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Relações Étnico-Raciais eRelações Étnico-Raciais e Responsabilidade SocialResponsabilidade Social AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi Bem vindo(a)! Olá! Seguiremos juntos nessa jornada, espero que possamos conhecer um pouco mais sobre as Relações Étnico-Raciais e Responsabilidade Social. Não temos a pretensão de esgotar as análises sobre o tema, mas propomos re�etir sobre a construção do racismo em sua historicidade e seus impactos na sociedade e relações interpessoais. Abordaremos também a manifestação do etnocentrismo e seus re�exos nas instituições de ensino e nas organizações formais e informais. Nosso objetivo é fornecer subsídios teóricos e indicativos sobre o tema, que podem suscitar outras re�exões e posicionamentos teóricos-metodológicos. Nesta disciplina apresentaremos alguns temas que encontram-se presentes em nossa realidade, tais como a relação entre educação e relações étnico-raciais, diversidade e políticas de reparações, reconhecimento e valorização das ações a�rmativas, a questão indígena no Brasil, organizações e sociedade, responsabilidade social, sustentabilidade e o meio ambiente. Temas que por diversos motivos ainda são temas poucos abordados, assim, esperamos conseguir abordá-los e compreendê-los da melhor maneira possível nesta disciplina. Então vamos às apresentações. Na primeira unidade, falaremos sobre organizações e sociedade, ou seja, iremos discorrer sobre o desenvolvimento histórico do conceito de trabalho, as formas de organização do trabalho ao longo da história ocidental. Pensaremos, também, a relação sobre poder e dominação na sociedade e nas organizações, bem como, compreender os efeitos da tecnologia e das inovações nas relações de trabalho e organizações. Por �m, discutir sobre a sociedade global e as questões socioambientais. Na segunda unidade, abordaremos a temática responsabilidade e sustentabilidade. Nesta sessão, discutiremos sobre desenvolvimento sustentável, responsabilidade social e sustentabilidade. Além disso, re�etiremos sobre as possibilidades e limites da criação de um espaço responsável e sustentável, além disso. Por �m, falaremos sobre os dilemas acerca da responsabilidade empresarial e sustentabilidade. Na terceira unidade, discutiremos sobre cultura e diversidade, isto é, abordaremos o conceito de raça numa perspectiva sócio-histórica, conceituando a noção de etnicidade e apresentando uma série de de�nições e olhares diante deste conceito tão complexo. Nesse sentido, abordaremos a questão indígena no Brasil, apresentando alguns dados de suma relevância para pensarmos a importância de valorizar a cultura e os povos indígenas. Traremos para discussão, também, alguns aspectos da história e cultura afro-brasileira e africana. Buscaremos elencar o tema das relações raciais, o mito da democracia racial e a importância da diversidade e pluralidade de raças e etnia nas organizações sociais. Na última unidade, re�etiremos sobre políticas públicas e diversidade cultural. Neste tópico, discutiremos a relação entre educação e políticas e as relações étnico-raciais. Buscaremos compreender o conceito de diversidade e da valorização das ações a�rmativas no Brasil, sobretudo no contexto das organizações. Discutiremos também, sobre algumas políticas de reparação e reconhecimento das relações étnico-raciais. Portanto, temos como objetivo levar você leitor(a) a re�etir sobre essas temáticas, e sobretudo, fomentar a re�exão e apostar na diversidade, e especi�camente na diversidade racial, a �m de que possamos contribuir com a construção de uma sociedade mais justa. Bem, nossa disciplina é composta por essas temáticas. Espero que você goste. Boa leitura e um ótimo estudo! Unidade 1 Organização e Sociedade AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi Introdução Prezado(a) estudante, você já pensou sobre a in�uência do trabalho na qualidade de vida humana? E sobre o impacto que as organizações ao longo dos anos têm provocado na sociedade? Para compreender essa relação tão importante entre o trabalho nas organizações e na sociedade, faz-se mister compreender como foi o desenvolvimento do pensamento sobre o trabalho, quais são as formas de poder e dominação nas organizações e como se organizou o trabalho desde os primórdios até os dias atuais. É importante pensarmos sobre as inovações e perspectivas nas relações do trabalho e organizações, bem como entender de modo que a sociedade, principalmente, as organizações, têm discutido as questões socioambientais. Caro(a) aluno(a), você irá perceber nesta unidade, a relação trabalho e organização são compreendidas como um processo de interação entre homem e natureza. É que esta interação implica também em relações de con�itos de interesses que podem ser resolvidos ou atenuados por meio do poder que as organizações em sociedade impõem aos trabalhadores. Prezado(a) estudante, buscaremos abordar as transformações mundiais levam às reestruturações e como as inovações pelas quais a sociedade tem passado são variadas e in�uenciam a forma de organização e funcionamento das relações de produção e processos de trabalho. Essas mutações no mundo do trabalho, e o momento pela qual a sociedade global está passando, trazem uma nova morfologia ao trabalho, levando a uma maior precarização do trabalhador. Como condição sine qua non, é preciso compreender que a garantia de qualidade da vida e a própria existência humana dependem da consciência socioambiental, que envolve vários atores sociais. Bons estudos! O Desenvolvimento do Pensamento sobre o Conceito: Trabalho AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi Estudando o mundo do trabalho será possível identi�car as transformações ocorridas nas últimas décadas, a começar pela inovação tecnológica, reestruturação produtiva, precarização das relações de trabalho, exigências decorrentes dos modelos de gestão organizacionais, novas formas de organização percebendo como essas mudanças do século XX até os dias atuais, muitas delas ocorridas no ambiente de trabalho, trouxeram para a vida dos trabalhadores (SOUZA; TOLFO, 2009). No entanto, antes de trabalharmos estes tópicos é de suma importância retomarmos uma questão que parece simples, mas que carrega uma complexidade conceitual: A�nal o que é trabalho? Podemos entender o trabalho como sendo o meio pelo qual as pessoas buscam suprir suas necessidades, alcançar seus objetivos e se realizar. Em outras palavras, o trabalho é uma categoria humana, bem como uma atividade complexa, multifacetada, polissêmica, que não apenas permite, mas exige diferentes olhares para sua compreensão. Coutinho (2009), por exemplo, a�rma que quando falamos de trabalho nos referimos a uma atividade humana, individual ou coletiva, de caráter social, complexa, dinâmica, mutante e que se distingue de qualquer outro tipo de prática animal por sua natureza re�exiva, consciente, propositiva, estratégica, instrumental e moral. Por muito tempo, o trabalho humano signi�cou fardo e sacrifício, sendo visto como punição para o pecado. Somente a partir do Renascimento que o trabalho foi concebido como fonte de identidade e autorealização humana, e a partir daí foi visto como desenvolvimento e condição necessária para a liberdade. Com o advento da industrialização, intensi�cou-se a valorização do trabalho, em que o indivíduo passa a ser um trabalhador livre vendendo sua força de trabalho (ENRIQUEZ, 1999). Por outro lado, na Revolução Industrial a emoção, expressa pelo sentimento e a percepção do trabalhador, é retirada do local de trabalho, e a racionalização é o que mais se repete no mundo dos negócios (RIBEIRO; LÉDA, 2004). CONCEITUANDO A palavra trabalho vem do latim Tripularium, que tem como signi�cado “instrumentos de tortura”, no entanto, vem passando por um processo de mudanças de signi�cados e sentidos (RIBEIRO; LÉDA, 2004). heliorc Highlight O trabalho sempre coloca à prova a subjetividade, da qual esta última sai acrescentada, enaltecida, ou aocontrário, diminuída, morti�cada. Trabalhar constitui, para a subjetividade, uma provação que a transforma. Trabalhar não é somente produzir; é, também, transformar a si mesmo e, no melhor dos casos, é uma ocasião oferecida à subjetividade para se testar, ou até mesmo para se realizar. Dessa forma, o trabalho não deve ser analisado apenas em relação às técnicas de produção e dominação, mas considerando a maneira como os sujeitos vivenciam e dão sentido às suas experiências de trabalho. Estas também variam conforme o contexto social, histórico e econômico, apontando para diferentes processos de produção de subjetividade, diferentes sujeitos trabalhadores (DEJOURS, 2004). A relação com o trabalho certamente é vivida de forma distinta entre o cidadão e o escravo na Grécia, o senhor e o servo na Idade Média, ou entre o operário da indústria fordista e o jovem analista de sistemas nas atuais empresas (NARDI, 2006). No entanto, no sistema capitalista a organização do trabalho é reduzido ao nível de emprego, transformar a obra em mercadoria, desapropriar dessa forma o trabalhador de se reconhecer no seu saber como sujeito desejante. Trabalho: Criatividade, crescimento, desenvolvimento; Emprego: Sistema normativo de ações e condutas que regula a atividade do/a trabalhador sob condições de controle e vigilância. Captura a criatividade e seu potencial. De acordo com Souza e Tolfo (2009, p.1): ATENÇÃO Podemos considerar trabalho como a forma na qual o sujeito social se inscreve num coletivo do qual recebe um nome próprio, que o nomeia, segundo a inscrição da sua tarefa na cultura e história da sua época. Outorgando-lhe um lugar de pertença no qual estabelece laços e condições de realização de desejos enquanto sujeito portados de um saber socialmente produtivo. Nesta perspectiva, trabalho não é de�nido em relação ao capital. Portanto produtivo/improdutivo não cabe nessa proposta. Pois todo trabalhador produz um trabalho produtivo. O trabalho ocupa um lugar central na vida de quem o realiza, pois é por meio dele que o ser humano organiza sua vida, seus horários e suas atividades, e até mesmo seus relacionamentos são in�uenciados pelo trabalho. O trabalho é uma das principais categorias por meio do qual o homem interage no seu meio social e no seu tempo, seja pelo fato de ser um meio de sobrevivência, seja pelo tempo da vida a ele dedicado, seja pelo fato de ser um meio de realização pro�ssional e pessoal. (SOUZA; TOLFO, 2009, p. 1). Neste contexto, cabe pontuarmos um breve resgate histórico sobre o surgimento da categoria trabalho, isto é: Na história primitiva os homens produziam unicamente para satisfazer suas necessidades imediatas. Os instrumentos utilizados inicialmente rudimentares, vão aos poucos sendo aperfeiçoados para garantir a caça e a pesca. A propriedade e a produção eram partilhadas entre todos e a única divisão do trabalho era a divisão sexual (papéis diferenciados entre homem e mulher). Com o surgimento da agricultura, por exemplo, o homem já começava a ter excedentes, dando início a mercadoria e sua comercialização. Daí, decorre a separação entre aqueles que produzem e aqueles que se apropriam da produção excedente. No Ocidente, anos 3000 a.C até 476 d.C, os escravos advinham das chamadas guerras de conquistas, trabalhando em terras conquistadas pelo Estado, dado aos nobres – surge então a divisão dos homens entre proprietários e não proprietários. No �m do Império Romano, esboça-se uma nova organização societária – sociedade feudal – os servos produziam (trabalhavam) nas terras dos senhores para obterem subsistência. Com o excedente, caracterizava-se a exploração do trabalho. A produção dos pequenos artesãos se destinava à troca, dando origem às corporações. A produção agora não tinha só valor de uso (produto produzido por trabalho humano concreto, útil ao homem), mas também valor de troca (resultados de trabalhos diversos que incluem o trabalho humano abstrato). Para Iasi (2010, p. 63) “a atividade do trabalho consiste em transformar a natureza, e não apenas na apropriação de seus elementos tal como se encontram”. Já Marx (1988) compreende que justamente essa capacidade que o homem tem de transmitir signi�cado à natureza, por meio de uma atividade planejada, consciente e que envolve uma dupla transformação entre o homem e a natureza, que diferencia o trabalho do homem de qualquer outro animal. Para o autor, é pelo trabalho que o homem transforma a si e à natureza, e, ao transformá-la de acordo com suas necessidades, imprime em tudo que o cerca a marca de sua humanidade. O trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla o seu intercâmbio material com a natureza. Defronta- se com a natureza como uma de suas forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo, braços e pernas, cabeça e mãos, a �m de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modi�cando-a ao mesmo tempo em que modi�ca sua própria natureza (MARX, 1988, p. 202). Neste sentido, a ação humana que altera a natureza, altera o próprio ser humano, produzindo sempre novas necessidades. Para plantar ou arrancar raízes, ou preparar a terra para o plantio, por exemplo, é necessária a criação de instrumentos chamados “meios de produção”. O trabalho, nos seus elementos simples, é aquele produtor de valores de uso, pois. [...] a existência [...] de cada elemento da riqueza material não existente na natureza, sempre teve de ser mediada por uma atividade especial produtiva, adequada a seu �m, que assimila elementos especí�cos da natureza a necessidades humanas especí�cas. Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da vida humana. (MARX, 1988a, p. 50). Deste modo, Marx caracteriza o trabalho, de um ponto de vista mais geral, como a interação entre o homem e a natureza, com o objetivo de transformar a natureza nos bens necessários à sobrevivência do homem. Deste ponto de vista, só seria trabalho a atividade que promovesse esta interação e consequentemente somente seria trabalho produtivo o que resultasse em um produto (COLÁM; POLA, 2009). Como percebemos até agora, a condição humana é transformada em mercadoria, e o aumento da produtividade do trabalho, que em princípio aumenta a quantidade de valores de uso, produz ao mesmo tempo, um efeito inverso que é a desvalorização da própria mercadoria, a força de trabalho, a qual sofre oscilações do mercado. O trabalho não é só explorado pelo tempo excedente e baixos salários, como pelo ritmo que se impõe à produção, sem alteração de jornada de trabalho. Além da separação entre trabalhador e meios de produção, não existe mais a unidade entre necessidades e produção na era do capital, ou seja, a produção não é mais voltada para o uso, mas principalmente para a troca. A condição humana tinha o trabalho como meio de humanização, agora na condição de mercadoria, ocorre a desumanização, porque só se tem acesso ao trabalho, por isso soa externo ao trabalhador, produzindo, na maioria das vezes, sofrimento, como aponta Dejours (1992, p.96 apud IASI, 2010, p.73). As tarefas repetitivas, os comportamentos condicionados não são unicamente consequências da organização do trabalho. Mais que isso, estruturam toda a vida externa ao trabalho, contribuindo desse modo para submeter os trabalhadores aos critérios de produtividade. Deste modo, podemos a�rmar que o trabalho refere-se à uma categoria essencialmente humana, e como sendo ponto de partida para a constituição do ser social, ou seja, é a partir da atividade laboral (do trabalho) que nos tornamos humanos. Contudo, ao mesmo tempo em que o trabalho humaniza, ele também desumaniza. pois, sua força de trabalho tornou-se uma mercadoria – cuja �nalidadeé criar novas mercadorias e valorizar o capital. Haja vista que, “Todo o sistema de produção capitalista repousa no fato de que o trabalhador vende e sua força de trabalho como mercadoria”. (MARX, 1988c, p.48). No capitalismo, por exemplo, o trabalhador é reduzido a mero produtor de valor de troca, o que implica a negação de sua existência natural, ou seja, signi�ca a�rmar que o trabalhador e, consequentemente, a sua produção estão determinados totalmente pela sociedade. REFLITA Trabalho ao mesmo tempo cria e subordina, emancipa e aliena, humaniza e degrada, oferece autonomia, mas gera sujeição, libera e escraviza (ANTUNES, 2011, grifo nosso). Formas de Organização do Trabalho AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi As transformações ocorridas nas organizações proporcionaram grandes mudanças no processo de trabalho. No último século, a indústria e o processo de trabalho culminado pelo Fordismo com os elementos constitutivos básicos eram dados por: [...] produção em massa, por meio da linha de montagem e de produtos homogêneos; através do controle dos tempos e movimentos pelo cronômetro taylorista e da produção em série fordista; pela existência do trabalho parcelar e pela fragmentação das funções; pela separação entre elaboração e execução no processo de trabalho; pela existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e pela constituição/consolidação do operário- massa, do trabalhador coletivo fabril, entre outras dimensões. Menos do que um modelo de organização societal, que abrangeria igualmente esferas ampliadas da sociedade, compreendemos o fordismo como processo de trabalho que, junto com o taylorismo, predominou na grande indústria capitalista ao longo deste século (ANTUNES, 2011, p. 24-25). Por exemplo, no modelo proposto pelo Taylorismo a organização do trabalho se dava por: Substituição dos métodos tradicionais pelos cientí�cos. Adoção do método dos tempos e movimentos – substitui movimentos lentos e ine�cientes por rápidos. Adoção de um método mais rápido e um instrumento melhor. Neste sentido, a Administração Cientí�ca se baseia em quatro princípios básicos, desenvolvidos por Frederick Taylor (1856-1915), que visam melhorar o desempenho da organização: 1º Princípio: O estudo, por parte da gerência, das tarefas (Estudo dos tempos e movimentos). Este deve ser feito de forma a levantar o conhecimento que se encontra na cabeça dos trabalhadores, registrá-los, medi-los, simpli�cá-lo e reduzi-lo ao mínimo, observando assim, a melhor maneira de se executar a tarefa. Em seguida, criam-se regras e leis que irão retornar aos trabalhadores que as colocam em prática. 2º Princípio: A gerência deve fazer uma seleção cientí�ca dos trabalhadores de forma a escolher a melhor pessoa para a execução de uma tarefa e cuidar do seu contínuo desenvolvimento. 3º Princípio: é o momento em que as leis e regras criadas no primeiro princípio voltam para o trabalhador selecionado através de cartões de instrução. Assim, as “melhores pessoas” são treinadas para a realização da tarefa da “melhor maneira”. 4º Princípio: divisão do trabalho. Aqui a gerência, representada pelos administradores e engenheiros, estabelecem os padrões e os operários apenas obedecem. Se na cultura Taylorista um dos enfoques era o melhoramento do desempenho, com o Fordismo, o objetivo se aperfeiçoou, ou seja, com o Fordismo e com a implementação da esteira rolante, passou-se a construir uma tentativa de racionalização da organização do trabalho, sendo assim, trouxe uma imensa intensi�cação, automatização e mecanização do processo de trabalho (RIBEIRO, 2015). Máxima decomposição de cada tarefa em operações mínimas e cronometragem. Implementação de um sistema no qual os gerentes devem reunir todos os conhecimentos tradicionais antes dos trabalhadores, classi�cá-los, tabulá-los, reduzi-los a normas, leis e fórmulas. Adoção de uma política no qual o trabalhador é poupado de pensar para que possa repetir os movimentos ininterruptamente. A esteira rolante se constituiu como uma maneira de controlar o ritmo do trabalho (condição tão sonhada por Taylor) de forma automatizada e intensa. Isso gerou um tipo de processo de trabalho extremamente extenuante para os trabalhadores. Na década de 80 do século XX houve algumas mudanças e transformações relacionadas à tecnologia, automação, robótica e a microeletrônica. Essas se inseriram na relação de trabalho e de produção de capital. Da mesma forma, como no fordismo e o taylorismo, novos processos emergem, onde “cronômetro e a produção em série e de massa foram substituídos pela �exibilização da produção” (ANTUNES, 2011, p.24). Essa forma �exibilizada de acumulação capitalista é baseada na reengenharia, na empresa enxuta, e fez com que a classe trabalhadora se fragmentasse, se tornasse heterogênea e mais complexa, além disto, como aponta Silva M. e Silva S. (2011, p. 24), houve uma série de consequências: Tornou-se mais quali�cada em vários setores onde houve uma relativa intelectualização do trabalho, mas desquali�cou-se e precarizou-se em diversos ramos, como na indústria automobilística, na qual o ferramenteiro não tem mais a mesma importância, sem falar na educação dos inspetores de qualidade, dos grá�cos, dos mineiros, dos portuários, dos trabalhadores da construção naval etc. Criou-se, de um lado, em escala minoritária, o trabalhador “polivalente e multifuncional” da era informacional, capaz de operar com máquinas com controle numérico e de, por vezes, exercitar com mais intensidade sua dimensão mais intelectual. E, de outro lado, há uma massa de trabalhadores precarizados, sem quali�cação, que hoje está presenciando as formas de part-time, emprego temporário, parcial, ou então vivenciando o desemprego estrutural. (SILVA, M., SILVA, S., 2011, p. 24). REFLITA Como declara Antunes, máquinas inteligentes não podem substituir trabalhadores, pois elas exigem o trabalho intelectual de operários, que ao agir com as máquinas acabam por transferir parte dos atributos intelectuais nesse processo, estabelecendo um completo processo interativo entre trabalho e ciência produtiva, que não pode levar à extinção do trabalho (2011, p.32). Poder e Dominação na Sociedade e no Trabalho AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi Historicamente as organizações têm sido associadas a processos de dominação social nas quais indivíduos ou grupos encontram formas de impor a respectiva vontade sobre os outros. Na visão de alguns teóricos organizacionais, inspirados por Karl Marx, Weber e Robert Michels, essa combinação de realização e exploração é uma característica marcante das organizações através dos tempos. É possível encontrar relações de poder assimétricas que resultam na maioria trabalhando para a minoria, por exemplo, a convocação obrigatória e a escravização que garantiram muito da mão de obra necessária para a construção da pirâmide e de impérios, deram lugar atualmente, ao trabalho assalariado, da qual os empregados têm o direito de se demitir (MORGAN, 1996). De acordo com os postulados de Weber (apud MORGAN, 1996, pp.282-283), há três tipos de dominação e raramente são encontradas em suas formas puras, de forma que, quando se misturam acabam por ocasionar tensão e mal-estar. São elas: Dominação carismática: ocorre quando o líder exerce in�uência em virtude de qualidades pessoais. É legitimado na fé que o liderado deposita no líder – exemplos: profetas, heróis ou mesmo demagogos. O aparato administrativo é pequeno, �exível, desestruturado e instável. Dominação tradicional: o poder de mando tem por base o respeito pela tradição e pelo passado. É legitimado pelo costume e o sentimento de que é correto fazer as coisas de tal forma tradicional. As pessoas exercem o poder de status adquirido. Exemplos: o�ciais, parentes, administradores. Dominação racional-legal: o poder é legitimado por leis, regras, regulamentos e procedimentos. Quem manda pode obter poder legitimado seguindo procedimentos legais. É formalmente fundamentadoem regras. O aparato administrativo típico é a burocracia, dentro da qual a autoridade formal está concentrada no topo da hierarquia organizacional. Essas ideias se compatibilizam com aquelas que Karl Marx expõe, a de que a lógica move a sociedade moderna e encontra- se na dominação por meio da racionalização. Para Marx, encontra-se na dominação gerada pela mais valia e a acumulação de capital, mostrando como a organização no mundo moderno se acha baseada em processos de dominação e exploração de diferentes formas (MORGAN, 1996). Deste modo, enquanto algumas pessoas veem o poder como um recurso, por exemplo, como alguma coisa que alguém possui, outras o veem como uma relação social caracterizada por algum tipo de dependência, como um tipo de in�uência sobre alguma coisa ou alguém. “O poder é o meio através do qual, con�itos de interesses são, a�nal, resolvidos. O poder in�uencia quem consegue o quê, quando e como” (MORGAN, 1996, p.163). Nesta perspectiva, podemos a�rmar que a relação entre contemporaneidade, trabalho, poder e dominação resulta na produção do que passamos a nomear como precarização, isto é, segundo, Araujo e Morais (2017) com a globalização dos mercados e do capital e o acirramento da concorrência internacional entre empresas, a pressão para a minimização do custo do trabalho leva à “compressão do número de trabalhadores efetivos e à externalização de um número crescente de tarefas, bem como à deslocalização de tarefas e de empresas para zonas com salários mais baixos” (p. 2). Isso implica a redução do emprego estável e o aumento de uma força de trabalho �exível, que se encontra em condições precárias e pouco ou nada protegidas (KOVÁCS, 2003). A precarização do trabalho é elemento central da nova dinâmica do desenvolvimento do capitalismo, criando uma nova condição de vulnerabilidade social: um processo social que modi�ca as condições de trabalho (assalariado e estável), anteriormente hegemônicas no período da chamada sociedade salarial ou fordista (DRUCK, 2011). Esse mecanismo faz do trabalho o principal fator de ajustamento para a competição internacional. É anunciada a redução drástica, até a extinção do emprego estável, a tempo integral, a favor do emprego �exível. Essa evolução implica o aumento da força de trabalho �exível, �uida, periférica ou contingente que engloba, sobretudo, os trabalhadores a tempo parcial, temporariamente contratados, e certas categorias dos trabalhadores por conta própria (KOVÁCS, 2003; ARAUJO, MORAIS, 2017). Em outras palavras, desde o início da reestruturação produtiva do capital vem ocorrendo uma redução do proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estável e especializado, herdeiro da era da indústria verticalizada de tipo taylorista e fordista. Este proletariado vinculado aos ramos mais tradicionais vem dando lugar a formas mais desregulamentadas de trabalho, reduzindo fortemente o conjunto de trabalhadores estáveis que se estruturam através de empregos formais, herança da fase taylorista/fordista (ANTUNES, 2008, grifo nosso). Sendo assim, cabe pontuar que os empregos de características precárias não são produtos de ausência de crescimento econômico (ARAUJO; MORAIS, 2017). Pelo contrário, são inerentes ao próprio modelo de desenvolvimento econômico de caráter toyotista, visto que a necessidade de elevação da produtividade motivou novas práticas trabalhistas sob imposição da concorrência internacional, que passou a buscar, além de isenções �scais, níveis mais rebaixados de remuneração da força de trabalho (ANTUNES, 2008). REFLITA Como a�rma Zanelli, Borges-Andrade, & Bastos (2014) o trabalho que deveria ser humanizador, torna-se: Alienante: porque o trabalhador desconhece o próprio processo produtivo e o valor que agrega ao produto, além de não se identi�car com o produto de seu trabalho. Explorador: mais-valia vinculada ao processo de acumulação do capital. Humilhante: afeta negativamente sua autoestima. Monótono: organização e conteúdo da tarefa Discriminante: classi�ca os homens pelo trabalho Embrutecedor: inibe as potencialidades pelo conteúdo pobre e repetitivo das tarefas. Submisso: aceitação passiva das condições (imposição da organização interna e força do exército industrial de reserva. Inovações e Perspectivas nas Relações de Trabalho e Organizações AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi As reestruturações e inovações pelas quais o capitalismo tem passado, são multifacetadas e in�uenciam a forma de organização e funcionamento das relações de produção e processos de trabalho. Como a�rma também Castells (2001 apud AQUILES, 2011, p. 14): Nas duas últimas décadas, o próprio capitalismo passa por um processo caracterizado por maior �exibilidade de gerenciamento; descentralização das empresas e sua organização de redes; considerável fortalecimento do papel do capital e do trabalho, com o declínio concomitante da in�uência dos movimentos dos trabalhadores, individualização e diversi�cação cada vez maior das relações de trabalho; incorporação maciça das mulheres na força de trabalho remunerada, geralmente em condições discriminatórias; intervenção estatal para desregular os mercados de forma seletiva e desfazer o estado de bem-estar social; aumento da concorrência global em um contexto de progressiva diferenciação dos cenários geográ�cos culturais para acumulação e gestão do capital. (CASTELLS apud AQUILES, 2011, p. 14). De acordo com Antunes (2010, p.26) e (2011, p.118), a classe trabalhadora é representada por todos aqueles que vendem sua força de trabalho em troca de salário. Sendo assim, os assalariados do setor de serviços, também o proletariado rural, que vende sua força de trabalho para o capital. Incorpora o proletariado precarizado; o subproletariado moderno; part-time; o novo proletariado do McDonalds; os trabalhadores hifenizados de que falou Beynon (1995); os trabalhadores terceirizados e precarizados das empresas lio�lizadas de que falou Juan José Castillo (1996 e 1996a); os trabalhadores assalariados da chamada “economia informal”, e que muitas vezes são indiretamente subordinados ao capital; além dos trabalhadores desempregados, expulsos do processo produtivo e do mercado de trabalho pela reestruturação do capital, e que hipertro�am o exército industrial de reserva na fase de expansão do desemprego estrutural. De acordo com Antunes (2010, 2011), essas mutações criaram uma classe trabalhadora mais heterogênea, fragmentada e dividida entre os trabalhadores que são ou não quali�cados, pertencem ao mercado formal e informal, jovens e velhos, homens e mulheres, estáveis e precários, imigrantes e nacionais, brancos e negros etc. Além das divisões que decorrem da inserção diferenciada dos países e trabalhadores na nova divisão internacional do trabalho, ou seja, quando se constata que a maior parte da força de trabalho encontra-se dentro dos países chamados de terceiro mundo. Antunes (2011, p.106-109) assim sintetiza o momento que estamos vivendo: Vemos a ampliação também do trabalho imaterial, comum nas esferas da comunicação, publicidade e marketing, próprias das sociedades dos logos, da marca, do simbólico, do involucral e do supér�uo. É o discurso empresarial da chamada sociedade do conhecimento, que está presente no design da Nike, na concepção de um novo software, no modelo novo da Benetton e projetos de telefonia - nas chamadas tecnologias da informação e comunicação – “que são resultado do labor (imaterial) articulado e inserido no trabalho material, expressando novas formas contemporâneas de criação de valor”. Os serviços públicos como saúde, energia, educação, telecomunicações, previdência etc, em processo de reestruturação, subordinando-se à máxima mercadorização, afetando fortemente, os trabalhadores do setor estatal e público. O resultado é a intensi�cação das formas de extração de trabalho (materiais e imateriais, corpóreas simbólicas). Uma empresa concentrada pode ser substituída por pequenas unidades interligadas em rede com número reduzidode trabalhadores e produzindo vezes mais, com repercussões no plano organizativo, valorativo, subjetivo e ideo-político. O trabalho estável tornando-se então informatizado, quase virtual muitas vezes, por contratos regulamentados, substituído pelas diversas formas de empreendedorismo, cooperativismo, trabalho voluntário ou atípico como apontava Vasapollo (2005) e Vasapollo e Arriola Palomares (2005). O exemplo das cooperativas, antes nascidas como instrumentos da classe operária para lutar contra o desemprego, hoje, contrariamente, os capitais vêm criando falsas cooperativas como forma de precarizar ainda mais os direitos dos trabalhadores, sob o mando da “�exibilização”, seja salarial, de horário, funcional ou organizativa. Seguido pelo crescimento do chamado terceiro setor, assumindo uma modalidade alternativa de ocupação, através de organizações de per�l comunitário, motivadas sobretudo por formas de trabalho voluntário, com um leque de atividades, com predominância de caráter assistencial, sem �ns diretamente mercantis ou lucrativos e que se desenvolvem relativamente à margem do mercado. Por �m, ampliou a composição heterogênea e multifacetada da classe trabalhadora Brasileira, além das clivagens entre os trabalhadores estáveis e precários, de gênero, dos cortes geracionais entre jovens e idosos, entre nacionais e imigrantes, brancos e negros, quali�cados e desquali�cados, entre nacionais e imigrantes, empregados e desempregados, temos ainda, a estrati�cação e fragmentações que se acentuam. Nesse quadro de precarização estrutural do trabalho, os capitais ainda exigem o desmonte da legislação social e protetora do trabalho – �exibilização da legislação social do trabalho, o que signi�ca, sem nenhuma ilusão, aumentar ainda mais os mecanismos de extração do sobre trabalho, ampliar as formas de precarização e destruição dos direitos sociais arduamente conquistados pela classe trabalhadora. Nesta perspectiva, cabe aqui pensarmos as implicações da subjetividade e trabalho na sociedade contemporânea, posto que, encontramo-nos inseridos/as em mundo marcado pela instantaneidade, pela avalanche contínua de informações e pela crescente exposição a diferentes ideias e valores, a construção de referências coletivas e a sensação de pertencimento a um grupo são processos problemáticos para os sujeitos contemporâneos. Imersos num universo onde os valores mercantis e o individualismo aparecem como articuladores nucleares das práticas sociais, os sujeitos têm as relações interpessoais marcadas pela competitividade, insegurança e busca de privacidade, tornando-se, cada vez mais, pontos perdidos e isolados em meio à multidão. Uma vez que com advento da era do taylorismo e do fordismo, que inovou as formas de organização do trabalho e o sistema de autoridade fabril, ambos orientados para a criação de um novo tipo de trabalhador, mais produtivo e mais disciplinado (Do homem certo no lugar certo), e com a chamada organização cientí�ca do trabalho, o processo de produção foi dissociado das quali�cações dos trabalhadores; a concepção (a dimensão inteligência criativa) foi separada da execução do ato do trabalho; a gerência assumiu o monopólio do conhecimento (COLBARI, 2001, p. 116-117). Além disso, a tecnologia assume cada vez mais a parte mecânica da produção e substitui um quantitativo grande de mão-de-obra, ao sujeito-trabalhador caberá um novo espaço, extremamente disputado e competitivo, com novas regulações, com novas exigências e requisitos, impelindo os sujeitos à construção de novos padrões, valores e relações no trabalho, e também fora dele. Pode-se a�rmar que diante deste cenário as principais características desta nova realidade, são: a redução estrutural dos postos de trabalho e a precarização dos vínculos trabalhistas; a maior competitividade do mercado e a exigência contínua de individualização e inovação da produção; a �exibilização da organização do trabalho; a dinamização das tarefas e atividades e a consequente necessidade de maior quali�cação e polivalência dos trabalhadores. Sendo assim, contrariamente às teses que advogam o �m do trabalho, estamos desa�ados a compreender a nova polissemia do trabalho, ou sua nova morfologia, isto é, sua forma de ser, cujo elemento mais visível é seu desenho multifacetado, resultado das fortes mutações que abalaram o mundo produtivo. Neste sentido, não é possível mais esperar para que esse compromisso assuma novas proporções, que não sejam somente de cunho lucrativo, mas sim de efetiva responsabilidade socioambiental. REFLITA Não é sinal de saúde estar adaptado a uma sociedade doente (KRISHNAMURTI). A Sociedade Global e as Questões Socioambientais AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi Considerando as diversas questões relação trabalho-capital descritos até o presente momento, a sociedade global tem ainda como incumbência um papel primordial, relacionado às questões socioambientais. Face às grandes transformações, o que se percebe em escala global, é a expansão sem precedentes do desemprego estrutural e da desigualdade social. A economia de mercado cada vez mais competitiva, acirrada pela concorrência fazendo com que as empresas não consigam permanecer no mercado por muito tempo, reduzindo cada vez mais seus custos, buscando ser mais e�cientes, cabendo a nós, em um círculo vicioso, na condição de consumidores irrefreáveis, consumistas, escolhermos o melhor preço. Cabe então à empresa escolher o trabalhador mais quali�cado, polivalente, precarizando-o ainda mais nesta contínua busca pela e�ciência. Uma competição como diria Singer (2002), que faz com que as empresas satisfaçam a sociedade pelo melhor preço, que a melhor lucre e seja considerada ganhadora. Porquanto, do outro lado, �cam os perdedores, trazendo seus efeitos sociais. Tudo isso explica que o capitalismo produz desigualdades, vantagens e desvantagens, produzindo ao longo dos anos, sociedades profundamente desiguais. E por que? O capitalismo é um modo de produção cujos princípios são o direito de propriedade individual. A aplicação destes princípios divide a sociedade em classes básicas: a classe proprietária ou possuidora do capital e a classe que (não dispõe do capital) ganha a vida mediante a venda de sua força de trabalho à outra classe. O resultado natural é a competição e a desigualdade (SINGER, 2002, p.10). Nas discussões sobre as questões ambientais nacionais, locais e internacionais temos: o efeito estufa, a destruição �orestal, a perda de diversidade biológica, a poluição, pandemias tais como a COVID-19, e a deserti�cação. Há uma consciência planetária de que, se esses problemas não forem resolvidos ameaçarão a própria existência da vida do homem sobre a terra. Questões essas relacionadas às formas agressivas e conquistadoras de recursos naturais retirados da natureza para o uso do capital. E não se trata apenas de uma crise natural, mas sim de uma crise socioambiental, resultante da incapacidade dos ecossistemas de se reconstituírem após as intervenções danosas do homem que exige, não só uma mudança profunda nos padrões tecnológicos e cientí�cos, como também a mudança dos valores consumistas (NUPAUB, s.d.). De acordo com o NUPAUB (s.d.), a crise global estende-se a todos os países, de forma acelerada e crescente, de caráter irreversível, ameaçadora, reforçadora das desigualdades sociais locais e entre nações, causadora de impactos socioculturais de grandes proporções (os que mais sofrem com a degradação ambiental são os pobres – que para fugirem dos desastres socioambientais são obrigados a conviverem com o desemprego, a discriminação racial e as precárias condições de vida). Contudo não é somente dimensão socioambiental que nos afetará, visto que o problema é ainda muito maior, envolvendo a dimensão econômica, ecológica, social e política. SAIBA MAIS Tendo como base as discussões realizadas nesta Unidade, bem como, as análises sobre a nova morfologia do trabalho no Século XXI, pode-se veri�car que com o desemprego estruturante houvecrescimento nos “trabalhos informais” – Consequentemente o/a trabalhador/a �ca desprovido de benefícios, como vale-refeição, vale-transporte, etc., além dos direitos previstos na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. Por exemplo: O Brasil é o segundo país na América Latina com o maior número de trabalhadores informais, �cando somente atrás da Bolívia. Em algumas regiões da Ásia, o problema é maior ainda: cerca de 65% dos trabalhadores são informais. Há uma outra tendência de enorme signi�cado no mundo do trabalho contemporâneo: trata-se do aumento signi�cativo do trabalho feminino; 48,5% das mulheres com mais de 15 anos participam do mercado de trabalho, enquanto a taxa é de 75% para homens (OIT, 2016); Fonte: Organização Internacional do Trabalho (2016). REFLITA O trabalho é um dado fundamental da saúde. Não somente de maneira negativa (o trabalho como causa de doenças, de intoxicações, de acidentes, de desgaste etc.), mas também de forma positiva. O não trabalho também pode ser perigoso para a saúde, como se vê bem, atualmente, com toda a patologia do desemprego (DEJOURS, 1992, p. 102). Prezado(a) estudante, as transformações ocorridas no mundo do trabalho e suas relações entre organizações e a sociedade no contexto produtivo, permite-nos uma visão geral sobre as organizações, o trabalho e a sociedade. Como foi apresentado, o trabalho constitui elemento central na vida dos homens e pode proporcionar a satisfação de nossas necessidades, bem como causar angústia e dor a partir do estranhamento – alienação - na relação trabalho-capital e também pelo uso do poder e dominação utilizada pelas organizações. Ao longo dos anos, as transformações ocorridas nas organizações trouxeram também modi�cações importantes na vida do trabalhador culminados pelos modelos taylorista/fordista/toyotista e a produção �exível. Na era pós-taylorista, o trabalho tem uma nova morfologia, exigindo de nós, um trabalho inteligente, cada vez mais complexo, com conhecimentos mais amplos, autonomia, iniciativa, responsabilidade, capacidade de aprendizagem contínua, autocontrole, investimento subjetivo e a mobilização da inteligência realizada em estruturas organizacionais mais planas e descentralizadas. En�m, pessoas e organizações tendo que se adaptarem às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) em um mundo globalizado. Compreendemos que a classe trabalhadora é mais heterogênea, fragmentada, complexa e dividida agora, entre os trabalhadores que são ou não quali�cados, e pertencem ao mercado formal e informal, jovens e velhos, homens e mulheres, estáveis e precários, imigrantes e nacionais, brancos e negros etc. Além disso, pudemos perceber que as divisões decorrem da inserção diferenciada dos países e trabalhadores em uma nova divisão internacional do trabalho, ou seja, a maior parte da força de trabalho encontra-se dentro dos países chamados de terceiro mundo. Como atenuante, temos ainda a discussão global sobre os aspectos socioambientais, a sobrevivência das pessoas e das próprias organizações e ainda, neste contexto, o desemprego estrutural e a análise da própria lógica do capitalismo e da mundialização do capital, das relações trabalhistas e da perda de direitos sociais da Conclusão - Unidade 1 classe trabalhadora, bem como da própria emancipação humana, que busca garantir pelo menos o direito de subsistir frente a todas as transformações no mercado de trabalho global. Leitura Complementar Prezado/a aluno/a no artigo os modos de ser da informalidade: rumo a uma nova era da precarização estrutural do trabalho; Desenhando a nova morfologia do trabalho no Brasil; e As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital, o autor Ricardo Antunes aponta que como resultado das transformações e metamorfoses nos países capitalistas, estamos diante de um intenso e signi�cativo processo de informalização e precarização da classe trabalhadora. Compreender os modos de ser dessa processualidade, seus elementos explicativos, bem como suas conexões com a lei do valor é o principal objetivo deste texto. Em oposição à a�rmação do �m do trabalho, podemos constatar uma expressiva precarização e informalidade do trabalho, que ocorre nas formas de trabalho parcial, subcontratado e precarizado. Por sua vez as autoras Marley Rosana Melo de Araújo e Kátia Regina Santos de Morais a�rmam que precarização, em suma, apresenta-se como um fenômeno que perpassa o dinâmico movimento de estruturação do trabalho e do emprego, posto que concerne tanto ao crescimento do desemprego e à ampliação do exército de reserva quanto às especi�cidades dos empregos disponíveis no mercado de trabalho, enfatizados pela instabilidade e efemeridade contratuais. Isso conduz à expansão do contingente de trabalhadores alienados de seus direitos e sujeitos a condições de trabalho instáveis, insatisfatórias e potencialmente adoecedoras. Dê um click para ler o texto na íntegra: ANTUNES, R. Os modos de ser da informalidade: rumo a uma nova era da precarização estrutural do trabalho? Serviço Social & Sociedade, 2011, (107), 405-419. Link: http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n107/02.pdf ANTUNES, R. Desenhando a nova morfologia do trabalho no Brasil. Estudos Avançados, 2014, 28 (81), 39-53. Link: http://www.scielo.br/pdf/ea/v28n81/v28n81a04.pdf ANTUNES, R. & ALVES, G. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital. Educação & Sociedade, 2004, 25 (87), 335-351. Link: http://www.scielo.br/pdf/es/v25n87/21460.pdf ARAÚJO, M. R.M; MORAIS, K. R. S. Precarização do trabalho e o processo de derrocada do trabalhador. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 2017, vol. 20, n. 1, p.1-13 – DOI: 10.11606/issn.1981-0490.v20i1p1-13. Link: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cpst/v20n1/a01v20n1.pdf Livro Livro Filme Web Acesse o link Unidade 2 Responsabilidade Social e Sustentabilidade AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi Introdução Prezado(a) estudante! Esta unidade é fundamental para que você compreenda o porquê e como as atividades organizacionais impactam na qualidade de vida da sociedade. Você será levado(a) a compreender como a busca pelo desenvolvimento econômico levou as empresas a se tornarem agentes de transformação na busca pela sustentabilidade socioambiental a partir do uso da ferramenta da responsabilidade social. Para tanto, caro(a) aluno(a), você é convidado(a) a entrar nesse seara do conhecimento, no intuito de entender que ainda há muitas resistências por parte dos gestores organizacionais ao uso da responsabilidade social e que essas discussões devidamente argumentadas, alguns, contra e outros a favor a responsabilidade empresarial culminam também em graus de envolvimento das organizações em relação a sua atuação, ou seja, a sensibilidade social. Neste sentido, poderemos veri�car e compreender que a gestão ambiental vem ganhando um espaço crescente no meio empresarial. O desenvolvimento da consciência ecológica em diferentes camadas e setores da sociedade mundial acaba por envolver também o setor empresarial. Naturalmente, não se pode a�rmar que todos os setores empresariais já se encontram conscientizados da importância da gestão responsável dos recursos naturais, mas nesta sessão poderemos observar que há intensas discussões e ações no que diz respeito à relação responsabilidade social e socioambiental. Por �m, prezado(a) estudante, discutiremos as implicações ética acerca da relação responsabilidade social e sustentabilidade. Desejo uma ótima leitura e boas re�exões. Bons estudos! Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Social e Sustentabilidade AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi A noção de desenvolvimento está, muitas vezes, atrelada ao crescimento econômico. Entretanto este conceito tem mudado muito nas últimas décadas, demonstrando um consenso entre a busca pela preservação ambiental e melhores padrões de vida para a sociedade global. A partir do estabelecimento de relações entre o crescimento econômico, a exploraçãodos recursos naturais, a herança para as futuras gerações, a qualidade de vida e a distribuição de renda e pobreza, a exclusão social e desigualdade social busca-se um conceito aproximado para o desenvolvimento sustentável. Dessa forma, estabelecendo-se a relação com o crescimento econômico entre países, observou-se na década de 50, com a crise econômica dos países do Terceiro Mundo, que o progresso não era uma virtude natural para todos. Na década seguinte, a via de desenvolvimento ao Terceiro Mundo foi impulsionada pela industrialização dos países ocidentais. De certo modo, as teorias desenvolvimentistas quais sejam neo (liberais) ou marxistas inspiravam-se nas sociedades ocidentais industrializadas para proporem modelos de desenvolvimento. As crises ambientais, econômicas e sociais colocaram em xeque as noções de desenvolvimento e progresso, principalmente, pelo seu caráter eminentemente quantitativo analisado apenas sob o ponto de vista econômico (ALMEIDA, 1997). Por exemplo, na década de 1970 já era instituído a ideia da sustentabilidade, muito antes do conceito de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade se tornarem conhecidos. Corroborando com Sachs, Veiga (2005) alia a cultura como outra dimensão importante e promotora do desenvolvimento. Para ele, não se podia limitar o desenvolvimento unicamente a aspectos sociais e sua base econômica, pois se ignoraria questões complexas entre o porvir das sociedades humanas e a evolução da biosfera. CONCEITUANDO O “Ecodesenvolvimento”, desenvolvido por Ignacy Sachs re�etia uma preocupação com o desenvolvimento e o papel do homem neste processo, na qual ele é colocado como protagonista ou vítima. O termo em si busca retratar o desenvolvimento socioeconômico de forma equitativa também incluindo a dimensão meio ambiente com reconhecida importância (SACHS, 1994 apud CHACON, 1997). [...] na realidade estamos na presença de uma co-evolução entre dois sistemas que se regem por escalas de tempo e escalas espaciais distintas. A sustentabilidade no tempo das civilizações humanas vai depender da sua capacidade de se submeter aos preceitos de prudência ecológica e de fazer um bom uso da natureza. É por isso que falamos em desenvolvimento sustentável. A rigor, a adjetivação deveria ser desdobrada em socialmente includente, ambientalmente sustentável e economicamente sustentado no tempo (VEIGA, 2002, p. 9-10). Em 1987 é publicado o “Relatório de Brundtland”, intitulado “Nosso futuro comum” (Our common future). Este relatório apontava a desigualdade existente entre os países e a pobreza como uma das principais causas dos problemas ambientais, contribuindo assim para disseminar o conceito de “Desenvolvimento Sustentável”. Neste contexto, há a introdução da ideia de que o desenvolvimento econômico da atualidade deveria se realizar sem comprometer as necessidades das futuras gerações (CMMAD, 1991, p. 46). De acordo com as premissas fundamentais, há o reconhecimento da “insustentabilidade” e inadequação econômica, social e ambiental, demonstrada pela �nitude dos recursos naturais, das injustiças sociais provocadas pelo modelo de desenvolvimento vigente na maioria dos países. Entretanto, muito destes temas continuam sendo negligenciados ou insu�cientemente considerados. Dessa forma, o desenvolvimento sustentável considera que o crescimento econômico deve ocorrer em harmonia com o meio ambiente e a maioria dos autores demonstram preocupações com o social e econômico (FILHO, 2008). Todos os países, pessoas e organizações são chamadas também a incluírem na gestão estratégias e ações que colaborarem com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Figura 1 - Desenvolvimento Sustentável Fonte: Pixabay CONECTE-SE Na Conferência Rio+20, em 2012, de acordo com o portal do Palmares, foram proporcionados dois espaços para discussão sobre cultura, que englobam aspectos étnicos- raciais, sendo a cultura considerada como o quarto pilar para o Desenvolvimento Sustentável. A programação (1) do Galpão da Cidadania e, (2) do Armazém da Utopia. ACESSAR Os objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) são 17, com 169 metas: Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. Objetivo 7. Assegurar o acesso con�ável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos. Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos. Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos (*) Reconhecendo que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] é o fórum internacional intergovernamental primário para negociar a resposta global à mudança do clima. Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as �orestas, combater a deserti�cação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. Objetivo 16. Promover sociedades pací�cas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições e�cazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. De acordo com a Organização das Nações Unidas, essa agenda Universal, elaborada em 2015, visa a transformar o mundo até 2030, ou seja, nos próximos 15 anos busca concretizar os direitos humanos, alcançar a igualdade de gênero e empoderamento das mulheres e meninas, erradicar a pobreza no mundo. E para cada objetivo os governos, empresas e demais organizações terão que traçar metas, objetivos e estratégias que envolvam a todos, através dos relatórios e da prestação de contas. A cultura e a diversidade têm relação direta com o processo produtivo, por um lado, devido ao crescimento dos movimentos em defesa do meio ambiente em relação ao uso dos recursos naturais e, por outro, como força produtiva, ou seja, mão de obra nas empresas. A discussão do desenvolvimento sustentável é para todos os atores da sociedade e todos, independente das relações étnico-raciais, devem estar envolvidos. Responsabilidade Social: Percalços e Desa�os AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi Em nossos estudos estamos compreendendo que a responsabilidade social e ambiental e o desenvolvimento sustentável são questões atuais e altamente discutidas no mundo globalizado. Veri�ca-se que enquanto não houve o aumento acentuado do desemprego, das desigualdades sociais, da miséria, da fome e da violência; e, que enquanto o meio ambiente foi capaz de fornecer todos os insumos e receber todos os refugos da produção industrial sem demonstrar os impactos negativos gerados à natureza, esses temas não eram abordados, uma vez que o objetivo estava no crescimento de riquezas materiais. Nesse contexto, segundo Oliveira (2008, p. 17), os primeiros “[...] problemas socioambientaiseram vistos como uma consequência natural do ‘desenvolvimento’, que era confundido com crescimento econômico”. Entretanto, com a degradação ambiental causada pela exploração demasiada dos recursos naturais acima da capacidade de absorção pela natureza dos resíduos produzidos, com o agravamento do quadro social causado pela estagnação econômica das últimas décadas e com a conscientização dos consumidores a respeito dos seus direitos, a sociedade civil começou a organizar movimentos cobrando soluções aos problemas socioambientais. Assim, as questões socioambientais passaram a fazer parte da pauta de discussões globais (OLIVEIRA, 2008, p. 2-12; 15-29). Diante deste contexto de globalização veri�cou-se diversas mudanças efetivas tanto na economia, acirrando a competitividade no ambiente de negócios, como na forma de comunicação mundial, que por meio das novas tecnologias propiciou o contato em tempo real da sociedade com os fatos ocorridos nos quatro cantos do globo. Nesse contexto, a responsabilidade social e ambiental e o desenvolvimento sustentável, se tornaram cada vez mais evidentes e incidiram em aspectos que revelam à cultura das organizações, impactadas em seus objetivos, estratégias e mesmo no conceito contemporâneo de empresa. Considerando-se as dimensões econômica, ética e legal, que orientam os estudos de responsabilidade social e ambiental, questiona-se como a comunicação pode contribuir para a evolução das ações empresariais e comunitárias referentes à responsabilidade social e ambiental, visando a sustentabilidade das gerações futuras. O princípio de que responsabilidade social e ambiental para o desenvolvimento sustentável representa mudanças signi�cativas e importantes na forma de gestão, portanto, há necessidade de comunicar sobre a necessidade de novas regras para o desenvolvimento, com o objetivo de alertar as organizações e a comunidade sobre a relevância do assunto para um crescimento durável, resultando assim, na conscientização e ação responsável. Dessa forma, a comunicação será o principal elo de compartilhamento de conhecimentos para mostrar a direção a ser adotada no sentido do desenvolvimento sustentável e da promoção da expansão da responsabilidade social e ambiental a médio e longo prazo. Nesta perspectiva, para compreender o fenômeno da responsabilidade social, é preciso compreender as contingências que contribuíram para seu advento. Uma delas, como aponta Dupas (1999), foi o contexto de exclusão social e suas consequências, pois o conceito é, em sua essência, multidimensional e inclui a ideia de falta de acesso aos bens e serviços, a segurança, a justiça e a cidadania. O autor frisa o conceito de exclusão social e, como consequência, a pobreza, principal responsável pela não satisfação das necessidades básicas. Suas palavras a seguir nos soam bem recentes. Passados pouco mais de uma década, o quadro nos parece bem pior com o desemprego estrutural, principalmente nos países europeus. A exclusão social apareceu na Europa na esteira do crescimento dos sem teto e da pobreza urbana, da falta de perspectiva urbana, da falta de perspectiva decorrente do desemprego de longo prazo, da falta de acesso a emprego e rendas por parte das minorias étnicas e imigrantes, da natureza crescentemente precária dos empregos disponíveis e da di�culdade que os jovens passaram a ter para ingressar no mercado de trabalho (DUPAS, 1999, p.19). Como é percebido até agora, a discussão sobre desenvolvimento sustentável está polarizada em duas grandes concepções: a ambiental e a social. De acordo com Almeida (1997), incorpora-se, desse modo, a “natureza” à cadeia de produção (a natureza como um bem de capital) e, de outro, uma ideia que tenta quebrar a hegemonia do discurso econômico, indo para além de uma visão instrumental e restrita que a economia impõe à ideia. De acordo com Veiga (2002), o maior desa�o é iniciar a construção de uma prosperidade multiplicadora de novos empreendimentos e que simultaneamente conservem a estabilidade e coloque �m às práticas de exploração predatória dos imensos recursos naturais. Isso exigiria um amplo rearranjo institucional e esse processo é difícil e lento, devido à inércia imposta por fortes interesses cristalizados Conforme aponta Filho (2008), os países desenvolvidos deveriam priorizar políticas como a reciclagem, o uso e�ciente de energia, a conservação, a recuperação das áreas degradadas, bem como perseguir maior equidade, justiça, respeito às leis, redistribuição e criação de riqueza. A partir da constatação de que o desenvolvimento sustentável serviria para discutir a permanência ou durabilidade da estrutura de funcionamento do processo produtivo, atendendo às necessidades da geração presente sem impedir que as gerações futuras também o façam, e sendo o conceito de desenvolvimento sustentável disseminado em todo o mundo, estas envolveriam as organizações como parte deste processo, visto que as atividades que lhe são inerentes no processo produtivo confrontam-se à inter-relação entre o movimento de desenvolvimento sustentável e o da responsabilidade social, con�uindo em Sustentabilidade. Todos aqueles potenciais participantes desse processo, promotores e coadjuvantes no Desenvolvimento Sustentável, são convidados à discussão. Importantes eventos de caráter Mundial, como a Conferência do Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu no Brasil, em 2012 – RIO+20 – trouxeram relevantes discussões sobre os aspectos culturais e étnico-raciais. Dilemas acerca da Responsabilidade Empresarial AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi As organizações não têm ainda uma postura de�nida e única sobre a responsabilidade 1. Visão clássica: a única responsabilidade é conduzir os negócios com máximo lucro – chamado modelo do acionista (visão de Milton Friedman), que envolvem lucros reduzidos da atividade, custos maiores do negócio, diluição do propósito do negócio e poder demasiado para os negócios, e; 2. Visão socioeconômica – assegura que qualquer organização deve se interessar pelo bem estar social e não somente pelos lucros (sustentada por Paul Samuelson) e envolvem: lucros de longo prazo e melhor imagem pública para os negócios, evitar regulamentações governamentais, as organizações têm recursos e obrigação ética e os negócios devem prover melhores condições para cada um e para todos. Um dos grandes dilemas acerca da responsabilidade social encontra-se já na de�nição do tema. Há diversos conceitos para responsabilidade social. Em estudo recente, Vieira (2007) aponta alguns levantados em pesquisa bibliográ�ca (Quadro 1): social e estas visões contrastantes se resumem em dois enfoques principais (SILVA, 2005, p. 71): REFLITA De acordo com o Instituto Ethos: Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se de�ne pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (INSTITUTO ETHOS, 2009). Quadro 1 - Conceitos sobre responsabilidade Social Conceitos sobre Responsabilidade Social Autores/Ano “Para uns é tomada como uma responsabilidade legal ou obrigação social; para outros, é o comportamento socialmente responsável em que se observa a ética, e para outros, ainda, não passa de contribuições de caridade que a empresa deve fazer. Há também, os que admitam que a responsabilidade social seja, exclusivamente, a responsabilidade de pagar bem aos empregados e dar-lhes bom tratamento. Logicamente, responsabilidade social das empresas é tudo isto, muito embora não sejam, somente, estes itens isoladamente”. Zenisek, 1984 [...] Está ligada a questões e princípios éticos adotados pela empresa no que diz respeito aos problemas de ordem social que enfrenta. Surge a ideia de empresa como elo entre sociedade, indivíduos e governo, enquantoinstrumento capaz de melhorar a qualidade de vida via desenvolvimento econômico. Richard Eells e Clarence Walton, 1984 “[...] No envolvimento social da empresa, seja com os empregados, com as pessoas que estão ligadas tecnicamente à empresa ou com a sociedade, a grande questão é mesmo quanto custa à adoção de comportamentos socialmente responsáveis e não o simples fato de adotar tais comportamentos [...]”. Archie Carrol, 1984 “À obrigação do empresário de adotar práticas, tomar decisões e acompanhar linhas de ação desejáveis segundo os objetivos e valores da sociedade”. Howard Bowen, 1984 “Uma obrigação pessoal de cada um de quando age em seu próprio interesse, garantir que os direitos e legítimos interesses dos outros não sejam prejudicados [...]. O indivíduo, certamente, tem direito de agir e falar em seu próprio interesse, mas precisa sempre ter o devido cuidado para que esta liberdade não impeça os outros de fazerem a mesma coisa”. Harold Koontz e Cyril O'Donnell, 1982 “Quando uma nova empresa abre suas portas para a comunidade, ela também abre a porta para um conjunto de obrigações que ultrapassam a tarefa de comprar ou vender, produzir ou distribuir. Junto com a obrigação de ser uma possibilidade de bom crédito - pagando suas contas, Lundborg, 1950 Como pontuamos anteriormente os anos noventa do século passado e a primeira década do século XXI foram marcados por uma ampla divulgação dos riscos ambientais pelos meios de comunicação social. A degradação da qualidade da água e do ar, a contaminação e a erosão dos solos, o esgotamento dos combustíveis fósseis, a destruição da camada de ozono, a des�orestação agressiva, as chuvas ácidas, a extinção de espécies e as alterações climáticas, entre outros problemas ambientais, contribuíram para a redução da qualidade de vida de toda a população, ou seja, para aquelas pessoas que viviam em níveis de vulnerabilidade, está se intensi�cou, e para as pessoas que viviam em certa medida dentro da lógica da qualidade de vida, passou-se a vivenciar situações e períodos de vulnerabilidade. Neste contexto, a responsabilidade social e ambiental pode ser entendida de diferentes perspectivas. Pode representar a ideia de responsabilidade coletiva, uma imposição normativa legal e um comportamento coletivo responsável no sentido ético. Esta última concepção centra-se no pressuposto de que, uma atitude responsável pressupõe um procedimento ético. Na prática, a responsabilidade social e ambiental tende a ser transformada quer numa contribuição bondosa de concepção �lantrópica num suporte de imagem das organizações. O ambiente seria reconhecido como um “lugar determinado ou percebido no tempo onde os elementos naturais e sociais estão presentes em relações e em interação” (REIGOTA, 1995, p.14). Richard Hall nos ajuda pensar acerca da complexidade das organizações de modo muito objetivo e didático, haja vista que para o autor: Uma organização é uma coletividade com uma fronteira relativamente identi�cável, uma ordem normativa (regras), níveis de autoridade (hierarquia), sistemas de comunicação e sistemas de coordenação dos membros (procedimentos); essa coletividade existe em uma base relativamente contínua, está inserida em um ambiente e toma parte de atividades que normalmente se encontram relacionadas a um conjunto de metas; as atividades acarretam consequências para os membros da organização, para a própria organização e para a sociedade. (HALL, 2004, p. 30). Nota-se a complexidade que abrange as organizações, desta forma, como vimos anteriormente as organizações não podem ser vistas e compreendidas isoladamente, porque elas dependem de vários outros fatores que encontram-se no pagando seus impostos - ela assume a obrigação de ser uma boa ‘cidadã’ e uma boa vizinha [...] Se um negócio adotar práticas que estejam contra o interesse público, o público irá procurar o regulamento para corrigir a prática”. Fonte: VIEIRA, R. F. A iniciativa privada no contexto social: exercício de cidadania e responsabilidade social. RP em revista, Salvador, BA, ano 5, n. 22, maio 2007. meio social e de vários outros sistemas como o econômico, a educação, o judiciário, a cultura, política e sobretudo, do ambiente. Sendo assim, é de suma importância pontuar que as organizações sofrem in�uências do contexto, uma vez que, é através do meio que se constituem e constroem-se as organizações, com isto, temas como sustentabilidade, responsabilidade social e questões referente ao ambiente tornaram-se pautas centrais e em evidências no que diz respeito à relação organizações e sociedade. De acordo com Dias e Marques (2017) a concepção de sustentabilidade tem promovido inúmeros debates e re�exões entre os diversos atores sociais, desde discussões no ambiente acadêmico até no campo político. A popularidade dessa expressão aumentou nas últimas décadas, isto por causa das degradações ambientais e das preocupações socioambientais que surgiram principalmente a partir da segunda metade do século XX. De acordo, com os autores acidentes ambientais como o ocorrido em Chernobil, 1986, na Ucrânia, que provocou sérias consequências para a região, é um exemplo dos desastres que incentivaram tais debates. Para Di Bartolomeo, Silva e Fonseca (2014), depois da humanidade ter sofrido e presenciado catástrofes em vários lugares do mundo, em razão do crescimento desordenado de cidades e dos impactos ilegais ao meio ambiente provocados pelo consumo capitalista, discute-se processos que revertam essa crise ambiental, que possam reestabelecer ou manter as coisas como antes. É por isso que se pensa agora em produzir mantendo-se a natureza de forma que as gerações futuras possam também usufruir dos recursos. Pode-se assim pensar em “sustentabilidade”, que, se fosse levada a sério desde o início de sua abordagem, teria evitado muito dos males naturais já ocorridos. Haja vista que desde a da década de 60 para 70, dobrou o número de pessoas atingidas por catástrofes naturais, principalmente secas e inundações, e isso está diretamente ligado à má administração do meio ambiente e do desenvolvimento socioeconômico. São crises ambientais que expõem a fragilidade da dimensão social da economia e incentivam iniciativas globais, criação de organismos internacionais, debates e busca de soluções para os problemas (DIAS; MARQUES, 2007). Como veri�camos anteriormente, a expressão “sustentabilidade” muitas vezes está associada à ideia de desenvolvimento sustentável, termo cunhado em 1987, pelo relatório de Brundtland, que de�niu desenvolvimento sustentável como sendo aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Pelo momento histórico recente pode-se dizer que tal conceituação foi um avanço para as preocupações relacionadas às questões ambientais, pensando, nesse caso, na relação entre desenvolvimento econômico e meio ambiente natural. Neste sentido, a ideia de desenvolvimento, para muitos, por estar atrelada a concepção de crescimento econômico, acaba soando com tom pejorativo quando se trata de meio ambiente e sustentabilidade. Todavia, pode-se pensar no desenvolvimento de outros modos ou formas, por exemplo, desenvolvimento tecnológico para melhoramento da qualidade ambiental, produtos e serviços, que, por meio da tecnologia, reduziriam impactos ambientais, ou o desenvolvimento social representado pela inserção dos sujeitos numa fatia maior e com senso justo da distribuição de renda (DIAS, MARQUES, 2007). REFLITA Que tipo de sociedade queremos construir? Pensar em sustentabilidade é pensar em algo muito mais profundo, que visa uma verdadeira reestruturação do modelo civilizatório atual. Um projeto de nação que vise um desenvolvimento socioeconômico mais sustentável passa por um novo posicionamento em relação às questões raciais, classe, gênero e dentre outros fatores sociais, econômicos e culturais. Fonte: o autor. A realidade é que a humanidade é dependente do meio ambiente já que existe inseridana natureza e dependente dela, e a economia existe dentro da sociedade, sendo importante para o sistema social (Hopwood; Mellor; Obrien, 2005 APUD, dias, marques, 2007). Portanto, no atual formato do sistema capitalista atentar-se aos ganhos econômicos equilibrando suas forças com os outros aspectos sociais e ambientais tem sido o caminho para almejar o desenvolvimento sustentável. Registram Coelho, Coelho e Godoi (2013, p. 175) que: A sustentabilidade não envolve apenas política e procedimentos, mas uma cultura, atitude e envolve o esforço de toda a sociedade e Governo, organizações, comunidade e indivíduos com ações economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e socialmente responsáveis. No que tange ao discurso da sustentabilidade, é de suma importância compreendermos que este pode estar sendo utilizado como meio de inserção das organizações com uma apropriação mercadológica do conceito. Do discurso da sustentabilidade é possível desvelar parte de uma realidade organizacional, evidenciando grupos de interesse, con�itos e relações de poder. (COELHO, A., COELHO, C., GODOI, 2003, p. 175). ATENÇÃO Não se pode deixar de notar que, apesar das muitas incertezas e interpretações diversas quanto aos termos desenvolvimento sustentável e “sustentabilidade”, ambos possuem algo em comum que é o entendimento de que a sociedade (ser humano) precisa mudar a relação que tem com a natureza e com seus pares, visando assim maior equidade social e equilíbrio ambiental. SAIBA MAIS A sustentabilidade é discutida como um estado em que três tipos de interesses (ou con�itos) sejam cumpridos (ou resolvidos), simultaneamente: (i) o interesse da geração atual em melhorar a suas reais condições de vida (sustentabilidade econômica), (ii) a busca de uma equalização das condições de vida entre ricos e pobres (sustentabilidade social), e (iii) os interesses das gerações futuras que não estão comprometidas pela satisfação das necessidades da geração atual (sustentabilidade ambiental) (HORBACH, 2005). REFLITA É realmente possível conciliar crescimento econômico e socioambiental no atual contexto de economia globalizada e ainda ser uma empresa sustentável? Fonte: o autor. Prezado(a) estudante, principalmente a partir da década de 80 em diante, o paradigma do desenvolvimento tem se modi�cado, surgindo a necessidade de se pensar a longo prazo, em um novo contexto onde o “desenvolvimento sustentável” e a “responsabilidade social” surgem por uma questão de sobrevivência. Responsabilidade essa atribuída diretamente aos gestores organizacionais por serem grandes agentes de transformação nas atividades globais, a partir de suas atividades. Esses agora se vêm forçados a pensar ou persuadidos por uma sociedade cada vez mais atenta e exigente. Apesar dos dilemas em relação às ações da responsabilidade social nas empresas, em grau maior ou menor, a maioria dos gestores está participando. Cada qual tem um grau de comprometimento ou envolvimento, porém aquelas que têm sensibilidade social, em sua maioria, já buscam formas de além do que lhes é cobrado. Entretanto, as organizações buscam encontrar outros meios de fazer uma gestão cada vez melhor, e a governança corporativa, por meio de sua sistemática, parece que está surtindo resultados positivos. Por �m, e não menos importante, a discussão sobre a ética, uma vez que tem crescido a procura por organizações que atuem corretamente, eticamente e socialmente responsáveis. Para aquelas que só buscam demonstrar uma melhor imagem institucional ou de marca, como é constatado nas pesquisas, é melhor repensarem sua atuação. Porém, o caminho ainda é árduo e há muitos desa�os para os gestores e demais atores da sociedade, quando o processo de globalização e exclusão social, principalmente das minorias presentes na sociedade global, está cada vez mais aumentando face ao desemprego. Conclusão - Unidade 2 Adriana de Azevedo Mathi e Armin Mathis realizam uma análise, a partir de uma perspectiva crítica, sobre o processo de criação e consolidação dos parâmetros mundiais sobre Responsabilidade Social Corporativa (RSC) na relação com os direitos humanos, na Europa e no Brasil, no atual estágio do capitalismo globalizado. Como recurso teórico-metodológico fundamenta-se, no plano internacional, em um conjunto de normas jurídicas existentes sobre a responsabilidade social corporativa e os direitos humanos nas empresas transnacionais. No plano nacional, a pesquisa tem como referencial teórico-metodológico um levantamento bibliográ�co concernente ao conceito de RSC nos novos padrões de capitalismo periférico, inseridos no contexto da globalização. Por sua vez, Maria Paola Di Sessa De Luca Ometto, Sergio Bulgacov e Márcia Ramos May pontuam sobre a importância do indivíduo na construção, manutenção e mudança das instituições caracteriza as teorias das práticas sociais. O objetivo deste estudo é analisar o per�l e o envolvimento dos estrategistas nas práticas de responsabilidade social. Parte-se da identi�cação do papel, agência, experiência e características dos praticantes que atuam na certi�cação ambiental de empresas brasileiras. A discussão dos resultados tem como base os conceitos de responsabilidade social corporativa e da teoria da estratégia como prática. A pesquisa foi feita em duas etapas. Na primeira, de caráter qualitativo e exploratório, um estudo de caso foi realizado na empresa Suzano Papel e Celulose. Na etapa seguinte desenvolveu-se um levantamento quantitativo em 23 empresas, que representam 41% da população de empresas certi�cadas. O trabalho contribui ao destacar as diferentes dimensões do per�l dos praticantes e sua relação com a coletividade de práticas e seu envolvimento com o processo de certi�cação. E por �m, Sylvia Constant Vergara e Paulo Durval Branco entendem por empresa humanizada aquela que, voltada para seus funcionários e/ou para o ambiente, agrega outros valores que não somente a maximização do retorno para os acionistas. Nesse sentido, são mencionadas empresas que, no âmbito inter-no, promovem a melhoria na qualidade de vida e de trabalho, visando à construção de relações mais democráticas e justas, mitigam as desigualdades e diferenças de raça, sexo ou credo, além de contribuírem para o desenvolvimento e crescimento das pessoas. Ao focalizar o ambiente, as ações dessas empresas buscam a eliminação de desequilíbrios ecológicos, a superação de injustiças sociais, o apoio a atividades comunitárias, en�m, o que se convencionou chamar de exercício da cidadania corporativa. Dê um click para ler o texto na íntegra: MATHIS, A. A., MATHIS, A. Responsabilidade social corporativa e direitos humanos: discursos e realidades. Rev. katálysis, Jun 2012, vol.15, no.1, p.131-140. Link: http://www.scielo.br/pdf/rk/v15n1/a13v15n1.pdf. OMETTO, M. P, BULGACOV, S; MAY, M. R. A Efetividade dos Estrategistas da Responsabilidade Social Empresarial. Organ. Soc., Set 2015, vol.22, no.74. Link https://portalseer.ufba.br/index.php/revistaoes/article/view/11789. VERGARA, S. C., BRANCO, P. D. Empresa humanizada: a organização necessária e possível. Rev. adm. empres., Jun 2001, vol.41, no.2, p.20-30. Link: http://www.scielo.br/pdf/rae/v41n2/v41n2a03. Livro Livro Filme Filme Filme Unidade 3 Cultura e Diversidade AUTORIA Mirian Aparecida Micarelli Struett Paulo Vitor P. Navasconi Introdução Esta unidade é muito importante, pois nela está contido ou “velado” conceitos sobre etnicidade, racismo, diversidade. Sendo assim, temos por objetivo neste primeiro momento compreender a importância do conceito raça e seus efeitos na nossa sociedade, haja vista que as discussões e teorias sobre a diversidade humana e consequentemente sobre raças na cultura ocidental emergiram como resultado das grandes viagens do século XV. Uma vez que, foi nesses encontros entre as diferentes civilizações, que surgiu a necessidade de classi�car e de�nir o que era e quem era a humanidade (SCHUCMAN, 2014). Sendo assim, a ideia de raça é uma das explicações encontradas pela
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