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ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de atividade individual Disciplina: Direito Societário- Sociedade LTDA Módulo: online Aluno: Luiza Ivanenko Villela Turma: 0520-0_2 Tarefa: Atividade Individual – Parecer Jurídico Parecer e comentários críticos sobre a elaboração do contrato social de uma sociedade limitada Belo Horizonte, 14 de junho de 2020 PARECER JURÍDICO nº 0001 Requerente: XXX Assunto: Constituição de Sociedade Limitada EMENTA: DIREITO SOCIETÁRIO. SOCIEDADE LIMITADA. SÓCIO INCAPAZ. NECESSIDADE DE REPRESENTAÇÃO. INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL COM BENS. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI Nº 6.404/76. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. DESIGUALDADE. POSSIBILIDADE. ADMINISTRAÇÃO POR PESSOA JURÍDICA. SEM CONSENSO DOUTRINÁRIO OU JURISPRUDENCIAL. POSSIBILIDADE. CONSELHO FISCAL. NÃO OBRIGATORIEDADE. FALECIMENTO DE SÓCIO. NECESSIDADE DE CLÁUSULA ESPECÍFICA NO CONTRATO SOCIAL. QUOTAS PREFERENCIAIS. POSSIBILIDADE DE EMISSÃO. INSTRUÇÃO NORMATIVA 38/2017 DREI. I. RELATÓRIO Trata-se de análise da possibilidade de constituição de nova sociedade empresarial limitada. As premissas para análise são: ▪ Denominação Social: XPTO-05 Ltda. ▪ Composição: 01 (um) sócio pessoa jurídica e 08 (oito) sócios pessoas naturais, dentre as quais um é menor de idade. ▪ Prazo de Duração da sociedade: indeterminado 2 ▪ Capital Social: R$10.000,00 (dez mil reais), cuja integralização se dará em 12 (doze) parcelas, mensais e consecutivas para 07 (sete) dos sócios pessoas físicas e tanto para o sócio-menor e o sócio - pessoa jurídica a integralização se dará por bens. ▪ Distribuição de lucros: desigual ▪ Administração: empresa terceirizada É o necessário a relatar. Em seguida, exara-se o opinativo. II. ANÁLISE JURÍDICA A Sociedade Limitada é um tipo societário que nasce a partir de um contrato social e seu respectivo registro na Junta Comercial. Sua regulamentação está prevista, especialmente, nos artigos 1.052 e seguintes do Código Civil, aplicando-se, de forma subsidiária as disposições da sociedade simples ou da sociedade anônima. Inicialmente, há que se destacar que não houve nenhuma indicação na reunião que antecedeu este parecer acerca de qual norma supletiva que será aplicada ao caso em comento e, portanto, carece explicitar essa questão. O i. doutrinador Tarcísio Teixeira em sua obra ‘Direito Empresarial Sistematizado – 8ª Edição’ destaca que: A opção em escolher a aplicação supletiva das regras da sociedade simples ou da sociedade anônima vai depender da necessidade dos sócios, pois as regras da sociedade simples são menos complexas que as da anônima, o que facilita a administração principalmente de pequenas e médias sociedades. No entanto, a disciplina da sociedade anônima possui um sistema de controle mais aprofundado, importante para sociedades com grande número de sócios, inclusive com a necessidade de publicação de balanço etc. Vale esclarecer que a opção pelo regime supletivo da Lei n. 6.404/76 não implica renúncia às regras fixadas para as sociedades limitadas (arts. 1.052 a 1.087 do CC). Diante de tal fato, ao caso, entendo que deva ser incluído no contrato social a ser elaborado para a constituição da empresa XPTO-05 que aplicar-se-á subsidiariamente o regime da Lei nº6.404/76 (Lei da S.A.), eis que mais detalhada o que implica em menores margens para discussões judiciais. Capacidade para ser sócio Restou destacado que a sociedade será composta por 09 (nove) sócios, dentre eles um será pessoa jurídica e outro menor de idade. Sobre o tema o Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI) estabeleceu que poderão figurar como sócio de sociedades limitadas, em regra1: a) o maior de 18 (dezoito) anos, brasileiro(a) ou estrangeiro(a), que estiverem em pleno gozo da capacidade civil; b) o menor emancipado; c) os relativamente incapazes a certos atos ou à maneira de exercê-los, desde que assistidos; d) os menores de 16 (dezesseis) anos (absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil), desde que representados; e) pessoa jurídica nacional ou estrangeira; f) O Fundo de Investimento em Participações - FIP, desde que devidamente representado por seu administrador. No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) já pacificou o entendimento de que poderão figurar como sócio de sociedade limitada o menor, desde que representado ou assistido, bem como que o capital social esteja totalmente integralizado e que não exerça atos de administração, in verbis: SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. PARTICIPAÇÃO DE MENORES, COM CAPITAL INTEGRALIZADO E SEM PODERES DE GERENCIA E ADMINISTRAÇÃO COM COTISTAS. ADMISSIBILIDADE RECONHECIDA, SEM OFENSA AO ART. I DO CÓDIGO COMERCIAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO."(RE 82433-SP) Assim, não restam dúvidas de que a pessoa jurídica poderá figurar como sócia da sociedade a ser constituída e que, quanto ao sócio menor de idade é necessário que haja seja assistido ou representado, a depender de sua idade. Ainda no que versa ao sócio menor de idade, acaso não haja sua emancipação, além de estar assistido ou representado, o capital social da sociedade deverá estar totalmente integralizado e ele não poderá exercer a administração da sociedade, nos termos do artigo 974 do Código Civil: 1 Manual de Registro da Sociedade Limitad – Disponível em: http://www.mdic.gov.br/images/REPOSITORIO/SEMPE/DREI/INST_REVOG_DREI/in-10-2013-anexo-2-manual-de-registro-sociedade- limitada-08-09-2014_.pdf. Acesso em 14.jun, 2020. 4 Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. §1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. §2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. §3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais (g.n) Diante disso, necessário que se modifique a forma de integralização do capital social trazido inicialmente, o que se verá no tópico abaixo. Da Integralização do Capital Social Como já destacado, em havendo a presença de sócio menor de idade, o capital social deverá estar totalmente integralizado, nos termos do artigo 954 c/c 1.052 do Código Civil. Desta forma, o parcelamento inicialmente proposto pelos sócios em 12 vezes para integralização do capital social não é possível. Assim, deverá ser o capital social totalmente integralizado para que não haja irregularidade na constituição da XPTO-05 Ltda. Por outro lado, no que diz respeito à integralização das quotas subscritas pelos sócios não há nenhuma vedação legal quanto a sua forma, sendo admissível a realização por dinheiro, bens móveis e imóveis, títulos de crédito ou, ainda, direitos como patente de invenção, certificado de marca, desde que todos os sócios anuam com esta forma. No que diz respeito, especificamente, à integralização através de imóveis, a transferênciapara a sociedade a ser constituída se operacionaliza com a simples tradição para composição do capital social da empresa, não sendo necessária a escritura pública para incorporação do bem, mas tão somente a descrição do imóvel com suas especificidades no contrato social da sociedade Ltda.. Destaco que, nos casos das sociedades limitadas o que é vedado é a participação de sócio que entre para a sociedade apenas com sua prestação de serviços (o sócio que participava exclusivamente com serviços, no Código Comercial de 1850, arts. 317 a 324, era conhecido como sócio de “indústria”). Na sociedade limitada é preciso haver participação com capital (dinheiro ou bens). Comparativamente, na sociedade simples é possível o sócio compor o quadro societário somente com serviço, à luz do art. 1.006 do Código Civil. Assim, a integralização do capital social na forma como pretende o sócio-menor de idade e a pessoa jurídica é legalmente permitida. Distribuição de Lucros Diferente das sociedades anônimas, nas sociedades limitadas não existe uma proporção do lucro líquido a ser destinado aos sócios, podendo a distribuição ser realizada de forma irregular. Para tanto é necessário que o contrato social estabeleça como será dada esta distribuição acaso ocorra de forma distinta à participação de cada um no capital social, devendo restar estabelecido que o contrato social não poderá excluir ou privar nenhum sócio do direito de receber suas participações nos lucros. Destaco que a divisão não proporcional de lucros também pode ser objeto de acordo de sócios, não precisando estar especificamente no contrato social. Administração da Sociedade A administração da sociedade limitada poderá ser feita por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado, sendo ela sócia ou não sócia. Cabe destacar que caso esteja disposto no contrato social que todos os sócios serão administradores, esta regra somente valerá para aqueles que já figurarem na sociedade de forma que, novos sócios somente se tornarão administradores após ato separado. 6 No tocante a quem pode ser administrador da sociedade limitada, a doutrina não é pacífica quanto a possibilidade de uma pessoa jurídica figurar na administração da sociedade limitada. A um primeiro momento, vislumbra-se que o art.1.060 do Código Civil não especifica o tipo de pessoa que pode figurar como administrador da sociedade limitada “o que induz a interpretação de que os poderes da administração da sociedade poderão ser delegados tanto a pessoa física quanto jurídica” (2017) Nesse sentido, leciona Maria Helena Diniz que: Pelo teor do art. 1060, nada impede, segundo alguns autores, que o administrador seja pessoa jurídica, desde que sua designação se dê no contrato social, e haja indicação de pessoa natural como representante, para exteriorizar os atos de gestão. Edmar Oliveira Andrade Filho entende ser possível a nomeação de pessoa jurídica como administradora de sociedade limitada, porque quando a lei pretendeu impor requisito sobre de pessoa natural do administrador, o fez explicitamente: a) no art. 146 da Lei 6.404/76, ao prescrever que nas sociedades por ações os diretores e membros do conselho fiscal deverão ser pessoas naturais; b) nos arts. 1.039 e 1.042 do Código Civil, ao estabelecerem que na sociedade em nome coletivo apenas as pessoas naturais poderão ser sócias e administradoras; e c) nos arts.1.045 e 1.047 do Código Civil, ao dispor que na sociedade em comandita simples, a administração compete, exclusivamente, aos sócios comanditados que devem ser, obrigatoriamente, pessoas naturais. Logo, no seu entender, nada impede a administração da limitada pela pessoa jurídica, pois a norma, quando cria uma restrição, o faz expressamente. (apud Por outro lado, se analisarmos o artigo 1.060 conjuntamente com o §2º do art.1.062 do C.C., observa-se que, após a investidura do administrador, deverá este requerer a averbação de sua nomeação em registro competente, mencionando nome, nacionalidade, estado civil e exibição de documento de identidade e, portanto, restaria implícito que o administrador da sociedade limitada somente poderia ser uma pessoa física. Corrobora com esse entendimento o Enunciado 66 das jornadas de direito civil do Conselho de Justiça Federal: “Artigo.1.062: a teor do §2º do Código Civil, o administrador só pode ser pessoa natural” Assim, havendo dissenso doutrinário e não tendo a jurisprudência consolidado um posicionamento, tampouco havendo previsão legal contrária à possibilidade da pessoa jurídica administrar a sociedade limitada, poderá haver a administração por pessoa jurídica como requerido pelos sócios. Adoção de Conselho Fiscal Muito embora não tenha sido matéria questionada, necessário trazer a baila considerações sobre a adoção de Conselho Fiscal na sociedade limitada a ser constituída. Destaco, inicialmente, que a Lei não prevê a obrigatoriedade da instituição do Conselho Fiscal2, todavia, em havendo a opção pela sua instituição, será necessário observar os ditames legais previstos nos artigos 1.066 a 1.070 do Código Civil que preveem que o aludido Conselho deverá ser formado por no mínimo três membros efetivos e seus respectivos suplentes, sócios ou não, bem como que os sócios minoritários podem eleger, separadamente, um dos membros e seu respectivo suplente. Assim, acaso seja do interesse dos sócios da XPTO-05 a instauração de um Conselho Fiscal para acompanhar os negócios, fiscalizando as atividades praticadas pelos administradores da empresa, poderá o contrato social versar sobre o mesmo. Todavia, no caso em questão, entendo pela desnecessidade, a um primeiro momento, da criação do Conselho Fiscal para a XPTO-05 pelo objeto da sociedade. Acaso se veja necessidade em sua criação, poderá ser alterado o contrato social originalmente firmado. Durabilidade da Sociedade No que diz respeito à durabilidade da sociedade limitada poderá ter tempo ou prazo de duração determinado ou indeterminado. Em regra, para que haja a dissolução da sociedade limitada, nos termos dos artigo 1.071,VI e 1.076,I do Código Civil é necessária aprovação de sócios que representem pelo menos ¾ do capital social. Todavia, como trazido pelo Sr. XX inicialmente, o prazo de duração da XPTO-05 será indeterminada, o que é totalmente lícito, podendo os sócios decidirem pela dissolução e liquidação da sociedade da forma detalhada no contrato social. 2 Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembléia dos sócios, pode o contrato instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembléia anual prevista no art. 1.078 . 8 Todavia, poderá ainda ser previsto condição resolutiva ou termo final incerto, indicando o contrato social o ato ou fato em questão com precisão. Falecimento de Sócio Outra matéria que também não foi aventada inicialmente, mas que merece destaque, diz respeito ao falecimento de um sócio. Isso porque, a morte de um sócio da sociedade empresária não implica necessariamente na dissolução da sociedade caso o contrato social assim não disponha. Assim, acaso não haja cláusula de falecimento no contrato social de uma sociedade limitada, as quotas do sócio falecido deverão ser liquidadas e o montante referente a elas deverá ser pago aos herdeiros, nos termos do artigo 1.028 do Código Civil.3 Ainda em relação à apuração dos haveres e liquidação do sócio falecido, necessário destacar que o artigo 1.0314 do Código Civil destaca que o capital social sofrerá a redução referente ao valor da quota-parte do falecido, salvo se os demais sócios vierem a suprir o valor da quota. Ademais, poderá o contrato social prever a participação dos herdeiros na sociedade limitada ou versar sobre estaimpossibilidade, devendo a cláusula ser prevista especificamente no contrato social para evitar maiores conflitos. 3 Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: I - se o contrato dispuser diferentemente; II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido. 4 Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado. §1º O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota. §2º A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) Quotas Preferenciais Outro aspecto que merece ser discutido neste parecer diz respeito à emissão de quotas preferenciais pelas sociedades limitadas. A Instrução Normativa nº38/2017 do DREI, dentre outras novidades, assegurou às sociedades limitadas outras modalidades de investimento e financiamento de suas atividades. Isso porque, as quotas preferenciais são entendidas como “aquelas que conferem aos seus titulares vantagens patrimoniais e/ou privilégios especiais não atribuídos às demais quotas, acompanhadas, na maioria das vezes, de restrições ao direito de voto.” (2017, AMARAL, Gabriela Falcão Vieira Ferras do.) Dessa forma, acaso seja do interesse dos sócios, poderão ser emitidas quotas preferenciais quando da constituição da XPTO-05. Cessão de Quotas Poderá o contrato social prever a cessão ou transferência das quotas com ou sem o prévio e expresso consentimento dos outros sócios, devendo restar consignado que há preferencia para aquisição das quotas, em igualdade de condições, para os sócios já existente na sociedade nos termos do art.1.057 e 1.081 do Código Civil. Destaque que o contrato social pode prever as regras para a cessão de quotas, aumentando ou diminuindo exigências em relação a sócios que podem se opor à transferência, bem como pode-se prever a necessidade de aprovação expressa de sócios que representem determinada parcela do capital social. Pode o contrato social prever, ainda, que todos os demais sócios aprovem a cessão de quotas a outros sócios ou a terceiros ou, ainda, prever a livre transferência absoluta de quotas sem necessitar o consentimento de quaisquer sócios. Assim, é necessário constar de forma expressa no contrato social como se dará a transferências das quotas sociais na XPTO—05 Ltda. Exclusão de Sócio Minoritário 10 Outra questão que merece ressalva quanto a elaboração do contrato social diz respeito à resolução da sociedade em relação a sócios minoritários que, nos termos do art.1.085 e 1.030 do CC/02, pode ocorrer quando a maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa. (art.1.085, CC/2002) Isso porque, a exclusão do sócio minoritário implica em alteração do contrato social da sociedade e poderá implicar, inclusive, na dissolução da sociedade. Acordo de Sócios Por fim, cabe informa-los acerca da possibilidade da elaboração do acordo de quotistas – ou pacto parassocial – que é um documento feitos à parte do contrato social e possibilita a convenção de regras que não estejam prevista no contrato social, especialmente para regulamentação de relação interna da sociedade. Para sua validade, deverá o aludido acordo seguir os ditames basilares de um negócio jurídico tais como: agente capaz, objeto lícito, possível e determinado ou determinável, nos termos do art.104 do Código Civil. Não obstante, é fundamental que o acordo de sócios não traga nenhuma disposição contrária à legislação ou que desrespeite o contrato social. O aludido acordo de sócios é previsto no artigo 118 da Lei nº6.404/76 (Lei das Sociedade Anônimas e, para que tenha efeitos para terceiros, deverá ser arquivado na Junta Comercial. III. CONCLUSÃO Diante do exposto, entendemos que algumas questões devem ser debatidas entre os possíveis sócios da XPTO-05 para que o contrato social possa ser elaborado da forma que melhor lhes aprouver. Há que se esclarecer a necessidade de especificar se o sócio menor de idade será emancipado ou se será representado por assistente ou representante legal e se ele já figurará, desde o início na sociedade, eis que para sua participação é necessária a total integralização do capital social da XPTO-05. Ainda, é necessário elucidar se haverá a criação de um conselho fiscal e a emissão de quotas preferenciais e especificar as formas de cessão das quotas e como se dará eventual exclusão de sócio minoritário, bem como estabelecer a existência de acordo de sócios para delimitar questões internas da sociedade empresária. Nos colocamos a disposição para realizar reunião com os futuros sócios da XPTO-05 e auxiliá-los na melhor elaboração do contrato social desta empresa. É o parecer. Belo Horizonte, 14 de junho de 2020. Luiza Ivanenko Villela Advogada Referências Bibliograficas ▪ AMARAL, Gabriela Falcão Vieira Ferraz do Amaral. As quotas preferenciais em sociedades limitadas. 2017. Disponível em: < https://www.machadomeyer.com.br/pt/inteligencia-juridica/publicacoes-ij/societario-ij/as- quotas-preferenciais-em-sociedades limitadas#:~:text=As%20quotas%20preferenciais%20s%C3%A3o%20aquelas,restri%C3%A7 %C3%B5es%20ao%20direito%20de%20voto.> Acesso em: 14.jun.2020; ▪ BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em 14.jun.2020; 12 ▪ BRASIL. Manual de Registro Sociedade Limitada. 2014. Brasília/DF. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/images/REPOSITORIO/SEMPE/DREI/INST_REVOG_DREI/ in-10-2013-anexo-2-manual-de-registro-sociedade-limitada-08-09-2014_.pdf> Acesso em 14.jun.2020; ▪ CASTRO, Saulo. As quotas preferenciais na sociedade limitada como ferramenta de planejamento sucessório empresarial. 2018. Disponível em: < https://www.migalhas.com.br/depeso/287392/as-quotas-preferenciais-na-sociedade-limitada- como-ferramenta-de-planejamento-sucessorio-empresarial>. Acesso em: 14.jun.2020 ▪ CHAGAS, Edilson Enedino das. Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. – São Paulo, Saraiva, 2017; ▪ DINIZ, Maria Helena. Direito de Empresa. Curso de direito civil brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 8. ▪ DUARTE, Paulo Agesipolis Gomes. Administração da Sociedade Limitada por Pessoa Jurídica. In:.Revista Jurídica da Universidade de Franca. V.14, n.21. jan.-dez. 2011. Franca, SP: Unifran, 2011. ▪ REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 32 ed.rev.e atual. – São Paulo: Saraiva, 2015; ▪ TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Empresarial Esquematizado. 8ªed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019
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