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Direito Empresarial

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DIREITO EMPRESARIAL II
1.SOCIEDADES EMPRESARIAIS
1.2.- CONCEITO DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA
Fábio Ulhoa Coelho (2.003: p.111), em seu Manual de Direito Comercial, conceitua sociedade empresária como sendo: “a pessoa jurídica de direito privado não estatal, que explora empresarialmente seu objeto social ou a forma de sociedade por ações”. 
O artigo 981 do CC conceitua: “Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”.
§ Único – A atividade prevista neste artigo pode caracterizar-se pela realização de um ou mais negócios determinados. 
1.3 -FORMAS E ESPÉCIES SOCIETÁRIAS 
Dividem-se as sociedades em não personificadas e personificadas. 
Sociedades não personificadas.
Sociedade em comum é a que não possui registro, ou ainda não possui registro, correspondendo à antiga sociedade irregular ou de fato. Os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais (art.990 do CC)
Sociedade em conta de participação O artigo 991 do NCC estabelece que Sociedade em Conta de Participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo (o que aparece), em nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. 
Sociedades personificadas 
Sociedade simples (Antiga sociedade civil) é a dedicada a atividades profissionais ou técnicas. Entretanto cumpre lembrar que a sociedade simples poderá assumir a forma de sociedade empresaria, caso venha a constituir elemento de empresa. Assim quando as sociedades simples adotarem uma das formas de sociedade empresária subordina-se às normas especiais que regem o tipo societário adotado, devendo seus atos constitutivos ser levados para arquivamento perante o Registro Público de Empresas Mercantis, (JUCESP). 
Devemos estabelecer que a sociedade simples fosse:
1. As que por definição não podem se considerar sociedade empresária e, portanto, não estão sujeitas ao registro no Registro de Empresas.
 
 Que sociedades são essas? São as sociedades que reúnam que exerçam profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística (Art.966 § Único) do CC.
 
Neste segmento, estariam todas as sociedades de profissões regulamentadas, tais como as sociedades, de engenheiros, arquitetos, médicos, dentistas, agrônomos, contadores administradores etc.
 
2. As Cooperativas 
3. As Fundações 
4. As Associações Religiosas, de benemerência social, artísticas e literárias, as científicas, as sociedades educacionais sem fins lucrativos, as associações recreativas e as práticas de esportes sem fins lucrativos, (os chamados clubes), as associações filosóficas e as associações políticas. 
Sociedades empresariais São empresariais: a Sociedade em Nome Coletivo, a Sociedade em Comandita (Simples e por Ações), a Sociedade Limitada, as Sociedades por Ações. 
a) Sociedade em nome coletivo Neste tipo de sociedade todos os sócios respondem ilimitadamente com os seus bens particulares pelas dívidas sociais. Se a sociedade não saldar seus compromissos, os sócios poderão ser chamados a fazê-lo. O nome só pode ter a forma de firma ou razão social (art.1.157 do Cód. Civil).
OBS: Uma das formas de blindar o patrimônio, antes da abertura de uma sociedade em nome coletivo, é a realização de uma escritura registrada em cartório que declara 1/3 do patrimônio como sendo bem de família.
b) Sociedade em Comandita O direito brasileiro reconhece duas espécies de Sociedades em Comandita, a saber: A sociedade em comandita Simples e, a sociedade em Comandita por Ações regulada pelos artigos 280 a 284 da Lei 6.404/76. - a Sociedade em Comandita Simples também é tratada pelo Código Civil nos artigos 1.045 ao 1.051.
O Artigo 1.045 estabelece que a Sociedade em Comandita Simples se constitua de duas categorias de sócios: os sócios comanditados, pessoas físicas responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os sócios comanditários (sócio capitalista), obrigados somente pelo valor de sua cota.
As Sociedades em Comanditas por Ações Tratam-se de outro anacronismo societário, desta vez introduzida por lei extremamente moderna que é o CC. A lei 6404 de 15/12/76 reformulou no país todo o regime jurídico das sociedades por ações, estabelecendo no artigo 280 da mencionada lei que essa sociedade em Comandita por ações terá o capital dividido em ações e reger-se-á pelas normas aplicáveis à sociedade por ações reguladas pela própria Lei 6404/76.
Para resumir, a única diferença que existe entre as Sociedades em Comandita Simples e as Sociedades em Comandita por Ações consiste em que; enquanto nas primeiras o capital social é dividido em cotas, nas segundas o capital social é dividido em ações.
OBS: Esta sociedade está praticamente em Desuso, pois hoje existem outras formas mais eficazes para blindagem do patrimônio que não são espécies de sociedades, como por exemplo as EIRELI.
1.4.Sociedade limitada.
A sociedade limitada é o tipo societário mais comum na atualidade.
O novo Código Civil regulou totalmente a sociedade limitada nos arts. 1.052 a 1.087, devendo ser considerada tacitamente revogada a Lei das Limitadas (Decreto nº 3.708, de 10 de janeiro de 1919).[footnoteRef:1] [1: [1] Nesse sentido: Enunciado nº 74, aprovado na I Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça Federal em setembro/2002, válido como doutrina: “Art. 2.045: apesar da falta de menção expressa, como exigido pelas LCs 95/98 e 107/2001, estão revogadas as disposições de leis especiais que contiverem matéria regulada inteiramente no novo Código Civil, como, v.g., as disposições da Lei n. 6.404/76, referente à sociedade comandita por ações, e do Decreto n. 3.708/1919, sobre sociedade de responsabilidade limitada”.] 
Embora o Decreto nº 3.708/19 utilizasse a expressão sociedade por quotas de responsabilidade limitada, a doutrina frequentemente utilizava a expressão sociedade limitada, que foi contemplada pelo novo Código Civil.
A responsabilidade da sociedade é limitada? Não, limitada é a responsabilidade dos sócios e não da sociedade. Os sócios apenas respondem - a princípio - pelo capital social subscrito, tenha sido ele totalmente integralizado ou não. Caso o capital não seja totalmente integralizado, os sócios responderão em solidariedade pela integralização. Não respondem os sócios com seus bens pessoais por dívidas da sociedade, exceto em casos específicos, momento e que passam a responder de forma ilimitada (Fraude).
Quem pode ser sócio da sociedade limitada?
Costuma-se dizer que qualquer pessoa pode ser sócia de uma sociedade limitada, desde que seja capaz e não exista impedimento legal. ressalvado o estatuto interno de cada instituição Não admitido a participação societária na qualidade de sócio administrador as seguintes categorias profissionais: Funcionário Público; Militares; Magistrados; Corretores e Leiloeiros; Os Consules; o médico na atividade de Farmácia; o falido.
Há quem sustente, porém, que incapazes podem ser sócios, desde que devidamente representados.[footnoteRef:2] Além disso, tem-se entendido que o menor pode participar de sociedade já constituída, com capital integralizado, caso devidamente assistido ou representado.[footnoteRef:3] Ele não poderá ser administrador, por lhe faltar capacidade para a prática de atos, mas poderá ser sócio. [2: [2] MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro. v. 2. São Paulo: Atlas, 2004, p. 92.] [3: [3] SIMÃO FILHO, Adalberto. A nova sociedade limitada. São Paulo: Manole, 2004, p. 74.] 
Já se afirmou que o menor de idade pode vir a ser sócio, pois “Diante da possibilidade de o contrato social permitir o ingresso na sociedade do sucessor de sócio falecido, ou de os sócios acordarem com os herdeiros a substituição de sócio falecido, sem liquidação da quota em ambos os casos, é lícita a participação de menor em sociedade limitada, estando o capital integralizado, em virtude da inexistência de vedação noCódigo Civil”.[footnoteRef:4] [4: [4] Enunciado nº 221, aprovado na III Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça Federal em dezembro/2004, válido como doutrina.] 
Não se confunde o impedimento legal para ser empresário com o impedimento legal para ser sócio de sociedade limitada. É o caso, por exemplo, do servidor público federal, como já mencionado que não pode ser empresário, mas pode ser sócio de sociedade empresária. (investidor participar dos resultados).
1.5.Origem histórica das sociedades limitadas.
É dupla a origem histórica da sociedade limitada. No sistema europeu continental, a origem da sociedade limitada foi na Alemanha, por meio da Lei de 20 de abril de 1892. Já no sistema do common law, a sociedade limitada surgiu durante o século XIX, na prática inglesa, como private company, que posteriormente foi regulamentada pelo Companies Act de 1929 e pelo Companies Act de 1948. Em ambos os casos o objetivo foi o mesmo: criar um tipo de sociedade com o privilégio da limitação da responsabilidade dos sócios, mas sem os rigores e as complicações da sociedade por ações.[footnoteRef:5] [5: [5] CAÑIZARES, Felipe de Solá. Las sociedades de responsabilidad limitada em el nuevo derecho español. Madrid: Editorial Revista de Derecho Privado, 1954, p. 1-2. GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito. Traduzido por A. M. Hespanha e L. M. Macaísta Malheiros. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1986, p. 775.] 
Porém, há relatos[footnoteRef:6] no sentido de que as origens das sociedades limitadas estão em leis inglesas de 1855 a 1862 e na Lei de 23 de maio de 1863, na França, que suprimiu a autorização prévia para as sociedades anônimas cujo capital não passasse de vinte milhões de francos. Essas sociedades, dispensadas de autorização, chamaram-se de Sociétès à responsabilité limitée, para que o público não as confundisse com as sociedades anônimas autorizadas. Posteriormente, a Lei de 24 de julho de 1867 aboliu a necessidade de autorização governamental para todas as sociedades, qualquer que fosse seu capital.[footnoteRef:7] [6: [6] AMARAL, Hermano de Villemor. Das sociedades limitadas. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Briguet & Cia. Editores, 1938, pp. 15-38.] [7: [7] BRUNETTI, Antonio. Tratado del derecho de las sociedades. Traduzido para o espanhol por Felipe de Solá Cañizares. Vol. II. Buenos Aires: UTEHA Argentina, 1960, pp. 19-20.] 
É controvertida, portanto, a origem histórica das sociedades limitadas.[footnoteRef:8] Para fins de concurso, deve-se descrever essa controvérsia e afirmar que historicamente as sociedades limitadas nasceram no século XIX, para aliar as vantagens da limitação da responsabilidade dos sócios, que até então só existia nas sociedades anônimas, com a simplicidade da criação das sociedades contratuais. [8: [8] REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 1, 23. ed. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 400.] 
2.Natureza da sociedade limitada.
A sociedade limitada é uma sociedade personificada, que decorre de um contrato social, que deverá ser registrado na Junta Comercial. Pelo fato da relação societária surgir por meio de contrato, classifica-se a sociedade limitada como uma sociedade contratual (e não institucional, como é o caso da sociedade anônima). O nascimento da sociedade personalizada ocorrerá por ocasião do registro desse contrato na Junta Comercial.
A sociedade limitada é uma sociedade de pessoas ou uma sociedade de capitais?
A sociedade limitada pode ser classificada como de pessoas ou de capitais, conforme dispuserem as cláusulas contratuais, isto é, o regime jurídico abstratamente estabelecido pela legislação permite a criação, em cada caso concreto de uma sociedade limitada de pessoas ou de capitais ou até mesmo de uma sociedade limitada com características híbridas.
Quando se poderá classificar uma sociedade limitada como de pessoas ou como de capitais?
Essa classificação se dará por meio da análise dos seguintes elementos, presentes ou ausentes no contrato social:
o contrato social dispõe que a cessão das quotas sociais é livre? (Isto é, pode o sócio vender sua parte na sociedade a quem não é sócio?)
Os herdeiros do sócio falecido ingressam automaticamente na sociedade como sócios?
As quotas sociais penhoradas e arrematadas em hasta pública possibilitam ao adquirente o ingresso nos quadros societários?
Há previsão para a regência subsidiária da sociedade pela Lei das Sociedades por Ações?
São permitidos administradores que não sejam sócios?
Caso o contrato social contenha cláusulas que levem a responder “sim” a essas perguntas, estaremos diante de uma sociedade de capitais. Caso o contrato responda “não”, teremos uma sociedade de pessoas. Outrossim, poderá existir uma sociedade híbrida, isto é, com características de uma sociedade de pessoas e características de uma sociedade de capitais.
2.1.Nome empresarial.
Vimos que toda sociedade personalizada tem um nome empresarial, que pode estar na forma de firma ou de denominação. A firma (sinônimo de razão social) é composta de partículas do nome civil dos sócios do empresário pessoa jurídica e a denominação é composta por palavras comuns. Não pode a denominação, porém, indicar atividade econômica não exercida. 
As sociedades limitadas podem ter firma ou denominação. É errado dizer que o nome empresarial “da sociedade limitada se forma sempre na modalidade de denominação”.[footnoteRef:9] É correto dizer que “Poderão optar entre razão social e denominação as seguintes sociedades empresárias: as sociedades em comandita por ações e as sociedades limitadas”.[footnoteRef:10] [9: [9] OAB-MG, Exame de Ordem, aplicação em 2 de dezembro de 2006, questão nº 69, alternativa “c” (errada).] [10: [10] VUNESP/OAB-BA – Exame de Ordem – aplicação em 28/3/2004, prova nº 1, questão nº 88, alternativa “d”] 
No caso de firma, poderá conter partículas do nome civil de um ou mais sócios (desde que pessoas físicas, art. 1.158, § 1º do Código Civil). No caso de denominação, deve obrigatoriamente indicar a atividade exercida, a teor do § 2º do art. 1.158 do Código Civil:
“§ 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios.”
Deve também o nome da sociedade conter a expressão “limitada”, sob pena de determinar a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade (art. 1.158, § 3º, do novo Código Civil).
A teor do Manual de Atos de Registro de Sociedade Limitada, aprovado pela Instrução Normativa/DNRC nº 98, de 23 de dezembro de 2003, “A denominação social deve designar o objeto da sociedade, de modo específico, não se admitindo expressões genéricas isoladas, como: comércio, indústria, serviços. Havendo mais de uma atividade, deverá ser escolhida qualquer delas. É permitido figurar na denominação social o nome de um ou mais sócios”.
2.2.Aplicabilidade das regras da sociedade simples e da sociedade anônima às sociedades limitadas.
A aplicação subsidiária da Lei nº 6.404/76 às sociedades limitadas era matéria controvertida na época em que as sociedades limitadas eram regidas pelo Decreto nº 3.708/19. Em linhas gerais, a controvérsia era a seguinte:
O art. 18 da Lei das Limitadas (Decreto nº 3.708/19) determinava a observância da antiga Lei das Sociedades Anônimas, na atualidade Lei nº 6.404/76 no que não estivesse regulado pelo contrato social, na parte que fosse aplicável.
Quais seriam, então, as disposições da Lei nº 6.404/76 passíveis de aplicação no âmbito das sociedades limitadas? 
Entendia-se que prevalecia as regras contratuais, estabelecidas pelo contrato social. Vale dizer, na hipótese de choque entre as regras da Lei nº 6.404/76 e as cláusulas do contrato social da sociedade limitada, prevaleceriam as regras do contrato social. O tema ficava mais complexo quando nos deparávamos com o segundo requisito estabelecido pelo art. 18 da Lei das Limitadas para aplicabilidade da Lei das Sociedades Anônimas, vale dizer, a expressão "na parte aplicável". Qual o alcance da expressão "na parteaplicável" constante do art. 18?
Havia uma discussão no sentido de ser a Lei nº 6.404/76 subsidiária à Lei das Limitadas ou ao contrato social. Havia uma corrente que afirmava que, exatamente porque as sociedades limitadas não poderiam ser igualadas às sociedades anônimas, não seria possível "aplicar-se supletivamente a Lei das Sociedades Anônimas, como se fosse subsidiária do Decreto de 1919"[footnoteRef:11]. Desse modo, a Lei das Sociedades Anônimas deveria ser aplicada "quando o dispositivo dessa for adequado ao tipo da sociedade de que se trata"[footnoteRef:12]. [11: [11] REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 1, 23. ed. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 407] [12: [12] REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 1, 23. ed. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 407] 
Dizia-se que a “parte aplicável” seria tudo aquilo que poderia constar do contrato social, mas não constou, por omissão das partes contratantes (sócios), que deixaram de fazer constar a regra. Aplicaria a Lei nº 6.404/76 para essas questões. Já uma questão que não pudesse constar do contrato social não sofreria regência pela Lei nº 6.404/76. [footnoteRef:13] [13: [13] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, v. 2, São Paulo: Saraiva, 1999, p. 359.] 
Também dizia-se que apenas as regras relativas às companhias fechadas existentes na Lei das Sociedades Anônimas é que são passíveis de aplicação subsidiária ao contrato social, sendo que a Lei das Sociedades Anônimas não seria de aplicação subsidiária à Lei das Limitadas. [footnoteRef:14] [14: [14] FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas, 2000, p. 226 e 227.] 
Com o novo Código Civil, isso mudou. O art. 1.053 dispõe que aplicam-se subsidiariamente à sociedade limitada as regras da sociedade simples, devendo ser aplicadas (supletivamente) as regras da sociedade anônima apenas se o contrato social assim o previr. Desse modo, o contrato social deverá prever como será regência supletiva da sociedade ou, se nada previr, valerão as regras da sociedade simples.
É errado dizer, a respeito das sociedades limitadas, que “as omissões do contrato social são, em regra, supridas pela Lei das Sociedades por Ações”, pois “as omissões da Lei nº 10.406 (Código Civil de 2002), na parte em que regula as sociedades limitadas, são supridas, no silêncio do contrato social, pelas regras aplicáveis às sociedades simples, estampadas na mesma norma, conforme determina o art. 1.053 do citado diploma legal”.[footnoteRef:15] [15: [15] OAB-MG – Exame de Ordem – aplicação em março/2005, questão nº 12, alternativa “c” (correta era a alternativa “d”), Revisores: drs. JOSÉ ARTHUR DE CARVALHO P. FILHO, JOSÉ MAURO CATTA PRETA LEAL e OTÁVIO VIEIRA BARBI.] 
Isso significa, por exemplo, que se a regência supletiva da sociedade limitada for a Lei nº 6.404/76, pode o contrato social criar um Conselho de Administração,[footnoteRef:16] hipótese em que ele será regido pela Lei nº 6.404/76. [16: [16] SIMÃO FILHO, Adalberto. A nova sociedade limitada. São Paulo: Manole, 2004, p. 14.] 
Outrossim, “O parágrafo único do art. 1.053 não significa a aplicação em bloco da Lei n. 6.404/76 ou das disposições sobre a sociedade simples. O contrato social pode adotar, nas omissões do Código sobre as sociedades limitadas, tanto as regras das sociedades simples quanto as das sociedades anônimas”.[footnoteRef:17] [17: [17] Enunciado nº 223, aprovado na III Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça Federal em dezembro/2004, válido como doutrina.] 
OBS: A diferença entre a Sociedades Simples e as Empresárias estão, principalmente, nos seguintes elementos: Organização (existência de uma empresa), economia e a função social. Pois a Sociedade simples não tem organização de empresa, sua economia é de subsistência e sua função social não afeta a sociedade.
1º) A sociedade XYZ LTDA. Será regida somente pelas regras da Sociedade Simples?
R: Não, a sociedade também poderá ser regida pelas regras das sociedades anônimas quando o contrato social, expressamente, prever (Artigo 1.053 CC).
2º) A sociedade XYZ será regida subsidiariamente pelas regras das sociedades por ações (Lei 6.404/76)?
R: Sim, como dito na questão anterior, por negociação contratual, as regras das sociedades anônimas poderão ser aplicadas subsidiariamente para se alcançar uma maior amplitude nas soluções dos conflitos.
3º) A sociedade XYZ será regida pura e simplesmente pelas regras contidas no contrato social?
R: Não, corroborando os fatos alegados, para que seja possível um melhor gerenciamento e soluções mais eficazes dos conflitos, deve-se aplicar as regras das sociedades por ações, para por exemplo, possibilitar a exclusão de sócios por meio de assembleia geral.
4º) Na omissão do contrato constitutivo em relação as regras para solução dos conflitos, reger-se-á por qual ou quais regras?
R: De acordo com o artigo 1.053 do CC, serão aplicadas as regras das Sociedades Simples, entretanto, isto não é interessante, pois as possibilidades para soluções dos conflitos serão reduzidas, por isso, novamente defende-se a importância da previsão das regras das sociedades anônimas para resolução das divergências.
Importante também comentarmos que, de acordo com o artigo 966 do CC e o artigo 1º e 2º da lei 11/101/05, as Sociedades Simples não podem requerer a Falência e nem solicitar a Recuperação Judicial, pois não detém atividade econômica organizada. Neste cabe, cabe apenas a Insolvência Civil. 
3.Contrato social da sociedade limitada. Alteração do contrato social.
O contrato social da sociedade limitada deverá conter:
Nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas físicas, ou firma ou denominação, nacionalidade e sede, se pessoas jurídicas;
nome empresarial (firma ou denominação), objeto, sede e prazo da sociedade;
capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
quota de cada sócio e o modo de integralização (à vista ou à prazo);
pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
se os sócios respondem subsidiariamente pelas obrigações sociais (em relação à terceiros e até o limite do valor da cota não integralizado). Será Solidária em relação aos sócios.
OBS: Sócio remisso são aqueles que não integralizam o patrimônio. Assim, de acordo com o artigo 1058 do CC, os demais sócios poderão excluir o sócio remisso tomando a cota para si ou transferi-la para terceiros, devolvendo ao remisso o que já houver pago. Entretanto, se não houver previsão expressa no contrato social de possibilidade de ingresso de um terceiro no lugar deste sócio remisso, os demais sócios são obrigados à suprir a cota do excluído.
Não há sócios de indústria na sociedade limitada. É o que dispõe expressamente o art. 1.055, § 2º, do Código Civil. Ou seja, não é possível que a contribuição de sócio seja feita unicamente com serviços. Não se admite que quota social seja integralizada com serviços.
Como regra geral, são necessários votos referentes a pelo menos 3/4 (três quartos) do capital para modificação do contrato social, exceto no tocante a destituição de administradores nomeados no contrato, para os quais bastam 2/3, salvo se ele dispuser de forma diferente.[footnoteRef:18] [18: [18] “Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em qualquer tempo, do titular, ou pelo término do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, não houver recondução. § 1o Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição somente se opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes, no mínimo, a dois terços do capital social, salvo disposição contratual diversa. (...)”] 
Ao contrário do que ocorria no regime anterior ao novo Código Civil, atualmente a regra geral é pela necessidade de convocação e realização de assembleia ou reunião para deliberação da proposta de alteração do contratosocial,[footnoteRef:19] a teor do disposto no caput do art. 1.072 do novo Código Civil.[footnoteRef:20] [19: [19] Bastante esclarecedor nesse sentido é a manifestação aprovada pelo órgão jurídico do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC): 
“ALTERAÇÃO CONTRATUAL: Decisão tomada pelos sócios representantes da maioria do capital social. AUSÊNCIA DE CONVOCAÇÃO DOS DEMAIS SÓCIOS. ANÁLISE DISTINTA QUANTO AOS ATOS ARQUIVADOS ANTES E DEPOIS DO NOVO CÓDIGO CIVIL. REPRESENTAÇÃO DA SÓCIA MAJORITÁRIA: A alteração contratual, durante a vigência do CC/1916, dependia da maioria do capital social, e de ¾ do capital social, durante a vigência do CC/2002. A convocação de todos os sócios para reunião visando à alteração do contrato social somente se faz necessária a partir do advento do CC de 2002, salvo se previsto de modo diverso.” (Parecer Jurídico DNRC/COJUR/Nº 083/05)] [20: [20] “Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato.”] 
De acordo com o § 2º, são dispensadas as formalidades de convocação previstas no § 3o do art. 1.152 (publicação da convocação)[footnoteRef:21] quando todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local, data, hora e ordem do dia. [21: [21] “Art. 1.152. (...) § 3o O anúncio de convocação da assembleia de sócios será publicado por três vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da assembleia, o prazo mínimo de oito dias, para a primeira convocação, e de cinco dias, para as posteriores.”
 ] 
Não é necessária reunião ou assembleia, caso todos os sócios decidam, por escrito, sobre a matéria que delas seria objeto (art. 1.072, § 3º, do Código Civil).
4.Capital social e sua integralização.
O capital social da sociedade limitada é um valor expresso no contrato social. É um valor nominalmente fixado, porém mutável, mediante alteração do contrato social.
O capital social deve ser integralizado pelos sócios. Integralizar o capital ou integralizar as quotas sociais significa transferir dinheiro ou bens particulares do sócio para a sociedade. 
É expressamente vedada a integralização das quotas por meio de serviços (art. 1.055, § 2º, do Código Civil). Portanto, é errado dizer que “Caso haja previsão no contrato social, na sociedade limitada, o sócio poderá integralizar suas quotas mediante prestação de serviços”.[footnoteRef:22] Ou seja, é errado dizer, a respeito das sociedades limitadas, que “o sócio pode integralizar as cotas que subscrever prestando serviços à sociedade”, pois “é vedada a integralização de cotas mediante a prestação de serviços para a sociedade, conforme dispõe o § 2º do art. 1.055 da Lei nº 10.406 (Código Civil de 2002)”.[footnoteRef:23] [22: [22] CESPE/UNB – TJMT – Ingresso na Titularidade dos Serviços Notariais e de Registro/Concurso Público – aplicação em 30/1/2005, questão nº 52 (A)] [23: [23] OAB-MG – Exame de Ordem – aplicação em março/2005, questão nº 12, alternativa “a” (correta era a alternativa “d”), Revisores: drs. JOSÉ ARTHUR DE CARVALHO P. FILHO, JOSÉ MAURO CATTA PRETA LEAL e OTÁVIO VIEIRA BARBI.] 
Essa integralização dá à sociedade o seu patrimônio inicial, portanto, no momento de nascimento da sociedade, o patrimônio inicial da sociedade é o capital social. Mas não se confunde a noção de capital social com a noção de patrimônio social. Patrimônio social é o conjunto de bens e direitos de uma sociedade, que muda a cada instante, como decorrência natural da atividade da sociedade. Já o capital social é fixado no contrato social da sociedade limitada, e somente pode ser alterado por ato formal. (o que deverá ocorrer de conformidade com a evolução patrimonial, ou reservas de lucros para tanto).
Todos os sócios devem contribuir para a formação do capital da sociedade. Essa contribuição poderá ser em dinheiro ou em bens. Assim, os sócios têm a obrigação de integralizar a quota social, seja em dinheiro ou em bens. O sócio que não integralizar sua quota social no prazo contratualmente previsto é considerado remisso, passível de expulsão da sociedade, pois tem o sócio a obrigação perante a sociedade de integralizar a quota subscrita. 
No caso de integralização com bens, responde o sócio pela evicção. No caso de integralização com créditos, responde o sócio não apenas pela existência do crédito, mas também pela solvência do devedor. É o que dispõe o art. 1.005 do novo Código Civil, aplicável às sociedade limitadas.
Como se vê, o contrato social também cria obrigações dos sócios em face da sociedade, isto é, da sociedade enquanto pessoa jurídica titular de direitos e obrigações, pois o contrato social estabelece os direitos e obrigações da sociedade em face dos sócios e vice-versa.
O capital social é divido em quotas. Os sócios são proprietário das quotas, que são objeto de direito. 
As quotas sociais podem ter valores desiguais, a teor do art. 1.055 do Código Civil. Por isso foi considerado correto dizer que pode ser registrado o contrato social que “destina-se à constituição de uma sociedade simples, do tipo limitada, e reza que o capital social é divido em 10 mil cotas, das quais 5 mil tinham valor unitário de R$ 1,00 e as outras 5 mil, de R$ 2,00”.[footnoteRef:24] [24: [24] CESPE/UNB – Provimento da Titularidade de Serviços Notariais e de Registro - TJDFT/Concurso Público – aplicação em 29/11/2003, questão nº 135.] 
O capital social é intangível. Isso não significa que ele não possa ser modificado, mediante alteração do contrato social; significa que não podem os sócios retirar o patrimônio da sociedade em prejuízo do capital social. Ou seja, se a sociedade não der lucro, não pode haver distribuição de lucros, pois se existir retirada de bens ou valores da sociedade, o capital social estará sendo desfalcado. Essa hipótese – desfalque ilícito do patrimônio social em prejuízo do capital social – poderá ensejar a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade, se ocorrer prejuízo para terceiros.
4.1.Aumento e redução do capital social
O capital social pode ser aumentado ou reduzido, mediante alteração do contrato social.
Dispõe o Código Civil:
“Art. 1.081. Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser o capital aumentado, com a correspondente modificação do contrato.
§ 1o Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares.
§ 2o À cessão do direito de preferência, aplica-se o disposto no caput do art. 1.057.[footnoteRef:25] [25: [25] “Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.”] 
§ 3o Decorrido o prazo da preferência, e assumida pelos sócios, ou por terceiros, a totalidade do aumento, haverá reunião ou assembleia dos sócios, para que seja aprovada a modificação do contrato.”
É errado dizer que “O Código Civil aboliu, de forma expressa, o exercício do direito de preferência dos cotistas em participar do aumento de capital de uma sociedade limitada”.[footnoteRef:26]. [26: [26] TJAM - IASE/FGV - Concurso Público para Ingresso na Titularidade dos Serviços Notariais e de Registro do Estado do Amazonas – 2005, questão nº 65, alternativa “d” (incorreta).] 
É errado dizer que “Segundo o Código Civil, a regra é que é possível o aumento do capital social em uma sociedade limitada, ainda que não totalmente integralizado”.[footnoteRef:27] [27: [27] TJAM - IASE/FGV - Concurso Público para Ingresso na Titularidade dos Serviços Notariais e de Registro do Estado do Amazonas – 2005,questão nº 65, alternativa “a” (incorreta).] 
OBS: O aumento de capital é importante para dar um maior garantia aos credores de uma sociedade, sendo que este aumento, pode se dar pela entrada de outro sócio na sociedade, na hipótese em que o contrato social autoriza.
Quando pode o capital social ser reduzido?
O Código Civil dispõe no art. 1.082 que pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação do contrato em duas hipóteses:
depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis (prejuízo no 3º ano de atividade societária);
se excessivo em relação ao objeto da sociedade (sobra dinheiro).
OBS: A Lei das Sociedades anônimas nº 6404/76 prevê quatro hipóteses para redução, prevista em seu artigo 173.
A expressão “perdas irreparáveis” significa prejuízos que a sociedade avalia que não mais serão recuperados. Nesse caso, a redução do capital será realizada com a diminuição proporcional do valor nominal das quotas, tornando-se efetiva a partir da averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata da assembleia que a tenha aprovado.
No caso de redução do capital por excessividade, haverá restituição de parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se as prestações ainda devidas, com diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas, devendo haver averbação da alteração na Junta Comercial, nos termos do art. 1.084 do novo Código Civil:
“Art. 1.084. No caso do inciso II do art. 1.082, a redução do capital será feita restituindo-se parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se as prestações ainda devidas, com diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas.
§ 1o No prazo de noventa dias, contado da data da publicação da ata da assembleia que aprovar a redução, o credor quirografário, por título líquido anterior a essa data, poderá opor-se (impugnar) ao deliberado.
§ 2o A redução somente se tornará eficaz se, no prazo estabelecido no parágrafo antecedente, não for impugnada, ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito judicial do respectivo valor.
§ 3o Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente, proceder-se-á à averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata que tenha aprovado a redução.”
No que se refere à redução do capital de uma sociedade empresária, é correto dizer ser que é necessário “que se constate a existência de perdas irreparáveis ou ser excessivo o capital em relação ao objeto da sociedade”[footnoteRef:28] e é errado dizer que é necessário “que a sociedade tenha os fundos correspondentes ao valor do capital a ser objeto de redução”.[footnoteRef:29] [28: [28] OAB-SP, 130° Exame de Ordem, aplicação em 20.08.2006, Questão nº 47, alternativa “c”.] [29: [29] OAB-SP, 130° Exame de Ordem, aplicação em 20.08.2006, Questão nº 47, alternativa “a” (errada).] 
É correto dizer que no tocante à diminuição do capital social de uma sociedade limitada, “a redução somente se tornará eficaz se não for impugnada no prazo de 90 (noventa) dias, contados da data da publicação da ata de assembleia que aprovou a redução”,[footnoteRef:30] a teor dos §§ 1º e 2º do art. 1.084 do Código Civil, supra transcrito. [30: [30] OAB-RJ, 31º Exame de Ordem, 1ª fase, aplicação em 17.12.2006, questão nº 56, alternativa “b”.] 
OBS: Os mais interessados com a redução capital são os credores, podendo impugnar esta redução, que não poderá ocorrer enquanto não liquidar aquilo que deve pertence aos quirografários, por isso é necessário tomar cuidado com os investimentos para que os credores não deixem de negociar com a sociedade.
É preciso estar a sociedade em situação regular perante o fisco para que possa proceder ao arquivamento de ato de redução de capital social?
Dispõe a Instrução Normativa/DNRC nº 89, de 2 de agosto de 2001, que os pedidos de arquivamento de atos de extinção ou redução de capital de sociedade empresária devem ser instruídos com os seguintes documentos:
Certidão de Quitação de Tributos e Contribuições Federais, emitida pela Receita Federal;
Certidão Negativa de Débito – CND, fornecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS;
Certificado de Regularidade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, fornecido pela Caixa Econômica Federal;
Certidão Negativa de Inscrição de Dívida Ativa da União, fornecida pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.
A norma não diz, mas é razoável entender que a Certidão Positiva com efeito de Negativa, prevista no art. 206 do Código Tributário Nacional, satisfaz a exigência.
Com o advento da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que instituiu o novo Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, a questão da apresentação das certidões está alterada, a teor do disposto no art. 9º:
“Art. 9º. O registro dos atos constitutivos, de suas alterações e extinções (baixas), referentes a empresários e pessoas jurídicas em qualquer órgão envolvido no registro empresarial e na abertura da empresa, dos 3 (três) âmbitos de governo, ocorrerá independentemente da regularidade de obrigações tributárias, previdenciárias ou trabalhistas, principais ou acessórias, do empresário, da sociedade, dos sócios, dos administradores ou de empresas de que participem, sem prejuízo das responsabilidades do empresário, dos sócios ou dos administradores por tais obrigações, apuradas antes ou após o ato de extinção.”
Ao contrário do que ocorre com vários outros dispositivos da Lei Complementar nº 123/2006, o art. 9º parece ser destinado não apenas às microempresas e empresas de pequeno porte. Assim, duas interpretações são possíveis: 1)a Lei Complementar nº 123/2006 apenas se aplica às microempresas e empresas de pequeno porte, razão pela qual o art. 9º não se aplica às pessoas não enquadradas nessas situações; 2)o art. 9º não restringiu seu alcance às microempresas e empresas de pequeno porte, logo é aplicável à totalidade das pessoas. Será preciso aguardar para ver qual das possíveis interpretações prevalecerá.
4.2.Obrigações e responsabilidades dos sócios.
Na sociedade limitada, os sócios não respondem por dívidas da sociedade, como regra geral. 
A doutrina, interpretando o Decreto nº 3.708/19, entendia que os sócios poderiam responder por dívidas da sociedade se o capital social não tivesse sido totalmente integralizado, até o limite do montante a integralizar, sendo que essa responsabilidade dos sócios pelo montante não integralizado era solidária entre si. Disso decorria que um sócio que tivesse integralizado totalmente suas quotas poderia vir a responder por dívidas da sociedade se algum sócio não tivesse integralizado suas quotas.
Esse entendimento da doutrina foi acolhido pelo Código Civil, restando positivado do seguinte modo:
"Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social."
Portanto, a responsabilidade dos sócios pela integralização do capital social é solidária entre os sócios, mas subsidiária em relação aos credores da sociedade, evidentemente limitada ao valor que ainda não foi integralizado. Somente caso a sociedade não tenham bens suficientes é que os credores poderão, na hipótese de capital ainda não totalmente integralizado, buscar bens dos sócios, até do limite do valor que deixou de ser integralizado.
É errado afirmar que “no caso de o capital social não estar totalmente integralizado, somente responderão pelo que faltar os sócios remissos”.[footnoteRef:31] A responsabilidade é solidária entre os sócios, atingindo até mesmo o sócio que tenha integralizado totalmente as suas quotas, caso algum outro sócio não tenha integralizado totalmente as suas. [31: [31] VUNESP/OAB-BA – Exame de Ordem – aplicação em 28/3/2004, prova nº 1, questão nº 90, alternativa “c”.] 
É errado dizer que nas sociedades limitadas “a responsabilidade dos sócios é limitada à integralização da cota social”,[footnoteRef:32] pois cada sócio responde solidariamente pela integralização da totalidade do capitalsocial. [32: [32] TRF-3ª Região – Concurso Público para Juiz Federal, aplicação em 10/12/2003, questão nº 78, alternativa “a” (incorreta).] 
É correto dizer que “a declaração de sua falência implica a arrecadação de seus bens, bem como, subsidiariamente, a arrecadação dos bens dos sócios, mas até o limite do capital a Integralizar”.[footnoteRef:33] Observe-se, porém, que o Código Civil não exige a declaração da falência como requisito necessário para a responsabilidade subsidiária do sócio na hipótese de capital não integralizado totalmente; [33: [33] TJMG – Concurso para Juiz de Direito do Estado de Minas Gerais – 2005, questão nº 62, alternativa “d”.] 
No mesmo sentido, respondem os sócios em solidariedade pelo exato valor dos bens utilizados por qualquer dos sócios para integralizar suas quotas, nos termos do § 1º do art. 1.055 do Código Civil:
“Art. 1.055. (...)
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.”
A teor do art. 1.080 do novo Código Civil, as deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos sócios que expressamente as aprovaram. Há entendimento de que, nessa hipótese, não é necessária a desconsideração da personalidade jurídica.[footnoteRef:34] (temos aqui o excesso cometido pelo administrador). [34: [34] “Art. 1.080: A responsabilidade ilimitada dos sócios pelas deliberações infringentes da lei ou do contrato torna desnecessária a desconsideração da personalidade jurídica, por não constituir a autonomia patrimonial da pessoa jurídica escudo para a responsabilização pessoal e direta.” (Enunciado nº 229, aprovado na III Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça Federal em dezembro/2004, válido como doutrina)] 
Veremos, no subitem seguinte, a questão da responsabilidade do sócio que exerce administração da sociedade.
4.3.Administração da sociedade limitada.
O contrato social deve designar quem tem poderes para representar a sociedade, bem como os limites de seus poderes (art. 997, VI, c.c. art. 1.053, caput, do Código Civil).
Os administradores da sociedade limitada devem ser, obrigatoriamente, pessoas físicas.[footnoteRef:35] [35: [35] Nesse sentido: Enunciado nº 66, aprovado na I Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça Federal em setembro/2002, válido como doutrina: “Art. 1.062: a teor do § 2º do art. 1.062 do Código Civil, o administrador só pode ser pessoa natural”.] 
O Código Civil usa a expressão administradores para se referir às pessoas que têm poder de gestão na sociedade, ou seja, pessoas que podem “usar a firma social”, para utilizar a expressão tradicional do direito comercial. Trata-se de uma inovação, pois a Lei das Limitadas (Decreto nº 3.708/19) usava a expressão sócios gerentes, exatamente para indicar que não seriam admitidos pessoas estranhas ao quadro social na função de administradores da sociedade por quotas de responsabilidade limitada.
Com efeito, de acordo com o Código Civil, podem ser administradores da sociedade limitada pessoas que não sejam sócios, se o contrato social assim o permitir. É errado dizer que “o contrato social não pode conter previsão admitindo a administração da sociedade por aquele que dela não seja sócio”, pois “o contrato social das sociedades limitadas pode admitir que a administração seja exercida por aquele que dela não é sócio, como faculta o art. 1.061 da Lei nº 10.406 (Código Civil de 2002)”.[footnoteRef:36] [36: [36] OAB-MG – Exame de Ordem – aplicação em março/2005, questão nº 12, alternativa “b” (correta era a alternativa “d”), Revisores: drs. JOSÉ ARTHUR DE CARVALHO P. FILHO, JOSÉ MAURO CATTA PRETA LEAL e OTÁVIO VIEIRA BARBI.] 
A designação dessas pessoas, porém, depende de aprovação unânime dos sócios, se o capital social não estiver totalmente integralizado, ou de dois terços, caso integralizado. Trata-se de regra estabelecida pelo art. 1.061 do Código Civil. Portanto, está errado dizer que “Se, no ato constitutivo de determinada sociedade limitada, houver a previsão de administração desta por pessoa estranha ao quadro de sócios, a deliberação pela nomeação desse administrador dependerá da aprovação de um total de sócios que detenham, no mínimo, três quartos do capital social, caso este já esteja integralizado.”[footnoteRef:37] [37: [37] CESPE/UNB – TJMT – Ingresso na Titularidade dos Serviços Notariais e de Registro/Concurso Público – aplicação em 30/1/2005, questão nº 52 (D).] 
Foi considerado correto em um exame de ordem a afirmação de que “a partir do novo código civil as sociedades limitadas poderão ser administradas não só por um gerente sócio, mas também por um não sócio, desde que, neste caso, estando o capital totalmente integralizado, dois terços dos sócios concordem com a escolha”.[footnoteRef:38] O enunciado da questão não disse, mas o art. 1.061 do novo Código Civil é expresso no sentido de que é necessária a previsão da possibilidade de ser nomeado administrador não sócio no contrato social da sociedade (nada mencionando quanto a administrador não sócio ser nomeado diretamente no contrato social, do qual ele não participa), assim como o novo Código Civil não utilizada o vocábulo “gerente” para designador o dirigente da sociedade limitada, mas sim o vocábulo “administrador”. [38: [38] VUNESP/OAB-BA – Exame de Ordem – aplicação em 28/3/2004, prova nº 1, questão nº 90, alternativa “a” (o enunciado da questão pedia que assinalasse a alternativa errada, que era a “c”)] 
Pode o contrato social designar que todos os sócios têm poderes para representar a sociedade. Disso não decorre, porém, que os sócios que ingressarem após a criação da sociedade, isto é, na condição de cessionários ou sucessores de sócios originais terão a condição de representantes da sociedade. Muito ao revés, deverá existir disposição expressa, na alteração contratual ou em instrumento apartado, da situação jurídica de representantes para os novos sócios, para que eles tenham tais poderes.
O administrador que não for sócio pode ser destituído a qualquer tempo, mediante deliberação tomada por mais da metade do capital social; além disso, após o curso de eventual prazo determinado, o administrador perde os poderes, se não houver recondução. Já o administrador que for sócio e estiver nomeado no contrato (art. 1.063, § 1º, do Código Civil) somente perderá essa condição por aprovação de sócios com, no mínimo, dois terços das quotas sociais, salvo disposição contratual em sentido diverso.
É correto dizer que “O administrador da sociedade poderá ser nomeado em ato separado do contrato social nas sociedades limitadas quando houver autorização expressa no contrato social”.[footnoteRef:39] [39: [39] OAB-DF, Segundo Exame de Ordem de 2005, aplicação em 28/8/2005, questão nº 79, alternativa “a”] 
No que se refere à diferença entre o administrador nomeado no contrato social e o que foi nomeado por ato separado, é correto dizer que “Uma das consequências dessa distinção é que o administrador nomeado em contrato depende de quorum de nomeação diferenciado”,[footnoteRef:40] ou que “sua nomeação tem quorum diferenciado”,[footnoteRef:41] mas é errado dizer que ele “tem poderes irrevogáveis”.[footnoteRef:42] O administrador jamais terá poderes irrevogáveis, o que irá variar é quorum necessário para a destituição da função de administrador: [40: [40] OAB-SP - 125º Exame de Ordem – aplicação em 16/01/2005. Questão nº 44, alternativa “c”.] [41: [41] OAB-DF, terceiro exame de ordem de 2006, questão nº 83, alternativa “d”.] [42: [42] OAB-SP - 125º Exame de Ordem – aplicação em 16/01/2005. Questão nº 44, alternativa “b” (correta era a alternativa “c”).] 
se o administrador for sócio nomeado no contrato social, o quorum para destituição é de dois terços das quotas sociais (art. 1.063, § 1º, do Código Civil);
se o administração não for sócio ou tiver sido nomeado por ato em separado, o quorum para destituição é de mais da metade das quotas sociais (art. 1.071, IIIcombinado com art. 1.076, II do novo Código Civil), isto é, maioria absoluta.
A forma de atuação do administrador é a prevista no contrato social. Mesmo na vigência do Código Civil, que aumentou o número de dispositivos a respeito da sociedade limitada, o atual modelo contratual das sociedades limitadas ainda é um modelo aberto, com não muitas regras cogentes e um relativamente grande espaço para o exercício da autonomia da vontade dos contratantes, que poderão dispor a respeito da administração da sociedade.
De acordo com o item 1.2.7.1 do Manual de Registro de Atos de Sociedade Limitada, aprovado pela Instrução Normativa/DNRC nº 98, de 23 de dezembro de 2003, sendo os administradores nomeados no contrato, é obrigatória a indicação de seus poderes e atribuições. Caso não haja nomeação dos administradores no contrato, deverá constar deste que os administradores serão nomeados em ato separado.
De acordo com o art. 1.063, § 3º, do novo Código Civil, a renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde o momento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante; e, em relação a terceiros, após a averbação e publicação. Portanto, é errado dizer que “A renúncia de administrador não tem efeito, perante a sociedade, se não for aceita pelos sócios, salvo se acompanhada de prestação de contas”,[footnoteRef:43] exatamente porque basta a comunicação para a sociedade e, para ter efeito contra terceiros, basta a averbação no registro próprio e a publicação na imprensa oficial da renúncia dos poderes de administrador. [43: [43] TRT-8ª Região – Concurso para Juiz do Trabalho, aplicação em 24/11/2003, questão nº 99, alternativa “c” (correta era a alternativa “a”).] 
A vontade da sociedade é exteriorizada pelos atos praticados pelo administrador. Por isso se diz que o uso da firma ou denominação social cabe ao administrador: é ele quem praticará atos em nome da empresa. Evidentemente, essa atuação lhe poderá ensejar a responsabilidade pessoal e ilimitada em face da sociedade, nas hipóteses de excesso ou desvio de poder, violação do contrato social, fraude etc. É o que veremos no item seguinte.
Caso a sociedade limitada seja regida subsidiariamente pela sociedade simples, serão aplicáveis as regras que vimos no item próprio. Por isso é correto dizer que “a teoria do ato ultra vires, que isenta a pessoa jurídica da responsabilidade por atos praticados em seu nome, atinge as sociedades cujo contrato social é omisso quanto ao regime supletivo”.[footnoteRef:44]. [44: [44] OAB-DF, I Exame de Ordem de 2006, aplicação em 9/4/2006, questão nº 80, alternativa “a”.] 
4.4.Responsabilidade dos administradores.
Em termos gerais, a responsabilidade do administrador da sociedade limitada não se diferencia da responsabilidade dos administradores das demais sociedades.
Há entendimento de que o art. 1.016 do novo Código Civil[footnoteRef:45] aplica-se às sociedades limitadas, mesmo àquelas cujo contrato social preveja a aplicação supletiva das normas das sociedades anônimas.[footnoteRef:46] [45: [45] “Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.”] [46: [46] “É obrigatória a aplicação do art. 1016 do Código Civil de 2002, que regula a responsabilidade dos administradores, a todas as sociedades limitadas, mesmo àquelas cujo contrato social preveja a aplicação supletiva das normas das sociedades anônimas.” (Enunciado nº 220, aprovado na III Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça Federal em dezembro/2004, válido como doutrina)] 
É correto dizer que “quando a sociedade empresária sofre prejuízos, por deficiência da administração, os sócios, pelos danos indiretos, não tem ação contra o administrador”.[footnoteRef:47] Com efeito, quem pode acionar (legitimidade ativa) os administradores é a sociedade e os terceiros prejudicados, mas não os sócios. É o que dispõe o art. 1.016 do novo Código Civil, que está tecnicamente correto, pois, sob o aspecto jurídico, o eventual ato danoso do administrador atinge a sociedade (pessoa jurídica) e não os sócios, que apenas serão atingidos indiretamente no aspecto econômico. Isso não lhes confere legitimidade para pleitear diretamente do administrador a reparação. [47: [47] TJDF – Concurso Público para Juiz de Direito, aplicação em 4/7/2004, questão nº 68, alternativa “b” (o enunciado da questão pedia para assinalar a alternativa errada, que era a “a”).] 
Há regra específica no § 3o do art. 1.078 do novo Código Civil, segundo a qual a aprovação, sem reserva, do balanço patrimonial e do de resultado econômico, salvo erro, dolo ou simulação, exonera de responsabilidade os membros da administração e, se houver, os do conselho fiscal. O direito de pleitear a anulação dessa aprovação extingue-se em dois anos (§ 4º).
A respeito da responsabilidade dos administradores da sociedade limitada, interessante observar a seguinte questão de concurso, realizado pouco antes da vigência do novo Código Civil, mas ainda atual:
“No que concerne à responsabilidade pessoal dos sócios gerentes das sociedades por quotas de responsabilidade limitada, para a apuração de eventuais responsabilidades ou substituições é correto afirmar que 
(A) somente serão substituídos por responsabilidade tributária, e responsabilizados ilimitadamente, quando comprovadamente agirem com dolo em detrimento da sociedade ou de terceiros, porque o beneficiário indireto e último é o próprio consumidor.
(B) não será obrigatória qualquer substituição, e não existirá responsabilidade de nenhum sócio, se existirem apenas suspeitas da ocorrência de excesso de mandato por parte de quem quer que seja, de desrespeito ao contrato social ou à lei.
(C) responderão sempre para com a sociedade e também diante de terceiros, solidária e ilimitadamente pela prática de suspeita de eventuais desmandos independentemente da não apuração da ocorrência de fraude.
(D) haverá substituição obrigatória por responsabilidade tributária apenas quando agirem com induvidosa negligência que acarrete algum prejuízo para a sociedade, e os sócios nesta hipótese responderão ilimitadamente.
(E) as obrigações fiscais assumidas em sua gestão permanecem integralmente, em caso de transferência das quotas sociais, porque os sócios respondem pelas obrigações dentro de certos limites.”[footnoteRef:48] [48: [48] Questão nº 14 do 83º Concurso de Ingresso à Carreira do Ministério Público do Estado de São Paulo - 2002] 
A resposta correta é a alternativa “B”, pois não basta uma mera suspeita de excesso de mandato para ensejar a responsabilidade do administrador da sociedade.
4.5.Conselho fiscal da sociedade limitada.
O novo Código Civil estabelece que a sociedade limitada poderá instituir um conselho fiscal. Essa instituição não é obrigatória, mas se a sociedade o instituir, serão aplicáveis as regras dos arts. 1.066 a 1.070 do Código Civil. É errado dizer que “É obrigatório o conselho fiscal”.[footnoteRef:49] [49: [49] TRT-8ª Região – Concurso para Juiz do Trabalho, aplicação em 24/11/2003, questão nº 99, alternativa “d” (correta era a alternativa “a”).] 
É correto dizer que nas sociedades limitadas “não é obrigatória a constituição de conselho fiscal. Poderá ser instituído, se essa for a vontade dos sócios, tanto por decisão da assembleia, quanto por previsão do contrato social”, pois “Na sociedade limitada, o direito de fiscalizar assiste a qualquer sócio, que poderá examinar os livros e documentos da sociedade, pessoal e diretamente. Além dessa faculdade dos sócios, pode a sociedade constituir conselho fiscal, seja através de deliberação assembleia, seja através de previsão contratual, como dispõe o art. 1.066 da lei nº 10.406 (Código Civil de 2002)”.[footnoteRef:50] [50: [50] OAB-MG – Exame de Ordem – aplicação em março/2005, questão nº 12, alternativa “d”, Revisores: drs. JOSÉ ARTHUR DE CARVALHO P. FILHO, JOSÉ MAURO CATTA PRETA LEAL e OTÁVIO VIEIRA BARBI.] 
É errado dizer que “O Conselho Fiscal é órgão que tem atribuições deconsultoria e fiscalização, cujas funções são indelegáveis, tratando-se de órgão obrigatório na modalidade atual da sociedade limitada”.[footnoteRef:51] [51: [51] OAB – Paraná - 1º Exame de Ordem de 2004 – Questão nº 31, alternativa “c” (correta era a alternativa “d”).] 
Portanto, é correto dizer que “Uma sociedade pode ter ou não conselho fiscal, conforme defina o contrato social”.[footnoteRef:52] No mesmo sentido, é correto dizer que pode ser registrado um contrato social que “destina-se à constituição de uma sociedade simples, do tipo sociedade limitada, e não prevê a existência de conselho fiscal”.[footnoteRef:53] [52: [52] CESPE/UNB – Juiz Substituto – TJSE/Concurso Público – aplicação em 1º/2/2004, questão nº 69(1).] [53: [53] [53] CESPE/UNB – Provimento da Titularidade de Serviços Notariais e de Registro - TJDFT/Concurso Público – aplicação em 29/11/2003, questão nº 131.] 
O conselho terá, no mínimo, três membros e respectivos suplentes. Os conselheiros deverão ser residentes no Brasil. Pessoas que não sejam sócias poderão fazer parte do conselho fiscal.
Não podem fazer parte do conselho fiscal:
os condenados a pena que vede acesso a cargos públicos, por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto durarem os efeitos da condenação;
Os membros de outros órgãos da sociedade (ex. administradores da sociedade) ou de sociedade por ela controlada;
Os empregados, da sociedade ou de administradores da sociedade ou de sociedade por ela controlada;
o cônjuge ou os parentes em até terceiro grau dos administradores da sociedade ou de sociedade por ela controlada.
Os sócios minoritários que representarem pelo menos um quinto do capital social poderão indicar um dos membros do conselho fiscal e respectivo suplente, devendo essa indicação ser feita mediante votação separada.
É correto dizer que “É dever dos membros examinar, pelo menos trimestralmente, o estado do caixa da sociedade”,[footnoteRef:54] a teor do art. 1.069 do Código Civil, que estabelece os seguintes deveres aos membros do conselho fiscal: [54: [54] CESPE/UNB – Juiz Substituto – TJSE/Concurso Público – aplicação em 1º/2/2004, questão nº 69(2).] 
examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o estado da caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas; 
lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames referidos acima;
exarar no mesmo livro e apresentar à assembleia anual dos sócios parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico; 
denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteis à sociedade; 
convocar a assembleia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes; 
praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos acima, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação. 
A responsabilidade dos membros do conselho fiscal é a mesma dos administradores, a teor do art. 1.070 do novo Código Civil.
4.6.Deliberação dos sócios. Reunião, assembleia e quórum de deliberação.
OBS: Em uma sociedade Limitada, só existirá assembleia e reunião se existir mais de 10 integrantes em seu quadro societário. Vale lembrar que a reunião antecede a assembleia, que por sua vez, é uma consulta popular.
O art. 1.071 do Código Civil estabelece que dependem da deliberação dos sócios os seguintes atos:
a aprovação das contas da administração;
a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
a destituição dos administradores;
o modo de remuneração dos administradores, quando não estabelecido no contrato;
a modificação do contrato social;
a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação;
a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;
o pedido de concordata (termo constante do art.1.071 do CC Inciso VIII que foi revogado pela nova Lei de Falências . 11.101/2005 que da nova versão ao termo passando e ser recuperação judicial) (salvo se houver urgência, hipótese em que os administradores, com autorização de titulares de mais da metade do capital social, poderão requerer concordata preventiva).[footnoteRef:55] [55: [55] Entendo que isso aplica-se ao pedido de recuperação judicial, uma vez que não mais existe a figura da concordata.] 
Para melhor compreender, segue quadro resumo à baixo:
	Quórum Deliberações.
	Matéria em Discussão.
	Artigos do Código Civil.
	Unanimidade
	Designação de administrador não sócio, quando o capital não estiver integralizado.
	1.061
	Unanimidade
	Dissolução da sociedade contratada com prazo determinado.
	1.033, II
	Unanimidade
	Modificação no contrato social.
	1.071, V
	¾ Capital Social
	a) Incorporação, fusão, dissolução da sociedade;
b) Ou cessação da liquidação;
c) Destituição de administrador sócio, nomeado no contrato.
	1.076, I e 1.071 VI, respectivamente.
	 Capital Social
	a) Designação de administrador não sócio;
b) Designação de administrador não sócio, quando o capital não estiver integralizado.
	1.063, §1º e 1.061, respectivamente.
	2/3 Capital Social
	Designação dos administradores, quando feita em ato separado.
	1.071, II e 1.076, II.
	2/3 Capital Social
	Destituição de administrador, exceto se o sócio é nomeado no contrato.
	1.071, II e 1.076, II.
	Maioria Absoluta
	Remuneração dos administradores, quando não estabelecido no contrato.
	1.071, III.
	Maioria Absoluta
	Pedido de recuperação judicial 
	1.071, IV.
	Maioria Absoluta
	Dissolução da sociedade com comprazo indeterminado 
	1.071, VIII e 1.033, III.
	Maioria Absoluta
	Expulsão extrajudicial de sócio por justa causa.
	1.085.
	Maioria Absoluta
	Aprovação das contas dos administradores 
	1.071, I.
	Maioria Simples
	 Nomeação e destituição dos liquidantes.
	1.071, II.
	Maioria Simples
	Demais assuntos.
	1.076, III.
No regime anterior ao novo Código Civil era tecnicamente possível aos sócios majoritários, como regra geral, na ausência de norma legal ou estatutária (art. do Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996),[footnoteRef:56] deliberar sem nem mesmo consultar os sócios minoritários ou sem assinatura dos sócios minoritários que não concordassem com o deliberado,[footnoteRef:57] embora houvesse divergência a respeito.[footnoteRef:58] [56: [56] “Art. 53. Não podem ser arquivados: (...) VII - a alteração contratual produzida e assinada por sócios titulares de maioria do capital social, quando houver, em ato anterior, cláusula restritiva;”] [57: [57] BULGARELLI, Waldirio. Sociedades comerciais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1999, pp. 154-156.] [58: [58] "A CONSTRUÇÃO PRETORIANA TEM ADMITIDO QUE HAJA, NAS SOCIEDADES CONTRATUAIS, DELIBERAÇÕES TOMADAS PELA MAIORIA DO CAPITAL SOCIAL, O QUE NÃO SIGNIFICA DIZER QUE PODEM SE TOMADAS SEM A PARTICIPAÇÃO DE TODOS OS SÓCIOS. CONSOANTE A DICÇÃO DO CITADO ART. 15 DO DECRETO 3.708, PARTICIPANDO DAS DELIBERAÇÕES E COM ELAS NÃO CONCORDANDO, O DISSIDENTE PODERÁ RETIRAR-SE DA SOCIEDADE. SUA PARTICIPAÇÃO, CONTUDO, É IMPERIOSA, IMPRESCINDÍVEL E INDISPENSÁVEL PARA A VALIDADE DAS ALTERAÇÕES PROMOVIDAS NO CONTRATO SOCIAL." (TJDF, 2ª Turma Cível, APC nº 4859598, Relator : NANCY ANDRIGHI, j. em 30/11/1998, publicado no DJU: 18/08/1999)] 
Atualmente a regra geral é clara pela necessidade de convocação e realização de assembleia ou reunião para as deliberações dos sócios,[footnoteRef:59] a teor do disposto no caput do art. 1.072 do novo Código Civil.[footnoteRef:60] Incumbe aos administradores a convocação nos casos previstos em lei ou no contrato. [59: [59] Bastante esclarecedor nesse sentido é a manifestação aprovada pelo órgão jurídico do Departamento Nacional de Registrodo Comércio (DNRC): 
“ALTERAÇÃO CONTRATUAL: Decisão tomada pelos sócios representantes da maioria do capital social. AUSÊNCIA DE CONVOCAÇÃO DOS DEMAIS SÓCIOS. ANÁLISE DISTINTA QUANTO AOS ATOS ARQUIVADOS ANTES E DEPOIS DO NOVO CÓDIGO CIVIL. (...) A convocação de todos os sócios para reunião visando à alteração do contrato social somente se faz necessária a partir do advento do CC de 2002, salvo se previsto de modo diverso.” (Parecer Jurídico DNRC/COJUR/Nº 083/05)] [60: [60] “Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato.”
“Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. § 1o Para formação da maioria absoluta são necessários votos correspondentes a mais de metade do capital. § 2o Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz. § 3o Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças a seu voto.”] 
Não será necessária reunião ou assembleia caso todos os sócios decidam, por escrito, sobre a matéria que delas seria objeto (art. 1.072, § 3º, do Código Civil) ou se a sociedade for microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos do art. 70 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.[footnoteRef:61] [61: [61] “Art. 70.  As microempresas e as empresas de pequeno porte são desobrigadas da realização de reuniões e assembleias em qualquer das situações previstas na legislação civil, as quais serão substituídas por deliberação representativa do primeiro número inteiro superior à metade do capital social. § 1o  O disposto no caput deste artigo não se aplica caso haja disposição contratual em contrário, caso ocorra hipótese de justa causa que enseje a exclusão de sócio ou caso um ou mais sócios ponham em risco a continuidade da empresa em virtude de atos de inegável gravidade. § 2o  Nos casos referidos no § 1o deste artigo, realizar-se-á reunião ou assembleia de acordo com a legislação civil.”
] 
De acordo com o § 2º do art. 1.072 do novo Código Civil, são necessárias as formalidades de convocação previstas no § 3o do art. 1.152 (publicação da convocação)[footnoteRef:62] salvo se todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local, data, hora e ordem do dia. [62: [62] “Art. 1.152. (...) § 3o O anúncio de convocação da assembleia de sócios será publicado por três vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da assembleia, o prazo mínimo de oito dias, para a primeira convocação, e de cinco dias, para as posteriores.”
] 
Caso o número dos sócios seja superior a dez, será obrigatória a deliberação em assembleia. Para as sociedades com dez ou menos sócios, as deliberações serão tomadas em reunião, salvo se o contrato social dispuser em sentido contrário.[footnoteRef:63] É correto afirmar que “sempre que a sociedade contar com mais de dez quotistas deverão as deliberações ser tomadas em assembleia de sócios”.[footnoteRef:64] [63: [63] “Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato. § 1o A deliberação em assembleia será obrigatória se o número dos sócios for superior a dez. (...)”
] [64: [64] VUNESP/OAB-BA – Exame de Ordem – aplicação em 28/3/2004, prova nº 1, questão nº 90, alternativa “b” (o enunciado da questão pedia que assinalasse a alternativa errada, que era a “c”) ] 
Desse modo, foi considerada correta a afirmação de que “Em sociedade limitada constituída por dezessete membros, o pedido de concordata dependerá de deliberação dos sócios, a qual deverá se dar, obrigatoriamente, em assembleia.”[footnoteRef:65] Observe-se que hoje não mais existe a figura da concordata, mas sim a da recuperação judicial ou extrajudicial, a teor da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. [65: [65] CESPE/UNB – TJMT – Ingresso na Titularidade dos Serviços Notariais e de Registro/Concurso Público – aplicação em 30/1/2005, questão nº 52 (B).] 
É correto dizer “quanto às sociedades limitadas em que o contrato for omisso quanto ao regime de regência supletiva que a maioria dos sócios delibera livremente sobre a destinação do resultado”.[footnoteRef:66] [66: [66] OAB-DF, Segundo Exame de Ordem de 2005, aplicação em 28/8/2005, questão nº 81, alternativa “d”.] 
Aplicam-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato, o disposto do novo Código Civil sobre a assembleia. As deliberações tomadas de conformidade com a lei e o contrato vinculam todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes.
De acordo com o art. 1.073 do novo Código Civil, a reunião ou a assembleia podem também ser convocadas:
por sócio, quando os administradores retardarem a convocação, por mais de sessenta dias, nos casos previstos em lei ou no contrato, ou por titulares de mais de um quinto do capital, quando não atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas;
pelo conselho fiscal, se houver, nos casos a que se refere o inciso V do art. 1.069.
De acordo com o art. 1.074 do novo Código Civil, a assembleia dos sócios instala-se com a presença, em primeira convocação, de titulares de no mínimo três quartos do capital social (quorum de instalação), e, em segunda, com qualquer número.
Repetindo norma prevista na Lei das Sociedades Anônimas, o § 1º do art. 1.074 do novo Código Civil dispõe que o sócio pode ser representado na assembleia por outro sócio, ou por advogado, mediante outorga de mandato com especificação dos atos autorizados, devendo o instrumento ser levado a registro, juntamente com a ata. Ou seja, um terceiro, que não seja sócio ou advogado, não pode representar um sócio em assembleia.
Nenhum sócio, por si ou na condição de mandatário, pode votar matéria que lhe diga respeito diretamente (art. 1.074, § 2º). Por isso é correto dizer, quanto à deliberação dos sócios, que “Não podem contar com votos de sócio, por si ou como mandatário, relativamente a matéria que lhe diga respeito diretamente”.[footnoteRef:67] [67: [67] TRT-8ª Região – Concurso para Juiz do Trabalho, aplicação em 24/11/2003, questão nº 100, alternativa “e”.] 
De acordo com o art. 1.078 do novo Código Civil, a assembleia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos quatro meses seguintes ao término do exercício social,[footnoteRef:68] com o objetivo de: [68: [68] TJPA – IASE/FGV - Concurso Público para Juiz Substituto – 2005, questão nº 70, alternativa “a”.] 
tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de resultado econômico;
designar administradores, quando for o caso;
tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia.
Está errado dizer que “A assembleia de sócios será semestral e, entre outras deliberações, serão tomadas as contas dos administradores”.[footnoteRef:69] Serão tomadas as contas dos administradores, mas a assembleia pode ser anual. [69: [69] CESPE/UNB – TJMT – Ingresso na Titularidade dos Serviços Notariais e de Registro/Concurso Público – aplicação em 30/1/2005, questão nº 52 (C).] 
Em sentido semelhante, é errado dizer que “A assembleia geral de sócios é obrigatória para tomar as contas da diretoria, anualmente”,[footnoteRef:70] pois deverão ser tomadas as contas dos administradores e não apenas da diretoria, assim como a deliberação em assembleia só é obrigatória para sociedades limitadas com mais de dez sócios.[footnoteRef:71] Para as sociedades com dez ou menos sócios, as deliberações serão tomadas em reunião, salvo se o contrato socialdispuser em sentido contrário (sempre lembrando que o § 6º do art. 1.072 dispõe que “aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato, o disposto na presente Seção sobre a assembleia”). [70: [70] TRT-8ª Região – Concurso para Juiz do Trabalho, aplicação em 24/11/2003, questão nº 99, alternativa “e” (correta era a alternativa “a”).] [71: [71] “Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato. § 1o A deliberação em assembleia será obrigatória se o número dos sócios for superior a dez. (...)”
] 
O Código Civil estabelece quorum de deliberação para certas matérias. São eles:
Exige unanimidade dos sócios as seguintes matérias:
designação de administrador que não seja sócio, se o capital social não estiver integralizado (art. 1.061)
Exige votos referentes a pelo menos três quartos do capital social as seguintes matérias:
modificação do contrato social (exceto no tocante a destituição de administradores, art. 1.063, § 1º);
incorporação, fusão, cisão[footnoteRef:72] ou dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação; [72: [72] "Art. 1.076 c/c 1.071: O quorum mínimo para a deliberação da cisão da sociedade limitada é de três quartos do capital social.” (Enunciado nº 227, aprovado na III Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça Federal em dezembro/2004, válido como doutrina)] 
Foi considerado correto afirmar que “As deliberações dos sócios que visem modificar o contrato social nas sociedades limitadas serão tomadas, em regra, por 3/4 do capital social”.[footnoteRef:73] [73: [73] VUNESP/OAB-PI – Exame de Ordem – aplicação em 13/3/2005, prova nº 1, questão nº 24, alternativa “c”.] 
É correto dizer que “As deliberações dos sócios, nas sociedades limitadas, serão tomadas com quorum de no mínimo 3/4 do capital social para a modificação do contrato social, a incorporação, a fusão, a dissolução da sociedade ou a cessão do estado de liquidação”.[footnoteRef:74][74] [74: [74] OAB – Paraná - 1º Exame de Ordem de 2004 – Questão nº 31, alternativa “d”.] 
Exige dois terços do capital social as seguintes matérias:
designação de administradores não sócios, se o capital social estiver integralizado (art. 1.061);
destituição de administrador que seja sócio, nomeado no contrato social, salvo disposição contratual em sentido diverso (art. 1.063, § 1º).
É errado dizer que “Se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios após a integralização do capital social”.[footnoteRef:75][75] A unanimidade será exigida apenas se o capital não estiver totalmente integralizado. [75: [75] OAB – Paraná - 1º Exame de Ordem de 2004 – Questão nº 31, alternativa “a” (correta era a alternativa “d”).] 
Exige mais da metade do capital social (note-se bem: mais da metade do capital social e não dos presentes: maioria absoluta, portanto!) as seguintes matérias, de acordo com as regras estabelecidas no novo Código Civil:
designação dos administradores que sejam sócios, por ato em separado (art. 1.071, II c.c. art. 1.076, II, ambos do novo Código Civil);
destituição dos administradores que não sejam sócios (art. 1.071, III c.c. art. 1.076, II, ambos do novo Código Civil);
destituição de administradores que sejam sócios, mas tenham sido designados administradores por ato em separado (art. 1.071, III c.c. art. 1.076, II, ambos do novo Código Civil);
modo de remuneração dos administradores, quando não estabelecido no contrato (se estiver estabelecido no contrato, será necessário alterar o contrato, hipótese em que serão exigíveis três quartos do capital social);
o pedido de “concordata” (avalio que, com a nova Lei de Falências, isso aplica-se à recuperação judicial).
Dica para gravar as regras de designação e destituição de administradores (note-se que o contrato social pode dispor de forma diferente!):
o mais difícil de todos, é designar administrador que não seja sócio quando o capital social não foi integralizado: é preciso unanimidade;
para designar administrador que não seja sócio, mas com capital integralizado, é difícil, mas não muito: são necessários dois terços do capital social;
para designar administrador por ato separado, mas que seja sócio, é mais fácil: basta mais da metade do capital social;
para destituir administrador que não seja sócio, é mais fácil do que para designá-lo: basta mais da metade do capital social;
para destituir administrador que seja sócio, mas tenha sido designado por ato em separado, vale a mesma regra: basta mais da metade do capital social;
(ou seja, se o administrador for nomeado por ato em separado, não é relevante se é sócio ou não para fins de destituição...)
para destituir administrador que seja sócio e tenha sido designado administrador no contrato social, é um pouco mais difícil: são necessários dois terços do capital social.
Além disso tudo, pode o contrato social dispor que certas matérias exigem quorum mais elevado. 
Fora dessas hipóteses, porém, as deliberações são tomadas por maioria simples, computando-se apenas os votos dos presentes na reunião ou assembleia (art. 1.076, III).
É errado dizer que “Os membros de Hábil Serviços Gerais Ltda., sociedade constituída por 25 sócios, decidiram promover a destituição do sócio administrador, o qual fora nomeado pelo contrato social, em razão de que este praticou vários atos ilícitos. Nessa situação, essa deliberação deverá ser tomada em assembleia, observada a quantidade de votos correspondente a, no mínimo, 3/4 do capital social”.[footnoteRef:76] Está correto dizer que a destituição deve ser feita em assembleia, pois a sociedade tem mais de dez sócios?. Porém, está errado o quorum, pois a teor do art. 1.063, § 1º, do novo Código Civil, bastam dois terços do capital social. [76: [76] CESPE/UNB – Concurso Público/Promotor de Justiça do Estado do Mato Grosso – aplicação em 15/1/2005, questão nº 52.] 
A alteração do contrato social, a fusão da sociedade, a incorporação da sociedade em outra (ou vice-versa), enseja o direito de recesso do sócio que tiver dissentido, com prazo decadencial de trinta dias, contado a partir da data da reunião, a teor do art. 1.077 do novo Código Civil.[footnoteRef:77] Pelo direito de recesso, o sócio receberá da sociedade os seus haveres, que serão apurados em balanço especial, de acordo com a situação patrimonial da sociedade, tomando-se como base a data da saída do sócio (art. 1.077 c.c. art. 1.031). [77: [77] “Art. 1.077. Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade, nos trinta dias subsequentes à reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato social antes vigente, o disposto no art. 1.031.”] 
É errado dizer que “a dissolução parcial vem sendo admitida pela doutrina, mas quando se tratar do direito de recesso, deve ser total”.[footnoteRef:78] Muito ao revés, por ocasião do direito de recesso, há a saída do sócio que tiver discordado da decisão da maioria, mas a sociedade continuará a existir. [78: [78] TJDF – Concurso Público para Juiz de Direito, aplicação em 4/7/2004, questão nº 68, alternativa “a” (o enunciado da questão pedia para assinalar a alternativa errada).] 
4.7.Cessão de quota.
Pode o sócio ceder (vender, doar, dar em pagamento, transmitir por herança etc) suas quotas sociais? O contrato social deverá dispor a respeito da possibilidade de cessão de quota social a quem seja e a quem não seja sócio.
Na omissão do contrato, o sócio de uma sociedade limitada pode ceder suas quotas livremente a quem seja sócio, independente do consentimento dos demais sócios, bem como a terceiro que não seja sócio, desde que não exista oposição de titulares de mais de um quarto do capital social (art. 1.057, caput, do novo Código Civil).
As quotas serão adquiridas por outros

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