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Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial Sistema estomatognático e disfunções temporomandibulares e dores orofaciais Sistema estomatognático - constitui o sistema mastigatório, que é composto por ossos, músculos, dentes, articulações, glândulas, lábios, língua, bochechas, sistema vascular e sistema nervoso - várias condições podem afetar esse sistema e, com isso, várias desordens podem ocorrer de acordo com as estruturas envolvidas Desenvolvimento da DTM Função normal + Evento > Tolerância fisiológica Sintomas de DTM - o sistema estomatognático as vezes é interrompido por um evento, muitos eventos são tolerados pelo sistema sem provocar nenhuma alteração. Porém, se algum evento excede a tolerância fisiológica do individuo, criando uma resposta do sistema, aparecem os sintomas da DTM - quando esse sistema é sobrecarregado (apertamento, trauma) ele entra em colapso Função normal - funções do sistema estomatognático: falar, deglutir e mastigar (vitais) O tronco encefálico regula a ação muscular através dos engramas musculares, que são selecionados de acordo com o estímulo sensorial periférico recebido. Quando um estímulo sensorial inesperado acontece, mecanismos reflexos de proteção são ativados, diminuindo a atividade muscular nessa área Eventos - os eventos influenciam a função EVENTOS LOCAIS: - coroa com oclusão inadequada - secundário a um trauma (injeção de anestésico, abertura exagerada de boca) - uso não habitual (bruxismo) - dor profunda / idiopática EVENTOS SISTÊMICOS: - envolvem todo o corpo ou o sistema nervoso central - não é resolvido por terapias voltadas apenas para dentes/oclusão - ex: nível aumentado de estresse emocional Tolerância fisiológica - nem todos os indivíduos respondem aos mesmos eventos da mesma forma - cada paciente tem sua capacidade individual de tolerar certos eventos sem nenhum efeito adverso - pode ser influenciada por fatores locais e sistêmicos FATORES LOCAIS - é influenciada pela estabilidade ortopédica - quando há posicionamento correto dentário e não há alterações na anatomia e função das ATMs o indivíduo tem maior tolerância - quando há alguma desarmonia, não há estabilidade ortopédica, o indivíduo tem menor tolerância FATORES SISTÊMICOS - genética, personalidade e dieta - presença de doenças agudas ou crônicas - condicionamento físico geral do paciente - efetividade dos sistemas de modulação de dor A presença de fatores sistêmicos também influencia a tolerância, tornando o paciente mais vulnerável Sinais e sintomas de DTM Quando um evento excede a tolerância fisiológica individual, a estrutura mais fraca do sistema mastigatório mostrará os primeiros sinais de colapso (tolerância estrutural) Locais potenciais de colapso: músculos, ATMs, estrutura de suporte dos dentes e os próprios dentes Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Sinais e sintomas: - desgaste dentário - pulpite (dor irradiada) - mobilidade dentaria - dor na musculatura mastigatória, limitação de abertura bucal - dor na articulação temporomandibular - dor no ouvido - dor de cabeça (cefaleia) A DTM faz parte da dor orofacial Dor = experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de dano Dor = é uma experiência angustiante associada a danos teciduais reais ou potenciais com componentes sensoriais e emocionais Dor orofacial = é toda dor associada a tecidos moles e mineralizados (pele, vasos sanguíneos, ossos, dentes, glândulas ou músculos) da cavidade oral e da face DTM = conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular e estruturas associadas. É uma dor somática profunda Etiologia - multifatorial Fatores predisponentes: aumentam o risco de desenvolver DTMs - estado de saúde geral (fribromialgia, cefaleia) - psicológicos - estruturais (oclusão, anatomia da ATM) Fatores iniciadores/desencadeantes: ocasionam o início das DTMs - trauma, sobrecarga, parafunção Fatores perpeturantes/mantenedores: interferem na cura ou aumentam a progressão e cronificação das DTMs - problemas comportamentais, sociais e emocionais * em alguns casos, um único fator pode desempenhar todos esses papéis * o sucesso do tratamento das DTMs depende da identificação e do controle desses fatores contribuintes Eixo I = condições físicas para as dores orofaciais (dente, musculo) Eixo II = condições psicológicas para dores orofaciais (as vezes é necessário solicitar acompanhamento psicológico para o paciente) 5 fatores principais envolvidos com a DTM: - oclusão - trauma - estresse emocional - fontes de estímulo de dor profunda - atividade parafuncionais Prevalência e Frequência O número de pessoas afetadas por algum sinal ou sintoma de DTM está entre 50 a 80% Cerca de 5 a 12% da população precisam de algum tipo de tratamento para DTM DTM – prevalência em ribeirão, 53,4% com algum grau de DTM, sendo 39,3% DTM leve, 10,2% DTM moderada e 3,8% DTM grave Mais prevalente nas mulheres 3:1 2º a 4º década de vida Queixas frequentes - movimentos mandibulares restritos - dor (cabeça, face, músculos) - sons articulares (estalos) Classificação da dor Dor somática - dor relacionada a algum achado orgânico (algo está errado, há algum tipo de lesão) - é aliviada pelo repouso Dores superficiais: são dores vivas, de fácil localização Dores profundas: são dores de difícil localização, depressivas (dores musculoesqueléticas – DTM) Dor neuropática - dor iniciada ou causada por uma lesão ou disfunção no Sistema Nervoso Central ou Sistema Nervoso Periférico - ex: neuralgia do trigêmeo, dor fantasma Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto * OBS: Dor sem diagnóstico é dor a esclarecer DTM não é um diagnóstico suficiente, é necessário um diagnóstico específico: MUSCULAR, ARTICULAR OU INFLAMATÓRIA Diagnóstico da DTM O propósito da anamnese e dos exames é identificar quais áreas ou estruturas estão em colapso ou com alterações patológicas - o colapso geralmente é sinalizado pela Dor ou Disfunção Histórico do paciente Anamnese - deixar o paciente falar Queixa do paciente Tempo de evolução Atuação profissional é importante (posição da cabeça, trabalha sentado o dia todo, carrega peso) Escolaridade Procedência (de onde veio? Médico, fono, psicólogo, cirurgião dentista) Tratamentos realizados anteriormente, teve sucesso? Características da dor: - aguda ou crônica (crônica – paciente sensibilizado centralmente pela dor) - contínua, pulsátil ou ardente Traumatismos recentes na cabeça ou pescoço Hábito do sono (posturas alteradas, horas de sono) Hábitos pessoais que indiquem parafunção ou alterações posturais História médica - Gastrite: relação com ansiedade, nervosismo - Problemas renais e hepáticos: vias de metabolização de drogas - Rinite anérgica: colaboram com o bruxismo do sono Histórico de alergias à medicamentos Atenção! Desordens da cabeça pescoço podem levar a dores heterotópicas que são sentidas nas estruturas mastigatórias, mas não têm sua origem nessas estruturas Dor mastigatória: é agravada ou acentuada pela função (falar, mastigar aumenta a dor) Dor heterotópica: paciente relata que a dor é na ATM ou nos músculos mastigatórios, porém o histórico e os exames não revelam alterações de amplitude de movimento mandibular ou aumenta de dor na função Devemos encontrar o verdadeiro local de origem da dor antes de propor um tratamento Exame clínico Extra-oral - postura - conformação craniomandibular - assimetria facial - sintomas otológicos (dor nos ouvidos, ouvido tampado) - sintomas oftalmológicos (dor nos olhos, vermelhidão nosolhos, lacrimejamento unilateral) Intraoral - avaliação de tecidos moles (gengiva, língua, assoalho de boca, orofaringe, bochechas – possíveis locais que estão gerando dor, lesões perigosas) - avaliação dos dentes (anotar próximo ao dente as alterações clínicas (fonte de dor) Avaliação muscular Sinal clínico de músculo comprometido -> DOR Os músculos são avaliados pela palpação direta ou pela manipulação funcional Palpação muscular Pressão na palpação muscular – 1,0 Kg Pressão na palpação ATM – 0,5 Kg - a deformação causada pela palpação dos tecidos musculares comprometidos pode causar dor - para mensurar o quanto dói, utilizamos uma Escala de dor (0 a 10) 0 – não relata dor ou desconforto 10 – dor máxima * a dor é subjetiva, cada paciente apresenta um limiar de dor - através da palpação podemos identificar sensibilidade muscular e também a presença de pontos gatilhos (dor referida) Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto - não devemos palpar mais de um local ao mesmo tempo, devemos palpar primeiro todo um lado da face e depois o outro lado - iniciar pelo lado que o paciente sente menos desconforto Músculo Temporal - três áreas funcionais: anterior, média e posterior - pedir para o paciente morder e notar as fibras do músculo contraindo Região anterior: acima do arco zigomático e anterior à ATM Região média: diretamente acima da ATM e superior ao arco zigomático Região posterior: acima e atrás do ouvido Tendão do músculo temporal Músculo Masseter - palpamos a região profunda e superficial Profunda: dedo à frente da ATM, na área de inserção de fibras abaixo do arco zigomático Superficial: próximo à borda inferior da mandíbula Músculo esternocleidomastoideo - pedir para o paciente inclinar a cabeça para o lado contrário e palpar o músculo usando os dedos em forma de pinça, em toda sua extensão Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Músculo Cervicais Posteriores - Trapézio - trapézio, longo da cabeça e cervical, esplênio e elevador escapular (palpados juntos) - fonte comum de pontos gatilho Musculatura Suprahiódea - plano superficial: digástrico e estilohióideo - plano profundo: milo-hiódeo e gêniohióideo Musculatura Infrahióidea - plano superficial: omohióideo e esternocleidohióideo - plano profundo: esternotirohióideo e tireohióideo Músculos Pterigoideo medial e lateral - são palpados juntos Polo lateral do Côndilo - capsula inflamada (anti-inflamatório) Meato acústico externo - identificar otite - pedir para abrir e fechar a boca Região retroauricular Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Avaliação articular - estalos na ATM (clic) - crepitações na ATM (osso com osso) Exame da movimentação mandibular - medidas em milímetros (mm) Trespasse vertical e horizontal (overbite e overjet) Abertura bucal máxima sem dor (o quanto o paciente abre a boca sozinho, sem sentir dor) Abertura máxima com auxílio (pacientes com histórico de travamento ou luxação NÃO faz esse) - média de abertura bucal (40mm – 45mm) Protrusão máxima (somar com o valor do overjet) Lateralidade direita e esquerda máxima - fazemos lateralidade para avaliar se tem deslocamento do disco para medial - normal: 10 a 12mm O disco articular sempre vai deslocar medialmente e anterior (raramente para lateral ou para posterior) uma forma de confirmar esse deslocamento é realizando o movimento de lateralidade, pois se houve o deslocamento medial do disco da ATM direita e você pedir para o paciente fazer lateralidade para a direita, ele consegue, mas se pede para fazer para a esquerda, consegue muito pouco pois o disco deslocado oferece resistência Desvio de linha média (marcar com um lápis, se tiver desvio precisa somar ou reduzir na medida do movimento de lateralidade) Dimensão vertical - medir com compasso - DVO - DVR (DVO + EFL) Padrão de abertura bucal - corrigido – “S” - não corrigido – fica desviado * a mandíbula desvia para o lado afetado * se os 2 côndilos estiverem deslocados, vai abrir no padrão corrigido Teste funcional articular - colocar um palito de madeira de um lado entre os molares, aguardar 10-15 seg e perguntar se dói e em qual lado dói Problema articular: dor diminui quando é feito o teste de alívio, pois o ato de morder diminui a pressão intra- articular e reduz as forças nas estruturas inflamadas - significa que tem um disco deslocado anteriormente, o côndilo vai para trás e pressiona os tecidos retrodiscais, quando morde o palito a mandíbula abaixa e descomprime a ATM Dor múscular: dor aumenta no lado que está mordendo - significa que a musculatura mastigatória (masseter) está disparando dor, ou seja, disfunção muscular Se doer no lado contralateral, devemos fazer o teste de alívio: - contra teste de alívio: colocar a espátula de madeira do lado que dói e perguntar se houve alívio da dor - doi do mesmo lado – masseter envolvido - doi na ATM do lado contralateral – aumenta a dor (comprimiu aquele lado, a mandíbula sobe e pressiona a zona retrodiscal), indica problema articular * o mesmo paciente pode ter DTM muscular e articular Exames de imagens recomendados - radiografias periapicais - panorâmicas (quase sempre – alteração óssea, condilar) - tomografia (eventualmente) - radiografia transcraniana (não é mais utilizada) - lateral de ATM - ressonância (ideal para tecidos moles, único exame que vê o disco) Hipótese diagnóstica: - elaboração das hipóteses diagnósticas - problemas sistêmicos - problemas psicológicos e comportamentais - problemas físicos no sistema mastigatório - problemas posturais - oclusão Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Desordens da Articulação Temporomandibular Disfunção temporomandibular e dor orofacial Sem DTM Com DTM: Oclusal/Periodontal Intra-articular Extra-articular Diagnóstico - anamnese - palpação muscular e articular - exame clínico e da oclusão - eletrovibratografia (capta o ruído da articulação) - eletrognatógrafo (mede todos os movimentos mandibulares) - eletromiografia (capta a atividade muscular) Anatomia da ATM Disco articular: É composto por tecido fibro-cartilaginoso. Sua parte central (zona intermediária) tem forma bicôncava (gravata borboleta) e espessura bastante reduzida se comparado com as suas bordas anterior e posterior Côndilo mandibular: O côndilo se encontra centralizado na eminencia articular - se estiver mais para posterior está Retruido - se estiver mais para anterior está Protruído Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Sinais e sintomas de anormalidade na ATM - ruídos articulares - dor localizada na região pré-auricular e no polo lateral da ATM, espontânea ou provocada, que aumenta com a função - desvio nos movimentos mandibulares - dores mio faciais - alterações otológicas (zumbido no ouvido) - travamento da mandíbula na abertura ou fechamento - alterações radiográficas Desordens da ATM - principais sintomas e disfunções associados à função alterada do côndilo-disco - sintomas associados ao movimento condilar - presença de estalido e travamento da articulação Classificação das desordens da ATM - desarranjo do complexo côndilo-disco - incompatibilidade estrutural das superfícies articulares - desordens inflamatórias da articulação Desarranjos do complexo côndilo-disco Causas: - surgem do colapso da função normal de rotação do disco sobre o côndilo - alongamento dos ligamentos colaterais discais e da lâmina retrodiscal inferior - afinamento da borda posterior do disco Etiologia: - o principal fator etiológico é o TRAUMA Macrotrauma: pancada, bolada, soco e outros traumas na mandíbula; é sempre relatado pelo paciente na anamnese Microtrauma:associado à hiperatividade muscular crônica e à instabilidade ortopédica; é pior pois geralmente o paciente não nota Ex: mastigação unilateral, perda de elementos dentais, perda de suporte dental posterior, contatos prematuros e interferências oclusais, hábitos parafuncionais - condição oclusal associada: Classe II, divisão 2 (mordida profunda anterior) Tipos de desarranjos: - malposicionamento do disco (Estágio 1) - deslocamento do disco com redução (Estágio 2) - deslocamento do disco sem redução (Estágio 3) * essas condições podem apresentar progressão em sequência * estágio 1 e 2 são semelhantes em sinais e sintomas clínicos, fatores etiológicos semelhantes Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Malposicionamento do disco A lâmina retrodiscal inferior e os ligamentos colaterais do disco se tornarem alongados, o disco é posicionado mais anteriormente pelo m. pterigoideo lateral superior. Quando essa posição anterior é constante, há o afinamento da borda posterior do disco. O côndilo repousa sobre a porção mais posterior do disco, o que propicia o movimento translativo anormal do côndilo sob o disco durante o movimento de abertura. Ocorre um estalido, o qual pode ser sentido durante a abertura (estalido único) ou durante ambos, abertura e fechamento (estalido recíproco/duplo) Etiologia: Trauma Características clínicas: - ruídos articulares durante a abertura e/ou fechamento - amplitude normal de movimentos mandibulares (quando há limitação é pela dor, não pela alteração estrutural) - presença ou ausência de dor (quando tem dor é relacionada com a função da articulação) Deslocamento do disco com redução A lâmina retrodiscal inferior e os ligamentos colaterais se tornam ainda mais alongados e a borda posterior do disco muito afilada, o disco é deslocado e posicionado completamente fora do espaço discal. O disco e o côndilo não se articulam mais. Durante os movimentos mandibulares o disco retorna a sua posição normal, o que chamamos de redução Histórico: paciente relata ruído na ATM há um longo período e sensação recente de travamento Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Características clínicas: - abertura bucal com restrição - palpação digital pode-se sentir o deslocamento do disco nos movimentos de abertura e fechamento - com estetoscópio ou através de eletrovibratografia nota-se mais facilmente os ruídos normalmente no meio do movimento de abertura e no final do movimento de fechamento - desvios nos movimentos de abertura e fechamento são frequentes (no momento de redução do disco) - estalido no momento de redução do disco Tratamento – Malposicionamento e Deslocamento do disco com redução Objetivo: redução da dor intracapsular - uso da placa estabilizadora sempre que possível, para minimizar os efeitos adversos a longo prazo - placa de posicionamento anterior (reposiciona o disco deslocado na sua posição correta, enquanto a placa está em uso), deve usar apenas à noite (minimiza as alterações oclusais adversas) - se há instabilidade ortopédica preexistente, a terapia dentária para corrigir essa condição por ser considerada (ajuste oclusal, prótese, dentística, tratamento ortodôntico) - prescrição de AINEs (se houver inflamação associada) - orientações para ARF - redução da carga sobre a ATM, dieta pastosa, alimentos macios, mastigar lentamente, evitar mascar chicletes É essencial que o paciente seja reeducado para esse novo processo adaptativo Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Deslocamento do disco sem redução O ligamento se torna mais alongado e a elasticidade da lâmina retrodiscal superior é perdida, nesse caso o disco não é reduzido e permanece deslocado Histórico – mais comum quando é AGUDO (aconteceu recentemente) - relacionado a um evento (morder algo duro e acordar assim) - mandíbula travada e fechada de forma que não é possível abrir normalmente - pode ou não relatar dor, quando a dor está presente é relacionada a tentativa de abertura bucal além da restrição articular - ocorre um estalido antes do travamento e não ocorre mais após o deslocamento Características clínicas: - abertura mandibular entre 25 – 30mm (normal é 40mm) - desvio mandibular para o lado da articulação envolvida (pois a restrição de movimento está nesse lado) - movimentos excêntricos relativamente normais para o lado ipsilateral, mas são restritos para o lado contralateral (porque o lado de trabalho é oposto ao lado para o qual a mandíbula se desloca) - manipulação manual bilateral é dolorida, pois o côndilo está apoiado sobre tecidos retrodiscais * Quando o deslocamento sem redução se torna crônico é mais difícil o diagnóstico, com o tempo os ligamentos se alongam cada vez mais, permitindo movimentos mandibulares de maior amplitude, assim, o único diagnóstico definitivo é feito por meio de ressonância magnética (vê o disco deslocado) Tratamento – Deslocamento de disco sem redução * a confecção de uma placa de posicionamento anterior é CONTRAINDICADA, pois agrava a condição Quando é um caso agudo (primeiro travamento, ocorreu há uma semana ou menos) era indicado a manipulação manual na tentativa de recapturar o disco. Atualmente sabemos que é muito raro conseguir retornar o disco a sua posição (não faz mais isso) - não forçar a abertura de boca - exercícios mandibulares leves e controlados Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto - redução da carga sobre a ATM - mastigar lentamente, não mascar chicletes - evitar movimentos que agravem a condição - para alívio da dor: calor ou gelo, massagem - laser terapia - prescrição de AINEs - confecção de placa estabilizadoras um pouco mais grossas (aumentar o espaço articular, impedindo que o côndilo pressione a fossa mandibular) * Muitos pacientes permanecem sem dor mesmo com a posição alterada do disco, se torna um processo adaptativo na ATM Quando as condutas anteriores não têm resultado: - Viscosuplementação: injetar ácido hialurônico dentro da ATM, para melhorar a lubrificação da ATM - Artrocentese da ATM (lavagem com soro fisiológico dentro da articulação, com ác. hialurônico e corticosteroides) - Cirurgia aberta para reposicionar o disco, é muito complexo, só se for a ÚLTIMA OPÇÃO Incompatibilidade estrutural das superfícies articulares Causa: - macrotrauma (pancada no queixo com os dentes em contato, alta carga na articulação) - traumas que produzem hemoartrose (sangramento dentro do espaço articular), pode causar alterações estruturais e injúria aos tecidos retrodiscais (intervenção cirúrgica, pancadas no lado da face) Tipos de alterações: - desvios na forma - aderências/adesões - subluxação Desvios na forma - aplainamento no côndilo e/ou na fossa articular - alterações na forma do disco (adelgaçamento, perfurações) Aderência/Adesões - união das superfícies articulares (côndilo-disco; disco-superfície articular) - geralmente é uma aderência temporária, resultado de uma sobrecarga estática prolongada - se permanecem podem formar adesões pelo desenvolvimento de tecido conjuntivo fibroso entre as superfícies - pode se desenvolver após hemoartrose, inflamação causada por cirurgias ou macrotraumas Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto * fibrose entre côndilo-disco Subluxação - Hipermobilidade Movimento súbito do côndilo para frente durante o último estágio de abertura Conforme o côndilo se move além da crista da eminência articular, ele parece pular para frente para a posição de abertura máxima Boca aberta = crista do côndilo se posiciona na crista da eminência articular (condição ideal) - quando o côndilo ultrapassa a crista da eminencia articular é um caso de subluxação (foto 2) Causas: - não está relacionada a nenhuma condição patológica - ocorre devido a variações na anatomia normal da ATM - geralmente quando há hipermobilidadena ATM também há hipermobilidade em outras articulações do corpo Características clínicas: - paciente relata que a mandíbula “sai do lugar” quando abre muito a boca, relata também um “som surdo” como um “golpe” no momento da subluxação - abertura exagerada de boca (> 40mm) é um sinal de alerta - depressão pré-auricular visível, resultado do “salto” do côndilo para frente - normalmente não há dor Subluxar a ATM repetidas vezes pode levar ao alongamento dos ligamentos, o que é potencialmente danoso ao disco articular Tratamento: - educação do paciente - restrição voluntária de abertura, não alcançando o ponto da subluxação (não abrir muito a boca) Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto - abertura e fechamento com a língua na papila incisiva - exercícios de abertura bucal contra resistência para fortalecimento da musculatura e limitação de abertura bucal (apoiar o punho no queixo) Desordens inflamatórias da ATM São caracterizadas por dor profunda contínua, acentuada pela função - como a dor é contínua, pode produzir efeitos excitatório centrais secundários, que aparecem como dor referida, hiperalgesia e/ou co-contração protetora aumentada São classificadas de acordo com as estruturas envolvidas: sinovite, capsulite, retrodiscite, artrites e artroses Sinovite ou Capsulite Sinovite – inflamação dos tecidos sinoviais Capsulite – Inflamação dos ligamentos capsulares - diagnóstico diferencial só é possível por meio de artroscopia, porém não é necessário pois o tratamento de ambas é idêntico Causas: - trauma: macrotrauma (soco no queixo), microtrauma (pequena compressão dos tecidos por deslocamento posterior do côndilo) ou por abertura exagerada de boca Características clínicas: - dor continua e profunda que se origina na região articular (efeitos excitatórios centrais secundários) - palpação do pólo lateral do côndilo causa dor - abertura mandibular limitada pela dor - desoclusão dos dentes posteriores do lado ipsilateral (por causa do edema inflamatório que desloca o côndilo) Retodiscite Inflamação dos tecidos retrodiscais Causa: - macrotrauma (pancada no queixo), o trauma repetido pode forçar o côndilo contra os tecidos retrodiscais, causando uma inflamação secundária - microtrauma (fases progressivas de malposicionamento e deslocamento do disco) Características clínicas: - dor constante na região articular (efeitos excitatórios centrais secundários) - apertamento dental aumenta a dor - morde um espátula de madeira do lado ipsilateral alivia a dor - limitação de movimento mandibular pela dor - desoclusão aguda dos dentes posteriores ipsilaterais devido ao edema inflamatório Artrites Inflamação das superfícies articulares da ATM Tipos de artrites - osteoartrite - osteoartrose - poliartrites Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Doença Articular Degenerativa Osteoartrite e Osteoartrose Osteoartrite: processo degenerativo pelo qual as superfícies articulares ósseas do côndilo e da fossa se tornam alteradas - componente inflamatório secundário É uma resposta do organismo a uma sobrecarga na articulação, quando essa sobrecarga é contínua, a superfície articular se torna amolecida (condromalácia) e o osso subarticular começa a ser reabsorvido, essa degeneração progride até a perda da camada cortical subcondral e erosão óssea (estágio avançado) Características clínicas: - dor, acentuada por movimentos mandibulares - crepitação (ruído de atrito articular) - associada ao deslocamento de disco e colapso dos tecidos retrodiscais (côndilo se articula diretamente na fossa) - função mandibular restrita Osteoartrose: quando a sobrecarga é removida, a condição se torna adaptativa mesmo que a morfologia articular tenha sido alterada - geralmente o paciente não relata sintomas - doença articular degenerativa * Osteoartrite e osteoartrose são partes de uma mesma condição Evolução da Osteoatrite – Osteoartrose - segue um curso autolimitante! 1º - Estalos da articulação e capturas de disco (dor pode ou não estar presente) 2º - Restrição de movimento e dor 3º - Diminuição da dor, ruídos articulares presentes e depois há retorno da amplitude normal de movimentos sem dor e redução dos ruídos articulares Sinais e sintomas - reparação inefetiva - erosão do osso subjacente - remodelação do osso subjacente e formação de espículas marginais (osteofitos) e cistos subasticulares - perda do espaço articular - crepitação (sons articulares ásperos) é um achado comum - oclusão instável pode contribuir com forças danosas a articulação Sinais radiográficos - superfícies erosadas e achatadas (artrose) Tratamento definitivo Tem o objetivo de diminuir a carga na articulação - corrigir a posição do côndilo-disco, quando possível - placa estabilizadora se houver hiperatividade muscular - prescrição de analgésicos e/ou AINEs Terapia de suporte - explicar o curso da doença ao paciente - conscientização do paciente da atividade parafuncional, auto regulação física - restrição do movimento aos limites indolores - dieta pastosa - termoterapia (colocar compressa quente) - exercícios musculares passivos dentro dos limites indolores * se esse tratamento não for efeito após 1-2 meses – injeção única de corticosteroide na articulação envolvida * se mesmo assim não for efetivo – intervenção cirúrgica (geralmente não são necessários) Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Disfunções Temporomandibulares Musculares - são as mais frequentes Modelo de dor muscular Eventos - morder o lábio - interposição de lábio - apoiar a mão ou objetos no rosto, entortando a cabeça - posição incorreta ao dormir (mão embaixo do travesseiro, de bruços) - traumas - oclusão incorreta Tipos de DTMs musculares - co-contração protetora * - sensibilidade dolorosa muscular local * - mioespasmo - dor miofascial (ponto gatilho) * - mialgia centralmente mediada - fibromialgia * mais importantes Classificação Desordens mialgicas AGUDAS - mioespasmo Desordens de dor CRÔNICA Regionais - mialgia centralmente mediada e dor miofascial Sistêmicas – fibromialgia (encaminhar ao reumatologista) Co-contração protetora Contratura muscular Primeira resposta dos músculos mastigatórios frente a um evento Resposta do SNC às injúrias ou às ameaças de injúrias. Todos os músculos são mantidos em um estado de contração moderado, chamado tônus. O tônus persiste sem fadiga pela alternância entre contração e relaxamento das fibras, impedindo o alongamento repentino Ocorre pela ativação simultânea de músculos antagonistas (isso é um reflexo natural – ex: ativação dos m. elevadores da boca no movimento de abertura bucal) Causas: Estímulos sensoriais ou proprioceptivos alterados - restauração com interferência oclusal - tempo prolongado com a boca muito aberta em consulta odontológica - após anestesia por trauma aos tecidos - trauma aos tecidos por pericoronarite, mordedura frequente Estímulos constantes de dor profunda - efeitos excitatórios centrais secundários Estresse emocional aumentado - o aumento do estresse altera a sensibilidade do fuso muscular, aumentando a sensibilidade do músculo ao alongamento - início de atividades parafuncionais como bruxismo do sono e apertamento dental Sinais e sintomas: - mialgia (dor muscular) - sensação de fraqueza muscular - ausência de dor no repouso - aumento da dor na função - limitação de amplitude e velocidade na abertura bucal * paciente relata presença de algum fator etiológico recente prévio ao início dos sintomas (estresse, traumas dentais ou teciduais) Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Tratamento: - é direcionado para a remoção da causa Ex: Restauração mal adaptada– ajuste Resultado de um trauma – já parou de acontecer Fonte de dor profunda – controle da dor Aumento do estresse emocional – controle e auto- regulação física (ARF) - orientação de restrição dos movimentos mandibulares a limites indolores - dieta pastosa até que a dor diminua, mastigação lenta - medicação analgésica por curto período (dipirona, acido acetilsalicílico) Sensibilidade dolorosa muscular local Mialgia não inflamatória Dor miogênica, não-inflamatória e primária Primeira resposta dos tecidos musculares a uma co- contração protetora contínua Alteração nos tecidos musculares Causas: Co-contração protetora prolongada - entra em um ciclo em que a co-contração prolongada leva à sensibilidade muscular e a sensibilidade muscular, por ser uma fonte de dor profunda, produz co- contração protetora. Trauma - por injúria aos tecidos locais - por uso não-habitual dos músculos, levando à fadiga muscular (bruxismo, apertamento, mastigar chiclete frequentemente) Estresse emocional aumentado - co-contração prolongada Dor miálgica idiopática Características clínicas: - diminuição da amplitude e velocidade do movimento mandibular - mínima dor durante o repouso - aumento da dor durante a função - fraqueza muscular real (redução da força dos músculos afetados pela presença de dor) - sensibilidade muscular aumentada à palpação, geralmente o corpo inteiro do músculo afetado é dolorido (é a PRINCIPAL diferença da co-contração protetora) - dor da palpação é familiar ao paciente Tratamento: Objetivo primário é diminuir o estímulo sensitivo (dor) para o SNC - eliminar estímulos sensitivos ou proprioceptivos alterados presentes - eliminar qualquer fonte presente de dor profunda (dentária ou não) - restringir o uso da mandíbula aos limites indolores - dieta pastosa e mastigação lenta - exercícios musculares dentro dos limites indolores - educar o paciente para a consciência cognitiva (desencostar os dentes) - confecção de placa interoclusal de estabilização (para bruxismo do sono e apertamento) - termoterapia (calor úmido por 20min, 3x ao dia) - prescrição de analgésicos/AINEs (tomar de 4-6h por 5-7 dias, para evitar a dor) - massagem - TENS - ultrassom - laser - acupuntura - controle do estresse emocional e auto-regulação física (ARF) ARF – Abordagens de auto-regulação física - terapia cognitiva - repouso das estruturas orofaciais - melhora do posicionamento postural - relaxamento da parte superior das costas - relaxamento do corpo nas atividades diárias - respiração diafragmática - higiene do sono - ingestão de líquidos, nutrição correta, exercícios físicos Mioespasmo Mialgia de contração tônica Contração muscular tônica involuntária induzida pelo SNC Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Resulta em encurtamento repentino do músculo, acompanhado de início repentino de dor, enrijecimento e mudança na posição mandibular Causas: - não é bem explicada, porém é provável que ocorra pela combinação de vários fatores Condições musculares locais - fadiga muscular e mudanças no equilíbrio eletrolítico local Condições sistêmicas - propensão genética Estímulo de dor profunda - pode propiciar o mioespasmo - fonte de dor profunda: sensibilidade dolorosa muscular, dor intensa por ponto gatilho ou de outras estruturas associadas (ATM, ouvido, dentes) Características clínicas: - restrição de amplitude dos movimentos mandibulares - maloclusão aguda (mudança súbita no padrão dos contatos oclusais) - dor em repouso - aumento da dor em função - sensibilidade dolorosa muscular local à palpação - enrijecimento muscular (na palpação sentimos os músculos firmes) Tratamento: Redução da dor: - massagem manual - spray de vapor frio ou gelo - injeção de anestésico local no músculo em espasmo (Lidocaína 2% sem vasoconstritor) Após redução da dor: - estiramento passivo do músculo até seu comprimento total Direcionados à causa do espasmo: Dor profunda – controle adequado da dor Fadiga e uso excessivo – descanso muscular, reestabelecendo o equilíbrio eletrolítico normal Terapias de suporte Fisioterapia: - mobilização muscular - massagem profunda - estiramento muscular passivo - exercícios de condicionamento muscular e técnicas de relaxamento, quando o mioespasmo foi reduzido Toxina botulínica - se for um caso de distonia oromandibular Distonia oromandibular: contrações espasmódicas, repetidas e incontrolada de uma mesmo músculo, sem causas identificáveis (etiologia central) Dor miofascial com dor referida Trigger Points Caracterizada por áreas locais de feixes rígidos hipersensíveis nos tecidos musculares, chamadas de pontos gatilho Apenas um ponto localizado do músculo está com as fibras em contração, por isso não há encurtamento muscular (como há no mioespasmo) É uma fonte de dor profunda constante, ou seja, pode causar efeitos excitatórios centrais e assim causar dor referida, em um padrão previsível de acordo com a localização do ponto gatilho - pode acontecer periodicamente, sendo Aguda - pode estar associada a outras desordens de dor concomitante, tornando-se Crônica Causas: Sensibilidade dolorosa muscular local prolongada - aumenta a propensão de desenvolvimento de pontos gatilho Dor profunda constante - por gerar desenvolvimento de um ponto gatilho ou de co-contração protetora - quando desenvolve o ponto gatilho, ele vira uma fonte de dor profunda que pode podem formar pontos gatilhos satélites (secundários) Aumento do estresse emocional Distúrbios do sono Fatores locais - hábitos, posturas, esforços musculares, frio Fatores sistêmicos - hipovitaminose - condicionamento físico deficiente - fadiga - infecções virais Mecanismo idiopático - a causa exata ainda não foi determinada Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Características clínicas: - diminuição na velocidade e amplitude dos movimentos, pelo efeito secundário da dor - dor durante o repouso (é a dor referida – tipo cefaleia tensional) - aumento da dor durante a função quando a área do ponto gatilho é estimulada pela função - presença de pontos gatilho na palpação muscular (feixes firmes e hipersensíveis, que gera dor referida em um local distante) Os pontos gatilho podem se tornar latentes, nessa fase mesmo se estimulados não geram a dor referida, o que dificulta o diagnóstico. Trigger Points – M. Trapézio Tratamento: Direcionado a eliminação ou redução da causa - eliminar qualquer fonte de dor profunda - técnicas de ARF (correção postural, técnicas de controle do estresse emocional) Remoção do ponto gatilho: - agulhamento a seco (rompe mecanicamente o ponto álgico) - spray frio + estiramento do músculo sem causar dor - pressão digital (mantida por 30 a 60 seg) - massagem - ultrassom (produz calor profundo, relaxamento muscular) - laser Mialgia centralmente mediada Miosite crônica Desordem de dor muscular crônica, contínua, originada predominantemente dos efeitos do SNC que são sentidos perifericamente nos tecidos musculares - é uma inflamação neurogênica (mediada pelo SNC) Causas: - sensibilidade dolorosa muscular local prolongada ou dor miofascial Características clínicas: - dor miogênica forte constante - dor no repouso - dor aumenta com a função - músculos muito sensíveis por palpação - longa duração dos sintomas é a PRINCIPAL característica Tratamento: - tratamento leva tempo até dar resultados - restrição do uso da mandíbula a limites indolores - dieta pastosa, mastigação lenta e em pequenas porções - dieta líquida pode ser necessária, se a dor funcional não puder ser controlada (manter até que consiga voltar à dieta pastosa sem dor) - evitar exercícios musculares ou injeções (bloqueio anestésico nesse caso AUMENTAa dor) - relaxamento muscular - ARF (desocluir os dentes) - placa de estabilização interoclusal (bruxismo do sono e apertamento) - prescrição de AINEs (600mg, 4x ao dia por 14 dias), se o paciente tiver problemas gástricos associar a um inibidor da COX-2 Terapia de suporte Após a diminuição da dor: - ultrassom * se voltar a doer, reduzir a intensidade das terapias de suporte Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Dispositivo de Estabilização Interoclusal É um dispositivo removível, confeccionado em acrílico duro, que se encaixa sobre as superfícies oclusais e incisais dos dentes em um arco, criando contato oclusal preciso com os dentes do arco oposto Funções: - fornecer temporariamente condição oclusal que permita que a ATM adote a posição articular mais ortopedicamente estável - proporcionar condição oclusal ideal que reorganize a atividade neuromuscular reflexa - redução da atividade muscular anormal - estimular a função muscular normal - proteger os dentes e estruturas de suporte de forças anormais que possam causar colapso e/ou desgaste dentário - reduz ou elimina sinais e sintomas de DTMs - auxilia no diagnóstico (é reversível) Tipos de placas Placas de mordida anterior - JIG - Front-Plateau - cobertura parcial (dispositivos anteriores) Placas estabilizadora ou miorrelaxantes (RC) - diminuir a hiperatividade muscular - reduzir a dor muscular Placas ortopédicas reposicionadoras - alterar a posição da mandíbula em relação ao crânio Mecanismo de ação - controvérsia (provoca redução dos sinais e sintomas) - fatores fisiológicos e psicológicos - diminuição da hiperatividade muscular “A placa mascara por DESMEMORIZAÇÃO PROPRIOCEPTIVA os contados prematuros ao se interpor nas arcadas, rompendo o ciclo vicioso patogênico criado pelos contatos prematuros e interferências oclusais, tanto em cêntrica como em lateralidade permitindo aos dentes realizar contatos com um plano de suporte estável, reposicionando o côndilo numa relação fisiológica de conforto, facilitando o relaxamento e o desaparecimento da dor. ” “A placa elimina temporariamente a informação nociceptiva da região oral, periodontal e articular, permitindo que se rompa total ou parcialmente o ENGRAMA (reflexo condicionado) existentes nos contatos dentais e nos movimentos de abertura e fechamento mandibular, que podem estar alterados por interferências ou prematuridades oclusais existentes. Após a adaptação de uma placa interoclusal há uma alteração no engrama, induzindo a uma atividade muscular normal e eventualmente contribuindo para um melhor posicionamento mandibular. ” “A utilização da placa miorrelaxante provoca uma alteração no padrão de contato oclusal, percebida pelos reptores periodontais, musculares e capsulares da ATM. Essa alteração do input proprioceptivo é enviada ao núcleo do quinto par, alcançando em seguida a formação reticular e o córtex cerebral, essas novas informações inibem os músculos que atuam sobre a ATM, promovendo relaxamento muscular e proteção articular. “ Fatores que influencia no sucesso ou fracasso: - seleção da placa - confecção da placa - ajuste da placa - cooperação do paciente Indicações - remover o ciclo vicioso (interferência oclusal + tensão emocional + apertamento ou rangimento dental, causador de dor e desconforto muscular e oclusal) - eliminar o espasmo muscular e estabilizar os condilos - minimizar os hábitos parafuncionais (evitar desgaste dental) - fixar os dentes submetidos a cirurgia periodontal - nos casos de mialgia e artralgias do sistema estomatognático - em pacientes com trismo e limitação de abertura bucal - no tratamento do deslocamento posterior do condilo Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto - no estudo dos problemas oclusais - na proteção das estruturas das ATMs - na terapia miofuncional e de relaxamento - evitar injurias nos esportes de contato - nos estalos e crepitações das ATMs - na mordida fantasma - finalidade diagnóstica, sendo recomendado seu uso antes de ser instituído qualquer tratamento restaurador definitivo, em pacientes com disfunções temporomandibulares Contraindicações - aparelhos mal desenhados, erradamente indicados e sem proservação Vantagens: - facilidade na confecção - instalação rápida - autoretentivo - resultados favoráveis em curto espaço de tempo e a redução da sintomatologia dolorosa - reversibilidade no tratamento Placa estabilizadora - confeccionada no arco maxilar - fornece uma relação oclusal ideal para o paciente - os condilos de posicionam numa posição musculo- esqueletica estável - desoclusão canina é estabelecida Objetivo: eliminar qualquer instabilidade ortopédica entre a posição oclusal e a articular Indicações: - desordens musculares dolorosas (mialgia muscular local) - reduzir a hiperatividade muscular (ex: bruxismo) - mialgica crônica centralmente mediada - retrodiscite secundária ao trauma (permite a cicatrização mais eficaz) Técnica de confecção - boa moldagem, molde e modelo - registro da RC com o JIG de lucia - montagem em articulador superior (arco facial) e inferior (jig + registro de cera) - desenho da placa no modelo, prioritariamente no arco superior - enceramento em cera rosa 7 - obtenção da guia canino - obter o melhor contato dos dentes - acrilização, acabamento e polimento Confecção na Maxila - exige menor espessura de material - melhor apoio e controle da guia canina - induz menor tensão mastigatória - mais estável pois cobre mais tecido - permite que os contatos antagonistas sejam obtidos em todas as relações esqueléticas e de molar (classe II, classe III) Confecção na Mandíbula - melhor estética - adaptação mais fácil da fala - na doença periodontal no arco mais comprometido - no arco com maior perda de elementos dentários Características físicas e biomecânicas - recobrimento de todos os dentes - espaço interoclusal (DV) mínimo de 2 a 3 mm (pacientes dentados) - superfície de contato oclusal lisa e polida - contatos cêntricos nas pontas de cúspides dando liberdade em cêntrica - guia canina de desoclusão - ausência de contato no lado de balanceio - guia anterior: desoclusão protusiva e ausência de contato dos dentes posteriores - superfícies fora do contato oclusal devem ser lisas e polidas sem diedros - não apresentar excesso de contorno, não interferir com a mucosa, deglutição e fonética - material resistente e com boa resiliência - espessura mínima que garanta resistência à fratura - material fácil de ser desgastado e ajustado tanto no laboratório como na clínica - estética - deve permitir o selamento labial Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Instalação e ajustes clínicos 1º inserção 2º ajuste oclusal em RC, com carbono (deve ter contato com todos os antagonistas) 3º ajuste oclusal em lateralidade (ação do guia canino – desocluir os outros dentes) 4º ajuste oclusal da guia protrusiva Placa interoclusal a Vácuo Vantagens: - moldagem única - emergencial Desvantagens: - pouco retentiva - ajuste dos contornos ficam comprometidos - reembasamento interno e externo Front-Plateau - ação fisiológica: diminuição das informações proprioceptivas dos dentes e reprogramação neuromuscular Regime de utilização: EMERGÊNCIAL (24 a 72h), orientar o paciente sobre a possibilidade de extrusão dos dentes posteriores - após o regime de utilização reavaliar a sintomatologia dolorosa e amplitude de movimentos mandibulares - remover o aparelho e instruir terapia definitiva para o caso Confecção 1 – desprogramação neuromuscular 2 – isolamento (papel alumínio e vaselina sólida) 3 – manipulação da resina 4 – confecção do Front-Plateau (resina na fase borrachoide)5 – ajuste 6 – acabamento e polimento Conclusões - as desordens craniomandibulares funcionais como um fenômeno altamente complexo, provavelmente os fatores etiológicos são macro e microtraumas nas regiões das ATMs, oclusal, musculatura crânio/cervical, além dos fatores emocionais e fisiológicos, ou a combinação de fatores - existem dados insuficientes que estabeleçam uma prioridade para o uso das diferentes formas de terapias, porém, o uso de terapias reversíveis e conservadores devem ser defendidas - tanto a dor como a sintomatologia disfuncional são beneficiadas com a terapia da placa oclusal - o uso da placa como única forma de tratamento não é suficiente para manter a coordenação muscular - a placa estabilizadora é comumente usada para discrepâncias na relação maxilo-mandibular, desordens musculares e inflamações intracapsulares - diante da complexidade do assunto, uma constante renovação de conhecimentos é sempre necessária Instruções ao paciente - utilizar o maior tempo possível, exceto ao se alimentar - no início pode gerar aumento temporário da salivação - melhor adaptação da fala após alguns dias de uso - pode parecer um pouco apertada no começo, mas é normal - ao remover a placa pode sentir a mordida diferente e as interferências presentes podem parecer mais acentuadas, mas normalmente desaparece em poucos minutos - quando não está em uso deve ser armazenada em um recipiente com água a fim de preservar sua forma - deve ser escovada com pasta e escova dental 2x por dia - ajustes iniciais são necessários e os futuros ajustes dependem da natureza, complexidade e severidade dos problemas musculares, oclusais e articulares - pode ser necessário ajuste oclusal nos dentes naturais (feito após a eliminação dos sintomas) - não deve ser utilizada sem a supervisão de um dentista, se interromper o tratamento não deve continuar usando Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Controle sintomático da DTM e DOF Pontos chave: controlar a dor, restaurar a função Placa anterior – “Front-Plateau” AÇÃO FISIOLÓGICA - diminuição das informações proprioceptivas dos dentes - desprogramação (reprogramação) neuromuscular REGIME DE UTILIZAÇÃO - uso emergencial: 24 a 72 horas de uso - orientar o paciente quanto a possibilidade de extrusão dos dentes posteriores - após o período de utilização, reavaliar a sintomatologia dolorosa e a amplitude dos movimentos mandibulares - remover o aparelho e instruir a terapia direcionada ao tratamento da disfunção Farmacoterapia * sempre iniciar por analgésicos e se não resolver seguir na sequência Analgésicos DIPIRONA SÓDICA: 20 a 40 gotas 4x ao dia; 1 a 2 comprimidos 4x ao dia (+15 anos) PARACETAMOL 750mg: 1 comprimido em intervalos de 4 a 6 horas NIMESULIDA 100mg: 1 comprimido de 12/12 horas Antiinflamatórios não esteroidais IBUPROFENO 400mg (máx 8 em 24h) ou 600mg (máx 5 em 24h): 1 comprimido em intervalos de 4 a 6 horas TROMETAMOL – não usar por mais que 5 dias Relaxantes musculares CLORIDRATO DE CICLOBENZOPRINA (dose máx 20 a 40mg/dia) 5mg ou 10mg: 1 comprimido 4x ao dia * causa sonolência, avisar o paciente Analgésicos de ação central PARACETAMOL + FOSFATO DE CODEÍNA 7,5mg (dor leve) ou 30mg (dor moderada e intensa): 1 comprimido de 4/4 horas DICLOFENACO SÓDICO + CODEÍNA 50mg: 1 comprimido de 8/8 horas Antibióticos AMOXICILINA 500mg: 1 cápsula de 8/8 horas AMOXICILINA 500mg + CLAVULANATO DE POTÁSSIO 125mg: 1 comprimido de 12/12 horas Medicamentos tópicos Gel de diclofenaco de sódio Creme de ibuprofeno - diminuem as informações nocieceptivas ao SNC Agulhamento a seco – “Dry Needling” Objetivo: desativação dos pontos-gatilho miofasciais - é uma subárea da acupuntura - liberação de encefalinas - liberação de betaendorfina (supressão da liberação da substância P que é algiogênica) Vantagens: - terapia minimamente invasiva. - baixo custo - segura - apresenta efeitos locais, segmentares, extrassegmentares e efeito placebo Acupuntura Base de analgesia pela liberação dos opioides endógenos (endorfina e encefalinas) Cerca de 70 a 80% dos pontos de acupuntura correspondem aos pontos-gatilho Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Bloqueio anestésico - quando já tentamos outras técnicas e não teve sucesso - interrompe os impulsos sensoriais de uma região específica do corpo, diminuindo ou até eliminando a dor - alivia a dor por impedir a aferência sensitiva (nocicepção) ao sistema nervoso central (SNC) - relaxa a musculatura estriada e reduz o tônus muscular - os anestésicos não podem ter vasoconstritor Bupivacaína 0,5% Lidocaína 0,5% Lidocaína 1% Terapia física domiciliar Bochechos Fazer bochechos diários (3x ao dia) com água morna, misturada com um pouco de antisséptico bucal de sua preferência por 1 minuto para cada lado, repetir uma vez Objetivo: dessensibilização periférica - cloridrato de benzidamina (diluir 10 gotas em ½ copo de água), ele dessensibiliza a mucosa da boca Calor úmido - aplicar calor úmido sobre a área dolorida por 20 minutos, 3x ao dia - fazer um rolo com toalha de rosto, aquecida em água morna / bolsa de água quente - vasodilatação - aumento do metabolismo celular / permeabilidade capilar - redução do tônus muscular - melhora a drenagem linfática Massagem - massagear na área da dor, utilizando gel anti- inflamatório anestésico durante 3 a 5 minutos - Emulgel (diclofenaco dietilamonio) - Creme de ibuprofeno Gelo (criomassagem) - aplicar de 7 a 10 minutos nas primeiras 24h da lesão (casos Agudos) - vasoconstrição - diminuição da inflamação e da dor / redução do espasmo muscular (retarda a condução dos nervos periféricos que produz aumento do limiar da dor) - menor quantidade de mediadores inflamatórios são liberados na área Condutas fisioterapêuticas da analgesia Objetivos - eliminação ou redução da dor e do desconforto - eliminação ou redução de processos inflamatórios musculares e ou articulares - eliminação ou redução de fibroses e aderências articulares - normalização do tônus muscular Massoterapia - fornece um estímulo tátil que chega antes do estímulo doloroso ao SNC, reduzindo a percepção de dor Liberação miofascial Estimulação mecânica dos tecidos por aplicação rítmica de pressão e estiramento Técnica manual que permite o deslizamento do músculo com a fáscia, diminuindo tensões musculares e dor Eletroanalgesia Tens – Estimulação nervosa elétrica transcutanea - corrente elétrica utilizada para analgesia através de impulsos elétricos que bloqueiam a dor - impulsos elétricos estimulam fibras mecanorreceptoras A-beta - liberação de opióides endógenos - de 20 a 30 minutos Ultrassom terapeutico - frequência de 1 ou 3 MHz, 2 a 3 minutos por área semanalmente - atua de 2 maneiras: térmico e mecânico Efeito térmico: alívio da dor, diminuição da rigidez articular e aumento de fluxo sanguíneo Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Efeito mecânico: massagem, normalização do tônus, estimulação da regeneração dos tecidos, reparo de tecido mole, fluxo sanguíneo em tecidos cronicamente isquêmicos Laser - laser de baixa potência: até 100 mW, comprimento de onda 630 a 780 nm - laser terapêutico de arseneto de gálio e alumínio: potência 70 mW, comprimento de onda de 780 nm Efeitos analgésicos do laser - aumento no limiar da dor através de um complexo mecanismo de bloqueio eletrolítico das fibras nervosas - aumento na produção de ATP, o qual pode resultar no relaxamento muscular - aumento da microcirculação local resolvendo a isquemia dos tecidos e facilitando a remoção de substancias algogenicas (bradicinina, histamina e acetilcolina) - aumento do fluxo linfático, diminuindo o edema Sempre devemosORIENTAR o paciente quanto aos cuidados e automanejo no controle da dor (reduzir apertamento, posturas adequadas, controle da ansiedade e estresse emocional) Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Terapias de apoio da DTM e DOF DTM abrange um largo espectro de problemas clínicos da articulação e dos músculos do segmento orofacial Caracteriza-se principalmente por dor, sons na ATM e função irregular ou limitada da mandíbula. Representa uma causa significativa de dor não dental na região orofacial Apresenta a terceira maior prevalência entre as dores crônicas, afeta frequentemente jovens e adultos (20 a 50 anos) e acomete preferencialmente o sexo feminino A DTM está frequentemente associada a outras dores crônicas como cefaleias, dores cervicais e dores articulares causando importante incapacidade física e psicológica do paciente Diagnóstico de DTM Eixo I: voltado ao exame físico que subdivide as DTMs em 3 grupos: - disfunções musculares - disfunções articulares - artralgia, osteoartrite e osteoartrose Eixo II: compreende uma avaliação biopsicossocial e foi criado para fazer triagem do estado psicológico dos pacientes. Essas medidas não pretendem fazer diagnóstico psiquiátrico, apenas orientar a necessidade de atendimento multidisciplinar Fonoaudiologia Motricidade orofacial: é o campo da fonoaudiologia voltado para o estudo/pesquisa, prevenção, avaliação, diagnóstico, desenvolvimento, habilitação, aperfeiçoamento e reabilitação dos aspectos estruturais e funcionais das regiões orofacial e cervical Importância da fonoterapia para pacientes com DTM - ATM e músculos orofaciais permitem os movimentos mandibulares - funções tem relação direta com a liberdade desses movimentos, definem as características da mastigação, da deglutição e da fala Distúrbio miofuncional orofacial Qualquer alteração que envolva a musculatura oral e/ou cervical que interfira no crescimento, desenvolvimento ou funcionamento das estruturas e funções orofaciais - as DTMs vão promover alterações funcionais na musculatura que levam ao aumento das DTMs - proposta da fonoaudiologia é de reeducação da musculatura e funções através da terapia miofuncional orofacial Terapia fonoaudiologica Meta: equilíbrio das funções respeitando condições morfológicas - funções erradas que se tornam ações automáticas de difícil percepção e modificação Objetivos: - alívio da dor - relaxamento geral e específico - alongamento - aumento da circulação sanguínea - conscientização de hábitos (tornar consciente o padrão utilizado) - auto manejo - melhoria das funções estomatognáticas (respiração, fala, deglutição e mastigação) Mioterapia - lubrificação das ATMs - simetria de movimentos mandibulares - amplitude e coordenação de movimentos - mobilidade - flexibilidade - tensão - percepção O tratamento fonoaudiológico para pacientes com DTM busca a recuperação funcional do sistema estomatognático Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Fisioterapia É uma ciência da Saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano Importância da fisioterapia em pacientes com DTM - atua principalmente no controle da dor e orientações para mudança de hábitos - restaurar funções, visando sempre a melhora de um paciente e retorno a rotina do dia a dia de cada um - sempre trabalhando em conjunto com uma equipe multiprofissional e olhando o paciente como um todo Terapia fisioterapêutica: - liberação miofascial - massagem intra e extraoral - fortalecimento muscular - orientações fisioterapêuticas (educação do paciente) - exercícios de fortalecimento / alongamento globais para realizar em casa - utilização de eletroterapia (TENS, LASER, ULTRASSOM) - acupuntura, agulhamento a seco - terapias físicas - RPG (reeducação postural global) EXERCÍCIOS DOMICILIARES - alongamento e fortalecimento de membros superiores - alongamento e fortalecimento de membros inferiores - alongamento e fortalecimento da musculatura de tronco - exercícios aeróbicos, além de exercícios respiratórios Psicologia - componente emocional das DTMs - encaminhar o paciente Medicina - comorbidades (cefaleias) - otorrinolaringologista - neurologista - cabeça e pescoço - fisiatra - clínico geral Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Cefaleias e dores orofaciais Cefaleia e DTM são comórbidas, geralmente estão associadas e uma piora a outra Cefaleias primárias - enxaqueca (migrânea) - cafaleia tipo tensional - cafaleia em salvas Enxaqueca com aura (clássica) - é uma cefaleia vascular, caracterizada por dor latejante/pulsátil - unilateral - dura de 4 a 72hrs - náuseas e/ou vômitos - fotofobia (luz piora) - fonofobia (som piora) - aumenta a dor com atividade física Crise de enxaqueca Pródromo: sintomas premonitórios que podem ocorrer no dia interior ou no mesmo dia da crise - irritação, cansaço, memória não ajuda, desejo por doces, não urinar bem, sono ruim (insônia, pesadelos) - presentes em 60% dos pacientes Aura: sintomas que precedem, em até 1 hora, a dor - pode ou não estar presente - sintomas visuais em 95% dos casos - ocorrem em 15% das enxaquecas - manchas escuras, pontos brilhantes, perda de um dos lados da visão por alguns minutos, deformação do ambiente e riscos brilhantes em zig-zag (teicopsias) - quando a aura desaparece, surge a dor - podem ocorrer: desmaios, confusão mental, tontura, desequilíbrio, vertigens, fala ebriosa (deve fazer a investigação neurológica completa) Pósdromo: período antes da recuperação total que pode durar até 24hrs - cansaço, fraqueza, necessidade de repouso Enxaqueca sem aura - é a comum, similar a enxaqueca clássica, porém sem pródromos Cefaleia tipo tensional - é MUSCULAR - dor de cabeça crônica ou episódica - bilateral - dor de intensidade leve a moderada - não pulsátil - sensação de pressão ou espremedura da cabeça - atividade física melhora (liberação de serotonina que tende ao relaxamento muscular) - fotofobia e fonofobia eventuais Cefaleia em salvas - cefaleia de cluster - ataques severos - unilaterais - dor de cabeça na região orbitária, supra orbitária e temporal - afeta em torno de 1% da população (RARA) - homens 6x mais do que mulheres Associados com fenômenos autonômicos do lado da dor, como: - ptose: queda da pálpebra - miose: diminuição da pupila - congestão da conjuntiva - lacrimejamento - rinorréia - edema palpebral Importância na DTM - a DTM pode estar associada a uma cefaleia primária, como enxaqueca e cafaleia tipo tensional - neste caso são comorbidades, onde uma condição pode levar a piora ou perpetuação da dor da outra e não é a causa - tratar as duas (DTM e cafaleia) Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Cefaleias secundárias Cefaleia ou dor facial associada à alteração do crânio, pescoço, olhos, orelhas, nariz, seios paranasais, dentes, boca ou outra estrutura facial ou craniana - cefaleia cervicogênica - cefaleia atribuída a DTM Cefaleia cervicogênica - tem origem na região cervical e pode irradiar para toda a cabeça - está associada a anormalidade dos movimentos em segmentos intervetrebais cervicais - predomina no sexo feminino - muitas vezes acompanhada do trauma cervical leve Mecanismo neuroanatômico – convergência dos impulsos trigeminais e cervicais Cefaleia atribuída a DTM- cefaleia de qualquer tipo na região temporal - afetada pelo movimento da mandíbula, função ou parafunção - diagnóstico diferencial com cefaleia primárias Diagnóstico da cefaleia associada a DTM - confirmação da dor de cabeça no musculo temporal - relato de dor de cabeça familiar na área temporal por palpação do m. temporal ou pela amplitude de movimento da mandíbula Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Dores neuropáticas e dor orofacial Dor neuropática Definição tradicional: dor iniciada por uma lesão primária ou disfunção do sistema nervoso central ou periférico Definição atual: dor que surge como consequência direta de lesão ou doença que afeta o sistema somatossensitivo periférico ou central Dor neuropática orofacial - dores ardentes ou penetrantes - estímulos inócuos produzem dor (estímulos que não causariam dor) - sensações paroxísticas elétricas (dores lancinantes) - podem ser ocasionadas por sensibilização central (aumento na responsividade de neurônios nociceptivos do SNC, à estimulação aferente normal) Neuralgia do trigêmeo - V par de nervos cranianos Origem: face anterior da ponte no limite com o pedúnculo cerebelar médio - possui 3 divisões: oftálmico (V1), maxilar (V2), mandibular (V3) - nervo misto: sensitivo e motor (divisão mandibular) Característica da dor - dor unilateral da face, tipo “choque elétrico”, agulhada, focada, pontadas - forte intensidade / lancinante - ataques paroxísticos recorrentes, com duração de segundos a dois minutos - sem evidencia clínica de déficit neurológico - dor provocada por estímulos triviais - segundo e terceiro ramos são os mais afetados - em 60% dos casos há envolvimento de apenas 1 ramo (maxilar ou mandibular) Prevalência: - sexta e sétima década de vida - mulheres / homens 3:2 - neuralgia clássica do trigemio (85% dos pacientes): compressão vascular do nervo trigemio, com desintegração da bainha de mielina - neoplasias, infecções, traumas, esclerose múltipla Tratamento MEDICAMENTOSO - é a primeira opção de tratamento - carbamazepina (anticonvulsivante) - oxcarbamazepina - uso de toxina botulínica em trigger points CIRÚRGICO - rizotomia trigeminal percultanea Técnicas utilizadas: - radiofrequência - injeção de glicerol - balão de compressão Dor idiopática persistente - dor facial e/ou oral persistente, com variadas apresentações, recorrendo diariamente mais de 2 horas, durante mais de 3 meses, sem défices neurológicas - dor diária (ou quase diária), inicialmente confinada, podendo se espalhar - exame clínico neurológico: normal - causa dental excluída por investigação apropriada - inicio da dor associado aos procedimentos cirúrgicos ou outros invasivos - descartar dores referidas de outras neuralgias ou dores miofasciais crônicas Característica da dor Localização: mal localizada, não seguindo a distribuição de um nervo periférico, maioria das vezes unilateral Tipo: queimação, latejante e as vezes em facada Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Odontalgia atípica Esse termo foi utilizado para dor contínua em um ou mais dentes ou no alvéolo dental após extração, sem causa dental aparente. * está em desuso esse termo * Atualmente é uma subforma da dor idiopática persistente Características da dor - dor grave latejante no dente, sem a presença de uma patologia maior - dor pulsátil: dor vascular - dor em queimação: dor neuropática - resultado de lesão ao nervo - resultado de lesão ao nervo oriunda de intervenções dentais repetidas para aliviar a dor Neuroma traumático - ocorre em resposta à odontalgia atípica por intervenções repetidas Proliferação reativa das células de Schwann (produz a mielina) formada após secção de um nervo (cujos cotos sofreram afastamento), como em extrações dentárias e outras cirurgias buco-faciais - regeneração ineficaz do nervo (aumento dos impulsos ao SNC) Características da dor: Dor por desaferentação - aumento de substancia P, bradicinina na periferia - aumento dos impulsos nocivos ao SNC - deficiência na modulação da dor Tratamento da dor idiopática persistente Conservadores - amitriptilina: antidepressivos tricíclicos - gabapentina: modulador para dores neuropáticas - pregabalina: anticonvulsivante e antiepilético também utilizado no tratamento da dor periférica, ansiedade e fibriomialgia - carbamazepina: anticonvulsivante e tratamento da dor neuropática - capsaicina creme: capsaicina 0,025% + lidocaína a 2,5% em orobase, 4 vezes ao dia, por 10 minutos, na moldeira durante 1 mês - uso de laser de baixa potência é indicado - devido a cronicidade e estresse resultante, intervenções comportamentais são indicadas Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Bruxismo Em indivíduos saudáveis, o bruxismo não deve ser considerado um distúrbio, mas sim um comportamento que pode ser um fator de risco e/ou de proteção para certas consequências clínicas Bruxismo - é uma atividade da musculatura mastigatória, caracterizada por repetidos movimentos mandibulares notando-se o apertar e/ou ranger de dentes - apresenta duas manifestações distintas relacionadas ao ciclo circadiano, pode ocorrer durante o sono ou durante a vigília Bruxismo em vigília - hábito parafuncional - roer unhas, morder objetos - apertamento dental (ou ficar encostando os dentes) - fator de risco de grande expressão para dores musculares - pode surgir como efeito colateral de medicações par ansiedade Etiologia - pode estar envolvida com estresse em indivíduos predisponentes Bruxismo do sono - distúrbio de movimento relacionado ao sono - presença de episódios de atividade rítmica dos músculos masseter e temporal, em qualquer estágio do sono - frequentemente associado a microdespertares - apertamento dental e/ou rangimento dental - contribuição para DTM inconclusivo, não é porque tem bruxismo que terá DTM - fator de risco de pouca expressão para dor Etiologia - resposta de microdespertares e mudanças no SNC e autonômico, que podem ser moduladas pelo estresse (não é a causa, mas pode aumentar sua frequência) - é causado pelo SNC, pelo desequilíbrio de dopamina Dopamina: - é um neurotransmissor inibitório - é uma catecolamina, secretada por neurônios da substancia negra e gânglios da base - está envolvida com: controle de movimentos, aprendizado, humor, emoções, satisfação, prazer, cognição, sono e memoria Bruxismo primário: não está relacionado a nenhuma outra alteração Bruxismo secundário: - associado ao uso de medicações (fluoxetina, paroxetina, venlafaxina) - mal de Parkinson - distúrbios repiratórios (ronco, apnéia – SAOS), a mandíbula fica constantemente se movimentando, por isso é positivo, pois ajuda o paciente a respirar - rinite - acidificação do esôfago (refluxo gastroesofágico) - tabagismo Diagnóstico do bruxismo Possível: auto relato do paciente + questionário e/ou anamnese Provável: auto relato do paciente + inspeção clínica Definitivo: auto relato do paciente + inspeção clínica + avaliação instrumental (polissonografia, EMG no sono, áudio, gravações de vídeo) Manifestações do bruxismo Dentárias: fraturas e desgaste dental, sons oclusais Periodontais: danos ao periodonto de sustentação Implantes dentais: insucessos dos implantes Musculares: hipertrofia muscular, pontos álgicos miofasciais Articulares: artralgia - sobrecarca repetitiva da atm e músculos da mastigação Tratamento Bruxismo do sono - aparelhos interoclusal de estabilização (placa rígida) - higienedo sono - mudanças do estilo de vida Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto - investigar e controlar possíveis condições: obstrução das vias aéreas superiores (SAOS, roncopatias, rinite) Bruxismo de vigília - conscientização do paciente quanto ao seu hábito - estilo de vida: controlar e lidar com estresse emocional - espalhar lembretes no campo de visão - ensinar os pacientes a posição postural da mandíbula, com os dentes levemente desencostados, lábios selados e ponta da língua na papila incisiva - mostrar contrações do masseter e temporal (sentir onde está o musculo) - biofeedback (aparelho que monitora o apertamento, e os momentos que ocorreu) - aplicativo de celular “desencoste os dentes” OBS: não se justifica mais o ajuste oclusal para o bruxismo, apenas se há contato prematuro Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto Critérios da oclusão funcional ideal - contatos bilaterais simultâneos e estáveis entre todos os dentes, coincidindo com harmonia muscular - alinhamento correto dos dentes nas arcadas - trespasse vertical e horizontal harmônicos - relação dente-periodonto normal, sem trauma oclusal - espaço funcional livre fisiológico (1 a 3mm) - curvas de compensação (Spee e Wilson) em harmonia - movimentos mandibulares livres, sem interferências ou bloqueio - forças oclusais distribuídas nas áreas de trabalho e no sentido axial (longo eixo) dos dentes - perfeita harmonia entre a oclusão dentária e a articulação temporomadibular (ATM) Trauma na Oclusão Trauma na oclusão Lesão dos tecidos de inserção em consequência de força oclusal excessiva, onde não há estabilidade oclusal Trauma primário: lesão por forças oclusais excessivas sobre um periodonto de sustentação ou de inserção íntegro, ainda não comprometido por doença periodontal inflamatória - não ocorre perda de inserção - a lesão é reversível - corrigida pela eliminação da força oclusal excessiva Trauma secundário: lesão por forças oclusais normais ou excessivas sobre um periodonto de sustentação ou de inserção já comprometido por doença periodontal inflamatória Análise oclusal Verificar o relacionamento oclusal fisiológico ou patológico de modo dinâmico, verificando a ocorrência de contatos prematuros e interferências oclusais Sequelas patológicas: - dentes / periodonto (trauma de oclusão) - músculos (dor, hiperatividade) - ATM (posicionamento condilar) A análise oclusal do paciente deve ser feito quando o paciente está ASSINTOMÁTICO, para conseguirmos a correta manipulação da mandíbula em RC, para isso usamos previamente: - front-plateau - placas miorrelaxantes - medicamentos Paula Cássia e Mariana Tardelli - @resumex.odonto - fisioterapia: tens, laser, acupuntura, calor É necessário montar em articulador com JIG de Lúcia em RC, para localizar os contatos prematuros com carbono e planejar os ajustes no gesso antes de realizar no paciente Ajuste oclusal - com o JIG em posição, marcamos com o carbono o contato dos incisivos no JIG e desgastamos o JIG nesse local sucessivamente até que a mandíbula entre em contato prematuro com a maxila (o mesmo que analisou no articulador) - com as pontas miltilaminadas desgastamos o esmalte no local da prematuridade (um pouco no superior, um pouco no inferior), não pode expor dentina. Essa ponta já deixa o dente polido. - voltar ao desgaste do JIG e verificar novamente se há novos contatos prematuros até o JIG ser quebrado pelo desgaste Devemos alcançar a MIH em RC (Oclusão em relação cêntrica)
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