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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA Meu nome é Carlos Alberto Marinheiro. Sou mestre em Bioengenharia pela Interunidades (EESC, IQSC e FMRP) da USP, especialista em Geometria Analítica, Métodos e Procedimentos Didáticos, Metodologia e Técnicas de Ensino e Metodologia do Ensino da Matemática e formado em Matemática e em Pedagogia pelo Centro Universitário Claretiano (Batatais – SP), bem como em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Moura Lacerda (Ribeirão Preto – SP). Atuo como professor nas áreas de Metodologia da Pesquisa Científica, Desenho Geométrico e Geometria Descritiva, Ensino da Matemática através da Resolução de Problemas, Biofísica, Administração de Produção e Estatística Aplicada em diversos cursos de Graduação e como professor de Metodologia da Pesquisa Científica e de Tópicos de Educação Matemática na Educação a Distância. Sou, também, coordenador da CPA (Comissão Própria de Avaliação) e coordenador geral do PARFOR – Plataforma Freire –, com convênio com a CAPES/MEC. E-mail: marinheiro@claretiano.edu.br Meu nome é Everton Luis Sanches. Sou professor de História, diretor de teatro amador, ator e dramaturgo. Trabalhei com TV e vídeo. Em meu mestrado e doutorado, realizados no curso de História e Cultura da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Franca-SP, pesquisei a mensagem deixada por Charles Chaplin em seus filmes e sua relação com o período histórico. E-mail: evertonsanches@zipmail.com.br Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br Meu nome é Rafael Menari Archanjo. Sou mestre em Linguística pela Universidade de Franca (UNIFRAN), especialista em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação – e graduado em Letras pelo Claretiano – Centro Universitário. Atuo como coordenador geral de pesquisa e iniciação científica da instituição, onde também sou coordenador e editor chefe das revistas científicas, e membro titular do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/Claretiano). Atuo também como professor de Literatura no ensino médio, do Claretiano – Colégio São José. Minhas pesquisas atuais estão voltadas à Ciência Linguística, especificamente inseridas nas linhas do discurso e do texto. E-mail: coordpesquisa@claretiano.edu.br Carlos Alberto Marinheiro Everton Luis Sanches Rafael Menari Archanjo Batatais Claretiano 2016 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA © Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) ISBN INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Metodologia da Pesquisa Científica Versão: fev./2016 Formato: 15x21 cm Páginas: 158 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 12 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 13 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 14 UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 19 2.1. O ARTIGO CIENTÍFICO NO CONTEXTO DO CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO: NORMAS GERAIS ......................................................... 20 2.2. MODALIDADES DE PESQUISA................................................................. 22 2.3. PESQUISA COM SERES HUMANOS ........................................................ 27 2.4. NOÇÕES DE ESCRITA ACADÊMICA ......................................................... 40 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 57 3.1. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA .................................................... 58 3.2. PESQUISAS COM SERES HUMANOS ...................................................... 58 3.3. ESCRITA ACADÊMICA .............................................................................. 59 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 60 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 61 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 62 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 63 UNIDADE 2 – PROJETO DE PESQUISA II 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 67 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 68 2.1. A QUESTÃO DO PROBLEMA NA PESQUISA (BASE EPISTEMOLÓGICA) 68 2.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA ......................................................................... 71 2.3. CONTEXTUALIZAÇÃO/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................. 76 2.4. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 78 2.5. CONSTRUÇÃO DA JUSTIFICATIVA .......................................................... 84 2.6. OBJETIVOS .............................................................................................. 86 2.7. METODOLOGIA ........................................................................................ 88 2.8. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 89 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 96 3.1. A QUESTÃO DO PROBLEMA NA PESQUISA (BASE EPISTEMOLÓGICA) 96 3.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA ......................................................................... 97 3.3. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 97 3.4. CONSTRUÇÃO DA JUSTIFICATIVA .......................................................... 98 3.5. OBJETIVOS ............................................................................................... 98 3.6. METODOLOGIA........................................................................................ 99 3.7. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 101 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 101 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 106 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 106 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 108 UNIDADE 3 – ARTIGO CIENTÍFICO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 111 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 111 2.1. ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO .................................................... 111 2.2. QUESTÕES CRUCIAIS DO TEXTO ACADÊMICO: CITAÇÕES E PLÁGIO .. 134 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 150 3.1. ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO .................................................... 150 3.2. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 152 3.3. DESENVOLVIMENTO ............................................................................... 153 3.4. CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................ 153 3.5. PLÁGIO ..................................................................................................... 153 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 154 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 156 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 156 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 157 9 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Métodos e técnicas de pesquisa e iniciação ao Projeto de Pesquisa. Projeto de pesquisa II. Artigo científico. Bibliografia Básica DEMO, P. Introdução a metodologia da ciência. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1987. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Bibliografia Complementar CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. ECO, H. Como se faz uma tese. 13. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. GOLDSTEISN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: o texto e a escrita na universidade. São Paulo: Ática Universidade, 2009. OLIVEIRA, M. M. Como fazer projetos, relatórios, monografias, dissertações e teses. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. PÁDUA, E. M. M. Metodologia da pesquisa – abordagem teórico-prática. 10. ed. rev. atual. Campinas: Papirus, 2004. 10 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se- lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu- ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató- rios, para efeito de avaliação. 11© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Nesta obra serão abordados os principais aspectos do es- tudo científico com o intuito de possibilitar a você, como aluno de graduação, a elaboração de seu Projeto de Pesquisa (Plano de Texto) e seu Artigo Científico, seja para atender o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em cursos em que este é obrigató- rio segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), se for o seu caso; seja para propiciar a você uma experiência acadêmica substancial com relação à produção de conhecimento, caso você esteja vinculado a um curso que não tem TCC obrigatório. Para alcançar tal objetivo, serão tratados, ao longo das três unidades, as normas, a linguagem e os critérios previstos para a elaboração de um trabalho científico/acadêmico, as informações sobre a escrita do projeto e do artigo científico, bem como os aspectos gerais acerca daquilo que se pretende ao realizar um trabalho dessa natureza. Nesse sentido, procuramos dar ênfase à importância do desenvolvimento do pensamento científico e a como ele pode ser organizado em uma escrita coesa e fluente, alertando para algumas “armadilhas” ou elementos comuns que podem dificul- tar o trabalho do pesquisador iniciante e também do pesquisa- dor mais experiente. Os vídeos e textos indicados ao final de cada uma das uni- dades também são importantes ferramentas para situar você no universo da produção científica, apresentando formas diversas para realizar seus estudos e dicas que podem facilitar o trabalho de coleta de dados ou a pesquisa bibliográfica. Considerando o tempo abreviado para a realização do Pro- jeto de Pesquisa (Plano de Texto) e do Artigo Científico, ambos 12 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO a serem desenvolvidos sequencialmente em Metodologia da Pesquisa Científica, sua dedicação é fundamental. A leitura aten- ta de cada um dos capítulos e a realização adequada de todas as atividades permitirá que você conclua satisfatoriamente mais essa etapa de seus estudos. Um dos fatores cruciais para o bom aproveitamento dessa etapa é a compreensão da relevância da realização autêntica de sua pesquisa, evitando, assim, as sanções pertinentes àqueles que ainda insistem na realização do plágio. Estes e outros assuntos igualmente importantes serão ana- lisados mais profundamente ao longo das unidades. Desejamos que você explore ostensivamente todo o conteúdo disponibiliza- do, acesse os materiais indicados e tenha um excelente aprovei- tamento dos referenciais e conceitos aqui tratados. Bons estudos! 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí- nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci- mento dos temas tratados. 1) Artigo científico: para Marconi e Lakatos (1983), os artigos científicos são publicações em revistas ou pe- riódicos. Neles são detalhados estudos que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas não chegam a se constituir em matéria de um livro. Os artigos científicos diferem das monografias pela sua reduzida dimensão e pelo conteúdo. 13© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 2) Ciência: estudo de “problemas”, em que se utilizam métodos, técnicas e procedimentos científicos. Co- nhecimento racional, sistemático e verificável. Pro- cura metódica do saber. 3) Conhecimento científico: podemos dizer que conhe- cimento científico é o conhecimento pela demons- tração. Para que o conhecimento seja científico, de- vemos seguir métodos e técnicas, de forma que haja controle e sistematização do processo. 4) Metodologia científica:a metodologia científica for- nece os métodos e técnicas necessários para que a pesquisa tenha caráter científico. Ela padroniza os métodos e as técnicas dos trabalhos científicos, to- mando como base os estudos científicos já realiza- dos na área específica em que o pesquisador está situado. 5) Projeto de Pesquisa: é um documento escrito com a função de explicitar o planejamento de uma pesquisa científica. De uma maneira mais ampla, significa todo o processo de pesquisa, ou seja, planejamento, exe- cução e, por último, a elaboração do produto final de sua pesquisa (relatório de pesquisa demonstrando os resultados, artigo científico, monografia, dissertação ou tese). 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei- tos mais importantes deste estudo. 14 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Metodologia da Pesquisa Científica. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ECO, U. Como se faz uma tese. 13. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1983. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002. 15 UNIDADE 1 MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Objetivos • Compreender as normas gerais do Artigo Científico, no contexto do Clare- tiano – Centro Universitário. • Tomar conhecimento das modalidades de pesquisa. • Aprender alguns dos pressupostos para a construção do Projeto de Pesquisa. • Assimilar as orientações indispensáveis para uma pesquisa com seres humanos. • Dominar as técnicas gerais da escrita acadêmica. Conteúdos • O Artigo Científico no contexto do Claretiano – Centro Universitário. • Modalidades de pesquisa. • Pesquisa com Seres Humanos. • Noções de Escrita Acadêmica. 16 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Os conteúdos descritos nesta unidade permitem o entendimento dos procedimentos de pesquisa perti- nentes a qualquer trabalho científico. Desse modo, é importante estar atento para a aplicação desses pro- cedimentos à sua área específica, adaptando alguns detalhes, caso seja necessário. 2) A metodologia deve servir de instrumento para aquele que pergunta, e não ser mais um obstáculo a ser venci- do. O método é uma ferramenta. Como qualquer outra ferramenta, você deve aprender a manuseá-la. Após aprender o seu manejo, o método facilitará seu cami- nho de pesquisa. 3) Tome conhecimento da sistemática do Artigo Científi- co no contexto do Claretiano – Centro Universitário. Lembre-se de que ele é uma das condições indispensá- veis para a conclusão do curso. 4) Todo texto deve estar adequado à sua esfera de co- municação. Na confecção do Projeto de Pesquisa e do Artigo Científico, você deverá empregar a linguagem característica do gênero acadêmico, além de obser- var e cumprir cuidadosamente suas regras. Consulte o conteúdo (tópico “2. 4 Noções de Escrita Acadêmica”) não somente para atender à necessidade da presente unidade, mas durante toda construção do Projeto de Pesquisa e na redação do Artigo Científico. 17© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas no Conteúdo Digital Inte- grador. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o en- gajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) Acesse regularmente o SGA-SAV (ou Sala de Aula Vir- tual, se considerar mais fácil), e utilize as ferramen- tas que estão à disposição. Elas foram desenvolvidas para promover a interação entre você, tutores e co- legas de curso, contribuindo para o sucesso de sua aprendizagem. 3) Os conteúdos descritos nesta unidade permitem o entendimento de procedimentos de pesquisa perti- nentes a qualquer trabalho científico. Desse modo, é importante estar atento para a aplicação desses con- teúdos à sua área específica, adaptando alguns por- menores, caso seja necessário. 4) Todo trabalho de pesquisa é um exercício de persistên- cia e humildade. Por isso, mantenha a sua persistência durante o estudo e esteja sempre aberto às novidades que poderão surgir durante a sua pesquisa. 5) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador. Eles serão imprescindíveis para esclarecer questões que talvez lhe tragam mais dificuldade. 18 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA 19© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA 1. INTRODUÇÃO Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo? Você está pronto? Daremos, então, os primeiros passos. No decorrer do estudo desta unidade será detalhada parte dos passos necessários para a realização do Projeto, o momento de início da pesquisa, e que será essencial para a sequência do processo: a escrita do Artigo Científico. Esses passos constituem um caminho comum que poderá ser aplicado em diversos tipos de trabalhos científicos e que, uma vez assimilado, poderá ser usado sempre que você for realizar uma pesquisa, tomando o pensamento científico como guia. Aqueles que não têm experiência quanto à realização de um trabalho de iniciação científica terão a oportunidade de conhecer os critérios que definem um trabalho científico-acadêmico. Os que já realizaram esse tipo de pesquisa anteriormente poderão rever alguns pontos fundamentais a esse respeito e aprofundar os seus conhecimentos realizando um novo trabalho de pesquisa, agora em nível um pouco mais avançado – além de conhecer como os pressupostos básicos de um Projeto de Pesquisa e de um Artigo Científico foram adaptados ao modelo do Claretiano – Centro Universitário. Portanto, a leitura atenta e o cumprimento das atividades é indispensável a todos os alunos! Vamos lá! 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su- cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 20 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú- do Digital Integrador. 2.1. O ARTIGO CIENTÍFICO NO CONTEXTO DO CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO: NORMAS GERAIS Antes de tratarmos de métodos e técnicas de pesquisa, si- tuaremos você no contexto do Artigo Científico exigido na pre- sente disciplina. Você chegou a mais uma etapa decisiva de sua formação acadêmica. Este estudo, que compõe a grade curricular do seu curso de Graduação, tem alcance transversal. Isso significa que, apesar do estudo ter um fim em si mesmo, os conceitos traba- lhados em seu escopo tendem a contribuir para outras áreas de estudo de seu curso, além de pesquisas atuais e futuras. Ainda que você não tenha a intenção de seguir carreira acadêmica, as discussões acerca do método científico e da cons- trução do conhecimento acadêmico contribuirão para que você tenha um novo olhar em relação à vida social. Um olhar que não seja ordinário, e sim mais consciente para as tomadas de posição responsivas exigidas pelo convívio em sociedade. Com esse intuito, começaremos com as regras básicas que você deverá seguir ao longo desse trajeto. A partir deste momento, elucidaremos outras normas a se- rem seguidas durante sua realização. Segundo Regimento da Coordenadoria Geral de Pesquisa e Iniciação Científica (CPIC, 2013), o Artigo Científico: 21© METODOLOGIADA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA 1) Deve ser desenvolvido dentro da disciplina Metodolo- gia da Pesquisa Científica. O não cumprimento do pra- zo estabelecido acarretará dependência. 2) Deve ser construído gradativamente por meio da in- teração entre orientando (aluno) e orientador (tutor). Isso significa que a construção do trabalho passa por etapas de comunicação entre aluno (autor) e tutor (coautor) até ser considerado concluído e apto a ser apresentado. Orientandos que postarem o trabalho concluído, ou mesmo próximo à data de encerramen- to, sem interações periódicas com o orientador, não aproveitando adequadamente o período de orienta- ção, poderão ter o trabalho reprovado. 3) Necessita ser concebido em interação periódica junto a seu orientador, por intermédio do Portfólio do SGA- -SAV. Trabalhos encaminhados por outras ferramentas, como a Lista, ou por Correio Eletrônico (e-mail) não se- rão aceitos. 4) Deve abordar um tema ligado “[...] à realidade nacio- nal e/ou regional, pertinente à área de conhecimento na qual se insere o curso e suas respectivas linhas de pesquisa [...]” (CPIC, 2013, p. 2). Em outras palavras: o tema abordado deve estar em consonância com a área de abrangência do curso. Norma –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Cabe ao aluno seguir as orientações do Tutor da disciplina. Qualquer mudança em relação ao trabalho deverá ser efetuada em comum acordo. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Na instituição, dentre as maiores causas de reprovação do Artigo Científico, destacamos algumas, a saber: 22 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA 1) O não aproveitamento das atividades e leituras do es- tudo, levando à não conclusão do Artigo Científico. 2) O envio do trabalho concluído, sem ter sido construí- do por meio de interações periódicas com o tutor da disciplina. 3) Cópia parcial ou total de outros trabalhos sem a devida referência (plágio). 4) Identificação de trabalho comprado. 5) Conclusão parcial ou inadequada do artigo científico, que configura o não atendimento dos critérios mí- nimos para que o trabalho seja considerado apto à apresentação. Plágio –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A temática do plágio será abordada na Unidade 3 (tópico “2.2. Questões do texto acadêmico: citações e plágios”). No entanto, você deverá fazer uma leitura atenta do conteúdo citado para a realização das atividades das Uni- dades 1 e 2, momento em que o Projeto de Pesquisa (Plano de Texto) será desenvolvido. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2.2. MODALIDADES DE PESQUISA A pesquisa científica pode ser realizada de acordo com cri- térios específicos, com diferentes maneiras de pesquisar e tam- bém com formas de apresentação específicas. Sendo assim, há várias classificações ou modalidades possíveis para a pesquisa científica. De acordo com Gil (2007, p. 41) “[...] toda e qualquer clas- sificação se faz mediante algum critério. Com relação às pesqui- sas, é usual a classificação com base em seus objetivos gerais”, isto é, com base no resultado que deseja alcançar com sua pes- 23© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA quisa. Essa classificação diz respeito ao marco teórico e permite a organização dos conceitos que você utilizará ao longo do cami- nho da pesquisa. Todavia, esta não constitui a única maneira de classificar uma pesquisa. Podemos, também, “[...] analisar os fatos do pon- to de vista empírico, para confrontar a visão teórica com os da- dos da realidade” (GIL, 2007, p. 43) e, desse modo, classificar a pesquisa conforme seu delineamento, ou seja, o tipo de organi- zação e planejamento, as ações do pesquisador, a forma como irá fazer o seu levantamento de informações e, consequentemente, o caminho que seguirá para analisar tais informações. Por essa perspectiva, teremos que delinear modalidades específicas de pesquisa para usar como critério para tal definição os procedi- mentos técnicos utilizados. Conforme a política do Claretiano, as modalidades de pes- quisa pertinentes a um artigo científico são: artigo científico de revisão bibliográfica, artigo científico de pesquisa de campo, relato de experiência e estudo de caso. Cada uma dessas moda- lidades pode ser entendida da seguinte maneira: Artigo Científico de Revisão Bibliográfica – é o resultado de uma investigação bibliográfica que procura explicar um problema com base em referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. A pesquisa bibliográfica é meio de forma- ção por excelência e constitui o procedimento básico para os estudos, pelos quais se busca o domínio sobre determinado tema. Artigo Científico de Pesquisa de Campo – é o resultado de uma investigação em que o aluno assume o papel de observador e explorador, coletando os dados diretamente no local (campo) em que se deram ou surgiram os fenômenos. Portanto, o tra- balho de campo caracteriza-se pelo contato direto com o fenô- meno de estudo. 24 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Relato de Experiência – divulgação de experiências profissio- nais e/ou acadêmicas desenvolvidas ou em andamento que, por suas propostas, tragam contribuições para a área na qual o aluno se insere. Estudo de Caso – é a pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo de seu universo, a fim de se examinarem aspectos variados relaciona- dos à sua vida. Vamos entender um pouco mais sobre cada uma dessas modalidades. Uma das questões frequentes trata da diferença entre pesquisa de campo, estudo de caso e relato de experiên- cia. Para alguns alunos, essas três modalidades podem ser bas- tante parecidas. Vamos analisar, de maneira pontual, quais as suas peculiaridades. De acordo com Gil (2007, p. 43), na divisão em modalida- des que se faz a partir do delineamento, o principal critério con- siderado é o “[...] procedimento adotado para a coleta de dados”. Analisando a proposta do Claretiano – Centro Universitá- rio, temos que a pesquisa de campo, o relato de experiência e o estudo de caso envolvem o contato direto do pesquisador com o seu objeto de estudo. Contudo, em cada uma dessas modalida- des, esse contato é realizado de forma distinta. No relato de experiência, o pesquisador é parte da situa- ção pesquisada, ou seja, está diretamente envolvido com o obje- to de estudo. Desse modo, os dados serão coletados a partir de uma experiência específica, vivenciada pelo pesquisador. É essa vivência que trará as informações que serão devidamente orga- nizadas conforme os critérios da análise científica. O estudo de caso, por sua vez, é realizado a partir das in- formações referentes a um caso do qual o pesquisador não faz 25© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA parte, ou seja, não se trata da experiência ou da vivência profis- sional do pesquisador. As informações coletadas dirão respeito a um caso específico que o pesquisador acompanha “de fora” e sobre o qual tratará em sua pesquisa. Da mesma maneira que no relato de experiência, é necessário dar um tratamento científico para as informações analisadas a partir do estudo de caso e a impessoalidade na escrita é fundamental para lidar com as infor- mações coletadas. E a pesquisa de campo? Como funciona? Podemos consi- derar que as duas modalidades anteriores envolvem pesquisa de campo, porém não são caracterizadas como tal por se tratarem de pesquisas vinculas a um caso específico (estudo de caso) ou por referirem-se à vivência de seu autor (relato de experiência). O que define a Pesquisa de Campo é a coleta direta das informa- ções, seja pormeio de observação, seja por meio de aplicação de questionários etc. Pode referir-se a fenômenos gerais, obser- váveis em diferentes contextos e, por isso, não caracterizando as modalidades de pesquisa anteriores. Todavia, resta entendermos um pouco mais sobre o artigo científico de revisão bibliográfica. Nessa modalidade, o trabalho consiste em fazer o levantamento das informações a partir do suporte escrito, que pode ser composto de livros e revistas cien- tíficas, documentos a respeito de seu objeto de estudo ou de- mais produções de nível acadêmico e oficial (dados estatísticos ou informações de institutos de pesquisa, instituições do gover- no etc.). A partir da leitura desses textos, o pesquisador faz uma triagem daquilo que precisará utilizar para tratar do tema de sua pesquisa, e demonstra como tal assunto vem sendo abordado, quais são as divergências ou convergências, possíveis pontos que ainda não foram bem esclarecidos etc. Assim, ele fará aquilo que Umberto Eco (2008, p. 02-03) chama de compilação: 26 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Numa tese de compilação, o estudante apenas demonstra ha- ver compulsado criticamente a maior parte da “literatura” exis- tente (isto é, das publicações sobre aquele assunto) e ter sido capaz de expô-Ia de modo claro, buscando harmonizar os vários pontos de vista e oferecendo, assim, uma visão panorâmica in- teligente, talvez útil sob o aspecto informativo mesmo para um especialista do ramo que, com respeito àquele problema espe- cífico, jamais tenha efetuado estudos aprofundados. Na Graduação o intuito está longe de construir uma tese, mas sim um Artigo Científico – o que diminui consideravelmen- te o nível de complexidade. Porém, a sistemática acaba sendo a mesma apontada por Eco (2008): análise crítica da literatura consultada sobre o assunto e construção de uma abordagem consistente sobre o objeto de estudo, ainda que não seja “dita” nenhuma novidade ao seu respeito. Atenção! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O “objeto de estudo” corresponde ao “que” será analisado na pesquisa. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A revisão bibliográfica também é necessária para a execu- ção de todas as modalidades de pesquisa científica que estuda- mos anteriormente. Isso porque qualquer pesquisa deve sempre partir de leitura prévia que permita estabelecer critérios de aná- lise e mesmo os procedimentos de sua realização, seja na busca de informações sobre um caso específico, para a reflexão qua- lificada de sua experiência profissional ou para a formatação e análise de um questionário aplicável a uma pesquisa de campo. 27© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Importante –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O entendimento da área em que você está realizando o seu estudo também depende diretamente da revisão bibliográfica, que deverá fornecer as linhas de estudo existentes e a aplicação de cada uma delas, delimitando qual será aquela que você irá adotar, assim como a utilidade de seu estudo diante daqui- lo que já foi produzido a respeito. Como afirmou Eco (2008, p. 03) “[...] a compi- lação pode constituir um ato de seriedade da parte do jovem pesquisador que, antes de propriamente iniciar a pesquisa, deseja esclarecer algumas idéias, documentando-se bem”. Por esse motivo, sempre indicamos aos alunos a rea- lização de artigo científico de revisão bibliográfica, uma vez que a pesquisa e o estudo qualificados da bibliografia podem oferecer grandes possibilidades da realização de um trabalho simples e autêntico, além de ser mais viável dentro do tempo disponível para a sua execução. Outro fator favorável da revisão bi- bliográfica é a isenção de algumas questões éticas que podem estar presentes nas demais modalidades de pesquisa. Devido a essa importância, trataremos, no próximo item, das questões ine- rentes à uma pesquisa com seres humanos e da sistemática de atuação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2.3. PESQUISA COM SERES HUMANOS Como citado no item anterior, a ética é imprescindível em qualquer atividade acadêmica. A partir deste momento, orien- taremos você especificamente sobre a ética em pesquisa com seres humanos. A principal função de um Comitê de ética em pesquisa com seres humanos é assegurar o direito à liberdade e garantir a proteção ao sujeito (voluntário da pesquisa), isto é, à pessoa humana que venha, eventualmente, a participar direta ou indi- retamente de alguma pesquisa. Compreende-se que “[...] todo o progresso e seu avanço devem, sempre, respeitar a dignidade, a liberdade e a autonomia do ser humano” (BRASIL, 2013, p. 1). Podemos encontrar uma correspondência a essa preocupação 28 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA na Missão do Claretiano – Centro Universitário, a qual é nortea- da pelo “[...] compromisso com a vida”, na observação dos “[...] valores éticos” (MISSÃO E PROJETO EDUCATIVO, 2007, p. 11). Para sua informação, esclarecemos que nem sempre foi assim. Na história da pesquisa, ocorreram uma série de trans- gressões aos direitos básicos da pessoa, que não foram apura- dos, ou mesmo, quando apurados, ficaram impunes. Tais acon- tecimentos motivaram a discussão e elaboração de três marcos regulatórios com o intuito de reprimir as práticas inadequadas em pesquisas com pessoas, com o intuito de garantir a estas dig- nidade e autonomia. Os marcos regulatórios a que nos referimos foram: o Códi- go de Nuremberg (1947), a Declaração de Helsinque (1964) e as Diretrizes Internacionais para Pesquisas Biomédicas envolvendo Seres Humanos (1982). O Código de Nuremberg, por exemplo, atesta que: “[...] as pessoas que serão submetidas ao experimen- to devem ser legalmente capazes de dar consentimento” e de “[...] exercer o livre direito de escolha sem qualquer intervenção de elementos de força, fraude, mentira, coação, astúcia ou ou- tra forma de restrição posterior” (TRIBUNAL INTERNACIONAL DE NUREMBERG, 1947, n.p.). Importante! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Note que um voluntário somente pode dar seu consentimento em participar de uma pesquisa se for maior de 18 anos e tiver condições cognitivas e au- tônomas de declarar conscientemente sua participação de livre e espontânea vontade. Em caso de pesquisa com crianças e/ou adolescentes, ou mesmo com alguma pessoa incapaz de dar tal consentimento, a autorização deve ser assinada pelo responsável! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Toda pesquisa que envolva seres humanos, antes da cole- ta de dados, necessita ser avaliada e aprovada por um Comitê 29© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA de Ética em Pesquisa vinculado à instituição de sua realização, no nosso caso específico, ao Claretiano. Logo, se você optar por um estudo dessa natureza, precisará confeccionar seu Projeto de Pesquisa, atendendo a uma estrutura mais aprofundada do que a exigida na atividade da disciplina, enviá-lo para a avaliação do comitê, para, somente em caso de aprovação, realizar os pro- cedimentos diretos ou indiretos que envolvam pessoas. Perceba como é sério. A instituição conta com a atividade de um comitê desde dezembro de 2009. Trata-se do CEP/CLARETIANO – responsável pela avaliação dos Projetos de Pesquisa com seres humanos rea- lizados na instituição. Norma Institucional ––––––––––––––––––––––––––––––––– Fica estritamente proibida a realização de trabalhos de pesquisa com seres hu- manos sem autorização prévia do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Caso condutas que contrariam essa normativa sejam identificadas, o autor es- tará sujeito a reprovação do Artigo Científico – oque implicará o cumprimento do respectivo componente curricular em regime de dependência no semestre subsequente, com pagamento de taxa administrativa padrão. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Definição de pesquisa com seres humanos Importa-nos saber, de imediato, qual é a definição adequa- da de “pesquisa com seres humanos”. Nota-se que há certa con- fusão quanto a esse parâmetro. É corrente reduzir a compreen- são de “pesquisa com seres humanos” aos estudos que tenham influência direta na saúde física do voluntário da pesquisa. Entre- tanto, a definição é consideravelmente mais abrangente. Conforme delimitação conceitual elaborada pela Comis- são Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), contida no Manual 30 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Operacional para Comitês de Ética em Pesquisa, que atende à Resolução CNS n.º 466/12, “pesquisas com seres humanos” são aquelas: [...] realizadas em qualquer área do conhecimento e que, de modo direto ou indireto, envolvam indivíduos ou coletividades, em sua totalidade ou partes, incluindo o manejo de informa- ções e materiais. [...] também são consideradas pesquisas en- volvendo seres humanos as entrevistas, aplicações de questio- nários, utilização de banco de dados e revisões de prontuários (CONEP, 2008, p. 27, grifo nosso). Portanto, compreende-se como “pesquisas com seres hu- manos” qualquer projeto e/ou atividade de pesquisa que envolva pessoas, seja de apenas uma pessoa ou coletivamente, havendo contato direto com o participante ou por meio de informações indiretas sobre ela. Como exemplos mais claros de informações indiretas so- bre seres humanos podemos citar: entrevistas, pesquisas de opi- nião, questionários, acesso a prontuários, filmagens, fotografias ou gravações em áudio ou vídeo, observação a distância, testes ou ensino com exercícios corporais, jogos ou brincadeiras, inges- tão de alimentos etc. Devido ao curto prazo para o desenvolvimento do Artigo Científico, bem como à relação de documentos necessária para submissão do Projeto de Pesquisa à avaliação do Comitê, reco- mendamos que você opte por desenvolver um artigo de revisão bibliográfica, ou mesmo artigo de pesquisa de campo que não envolva seres humanos. Contudo, caso tenha interesse em tra- balhar com dados de pessoas, você deverá seguir os passos cita- dos nos próximos subitens. Se você decidir formular um Projeto de Pesquisa com seres 31© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA humanos, deverá levar em conta que será necessário se debru- çar profundamente sobre os referenciais teóricos que balizarão o seu Projeto de Pesquisa. Vejamos o que a Resolução CNS 196/96 (apud CONEP, 2008, p. 34, com destaque nosso) orienta, por in- termédio do item VII. 14: [...] a revisão ética de toda e qualquer pesquisa envol- vendo seres humanos não poderá ser dissociada de sua análi- se científica. Não se justifica submeter seres humanos a riscos inutilmente e toda pesquisa envolvendo seres humanos envolve risco (Res. CNS 196/96-V). Se o projeto de pesquisa for inade- quado do ponto de vista metodológico, é inútil e eticamente inaceitável. Percebeu a seriedade? Contextualizando em linhas ge- rais a orientação supracitada, podemos entender que, para ser aprovado pelo comitê, além do atendimento de todas as devidas considerações éticas, que serão tratadas logo mais, seu projeto deverá apresentar uma consistente revisão teórica, que sustente o tema delimitado e os objetivos a serem alcançados, apoiados, ainda, em uma metodologia minuciosamente descrita e perti- nente ao problema da pesquisa e ao que será analisado (cor- pus). Importante! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Você deve estar preocupado com a quantidade de detalhes apresentados. En- tretanto, cada item do Projeto de Pesquisa será abordado de maneira especí- fica e didática nas próximas unidades. De qualquer forma, sugerimos que aproveite o tempo e comece a refletir sobre um possível tema para seu Artigo Científico, uma vez que, na próxima unidade, você deverá obriga- toriamente escolher um. Lembre-se: nossa sugestão é que você desen- volva uma pesquisa que não envolva dados diretos e indiretos de seres humanos, conforme os conceitos já trabalhados. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 32 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Envio do Projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa De acordo com determinação da Comissão Nacional de Éti- ca em Pesquisa (Conep), com base na carta nº 327/2011/CONEP/ CNS/MS, a partir de 2012, a submissão e apreciação de pesqui- sas com seres humanos deverá ser feita por meio da Platafor- ma Brasil. Trata-se de uma ferramenta desenvolvida pela equipe técnica do Conselho Nacional de Saúde (CNS) com o intuito de regularizar e acompanhar com mais proximidade as atividades dos mais de 600 CEPs distribuídos no território nacional. Desse modo, se você optar por uma pesquisa com seres hu- manos, deverá acessar o site da Plataforma Brasil (BRASIL, 2015) e se cadastrar no sistema. Por meio dele, além de enviar seu Pro- jeto de Pesquisa ao comitê, você poderá acompanhar os trâmi- tes da análise e receber o parecer correspondente à avaliação. Importante –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Caso você tenha compreendido o conceito de pesquisa com seres humanos aqui referenciado, e já tenha em mente que realizará uma pesquisa que não envolva, direta ou indiretamente, dados de pessoas, você não precisará fazer a leitura das páginas seguintes da presente unidade. Desse modo, recomendamos que você reinicie a leitura a partir do tópico “2.4 Noções de Escrita Acadêmica”. É claro que, durante o transcorrer de seus estudos, você poderá mudar de opção. Isso poderá ocorrer principalmente durante as leituras da Unidade 2, momento em que você deverá delimitar o seu tema de pesquisa. Caso isso ocorra, basta retornar a esta unidade e fazer a leitura completa dos tópicos. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Cadastro na Plataforma Brasil O primeiro passo a ser dado antes de enviar seu Projeto ao CEP/CLARETIANO é o cadastro na Plataforma Brasil. Alunos de cursos de Pós-Graduação podem se cadastrar como pesquisador 33© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA responsável não necessitando de um orientador designado para encaminhar o projeto à avaliação, conforme orientação do Ma- nual Operacional: A pós-graduação pressupõe a existência de responsabilidade profissional, o desenvolvimento de competências nas áreas científica e metodológica e o conhecimento das normas de pro- teção aos sujeitos de pesquisa, por parte do pesquisador. Assim sendo, o pós-graduando tem qualificação para assumir o papel de pesquisador responsável (CONEP, 2008, p. 27). Você, como aluno de curso de graduação, precisará de um orientador (Tutor da disciplina) que se cadastre na Plataforma Brasil, e submeta o Projeto de Pesquisa à avaliação. Durante o cadastro na Plataforma Brasil, você deverá “portar” os seguintes itens: 1) Documento com foto digitalizado (JPG ou PDF) – po- dendo ser a CNH, ou mesmo o RG. 2) Curriculum vitae ou Lattes, em formato “doc”, “docx”, “odt” ou “pdf”. 3) E-mail pessoal. 4) Número do CPF. Nota –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Cabe referenciar que o cadastro na Plataforma Brasil é “único”. Isso significa que, caso futuramente o pesquisador venha a fazer outra pesquisa com seres humanos, bastará acessar a Plataforma e enviar o projeto segundo os trâmites aqui tratados. Dúvidas sobre a utilização da Plataforma Brasil podem ser encaminhadas para o seguinte e-mail: <plataformabrasil@saude.gov.br>. Há também a opção do chat on-line. Para utilizá-lo, acesse o site da PlataformaBrasil (BRASIL, 2015), clique em Central de Suporte (botão localizado ao lado direito do topo da pá- gina) e posteriormente em atendimento on-line. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 34 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Após a efetivação do cadastro, o pesquisador receberá um e-mail com a senha de acesso. O login será exatamente o mesmo e-mail cadastrado. Posteriormente, o pesquisador poderá alte- rar a senha conforme sua preferência. O próximo passo é reunir todos os documentos exigidos pelo comitê, para, no momento seguinte, submeter o projeto à avaliação do comitê. Os modelos dos documentos podem ser obtidos na pági- na do CEP/CLARETIANO, especificamente no menu Formulários (CLARETIANO, 2015b). Mas quais são os documentos obrigatórios? Qual sua fun- ção? Indicaremos quais são e, adiante, explicaremos sucinta- mente o que eles significam: 1) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). 2) Declaração de Anuência e Termo de Compromisso. 3) Currículo Lattes dos pesquisadores. 4) Folha de Rosto. 5) Projeto de pesquisa na íntegra. Agora, vamos a cada um deles. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) A página virtual do Comitê de Ética em Pesquisa da Uni- versidade Federal do Amazonas (Ufam) aponta-nos uma objetiva definição para o TCLE. Vamos a ela: O TCLE é um documento que informa e esclarece o sujeito da pesquisa de maneira que ele possa tomar sua decisão de forma justa e sem constrangimentos sobre a sua participação em um projeto de pesquisa. É uma proteção legal e moral do pesquisa- dor e do pesquisado, visto ambos estarem assumindo respon- sabilidades. Deve conter, de forma didática e bem resumida, 35© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA as informações mais importantes do protocolo de pesquisa (UFAM, 2015). O TCLE deve ser redigido como uma espécie de convite ao voluntário da pesquisa. Sua linguagem deve respeitar a norma culta da língua, mas evitar o emprego de termos técnicos ou de um vocabulário pouco comum (rebuscado). Quando um projeto é enviado ao Comitê de Ética, a equipe de relatores observará com atenção esse quesito. A linguagem deve ser suficientemente clara para que um leigo consiga enten- der todos os detalhes. Em raríssimas exceções uma pessoa co- mum conhecerá parte dos termos técnicos de sua área. É de suma importância que, no TCLE, não sejam omitidos possíveis riscos e/ou desconfortos ao voluntário da pesquisa. No TCLE, é preciso pontuar detalhadamente todo possível constran- gimento, desconforto ou risco que a pesquisa poderá trazer ao voluntário. Dispensa do TCLE Caso o pesquisador venha a trabalhar com dados arquiva- dos (dados indiretos), não será necessário aplicar o TCLE. Toda- via, deverá solicitar ao Comitê de Ética a dispensa da necessidade de entrega do documento. Como fazê-lo? Durante o cadastro do Projeto de Pesquisa na Plataforma Brasil, mais especificamente na Tela 5, haverá um item em que o pesquisador poderá assina- lar e justificar a dispensa do documento. Informações imprescindíveis ao TCLE e sua aplicação Se, de acordo com seu Projeto de Pesquisa, for necessário aplicar o TCLE, o pesquisador deverá fazê-lo em duas vias, de 36 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA modo que uma delas seja entregue ao voluntário e a outra seja arquivada pelo pesquisador. Ambas devem ser assinadas pelo voluntário (ou responsável) e pelo pesquisador. Em suma, além das orientações já citadas, o TCLE deve conter: 1) Título da pesquisa. 2) Objetivos da pesquisa. 3) Local de realização da pesquisa. 4) Tempo de duração da pesquisa. 5) Número de seções nas quais a presença do voluntário será necessária. 6) Riscos e benefícios com relação à pessoa do voluntário. 7) Linguagem clara e acessível, evitando termos técnicos (como já citado). 8) Metodologia da pesquisa (descrita clara e sucintamen- te) indicando a forma de participação do sujeito. 9) Declaração de que a participação do sujeito é voluntá- ria (e sem gastos). 10) Explicitação de que o voluntário pode deixar de partici- par da pesquisa quando quiser, sem qualquer prejuízo. 11) Menção da garantia de sigilo para com a identidade do voluntário. 12) Nome do pesquisador e telefone para contato. 13) Campo para assinatura do voluntário, no qual este de- clara estar ciente e de acordo com a pesquisa. 14) Campo para assinatura do pesquisador (adaptado de UFAM, 2015). 37© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Importante –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O pesquisador poderá recorrer ao modelo disponível na página do CEP/CLA- RETIANO (CLARETIANO, 2015b). Caso seja de seu interesse, conheça com profundidade os critérios-chave ob- servados pelo Comitê de Ética em Pesquisa na análise dos projetos submeti- dos à sua apreciação, a partir da leitura do conteúdo compreendido entre as páginas 31 a 38 do Manual operacional para comitês de ética em pesquisa (BRASIL, 2008). Cabe reiterar: sugerimos a realização de um trabalho de re- visão bibliográfica. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– São muitos detalhes, não? Entretanto, são necessários para garantir o respeito à pessoa humana. Reflita sobre isso. Declaração de Anuência e Termo de Compromisso “Anuir” significa “aprovar”, “consentir”. A Declaração de Anuência ou Termo de Compromisso é um documento a ser as- sinado pelo responsável do local em que a pesquisa será realiza- da, autorizando sua realização. A declaração deve ser emitida em papel timbrado da insti- tuição de realização do estudo. Ou seja: se o Projeto de Pesquisa prevê a aplicação de questionários em uma equipe de um depar- tamento da Universidade de São Paulo (USP), quem deve assinar a declaração de anuência é o responsável pelo departamento. Atenção! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O modelo da Declaração de Anuência e Termo de Compromisso também pode ser encontrado no site do Claretiano (2015b). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 38 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3. 2. Currículo Lattes do pesquisador O currículo Lattes é um instrumento acadêmico de gran- de abrangência, importante, principalmente, para profissionais e pesquisadores da esfera acadêmica. O currículo Lattes é gerido pelo CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa). Caso o pesquisador não tenha currículo Lattes e não tenha interesse em criar um, prepare um curriculum vitae. Conheça a plataforma Lattes. Acesse o site por meio do link dis- ponível em: <http://lattes.cnpq.br/>. Acesso em: 15 jan. 2016. Projeto de pesquisa na íntegra Em suma, antes de enviar o projeto à análise, será necessá- rio ampliar sua estrutura, de modo que outros itens que não são exigidos no modelo de Projeto de Pesquisa do Claretiano – Cen- tro Universitário sejam atendidos de acordo com as diretrizes da CONEP. Para ter uma visão do todo acesse o Manual Ilustrado da Plataforma Brasil. Manual Ilustrado da Plataforma Brasil ––––––––––––––––– Com base no modelo elaborado pela equipe técnica responsável pela Plataforma Brasil, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) criou um 39© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA tutorial que orienta detalhadamente as etapas de cadastro do Projeto de Pesquisa. O nome do documento é Manual Ilustrado da Plataforma Brasil. É possível acessá-lo por meio do link disponível em: <http://www.cep.ufam. edu.br/attachments/010_Manual%20Ilustrado%20da%20Plataforma%20 Brasil%20%28CEP-UFAM%29.pdf>.Acesso em: 15 jan. 2016. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Folha de Rosto A Folha de Rosto é um documento elaborado simultanea- mente ao cadastro do Projeto de Pesquisa na Plataforma Brasil. Nela é indicada parte dos dados da pesquisa. A Folha de Rosto somente será disponibilizada para impressão na Tela 5 do ca- dastro do Projeto, após o preenchimento de todos os dados im- prescindíveis. O pesquisador deverá, então, imprimi-la, assiná-la, digitalizá-la e inseri-la no sistema. Envio do Projeto ao Comitê de Ética Para iniciar o cadastro do Projeto de Pesquisa, o pesquisa- dor deverá acessar a Plataforma (BRASIL, 2015) e clicar inicial- mente em nova submissão. Será exibido um formulário a ser preenchido. Importante –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Caso considere mais fácil, o pesquisador poderá acompanhar um tutorial sobre o cadastro na Plataforma Brasil em forma de vídeo, que está disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0md74C5ycYI>. Acesso em: 15 jan. 2016. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A partir do conteúdo abordado até o momento, você deve estar pensando que pesquisar não é fácil, e isso está correto. Entretanto, ninguém nasce pesquisador. É necessário dar os pri- meiros passos, e gradativamente assimilar os conceitos-chave a serem observados na construção do texto científico. Para tanto, 40 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA é imprescindível dedicar-se com esmero às atividades da disci- plina e se organizar quanto a horários de leitura e escrita. Assim procedendo, e esclarecendo suas dúvidas com o Tutor responsá- vel, será possível desenvolver um bom Projeto de Pesquisa, e por extensão, um bom Artigo Científico. Pense nisso! Importante! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Na Unidade 2, você escolherá o tema a ser abordado em seu Artigo Científico. Antes de optar por uma pesquisa com seres humanos, reflita sobre as orienta- ções desta unidade, pois a realização desse tipo de pesquisa demanda mais tempo e rigor. Na condição de pesquisador, é seu dever pensar sobre a viabilidade do Projeto. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Dica: Caso ainda tenha alguma dúvida sobre os trâmites que envol- vem o Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, você poderá entrar em contato pelo e-mail: cepclaretiano@claretiano.edu.br. Também é possível acessar a página do CEP/CLARETIANO (CLARETIANO, 2015a). Agora trataremos de noções que também lhe serão muito úteis para o cumprimento das atividades da disciplina, ou seja, na construção de seu Projeto de Pesquisa e na elaboração de seu Artigo Científico. Portanto, você deverá tê-las a tiracolo para consultá-las até a conclusão da escrita do artigo. Pense nisso! 2.4. NOÇÕES DE ESCRITA ACADÊMICA Os limites da minha linguagem denotam os limi- tes do meu mundo (WITTGENSTEIN, 1968, p.111). 41© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Cotidianamente, nos comunicamos por meio de textos, sejam eles orais ou escritos. No trânsito, em casa, no trabalho, nas redes sociais, construímos diálogos e significados a partir de textos. Devido à importância da comunicação em nosso dia a dia, podemos afirmar que comunicar-se bem é um valor social indispensável. É claro que os textos são menos ou mais elaborados de acordo com a finalidade para as quais os empregamos. Isso nos permite concluir que seu formato está indissociavelmente ligado à necessidade do campo comunicativo em que será utilizado. Por exemplo, se você está em casa com seu marido ou es- posa, à mesa do café da manhã, e quer pedir o pão que não está ao seu alcance, provavelmente dirá: “Por gentileza, me passe o pão?” (em vez de: “Por gentileza, passe-me o pão?”). Ou mes- mo, em uma partida de futebol com os amigos, você, livre de marcação, poderá pedir (provavelmente aos berros) ao compa- nheiro de time que avança em direção ao gol adversário: “Passa a bola!!!” (em vez de “Passe-me a bola!!!”). Em contrapartida, caso você seja professor e for receber o pai de um aluno em sua escola, para uma reunião, tomará mais cuidado com o que e como dirá. E não é para menos: para cada finalidade comunicativa, é necessário um modo discursivo diferente. O nível de linguagem a ser empregado na construção de um texto científico é o nível da norma culta da língua. Isso não significa, porém, que a linguagem coloquial (ou da fala) seja pior que a linguagem que segue as regras da gramática. O que signi- fica é que o nível de linguagem empregado na construção de um texto deve ser compatível com o seu gênero. E o gênero acadê- mico exige a observação da norma culta da língua. 42 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Falar e escrever exigem níveis discursivos diferentes. Aqui estamos tratando da escrita, especificamente da escrita acadê- mica. E ela, como tal, tem normas bem estabelecidas. Infelizmente, no Brasil, nota-se que muitos alunos chegam ao Ensino Superior, ou mesmo concluem a Graduação, sem es- tarem efetivamente letrados. Em outras palavras, muitos alunos chegam à Pós-Graduação com dificuldades de diversos níveis quanto ao entendimento e redação de textos, como podemos confirmar por meio do argumento do professor Faraco (2014, n.p.): Somos ainda [...] uma sociedade com baixo índice de escolari- dade e, claro, baixo índice de letramento. Nossas relações com a linguagem escrita e com a cultura letrada são ainda muito li- mitadas. Há claras dificuldades com a leitura e compreensão de textos; e grandes dificuldades com a produção de textos, conforme se observa cotidianamente com os alunos do Ensino Superior: suas dificuldades são indicadores relevantes porque são estudantes que concluíram a Educação Média. Durante a construção do Projeto de Pesquisa e do Artigo Científico você precisará “enfrentar o papel em branco”, isto é, precisará enfrentar o exercício desafiador e criativo de escrever. Se você não lê regularmente, possivelmente terá mais dificulda- de na confecção de seus trabalhos acadêmicos, principalmente na elaboração do projeto e do artigo. Portanto, se você se encai- xa nessa observação, é hora de mudar! Os princípios indispensáveis à redação científica podem ser resumidos em quatro pontos fundamentais: “[...] clareza, preci- são, comunicabilidade e consistência” (BASTOS et al., 2000, p. 15). Não se aprende a escrever bem de uma hora para outra, em 43© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA um passe de mágica. Dificilmente se escreve com qualidade sem leituras antecedentes de textos ligados aos gêneros acadêmicos. É preciso familiarizar-se com o gênero específico. A escrita aca- dêmica, principalmente, exige prática e disciplina. A Linguagem do Texto Acadêmico Aprendamos do céu o estilo da disposição, e também o das palavras. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo [...]; muito distinto e muito claro. E nem por isso temais que pareça o estilo baixo; as estrelas são muito distintas e muito claras, e altíssimas. O estilo pode ser muito claro e muito alto; tão claro que o entendam os que não sabem e tão alto que te- nham muito que entender os que sabem (Vieira, 1965). Dentre as contribuições dos estudos da ciência linguística, pode-se ressaltar a noção de que um ato de comunicação se es- tabelece efetivamente quando um emissor (aquele que “fala”), dialoga com um receptor (aquele que “ouve”), de maneira que ambos se entendam. Se assim ocorrer, a comunicação é consi- derada bem-sucedida. Entretanto, em um texto acadêmico, não basta estabelecer uma comunicação genérica, como a que utili- zamos frequentemente em nossas relações cotidianas. “Dizer” e ser “entendido” é um pressuposto, mas nãoo único. De acordo com Piacentini (2009, p. 318): A aplicação de regras gramaticais e metodológicas só tem eficá- cia quando a tese, a monografia ou dissertação traz boa subs- tância. Jogar todas as fichas na pesquisa, leituras, na base teó- rica, parece mais relevante do que se preocupar com a redação em si – e disso ninguém duvida. Mas é com palavras que se transmitem ideias! Embora a forma tenha peso menor, não se pode absolutamente subestimá-la. 44 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Não basta que sua pesquisa aborde um bom tema e te- nha uma problematização adequada (a delimitação do tema e a questão do problema na pesquisa serão abordados na Unidade 2); não basta que o referencial teórico seja sólido e que você faça boas descobertas. Ser pesquisador não significa somente fazer ciência, mas também escrever ciência. Na confecção de seu Pro- jeto de Pesquisa e de seu Artigo Científico, você está na condição de pesquisador. Um bom achado no campo da ciência pode, por exemplo, ter sua publicação vetada, caso não apresente uma lin- guagem adequada. O texto científico precisa ser sóbrio, apresentando equilí- brio entre os dois planos. Veja a Figura 2: Figura 2 Plano de expressão e plano de conteúdo. Com isso, fica claro que, no texto científico, plano de con- teúdo e plano de expressão precisam “andar” juntos, precisam ser cuidados com rigor. Relatar o trajeto utilizado para a construção de um novo saber, bem como compartilhar com clareza as contribuições de sua pesquisa para o debate científico, exige comunicação ade- quada. Ótimos resultados de estudos não comunicados de ma- neira clara, com o emprego de uma linguagem fluente e sem o cuidado da estrutura do gênero acadêmico, podem tornar o bom resultado em uma “má ciência”. Isso seria “ciência mal comuni- cada”. Você precisa se fazer compreendido. A linguagem científi- ca é informativa e técnica. 45© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Importante! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Escrever academicamente bem não significa conceber um texto formado por termos e construções truncados. Pelo contrário: significa saber comunicar suas ideias com clareza, respeitando as especificidades do gênero. O uso de uma linguagem rebuscada tende a afastar o leitor do entendimento das ideias que você, como autor, deseja comunicar. Ao redigir sua pesquisa, pressuponha que seu leitor não compartilha dos mesmos conhecimentos prévios que você. Quando está confeccionando seu Projeto de Pesquisa e seu Artigo Científico, você está na posição de um comunicador da ciência. Sua palavra se dirige a um “outro”. Portanto, ao redigir cada um dos parágrafos, você deve se perguntar: “o leitor compreenderá exatamente o que pretendi ‘dizer’?” –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Concisão, objetividade e clareza No romance Dom Casmurro, Machado de Assis constrói um personagem chamado José Dias. Segundo o narrador, José costuma dar ênfase ao seu discurso por meio do superlativo, o que faz com que aquele o ironize: “Se achares neste livro algum caso da mesma família, avisa-me, leitor, para que o emende na segunda edição; nada há mais feio que dar pernas longuíssimas a idéias brevíssimas” (ASSIS, 1995, p. 101, destaque nosso). O exemplo extraído do romance supracitado é pertinente ao texto acadêmico, o qual tem como uma de suas bases a con- cisão. Em linhas gerais, escrever concisamente é ser econômico ao escrever. Essa economia consiste em construir um alicerce argumen- tativo claro e objetivo, sem dar vazão à prolixidade. O texto aca- dêmico funciona segundo a expressão de que “menos é mais”. Vejamos como o escritor alagoano Graciliano Ramos entende o processo da escrita: Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira la- 46 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA vada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam anil e sabão, torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais ou- tra, torcem até não pingar do pano uma só gota (RAMOS, 2015, n.p.). A perspectiva do autor de Vidas Secas sobre a escrita lite- rária vem ao encontro das diretrizes do texto científico: escrita é lavor. Isto é, escrita é trabalho. Até chegar ao produto final, é necessário “transpirar”, como as lavadeiras trabalham com a roupa suja “[...] até não pingar do pano uma só gota” (RAMOS, 2015, n.p.). É esse o processo pelo qual seu Projeto de Pesquisa e seu Artigo Científico precisam passar. Em outras palavras, você pode entender que, além da redação, terá que se valer de re- visões e reescritas, acrescentando o necessário e cortando o desnecessário. Importante! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Perceba que temos tratado das atividades deste estudo, divididas entre dois fins: Projeto de Pesquisa e Artigo Científico. Tratamo-las assim, pois são de gêneros diferentes. A compreensão desse pressuposto é relevante para sua vida acadêmica. Entretanto, é salutar que você compreenda, para atendimento do que é proposto na disciplina, as duas atividades como um único fluxo se- quencial. Ou seja, um depende estritamente do outro. Em outras palavras, o Projeto de Pesquisa elaborado aqui em linhas gerais, já é um pré-texto (plano de texto) da atividade-fim: o artigo científico. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A concisão é laboriosa. Engana-se quem se deixa levar pela ideia de associar qualidade de escrita científica a textos longos. Umberto Eco, em sua obra Como se faz uma Tese, oferece-nos 47© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA um exemplo pertinente ao contexto: “Certo, a descoberta da equação de Einstein, E = mc2, exigiu muito mais engenho do que qualquer brilhante manual de física” (ECO, 1998, p. 113). Para alcançar a concisão, é necessário pensar, repensar, re- visar e, em algumas partes, reescrever – ajustando, cortando ou acrescentando. Para se chegar a um texto “enxuto”, você deverá trabalhar como um artesão que esculpe sua obra. Você começa o trabalho sobre a pedra bruta e vai lhe dando forma. A Professora Mirian Gold, em sua obra Redação Empresa- rial: escrevendo com sucesso na era da globalização, oferece-nos um bom exemplo para refletirmos sobre concisão. Vejamos os dois textos a seguir: A média de produção para o último ano fiscal é maior do que a do ano anterior, porque aquele foi o ano em que se instalaram as novas prensas de estamparia, automáticas e hidráulicas, portan- to aumentando o número de peças estampadas durante o perío- do, assim como também foi o ano em que se introduziram novos métodos de economia de tempo e economia de mão-de-obra, e que também contribuíram para a média maior de produção (GOLD, 2005, p. 17). A média de produção do último ano fiscal foi maior que a do ano anterior. Instalaram-se novas máquinas hidráulicas, auto- máticas, de alta velocidade, para estamparia e introduziram-se novos métodos de economia de tempo e trabalho (GOLD, 2005, p. 17). Os dois exemplos tratam da mesma informação, entretan- to é fácil observar que o segundo texto reproduziu a essência do primeiro, sem perder a substância. O texto 2 nos traz um exem- plo de “escrita enxuta”, objetiva. 48 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA Objetividade Na literatura, a exploração de recursos que conduzem o lei- tor a construir significações múltiplas é bem vista. Grosso modo, podemos entender isso como subjetividade.No caso da literatura, que se constrói a partir de um traba- lho de elaboração da linguagem para o alcance de efeitos lúdi- cos ou de estilo, a subjetividade é perfeitamente adequada, pois aumentará o potencial de significado do texto. Ao lê-lo, o leitor poderá chegar a várias interpretações. O mesmo não se aplica ao texto científico. E é justamente esse o gênero sobre o qual você deverá se debruçar para construir seu Projeto de Pesquisa e seu Artigo Científico. Conceito de Literatura –––––––––––––––––––––––––––––– Perceba que aqui utilizamos o conceito “moderno” de literatura, tido como a “[...] linguagem carregada de significado” (POUND, 2006, p. 32). Referimo-nos aqui aos textos que trabalham com o lúdico, com a imaginação e subjetividade. É comum, por exemplo, empregar a expressão “literatura médica” para as pu- blicações correspondentes à área da Medicina, e assim sucessivamente para outras áreas. Também se trata de um uso adequado do termo. Nesse caso, “literatura” indica o conhecimento já publicado e aceito pela comunidade cien- tífica da área. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Diferentemente do texto literário, o texto científico tem parâmetros normativos bem estabelecidos. Tais parâmetros são comuns à comunidade científica. Isto é, há um “código” relativa- mente homogêneo na composição dos textos que se prestam à apresentação do conhecimento científico. E é esse código que você deverá aprender a manusear. Clareza e escolha de vocabulário 49© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA A escolha do vocabulário e a confecção das orações devem estar a seu serviço enquanto autor da pesquisa, e a serviço do entendimento do leitor. É uma via de mão dupla. Portanto, pro- cure empregar uma linguagem denotativa, que não venha a sub- verter o que você intencionou expressar. Vamos a um exemplo elementar, retirado e adaptado da obra Redação Científica: “O iminente professor foi escolhido como paraninfo da formatura” (ILHESCA; SILVA; SILVA, 2013, p. 69, destaque nosso). Identificou qual é a inadequação? O termo “iminente” sig- nifica “algo prestes a acontecer”. Possivelmente, o autor quis realçar a importância do Professor escolhido como paraninfo da turma. Nesse caso, o termo correto é “eminente” – que indica “excelência” – isto é, significa que o professor convidado é de va- lor “notável”. Temos aí um caso de imprecisão vocabular: a troca de “eminente” por “iminente”. Uma palavra errada mudou com- pletamente a interpretação do texto. Vamos a outro exemplo, adaptado da mesma obra: “A filha do ministro que veio de São Paulo, passou a noite em Cuiabá” (ILHESCA; SILVA; SILVA, 2013, p. 69, destaque nosso). Temos aí um caso de ambiguidade – inimiga de qualquer texto ou forma de comunicação. Nesse caso, não houve clareza. Veja: “Quem veio de São Paulo: a filha ou o ministro?” (ILHESCA; SILVA; SILVA, 2013, p. 69). Indiscutivelmente, o uso inadequado do pronome relativo (“que”) geraria uma leitura dúbia por parte do leitor. Imagine o quanto uma inadequação como essa pode prejudicar um texto que se presta ao conhecimento científico, como seu Projeto de Pesquisa e seu Artigo Científico? 50 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA A obra Redação Científica explica que o vocabulário repe- titivo também é um dos inimigos do texto científico. Além de empobrecer o tecido textual e desestimular o leitor, evidencia um repertório linguístico restrito por parte do autor. Isto é, o lei- tor perceberá que você tem um vocabulário limitado (ILHESCA; SILVA; SILVA, 2013). Vejamos um outro exemplo: “O professor explicou ao alu- no que na sala de aula é o professor a autoridade e que, por isso, os alunos devem sempre respeitar os professores”(ILHESCA; SIL- VA; SILVA, 2013, p. 68, destaque do autor). Importante –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Variar as palavras, termos e conectivos é positivo; contudo, é necessário ter atenção para empregar palavras que realmente correspondam ao sentido que se pretende transmitir. Por isso, adquira o hábito de consultar dicionários. Um termo mal-empregado pode levar o leitor a subtrair do texto outro sentido. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Paragrafação e progressão textual São problemáticos os parágrafos extensos, com ideias que se misturam, confundem o leitor, dificultando o entendimento do que se pretende comunicar. A obra O texto sem mistério: o texto e a escrita na universidade orienta-nos sobre esse princípio: É justamente o bom entrosamento das unidades oracionais que garante a organização dos parágrafos, não devendo haver frag- mentação da mesma ideia em vários parágrafos nem apresenta- ção de muitas ideias em um só parágrafo (GOLDSTEIN; LOUZA- DA; IVAMOTO, 2009, p. 54). A confecção de parágrafos longos pode misturar a ideia principal (do parágrafo) com outras ideias. A professora Maria 51© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA do Carmo Silva Soares, na obra Redação de Trabalhos Científicos, trata cada parágrafo “[...] como uma unidade de pensamento” (SOARES, 1995, p. 135); portanto, cada um dos parágrafos do texto deve ser composto de “início”, “meio” e “fim”. Concluindo- -se um determinado raciocínio, procede-se com a incursão de um novo parágrafo. Esse cuidado com a paragrafação deve estar ligado à pro- gressão textual. A abordagem do tema deve ser tecida por meio de uma sequência lógica, gradativa. Você, na condição de autor, deve ter o cuidado de não fugir do objetivo principal da pesqui- sa. Antes de considerar o texto pronto, reflita se as ideias desen- volvidas nos parágrafos são realmente necessárias à discussão proposta. Para melhor encadeamento das ideias e entendimento do leitor, sugerimos que redija frases curtas. Não há uma medida exata que indique o número máximo de linhas de um parágrafo. Cabe a você usar o bom senso. Repare na linguagem empregada nesta obra. Temos a exis- tência de parágrafos relativamente curtos, com alguns mais lon- gos para efeito didático, que oferecem um diálogo entre leitor, texto e autor. Se estivéssemos redigindo um Projeto de Pesqui- sa, ou mesmo, um Artigo Científico, a linguagem teria um outro tom: seria mais direta, econômica, objetiva e impessoal. Vamos a um exemplo: O pianista Wittgenstein, que era irmão do famoso filósofo que escreveu o Tractatus Logico-Philosophicus, que muitos hoje consideram a obra-prima da filosofia contemporânea, teve a sorte de ver escrito especialmente para ele, por Ravel, o con- certo para mão esquerda, uma vez que perdera a direita na guerra (ECO, 1998, p. 115). 52 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA A partir da leitura do trecho, podemos depreender certas informações. São elas: 1) Wittgenstein era pianista. 2) Wittgenstein era irmão de um filósofo famoso. 3) Wittgenstein era irmão de Ludwing Wittgenstein (au- tor do Tractatus Logico-Philosophicus) 4) Ludwing Wittgenstein é o autor de Tractatus Logico-Philosophicus. 5) Atualmente o Tractatus Logico-Philosophicus é con- siderado por “muitos” a obra-prima da Filosofia contemporânea. 6) Ravel escreveu para Wittgenstein um concerto para a mão esquerda. 7) Wittgenstein perdeu a mão direita na guerra. Mas qual o objetivo do texto? Não seria informar que Ravel escreveu um concerto para a mão esquerda, composto especial- mente para Wittgenstein, devido ao acidente que este sofrera na guerra? Seriam as outras informações necessárias ao tópico tra- balhado? No exemplo dado, o autor usou e abusou de orações subordinadas. O texto ficou prolixo. Há excesso de informações não necessárias ao objetivo-fim, o que pode distrair o leitor e desviar o foco do pretendido. Como já citado, o texto acadêmico é
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