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Direito Tributário Completo

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123
CURSO DE DIREITO TRIBUTÁRIO (PARTE I)
	 IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
1. Conceito: é uma norma constitucional de desoneração de tributo. Este comando normativo, para ter força de imunidade, deve habitar o comando constitucional. 
Isenção Lei
Imunidade Constituição Federal
 Há dois comandos na CRFB que reproduzem falsas isenções (caso de imunidade), segundo entendimento do STF e da doutrina majoritária:
a) Art. 195, §7º da CRFB (contribuição para a seguridade social):
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
b) Art. 184, §5º da CRFB (impostos estaduais, federais e estaduais):
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
 A imunidade pode alcançar diferentes espécies tributárias. Tributo é gênero, do qual são espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições sociais, empréstimo compulsório. 
Exemplos: 
· Rever os artigos acima; 
· Art. 149, §2º, I, CRFB[footnoteRef:1] [1: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
(...)
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
] 
· Tributos afastados: contribuição social e contribuição interventiva.
· Contexto: receitas decorrentes de exportação.
· Art. 5º, XXXIV, “a” e “b”[footnoteRef:2] e outros incisos: [2: XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
] 
· Tributo afastado: taxas;
 Existem dois tributos para os quais não há imunidade:
· Contribuição de melhoria;
· Empréstimos compulsórios.
2. Vetor axiológico: existe sempre um vetor axiológico que justifica a norma imunizante. Exemplos: liberdade religiosa; liberdade política; liberdade sindical; liberdade de expressão, etc.
3. Conceito: a norma imunitória assume na doutrina diferentes perspectivas conceituais...
· Imunidade = limitação constitucional ao poder de tributar (Hugo de Brito Machado);
· Imunidade = norma de não incidência ou forma qualificada de não incidência (Luciano Amaro; Misabel Derzi);
 “forma qualificada”: a norma é qualificada pelo legislador constituinte originário.
· Imunidade = norma que colabora no desenho das competências impositivas, pela face negativa, sendo chamada de “norma de incompetência tributária” (Paulo de Bastos Carvalho).
 A norma de competência e a norma de imunidade habitam o texto constitucional e esta última representa a face negativa daquela.
4. Nosso conceito: imunidade é a norma constitucional de desoneração tributária que, justificada no conjunto de caros valores proclamados na Carta Magna, inibe a atribuição de competência impositiva e credita ao beneficiário o direito público subjetivo de não incomodação perante o ente tributante.
 STF. IMUNIDADES. DIREITOS FUNDAMENTAIS. CLÁUSULAS PÉTREAS. SEM EMENDA CONSTITUCIONAL.
5. Principal artigo de imunidade: art. 150, VI, alíneas “a”, “b”, “c”, “d”.
· O artigo afasta impostos. Os outros tributos incidirão normalmente.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...) 
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
a) Alínea “a”: imunidade recíproca (imunidade intergovernamental recíproca – professor Sacha Calmon). 
· União, Estados, Municípios e DF não podem cobrar impostos um dos outros.
· Vetor axiológico: Estado Federal; Pacto Federativo; Federalismo de cooperação ou de equilíbrio; isonomia entre as pessoas políticas (PGE/SP) e ausência de capacidade contributiva das pessoas políticas (Professora Regina Helena Costa).
· A alínea “a” refere-se a um rol de impostos: impostos sobre patrimônio, renda ou serviços (arts. 19 a 73 do CTN).
 II, IOF? Como se nota, tais impostos não estão compreendidos no referido rol. O Município importou um bem. Incide II? O STF entende que este rol deve ser interpretado de modo lato, em homenagem ao vetor axiológico. Não incide II sobre a importação de um bem por Município, Estado. Não incide IOF sobre operações financeiras de Municípios.
 Obs.: este rol também aparece na alínea “c” e §§ 2º e 4º do art. 150 – deverá ser adotada a mesma interpretação. 
· A imunidade recíproca também será extensível às autarquias e fundações públicas[footnoteRef:3] (art. 150, §2º da CRFB[footnoteRef:4]). Refere-se ao patrimônio, renda e serviços vinculados à finalidade essencial ou dela decorrentes. [3: autarquia fundacional.] [4: § 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.] 
 Obs: verifique que, em tese, um terreno baldio poderá ensejar a tributação (STF).
 Empresas públicas e sociedades de economia mista: tributação normal, pois ambas têm personalidade de direito privado. O STF analisou três casos: 02 de EP e 01 de SEM. E, nesses três casos, em razão da atividade exercida, o STF estendeu pela prevalência da imunidade tributária.
· Correios (Empresa Pública) desempenho de função exclusiva de Estado (estatalidade);
· Infraero (Empresa Pública) desempenho de função exclusiva de Estado;
· CAERD (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia - SEM) mesmo argumento.
 As atividades que os Correios vêm desempenhando não mais se coadunam com a proteção irrestrita que lhes foi dada pelo STF. Neste caso, impõe-se o recurso à ponderação de modo a flexibilizar este entendimento jurisprudencial. O CESPE já considerou válida a ideia de ponderação para a jurisprudência dos Correios, “(...) ante o fato de essa pessoa jurídica executar, também, serviços que, inequivocamente, não são públicos, nem se inserem na categoria de serviços postais”.
	 Dica final (válida para as outras alíneas): imunidade tributária e os tributos indiretos – STF (ICMS e IPI). 
- Nas vendas de mercadorias imunidade (a renda deverá ser revertida par as finalidades essenciais do ente);
- Nas compras de mercadorias incidência.
b) Alínea “b”: Imunidade religiosa.
· Os templos, de qualquer culto, não serão alvos de impostos.
· Vetor axiológico: liberdade de culto; liberdade religiosa (art. 5º, VI e VIII da CRFB);
· Não incidem: IR sobre a renda Igreja; IPVA sobre o carro da Igreja; IPTU sobre a propriedade do bem imóvel pela Igreja, etc.
· Quanto ao rol classificatório (patrimônio, renda e serviços), ver o §4º do art. 150 da CRFB[footnoteRef:5]. Quanto aos outros, prevalece o entendimento do STF. [5: § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.] 
· “Templo”: o vocábulo é plurívoco, comportando inúmeras acepções, lapidadas desde a doutrina clássica de ontem até os entendimentos modernosde hoje. Já se entendeu, restritivamente, que templo era apenas o local do culto. Na atualidade, o STF e a Doutrina majoritária dão uma interpretação ampliativa para o vocábulo, concebendo-o como entidade, ou seja, uma organização em todas as manifestações direta ou indiretamente relacionadas com o propósito eclesiástico (art. 150, §4º, CRFB).
 Note que a norma é amplamente protetiva, em homenagem à laicidade/ laicismo/secularismo no Brasil.
· Casos práticos:
· O imóvel pertence ao João, que o aluga à Igreja X. Incide IPTU? Sim, pois as convenções particulares não podem alterar o sujeito passivo legalmente determinado (art. 123 do CTN[footnoteRef:6]). [6: Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.] 
· Igreja X, proprietária de um apartamento, aluga-o a terceiros. Incide IPTU sobre este bem? Depende. Se a renda for vertida no propósito religioso, não incide IPTU (patrimônio relacionado). Condição: a renda conexa tem que ser vertida para o propósito religioso. Há, ainda, uma outra condição: que não haja prejuízo à livre concorrência (numa cidade de interior, Igreja possui 200 apartamentos disponíveis para aluguel. A Igreja desempenha, neste caso, verdadeira atividade imobiliária, beneficiando-se de imunidade em prejuízo das demais corretoras, comprometendo a livre concorrência).
 Extensível a esta alínea, o entendimento sufragado na Súmula nº 724: 
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.
· E quanto ao terreno da Igreja dedicado a sepultamentos de fiéis/ religiosos? Para o STF, é extensão do templo. E o terreno do João que é alugado para a instalação de cemitério religioso? (STF, RE 544.815) Terreno de propriedade de pessoa natural, alugado para cemitério privado: o STF entendeu que devia prevalecer a tributação.
c) Alínea “c”. Quatro pessoas jurídicas protegidas:
· Partido Político, incluindo suas fundações;
· Sindicato de trabalhador;
· Entidade educacional (faculdades, escolas, bibliotecas e museus);
· Entidade de assistência social.
· Qual a entidade brasileira que é, ao mesmo tempo, imune a impostos e a contribuição social previdenciária? Entidade de assistência social!
· “patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei”: isto não significa que a entidade não possa ter lucro. As alíneas “a”, “b” e “d” são autoaplicáveis. Já a alínea “c”, é a única imunidade que não é autoaplicável, pois depende de lei (a regulação da imunidade está condicionada a um dispositivo legal – lei complementar, nos termos do art. 146, II da CRFB- qual seja, o artigo 14 do CTN[footnoteRef:7]): [7: Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.
] 
· Se tiver lucro, este não pode ser distribuído com os mantenedores: o lucro é permitido, o que não se permite é a apropriação do lucro obtido. Não se proíbe o animus lucrandi. Proíbe-se o animus distribuendi.
 O pagamento de salários pode ensejar a suspensão da imunidade? Depende. Pode haver o pagamento de salário que se revele verdadeira distribuição dissimulada de lucro. O mero pagamento de salário não é, por si só, causa suspensiva da imunidade. Deve ser analisado o montante do salário pago, a fim de se analisar se há ou não distribuição disfarçada de lucro. 
 Obs.: O art. 12 §2º da Lei 9532/97 foi considerado inconstitucional pelo STF, por condicionar a perda/suspensão da imunidade ao mero pagamento de salários aos mantenedores da instituição.
· Se tiver lucro, não pode ser remetido dolosamente para o exterior: sou dono de uma faculdade e desejo enviar os professores da instituição para fazer mestrado na Itália. A remessa de valores neste exemplo não traduz burla à imunidade. O que se proíbe é a remessa de dinheiro que vida burlar a vedação contida no inciso I do art. 14.
· Manutenção em dia da escrituração contábil: deveres instrumentais do contribuinte (obrigação tributária acessória). Há uma relação de independência entre a obrigação principal (pagamento de tributo) e a obrigação acessória. O art. 175, parágrafo único do CTN dispõe que o fato de uma isenção ser imune não a isenta do cumprimento de obrigações acessórias[footnoteRef:8]. O STF recentemente entendeu que, no direito tributário, a obrigação acessória deve seguir o destino da obrigação principal. Ressalte-se que se trata de um julgado manifestamente contrário à toda a doutrina de direito tributário. (STF, 2012. O ACESSÓRIO SEGUE O TRIBUTÁRIO. RE 250844/SP. 17/04/2012. Informativo 662). [8: Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.] 
 Dicas finais:
(i) O SENAC adquiriu um bem imóvel. Incide o ITBI? Não incide. O SENAC é imune ao ITBI. As entidades do Sistema “S” são equiparadas a entidades de assistência social, com fundamento no art. 203, III da CRFB (STF, RE 235.737). Logo, são imunes a impostos e a contribuições sociais previdenciárias! No caso de hotel-escola do SENAC também não incide ISS.
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: 
(...)
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
(ii) As entidades fechadas de previdência social privada são imunes (são os Fundos de Pensão)? Súmula 730 do STF.
STF Súmula nº 730 
 A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Somente as entidades fechadas de previdência social em que não há contribuição dos beneficiários são imunes. Trata-se do caso em que a previdência social privada é bancada pelo empregador. Exemplo: empresa SHELL DO BRASIL. 
d) Alínea “d”: imunidade de imprensa. Não incidirão os impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.
· Há um único insumo protegido pela norma: o papel destinado à impressão dos veículos de pensamento.
· A alínea “d” é uma imunidade objetiva, pois afasta os impostos de bens e não de pessoas, como ocorre nas três alíneas anteriores (imunidade subjetiva). Logo, a editora de livros não está imune de impostos, devendo pagar IR, IPVA, ITBI, IPTU.
· Logo, por força da imunidade, não incidirão os seguintes impostos: ICMS, IPI e II.
· Vetor axiológico: liberdade de expressão, difusão do conhecimento, utilidade social do bem.
· Lista telefônica: o STF entendeu que a lista telefônica também goza de imunidade, como fundamento no seguinte critério axiológico: utilidade social do bem. A lista telefônicafoi considerada periódico.
· Que tipo de informação deverá se considerada para fins de imunidade? Uma revista pornográfica e um livro de kama-sutra estão imunes? Para o STF, o conteúdo é irrelevante (elemento conteudístico), pois o que se tutela é o valor da liberdade de expressão.
· CD-ROM? E-BOOK? A doutrina e a jurisprudência oscilam quanto à extensão da imunidade ao livro eletrônico e sucedâneos (audiobook, e-book, etc.). Para Roque Antônio Carrazza, a interpretação deve ser a mais ampla possível, uma vez que o conceito de livro é aberto e atemporal. Por outro lado, Ricardo Lobo Torres defende que não se pode “saltar da cultura tipográfica para a cultura eletrônica”, afastando a extensão da imunidade. No plano jurisprudencial, a controvérsia persiste. Em fevereiro de 2010, o Ministro Dias Toffoli, em decisão monocrática, no RE 330.817, afastou a imunidade no caso de uma enciclopédia jurídica em formato de CD-ROM. Deve-se aguardar o julgamento definitivo. A nosso ver, o conceito de livro deve ser aquele que atende ao propósito axiológico de transmissão do conhecimento, sendo irrelevante o suporte material.
· Periódicos: lista telefônica imune (STF – utilidade social do bem); álbum de figurinhas (STF: para a Ministra Ellen Gracie tem expressiva qualidade cultural e valor pedagógico, no ato lúdico de transmissão do conhecimento).
· Papel: único insumo. Doutrina sempre pleiteou uma interpretação ampliativa para signo “papel”, sob pena de esvaziar a norma. Os tribunais sempre oscilaram no tema. 
 Súmula 657 do STF. Nesta súmula, o STF referendou uma interpretação restritiva, pois “filmes e papéis fotográficos” são equiparados a papel.
STF Súmula nº 657 
 A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.
 CESPE adota o entendimento de que a tinta não está sujeita à imunidade.
 Atenção, Novidade: RE 202.149 importação de chapas para impressão offset de jornais. Voto de desempate da Ministra Carmen Lúcia: “a referência, no preceito, a papel é exemplificativa e não exaustiva”.
IMPORTANTE (EMENDA 75/2013): 1º O inciso VI do art. 150 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido da seguinte alínea e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
II PRINCÍPIOS
1. Princípio da uniformidade geográfica (uniformidade tributária) – art. 151, I, CRFB: os tributos federais deverão ter as mesmas alíquotas em todo o Brasil (identidade de alíquotas para tributos federais). Este princípio homenageia o pacto federativo, isto é, a isonomia das entidades federativas.
 Art. 151. É vedado à União:
 I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
 IPI majorado por decreto, devendo incidir o aumento apenas para as industrializações do produto no Estado do Paraná vício: princípio da uniformidade geográfica.
 Este princípio só vale para União, isto é, só vale para tributação federal. Aplica-se a: IPI, IR, II, IE, IOF.
 Este princípio comporta exceção: promoção do equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país. Exemplo: Zona Franca de Manaus.
	
2. Princípio da vedação das isenções heterônomas (art. 151, III, CRFB): a União não pode isentar tributo de competência alheia.
Art. 151. É vedado à União:
(...)
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
 Na CRFB/67 era permitida a isenção heterônoma. Hoje, é proibida.
 O poder de isentar é correlato ao poder de criar.
 DF: isenta tributo federal e municipal. A competência do DF é cumulativa.
 A regra, no Brasil, é das isenções autonômicas!
 Há exceções: A CRFB admite que a União, por meio de lei complementar (LC 116/03), poderá isentar o ISS nas exportações de serviços para o exterior (art. 156, §3º, II da CRFB).
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
Atenção: O Tratado internacional pode, sim, isentar tributos não federais, sem violar o art. 151, III. Para o STF (RE 229.096 de 2007), “o Presidente da República[footnoteRef:9] não subscreve tratados como chefe de governo, mas como chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, III da CF.” [9: A União, quando celebra tratado, atua na qualidade de pessoa jurídica internacional, na defesa dos interesses soberanos da nação e não como pessoa jurídica de direito público interno. Por este motivo, poderá conceder a isenção.] 
3. Princípios aplicáveis à União, Estados, DF e Municípios (art. 150, CRFB):
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
3.1 Princípio da liberdade (ilimitabilidade) ao tráfego de pessoas e bens (inciso V): a intermunicipalidade e a interestadualidade não podem servir como fatos geradores de tributo.
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.
 Dicas:
(i) Quando se exige o ICMS, não se cogita de violação a este princípio, pois o fato gerador deste imposto não é a intermunicipalidade ou interestadualidade;
(ii) Pedágio: da mesma forma, a cobrança de pedágio não viola o princípio, uma vez que o pagamento dele liga-se à conservação da via, e não à intermunicipalidade ou interestadualidade.
3.2 Princípio da vedação ao tributo com efeito de confisco (inciso IV): proíbe-se o efeito confiscatório do tributo. Proíbe-se o tributo cuja carga tributária é desproporcional (escorchante). 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
 Como se afere este efeito confiscatório no Brasil? O confisco deverá ser aferido individualmente, com a análise casuística (caso a caso).
 Obs.: carga tributária é um conceito relacional, ou seja, ela se quantifica com relação ao PIB (Produto Interno Bruto). Vale dizer que, por exemplo, 38% de carga tributária (o estimado no Brasil) equivalem ao seguinte: 38% do que o país produz transformam-se em tributo, devendo retornar à coletividade.
 O STF já considerou o confisco a partir da análise da globalidade da carga tributária, o que é de todo relevante para nosso país (ADIN nº 2010, de 1999).
 Aplica-se o princípio às multas excessivas? STF entende que sim, e o faz desde a década de 60. O STF estendeu este princípio tributário a uma realidade diversa do tributo (multas), em homenagem ao direito de propriedade (art. 5º, XXII) e à liberdade empresarial (art. 5º, XIII). Além disso, aquela Corte sempre mencionou nos julgados os critérios de razoabilidade e proporcionalidade que devem ser bem perseguidos pelo Estado (ADI 1075 e ADI 551).
3.3 Princípio da irretroatividade tributária (inciso III, alínea “a”, CRFB; art. 144, caput, CTN): proíbe-se a retroação da lei. A lei irá viger para frente, não podendo ter vigência retrospectiva, sob pena de se atingir o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e coisa julgada (art. 5º, XXXVI – irretroatividade genérica). A lei tributária só poderá atingir fatos geradores que lhes são supervenientes. Assim, só pode cobrar o tributo com relação a fato gerador ocorrido após a vigência da lei que tiver criado ou aumentado o tributo.
III - cobrar tributos:a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
 Regra: 
Publicação e vigência na mesma data;
Eficácia princípio da anterioridade.
Vigência princípio da irretroatividade.
Lei publicada em 28/05/12, atingindo-se fatos geradores a partir de 01º de janeiro de 2012 vício da irretroatividade.
4) Princípio da legalidade tributária
4.1 Previsão legal: art. 150, I, CR; art. 97, CTN.
4.2 Conceito: todo tributo deve ser criado e modificado por lei.
4.3 Instituição e modificação de tributos
	Todos os elementos do tributo devem estar previstos em lei. A previsão dos elementos deve ser exaustiva. 
Esses elementos estão definidos no art. 97 do CTN:
· Fato gerador;
· Base de cálculo;
· Alíquota;
· Sujeitos passivo (pagamento) e ativo (exigência).
 Princípio da taxatividade ou tipicidade cerrada: o tributo deve estar integralmente detalhado na lei sem que haja margem para lacunas.
 O art. 97 também dispõe que a lei deverá estabelecer as penalidades pelo não recolhimento do tributo. 
 Atenção: a penalidade não é elemento do tributo. A penalidade decorre do não cumprimento da norma tributária. Entretanto, como se trata de um dever patrimonial, necessariamente a penalidade estará prevista em lei.
Art. 97 Elementos do tributo + PENALIDADES (dever patrimonial, obrigação tributária principal).
a) Destaques relevantes: tema na jurisprudência:
· Prazo de pagamento do tributo:
 Suponha que o ICMS seja cobrado todo dia 15 de cada mês. Um decreto antecipa o vencimento do tributo para o dia 05 de cada mês. Este decreto é constitucional?
 Alterar data de vencimento equivale a criação ou majoração de tributo? A majoração ou criação do tributo recai, como visto, sobre os elementos do tributo, dispostos no art. 97 do CTN. Nesse sentido, a jurisprudência entendeu que a lei, neste caso, é desnecessária, pois não seria o caso de majoração ou criação de tributo, sendo este decreto constitucional (RE 203.684).
ICMS.
DECRETO Nº 33.707/91-SP: ANTECIPAÇÃO DO PRAZO DE RECOLHIMENTO. ALEGADA OFENSA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA LEGALIDADE, ANTERIORIDADE E DA VEDAÇÃO DE PODERES LEGISLATIVOS. Não se compreendendo no campo reservado à lei a definição de vencimento das obrigações tributárias, legítimo o Decreto nº 33.707/91, que modificou a data de vencimento do ICMS. Improcedência da alegação no sentido de infringência ao princípio da anterioridade e da vedação de delegação legislativa. Recurso extraordinário não conhecido. Processo:RE 203684 SP. Relator(a):ILMAR GALVÃO. Julgamento:19/05/1997.Órgão Julgador:PRIMEIRA TURMA
 Também não infringe a anterioridade, podendo ser cobrado no mesmo exercício financeiro do decreto que tenha alterado a data de vencimento.
· Atualização de base de cálculo:
 Art. 97, §1º do CTN: se houver modificação da base de cálculo, resultando num tributo mais oneroso, a consequência é a majoração do tributo, sendo necessária, pois, a observância do princípio da legalidade. Exemplo: a base de cálculo do IPTU passará a ser 2 vezes o valor venal do imóvel.
 Art. 97, §2º do CTN: existe um caso de modificação de base de cálculo que torna o tributo mais oneroso e não equivale à majoração. Neste caso, não é necessário observar a legalidade. Exemplo: atualização monetária da base de cálculo. Suponha que o valor venal do imóvel está desatualizado. A correção monetária de acordo com os índices oficiais não caracteriza majoração, apenas recomposição da perda do valor da moeda. Neste caso, a atualização poderá ser feita mediante decreto do Poder Executivo.
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
4.4 Qual lei é competente para criação ou modificação de tributo?
· Regra: lei ordinária;
· Também poderá ser criado ou modificado o tributo por instrumentos que possuem força de lei ordinária. São eles:
· Medida Provisória (art. 62, CR):
· Lei Delegada (art. 68, CR):
 Nota: MP e lei delegada podem criar e modificar tributos que sejam criados e modificados por lei ordinária.
· Criação e/ou modificação de tributos por Lei Complementar:
· Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF – art. 153, VII da CRFB);
· Empréstimos compulsórios (art. 148, CRFB);
· Impostos e contribuições da Seguridade Social Residuais da União. 
 No âmbito de divisão das competências tributárias, temos:
	COMPETÊNCIA ORDINÁRIA
Lei ordinária, MP ou Lei delegada.
	COMPETÊNCIA RESIDUAL
Pressupõe fato gerador novo (não previsto na CRFB).
Lei Complementar
	Impostos
	Contribuições da Seguridade social.
	Impostos
	Constribuições da Seguridade Social
	Art. 153, CR – União:
· II;
· IE;
· IPI;
· IOF;
· IGF;
· IR;
· ITR
	Art. 195, CR – União:
· Folha de salários;
· Lucro
· Faturamento;
· Receita.
	Art. 154, I, CR.
	Art. 195, §4º, CR.
 Atenção: Só a União tem competência tributária residual. 
· Art. 146, III, alínea “a”, CR: o art. 146 regula o papel da lei tributária no direito tributário.
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
(...)
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; 
 Inciso III: a lei complementar estabelece normas gerais na legislação tributária. Normas gerais são normas nacionais, isto é, válidas para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. O objetivo dessas normas gerais é promover uma uniformização do direito tributário.
· Alínea “a”: definição de tributo e suas espécies. Nesse aspecto, o CTN, embora seja lei ordinária, foi recepcionado pela CF/88 com o status de lei complementar.
 Em relação aos impostos discriminados na CRFB, a lei complementar definirá os fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes. (União – art. 153; Estados – art. 155; Municípios – art. 156).
 Isto ignifica que caberá a lei complementar criar esses impostos? Não, a lei complementar tem o papel de uniformizar esses impostos em âmbito nacional. Ou seja, o ICMS, imposto estadual, deverá ter um mínimo de uniformidade, no que diz respeito a base de cálculo, contribuintes e fatos geradores.
· CTN, LC 87/96 (ICMS), LC 116/03 (ISS).
· Atenção: Não há lei complementar para o IPVA o STF entendeu que os Estados podem criar o IPVA. No caso de omissão legislativa pela União, os Estados exercem competência legislativa plena (art. 24, §3º da CRFB) – AgR no AI 167.777.
RECURSO - AGRAVO DE INSTRUMENTO - COMPETÊNCIA.
A teor do disposto no artigo 28, § 2º, da Lei nº 8.038/90, compete ao relator a que for distribuído o agravo de instrumento, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, bem como no Superior Tribunal de Justiça, com o fim de ver processado recurso interposto, o julgamento respectivo. IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES - DISCIPLINA. Mostra-se constitucional a disciplina do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores mediante norma local. Deixando a União de editar normas gerais, exerce a unidade da federação a competência legislativa plena - § 3º do artigo 24, do corpo permanente da Carta de 1988 -, sendo que, com a entrada em vigor do sistema tributário nacional, abriu-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a via da edição de leis necessárias à respectiva aplicação - § 3º do artigo 34 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Carta de 1988. Processo: AI-AgR 167777 SP. Relator(a):MARCO AURÉLIO. Julgamento: 03/03/1997. Órgão Julgador: Segunda Turma
4.5 Contribuições e lei complementar
· A regra é a criação ou modificação de contribuições por lei ordinária. A COFINS foi criada por lei complementar.
· Lei complementar: contribuição social residual (art. 195, §4º, CRFB).
· Debate em torno da COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social): 
· Criada pela LC 70/91. Esta LC sofreu modificaçõesposteriores por lei ordinária (Lei 9718/98 e Lei 9430/96). 
· Essas modificações são constitucionais? Temos, no caso, uma lei complementar alterada por leis ordinárias. Há violação ao princípio da hierarquia das leis?
 O STF entendeu que não fere o princípio da hierarquia das leis, afirmando que este princípio sequer existe no caso em comento. O debate, segundo o STF, não gira em torno da hierarquia das leis. A discussão diz respeito à competência. A LC não é superior a lei ordinária. A LO tem um âmbito de aplicação distinto da LO. O que é relevante analisar é a matéria regulada pela LC. Nesse sentido, se esta LC tratar de matéria de LO, a LC é materialmente ordinária. A LC 70/91 é uma lei materialmente ordinária, que pode, portanto, ser modificada por lei ordinária. Isto porque a criação de contribuições, como regra, será feita por lei ordinária.
4.6 Exceções ao princípio da legalidade:
a) Alteração de alíquotas (lei alteração);
· Art. 153, §1º, CF: impostos extrafiscais (o objetivo é intervir na economia);
· Decreto: II, IE, IPI, IOF.
· Art. 177, §4º, I, “b”, CR: CIDE Combustíveis.
· Decreto.
b) Definição de alíquotas (não há lei prévia).
· ICMS Combustíveis (art. 155, §4º, IV, CR)
· Convênio: deliberação entre Estados e DF realizada no âmbito do Poder Executivo. Serve para aprovar benefícios fiscais em relação ao IVMS, operando como instrumento importante no combate à guerra fiscal. No caso, a própria definição da alíquota é feita por ato do Poder Executivo - convênio.
5) Princípio da anterioridade da lei tributária
5.1 Conceito: é uma vacatio legis específica para lei tributária. 
 Anterioridade
 Publicação Vigência
5.2 Previsão legal:
· Art. 150, III, “b” e “c”, CR: regra geral;
· Art. 195, §6º, CR: regra específica.
5.3 Art. 195, §6º, CR: anterioridade nonagesimal
Entre a data de publicação da lei e a possibilidade de produção de efeitos (vigência), deverá ser respeitado o período mínimo de 90 dias. São 90 dias corridos. Este princípio aplica-se:
· Contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social (art. 195, CR).
Debate importante prorrogação da CPMF (prorrogação do período de vigência da contribuição): na prorrogação, deve haver observância ao princípio da anterioridade nonagesimal? A CPMF foi criada em 1996. 
 O STF, na ADIN 2666, entendeu que o prazo de anterioridade não deve ser observado. Para o STF, prorrogação não se confunde com criação ou majoração de tributo. 
 RE 587.008, com repercussão geral reconhecida/ mérito: o julgamento aconteceu em fevereiro de 2011. Neste RE, o STF, novamente, entendeu que prorrogação não se confunde com criação ou majoração de tributo, não havendo, desse modo, observância da anterioridade. Este recurso especial tratou especificamente do art. 195, §6º, CF (anterioridade nonagesimal).
 RE 584.100/RG/mérito: julgado em novembro/09 art. 150, III, “b”, “c”, CR – anterioridade anual.
 Estes entendimentos, conforme se nota, valem para a anterioridade nonagesimal como também para o princípio da anterioridade geral.
 Obs.: Este princípio também é conhecido como princípio da anterioridade mitigada. Isto porque o prazo de anterioridade é mitigado em relação a anterioridade geral (art. 150, III, “b”, “c”, CF). Nesse sentido, a regra do exercício seguinte não é observada na anterioridade nonagesimal, daí a mitigação.
5.4 Art. 150, III, “b” e “c”, CR: anterioridade geral.
Esta regra geral foi modificada pela EC 42/03. Esta EC incluiu na CRFB a alínea “c”.
a) Antes da EC 42/03: 
· Art. 150, III, “b”, CR: regra do exercício seguinte.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
 III - cobrar tributos:
 b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
 A lei tributária não pode produzir efeitos no mesmo exercício financeiro de publicação.
Lei: 20/05/00	Efeitos: 01/01/01
b) Após a EC 42/03 (redação atual).
· Art. 150, III, “b” e “c”, CR: anterioridade do exercício seguinte, conjugada com um prazo mínimo de anterioridade de 90 dias.
	Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
 III - cobrar tributos:
 b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Exemplos:
Publicação	 Exercício seguinte (alínea “b”)	Efeitos
	No mínimo, 90 dias
	Lei 20/05/09 01/10/2010 (alínea “c”)Exercício seguinte
90 dias
		
	Lei 20/12/09 01/01/10 20/03/2010
 A lei só poderá produzir efeitos apenas no exercício seguinte e, entre a data de publicação da lei e a data de produção defeitos, deve haver, no mínimo, 90 dias.
c) Exceções ao art. 150, III, “b” e “c”, CR:
	EXIGÊNCIA IMEDIATA
	APENAS 90 dias (“c”)
	APENAS exercício seguinte (“b”)
	· Imposto extraordinário de guerra.
· Empréstimo compulsório decorrente de guerra ou calamidade pública.
· IE;Impostos extrafiscais
· II; 
· IOF.
	· IPI;
· ICMS Combustíveis;
· CIDE Combustívies;
· Art. 195, §6º: contribuições para a seguridade social.
	· IR;
· Leis que modificam a base de cálculo de IPTU e IPVA.
5.5 Observações importantes:
a) Anterioridade X Anualidade: 
· A anualidade não existe na CF/88. Determinava que o tributo somente poderia ser exigido se previsto na lei orçamentária.
b) Anterioridade e medidas provisórias:
· A MP possui prazo de validade inicial de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 para sua conversão em lei. Suponha a seguinte situação: MP criada no dia 20 de outubro de 2010, tendo sido prorrogada por 60 dias e convertida em lei em 20 de fevereiro de 2011. Qual é o termo inicial do princípio da anterioridade? Data de sua publicação ou data de conversão em lei?
· Para impostos: data da conversão da medida provisória em lei (art. 62, §2º da CF).
· Para outros tributos: data de publicação da MP. Vale basicamente para a hipótese de contribuições.	
 Atenção: Não há que se falar em direito a restituição caso a MP não tenha sido convertida em lei!
c) Anterioridade e revogação de isenção: a lei que confere isenção é revogada, passando o tributo a ser exigido. Esta lei que revoga isenção deve observar o princípio da anterioridade?
 Resposta: Não. Revogação de isenção não se confunde com majoração ou criação de tributo. A revogação terá aplicação imediata.
 Só existem dois casos em que a anterioridade é observada, especificamente a anterioridade do exercício seguinte (art. 104, III do CTN):
· Situações de revogação de isenções de impostos sobre o patrimônio ou a renda (IPTU, IPVA e IR).
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:
(...)
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.
6) Princípio da isonomia tributária (art. 150, II, CRFB)
 Art. 5º, caput isonomia genérica.
6.1 Conceito: todos aqueles que realizarem o fato gerador será considerados sujeitos passivos da obrigação tributária.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
Para Ricardo Lobo Torres, o dispositivo (parte final) vem coibir a concessão de privilégiosodiosos, evitando que a tributação ocorra em função de cargo ocupado ou função exercida. O importante, assim, é a interpretação objetiva do fato gerador, desconsiderando-se quaisquer aspectos externos a ele: incapacidade civil, ilicitude do ato, etc.
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se da validade jurídica dos atos e dos efeitos dos fatos ocorridos.
Na época de Roma, o imperador Vespasiano entabulou um diálogo célebre com seu filho, Tito, acerca da tributação sobre a utilização de banheiros públicos, do qual se extraiu a vetusta ideia de que “pecúnia non olet” (tributo não tem cheiro).
Jamais a ilicitude contaminará o núcleo da hipótese de incidência.
Nessa medida, a renda oriunda do ilícito (jogo do bicho, tráfico de entorpecentes, lenocínio, etc.) deverá ser alcançada pela tributação, uma vez que a hipótese de incidência do tributo (auferir renda) jamais será contaminada pela ilicitude.
Mesma ideia: 
· O menor terá capacidade tributária. A incapacidade civil é irrelevante;
· Aquele que tem obstado o exercício de sua atividade profissional (habilitação cassada) – pagamento dos impostos;
 Art. 126 do CTN
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:
I - da capacidade civil das pessoas naturais;
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.
6.1 Princípio da capacidade contributiva
Para bem entender a isonomia tributária, é necessária a leitura do art. 145, §1º da CRFB: princípio da capacidade contributiva. Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica de cada um (tratar desigualmente os desiguais).
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
 O princípio se refere a impostos, salientando-se, entretanto, que a CF de 46 fazia menção a tributos. 
 Atenção: O STF vem aplicando o princípio a outras espécies tributárias: taxas, por exemplo.
 “Sempre que possível”: a expressão indica que o princípio será aplicado de acordo com a potencialidade técnica de cada imposto. Exemplo: IR, IPTU, ICMS, IPI, etc. O princípio será concretizado a partir de técnicas de incidência de alíquotas, tais como: progressividade, seletividade, etc.
6.1.1 Progressividade:
Alíquotas variáveis. Há três impostos progressivos: 
· IR (art. 153, §2º, I da CRFB);
· IPTU (art. 182, §4º, II da CRFB c/c art. 156, §1º, I e II da CRFB);
· ITR (art. 153, §4º, I da CRFB).
 Quais são os dois impostos cuja progressividade é extrafiscal (regulação de mercado ou economia)?
Resposta: 
· IPTU;
· ITR;
6.1.2 Seletividade:
É uma técnica de incidência de alíquotas que variam na razão inversa da essencialidade. Exemplos: cesta básica. 
Razão direta Superfluidade do bem (ex.: comésticos).
Razão direta nocividade (ex.: cigarro e bebidas alcoólicas).
 Quais são os dois impostos seletivos no Brasil?
· ICMS (art. 155, §2º, III da CRFB);
· IPI (art. 153, §3º, I da CRFB).
 Atenção:
IPI – Seletividade obrigatória.
ICMS – Seletividade facultativa;
 Dica final: Carga tributária é um conceito relacional, em que se confronta o peso do tributo com o PIB. Exemplo: carga tributária brasileira em torno de 40% (40% do que o Brasil produz converte-se em tributo pago que deveria retornar em serviços para a população).
III SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
1. Conceito de tributo (art. 3º do CTN): 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
 Tributo é prestação...
(i) Pecuniária;
 Obs.: não se admite o tributo in natura (saca de café);
 Obs.: não se admite o tributo in labore. 
 Importante: dação em pagamento para bem imóvel constitui exceção à regra (art. 156, XI, CTN, redação dada pela LC 104/01).
(ii) Compulsória:
 Tributo não é facultativo, não é voluntário nem contratual.
(iii) Diversa de multa:
 Há um princípio tributário que veda o tributo com efeito de confisco. É possível a aplicação do princípio tributário que veda o confisco à multa?
Resposta: O STF já defendeu a aplicação do princípio tributário que veda o efeito confiscatório a certas multas excessivas, em homenagem ao direito de propriedade e à aplicação dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
(iv) Instituída por lei:
(v) Cobrada por lançamento:
 Art. 142 do CTN:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.
 Para o STF existem 05 tributos no Brasil (teoria pentapartida):
· Impostos;
· Taxas;
· Contribuições de Melhoria;
· Empréstimos compulsórios;
· Contribuições (especiais);
 Obs.: o art. 5º do CTN, respaldado na teoria tripartida, acolheu a existência de apenas três espécies. Desde a CF de 88, evidenciava-se a adoção de uma nova teoria, a pentapartida, segundo a qual os empréstimos compulsórios e as contribuições também desfrutavam da condição de tributo.
2. Empréstimo compulsório
 Previsão legal: art. 148 da CRFB.
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: 
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
· Tributo federal (União);
· É tributo, sim! (STF);
 Súmula 418 do STF: este verbete encontra-se superado!
 Hugo de Brito Machado não concorda com a natureza tributária.
· É tributo autônomo, sim!
 Sacha Calmon Navarro Coelho defende-o como imposto restituível.
· Lei complementar.
 MP, aqui, não! (art. 62, §1º, III da CRFB).
· Os incisos do art. 148 NÃO hospedam fatos geradores! Trata-se de pressupostos fáticos ou situações deflagrantes!
· Plano histórico: ele veio com FG de impostos! Ex: empréstimo compulsório sobre a aquisição de veículos e consumo de combustíveis (veio como um adicional de ICM – DL 2288/86). Este tributo foi declarado inconstitucional, pelo critério na restituição.
· Calamidade pública e guerra externa: despesas extraordinárias. Deve ser provada a inanição estatal, isto é, o completo exaurimento dos recursos convencionais. É uma exceção à anterioridade anual e nonagesimal (exigência imediata – art. 150, §1º).
 Em caso de guerra externa, quais são os tributos federais que poderão ser cobrados:
· Empréstimo compulsório;
· Imposto extraordinário (de guerra) – art. 154, II da CRFB.
· O inciso II (investimento público de caráter urgente e relevante) deve observar as duas anterioridades (anual e nonagesimal), em que pese fazer referência apenas à anterioridade anual (foi editado anteriormente à EC 42/03).
· Não é constitucional o empréstimo compulsório criado em face de conjuntura econômica que exija a absorção de poderaquisitivo da moeda. O inciso III do art. 15 do CTN não foi recepcionado pela CRF/88. Ele, à época, deu ensejo àquele empréstimo compulsório famoso. Hoje, portanto, se a presidenta Dilma quiser conter inflação, não poderá se valer desse tributo para resolver o problema.
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios:
 I - guerra externa, ou sua iminência;
 II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis;
 III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
 Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
· A aplicação dos recursos do tributo será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Não pode haver desvio de finalidade.
3. Contribuição de melhoria e taxa
 Ideias Comuns:
· Tributo federal, estadual, municipal (União, Estado, Município e DF);
· Lei ordinária.
· Tributos bilaterais, contraprestacionais ou sinalagmáticos. (FG = ação estatal);
· Aplicam-se os princípios constitucionais tributários; 
· Art. 177 do CTN: a isenção não se coaduna com os tributos de natureza contraprestacional! A isenção, como regra, não é extensiva às taxas e às contribuições de melhoria.
	Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:
I - às taxas e às contribuições de melhoria;
II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.
· Imputação de pagamento (art. 163 do CTN): contribuição de melhoria, taxa e imposto. 
3.1 Contribuição de melhoria
· Fato gerador: valorização imobiliária decorrente de obra pública;
 “Obra pública”: a construção de um shopping center não enseja a cobrança de contribuição de melhoria.
· Art. 2º do Decreto-Lei 195/67: rol de obras públicas que ensejam valorização imobiliária.
· Na contribuição de melhoria, o fato gerador é instantâneo, isto é, paga-se apenas 1 vez pela valorização imobiliária decorrente de obra pública.
 Obs.: Diante da alteração da base de cálculo, é bem provável que se tenha que pagar um IPTU maior, o que é admissível, uma vez que o FG de um tributo não se confunde com de outro. Nesse sentido, art. 4º do CTN.
· Base de cálculo: o quantum de valorização experimentada pelo imóvel.
 Dessa forma, diante de uma contribuição de melhoria municipal, não se pode cobrar o mesmo valor tributário dos munícipes, sem fazer a necessária individualização. 
 Base de cálculo não é:
· Custo da obra ou o valor da obra;
 Sistema misto de cobrança: no Brasil, prevalece o sistema de duplo limite de cobrança, em que haverá a presença de dois limites de cobrança...
· Limite individual: parte-se da valorização individualmente detectada;
· Limite global: respeita-se o “teto” de valor gasto com a obra.
 “Teto”: verifique que o tributo, além de evitar o locupletamento do particular, obsta o locupletamento estatal.
· Zona de influência: trata-se da área de irradiação dos efeitos valorizadores que decorrem da obra pública, ou seja, a demarcação de limites geográficos hábeis a indicar se o Fulano é sujeito passivo ou não.
· Momento do pagamento: paga-se o tributo após a obra estar finda, uma vez que apenas o término da obra ofertará condições de verificação da ocorrência ou não do FG.
 Obs.: o art. 9º do DL 195/67 indica a possibilidade aceitável de se cobrar o tributo ao término de etapas da obra, ainda que esta não esteja completamente finalizada.
· Pavimentação asfáltica: diante das obras de asfaltamento, muitos municípios entenderem adequado cobrar taxas. O STF entendeu que a taxa de asfaltamento é inconstitucional, em razão da ausência da especificidade e divisibilidade. No caso, o STF apontou para o único tributo adequado: a contribuição de melhoria.
 Obs.: no caso do recapeamento asfáltico, por se tratar de um dever de manutenção da via pública, a ser custeado difusamente pela receita de impostos, não se cogitará da cobrança da contribuição de melhoria (STF).
· Dica final: a contribuição de melhoria é considerada “regra” diante do princípio da anterioridade, que lhe será aplicado nas duas vertentes: anual e nonagesimal. Não perca de vista, entretanto, que a regra da anterioridade, quanto ao momento da incidência da lei, deve pressupor o término da obra e a consequente valorização.
· Além disso, o art. 82, I do CTN[footnoteRef:10] determina o cumprimento prévio de exigências editalícias, que tornam o tributo deveras democrático, transparente e participativo (Hugo de Brito Machado). No edital, por exemplo, deverá ser antecipado com transparência o orçamento do custo da obra. Pergunta-se: será isso de interesse do político inescrupuloso? Veja que o art. 82, incisos II e III tratam do contraditório e do processo administrativo que se abrem ao interessado irresignado com as características. [10: Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.
] 
3.2 Taxa
· Fato gerador: a taxa pode surgir em virtude de duas ações estatais (dois fatos geradores distintos):
· Serviço público (taxa de serviço ou de utilização) – art. 79 do CTN;
· Poder de polícia (taxa de polícia ou de fiscalização) – art. 78 do CTN[footnoteRef:11]. [11: Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
] 
 
3.2.1 Taxa de polícia: 
· Tal tributo será cobrado em virtude do chamado “poder de polícia”, um dos poderes administrativos que se estuda no direito administrativo.
· O poder de polícia é a atividade estatal de fiscalização, que limita o exercício dos direitos e liberdades individuais, em prol da coletividade.
· Ponto controvertido: tal fiscalização deve ser desempenhada efetivamente ou será possível cobrar o tributo diante da mera existência de um aparato administrativo fiscalizatório?
 A jurisprudência registrou o veredito do STF em um emblemático caso, ligado à TCFA (taxa de controle de fiscalização ambiental) – RE 416.601, entendendo que se pode prescindir da efetiva comprovação da atividade fiscalizatória, bastando a existência do aparato administrativo. Todavia, a doutrina tem discutidoo tema e evitado tomá-lo como paradigma (FGV pediu o teor da ementa).
3.2.2 Taxa de serviço
· O serviço público que enseja a taxa terá duas características cumulativas (específico e divisível), podendo ser desfrutado de modo distinto (efetivamente ou potencialmente). Note que o contribuinte pode usar o serviço concretamente ou não o usar, uma vez que ele teria sido apenas posto à disposição. Nos dois casos, a taxa poderá ser exigida.
 Exemplo: taxa de coleta de lixo em municípios com população flutuante art. 145, II da CRFB e art. 79, I do CTN. 
 Art. 145, CRFB. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
(...)
 II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
 Art. 79, CTN. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
 I - utilizados pelo contribuinte:
 a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
 b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; (A LEI DEVE ROTULÁ-LO DE UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIA).
· Serviço público específico: é aquele prestado em unidades autônomas de utilização, sendo possível identificar o sujeito passivo (serviço público singular ou uti singuli) – art. 79, II do CTN.
· Serviço público divisível: é aquele que se mostra quantificável – art. 79, III do CTN.
· Importante: o serviço público geral não pode ensejar taxa no Brasil, uma vez que ele é prestado indistintamente à coletividade (serviço público universal ou uti universi).
· Exemplos de serviços públicos gerais (taxa, não!):
 Segurança pública;
 Iluminação pública
STF Súmula nº 670 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 4; DJ de 10/10/2003, p. 4; DJ de 13/10/2003, p. 4.
Iluminação Pública - Taxa
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
 Importante: este tributo voltou no formato de contribuição, a chamada contribuição para o serviço de iluminação pública, conforme se lê no art. 149-A, da CF (Emenda Constitucional nº 39/02) - COSIP.
 Limpeza pública (de logradouro): varrição, capinação e limpeza de bueiro. 
 Obs.: não confundir esse serviço com o de coleta de lixo, uma vez que a jurisprudência já entendeu que tal coleta pode estar revestida de especificidade e divisibilidade. Nesse sentido, súmula vinculante nº 10:
STF Súmula Vinculante nº 19 - PSV 40 - DJe nº 223/2009 - Tribunal Pleno de 29/10/2009 - DJe nº 210, p. 1, em 10/11/2009 - DOU de 10/11/2009, p. 1
Taxa - Serviços Públicos de Coleta, Remoção e Tratamento ou Destinação de Lixo ou Resíduos Provenientes de Imóveis
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.
· Dicas finais:
· Base de cálculo: a base de cálculo da taxa (custo da ação estatal) não pode se confundir com a base de cálculo do imposto (valor) – art. 145, §2º e art. 77, parágrafo único do CTN. 
Art. 145, § 2º, CF - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Art. 77, CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a impôsto nem ser calculada em função do capital das empresas. (Vide Ato Complementar nº 34, de 30.1.1967)
 Motivo: a base de cálculo “valor” decorre do fato de que o imposto é um tributo unilateral, diferentemente do que ocorre com as taxas (tributo bilateral).
· Taxa ≠ tarifa
	TAXA
	TARIFA
(preço público)
	Tributo
	Não é tributo
	Princípios tributários
	-
	Compulsória
	Facultativa/ voluntária
	Lei
	Contrato
	Obrigação ex lege
	Obrigação ex voluntate
	Receita derivada
	Receita originária
	Ex.: TCFA
	Âmbito de tarifação:
· Tarifa de ônibus (transporte público);
· Pedágio*;
* A natureza jurídica do pedágio é controvertida. O STF já teve oportunidade de o considerar como taxa, à época do “SELO - PEDÁGIO” (Lei 7712/88). Na ocasião, o STF vislumbrou a especificidade e a divisibilidade no gravame. Além disso, o termo pedágio é mencionado no art. 150, V da CRFB (princípio da liberdade ao tráfego de pessoas e bens), no contexto de um princípio tributário, o que reforçaria a tese da taxação. Por outro lado, a indumentária do pedágio brasileiro vem colocando em xeque a sua feição tributária, em razão da desobediência aos princípios (legalidade, anterioridade, etc.), sem contar a questão da facultatividade diante das vias alternativas. Desse modo, entendemos que o pedágio pode ser uma taxa (STF), entretanto vem se mostrando mais fielmente como um gravame exigido no âmbito da tarifação. A matéria continua aberta para debates. (objeto de cobrança no concurso de magistratura federal do TRF 4ª região – CESPE).
4. Impostos
	A parte geral é estudada aqui, enquanto os impostos em espécie virão no Intensivo II.
· Conceito: o imposto é um tributo não vinculado à atividade estatal, razão pela qual ele é “unilateral” – art. 16 do CTN.
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
· Fato gerador: ação do particular.
· Criação:
· Regra: lei ordinária;
· Exceção (lei complementar): imposto sobre grandes fortunas e imposto residual da União.
· Competência tributária: União, Estados, Municípios e DF criam impostos.
· Exemplo de imposto que ainda não foi criado: imposto sobre grandes fortunas.
· A competência tributária é indelegável.
· Finalidade: custeio difuso dos serviços públicos gerais.
· Art. 167, IV da CRFB (princípio da não afetação dos impostos ou não vinculação): é vedada a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa.
 Ex.: aumento de ICMS de 17% para 18%, com 1% voltado para construção de moradias populares (despesa).
Art. 167. São vedados:
(...)
 IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
 Ressalvas:
· Repartição da receita de arrecadação de impostos: existem algumas receitas de impostos que são atreladas a fundos (Fundo de Participação do Estado e Fundo de Participação do Município);
· Ações e serviços de saúde;
· Manutenção e desenvolvimento de ensino;
· Atividades da Administração Tributária;
· Prestação de garantia às operações de crédito por antecipação de receita.
· Decore dispositivos atrelados exclusivamente a impostos: 
· Art. 150, VI, alíneas “a”, “b”, “c”, “d”.
· Princípio da capacidade contributiva – art. 145, §1º da CRFB.
· Competência privativa (impostos).
· Art. 153, CF impostos federais (competência: União);
· Art. 155, CF impostos estaduais (competência: Estado e DF);
· Art. 156, CF impostos municipais (competência: Município e DF[footnoteRef:12]). [12: Art. 147, CRFB. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.] 
	MUNICIPAIS
	ESTADOS
	DF
	FEDERAIS
	IPTU
	IPVAEstados + Municípios.
	II
	ISS (ou ISSQN)
	ICMS
	
	IE
	ITBI (ou ITIV)
	ITCMD
	
	IPI
	IOF
	ITR
	Imposto sobre Grandes Fortunas.
	Imposto Extraordinário
	Imposto Residual
 Importante: Impostos de competência cumulativa (ou múltiplas) - art. 147 (territórios e DF).
 Território:
· Impostos Estaduais: União
· Impostos municipais:
· Território não é dividido em municípios: União
· Território é dividido em municípios: Municípios.
 Atenção: Nos Territórios, compete à União os impostos federais, estaduais e municipais, desde que, com relação a estes, os territórios não sejam divididos em Municípios.
5. Contribuições
· Tributo federal estadual ou municipal. Entretanto, a regra é a existência de contribuições federais;
 Contribuições não federais:
· Art. 149-A da CRFB: COSIP (Contribuição de Iluminação Pública) tributo municipal. Competência para criar: Municípios e DF.
· Art. 149, §1º da CF: contribuição previdenciária que incide sobre a remuneração dos servidores públicos (Estados, DF e Municípios). 
· Qual é a lei instituidora? Lei ordinária, como regra. 
 Lei complementar: contribuição social previdenciária residual (195, §4º da CRFB).
· O Tributo não será definido pelo seu fato gerador (ou hipótese de incidência). Com efeito, o art. 4º do CTN[footnoteRef:13] só se aplica a três tributos: impostos, taxas e contribuições de melhoria (ver art. 5º). A contribuição será definida pela finalidade que lhe for atribuída (tributo finalístico). [13: Empréstimos compulsórios e contribuições são impostos finalísticos, isto é, não são definidos pelo fato gerador.] 
· Terminologia: o nome “contribuições”, genericamente posto, é recomendável (Leandro Paulsen). No máximo, devemos aceitar “contribuições especiais”.
 Problema: cuidado com o qualificativo “sociais”, pois designa espécie, e não gênero.
· Três tipos de contribuições:
· Sociais;
· Interventivas;
· Profissionais:
 Obs.: PARAFISCALIDADE. Existem certas contribuições que podem ser rotuladas de parafiscais. A parafiscalidade é um fenômeno mediante o qual ocorrerá uma delegação da capacidade de arrecadação/fiscalização do tributo por um ente que detém o poder de criá-lo.
 Macete: uma pessoa política cria o tributo (competência tributária), e outra, paralelamente localizada, arrecada-o e fiscaliza-o (capacidade tributária ativa).
 “Delegação de capacidade tributária ativa por um ente que detém competência tributária”.
 Exemplo: 
· Anuidade paga pelo engenheiro ao CREA.
· Competência tributária: União;
· Capacidade tributária: CREA (ente parafiscal ou parafisco).
· Lógica: eficiência na Administração Tributária.
· O parafisco se apropria de 100% do valor.
5.1 Contribuições profissionais:
· O Tributo será sempre federal (União).
· Existem dois bons exemplos de contribuições profissionais no Brasil: 
· Anuidades pagas pelos profissionais aos respectivos Conselhos Autárquicos de Fiscalização (CREA, CRM, CRO, CRC, etc.).
 Obs.: quanto à anuidade da OAB, e sua natureza jurídica, o tema sempre foi controvertido, quer na jurisprudência (STJ e STF) e na doutrina. A dúvida é se a anuidade é tributo ou não. Para Leandro Paulsen, a anuidade da OAB é uma contribuição profissional. A nosso entender, a defesa da natureza tributária se tornou problemática diante do posicionamento do STF na ADI 3026, que colocou em xeque a sua natureza autárquica. De certo modo, a dúvida quanto à sua personalidade jurídica não nos deixa tranquilos para defender a natureza tributária.
· Contribuição sindical: é um tributo federal, tratado na CLT e correspondendo a um determinado valor que deve ser pago pelo empregador. Ela não pode ser confundida com a contribuição confederativa, uma vez que esta não é tributo (art. 8º, IV da CRFB)
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que (CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA), em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei (CONTRIBUIÇÃO SINDICIAL);
 Súmula 666 do STF:
STF Súmula nº 666 Contribuição Confederativa - Exigibilidade - Filiação a Sindicato Respectivo
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
FENÔMENO DA INCIDÊNCIA 
1 – Conceitos básicos
Hipótese de incidência:
O fenômeno da incidência tributária ele se inicia com a hipótese de incidência (HI). Essa hipótese de incidência um dia deixa o campo da hipoteticidade e penetra no campo da realidade (campo dos fatos). Uma HI quando acontece deixa de ser hipótese para ser um fato (um fato gerador).
A relação jurídico tributária se inicia com a HI e esta uma vez concretizada da ensejo ao fato gerador.
 Hipótese de incidência é uma situação abstrata e prevista em lei com aptidão para deflagrar o fenômeno da incidência tributária. A hipótese de incidência é dotada de abstração, generalidade e tributabilidade o legislador teve que buscar no mundo das ideias (mundo ideal) as situações vocacionadas ao tributo como, por exemplo: auferir renda; circular mercadorias; transmitir bens; etc.
A hipótese de incidência, portanto, gravita no plano das ideias. 
Fato gerador:
	Fato gerador é a materialização, concretização de um evento prévio, geral e abstrato que é a hipótese de incidência. Deixa de aplicar o plano das ideias e passa a aplicar o plano dos fatos.
	Fato gerador é expressão consagrada na doutrina, na jurisprudência e no CTN, embora tenha sido alvo de muitas críticas. Para Geraldo Ataliba, a expressão melhor será fato imponível. Para Paulo de Barros Carvalho, a melhor expressão será fato jurídico-tributário. Outros o apelidam de fato jurígeno. 
	O fato gerador indica a materialização ou concretização daquela descrição legal, genérica e dotada de tributabilidade – a hipótese de incidência. 
	É possível notar que a doutrina tende a tratar o fenômeno da incidência em dois momentos distintos: hipótese de incidência e o fato gerador. A primeira (HI), sendo normativa e prévia; a segunda (FG), sendo fática e consequente. Desse modo, aquele fato que se adapta à hipótese (ex: João aufere renda), não é um fato qualquer, mas um fato juridicizado, capaz de provocar consequências no mundo do direito. 
Plano das ideias Plano dos fatos Plano do direito
HI			 FG			Nascimento da obrigação Tributária
Com o encontro do fato gerador à hipótese de incidência, teremos o nascimento da obrigação tributária (ex: João tem o dever de pagar o imposto sobre a renda - IR).
O fenômeno da incidência tributária pode ser representado por esse encontro da hipótese de incidência com o fato gerador, e vice e versa, em um nítido nexo de causalidade, conhecido por subsunção tributária. 
HI			 FG			Nascimento da obrigação Tributária
 Subsunção tributária
Subsunção – adaptamento, acoplamento – um fato se subsume ao outro.
OBS: É possível encontrar entendimento doutrinário diverso sobre o tema até aqui exposto (Rubens Gomes de Sousa), em que se teria apenas o fato gerador, dividido em uma perspectiva abstrata (fato gerador in abstracto) e em uma perspectiva concreta (fato gerador in concretu). Entretanto, as bancas de concurso preferem adotar as terminologias hipótese de incidência e fato gerador.
OBS²: No CTN, a expressão fato gerador não é utilizada de modo criterioso, uma vez que, pode designar o fato gerador ou, até mesmo, a hipótese de incidência. Esse caráter polissêmico requer cautela (em alguns artigos do CTN o legislador ao invés de dizer hipótese de incidência diz fato gerador, neste sentido cabe ao profissional do direito descobrir o que o legislador quis dizer). Exemplos: art. 97, III, CTN; art. 4º, CTN; art. 118, CTN.
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer*:
III - a definição do fato gerador (por ser definição legal é muito mais hipótese de incidência do que fato gerador) da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;
Art. 97, III CTN A lei deve definir a hipótese de incidência e não o fato gerador propriamentedito.
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador (leia-se hipótese de incidência) da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
Art. 4º, CTN A natureza jurídica do tributo será demarcada pelo aspecto material do fato gerador (auferir renda), que é a própria hipótese de incidência. 
Art. 118. A definição legal do fato gerador (a expressão “definição legal” – a lei traz a definição da hipótese de incidência, e não do FG) é interpretada abstraindo-se:
 I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
 II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
Art. 118, CTN O dispositivo menciona definição legal e, por isso mesmo, preferimos entender que há referência à hipótese de incidência. Definição legal é definição da hipótese de incidência. A hipótese de incidência não importa com quem realiza o fato gerador. A HI não é contaminada com os aspectos exteriores (pessoa incapaz, bicheiro, etc), ela é abstrata. 
No direito tributário não importa quem realiza o fato gerador (se é incapaz, capaz, bicheiro, etc), importa que tenha havido o fato gerador. 
	Relembre que a hipótese de incidência avoca uma interpretação objetiva, sendo irrelevantes aqueles aspectos de consideração em outras disciplinas jurídicas (ilicitude do ato, incapacidade civil do agente – recém nascido, etc). 
Pecunia non olet – o dinheiro não tem cheiro.
Pergunta de concurso: 
# O fato gerador é um negócio jurídico? É avolitivo?
Veja que um fato gerador não é um ato de cunho negocial, em que a vontade ganha relevo. Se há subsunção tributária, a obrigação tributária é inexorável (inevitável). Assim, o fato gerador é avolitivo. Ou seja, aqui a vontade é irrelevante. 
Fato gerador é fato jurídico e não um negócio jurídico. Para se falar em negócio jurídico a vontade é relevante para a descrição. fato gerador é avolitivo. 
A hipótese de incidência não gera dever de pagar o tributo (a HI não gera o dever de nada), o dever de pagar é obrigação tributária.
O nascimento da obrigação tributária dá-se com a ocorrência do fato gerador previsto em lei.
2 – Classificação dos fato gerador
	Os fatos geradores pode ser assim classificados (DECORAR):
a) Fato gerador instantâneo ou simples: a sua realização ocorre mediante a prática de um simples ato, iniciando-se e esgotando-se em um dado instante. Ex: ICMS, IPI, II, IE, ITBI, etc (a maioria). 
b) Fato gerador contínuo ou continuado: a sua realização ocorre de forma duradoura e estável no tempo, existindo hoje e amanhã. No Brasil, isso ocorre com três impostos que incidem sobre a propriedade: IPTU, IPVA e o ITR. Daí a necessidade de se fazer um corte temporal para delimitar o momento do pagamento desses impostos. 
c) Fato gerador complexivo ou periódico: a sua realização também ocorre de forma duradoura, à semelhança do item anterior (fato gerador contínuo ou continuado), entretanto, o fato gerador complexivo é marcado pela soma algébrica de “n” fatos isolados que, ao final, serão globalmente considerados (F1+ F2+ F3....). Existe um imposto que tem essa característica: o IR. 
Ainda sobre o fato gerador, o CTN indica que ele pode se materializar em uma situação de fato ou em uma situação de direito. Art. 116, CTN (decorar este artigo):
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.
Situação de fato são circunstâncias materiais produtoras de efeitos esperados. Ex: fato gerador do ICMS – saída de mercadoria. Nesta situação, não precisa recorrer ao direito para saber o que é saída.
Situação jurídica ou de direito – o direito servirá para constituir definitivamente a situação. Ex: fato gerador do IPTU – propriedade de bem imóvel localizado na zona urbana. Aqui é necessário recorrer ao direito para saber o que é propriedade, o que é imóvel, o que é zona urbana.
Art. 117. Para os efeitos do inciso II (situação de direito) do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio.
	O fato gerador que se traduza em situação de direito pode estar submetido a uma condição (clausula que subordina os efeitos jurídicos do ato a um evento futuro e incerto). A depender da condição (suspensiva ou resolutória), o fato gerador ocorrerá em um dado momento:
 Condição suspensiva – o FG ocorre com o implemento da condição.
 Condição resolutória ou resolutiva – o FG ocorre desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio.
Na condição suspensiva tem efeitos do ato após o implemento da condição suspensiva.
A condição resolutiva (resolve/por fim) põe fim aos efeitos do ato, portanto o fato gerador acontece desde o momento da prática ou celebração do negócio.
3 – Início da obrigação tributária
	A obrigação tributária surge com o fato gerador, assim entendido como a materialização da descrição prévia e normativa (hipótese de incidência). 
	Da mesma forma, o obrigação tributária surge a partir da subsunção tributária.
HI			FG			OT
	
 Subsunção tributária
	Quando o fato encontra-se à hipótese, à luz do fenômeno da incidência tributária, temos o nascimento do elo que unirá credor ao devedor do tributo. Nota-se que a obrigação tributária está ligada ao campo do “dever”, e não à exigibilidade (o fiscal não pode grudar no pescoço do devedor e obriga-lo a pagar). Daí se falar em cumprimento da obrigação tributária (adimplemento) ou não, o que provocará as consequências normais de cobrança do tributo. 
	O fato gerado cria um ambiente de direitos (pagar o tributo que a lei manda. Direito de o Estado cobrar só o que a lei manda) e deveres (dever de pagar o tributo).
	Veja que o fato gerador, ao criar direitos e deveres, dota-se da natureza de ato constitutivo, operando efeitos ex nunc. 
	A obrigação tributária possui quatro elementos:
a) Sujeito ativo;			partes (credor/devedor)
b) Sujeito passivo;
c) Objeto;			prestação 
d) Causa. 				Vínculo jurídico 
Terminologia do 			Terminologia do
Direito tributário			Direito privado
4 - Elementos da obrigação tributária
4.1 - Sujeito ativo (art. 119, CTN):
	O sujeito ativo é o ente credor do tributo e/ou da multa. A sujeição ativa será desempenhada por:
1 – União, Estados, municípios e DF (pessoas jurídicas de direito público). Essas pessoas detêm competência tributária. Art. 119, CTN.
 Competência tributária é o poder político e indelegável de instituição de tributo e/ou multa. 
2 – Entes parafiscais. Essas entidades se apresentam como indumentária de autarquia. Os entes parafiscais detêm capacidade tributária ativa. Art. 7º, CTN:
 Capacidade tributária ativa é o poder administrativo e delegável de arrecadação e fiscalização de tributos e/ou multa. 
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
Atenção: Não se concebe a cobrança de tributo fora da pessoa jurídica de direito público.
CREA – cobra anuidade do engenheiro. Essa anuidade

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