável 
4.4.3 INFRAESTRUTURA DE DISTRIBUIÇÃO DE GÁS 
O sistema de gás serve ao aquecimento de água através de aquecedores de 
passagem a serem instalados em cada unidade habitacional e para consumo próprio dos 
moradores. 
 
26 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Do ponto de vista dos usuários, os sistema é mais seguro, pois elimina os botijões de 
gás das áreas interas da casa. 
O sistema de abastecimento poderá ser feito por uma central de cilindros estacionários 
de GLP, localizada na parte frontal do terreno, permitindo o fácil acesso do caminhão da 
concessionária para o abastecimento das recomendações da NBR 133523/95. A central de 
GLP abastece a rede de distribuição do condomínio que, com diâmetro uniforme, perfaz dois 
anéis pelas calçadas internas e externas do arruamento. Da rede de distribuição derivam rais 
para a alimentação das residências. Os ramais chegam aos abrigos dos medidores de gás e 
reguladores de pressão, no alinhamento de cada lote, permitindo a individualização do 
consumo. 
 
Figura 9: Distribuição da rede de abastecimento gás natural ou GLP 
4.4.4 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS 
O sistema de captação de águas pluviais deve garantir o pleno escoamento do 
efluente, bem como impossibilitar a ocorrência de extravasamentos ou empoçamentos. 
Um sistema de reservação e utilização de águas pluviais poderá ser utilizado. 
4.4.5 VALA TÉCNICA 
Dentro do conceito de sustentabilidade, é necessário ressaltar que não basta fornecer 
os sistemas de infraestrutura. É necessário que haja a gestão destes sistemas. A vala técnica 
é uma solução de integração dos sistemas de infraestrutura, de fora a organizá-la no subsolo, 
visando otimizar custos de implantação e manutenção, além de permitir que ampliações de 
sistemas sejam feitas sem interrupção de vias. A organização, implantação e cadastramento 
dos sistemas de infraestrutura são procedimentos importantes para a redução dos riscos de 
vazamento e interferências entre os sistemas, o que fica garantido com esta integração. 
Especificações técnicas para a vala dos sistemas de infraestrutura 
 Redes de água e esgoto Rede de gás 
Posicionamento da 
vala/galeria 
Sob o passeio quando: 
- o projeto previr rede dupla; 
- os passeios tiverem espaço 
disponível; 
 
 
27 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
- houver vantagem 
técnica/econômica ; 
- a via for de tráfego intenso; 
- regulamentos municipais 
impedirem seu 
posicionamento no leito do 
tráfego. 
Posicionamento relativo Valas no passeio: 
- o eixo das tubulações de 
água deve ser posicionado a 
0,50m de distância do 
alinhamento dos lotes e o das 
de esgoto a 0,80m; 
- as tubulações de água e 
esgoto devem estar a 0,60m 
de distância no mínimo. 
Deve distar, no mínimo 
0,30m de outras redes 
(quando este distanciamento 
não for possível, as 
tubulações devem ser 
separadas por material 
específico, desde que a 
separação entre estas não 
seja inferior a 0,075m), não 
podendo nunca apoiar-se 
nestas. 
No caso de redes de energia 
elétrica de tensão superior a 
1kV este distanciamento 
deve ser de 0,50m. 
Largura do fundo da vala Determinada de acordo com 
o diâmetro das tubulações e 
espaçamentos necessários 
às juntas 
 
Profundidade da vala Determinada de acordo com 
as cotas do projeto hidráulico 
e espessura dos elementos 
de apoio da tubulação 
Deve possibilitar a camada 
de recobrimento necessária 
Preparo do fundo A ser indicado no projeto Em formações rochosas 
complicadas deve-se escavar 
a rocha por mais 0,15 a 
0,20m e compactar com 
terra, para que esta não mais 
ofereça risco à tubulação. O 
fundo deve sempre ser 
regularizado com areia ou 
material equivalente, de 
forma a cobrir as 
irregularidades do terreno. 
Material de reaterro A ser indicado no projeto 
 
28 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Camada a ser compactada 
sobre a geratriz superior da 
tubulação 
A ser indicada no projeto 0,20m de terra isenta de 
material pontiagudo 
Forma de compactação desta 
camada 
A ser indicada no projeto Manualmente em camadas 
de 0,10m. 
Fita de advertência a ser 
instalada 
- Uma fita amarela paralela ao 
eixo da tubulação, a uma 
profundidade de 0,20m. 
Pressão da vala - Máxima 4BAR. 
 
 
 
Figura 10: Vala e Galeria Técnica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
5 QUALIDADE DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS 
5.1 INTRODUÇÃO 
Os sistemas hidráulicos prediais necessitam, ao longo da vida útil dos edifícios, de 
intervenções, de forma a garantir um desempenho adequado. Sendo sua função disponibilizar 
água potável com qualidade, quantidade e temperatura adequadas nos pontos de consumo, 
sempre que necessário, com o menor custo envolvido. 
As patologias existentes nestes sistemas são associadas à falta de análises 
aprofundadas com relação às necessidades das edificações e seus usuários na fase de 
projeto, como, também, à grande incidência de improvisação na fase de execução, uso e 
manutenção dos edifícios, a qual é agravada, muitas vezes, pela baixa qualidade dos 
materiais empregados. 
Como conseqüência desse relativo descaso em todas as fases de geração, uso e 
operação de um empreendimento, tem-se verificadouma grande incidência de patologias nos 
sistemas prediais hidráulicos e sanitários. 
5.2 QUALIDADE DOS SHP 
 A qualidade de um produto, segundo diversos autores, pode ser definida como 
“adequação ao uso”, ou seja, satisfação dos clientes com o produto/serviço. 
O conceito de “adequação ao uso” aproxima-se do conceito de desempenho, o qual 
baseia-se na idéia de que os produtos podem ser descritos em termos do seu comportamento 
em uso, tendo em vista as exigências dos clientes (usuários). 
Para a análise do desempenho de sistemas, devem ser: 
• caracterizados os usuários; 
• definidas as necessidades e exigências dos usuários; 
• identificadas as condições de exposição a que estão sujeitos os sistemas; 
• definidos os requisitos (qualitativos) de desempenho; 
• definidos os critérios (qualitativos e quantitativos) de desempenho; e 
• estabelecidos os métodos para avaliação do desempenho dos sistemas. 
As patologias verificadas nos SHP podem ser decorrentes de falhas originadas em 
qualquer etapa ao longo do processo de geração1
A grande incidência de atividades de manutenção nos SHP, conforme se vê na figura 
abaixo, torna evidente a necessidade de adoção de medidas tendo em vista a qualidade 
desses sistemas. 
, uso/operação e manutenção dos SHP ou, 
o que é mais freqüente, podem ocorrer de forma cumulativa. 
 
1 O termo “geração” neste trabalho refere-se ao conjunto das etapas de projeto e execução dos SHP 
 
30 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Figura 1: Atividades de Manutenção 
Fonte: LICHTENSTEIN, 1985 
Muitas das patologias encontradas no decorrer do uso da edificação são advindas, de 
posturas mal definidas ou erros cometidos durante a realização do seu projeto. É nesta fase 
que é definida a economia do empreendimento, tanto na execução como no seu uso, 
ocupação e manutenção. 
 
Figura 2: Definição de custos e funcionalidade dos edifícios ao longo do processo de geração do 
empreendimento 
A etapa de atendimento pós-obra é considerada como uma etapa de processo de 
projeto, pois através dela é possível a análise do projeto sob o ponto de vista de seus clientes. 
As figuras a seguir apresentam exemplos de patologias e a sua origem: 
 
31 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
 
Equipamento de baixa qualidade, desgaste do componente 
 
Especificação inadequada, adaptação para o uso 
 
Regulagem inadequada, falta de treinamento técnico 
Figura 3: Exemplos de patologias em aparelhos 
 
32 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
O processo de melhoria da qualidade dos SHP passa pela identificação dos problemas 
existentes, análise das possíveis causas, proposição e implantação de medidas para resolvê-
los e verificação da efetividade dessas medidas. 
Se o desempenho dos SHP com relação ao problema foi satisfatório, ou seja, se as 
medidas corretivas foram eficientes, discute-se as soluções tomadas com os interessados, 
usuários, projetistas e técnicos, passa-se à abordagem dos demais problemas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO 
6.1 INTRODUÇÃO 
O sistema predial de esgoto sanitário (SPES) é um conjunto de tubulações e 
acessórios o qual destina-se a coletar e conduzir o esgoto sanitário a uma rede pública de 
coleta ou sistema particular de tratamento. Além desta função básica, o SPES deve atender 
aos seguintes requisitos sengundo a norma brasileira NBR 8160 “Sistemas Prediais de 
Esgotos Sanitários – Projeto e Execução” (ABNT, 1999): 
a. Deve ser garantida a qualidade da água de consumo; 
b. Permitir o rápido escoamento da água utilizada e dos despejos introduzidos, 
evitando a ocorrência de vazamentos e formação de depósitos no interior da 
tubulação; 
c. Impedir que os gases provenientes do interior do SPES atinjam áreas de utilização; 
d. Deverá haver uma separação absoluta em relação ao sistema predial de águas 
pluviais. 
6.2 CONSTITUIÇÃO 
6.2.1 SUBSISTEMAS DO SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO 
O SPES pode ser dividido nos seguintes subsistemas: 
• coleta e transporte de esgotos; e 
• ventilação. 
O subsistema de coleta e transporte é composto pelo conjunto de aparelhos sanitários 
tubulações e acessórios destinados a captar o esgoto sanitário e conduzi-lo a um destino 
adequado. 
O subsistema de ventilação, por sua vez, consta de um conjunto de tubulações e/ou 
dispositivos destinados a assegurar a integridade dos fechos hídricos, de modo a impedir a 
passagem de gases para o ambiente utilizado, assim como conduzir tais gases à atmosfera. 
Outra classificação que tem sido freqüentemente utilizada considera o sistema de 
aparelhos sanitários independente do esgoto sanitário, já que o mesmo consiste em uma 
interface entre os sistemas citados anteriormente. 
A seguir é apresentado um esquema do sistema predial de esgoto sanitário. 
 
34 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Onde: 
CGD: Caixa de gordura dupla; 
RS: Ralo seco; 
CV: Coluna de ventilação 
Figura1: Esquema geral do SPES 
Fonte: Macintyre, 1990 
 
35 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
6.2.2 COMPONENTES DO SUSBSISTEMA DE COLETA E TRANSPORTE DE ESGOTO 
6.2.2.1 Instalação secundária de esgoto 
 Não tem acesso aos gases provenientes do coletor público ou dos dispositivos de 
tratamento. Recebe águas servidas de um único aparelho. 
6.2.2.2 Instalação primária de esgoto 
 Possui acesso aos gases provenientes do coletor público ou dos dispositivos de 
tratamento. 
6.2.2.3 Classificação das Tubulações de Escoamento de Esgoto 
a. Ramal de descarga: tubulação que recebe diretamente os efluentes de aparelhos 
sanitários. Pode ter ou não acesso aos gases, sendo geralmente encaminhado a 
um desconector. 
b. Ramais de esgoto: tubulação primária que recebe os efluentes dos ramais de 
descarga diretamente (água imundas) ou a partir de um desconector. Com acesso 
aos gases. 
c. Tubo de queda: Tubulação vertical que recebe efluentes de subcoletores, ramais de 
esgoto e ramais de descarga. Podem receber um ou mais ramais de esgoto. Com 
acesso aos gases. 
d. Subcoletor: Tubulação que recebe efluentes de um ou mais tubos de queda ou 
ramais de esgoto. Normalmente horizontais, ou aéreos ou enterrados. Com acesso 
aos gases. 
e. Coletor Predial: Trecho de tubulação compreendido entre a última inserção do 
subcoletor, ramal de esgoto ou de descarga, ou caixa de inspeção geral e o coletor 
público ou sistema particular. Recebe todos os subcoletores e lança as águas 
residuárias no coletor público de esgoto sanitário. Com acesso aos gases. 
6.2.2.4 Desconectores 
Dispositivos providos de fecho hídrico que impedem o acesso dos gases ao interior da 
edificação. 
Um desconector tem por função, através de um fecho hídrico próprio, vedar a 
passagem de gases oriundos das tubulações de esgoto, como também de insetos, para o 
ambiente utilizado. Tal contenção ocorre através da manutenção do referido fecho hídrico por 
meio do controle das ações atuantes sobre o mesmo. Entre estas ações, vale citar a auto-
sifonagem, a sifonagem induzida, a sobrepressão e a evaporação. 
 
36 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Figura 2: Casos de perdas de fecho hídrico em instalações. 
a. Tipos: 
• Sifão: desconector destinado a receber efluentes do sistema predial de esgoto 
sanitário. Podendo receber de um (caso de lavatórios, tanques, pias, entre 
outros) ou mais aparelhos/tubulações de escoamento. 
• Ralo sifonado: Recipiente dotado de desconector, com grelha na parte superior, 
destinado a receber águas de lavagem de pisos ou de chuveiro. 
• Caixas sifonadas: caixa provida de desconector,destinada a receber efluentes 
da instalação secundária de esgoto, recebendo o esgoto de vários ramais de 
descarga, encaminhando-os para o ramal de esgoto, ou tubo de queda, ou 
coletores, ou subcoletores. 
 
 
37 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
 
 
Figura 3: Sifão de Pia Figura 4: Ralo Sifonado Figura 5: Caixa Sifonada 
6.2.2.5 Conexões 
Elementos cuja função é integrar tubos, tubos e aparelhos, tubos e equipamentos, além 
de viabilizar mudanças de direção e diâmetros de tubulação. São exemplos o tê, o cotovelo, a 
junção simples, curvas, etc, nos mais variados diâmetros conforme ilustra as figuras a seguir. 
 
Cap Curva Longa 90º Joelho 45º 
 
Joelho 90º Junção Invertida (ventilação) Junção Simples 
Figura 6: Conexões do sistema predial de esgoto 
6.2.2.6 Dispositivos de Inspeção 
São elementos complementares, através dos quais tem-se acesso ao interior do 
sistema, de maneira a possibilitar inspeções e desobstruções eventuais. A caixa de inspeção 
 
38 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
e as conexões com uma das derivações com um plug ou com um cap são dispositivos de 
inspeção bastante usados. 
São destinados a permitir: 
• Inspeção; 
• Limpeza; 
• Desobstrução; 
• Mudanças de diâmetros; 
• Mudanças de declividade; 
• Mudança de direção; 
• Junção de coletores. 
a. Caixa de inspeção 
Caixa destinada a permitir a junção, inspeção e limpeza de tubulações do subsistema 
de esgoto sanitário. 
O interior das tubulações, embutidas ou não, deve ser acessível por meio de 
dispositivos de inspeção. 
Para garantir a acessibilidade aos elementos do sistema, deve ser respeitadas no 
mínimo as seguintes condições: 
• Distância entre dois dispositivos de inspeção não deve ser superior à 25,00m; 
• Distância entre a ligação do coletor predial com o público e o dispositivo de 
inspeção mais próximo não deve ser superior a 15,00m; e 
• Os comprimentos dos trechos dos ramais de descarga e de esgoto de bacias 
sanitárias, caixas de gordura e caixas sifonadas, medidos entre os mesmos e os 
dispositivos de inspeção, não devem ser superiores a 10,00m. 
Os desvios, mudanças de declividade e a junção de tubulações enterradas devem ser 
feitos mediante o emprego de caixas de inspeção ou poços de visita. 
Em prédios com mais de dois pavimentos, as caixas de inspeção não devem ser 
instaladas a menos de 2,00m de distância dos tubos de queda que contribuem para elas. 
Não devem ser colocadas caixas de inspeção ou poços de visita em ambientes 
pertencentes a uma unidade autônoma, quando os mesmo recebem a contribuição de 
despejos de outras unidades autônomas. 
São classificadas em: 
• caixa de passagem: caixa destinada a permitir a junção de tubulações do 
subsistema de esgoto sanitário. Possui base circular ou quadrada com diâmetro 
mínimo de 0,15m e altura mínima de 0,10m; 
• caixa de inspeção: destinada a permitir a limpeza, desobstrução, junção, 
mudanças de declividade e/ou direção das tubulações. Profundidade máxima 
 
39 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
1,00m, base quadrada ou retangular de lado no mínimo de 0,60m ou cilíndrica 
com diâmetro de 0,60m; e 
• poços de visitas: destinada a permitir a limpeza, desobstrução, junção, 
mudanças de declividade e/ou direção das tubulações. Possui profundidade 
maior que 1,00m, base quadrada, retangular ou circular com dimensões mínimas 
de 1,10m. 
 
 
Figura 7: Caixa de Inspeção Pré-Fabricada Figura 8: Tê de Inspeção 
6.2.2.7 Caixas de Gordura 
Dispositivos projetados e instalados para separar e reter substâncias indesejáveis às 
redes de esgoto sanitário. Tais substâncias são, em sua grande maioria, gorduras, graxas e 
óleos contidos no esgoto, formando camadas (escuma) que devem ser removidas 
periodicamente, evitando que estes componentes escoem livremente pela rede, obstruindo a 
mesma. 
As caixas de gordura devem ser dimensionadas levando-se em conta: 
a. Para a coleta de apenas uma cozinha pode ser usada a caixa de gordura pequena 
ou a caixa de gordura simples. 
b. Para a coleta de duas cozinhas pode ser usada a caixa de gordura simples ou a 
caixa de gordura dupla; 
c. Para a coleta de três até 12 cozinha deve ser usada a caixa de gordura dupla; 
d. Para a coleta de mais de 12 cozinhas, ou ainda, para cozinhas de restaurantes, 
escolas, hospitais, quartéis, etc., devem ser prevista caixas de gorduras especiais. 
• Caixa de gordura pequena (CGP): diâmetro interno 0,30m; parte submersa do 
septo: 0,20m; capacidade de retenção: 18L; diâmetro nominal da tubulação de 
saída DN 75. 
 
40 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
• Caixa de gordura simples: diâmetro interno: 0,40; parte submersa do septo: 
0,20m; capacidade de retenção: 31L; diâmetro nominal da tubulação de saída: 
DN 75. 
• Caixa de gordura dupla (CGD): diâmetro interno: 0,60; parte submersa do septo: 
0,35m; capacidade de retenção: 120L; diâmetro nominal da tubulação de saída: 
DN 100. 
• Caixa de gordura Especial (CGE): prismática de base retangular com as 
seguintes características: 
o Distância mínima entre o septo e a saída 0,20m; 
o Volume da câmara de retenção de gordura obtida pela fórmula: 
 V=2N+20 
Onde: 
N – número de pessoas servidas pelas cozinhas que contribuem para 
a caixa de gordura no turno de maior fluxo; 
V – volume 
o Altura molhada: 0,60m; 
o Parte submersa do septo: 0,40; 
o Diâmetro nominal mínimo da tubulação de saída: DN 100. 
 
 
Figura 9: Caixa de Gordura Especial 
 
41 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
 
Figura 10: Caixa de Gordura Pré Fabricada 
 
Atividade: 
1. Considerando as dimensões da caixa de gordura pré-fabricada, apresentadas a seguir, 
em qual classificação a mesma se enquadraria? 
Cotas Valores 
A 591 
B 386,5 
C 462 
D1 312 
D2 102,1 
D3 51,1 
 
 
 
 
 
2. Você é o projetista de um restaurante industrial, o qual produz 2.800 refeições no 
horário de almoço. Qual seria a caixa de gordura utilizada, a sua capacidade e a sua 
dimensão? 
 
 
 
 
 
 
42 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
6.2.3 COMPONENTES DO SUSBSISTEMA DE VENTILAÇÃO 
O subsistema de ventilação pode ser composto apenas de ventilação primária ou 
pelo conjunto de ventilação primária e secundária. A ventilação primária consititui-se no 
prolongamento do tubo de queda além da cobertura do prédio, denominado tubo 
ventilador primário, enquanto que a ventilação secundária consiste de ramais e colunas 
de ventilação ou de apenas colunas de ventilação. Não obstante, a ventilação secundária 
pode ser configurada também pela utilização de dispositivos de admissão de ar, os quais 
podem substituir ramais e colunas de ventilação. A eficiência deste subsistema será 
satisfatória na medida em que os fechos hídricos sejam preservados. 
• Tubo Ventilador Primário: é o prolongamento do tubo de queda além da cobertura 
do prédio, cuja extremidade deve ser aberta à atmosfera; 
• Ramal de Ventilação: tubulação que conecta o desconector, ramal de descarga ou 
ramal de esgoto à coluna de ventilação; 
• Coluna de Ventilação: tubulação vertical que abrange um ou mais andares, com a 
extremidade superior aberta ou conectada a um barrilete de ventilação; 
• Barrilete de Ventilação: consta de uma tubulação horizontal aberta à atmosfera, 
na qual são conectadas as colunas de ventilação, quando necessário; 
• Dispositivos de Admissão de Ar: elementos cuja finalidade é a atenuação das 
flutuações das pressões pneumáticas desenvolvidas no interior da tubulação. 
 
Figura 11: Esquema e perspectiva de ventilação tomada acima do ramal de esgoto e saída em nível 
superior aos aparelhos. 
 
43 
Profa. MSc. LiaSoares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
6.3 PROJETO DO SISTEMA PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO 
As etapas do projeto de SPES são as seguintes: 
a. Concepção; 
b. Dimensionamento; 
c. Elaboração do projeto de produção; 
d. Quantificação e orçamentação; 
e. Elaboração do projeto “como construído” (as built). 
Inicialmente, concebe-se o SPES estabelecendo-se uma configuração que deverá ter 
um desempenho adequado diante das diversas solicitações previstas. Devem ser 
consideradas, igualmente nesta fase fatores como a integração deste sistema com os demais 
sistemas da edificação, normalização vigente, materiais e componentes disponíveis no 
mercado, etc. 
A representação gráfica deve conter, basicamente, o seguinte: 
a. Planta baixa da cobertura, do pavimento tipo, do térreo e do subsolo, 
apresentando os tubos de queda, ramais, desvios, colunas de ventilação e 
dispositivos diverso; 
b. Planta baixa do pavimento inferior, apresentando os subcoletores, coletores, 
dispositivos de inspeção, pontos de emissão dos esgotos sanitários, entre 
outros detalhes específicos; 
c. Esquema vertical (fluxograma) sem escala, no qual serão apresentados os 
principais componentes do sistema; 
d. Plantas dos ambientes sanitários apresentando o traçado e diâmetros das 
tubulações, geralmente em escala 1:20 ou 1:25. 
e. Detalhes específicos. 
 
A documentação básica, por sua vez, é a seguinte: 
a. Memorial descritivo; 
b. Memorial de cálculo; 
c. Especificações técnicas; 
d. Quantificação; e 
e. Orçamentação. 
 
44 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
6.3.1 RECOMENDAÇÕES GERAIS 
a. Todos os aparelhos sanitários devem ser protegidos por desconectores, os quais 
podem atender apenas um aparelho ou a um conjunto de aparelhos de um mesmo 
ambiente. 
b. As caixas sifonadas podem ser utilizadas para a coleta dos despejos de conjuntos 
de aparelhos sanitários (lavatório, bidês chuveiros) de um mesmo ambiente, além 
de águas provenientes de lavagens de pisos, neste caso as caixas sifonadas devem 
ser providas de grelhas. Quanto às bacias sanitárias, as mesmas já são providas 
internamente de um desconector, devendo, assim, ser ligadas diretamente ao tubo 
de queda. 
c. Devem ser previstos dispositivos de inspeção nos ramais de descarga de pias de 
cozinha e máquinas de lavar louças. 
 
Figura 12: Dispositivos de inspeção nos ramais de descarga das pias de 
cozinha e máquinas de lavar louça. 
d. Os tubos de queda devem, sempre que possível, ser instalados em um único 
alinhamento. Quando necessários, os devios devem ser feitos com peças com 
ângulo central igual ou inferior à 90º, de preferência com curvas de raio longo ou 
duas curvas de 45º. 
e. Para edifícios de dois ou mais andares, quando os tubos de queda receberem 
efluentes contendo detergentes geradores de espuma, pelo menos uma das 
seguintes soluções, a fim de evitar o retorno de espuma para os ambientes 
sanitários deverá ser seguida: 
• Não conectar as tubulações de esgoto e de ventilação nas regiões de ocorrência 
de sobrepressão; 
 
45 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
• Atenuar a sobrepressão através de desvios do tubo de queda para a horizontal 
utilizando uma curva de 90º de raio longo ou duas curvas de 45º. 
• Instalar dispositivos que evitem o retorno de espuma. 
São consideradas regiões de sobrepressão: 
• o trecho, de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a montante de 
desvio para horizontal, o trecho de comprimento igual a 10 diâmetros imediatamente 
a jusante do mesmo desvio e o trecho horizontal de comprimento igual a 40 
diâmetros imediatamente a montante do próximo desvio; 
• o trecho de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a montante da base 
do tubo de queda e o trecho do coletor ou subcoletor, imediatamente a jusante da 
mesma base; 
• os trechos a montante e a jusante do primeiro desvio horizontal do coletor ou 
subcoletor, com comprimento igual a 40 diâmetros e a 10 diâmetros 
respectivamente; 
• o trecho da coluna de ventilação, para o caso de sistemas com ventilação 
secundária, com comprimento igual a 40 diâmetros, a partir da ligação da base da 
coluna com o tubo de queda ou ramal de esgoto. 
 
Figura 13: Regiões de sobrepressão 
 
46 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
f. Para pias de cozinhas e máquinas de lavar louças, devem ser previstos tubos de 
queda especiais com ventilação primária; estes tubos devem descarregar em uma 
caixa de gordura coletiva; 
g. Recomenda-se o uso de caixas de gordura para efluentes que contenham resíduos 
gordurosos; 
h. As pias de cozinha e/ou máquinas de lavar louças instaladas superpostas em vários 
pavimentos devem descarregar em tubos de queda exclusivos, os quais conduzem 
os esgotos para caixas de gordura coletivas; sendo vetado o uso de caixas de 
gorduras individuais nos andares; 
i. O interior das tubulações deve sempre ser acessível através de dispositivos de 
inspeção; 
j. Desvios em tubulações enterradas devem ser feitos empregando-se caixas de 
inspeção; 
k. A extremidade aberta do tubo ventilador primário ou coluna de ventilação: 
• Deve elevar-se verticalmente pelo menos 0,30m acima da cobertura; todavia, 
quando esta atender outros fins além de simples cobertura, a elevação 
vertical deve ser, no mínimo, de 2,00m; não sendo conveniente o referido 
prolongamento, pode ser usado um barrilete de ventilação. 
• Deve conter terminal tipo chaminé, tê ou outro dispositivo que impeça a 
entrada das águas pluviais diretamente ao tubo de ventilação. 
 
 Figura 14: Prolongamento do tubo de queda e/ou coluna de ventilação 
l. O projeto do subsistema de ventilação de ser feito de modo a impedir o acesso de 
esgoto sanitário ao interior do mesmo; 
m. O tubo ventilador primário e a coluna de ventilação devem ser verticais e, sempre 
que possível, instalados em uma única prumada; 
n. Todo desconector deve ser ventilado. A distância máxima de um desconector até o 
ponto onde o tubo ventilador o serve está conectado consta na tabela: 
 
47 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Tabela 2: Distância máxima de um desconector ao tubo ventilador 
Diâmetro nominal do ramal de 
descarga DN Distância máxima (m) 
40 1,00 
50 1,20 
75 1,80 
100 2,40 
o. Toda coluna de ventilação deve ter: 
• Diâmetro uniforme; 
• A extremidade inferior ligada a um subcoletor ou a um tubo de queda, em 
ponto situado abaixo da ligação do primeiro ramal de esgoto ou descarga, ou 
neste ramal de esgoto ou descarga; 
• A extremidade superior situada acima da cobertura do edifício, ou ligada a 
um tubo ventilador primário a 0,15m, ou mais, acima do nível de 
transbordamento da água do mais elevado aparelho sanitário a ser servido2
p. Quando não for conveniente o prolongamento de cada tubo ventilador até acima da 
cobertura, pode ser usado um barrilete de ventilação; 
. 
q. As ligações da coluna de ventilação aos demais componentes do sistema de 
ventilação ou do sistema de esgoto devem ser feitas com conexões apropriadas: 
• Quando feita em uma tubulação vertical, a ligação deve ser executada com 
junção a 45º; 
• Quando feita em uma tubulação horizontal, deve ser executada acima da 
tubulação, elevando-se o tubo ventilador de uma distância de até 0,15m, ou 
mais, acima do nível de transbordamento da água do mais alto dos aparelhos 
por ele ventilados, antes de ligar-se a outro tubo ventilador, respeitando-se o 
que segue: 
o A ligação ao tubo horizontal de ser feita por meio de tê 90º ou junção 
45º, com a derivação instalada em ângulo, de preferência, entre 45º e 
90º. 
o Quando não houver espaço vertical para a solução apresentada no 
item acima, podem ser adotados ângulos menores, com tubo 
ventilador ligado somente por junção de 45º ao respectivo ramal de 
esgoto e com seu trecho inicial instado em aclive mínimo de 2%.2 Entende-se por nível de transbordamento da água do mais alto dos aparelhos sanitários aquele que 
referente aos aparelhos sanitários com seus conectores ligados a tubulação de esgoto primário (bacias 
sanitárias, pias de cozinha, tanques de lavar, etc.) excluindo-se aparelhos sanitários que despejem em ralos 
sifonados de piso, quando o ramal a ser ventilado serve também para outros aparelhos não ligados diretamente 
aos mesmos. 
 
48 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
o A distância entre o ponto de inserção do ramal de ventilação ao tubo 
de esgoto e o cotovelo de mudança do trecho horizontal para o vertical 
deve ser a mais curta possível. 
r. Quando não for possível ventilar o ramal de descarga da bacia sanitária ligada 
diretamente ao tubo de queda, o tubo de queda pode ser ventilado imediatamente 
abaixo da ligação do ramal da bacia sanitária; 
s. É dispensada a ventilação do ramal de descarga de uma bacia sanitária ligada 
através de ramal exclusivo a um tubo de queda a uma distância máxima de 2,40m, 
desde que esse tubo de queda receba, do mesmo pavimento, imediatamente 
abaixo, outros ramais de esgoto ou de descarga devidamente ventilados; 
t. Bacias sanitárias instaladas em bateria devem ser ventiladas por um tubo ventilador 
de circuito ligando a coluna de ventilação ao ramal de esgoto na região entre a 
última e a prenúltima bacia sanitária. Deve ser previsto um tubo ventilador 
suplementar a cada grupo de, no máximo, oito bacias sanitárias, contadas a partir 
da mais próxima ao tubo de queda. 
 
Figura 15: Ligação do ramal de ventilação 
 
49 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Figura 16: Ligação do ramal de ventilação. Impossibilidade de ventilação do 
ramal de descarga da bacia sanitária 
 
Figura 17: Dispensa de ventilação de ramal de descarga de bacia sanitária 
 
50 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Figura 18: Ventilação em circuito 
 
6.3.2 DIMENSIONAMENTO 
As tubulações do SPES podem ser dimensionadas pelo Método das Unidades Hunter 
de Contribuição (UHC) ou pelo Método Racional devendo, em qualquer um do casos ser 
respeitados os diâmetros mínimos dos ramais de descarga apresentados. Devido às 
características mais simplificadas iremos nos ater ao Método das Unidades Hunter de 
Contribuição (UHC), durante o curso. 
Este método baseia-se na atribuição de Unidades Hunter de Contribuição (UHC) para 
cada aparelho sanitário integrante do SPES em questão. Tais unidades constam na NBR 
8160/1999, e encontram-se reproduzidas na tabela 3. Definidas as UHC dos aparelhos 
integrantes dos sistema, inicia-se o dimensionamento dos demais componentes, conforme 
será apresentado a seguir. 
a. Subsistema de Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário 
a.1. Tubulações 
- Ramais de Descarga: 
Para ramais de descarga devem ser adotados, no mínimo, os diâmetros 
apresentados na tabela 3. Para aparelhos não relacionados nesta tabela, devem ser 
estimadas as UHC correspondentes e o dimensionamento dever ser feito pela 
tabela 4. 
- Ramais de esgoto: 
 
51 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Neste caso, deve ser utilizada a tabela 5, recomenda-se ainda, com relação às 
declividade mínimas: 
 - 2% para tubulações com diâmetro nominal (DN) igual ou inferior a 75; e 
 - 1% para tubulações com diâmetro nominal (DN) igual ou superior a 100. 
- Tubos de Queda 
Os tubos de queda deve ser dimensionados pela somatória das UHC, conforme a 
tabela 6. 
Todavia, quando apresentarem desvios da vertical, os tubos de queda devem ser 
dimensionados da seguinte forma: 
1. Quando o desvio forma ângulo inferior a 45º com a vertical, o tubo de queda 
dimensionado pela tabela 6; 
2. Quando o desvio formar ângulo superior a 45º com a vertical, deve-se 
dimensionar: 
a. A parte do tubo de queda acima do desvio como um tubo de queda 
independente, com base no número de Unidade Hunter de 
Contribuição dos aparelhos acima do desvio, de acordo com a tabela 
7; e a parte horizontal de acordo com a tabela 6, uma vez que, neste 
caso, o trecho é tratado como subcoletor. 
b. A parte do tubo de queda abaixo do desvio com base no número de 
Unidade Hunter de Contribuição de todos os aparelhos que 
descarregam neste tubo de queda, de acordo com a tabela 6, não 
podendo o diâmetro adotado, neste caso, ser menor do que o da parte 
horizontal. 
 
52 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
Figura 19: Desvios do tubo de queda 
Fonte: ABNT, 1999 
a.2 Coletor Predial e Subcoletores 
O coletor e os subcoletores podem ser dimensionados pela somatória das UHC 
conforme tabela 7. O coletor predial deve ter, no mínimo, um DN igual a 100. 
 
53 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
No dimensionamento do coletor predial e dos subcoletores em prédios residenciais 
deve ser considerado apenas o aparelho de maior descarga de cada banheiro para 
o somatório do número de UHC. Nos demais casos, devem ser considerados todos 
os aparelhos contribuintes para o cálculo de UHC. 
Tabela 3: Unidades Hunter de Contribuição dos 
aparelhos sanitários e diâmetros dos ramais de descarga 
Aparelho Sanitário Número de UHC 
Diâmetro Nominal 
Mínimo do Ramal de 
Descarga 
Bacia sanitária 6 1003 
Banheira de residência 2 40 
Bebedouro 0,5 40 
Bidê 1 40 
Chuveiro de residência 2 40 
coletivo 4 40 
Lavatório de residência 1 40 
de uso geral 2 40 
Mictório Válvula de descarga 6 75 
Caixa de descarga 5 50 
Descarga automática 2 40 
De calha 24 50 
Pia de cozinha residencial 3 50 
Pia de cozinha 
industrial 
Preparação 3 50 
Lavagem de Panelas 4 50 
Tanque de lavar roupas 3 40 
Máquina de lavar louças 2 505 
Máquina de lavar roupas 3 505 
 
 
3 O diâmetro nominal DN mínimo para o ramal de descarga da bacia sanitária pode ser reduzido para DN 
75, caso justificado pelo cálculo de dimensionamento efetuado pelo método hidráulico. E somente depois da 
revisão da NBR 6452: 1985 (aparelhos sanitários de material cerâmico) pela qual os fabricantes devem 
confeccionar variantes das bacias sanitárias com saída própria para ponto de esgoto com DN 75, sem 
necessidade de peça especial de adaptação. 
4 Por metro de calha – considerar como ramal de esgoto. 
5 Devem ser consideradas as recomendações dos fabricantes 
 
54 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
Tabela 4: Unidades Hunter de Contribuição para aparelhos 
não relacionados na Tabela 3 
Diâmetro nominal 
mínimo do ramal de 
descarga (DN) 
Número de Unidades 
Hunter de Contribuição 
(UHC) 
40 2 
50 3 
75 5 
100 6 
 
Tabela 5: Dimensionamento de ramais de esgoto 
Diâmetro Nominal do 
Tubo (DN) 
Número máximo de 
Unidades Huntes de 
Contribuição (UHC) 
40 3 
50 6 
75 20 
100 160 
 
Tabela 6: Dimensionamento de tubos de queda 
Diâmetro Nominal do Tubo 
(DN) 
Número máximo de Unidades Hunter de Contribuição (UHC) 
Prédio de até 03 pavimentos Prédio com mais de 03 pavimentos 
40 4 8 
50 10 24 
75 30 70 
100 240 500 
150 960 1900 
200 2200 3600 
250 3800 5600 
300 6000 8400 
 
Tabela7: Dimensionamento de subcoletores e coletores prediais 
Diâmetro 
nominal do tubo 
(DN) 
Número máximo de Unidades Hunter de Contribuição em função das 
declividades Mínimas (%) 
0,5 1 2 4 
100 - 180 216 250 
150 - 700 840 1000 
200 1400 1600 1920 2300 
250 2500 2900 3500 4200 
300 3900 4600 5600 6700 
400 7000 8300 10000 12000 
 
55 
Profa. MSc. Lia Soares Salermo - Engenheira Civil E-mail: liasalermo@gmail.com 
 
a.3 Desconectores 
Os desconectores devem atender aos seguintes requisitos: 
o ter fecho hídrico com altura mínima de 0,05m; 
o apresentar orifício de saída com diâmetro igual ou superior ao do ramal de 
descarga conectado. 
As caixas sifonadas

Continue navegando