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Lazer, Trabalho e Sociedade Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Pedro Athayde Revisão Textual: Prof.ª Me. Natalia Conti Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho • Introdução; • As Transformações Societárias Contemporâneas; • As Mudanças no Mundo do Trabalho; • O Impacto das Transformações Sobre o Tempo Livre. · Identificar as principais mudanças na sociedade contemporânea; · Conhecer as principais características do processo de reestru– turação produtiva; · Compreender como as transformações sociais determinam modifica- ções no tempo livre e no lazer. OBJETIVO DE APRENDIZADO Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho Introdução Após a compreensão dos movimentos e das lutas operárias para a redução da jornada de trabalho e da conquista do chamado “tempo livre”, abordamos as preocupações de controle e direcionamento desse tempo para atividades orientadas à manutenção do status quo. Em outras palavras, que as pessoas no seu momento de ócio se mantivessem reproduzindo sua vida social, sem questionar as condições em que vivem e, tampouco, pensar em transformá-las. Compreendemos, portanto, que com essas características as atividades desen- volvidas no tempo de não trabalho fazem com que esse período não seja assim tão livre. Uma forma de percebermos isso é que o próprio lazer surge como instrumen- to de controle social, a partir da definição de atividades orientadas e com conteúdos definidos para que não estimulassem o pensamento crítico e questionador do modo de produção vigente. No entanto, um fenômeno tão dinâmico e plural como o lazer não pode ser compreendido apenas pela sua origem, sobretudo quando o relacionamos ao tra- balho e à sociedade. Certamente, em seu desenvolvimento e nas relações estabe- lecidas com outros complexos o lazer vai se modificando, desempenhando novos papéis e ressignificando antigas funções. Por conseguinte, nesse momento, continuaremos nossa trajetória de reflexão, buscando entender alguns contextos e modificações que impactam nossa sociedade e que possuem influência direta nas transformações no “tempo livre” e no lazer. Prontos para continuarmos nossa caminhada? Aperte o cinto, dê a partida e vamos conhecer um pouco melhor o contexto social no qual estamos inseridos. Para inspirá-lo, deixamos aqui os versos de um dos maiores escritores de nossa história. “Não, Tempo, não zombarás de minhas mudanças! As pirâmides que novamente construíste Não me parecem novas, nem estranhas; Apenas as mesmas com novas vestimentas.” William Shakespeare 8 9 As Transformações Societárias Contemporâneas Falar em transformações societárias não é algo simples, especialmente porque elas se referem a um conjunto muito amplo de fenômenos nos planos cultural, social, político e econômico. Além disso, a história é muito dinâmica e está sempre em um processo de constantes alterações. Importante! Afi rmar que a sociedade está em constante transformação é bem diferente de uma visão de progresso linear. Ou seja, o desenvolvimento da sociedade com o passar dos anos não ocorre sempre de forma progressiva e positiva. Há momentos da história da humanidade em que o movimento é de recuo e retrocesso dos patamares de civilidade anteriormente alcançados ou conquistados. Importante! Algumas das transformações pelas quais a sociedade passa são tão significa- tivas que podem representar a ruptura com uma formação social e a mudança/ transição para um novo modelo social. Essa afirmação é clara para você? Você compreende o que seria uma formação ou modelo social? Vejamos isso com um pouco mais de calma e profundidade! Resumidamente, modelo ou formação social é a forma como a sociedade se or- ganiza, se relaciona e produz. Na história da humanidade tivemos, sinteticamente, a seguinte sucessão de formas de organização social: Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images 1. Comunismo Primitivo – foi nesta primeira forma de organização que se iniciou o processo de desenvol- vimento da sociedade, a partir do desenvolvimento da linguagem, de instrumentos, do domínio do fogo etc. Nesses grupos haviam mem- bros mais fortes e mais fracos, mas não existia a ideia de exploração de uns pelos outros. Os homens viviam em um estado selvagem e percebem, então, que podem al- terar a natureza para atender suas necessidades. Você se lembra da nossa primeira compreensão so- bre o trabalho? A ideia do trabalho como intercâmbio orgânico entre homem e natureza com o potencial de desenvolvimento humano fi ca muito claro quando imaginamos esses primeiros grupos humanos. 9 UNIDADE Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images 2. Escravismo – com o desenvolvi- mento e aprimoramento dos instru- mentos de trabalho, aumentou-se em grande escala a produtividade, crescendo também o domínio do homem sobre a natureza. Segal (2016) afirma que a passagem do comunismo primitivo para o es- cravismo se deu porque a “ambi- ção estimulou a procura de novas ‘forças de trabalho’ e a guerra as forneceu: os prisioneiros foram transformados em escravos. Au- mentando a produtividade do traba- lho, por conseguinte, dando origem à riqueza”. Surge a separação da sociedade em classes e a proprie- dade privada, sendo o escravo tam- bém considerado uma propriedade. Figura 3 Fonte: iStock/Getty Images 3. Feudalismo - as revoltas internas acabaram por destruir o escravis- mo e as sociedades se organiza- ram no modelo feudal, que con- sistia na propriedade do senhor sobre a terra e num grande poder sobre o servo. O servo utilizava a terra do senhor para cultivar. Par- te da produção ficava para si. Ele não era propriedade do senhor feudal, mas fazia parte da terra. Ou seja, se o senhor vendesse a terra, vendia junto os servos que ali trabalhavam. Essa forma de re- lação social acabou prejudicando o desenvolvimento das cidades e dos processos de produção e, por isso, sua substituição era iminente. 10 11 Figura 4 Fonte: iStock/Getty Images 4. Capitalismo – a organização nos burgos (cidades) já estava bem mais desenvolvida do que nos campos,o que propiciou um protagonismo da burguesia (comerciantes das cidades) na elaboração de estratégias para alteração do feudalismo. Alguns ou- tros aspectos contribuíram, como: a crise no campo, as revoltas cam- ponesas, a Peste Negra, a ascensão da razão (pensamento racional, não mais religioso) e o desenvolvimen- to da ciência, dentre outros. O ca- pitalismo surgiu, então, como uma alteração progressista em relação ao feudalismo, o que não signifi ca dizer que este é bom por si mesmo. É importante destacar que todas essas transições dos modos de produção e suas respectivas formações sociais não ocorreram de maneira etapista e nem no mesmo momento histórico em todas as regiões do planeta. Em alguns casos tivemos, durante certo período, a convivência de modelos mais antigos com formações mais atuais. Numa combinação entre arcaico e moderno. Essa é, por exemplo, uma das características da formação social brasileira. Além disso, é bom acentuar que transformações dessa magnitude não pode- riam acontecer de forma consensual e tranquila. Portanto, foram necessários vários processos conflituosos e ações revolucionárias, que culminariam em guerras e revo- luções, sendo um dos principais exemplos a Revolução Francesa de 1789. Importante! Outra informação importante que devemos destacar está na existência de outro modo de produção existente em nossa história, mas que não elencamos na sucessão acima por não ter sido realizada conforme suas elaborações originais: o socialismo. Este ocorreu em paralelo ao capitalismo e seria melhor defi nido se denominado de “Socialismo Real”. Importante! Todavia, é importante sabermos que nem todas as transformações societárias são tão profundas a ponto de resultarem em processos revolucionários e substituírem o modelo social vigente. Muitas vezes estas desencadeiam apenas novos fenômenos 11 UNIDADE Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho sociais e/ou culturais, responsáveis por reestruturações/reorganizações dentro do mesmo sistema. Essa tem sido a história da nossa sociedade nos últimos séculos, pois continuamos sob um modelo capitalista, ainda que esse tenha sofrido alterações em sua forma. Aliás, o capitalismo tem essa enorme capacidade resiliente, de se recuperar e se reinventar mesmo diante cenários de crise. O capitalismo tem-se transmutado ao longo dos últimos duzentos anos, seja sob a perspectiva de sua estrutura produtiva, dos atores sociais en- volvidos na luta de classes, das instituições jurídicas que regem as relações econômicas, dos organismos internacionais que ordenam a economia mundial, do padrão de concorrência intercapitalista, dos mecanismos de intermediação financeira ou da forma de manifestação e superação de suas grandes crises (PRONI, 1997, p. 2). Você conhece algumas dessas importantes mudanças pelas quais o ca- pitalismo passou nos últimos anos? Ainda que não as conheça, provavelmen- te você foi afetado por elas. Portanto, vejamos mais detalhadamente as princi- pais e mais recentes reformulações de nossa sociedade, considerando a década de 1970 como um marco histórico para nosso início da análise. Antes disso é importante destacar que, a despeito dessas transformações, o capitalismo man- tém suas tendências e leis mais gerais, tais como: aumento da concentração e centralização do capital, indução ao progresso técnico e revolucionamento da produção, diminuição do trabalho vivo socialmente necessário, ampliação da capacidade produtiva instalada além das possibilidades do mercado, entre outros (PRONI, 1997). A partir de meados dos anos 1970, as alterações da sociedade tomaram uma pro- porção e uma velocidade jamais vistas. Essas reviravoltas representaram o desdobra- mento de uma profunda crise mundial, que afetou o padrão de acumulação e, conse- quentemente, as relações sociais estabelecidas. Buscaremos agora uma síntese a partir de alguns aspectos mais gerais que nos auxiliará a entender e refletir a respeito dessas alterações recentes de maneira a tentar compreendê-las em sua totalidade. 1. Aspecto Social No aspecto social podemos citar alguns exemplos que demonstram as grandes transformações ocorridas nos últimos anos, são elas: • O grande aumento da urbanização: População Urbana no Mundo: De acordo com a edição de 2014 do relatório “Perspectivas da Urbanização Mundial” (World Urbanization Prospects) produzida pela Divisão das Nações Unidas para a População do Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais (DESA), 54% da população mundial residia em área urbana, sendo que a projeção para 2050 é de que esse percentual alcance 66%. Fonte: https://goo.gl/MeH4Mb 12 13 • O crescimento da atividade de serviços: Segundo a Pesquisa Anual de Serviços – PAS de 2014, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o setor de servi- ços é o que mais emprega no país, sendo responsável por 40,5% das pessoas ocupadas (5.279.378). Fonte: https://goo.gl/eK27cA • A difusão da educação formal: O último Censo Escolar da Educação Básica, pesquisa anual do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aponta 48,6 milhões de matriculados no ensino fundamental e 7,9 milhões de matriculados no ensino médio. No entanto, é preciso lembrar que a difusão, ampliação e democratização do ensino não deve se pautar apenas em critérios quantitativos relativos ao aumento do acesso ou oferta, tão ou mais importante é a qualidade do ensino oferecido aos jovens brasileiros. • A mudança no perfil demográfico das populações: Características da população brasileira: O site de notícias BBC Brasil resumiu as principais mudanças no perfil da população brasileira, levando em consideração a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios do IBGE de 2014, nos seguintes enunciados: a) o Brasil continua envelhecendo; b) Mais de 80 milhões vivem fora de sua cidade natal; c) Analfabetismo cai, mas ainda reflete desigualdade regional; d) Diploma superior é privilégio de apenas 13%; e) Aumento brusco de “desocupados”; f) Trabalho infantil volta a subir; g) Computadores em casa têm primeira queda; h) Água e luz avançam, saneamento deixa a desejar; i) Desigualdade social continua em redução gradual; j) Pretos e pardos têm novo aumento proporcional. Fonte: https://goo.gl/G9bNT9 • A socialização das pessoas por meio das redes sociais e: Uso das redes sociais no Mundo: Estudo da eMarketer “Worldwide Social Network Users: eMarketer’s Estimates and Forecast for 2016–2021” (Usuários da Rede Social Mundial: Estimativas e Previsão da eMarketer para 2016–2021) estimou que 2,46 bilhões de pessoas já contam com as redes sociais em sua rotina, o que significaria aproximadamente 1/3 da população mundial. Fonte: https://goo.gl/fPGFr6 • A individualização do lazer: Para essa última mudança social, reservamos uma exposição um pouco mais aprofundada em função de sua vinculação direta com a temática da disciplina. A sociedade atual caracteriza-se por uma exacerbação do individualismo hedonista e personalizado. Como consequência disso, não há mais uma consciência de classe, a significação das coisas e fenômenos não se constrói a partir da noção de coletivo e sim pelos sentimentos individuais e observa-se a formação de identidades fragmentadas e contraditórias. Ao mesmo tempo, observa-se uma descrença ou rejeição pela tradição e a experiência que não são mais vistas como fontes de saber e de explicação para as questões e problemas atuais. 13 UNIDADE Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho No âmbito do lazer, atualmente influenciado pela forte indústria cultural e do entretenimento, o individualismo se expressa juntamente com a perspectiva hedo- nista e o impulso consumista. Nesse panorama, a construção do lazer se conforma na busca pelo atendimento da necessidade ou do prazer individual mediados pela atividade de consumo (ALMEIDA e GUTIERREZ, 2004). Formiga et al. (2013) concordam que os hábitos de lazer podem expressar esse individualismoe busca de prazer, destinado unicamente ao próprio sujeito no momento da diversão. No entanto, os autores também concebem a possibilidade de que o lazer que incentive a formação cultural, intelectual e de informação, além de ser um tempo e espaço para o desenvolvimento da criatividade, dos conhecimentos e interação com os demais de forma que a diversão assuma uma característica de brincar. Voltando às transformações societárias de forma geral, todas as transformações apresentadas são muito importantes para compreender a sociedade contemporânea e, para além delas, poderíamos citar outras de igual relevância, tais como: 1) o crescimento da importância do papel social das mulheres, sobretudo no mercado de trabalho; 2) a atuação dos jovens no cenário político; 3) o grande aumento do contingente de desprotegidos sociais; 4) o aumento dos movimentos migratórios, seja pela flexibilidade das fronteiras nacionais, seja pela fuga das guerras civis; 5) o recrudescimento dos movimentos nacionalistas e separatistas; 6) crescimento de correntes ultraconservadoras de inspiração fascista. Figura 5 Fonte: iStock/Getty Images 2. Aspecto Cultural No que se refere ao aspecto cultural, as alterações se deram fundamentalmente no que ficou conhecido como Indústria Cultural. Mas o que seria essa indústria? Na disciplina Lazer e Entretenimento tivemos a oportunidade de conhecê-la melhor. Você se recorda? 14 15 De forma bastante resumida, trata-se de um termo desenvolvido pelos autores Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973) para demonstrar e criticar que a cultura também foi convertida em mercadoria. O entretenimento e os elementos da indústria cultural já existem muito tempo antes dela. (...) A indústria cultural pode se ufanar de ter (...) despido a diversão de suas ingenuidades inoportunas e de ter aperfeiçoado o feitio das mercadorias (ADORNO & HORKHEIMER, 1985, p. 126). Nesse contexto, é a espetacularização do entretenimento que dita os padrões de expressão cultural. Utilizam principalmente os meios de comunicação de mas- sa, dentre eles, com destaque para a televisão e, mais recentemente, a internet. Os hábitos, a moda, o comportamento, os valores são, em boa parte, ditados por esses mecanismos. O professor José Paulo Netto afirma que a cultura de nossa época está fundada em dois vetores: [...] a translação da lógica do capital para todos os processos do espaço cultural (produção, divulgação e consumo) e desenvolvimento de formas culturais socializáveis pelos meios eletrônicos (a televisão, o vídeo, a cha- mada multimídia). (NETTO, 1996, p. 97). Nesta citação, Netto demonstra o que Adorno e Horkheimer já haviam sinalizado, a cultura sendo transformada em mercadoria, ou seja, tendo inserido a lógica do capital em sua produção e proporcionado seu consumo através do desenvolvimento tecnológico dos meios eletrônicos. A lógica capitalista, onde tudo pode ser transformado em mercadoria passa, então, a se generalizar e fazer parte de todos os setores da vida social, até mesmo os que representavam antes uma resistência à mercantilização, como as expressões artísticas e culturais. A título de exemplo, segundo Mascarenhas (2005), as tribos da chamada contracultura já se encontram domesticadas e homogeneizadas pela indústria cultural global. 3. Aspecto Econômico A hegemonia do pensamento neoliberal promoveu uma reestruturação do ca- pitalismo. Esse novo arranjo caracterizou-se pelo aumento exponencial do capital fictício e da financeirização da economia em detrimento dos investimentos produ- tivos. Ao mesmo tempo, difundia-se a ideia de que o Estado deveria assumir um compromisso social mínimo. O ajuste neoliberal da economia almejava reduzir o aumento inflacionário e impulsionar a taxa de crescimento econômico. Todavia, Chauí (1999) observa que o primeiro objetivo foi alcançado, enquanto o segundo não, isto “porque o modelo [adotado] incentivou a especulação financeira em vez dos investimentos na produção; o monetarismo superou a indústria” (p. 28-29). 15 UNIDADE Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho Figura 6 Fonte: iStock/Getty Images No período de trinta anos (1980 e 2010), o capitalismo conviveu com sucessi- vas crises e instabilidades. Dentro desse cenário incerto, as taxas de crescimento decaíram na comparação com o período de vigência do Welfare State (Estado de Bem-Estar Social); o índice de desemprego teve registros de crescimento exponen- cial; a estabilidade social dos “anos dourados” (nome criado por Eric Hobsbawn para se referir ao período de 1945 a 1973, no qual a Europa passou por um cres- cimento econômico significativo) deu lugar ao sentimento de insegurança; e houve o crescimento da disparidade na distribuição da renda. O agravamento dos problemas sociais resultou em um capitalismo contemporâ- neo, sumarizado por Chauí (1999), nos seguintes traços: 1. desemprego tornou-se estrutural, deixando de ser acidental ou expres- são de uma crise conjuntural [...] 2. o monetarismo e o capital financeiro tornaram-se o coração e o centro nervoso do capitalismo, ampliando a desvalorização do trabalho produtivo e privilegiando a mais abstrata e fetichizada das mercadorias, o dinheiro [...] 3. a terceirização, isto é, o aumento do setor de serviços, tornou-se estrutural, deixando de ser su- plementar à produção [...] 4. a ciência e a tecnologia tornaram-se forças produtivas, deixando de ser mero suporte do capital para se converter em agentes de acumulação [...] 5. [...] a privatização tanto de empresas quan- to de serviços públicos também tornou-se estrutural. Disso resulta que a ideia de direitos sociais como pressuposto e garantia dos direitos civis ou políticos tende a desaparecer [...] 6. a transnacionalização da economia torna desnecessária a figura do Estado nacional como enclave territorial para o capital e dispensa as formas clássicas do imperialismo [...] 7. a dis- tinção entre países de Primeiro e Terceiro Mundo tende a ser substituída pela existência, em cada país, de uma divisão entre bolsões de riqueza absoluta e de miséria absoluta [...] (p. 31). 4. Aspecto Político Todas essas alterações nos âmbitos econômico, cultural e social se relacionam mutuamente e impactam também nas transformações políticas ocorridas contem- poraneamente. As principais delas são: • O fortalecimento de uma oligarquia financeira transnacional; • Descaracterização das classes sociais e, por conseguinte, da clássica oposição capital x trabalho; 16 17 • Enfraquecimento do movimento operário, tanto em função do desemprego crescente em função da automação da indústria, quanto em função do crescimento do setor de serviços, da terceirização e flexibilização das leis trabalhistas; e • Fortalecimento dos tradicionais e “novos” movimentos sociais (movimento dos sem-terra, movimento dos sem-teto, movimento dos aposentados, movimento negro, movimento LGBT, entre outros). Além desses aspectos, identificamos também o enfraquecimento de ordenamen- tos político-sociais, que são fundamentais para o fortalecimento dos direitos sociais. Tais ordenamentos seriam a base para uma alternativa progressista ao capitalismo, como o socialismo e a socialdemocracia. Até aqui abordamos algumas das mais importantes transformações sociais con- temporâneas. Ainda que de forma apenas introdutória, já foi possível perceber o impacto delas sobre o tempo livre e, mais especificamente, sobre o lazer. No entanto, essas mudanças também causam impacto sobre o contraponto do tempo de não trabalho. Nesse sentido, vejamos agora como todas essas transformações impactaram o mundo do trabalho. As Mudanças no Mundo do Trabalho Você lembra que na seção anterior fizemos uma diferenciação entre níveis de transformações sociais? No caso das últimas mudanças que apresentamos, elas são alterações que não revolucionam ou não causam ruptura dentro da formação social vigente. Você conseguiu perceber isso? Em outras palavras, poderíamos dizer queelas são “adaptações” no interior da sociedade capitalista, sendo muitas vezes uma resposta de sobrevivência às crises engendradas no próprio capitalismo. Hobsbawn (1995) afirma que a crise estrutural do sistema capitalista teve como uma de suas consequências a reconfiguração do padrão de acumulação. Antes o modelo adotado era o taylorista/keynesiano, baseado no aumento da produção, na racionalização do tempo e no Estado interventor na economia e garantidor do pleno emprego. Com o esgotamento desse modelo, surge, então, um novo padrão fundado na chamada flexibilização, reestruturação produtiva ou acumulação flexível. O que seria essa acumulação fl exível? É uma nova forma de organização da produção (como o toyotismo, por exemplo) considerando as novas relações econômicas globais (globalização), a fi nanceirização do capital, revolução informacional (desenvolvimento da indústria eletrônica) e a desterritorialização do capital. Perceba que não há mais fronteiras, principalmente a partir da formação dos megablocos transnacionais. Ex pl or 17 UNIDADE Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho Para responder a sua crise, o capital realiza um processo de reestruturação produtiva, que é exatamente a estruturação da acumulação flexível, que consiste em substituir a produção “rígida” (taylorismo/fordismo). Permanece com a produção em larga escala, no entanto, buscando mercados específicos e tentando romper com a padronização, atendendo variabilidades culturais e regionais e voltando-se para peculiaridades de setores particulares de consumo. Como não poderia deixar de ser, é essencial para a reestruturação produtiva uma alta e intensa incorporação à produção de tecnologias resultantes de avanços técnico-científicos. Com a implementação dessas novas tecnologias no processo produtivo, o tra- balho vivo (do ser humano) no setor industrial passa a ser cada vez menor, o que acarreta no aumento do desemprego. Essa parece ser uma conta fácil, não é mesmo? Mas, então, seria o caso de sermos contrário ao avanço tecnológi- co? De forma alguma! Não é esse nosso objetivo; por ora queremos tão-somente demonstrar/acentuar uma mudança que acontece no setor industrial e da produção em tempos recentes e que gera impactos sociais e também na esfera do lazer. A alteração no modo de produção tem como consequência a mudança no perfil profissional. Deixa-se a figura daquele trabalhador fabril (do século XIX) fixado em uma única função de lado e em seu lugar aparece o trabalhador que deve ser o mais polivalente possível dentro de sua especialidade. Figura 7 Fonte: iStock/Getty Images Ricardo Antunes (1999) afirma que essa reorganização do processo produtivo está vinculada à reorganização do capital para responder aos seus interesses de “retomada do seu patamar de acumulação e do seu projeto de dominação global” (p.50). Com base nessa afirmação, Antunes esclarece sobre duas das principais mudanças operadas no processo de reorganização da produção material: 1) quali- dade total; e 2) liofilização organizativa da empresa “enxuta”. 18 19 1. Qualidade Total Antunes (1999) questiona a validade e veracidade do discurso sobre a qualidade total dos produtos. Você já ouviu falar sobre “obsolescência planejada”? Já reparou na velocidade com que são lançados novos produtos no mercado? Um Smartphone que hoje é considerado de última geração no ano seguinte está ultrapassado! Como isso é possível? Será que somos capazes de conhecer, utilizar e esgotar todas as ferramentas e funcionalidades de nosso aparelho de celular antes de trocá-lo por um modelo mais moderno? Antunes (1999) nos ajuda a pensar sobre essas questões ao demonstrar que há, na verdade, um antagonismo entre qualidade total e qualidade do produto: A “qualidade total” torna-se, ela também, a negação da durabilidade das merca- dorias. Quanto mais “qualidade” as mercadorias apresentam (e aqui a aparência faz a diferença), menor tempo de duração elas devem efetivamente ter. Desperdício e destrutividade acabam sendo seus traços determinantes (p. 51). De acordo com Mascarenhas (2005): A aparente e falsa qualidade e as diversas técnicas de diminuição do tem- po de uso das mercadorias, encurtando deliberadamente sua vida útil, é algo que vem sendo discutido também, como assinala Haug (1997), sob o conceito de obsoletismo artificial ou obsoletismo planejado. De um lado, as mercadorias já saem da fábrica com uma espécie de detonador, um relógio de contagem regressiva que dá início à sua destruição depois de um tempo devidamente pré-calculado, a obsolescência embutida. De outro, os esforços de manipulação e propaganda concentram-se no descarte antecipado de objetos ainda em condições de perfeita utilização. Esta técnica, da obsolescência prematura, é bem mais sofisticada (p.88 e 89, grifos do autor). Ou seja, o que os autores acima tentam nos demonstrar é que a chamada qualidade total dos produtos não está mais vinculada a sua durabilidade. Ao contrário, o maior investimento está em sua imagem e aparência, bem como nas estratégias de propaganda que impulsionaram os indivíduos a consumi-lo. Será que, a partir desses exemplos, ficou mais clara para você a diferença entre qualidade total e qualidade do produto? 2. Liofi lização Organizacional Provavelmente ao ler esse aspecto da reorganização da produção, você deve ter se perguntando: Mas, afinal, o que significa “liofilização”? O significado é bem mais simples do que parece, liofilização significa a eliminação, a transferência e o “enxugamento” das unidades produtivas. O melhor exemplo dessa mudança é o toyotismo. 19 UNIDADE Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho Figura 8 Fonte: iStock/Getty Images Antunes (1999) demonstra que há elementos de continuidade e descontinuidade na transição do modelo fordista/taylorista para o toyotismo, afirmando existir um padrão diferente de produção, que se baseia na liofilização organizacional, no enxugamento, com o objetivo final de reduzir o tempo de trabalho: [...] trata-se de um processo de organização do trabalho cuja finalidade essencial, real, é a intensificação das condições de exploração da força de trabalho, reduzindo muito ou eliminando tanto o trabalho improdutivo, que não cria valor, quanto as suas formas assemelhadas, especialmente nas atividades de manutenção, acompanhamento, e inspeção de qualidade, funções que passaram a ser diretamente incorporadas ao trabalhador produtivo. Reengenharia, lean production, team work, eliminação de postos de trabalho, aumento da produtividade, qualidade total, fazem parte do seu ideário (e da prática) cotidiana da fábrica moderna. Se no apogeu do taylorismo/fordismo a pujança de uma empresa mensurava-se pelo número de operários que nela exerciam sua atividade de trabalho, pode-se dizer que na era da acumulação flexível e da ‘empresa enxuta’ merecem destaque, e são citadas como exemplos a serem seguidos, aquelas empresas que dispõem de menor contingente de força de trabalho e que apesar disso têm maiores índices de produtividade. (p. 53). Como já apontamos na seção anterior, essas transformações no mundo do trabalho também impactam na organização dos trabalhadores. Sob esse aspecto, Antunes (1999) aponta para uma: [...] desregulamentação enorme de direitos do trabalho, que são eliminados cotidianamente em quase todas as partes do mundo onde há produção industrial e de serviços; aumento da fragmentação no interior da classe trabalhadora; precarização e terceirização da força humana que trabalha; destruição do sindicalismo de classe e sua conversão num sindicalismo dócil, de parceria (partnership), ou mesmo em um sindicalismo de empresa. (p. 53). 20 21 Netto (1996) e outro autor que, ao analisar essa reestruturação produtiva, faz uma síntese muito interessante sobre suas consequências: Não é preciso muito fôlego analítico(...) para concluir que a revolução tecnológica tem implicado uma extraordinária economia de trabalho vivo, elevandobrutalmente a composição orgânica do capital. Resultado direto (exatamente conforme a projeção de Marx): cresce exponencialmente a força de trabalho excedentária em face dos interesses do capital. O capi- talismo tardio, transitando para um regime de acumulação ‘flexível’, rees- trutura radicalmente o mercado de trabalho, seja alterando a relação entre excluídos/incluídos, seja introduzindo novas modalidades de contratação (mais “flexíveis”, do tipo ‘emprego precário”), seja criando novas estratifi- cações e novas discriminações entre os que trabalham (cortes de sexo, ida- de, cor, etnia). A exigência crescente, em amplos níveis, de trabalho vivo superqualificado e/ou polivalente (coexistindo com a desqualificação ana- lisada por BRAVERMAN, 1987), bem como as capacidades de decisão requeridas pelas tecnologias emergentes (que colidem com o privilégio do comando do capital), coroa aquela radical reestruturação – reestruturação que, das “três décadas gloriosas” do capitalismo monopolista, conserva os padrões de exploração, mas que agora se revelam ainda mais acentuados, incidindo muito fortemente seja sobre o elemento feminino que se tornou um componente essencial da força de trabalho, seja sobre os estratos mais jovens que a constituem, sem esquecer os emigrantes que, nos países desenvolvidos, fazem o “trabalho sujo”. (p. 92-93). Importante! Fim da sociedade do trabalho? Apesar do grande impacto das novas tecnologias sobre a classe operária, não é verdadeira a ideia de que ela esteja morrendo numericamente. Significa muito mais mudanças em seu interior. Nota-se um claro processo de desindustrialização, ou uma passagem da velha para a nova indústria. Embora no Brasil tenhamos um alto número de trabalhadores informais, as estatísticas não demonstram uma alteração demográfica significativa no contingente de trabalhadores. De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de 2014, realizada pelo IBGE, naquele ano tínhamos 50,8% da população ocupada, trabalhando com carteira assinada no setor privado, o que corresponde a 11,807 milhões de pessoas. Importante! Esperamos que, até esse ponto, você já consiga perceber as implicações das mudanças apontadas nas relações de trabalho. Você consegue, por exemplo, notar com mais clareza que a evolução tecnológica possui aspectos positivos e negativos? Que há um novo perfil de trabalhador para um novo modo de produzir as coisas? E que essas coisas nem sempre possuem a qualidade anunciada em suas propagandas e embalagens? E que muitos dos produtos mais modernos da atualidade se caracterizam por uma acelerada descartabilidade? 21 UNIDADE Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho O Impacto das Transformações Sobre o Tempo Livre Em nosso percurso nessa terceira unidade de conteúdo já passamos pelas mu- danças mais abrangentes na sociedade contemporânea, no mundo do trabalho, resta agora mais um dos aspectos que compõem essa disciplina. Ou seja, se já fa- lamos sobre a sociedade e o trabalho, é chegada a hora de abordarmos a temática do lazer. Vejamos, agora, de que forma as transformações que apresentamos nas seções anteriores impactam também no “tempo livre”. Vamos começar, então, relembrando a estreita relação entre o trabalho e o tempo livre. Para Adorno (1995) a expressão tempo livre: [...] aponta a uma diferença específica que o distingue do tempo não livre, aquele que é preenchido pelo trabalho e, poderíamos acrescentar, na verdade, determinado desde fora. O tempo livre é acorrentado ao seu oposto. Esta oposição, a relação em que ela se apresenta, imprime-lhe traços essenciais. Além do mais, muito mais fundamentalmente, o tempo livre dependerá da situação geral da sociedade. Mas esta, agora como antes, mantém as pessoas sob um fascínio. Nem em seu trabalho, nem em sua consciência dispõem de si mesmas com real liberdade. Percebe-se que a relação entre os tempos é muito forte e é definido brutalmente pelo trabalho, embora haja a preocupação em dar uma roupagem diferente ao tempo fora do trabalho. No entanto, este é determinado também pelo trabalho e por suas alterações. Aqui, vale lembrar a observação de Antunes (2001), de que uma vida com sentido no tempo livre depende de uma vida com sentido no traba- lho, sob o risco deste último interferir/macular a esfera fora do trabalho. Na parte anterior destacamos que o processo de reestruturação produtiva tem provocado uma redução do emprego regular em favor do crescente uso do trabalho em tempo parcial, temporário ou subcontratado, modificando o perfil do tempo e do mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, observamos que uma das conse- quências negativas do avanço tecnológico é o crescimento do “exército industrial de reserva” (os desempregados), o que, por conseguinte, resulta em uma redução salarial real. Você percebe que nos colocamos diante de um cenário paradoxal? Por um lado, o avanço tecnológico nos deu a possibilidade concreta de trabalharmos menos e, portanto, ter mais tempo livre para usufruir as atividades de lazer. No entanto, por outro lado, a automação veio acompanhada do desemprego e a dificuldade dessas pessoas de se recolocarem no mercado de trabalho, o que impede que elas possam utilizar esse tempo disponível com atividades que contribuam com o seu desenvolvimento humano e social. Ao contrário, muitas vezes, para voltar urgentemente à condição de empregado, passam a utilizar esse maior tempo livre para atualização ou qualificação profissional. 22 23 Polato (2003) afirma que por essa instabilidade econômica, devido à grande taxa de desemprego e à precariedade das relações de trabalho para a classe trabalhadora, seu tempo fora do trabalho também passa a ser afetado. Percebe-se que o trabalhador acaba destinando esse tempo disponível fora do trabalho para buscar qualificação profissional (lembram quando falamos da necessidade de um trabalhador polivalente?) – essa qualificação lhe daria maiores possibilidades de ter seu emprego garantido – e também para procurar outras atividades remuneradas que o ajudem a aumentar a renda familiar. Mas, o que há de errado no uso do tempo livre para a qualificação e capa- citação profissional? Esse conhecimento que estou adquirindo também não pode me levar a um desenvolvimento pessoal? De fato, o problema maior não está na utilização do tempo livre, mas sim em essa ser uma “opção” forçada devido a uma condição de vida desfavorável. De outro lado e concomitantemente, observa-se uma acentuada redução de tempo disponível para que o sujeito se aproprie de conteúdos desenvolvidos pelo gênero humano, através da realização de atividades de lazer. Ou seja, há pouca possibilidade para que esse sujeito vivencie a arte, a cultura, o esporte, a dança, uma vez que as experiências de lazer concorrem com as preocupações geradas por esse processo de exclusão social. Você percebe, agora, onde está o problema? Esses processos de fragmentação do trabalho fazem parte do contexto da sociedade contemporânea e, ao mesmo tempo, escancaram e ampliam os problemas sociais, a retirada de direitos conquistados e dificultam a vida nos grandes centros urbanos etc. Curiosamente, mesmo com tantas privações e exclusões, tem crescido cada vez mais o investimento no setor de entretenimento associado à indústria do lazer. Você deve estar se questionando que essa afirmação parece contraditória, não é mesmo? O que sustenta esse crescimento? Quem são as pessoas que consomem os produtos ofertados por esse setor? Essas perguntas são chave para compreendermos como o lazer vem sendo en- carado nessa sociedade de consumo e como ele tem sido transformado em merca- doria. Entretanto, esses são assuntos para nossa próxima unidade. 23 UNIDADE Mudanças Recentes na Sociedade e no Trabalho Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Do escravismo ao feudalismo https://goo.gl/ZWD3aA Livros O novo (e precário) mundo do trabalho ALVES, G. O novo (eprecário) mundo do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2000. Adeus ao trabalho? ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? São Paulo: Cortez, 2000. Vídeos A História das Coisas A História das Coisas. (versão brasileira do documentário “The Story of Stuff”, de Annie Leonard). https://youtu.be/7qFiGMSnNjw Filmes O Corte O Corte. (Le Couperet). Bélgica/França/Espanha. 2005. Direção: Costa-Gravas. Duração: 122 min. Ou Tudo ou Nada Ou Tudo ou Nada. Reino Unido. 1997. Direção: Peter Cattaneo. Duração: 1h 35m. 24 25 Referências ADORNO, T. W. Tempo Livre. In: Palavras e Sinais, modelos críticos 2. Petrópolis: Vozes, 1995, pp. 70-82. ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas. In: ________. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p. 113-156. ALMEIDA, m. A. B. de e GUTIERREZ, G. L. Subsídios teóricos do conceito cultura para entender o lazer e suas políticas públicas. Conexões, Campinas, v. 2, n. 1, 2004. ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999. ________. Tempo de trabalho e tempo livre: algumas teses para discussão. In: BRUHNS, H. e GUTIERREZ, G. L. Representações do lúdico: II Ciclo de Debates Lazer e Motricidade. Campinas: Autores Associados/FEF UNICAMP, 2001 pp. 21-25. CHAUI, M. Ideologia neoliberal e universidade. In: OLIVEIRA, F. & PAOLI, M. C. Os sentidos da democracia: políticas do dissenso e hegemonia global. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. FORMIGA, N. S.; MELO, G.; LEME, J. Pares sócio-normativos, orientação cultural, hábitos de lazer e condutas desviantes: verificação de um modelo teórico em jovens. Rev. psicol. univ. antioquia, v.5, n.1, Medelin, jun. 2013. HOBSBAWN, E. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. MASCARENHAS, F. Entre o ócio e o negócio: teses acerca da anatomia do lazer [tese]. Campinas (SP): Faculdade de Educação Física: Universidade Estadual de Campinas; 2005. NETTO, J. P. Transformações societárias e Serviço Social – notas para uma análise prospectiva da profissão no Brasil. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano XVII, n. 50, Cortez, p. 87-132, abril 1996. POLATO, Thelma Hoehne Peres. Lazer e Trabalho: algumas reflexões a partir da ontologia do ser social. Revista Motrivivência, Florianópolis, Ano XV, nº 20-21, P. 139-162 Mar./Dez.-2003. PRONI, M. W. História do capitalismo: uma visão panorâmica. Cadernos do CESIT, Campinas, n.25, out. 1997. SEGAL, L. O desenvolvimento econômico da sociedade. 2016. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/estudo/segal/02.htm#tr3>. 25
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