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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
CAMPUS MUCURI 
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
WALLACE BARBOSA DOS SANTOS PEREIRA 
JUVENTUDE, TRABALHO E EDUCAÇÃO:
ALGUNS APONTAMENTOS 
Teófilo Otoni
2020
WALLACE BARBOSA DOS SANTOS PEREIRA
JUVENTUDE, TRABALHO E EDUCAÇÃO:
ALGUNS APONTAMENTOS
Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – Campus Mucuri, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.
Orientador: Prof. Ms. Ronaldo Ribeiro Ferreira
Teófilo Otoni
2020
WALLACE BARBOSA DOS SANTOS PEREIRA
JUVENTUDE, TRABALHO E EDUCAÇÃO:
ALGUNS APONTAMENTOS
Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – Campus Mucuri, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.
Orientador: Prof. Ms. Ronaldo Ribeiro Ferreira
Data de aprovação ____/____/____.
________________________________________________ 
Prof. Ms. Ronaldo Ribeiro
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
________________________________________________ 
Prof.ª Dr.ª Nathalia Sbarai
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
________________________________________________ 
Prof. Ms. Michel Cândido 
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Teófilo Otoni
Dedico este trabalho a todos e todas que de diferentes formas me inspiraram e me inspiram a sempre buscar novas respostas para antigos dilemas acerca da existência humana.
AGRADECIMENTOS
Durante o período dedicado a construção do presente trabalho, diversas foram as vezes que me propus a alterar e ou mesmo retirar elementos que considerava essenciais para a construção da linha de pensamento que pretendia seguir com este estudo, e hoje posso dizer que muito em decorrência de conversas e discussões com colegas e docentes, decidi permanecer em um caminho que considerava correto, mesmo a contragosto de algumas pessoas. 
Assim, agradeço imensamente a todos que favorável ou não a pesquisa da forma que ela foi idealizada por mim, vieram por contribuir direta ou indiretamente para a sua realização, e por através de seus questionamentos e críticas me possibilitaram aprimorar meu olhar acerca de um fenômeno que já dedico meu tempo e concentração a mais de uma década. 
Assim como gosto do jovem que tem dentro de si algo do velho, gosto do velho que tem dentro de si algo do jovem: quem segue essa norma poderá ser velho no corpo, mas na alma não o será jamais. 
(CICERO)
LITA DE TABELAS
	Tabela 1 – Perfil das despesas em relação à idade do responsável pelo grupo familiar (%).....................................................................................................................
	00
	Tabela 2 – Perfil da distribuição das despesas de consumo por família em categorias (%)
	00
	Tabela 3 – Perfil das despesas com educação em relação ao rendimento (%).....................
	00
	Tabela 4 – Perfil de despesas das famílias com membros com curso superior (%).............
	00
	Tabela 5 – Proporção da população que concluiu curso superior segundo grupos de idade, sexo, ocupação (%).................................................................................
	00
	Tabela 6 – Proporção da população com formação superior por áreas de formação (%)....
	00
	Tabela 7 – Proporção do nível de instrução, sexo, cor ou raça (%).....................................
	00
	Tabela 8 – Perfil da frequência escolar por faixa-etária e curso/série (%)..........................
	00
	Tabela 9 – Perfil da frequência escolar com relação ao sexo, cor ou raça (%)....................
	00
	Tabela 10 – Perfil de ocupação por sexo e frequência escolar (%)......................................
	00
	Tabela 11 – Proporção da condição de atividade por sexo e grupo de idade (%)................
	00
	Tabela 12 – Proporção entre a condição de atividade por grupo de idade e a condição de ocupação (%).....................................................................................................
	00
	Tabela 13 – Proporção das classes de rendimento por grupo de idade e alfabetização (%)
	00
	Tabela 14 – Proporção entre as classes de rendimento por nível de instrução e grupos de idade (%)...........................................................................................................
	00
	Tabela 15 – Condição no domicílio e o compartilhamento da responsabilidade pelo domicílio (%).....................................................................................................
	00
LISTA DE SIGLAS
CD – Censo Demográfico
EJ – Estatuto da Juventude
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OIT – Organização Internacional do Trabalho
PNTD – Plano Nacional de Trabalho Decente
POF – Pesquisa Orçamentaria Familiar
SciELO – Scientific Electronic Library Online
SEMA – Secretaria de Meio Ambiente do Paraná
SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática
RESUMO
Debater acerca da juventude no contexto brasileiro, sempre será um caminho complexo diante da multiplicidade de fatores que corroboram para a própria constituição do que hoje compreende-se como sendo a juventude em suas múltiplas características. As teorias econômicas sempre buscaram compreender as relações que alicerçam as bases da sociedade, mediante o fator econômico como ponto estruturante, de modo, a promoverem diferentes concepções acerca dos processos estruturantes das sociedades ao longo do desenvolvimento socioeconômico de cada país. Dentre todas as teorias econômicas que emergiram neste cenário, destaca-se os apontamentos apresentados pela teoria do Capital Humano, e sua metodologia de análise e compreensão das relações estruturantes das sociedades a partir dos anos 1950. Neste contexto, promover uma análise de como os fatores socioeconômicos repercutem na promoção de trabalho e na qualidade de vida da população jovem no contexto brasileiro. A pesquisa foi desenvolvida mediante a realização de um estudo bibliográfico e pela análise de dados obtidos na plataforma SIDRA do IBGE. Diante dos dados, torna-se possível inferir acerca da realidade experienciada pela população jovem no território nacional, demonstrando um perfil populacional com grandes diferenciações entre homens e mulheres, nos campos de renda e trabalho, bem como de escolarização, o que vem por impactar diretamente na qualidade de vida desta população. Por fim, observa-se para a necessidade do desenvolvimento de outras pesquisas acerca do tema proposto no presente trabalho, para uma melhor compreensão e proposições de ações.
Palavras-Chave: Juventude. Políticas Públicas. Capital Humano. Trabalho. Educação.
ABSTRACT
Debating about youth in the Brazilian context will always be a complex path given the multiplicity of factors that corroborate the very constitution of what is understood today as youth in its multiple characteristics. Economic theories have always sought to understand the relationships that underlie the foundations of society through the economic factor as the structuring point, to promote different conceptions about the structuring processes of societies throughout the socioeconomic development of each country. Among all the economic theories that emerged in this scenario, we highlight the notes presented by the theory of Human Capital, and its methodology of analysis and understanding of the structuring relations of societies from the 1950. In this context, promote an analysis of how the factors socioeconomic impacts on work promotion and quality of life of the young population in the Brazilian context. The research was developed by conducting a bibliographic study and by analyzing data obtained on IBGE's SIDRA platform. Given the data, it becomes possible to infer about the reality experienced by the young population in the national territory, demonstrating a population profile with great differences between men and women, in the fields of income and work, as well as schooling, which has adirect impact in quality of life of this population. Finally, we observe the need for further research on the theme proposed in this paper, for a better understanding and propositions of actions.
Keywords: Youth. Public policy. Human capital. Job. Education.
SUMÁRIO
231 INTRODUÇÃO
241.1 Procedimentos metodológicos
272 POR UM PENSAMENTO ACERCA DO JOVEM E SER JOVEM NO CONTEXTO BRASILEIRO
272.1 Considerações Iniciais
282.2 Juventude: em busca de um conceito
312.3 Juventude e participação sociopolítica
342.4 Juventude-trabalho-escola
362.5 Conclusão do capítulo
373 TRABALHO E EDUCAÇÃO, CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA ECONÔMICA
373.1 Considerações Iniciais
373.2 Contribuições da Economia Clássica
373.2.1 As Perspectivas de Trabalho na Teoria Econômica de Adam Smith
403.2.2 David Ricardo e a perspectiva sobre as relações de trabalho
433.2.3. Smith e Ricardo: algumas correlações com o capital humano
433.3 Capital Humano: uma breve aproximação
473.3.1 Capital Humano e investimento em educação
503.4 A importância no Investimento em Políticas Públicas
533.5 Políticas Públicas e Trabalho Decente
563.5.1 A compreensão de trabalho decente no Brasil
563.6 Conclusão do capítulo
594 JUVENTUDE, EDUCAÇÃO E TRABALHO NO CENÁRIO NACIONAL
594.1 Considerações iniciais
594.2 Apresentação e discussão dos dados
744.3 Conclusão do capítulo
775 CONSIDERAÇÕES FINAIS
79REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO 
A temática da juventude apesar do seu recente reconhecimento do campo político-legal através da promulgação do Estatuto da Juventude vem por representar uma significativa parcela populacional seja no cenário econômico, social e político do país. 
Por conseguinte, constata-se ainda um cenário nacional marcado pela fragmentação e desestruturação de políticas direcionadas para a manutenção da qualidade de vida da população como um todo, destacando-se neste contexto, os retrocessos na preservação dos direitos trabalhistas e sociais do cidadão.
Entretanto, não se vislumbra no cenário atual, mesmo com o advento do Estatuto da Juventude um amparo por parte de governos seja na esfera federal, estadual ou municipal de ações voltadas para este público em específico, isto posto em um cenário em que incute a esta parcela da população brasileira em constante desalento quanto a perspectivas do desenvolvimento de ações que vislumbrem proporcionar uma expansão na realização de políticas públicas direcionadas à população jovem brasileira. Neste cenário, o presente trabalho apresenta como problemática norteadora para a construção da pesquisa, o seguinte questionamento: quais os impactos dos fatores socioeconômicos e das condições de trabalho sobre a vida da juventude no contexto brasileiro? 
A partir deste questionamento objetiva-se promover uma análise de como os fatores socioeconômicos repercutem na promoção de trabalho e na qualidade de vida da população jovem no contexto brasileiro. 
Neste contexto, buscar-se-á tecer esta análise sob duas perspectivas que se configuraram com o eixo norteador dos capítulos do presente estudo, a saber: a) discutir os processos de constituição do jovem no contexto sociopolítico nacional e seu papel na constituição do país; b) discutir acerca das contribuições da teoria do Capital Humano em relação à promoção do trabalho.
Deste modo, a escolha em discutir a correlação entre juventude, indicadores socioeconômicos e trabalho decente no atual cenário nacional dá-se em virtude da percepção de que na sociedade atual, apesar dos perceptivos avanços no tocante a juventude, esta ainda não se encontra vislumbrada em toda a sua magnitude nas políticas públicas desenvolvidas no país.
Por outro lado, apesar de constar como um dos objetivos do Estatuto da Juventude aprovado em 2013, a promoção de condições de trabalho no cenário nacional vem apresentando um quadro de constante decrescimento nos últimos anos, muito em decorrência dos impactos da crise financeira iniciado em 2007-2009. 
O que implica pensar até que ponto a população brasileira e em específico o jovem é passível de encontrar oportunidades de trabalho que venha por lhe proporcionar os meios necessários para sua subsistência. 
Para a construção do presente estudo, foram desenvolvidas pesquisas bibliográficas com o intuito de se contextualizar através de aportes teóricos e científicos o objeto de estudo, bem como, também foi desenvolvida uma pesquisa de cunho documental, por meio de documentos técnicos realizados por institutos/instituições que se dedicam a analisar questões referentes a desenvolvimento socioeconômico e no âmbito das relações de trabalho, tanto a nível nacional quanto a nível internacional.
1.1 Procedimentos metodológicos
A pesquisa foi realizada inicialmente através de um levantamento bibliográfico tendo como foco a perspectiva da juventude e trabalho decente no contexto brasileiro. O levantamento bibliográfico foi desenvolvido a partir de livros de leitura corrente referentes à temática proposta, e de publicações periódicas científicas e de indexação na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e portais de Universidades. Os descritores utilizados nesta busca foram: Juventude; Trabalho; Trabalho Decente; Educação; Indicadores Socioeconômicos.
No que tange ao levantamento bibliográfico, Gil (2002), compreende-o como sendo um modelo de pesquisa que vem por ser realizado através da consulta em materiais já elaborados, sendo constituída principalmente de livros e artigos científicos.
Em um segundo momento, foi desenvolvida uma pesquisa de coleta de dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). Objetivando-se o levantamento de dados estatísticos relacionados a juventude, educação, trabalho e renda no contexto brasileiro. 
Para Gil (2002), apesar de parecidas a pesquisa documental diferencia-se da bibliográfica em decorrência de que a primeira volta-se para a análise de matérias que ainda não receberam tratamento analítico e ou que ainda são passíveis de terem ajustados os interesses da pesquisa.
A adoção destes procedimentos possibilitou a identificação da evolução das relações entre juventude e trabalho no contexto brasileiro, bem como das representações sociais do ser jovem e trabalhador no cenário sociopolítico brasileiro, favorecendo a explicitação do problema a ser pesquisado a partir de aportes teóricos científicos, e pela verificação da consistência dessas informações em relação ao que é apresentado pelos principais teóricos sobre o tema, bem como a delimitação das contribuições culturais e científicas da mesma.
A análise dos dados realizou-se através de uma descrição de como se configurou a percepção do ser jovem e das diferentes formas de se compreender a juventude, bem como as representações sociais que são criadas em torno da relação juventude-trabalho-escola, bem como da relação entre trabalho decente e qualidade de vida da população jovem no contexto brasileiro.
2 POR UM PENSAMENTO ACERCA DO JOVEM E SER JOVEM NO CONTEXTO BRASILEIRO
2.1 Considerações Iniciais 
O presente capítulo tem por objetivo realizar uma discussão acerca das vicissitudes inerentes ao ser jovem e a própria conceituação de juventude do contexto atual, buscando-se evidenciar as características e idiossincrasias que a juventude veio por ser associada nos últimos tempos. 
Para tal, o presente texto não detém pretensões de exaurir todas as possibilidades teóricas acerca do fenômeno juventude, mas sim, tecer algumas perspectivas que apontem um dos vários caminhos possíveis para se compreender este fenômeno tão intrínseco á sociedade humana.
Inicialmente destaca-se a importância da Lei nº 12.852, de 05 de agosto de 2013, que dispõe sobre a criação do Estatuto da Juventude (EJ), onde em seu Art. 1º, § 1º estabelece: “... são considerados jovens as pessoas entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos de idade”, ou seja, a partir da promulgação do Estatuto da Juventude a população jovem brasileira passa a ser vislumbradaenquanto um ente detentor de direitos e deveres a serem protegidos pelo Estado. No Art. 2º o Estatuto da Juventude destaca os princípios pelos quais serão regidas as políticas públicas direcionadas aos jovens no contexto nacional, são eles:
I - promoção da autonomia e emancipação dos jovens;
II - valorização e promoção da participação social e política, de forma direta e por meio de suas representações;
III - promoção da criatividade e da participação no desenvolvimento do País;
IV - reconhecimento do jovem como sujeito de direitos universais, geracionais e singulares;
V - promoção do bem-estar, da experimentação e do desenvolvimento integral do jovem;
VI - respeito à identidade e à diversidade individual e coletiva da juventude;
VII - promoção da vida segura, da cultura da paz, da solidariedade e da não discriminação; e
VIII - valorização do diálogo e convívio do jovem com as demais gerações.
Parágrafo único.  A emancipação dos jovens a que se refere o inciso I do caput refere-se à trajetória de inclusão, liberdade e participação do jovem na vida em sociedade, e não ao instituto da emancipação disciplinado pela Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.
Assim, pode-se inferir que é somente a partir da segunda década no novo milênio que o Brasil passa a pensar e a produzir efetivamente um olhar direcionado para a sua população jovem, mesmo que ainda incipiente diante da demanda latente desta população.
2.2 Juventude: em busca de um conceito
A expressão juventude de acordo com o dicionário Houaiss, é compreendida como sendo o período da vida do indivíduo localizado entre a infância e o seu pleno desenvolvimento. Derivado do latim, pela junção dos verbetes juvéntus, útis, explicitando uma condição e ou época de estar na mocidade. Desta forma, a expressão juventude assume o papel de aglomerar em seu escopo uma parcela temporal do ciclo vital do indivíduo destinado à sua formação e preparação para as atividades da vida adulta, vislumbrando-se neste ensejo a determinação etária preconizada para a acepção da população jovem no contexto nacional.
Por conseguinte, cabe salientar para a necessidade da realização de questionamentos acerca da percepção que o fenômeno juventude detém sobre a formação da sociedade humana e, neste ponto, destaca-se a necessidade de buscar elucidar as bases de formação no campo sociopolítico para a concepção deste fenômeno, podendo-se salientar, nesta perspectiva, a visão da juventude enquanto sendo um constructo do processo de socialização da sociedade humana.
No que concerne ao processo de socialização, Alves (2004), o descreve como sendo um fenômeno em que o indivíduo é inserido no grupo social passando, desta forma, a seguir os mecanismos sociais reconhecidos como legítimos pelo grupo, sendo destacado o papel da assimilação e difusão dos fatores culturais como catalizador do processo de unificação entre os componentes do grupo social. 
Assim, os mecanismos de que viabilizam a insurgência de diferentes padrões comportamentais, bem como as posturas corporais dos componentes do grupo, são constituídos mediante as especificidades culturais de cada grupo social. (LARAIA, 2017).
Neste contexto, observa-se a importância dos processos destinados à transmissão do conhecimento entre uma geração e outra, como mecanismo de propagação dos fatores sociais necessários para a manutenção da ordem social, ou seja, é através de - e em decorrência da - transmissão do conhecimento aos mais jovens pelos mais velhos, como apontava Durkheim (1965), que se encontra o alicerce da manutenção da ordem social.
Durkheim salienta ainda que cabe à educação (enquanto elemento formal para a transmissão de conhecimento), a função de promover a especialização do indivíduo para que seja garantida a manutenção da ordem social, de modo que, a educação tem por finalidade última a homogeneização e ao mesmo tempo vir a garantir as condições para que ocorra a especialização de cada indivíduo dentro do grupo social, mediante as necessidades intrínsecas de cada sociedade (DURKHEIM, 1965).
Ariès (1981), fornece dados relevantes para a compreensão da perspectiva de que a juventude pode vir por ser compreendida com uma “fase” construída pela e para as convenções sociais. Para o autor, na idade média não havia uma distinção entre os indivíduos a não ser pela sua capacidade de desenvolver alguma atividade. Deste modo, o desenvolvimento do indivíduo era vislumbrado em dois momentos distintos, a da infância, determinada pela condição de total dependência do indivíduo por seus familiares, e a fase adulta, que tinha seu início determinado a partir do momento que o indivíduo adquiria condições físicas para ser inserido no aprendizado de algum oficio.
Por conseguinte, pode-se constatar que é somente a partir do século XV, que esta perspectiva do desenvolvimento humano vem por ser substituída. Influenciada pelo fim da Idade Média e a ascensão do período renascentista, começam a surgir na Europa, as primeiras estruturas que serviriam de balizamento para a constituição das escolas modernas, cabendo destacar que entre os séculos XII a XIII não eram encontrados nos textos medievais quaisquer menções as idades dos alunos, sendo que as práticas de ensino eram realizadas pela figura do mestre que alugava salas para a realização das aulas, locais estes nos quais eram reunidos meninos e homens de todas as idades (ARIÈS, 1981).
Peralva (2007), destaca que é somente a partir do século XIX que o sistema de escolarização vem por assumir um caráter de formação socializadora e sistematizada por parte do Estado, aspecto este que acaba por constituir em um movimento de modulação social das idades da vida. Por conseguinte, a autora destaca que esta “intromissão” do Estado, no que tange ao delineamento das idades da vida, por intermédio da escolarização como fundamento para a promoção da socialização do indivíduo, oportuniza a construção tanto de uma perspectiva cultural da juventude, conquanto o estabelecimento desta enquanto sendo uma categoria administrativa.
E é neste contexto, de uma sociedade voltada para a formação do indivíduo objetivando que este venha por promover a manutenção de seus elementos basilares que, pode-se apontar a juventude enquanto sendo um período da vida oriundo de uma construção social e política, vislumbrando a domesticação e submissão do indivíduo aos anseios do grupo social.
Não obstante, cabe aqui a reflexão realizada por Foucault (1987), acerca das relações de poder e o seu papel na sujeição do indivíduo aos interesses do grupo social. Para ele, a sociedade teria promovido a estruturação de um sistema normalizante que objetivava a domesticação do indivíduo aos interesses do grupo social. Deste modo, a menor das transgressões seria suscetível a punições. 
Acerca do papel normalizante da sociedade expresso por Foucault, Marinho e Reis (2014), destacam que:
Trata com muita propriedade desse fenômeno social, denominando-o de sociedades disciplinares, consistindo num sistema de controle social através da conjugação de várias técnicas de controle, punição e vigilância, ao qual situou-se entre os séculos XVIII e XIX, atingindo seu ápice no começo do século XX, época em que os sujeitos (soldados, alunos, trabalhadores) eram disciplinarizados com o intuito de que se tornassem dóceis e produtivos. (MARINHO; REIS, 2014, p. 70).
Ou seja, a constituição de uma sociedade disciplinadora veio por corroborar para com o estabelecimento de uma visão de que o indivíduo deveria vir por se sujeitar aos interesses sociais e concomitantemente às normas sociais vigentes.
Entretanto, cabe a discussão de como se pensar ou a partir de qual parâmetro deve-se buscar compreender a juventude neste cenário de confronto de forças entre os diferentes atores sociais inerentes a cada grupo social.
Neste contexto, Dayrell (2007a), evidencia três imagens para se vislumbrar a juventude, são elas:
· Transitoriedade: aqui o jovem é visto como algo que ainda não se concretizou, um “vir a ser”, como um projeto para o futuro negando-seo presente do indivíduo, detendo maior evidenciamento no contexto educacional;
· Romantizada: nesta perspectiva predomina a concepção do jovem enquanto um modelo cultural, caracterizando a juventude enquanto sendo um templo de liberdade, voltada para o ensaio e erro da vida adulta.
· Crises e Conflitos: determinada pela coexistência de conflitos internos e externos do jovem, de modo que, a juventude passa a ser vislumbrada como um período de afastamento do núcleo familiar e sua concomitante perca da função socializadora exercida sobre o indivíduo.
Por conseguinte, pode-se inferir que “a juventude constitui um momento determinado, mas não se reduz a uma passagem; ela assume uma importância em si mesma” (DAYRELL, 2007a, p. 158). 
Assim, as imagens de Dayrell (2007a), vêm por corroborar para a percepção de juventude enquanto sendo um fenômeno oriundo a partir de uma representação social presente no grupo social ao qual o indivíduo está inserido, e desta forma, sujeita a transformações ocorridas neste grupo.
2.3 Juventude e participação sociopolítica 
Na sociedade atual, cada vez mais emergente o fenômeno das participações sociais, que segundo Alves (2013 apud SIMÕES; SIMÕES, 2015), é concretizada ao permitir que os diferentes indivíduos tomem parte dos processos decisórios que lhe impactam diretamente, no campo das tomadas de decisões sociopolíticas. 
No Brasil, a participação social vem apresentando cada vez mais um papel ativo nas proposições da promoção e aplicabilidade das políticas públicas em todas as áreas e níveis de gestão. Baquero e Baquero (2012), salientam que, no que tange a participação juvenil, esta vem apresentando cada vez mais um descontentamento para com as instâncias representativas – federal, estadual e municipal – fenômeno este que vem por ser acrescido por um sentimento de desconfiança dos órgãos públicos no que concerne à resolução dos problemas sociais. 
Todavia, cabe destacar que essa falta de confiança necessariamente não significa a completa retirada do jovem da participação sociopolítica. O que de fato ocorre é que a participação política, atualmente desenvolvida pelo jovem, não vem se traduzindo em participação social, muito em virtude do fato de que no atual modelo liberal-democrático, tem-se negligenciado os contextos nos quais os jovens vêm construindo suas representações sociais (BAQUERO; BAQUERO, 2012).
Entretanto, Santana (2011), pontua que na atualidade a juventude vem obtendo cada vez mais destaque nos debates políticos que visam o desenvolvimento de políticas públicas e nas discussões apresentadas pela imprensa e pela mídia como um todo. O que evidencia que, mesmo ocorrendo uma perca da confiança para com o processo de tomada de decisões dos agentes políticos, a juventude vem procurando ocupar novos espaços que venham por possibilitar que seus anseios sejam ouvidos e representados nas decisões dos agentes políticos.
Fuks (2012), pontua que, no que concerne a participação política do jovem, os contextos escolares e familiares possuem grandes influências sobre a atuação do jovem, onde jovens que estejam inseridos em um ambiente cujos pais possuem alta escolaridade e uma participação ativa politicamente e, jovens que estejam inseridos em instituições escolares que possibilitem um maior contato com questões políticas, possuem maiores condições de um aprimoramento de seus conhecimentos no campo político. 
Corroborando esse pensamento, observa-se que:
Os níveis mais significativos de engajamento e adoção de atitudes e valores democráticos encontram-se entre os jovens mais escolarizados. A sofisticação política e predisposição à participação, contudo, são também devidos às oportunidades que os jovens possam ter de participar em redes sociais diferenciadas capazes de ampliar seus capitais políticos e desenvolver a arte de argumentar e articular redes de apoios para seus pontos de vista e causas (CARRANO, 2012, p. 95).
Com efeito, Castro (2008), pontua que a participação política do jovem encontra-se vinculada a aspectos subjetivantes que vem por fomentar o engajamento desses jovens à coletividade e como esta será representada por eles. 
Deste modo, compreende-se que “o processo de subjetivação política se pauta por experiências que levam os jovens a interrogarem-se sobre o que está inadequado e difícil na convivência humana ao seu redor”. (CASTRO, 2008, p. 255).
Nesse sentido, Mayorga (2013), aponta para a existência não natural da relação entre juventude e política, destacando dois comportamentos opositores no que tange ao olhar sobre essa relação:
· Distante, indiferente e apresentando apatia perante questões da vida comum: o que evidenciaria o descontentamento da juventude perante a política convencional, ocasionando um abandono desses espaços e concomitantemente uma visível crise na representatividade, e;
· Original, ressignificação dos modos de participação política da juventude na esfera das políticas públicas: nessa perspectiva a juventude é compreendida enquanto precursora de inovações no cenário político.
Assim, o que se vislumbra na sociedade atual é que os diferentes campos de engajamento social que hoje são ocupados pela juventude, nem sempre vêm sendo reconhecidos pelos agentes políticos enquanto uma participação política ativa pelo jovem. Nesse sentido observa-se que “o conhecimento de seus padrões de participação política em face de sua expressão numérica é fundamental, uma vez que suas orientações e atitudes políticas podem, ou não, conferir legitimidade ao sistema político, contribuindo para a estabilidade de um sistema democrático” (BAQUERO; BAQUERO, 2012, p. 21).
Com efeito, observa-se que na sociedade atual a juventude vem sendo vislumbrada a partir de dois aspectos distintos:
· Ao que concerne à vivência pessoal e da coletividade: o ser jovem seria compreendido enquanto um “estado de espírito”, caracterizado como sendo um modo passageiro da vida, que não deveria passar; aqui, “ser jovem” deveria acima de todas as outras coisas, priorizar o “bem viver” em detrimento de todos os demais aspectos e responsabilidades inerentes à vida. (NOVAES; CARA; MOREIRA, 2006);
· Ao que concerne ao âmbito profissional e no tocante ao papel cidadão do jovem: é-lhe “imposto” o vislumbrar-se no contexto de que muito se espera de sua atuação na sociedade, participação esta que nem sempre vem por ser compreendida e ou aceita pela sociedade, imputando ao jovem um incomodo estado de devir. (NOVAES; CARA; MOREIRA, 2006).
Logo, Carrano (2012), descreve a juventude enquanto uma transição entre outras fases da vida do indivíduo em detrimento de uma perspectiva que a enfoque somente enquanto uma subcultura isolada ou mesmo ideológica da sociedade. Deste modo, na contemporaneidade a juventude encontra-se envolvida, pelas transformações sociais presentes, ora como protagonistas ou enquanto vítimas destes mesmos processos. 
Neste sentido, observa-se ainda que “sobre esta juventude ameaçada se depositam também as esperanças da renovação, muitas vezes idealizando-se uma natural capacidade dos jovens para a participação, a transformação e a mudança” (CARRANO, 2012, p. 85).
Para tanto, Mayorga (2013), aponta para a existência de uma heterogeneidade da relação entre juventude e política, apontando para a necessidade de que o olhar recaia sobre a compreensão desta relação no que tange a participação política da juventude. 
Para tanto, Carrano (2012), coloca que a participação pode vir a ocorrer em dois sentidos: o primeiro seria o sentido forte, sendo caracterizado pelo envolvimento militante, que pode impactar nas decisões realizadas que afetam na vida dos indivíduos, grupos e na sociedade; já o sentido fraco, sendo caracterizado por um envolvimento atenuado, que não possibilitam a interferência em processos decisórios significativos ou capacidade para afetar a vida de outros indivíduos, grupos ou na sociedade.
Contudo, percebe-se a existência de um movimento contraditório, pois, ao mesmo tempo em que vem sendo fortalecidas as formas de participação políticaformal, concomitantemente vem ocorrendo um afastamento gradual da participação política do jovem, e em virtude disso, surgem cada vez mais novos modelos de participação que vem privilegiar a ascensão dos movimentos sociais (BAQUERO; BAQUERO, 2012).
Fenômeno este, que pode ser compreendido em virtude de que a sociedade ainda compreende a juventude, enquanto sendo um processo de constituição do indivíduo, onde ainda não lhe é permitido vivenciar as experiências de uma vida adulta no contexto sociopolítico. Assim, é possível compreender o jovem enquanto aquele que ainda não o é, mas que ainda poderá vir a ser, ou que ainda será. Ou seja, caracteriza-se enquanto, dois lados de uma mesma moeda onde “os mesmos estereótipos que constroem um imaginário social de valorização da juventude são aqueles que a impedem de uma participação social plena”. (NOVAES; CARA; MOREIRA, 2006, p. 5).
Deste modo, vislumbra-se que na sociedade atual:
... parece ser possível afirmar que outra relação com a política vem se (re)desenhando junto a juventude, marcada por traços de participação política, que vão na contramão do apoio à política institucionalizada e se encaminham na construção de um novo paradigma, baseado não mais em parâmetros socioeconômicos e político-ideológicos, mas em parâmetros ético-existenciais, nos quais a mudança pessoal faz parte da mudança coletiva (BAQUERO; BAQUERO, 2012, p. 24).
Por fim, percebe-se que os modelos de participação política que a juventude lança mão na sociedade atual, não mais ficam atrelados aos modelos estáticos outrora instituídos no cenário político nacional.
2.4 Juventude-trabalho-escola
Pensar a relação entre trabalho e juventude, sendo esta última compreendida enquanto um fenômeno sociocultural, requer tecer um discurso que implique na construção de um viés no qual o binômio trabalho-juventude venha por ser tratado como sendo “um elo socialmente construído” (GUIMARÃES, 2006, p. 174). Ou seja – conforme explicitado por Ariès, e retomado agora – é somente após o século XIX que vem por ser configurado no âmbito social um “processo de transição” entre ser aluno e ser trabalhador, aspecto esse que ocorre em decorrência da institucionalização dos processos de escolarização. (GUIMARÃES, 2006).
Neste contexto, destaca-se que:
... foi somente no século XX que, uma vez universalizada a escolarização obrigatória, teve lugar a interdição dessa atividade ocupacional regular. Somente após tal feito é que se tornava cabível um uso socialmente significativo para a ideia de transição da escola ao trabalho, porque aplicada, desde então, a uma grande massa de jovens de uma mesma geração, independentemente da sua origem social. (GUIMARÃES, 2006, p. 175).
Neste contexto, Peralva (2007), destaca que em decorrência das transformações sociais ocorridas, as representações sociais alteram incisivamente a forma como os grupos sociais compreendem os diferentes momentos do desenvolvimento do indivíduo, destacando-se nesse conjunto as transformações nas relações entre trabalho e juventude e o prolongamento do processo de escolarização.
Franzoi (2011), pondera acerca da existência de um constante conflito entre escola e trabalho, uma vez que na relação juventude-trabalho-escola, o jovem acaba por ter seu espaço no contexto escolar subjugado, o que produz uma relação disfuncional entre o indivíduo e a escola, sendo o jovem de baixa renda o mais impactado por esta realidade dicotômica. 
Neste contexto, pode-se inferir que esta relação dicotômica não é visível à juventude como um todo, mas sim a uma significativa parcela dos indivíduos que a compõem, a saber, essa relação dicotômica entre juventude-trabalho-escola, afeta prioritariamente a população jovem da periferia e das classes detentoras de um menor poder aquisitivo, de modo que, a inserção do jovem no mercado de trabalho acaba por acarretar em muitos casos a sua concomitante retirada do ambiente escolar, ou quando permanecem no seio das escolas, o fazem de maneira muito precária. (FRANZOI, 2011).
Nesse sentido, Dayrell (2007b, p. 1108), salienta que “o mundo do trabalho aparece como uma mediação efetiva e simbólica na experimentação da condição juvenil, podendo-se afirmar que “o trabalho também faz a juventude”, ou seja, a relação com que o jovem vem por estabelecer entre trabalho e escola, em muito irá depender do seu contexto socioeconômico, uma vez que, se o trabalho se apresenta enquanto uma alternativa a mais e não como a única alternativa que o jovem mantem para a manutenção de suas condições mínimas de sobrevivência em seu núcleo familiar, o mesmo poderá ter o direito a buscar melhores condições de qualificar-se para o mercado de trabalho.
Por conseguinte, conceber a juventude enquanto fenômeno sociocultural implicar refletir acerca de como o jovem vem por lidar com os diferentes contextos sociais sobre sua existência, e neste campo destaca-se as indagações relativas ao trabalho e sua importância na vida da juventude, de modo que: 
... quando se interpela os jovens com respeito a suas preocupações e interesses. Aí o trabalho passa ao centro da cena, não importando como se proponha a reflexão: ele se destaca recorrentemente entre os assuntos atuais de maior interesse para a juventude brasileira (17% colocam-no em 1º lugar, ombreando em importância com a “educação”, no topo das preferências); está também entre os problemas que mais preocupam (obtendo 26% das respostas, em virtual igualdade com “segurança”, sendo os demais destaque); e reaparece entre as urgências que nossos jovens resolveriam, na própria vida ou no mundo atual, se lhes fosse dada a capacidade de fazê-lo “num passe de mágica” (é a terceira dentre as mais importantes urgências, com 12% das indicações... (GUIMARÃES, 2005, p. 11).
Assim, constata-se que para a juventude as relações com o trabalho impactam diretamente no seu dia-a-dia, implicando o jovem a priorizar o mesmo em detrimento de uma escolarização de qualidade, destacando-se neste cenário, que é na juventude pobre e periférica que se concentra este movimento de segregação escolar.
Não obstante, o próprio processo de escolha profissional por parte do jovem, não é determinado unicamente por ele, soma-se neste processo, aos anseios e desejos do jovem, aspectos relacionados à sua família, ao grupo social ao qual pertence, elementos estes que irão impactar diretamente na forma como este jovem irá decidir seu percurso em busca de uma profissão. (PEREIRA; NERI, 2012).
Desta forma, as diferentes juventudes irão produzir diferentes contextos os quais o jovem irá percorrer ao escolher sua vida profissional, desde um jovem que se vislumbra obrigado a abandonar os estudos precocemente para corroborar com o sustento familiar até aquele jovem que por condições socioeconômicas privilegiadas pode investir em uma formação acadêmica de qualidade e somente depois vir por ingressar no mercado de trabalho.
2.5 Conclusão do capítulo 
A promulgação do Estatuto da Juventude configura-se como um importante passo na construção e consolidação de uma agenda de políticas públicas voltadas para a juventude no contexto brasileiro. Contudo, apesar dos avanços contidos no documento, este ainda não se configura na prática enquanto sendo um mecanismo de efetiva inserção do jovem no cerne das políticas públicas nacionais.
Faz ainda necessário estabelecer mecanismos que norteiem a construção de um pensamento acerca do que é ser jovem e da própria noção de juventude no contexto nacional, para que somente depois possa ser plausível a construção de políticas públicas voltadas para esta significativa parcela da população brasileira. 
Para tal, torna-se necessário o reconhecimento e a solidificação das instâncias de participações sociais da juventude, fortalecendo neste processo os canais pelos quais os jovens podem ser capazes de se fazerem ouvidos acerca de seus anseios para a construção de uma agenda nacional em torno de políticas públicas para a juventude.
Neste contexto destaca-se a relação juventude-trabalho-escola, e a importância de se realizaruma reestruturação nos elementos basilares que a sustentam, e que no plano prático vem se mostrando ineficaz para a manutenção em grande parte da população jovem no que tange ao vinculo juventude-trabalho-escola. 
3 TRABALHO E EDUCAÇÃO, CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA ECONÔMICA 
3.1 Considerações Iniciais
Tendo-se abordado no primeiro capítulo a tarefa de se apresentar um pensamento acerca do jovem e ser jovem na sociedade, o presente capítulo tem como objetivo descrever o conceito de trabalho recente, e como o pensamento econômico compreende as questões de trabalho e qualidade de vida da população. 
Para tanto, buscar-se-á tracejar um panorama acerca das contribuições de Smith e Ricardo sobre o trabalho e seu impacto no crescimento econômico e com o concomitante desenvolvimento de um país. A partir dos pressupostos teóricos apresentados por Theodore Schultz, acerca do Capital Humano, como o investimento em qualificação e melhoria da qualidade de vida da população desempenha um papel vital para o desenvolvimento econômico de um país. 
3.2 Contribuições da Economia Clássica
3.2.1 As Perspectivas de Trabalho na Teoria Econômica de Adam Smith 
Smith já no primeiro parágrafo de sua obra destaca, “o maior aperfeiçoamento das forças produtivas do trabalho e grande parte da habilidade, destreza e discernimento com que ele é em todos os lugares dirigido ou aplicado parecem ter sido os efeitos da divisão do trabalho” (SMITH, 2003, p. 07). Com isso pretende lançar luz para a importância da emergência da divisão do trabalho para o avanço no sistema produtivo da época.
Por conseguinte, o autor salienta que nas grandes oficinas só é possível reunir em um mesmo local os trabalhadores de um único ramo produtivo, o que torna difícil a percepção dos mecanismos da divisão do trabalho, assim, para Smith é nas pequenas manufaturas, que a divisão do trabalho pode ser facilmente percebida, pois possibilitam reunir em um único local todos os trabalhadores. Nesse contexto, o autor apresenta como exemplo para evidenciar seus apontamentos, a produção de alfinetes, aonde pode-se observar que a produção de um único alfinete, encontra-se subdividida em 18 funções específicas (SMITH, 2003).
Neste cenário, observa-se a atenção dedicada por Smith, para a defesa da eficácia do sistema da divisão do trabalho, uma vez que, como destaca o autor, sem a divisão do trabalho e o aprimoramento de cada trabalhador em uma etapa específica do processo produtivo, estes trabalhadores não seriam capazes de produzir individualmente o que produzem em conjunto, sendo em consequência deste aprimoramento e ou especialização da força produtiva, que se pode constatar a emergência do aumento na produtividade como um todo. Deste modo, Smith (2003), evidencia três fatores que corroboram com o argumento de que a especialização da força produtiva produz um aumento da produção, são eles:
· Aprimoramento da destreza do trabalhador: caracterizada pela especificação de uma única atividade a ser desenvolvida pelo indivíduo ao longo de sua vida, ou seja, aqui o trabalhador deixa de preocupar-se em produzir um determinado produto como um todo, mas sim, em se especializar na produção de uma única etapa de todo o processo produtivo (SMITH, 2003);
· Economia de tempo: Para Smith (2003), a economia de tempo oportunizada pela divisão do trabalho, no que tange ao se passar de uma tarefa para outra, viria por impactar diretamente na capacidade produtiva do indivíduo, uma vez que este poderia se concentrar unicamente em apenas uma atividade, e desta forma, não se distrairia com pensamentos relativos a outras funções inerentes ao processo produtivo;
· Utilização de máquinas: destaca-se aqui o papel atribuído à utilização de maquinários adequados a cada etapa do processo produtivo, e seu impacto no aumento da produção. Para Smith (2003), ao se especializar em uma única atividade o indivíduo vem por torna-se capaz também de produzir o aperfeiçoamento das máquinas e ferramentas que utiliza para desenvolver o seu ofício.
Por conseguinte, ao se dedicar a análise acerca das origens da divisão do trabalho, Smith, destaca que a mesma é oriunda da propensão natural que todo indivíduo tem de trocar, permutar e intercambiar com outros indivíduos, sendo esta uma habilidade exclusiva do ser humano, ou seja, “na medida em que é por acordo, troca e por compra que obtemos uns dos outros a maior parte dos serviços mútuos dos quais necessitamos, é essa mesma propensão para a troca que originalmente leva à divisão do trabalho” (SMITH, 2003, p. 20).
Portanto, tendo a divisão do trabalho originado-se mediante a propensão a trocar, permutar e intercambiar, e sendo que diante da possibilidade de se realizar a troca de seu excedente produzido, para Smith (2003), neste cenário o indivíduo, encontra o estímulo para buscar cada vez mais a sua especialização, pois:
Na verdade, a diferença de talentos, naturais entre os homens é muito menor do que pensamos, e a grande diferença de talentos que parece distinguir homens de diferentes profissões, quando atingem a maturidade, em muitos casos não é tanto causa como o efeito da divisão do trabalho. A diferença entre os caracteres mais diferentes, entre um filósofo e um simples carregador, por exemplo, parece se dever menos à natureza do que ao hábito, aos costumes e à educação. Quando vieram ao mundo, e durante os primeiros seis ou oito anos de sua existência, talvez fossem muito parecidos, e nem os pais nem os amigos podiam perceber alguma diferença notável. Por volta dessa idade, ou pouco depois, vieram a ocupar-se de atividades muito diferentes. A diferença de talentos, que então começa a se fazer notar, aos poucos se amplia, até que por fim a vaidade do filósofo o impede de reconhecer alguma semelhança (SMITH, 2003, p. 21).
Por conseguinte, Smith (2003), salienta que:
Entre os homens, pelo contrário, os talentos mais distintos são úteis uns aos outros; os diferentes produtos de suas respectivas capacidades, graças à propensão geral a cambiar, permutar ou trocar, reúnem-se, por assim dizer, num patrimônio comum, que permite a cada homem adquirir todas as partes produzidas pelos talentos de outros, de acordo com suas necessidades (SMITH, 2003, p. 22).
Assim, a divisão do trabalho vem por oportunizar não só a especialização dos indivíduos em diferentes funções, mas também a busca por estes de obterem os produtos que são produzidos pelos demais, e que de alguma maneira serem necessários para a sua plena sobrevivência, uma vez que a existência de diferentes profissões possibilita a realização de trocas, permutas e intercâmbios entre os diferentes indivíduos.
Por fim, cabe salientar que para Smith caberia ao mercado o papel de prover algum tipo de limitação para a divisão do trabalho, uma vez que, em decorrência da especialização dos indivíduos sua produção é intensificada, oportunizando o excedente necessário para a realização de trocas entres os diferentes indivíduos, todavia se o mercado for demasiado reduzido, não haverá a possibilidade da realização da troca de seus excedentes, fazendo com que não seja necessária a divisão do trabalho. 
Por fim, cabe salientar as contribuições de Smith (2003), no que tange à possibilidade de que com a expansão da divisão do trabalho o indivíduo venha por desenvolver um processo no qual acaba atrofiando sua capacidade criativa – em virtude da limitação de suas atividades, aspecto inerente do processo de divisão do trabalho – deixando-lhe incapaz de apreciar e ou estabelecer qualquer interação racional, bem como de tecer opiniões acerca de suas próprias ações presentes em sua rotina.
Ou seja, apesar de conceber os benefícios próprios advindos pela prática da divisão do trabalho, Smith (2003), vem também salientar que o uso demasiado da divisão do trabalho pode ocasionar um processo de empobrecimento das próprias capacidades produtivas do indivíduo ao limitá-lo à produção e reprodução de um único aspecto da linha produtiva.
Neste cenário, dentro da concepção da teoria smithiana viria por ser evidenciado opapel do Estado no que concerne à manutenção de regras que limitassem o poder “destrutivo” das capacidades do indivíduo diante do acirramento dos impactos provocados pela divisão do trabalho, ou seja, caberia ao Estado a função de promover legislações e ou normatizações que viessem por desempenhar um papel protetivo para com o indivíduo que se via diante de um processo cada vez maior de acirramento dos mecanismo próprios da divisão do trabalho.
3.2.2 David Ricardo e a perspectiva sobre as relações de trabalho
As contribuições de David Ricardo aqui analisadas dar-se-ão sobre dois aspectos de sua teoria, a saber: as contribuições acerca dos entendimentos sobre os salários e sobre as maquinarias. 
Acerca dos salários a teoria ricardiana estabelece um duplo sentido para a definição dos salários, os quais ele denominou de: salários naturais e salários de mercado, assim observa-se que para Ricardo (1988, p. 48), “o trabalho, como todas as outras coisas que são compradas e vendidas e cuja quantidade pode ser aumentada ou diminuída, tem seu preço natural e seu preço de mercado”.
No que tange aos salários naturais, Ricardo (1988), estabelece que estes seriam compreendidos como sendo o valor pago que supriria o custeio de todas as necessidades básicas do trabalhador e de seus dependentes, sendo que este valor também deveria ser suficiente para o custeio de todos os itens socialmente estabelecidos como básicos para a sobrevivência de todo o grupo familiar.
Deste modo, o preço natural dos salários dar-se-ia mediante:
... do preço dos alimentos, dos gêneros de primeira necessidade e das comodidades exigidas para sustentar o trabalhador e sua família. Com um aumento no preço dos alimentos e dos gêneros de primeira necessidade, o preço natural do trabalho aumentará. Com uma queda no preço daqueles bens, cairá o preço natural do trabalho (RICARDO, 1988, p. 48).
Todavia, na concepção de Ricardo (1988), em decorrência dos aperfeiçoamentos da maquinaria e da divisão do trabalho, da melhor qualificação científica/técnica dos produtores e mesmo com o aumento dos valores da matéria prima, os preços naturais do salário tendem a cair em decorrência do aumento da riqueza das populações. 
Acerca dos preços de mercado, Ricardo (1988), salienta que:
O preço de mercado do trabalho é aquele realmente pago por este, como resultado da interação natural das proporções entre oferta e demanda. O trabalho é caro quando escasso, e barato quando abundante. Por mais que o preço de mercado possa desviar-se do preço natural, ele tende a igualar-se a este, como ocorre com as demais mercadorias (RICARDO, 1988, p. 48-49).
Sendo resultado das interações entre oferta e demanda, os preços de mercado tenderiam a um movimento pelo qual se igualariam aos preços naturais, de modo que, quando este preço se posicionasse acima do preço natural, seria observado um quadro no qual o indivíduo tenderia a experienciar uma vida mais feliz e próspera, podendo vir por desfrutar de uma maior gama de produtos e prazeres, por sua vez, quando o preço de mercado se encontra abaixo do preço natural, o indivíduo por conseguinte, vem por desfrutar de uma situação de miserabilidade, pela qual se vê obrigado a reduzir seus gastos e consumo ao mínimo necessário para a sua sobrevivência e a de seus familiares (RICARDO, 1988).
Acerca de como o capital pode atuar sobre os salários, Ricardo (1988, p. 49), pontua que por capital se entenderia a parte das riquezas que são empregadas na produção, consistindo desta forma “... alimentos, roupas, ferramentas, matérias-primas, maquinaria, etc., necessários à realização do trabalho”.
Ricardo (1988), destaca ainda que o capital pode aumentar sob duas formas: na primeira tanto o capital quanto o seu valor aumentariam em iguais proporções, já na segunda, ocorreria de o capital aumentar enquanto que o seu valor poderia ser mantido ou mesmo poderia ser diminuído, no que tange ao preço do trabalho em decorrência do aumento do capital, constata-se que no primeiro caso o preço natural do trabalho também aumentaria, enquanto que no segundo o preço natural do trabalho cairia ou se manteria estável, contudo, em ambos os casos a taxa de mercado dos salários aumentaria, pois, a demanda por trabalho variaria na mesma proporção que o capital.
Por conseguinte, constata-se que em ambos os casos se vislumbraria um aumento nos preços de mercado para além do preço natural, buscando-se posteriormente um ajuste ao preço natural, sendo que este reajuste ocorreria mais rapidamente no primeiro caso, enquanto que no segundo caso este reajuste estaria sujeito a um aumento significativo da população (RICARDO, 1988).
Neste contexto, o que se observa é que:
... na medida que a sociedade progride e que aumenta o seu capital, os salários de mercado do trabalho subirão, mas a permanência dessa elevação dependerá de que o preço natural do trabalho também aumente. E isso dependerá de uma elevação natural dos bens de primeira necessidade em que se gastam os salários (RICARDO, 1988, p. 50).
Assim diante da concepção de salários apresentada na teoria ricardiana, a variação nos preços dos salários pagos se daria em decorrência de dois fatores basilares: a correlação entre a demanda e a oferta de trabalho e os valores pagos para a aquisição dos bens necessários para o suprimento das necessidades básicas dos trabalhadores e de seus familiares (RICARDO, 1988).
Outro importante elemento destacado por Ricardo no que tange as relações de trabalho, diz respeito à introdução da maquinaria no processo produtivo. Em um primeiro instante Ricardo concebe que a introdução das maquinarias só oportunizaria ganhos para todas os agentes envolvidos no processo produtivo, contudo, após críticas as suas proposições, o autor declara que “... a substituição de trabalho humano por maquinaria é frequentemente muito prejudicial aos interesses da classe dos trabalhadores” (RICARDO, 1988, p. 211).
Neste contexto, observa-se que:
... a descoberta e o uso da maquinaria podem ser acompanhados por uma redução da produção bruta, sempre que isso acontecer, será prejudicial para a classe trabalhadora, pois uma parte será desempregada e a população tornar-se-á excessiva em comparação com os fundos disponíveis para emprega-la (RICARDO, 1988, p. 212).
Desta forma, um exponencial aumento da substituição da força de trabalho por maquinarias viria por desencadear um processo cada vez mais acirrado de desemprego e, por conseguinte, miserabilidade dos trabalhadores que não seriam mais capazes de adquirir os bens necessários para a sua sobrevivência e de seus familiares.
 Acerca da correlação entre trabalhador e máquina, Ricardo (1988), destaca que no centro desta relação se encontram os preços dos salários pago pelo trabalho, uma vez que, enquanto a descoberta e ou o aperfeiçoamento de novas maquinarias ocorrem de forma gradual, representando novas formas de aplicação do capital poupado pelo capitalista. Ricardo (1988, p. 215), neste contexto, evidencia que “as máquinas e o trabalhador mantêm-se em constante competição, e as primeiras frequentemente só podem ser utilizadas se o preço do trabalho se elevar”.
 Por fim, dentro dos princípios apontados da teoria ricardiana no que tange aos salários e ao uso das maquinarias, pode-se inferir que nestas correlações os impactos sobre o trabalhador, tendem a fomentar um processo de miserabilidade e consequentemente destruição da força de trabalho qualificada, uma vez que o indivíduo não seria capaz de – uma vez que teve sua força de trabalho substituída pela máquina – exercer sua atividade laboral e desta forma, aprimorar suas habilidades.
3.2.3. Smith e Ricardo: algumas correlações com o capital humano
As contribuições das teorias de Smith e Ricardo para o desenvolvimento da ciência econômica são perceptíveis nos dias atuais, de modo que, os princípios econômicos apontados por ambos os teóricos servem de elementos para críticas nas construções teóricas da atualidade. 
Perante o que foi exposto no presente estudo, as contribuições de Smith paraa compreensão dos mecanismos presentes na divisão do trabalho e em como este processo potencializa o sistema produtivo como um todo, e as considerações de Ricardo acerca da relação entre salários, maquinarias e força de trabalho, e principalmente acerca dos papeis do Estado neste processo, servem de elemento de ligação da teoria econômica clássica com a perspectiva teórica do capital humano – que será apresentada no próximo tópico. 
Especificamente no que tange ao papel do Estado, torna-se perceptível a distinção realizada por Smith e Ricardo neste contexto, enquanto que para Smith (2003), o Estado deveria intervir no processo de divisão de trabalho a fim de exercer um controle sobre estes processos, para se minimizar e ou evitar o processo de “destruição da força de trabalho”, Ricardo (1988), defendia a prerrogativa de que o Estado não deveria em nada se envolver com os aspectos ligados a relações de trabalho, vindo a tornar-se um fervoroso critico a Lei do pobres da Inglaterra, que segundo ele, mais prejudicava do auxiliava o indivíduo.
3.3 Capital Humano: uma breve aproximação
Pensar acerca das vicissitudes presentes na relação entre crescimento econômico e qualidade de vida da população, requer o tecer de inúmeros prospectos no que tange as correlações possíveis entre as diferentes variáveis presentes entre estas duas categorias – crescimento e qualidade de vida – assim, pensar uma perspectiva teórica que busque evidenciar estes aspectos, torna-se em muitos casos um processo complexo diante da multivariada gama de fatores inerentes. 
Toma-se o pressuposto de que a corrente teórica ora denominada por Capital Humano, possa vir por atender a este objetivo, uma vez que parte da premissa da importância de se pensar o crescimento econômico mediante o investimento no próprio indivíduo, ou seja, pensar que “o futuro da humanidade não é predeterminado pelo espaço, pela energia nem pelas terras agricultáveis. Será determinado pela evolução inteligente da humanidade” (SCHULTZ, 1987, p. 18).
Pereira (1999), destaca que a teoria do capital humano surge em decorrência da preocupação em se descobrir os custos e os rendimentos dos fatores que impulsionavam o crescimento econômico de um país. 
Neste contexto, torna-se possível perceber que o capital apresenta diferentes configurações, ou seja: 
O capital tem duas faces e o que essas duas faces nos dizem a respeito do crescimento econômico, que é um processo dinâmico, são, em geral, histórias inconsistentes. Deve ser porque a história dos custos é uma história de investimentos fracassados [...] A outra história diz respeito ao valor atualizado da série de serviços que tal capital presta, que muda com a mudança dos elementos do crescimento. Mas, pior ainda é a presunção, que reveste a teoria do capital e a reunião de capital nos modelos de crescimento, de que o capital é homogêneo [...] cada forma de capital tem propriedades específicas: um prédio, um trator, um tipo específico de fertilizante, um poço tubulado e muitas outras formas não somente na agricultura como também em todas as outras atividades de produção (SCHULTZ, 1987, p. 24)
Por conseguinte, acerca do caráter humano do capital, Schultz vem por destacar que:
É humano porquanto se acha configurado no homem, e é capital porque é uma fonte de satisfações futuras, ou de futuros rendimentos, ou ambas as coisas. Onde os homens sejam pessoas livres, o capital humano não é um ativo negociável, no sentido de que possa ser vendido. Pode, sem dúvida, ser adquirido, não como um elemento de ativo, que se adquire no mercado, mas por intermédio de um investimento no próprio indivíduo. Segue-se que nenhuma pessoa pode separar-se a si mesma do capital humano que possui. Tem de acompanhar, sempre, o seu capital humano, quer o sirva na produção ou no consumo (SCHULTZ, 1973 apud PEREIRA, 1999, p. 08).
De modo que, por mais óbvio que possa parecer o comportamento de aquisição de habilidades e conhecimentos úteis por parte dos indivíduos, o mesmo não se aplica à percepção destes conhecimentos e habilidades enquanto um modelo de capital e, desta forma, que este venha por configurar-se enquanto sendo um importante elemento de investimento no campo econômico, de modo que o investimento em capital humano e seu concomitante “... crescimento pode muito bem ser a característica mais distintiva do sistema econômico” (SCHULTZ, 1961, p. 01).
Cabe salientar, que como qualquer outra forma de capital, o capital humano implica em custos para sua aquisição e manutenção que vão desde a assistência à infância, à nutrição, vestimentas, cuidados com a saúde e moradia do indivíduo, de modo que “a assistência à infância, a experiência no lar e no trabalho, a aquisição de informações e aptidões através do ensino escolar e outros investimentos na saúde e no ensino escolar podem melhorar a qualidade de vida da população” (SCHULTZ, 1987, p. 20).
Por sua vez, observar-se que:
... ao considerar os efeitos do capital humano no desenvolvimento, estamos interessados principalmente em como os investimentos estatais e familiares influenciam a formação de capital humano reproduzível e como, por sua vez, afeta os ganhos e o crescimento da mão-de-obra. (SCHULTZ, 1997, p. 142).
Schultz (1997, p. 142), constata que “as aproximações semi-lineares tradicionais para as funções salariais devem, portanto, ser estendidas a especificações mais flexíveis que permitam a nova execução, devem variar e existir interações entre várias formas de capital humano, além da educação”.
Assim, Costa, Almeida e Simão (2014), corroboram ao destacarem que para Schultz as diferenças de salários entre os trabalhadores poderiam ser explicadas em decorrência do investimento feito por estes na formação de suas capacidades, de modo que, o papel das capacidades dos agentes humanos enquanto elemento de distinção dos ganhos de produtividade, onde evidencia-se o papel dos investimentos nestes agentes enquanto um elemento de suma importância para a aquisição dessas habilidades. 
Por conseguinte, observar-se 
... a teoria do capital humano articula, de um lado, a ideia de capacitação para o trabalho e de outro, destaca as estratégias individuais que o empresário utiliza para melhorar a qualificação dos trabalhadores e assim garantir maior produtividade. A máxima é de que o aperfeiçoamento da força de trabalho tornaria mais eficiente o próprio trabalho (COSTA; ALMEIDA; SIMÃO, 2014, p. 01).
Pereira (1999), salienta que com o progresso tecnológico ocorre a reconfiguração dos valores das pessoas e da própria sociedade, sendo, portanto, necessário perceber de que modo a economia e os indivíduos se ajustam ao avanço tecnológico. 
Assim, a tecnologia passa a ser vislumbrada enquanto sendo “um investimento realizado para melhorar o solo e as habilidades adquiridas do homem, alternando os seus respectivos atributos técnicos” (PEREIRA, 1999, p. 05), de forma que se tem no investimento em educação – formação de capital humano – a pedra angular para se explicar o crescimento econômico moderno. 
Desta forma, constata-se que:
Se o coeficiente de todo capital em relação à renda permanece essencialmente constante, então o crescimento econômico inexplicado, que tem sido de uma presença tão perturbadora, tem a sua origem primordialmente a partir da elevação do acervo do capital humano. [...] as capacitações econômicas do homem são predominantemente um meio fabricado de produção e que, à exceção de alguma renda pura (em rendimentos) para marcar as diferenças em capacitações herdadas, a maioria das diferenças de rendimentos é uma diferença nos quantitativos que foram investidos nas pessoas. [...] a estrutura dos ordenados e dos salários é determinada primordialmente pelo investimento na escolarização, na saúde, no treinamento local de trabalho, na busca de informações acerca das oportunidades de empregos, e pelo investimento na migração [...] uma distribuição mais equitativa de investimentos no homem igualiza os rendimentos entre os agentes humanos [...] (SCHULTZ, 1973 apud SANTOS, 2004, p.12)
Essa passagem da obra de Schultz vem por reforçar o caráter determinante que detém o capital humano nas configurações de renda de cada indivíduo no contexto socioeconômico, evidenciando-se, dessa forma, sua importância para a dinâmica econômica de uma sociedade, e, portanto, de seu próprio crescimento econômico.
Schultz (1997), chama a atenção para o que ele vem por considerar com formas pelas quais se pode identificar o capital humano, e que cada uma dentro de sua especificidade contribui – levando-se em consideração o estágio tecnológico alcançado – para o aumento da produtividade do indivíduo
. 
A primeira forma diz respeito do estado nutricional líquido da infância. Os investimentos nesta forma de capital humano vêm por impactar diretamente a produtividade e saúde na fase adulta, por sua vez, o investir no estado nutricional da criança impacta na sua capacidade de aprendizagem escolar e em outras atividades de investimento em capital humano (SCHULTZ, 1997).
A escolaridade é destacada por Schultz (1997), como sendo a segunda forma de capital humano. Aqui o autor salienta para a importância da permanência da criança na escola e de sua manutenção pela maior quantidade de tempo possível, dentro da realidade de cada indivíduo e grupo social no qual esteja inserido. Por sua vez, Schultz (1997, p. 147), salienta que “a taxa de frequência de alunos ‘matriculados” durante o período escolar regular também está longe de ser uniforme [...] consequentemente, descrever os investimentos em escolaridade por "anos completos” é apenas uma aproximação bruta”, de modo que, se pode constatar que “a educação responde por grande parte da melhoria na qualidade da população” (SCHULTZ, 1987, p. 28).
A terceira forma de capital humano é denominada, por Schultz (1997), migração e diz respeito ao deslocamento de adultos de seu território de origem em busca de melhores condições de trabalho e renda, sendo que este processo pode ocorrer com maior frequência nos primeiros anos após a conclusão de sua formação escolar. Destaca-se que quanto mais instruído for o indivíduo, maiores chances de este migrar para outras regiões em que compreenda ter acesso a melhores condições de trabalho e renda, desta forma, observa-se que, como sugere Schultz (1997, p. 147), “educação e migração podem ser formas complementares de capital humano, ou famílias que investem mais na educação de seus filhos também têm maiores probabilidades de financiar sua migração”.
A quarta forma de capital humano é demarcada pelo controle da fertilidade, ou seja, mediante o controle da natalidade, pode-se focalizar o dispêndio dos recursos de capital para o aprimoramento das capacidades do indivíduo, vindo, por conseguinte, permitir que este também possa migrar para regiões nas quais suas qualificações possam ser melhor aproveitadas, de modo que, os impactos dos subsídios para o planejamento familiar, podem retardar o primeiro nascimento e ou reduzir a quantidade de nascimentos subsequentes (SCHULTZ, 1997).
Por fim, a quinta forma de capital humano é referente ao estado nutricional e de saúde do adulto, que vem por afetar diretamente as condições que este indivíduo poder vir por desempenhar suas atividades laborativas, assim o indivíduo que detém as condições socioeconômicas necessárias para suprir suas demandas nutricionais e de saúde, detém melhores condições de desempenhar suas funções produtivas, de modo que, “o aumento da renda também pode suportar o aumento das despesas atuais em nutrição e o desempenho de trabalhos mais exigentes” (SCHULTZ, 1997, p. 148).
Assim, as cinco formas de capital humano, apresentadas por Schultz, destacam o caráter multifatorial presente no conceito de capital humano, uma vez que, pensa o indivíduo mediante o seu todo complexo e como os investimentos na formação deste indivíduo podem potencializar sua qualificação e concomitantemente a capacidade produtiva do país.
3.3.1 Capital Humano e investimento em educação
Para Schultz (1987, p. 27), “durações de vida mais longas oferecem incentivos adicionais para a aquisição de mais instrução, como investimentos para futuros ganhos. Os pais investem mais nos filhos. Mais treinamento no trabalho se torna compensador”, ou seja, o que é proposto aqui, é a perspectiva de que quanto maior for a expectativa de vida de um indivíduo, maiores poderão ser os investimentos em sua formação acadêmica, o que viria por impactar diretamente na sua capacidade produtiva e concomitantemente no crescimento econômico do país.
Por conseguinte Schultz (1987), destaca que os gastos com o ensino escolar – básico, médio e superior – que representam um quantitativo importante no que tange a renda nacional de países, principalmente quando comparados às medidas contábeis nacionais – poupança e investimento. No entanto, para o autor, considerar os gastos com o ensino escolar enquanto uma forma de consumo se configuraria um grande erro, uma vez que, os “custos” com o ensino escolar devem ser vislumbrados enquanto sendo uma forma de investimento, ou seja, um investimento na formação de capital humano dos países. 
Neste contexto, Sheehan (1975), pontua que esse erro ocorre em decorrência do fato de que a educação poder ser vislumbrada sob ambos os aspectos – consumo e investimento – de modo que, dependendo de qual visão de educação está referindo, a mesma poderá ser interpretada como consumo e ou investimento, ou seja, 
Os economistas e aqueles que definem política de ação, quando afirmam a importância da educação para o programa de crescimento ou desenvolvimento, podem, na realidade, ter em mente certos tipos de educação [...] esses tipos abrangem apenas uma fração da atividade educacional e dizer que eles são uma condição do crescimento econômico é muito diferente do que dizer que a educação como um todo é um investimento necessário para o crescimento (SHEEHAN, 1975, p. 72).
Schultz (1961), evidencia que muito do que é comumente considerado como consumo pelo sistema econômico é na verdade investimento em capital humano realizado pelo indivíduo, ou seja, os gastos realizados com saúde e educação e ou mudança para outros locais em busca de melhores condições, configuram-se como investimentos em capital humano, aspectos estes que representam uma importante parcela dos aumentos dos ganhos reais de cada trabalhador. Assim, observa-se que “o que os economistas não enfatizaram é a simples verdade de que as pessoas investem em si mesmas e que esses investimentos são muito grandes” (SCHULTZ, 1961, p. 02).
Por conseguinte, para Viana e Lima (2010), a existência deste trade off consumo e ou investimento no que concerne à educação pode ser compreendido da seguinte forma: “consumo, num primeiro momento, pois, a curto prazo, sempre demandará gastos para sua execução; e investimento, num segundo momento, devido à possibilidade de elevar as rendas futuras dos estudantes, resultando em crescimento econômico” (VIANA; LIMA, 2010, p. 142).
Ao analisar os gastos com educação Schultz (1961), destaca que:
Os custos educacionais também aumentaram cerca de três vezes e meia mais rapidamente do que a formação bruta de capital físico em dólares. Se tratássemos a educação como puro investimento, esse resultado sugeriria que os retornos à educação eram relativamente mais atraentes do que os do capital não humano (SCHULTZ, 1961, p. 11). 
Nessa constante, observa-se que o valor adicional do capital humano está diretamente vinculado ao bem-estar adicional que o indivíduo poderá obter, assim, este bem-estar será aumentado entre outros fatores “pelo tempo e outros recursos que os estudantes destinam a sua instrução; pela migração para melhores oportunidades de emprego e para melhores lugares onde viver” (SCHULTZ, 1987, p. 38).
 Schultz (1987, 40), pondera que “... os estudantes estão redistribuindo seu tempo juntamente com os serviços educacionais que compram à medida que reagem às mudanças que ocorrem nos rendimentos esperados e nas satisfações pessoais que esperam obter”. Ou seja, o ensino escolar vem por configurar-se como sendomais do que meramente uma atividade de consumo, uma vez que não objetiva unicamente a obtenção de satisfações, mas também, melhores oportunidades de emprego e renda. 
Schulz (1997), a respeito do processo de aprendizagem por experiência, pontua que o capital humano, adquirido em decorrência da experiência profissional, é caracterizado como sendo uma decisão endógena do indivíduo e que por isso, configura-se como sendo de difícil observação a quantidade real de tempo investido nesse modelo de aprendizagem. De modo que, essa forma de aquisição de capital humano “... é imperfeitamente medida ou controlada na função salarial. Como discutido anteriormente, é comumente representado por um polinômio em anos de experiência após o término da escola ou na própria idade” (SCHULTZ, 1997, p. 149). 
Assim, observar-se que no que concerne à escolha de sua formação e, por conseguinte, investimento em educação o indivíduo perpassar por “... sérias incertezas na avaliação de seus talentos inatos quando se trata de investir em si mesmas, especialmente por meio do ensino superior” (SCHULTZ, 1961, p. 15).
No que tange, ao processo de deterioração do capital humano, Schultz (1961), pontua que o mesmo ocorre quando o indivíduo está ocioso, muito em decorrência do desemprego que acaba impedindo o aprimoramento do indivíduo, assim prejudicando a formação do capital humano. Outro aspecto que deve ser evidenciado e que impacta diretamente na formação de capital humano são os processos de discriminação que acabam por impedir determinadas parcelas populacionais de potencializarem a sua formação de capital humano; outro aspecto diz respeito às dificuldades de migração interna, uma vez que quando os indivíduos não conseguem migrar para outras localidades que viabilizem ou potencializem sua formação, estes fatores impactam diretamente na formação de capital humano dos países. 
Por fim, é nesse contexto, que se torna importante ações assertivas por parte dos governos, no intuído de se minimizar o processo de deterioramento do capital humano, objetivando nesse processo, fomentando programas que incentivem tanto indivíduos quanto empresas a potencializarem os investimentos em capital humano.
3.4 A importância no Investimento em Políticas Públicas
Como visto, o investimento na formação de capital humano perpassa por diferentes áreas da formação do indivíduo e requer uma constante ação no sentido de se fomentar as condições necessárias para que este venha dispor dos recursos necessários para a sua plena formação.
Neste contexto, torna-se importante que o Estado e a sociedade civil organizada venham por apresentar uma agenda de governo que priorize a promoção de políticas públicas que visem fomentar no país as condições necessárias para o desenvolvimento do país. 
Desta forma, pensar acerca dos processos de construção de uma política pública, requer o exercício de se pensar sobre diferentes modos de se propor e de se executar uma ação, sendo que esta deve necessariamente estar vinculada a uma agenda pública em torno do que se pretende combater e ou desenvolver na esfera governamental. Para tal torna-se necessária, desta forma, a constituição de políticas públicas que busquem fornecer um norte para as ações tanto do governo quanto da sociedade civil como um todo. 
Desta forma, a compreensão dos processos inerentes à formulação de uma política pública constitui-se como sendo uma tarefa complexa em decorrência da multiplicidade de fatores presentes em seu escopo, de modo que se torna relevante a plena compreensão acerca do que se vislumbra enquanto política pública, seus objetivos e finalidades.
Para Lopes, Amaral e Caldas (2008, p. 05), o conceito de políticas públicas pode ser definido como sendo uma “totalidade de ações, metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público”.
Por conseguinte, a Secretaria de Meio Ambiente do Paraná (SEMA), compreende que as políticas públicas são:
“[..] conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais (SEMA, S/D, p. 1)
Secchi (2012), vem por evidenciar a existência de dois sentidos para a expressão política, o primeiro politics, viria por representar uma atividade direcionada para a obtenção e concomitante manutenção de recursos direcionados para o exercício do poder sobre outrem, e o segundo policy, traria em seu cerne um sentido mais direcionado para o concretismo e sendo vinculado a orientações para o exercício da tomada de decisão e ação.
Mediante a existência destes dois sentidos, pode-se inferir que a perspectiva de política pública, estaria vinculado ao segundo sentido, o policy. Neste sentido, uma política pública estaria relacionada aos aspectos concretos e simbólicos inerentes ao processo de tomada de decisão, no intuito de promover a constituição de diretrizes em torno do enfrentamento de um problema de ordem pública, objetivando-se assim a realização do tratamento e ou resolução de um problema público.
Para Souza (2006), uma política pública sempre deve ser detentora de uma ação intencional e de objetivos a serem alcançados, o que permitiria a possibilidade de se verificar se de fato foi alcançado o que era pretendido inicialmente pelo governo, de modo que, ocorra concomitantemente neste processo a implementação, execução e avaliação das políticas públicas propostas, caracterizando-se ainda por ser um processo composto por diferentes atores, e não sendo restringindo apenas aos participantes formais.
Secchi (2012), destaca que as políticas públicas em seu processo de elaboração podem ser classificadas em quatro categorias.
A primeira categoria, Políticas Regulatórias, focaliza na construção de padrões de comportamentos, serviços e ou produtos voltados tanto para atores da esfera pública ou privada, tendo seu desenvolvimento imerso em uma dinâmica pluralista. Ou seja, no campo das políticas regulatórias ocorreu a estabilização próxima ao pluralismo, num processo político descentralizado, cujas questões regulatórias estariam numa dinâmica instável, pluralista e vinculada ao balanço do poder e não de forma separada. (TELLES JÚNIOR et al, 2017; SECCHI, 2012; SOUZA, 2010).
Assim, levando em consideração os interesses comuns, variedade de grupos organizados, o impacto se daria de forma individual, as leis sendo gerais, os impactos se localizariam sobre os custos que seriam mais elevados, ou poderiam também expandir as alternativas dos indivíduos privados (TELLES JÚNIOR et al, 2017; SECCHI, 2012; SOUZA, 2010). 
O governo poderia se valer da regulação como uma forma de controle da sociedade, com a possibilidade da coerção descentralizada nas políticas regulatórias. As políticas regulatórias são fundamentadas na legislação, e tem por objetivo regular determinado setor, além de ser instrumento de normatização para a aplicação de políticas distributivas e políticas redistributivas – estas têm efeito a longo prazo. (TELLES JÚNIOR et al, 2017; SECCHI, 2012; SOUZA, 2010). 
A segunda categoria, Políticas Distributivas, busca promover a concessão de benefícios a grupos de atores sociais e em contrapartida os custos destas políticas são financiados através da coletividade. Na visão de Lowi as políticas distributivas envolvem impacto restrito, com maior número de pequenos interesses organizados e de participantes, com recursos ilimitados de curto prazo. Podendo ocorrer desagregação em pequenas unidades que funcionariam isoladas em suas decisões. Nas políticas distributivas os objetivos são setoriais, visando a

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