Buscar

trabalho docente nas classes hospitalares

Prévia do material em texto

1
LICENCIATURA EM LETRAS
WILLIAN RODRIGO DE OLIVEIRA SILVA DOS SANTOS
TRABALHO DOCENTE NAS CLASSES HOSPITALARES
Pindamonhangaba
2019
 
willian rodrigo de oliveira silva dos santos
trabalho docente nas classes hospitalares
Trabalho apresentado ao Curso Licenciatura em Letras – Lingua Portuguesa/ Lingua Inglesa 
Prof. 
Pindamonhangaba - SP
2019
SUMARIO 
1. INTRODUÇAO .............................................................................pag 4
2. DESENVOLVIMENTO..................................................................pag 5
3. CONCLUSÃO...............................................................................pag 12
4. BIBLIOGRAFIA............................................................................pag 13
INTRODUÇÃO
A Classe hospitalar é uma importante conquista para a educação em todo o território brasileiro, outrora, o aluno hospitalizado ficava reprovado no período de internação, por conta dos tratamentos médicos que o impossibilitava de frequentar o ensino regular nas escolas de educação básica.
Pedagogia Hospitalar é um dos temas bastante discutidos entre os pedagogos no ambiente universitário e no meio acadêmico, por sua popularidade e abrangência, nesse sentido, grandes mudanças e ‘’[...] soluções para os problemas específicos, assim vencendo o desenvolvimento dos vários segmentos da sociedade’’ (MARTINS, 2012, p.92 apud MATOS, MUGIATTI, p.17)
 
DESENVOLVIMENTO 
 As primeiras experiências de intervenção escolar hospitalares ocorreram na França em 1935 e, posteriormente, na Alemanha e Estados Unidos. O atendimento à criança hospitalizada cresceu sensivelmente após a Segunda Guerra Mundial, quando alguns países da Europa receberam, como consequência cruel deste conflito, crianças mutiladas e com doenças contagiosas como tuberculose, por exemplo, muitas vezes fatal à época (VASCONCELOS, 2006);
 O seu objetivo é mostrar que o espaço educativo não se restringe somente ao ambiente escolar, mas a educação pode chegar a lugares antes não viáveis (ESTEVES, 2008).
 O atendimento em classe hospitalar destina-se prover, na conformidade do Parecer CNE/CEB nº17/2001 (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO,2011), e por meio de um atendimento especializado, a educação escolar a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou atendimento ambulatorial.
 Segundo Calegari-Falco (2007) a educação inclusiva na classe hospitalar assume um papel importante, pois proporciona à criança e ao adolescente internados o acesso a uma porção saudável de sua vida, que é o contato com o ambiente escolar. Esse espaço de escolarização deve respeitar as limitações impostas pela doença e pelo tratamento em curso, além de proporcionar continuidade dos estudos.
 A ação educativa no espaço hospitalar mais antiga no Brasil ocorre desde 1950, no hospital Municipal Jesus, no Rio de Janeiro.
Hoje, no Brasil, Classe hospitalar é a denominação do atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambiente de tratamento de saúde em circunstância de internação ou ainda na circunstância do atendimento de hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental. É compreendida na modalidade de Educação Especial por atender crianças e/ou adolescentes considerados com necessidades educativas especiais em decorrência de apresentarem dificuldades no acompanhamento das atividades curriculares por condições de limitações específicas de saúde. Tem por objetivo propiciar o acompanhamento curricular do aluno quando estiver hospitalizado, garantindo-se a manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo flexibilizado (BRASIL, 2002).
 O processo de consolidação da Classe Hospitalar vem ocorrendo num cenário em que movimentos sociais lutam em favor dos direitos da criança e se inscreve como parte do processo de redemocratização do país, expressa na Constituição Federal de 1988, que dimensiona a educação como um direito de todos, devendo ser efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 1988).
 Este direito é ratificado na Lei n° 8.069 de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) (BRASIL, 1990) e na Lei n°9.394 de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) (BRASIL, 1996). Esta última prevê também que os Municípios se incumbirão de organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, baixar normas complementares para os seus sistemas de ensino e autorizar, credenciar, e supervisionar os estabelecimentos dos seus sistemas de ensino. Parte deste processo se reflete também na edição da Resolução n°41 de 13 de outubro de 1995 do CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1995), onde se dispõe sobre os direitos das crianças e dos adolescentes hospitalizados. Neste instrumento, a ação educativa hospitalar ganha mais força e visibilidade, aparecendo no cenário nacional com status de legislação. Isto posiciona a ação educativa no hospital como parte de uma série de transformações pelas quais o país vem passando, na tentativa de dimensionar a educação e a saúde como direito de todos. Esta Resolução prevê que toda criança hospitalizada tem direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde e acompanhamento do currículo escolar durante permanência no hospital. 
 O Conselho Nacional de Educação - CNE, em 2001, tratou a obrigatoriedade e utiliza a nomenclatura ‘’classe hospitalar’’ no artigo 13 da Resolução nº 2 (BRASIL, 2001). A partir desse momento, então, fica indicado que os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio.
Diz a referida Resolução:
Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante ação integrada como os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio.
§ 1º As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domiciliar devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educação Básica, contribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar, e desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens e adultos não matriculados no sistema educacional local, facilitando seu posterior acesso à escola regular.
§ 2º Nos casos de que trata este Artigo, a certificação de frequência deve ser realizada com base no EM de dezembro de 2002, com base na legislação vigente, a Secretaria de Educação Especial do MEC edita o documento intitulado Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações, em que se encontram os princípios, os objetos e as formas de organização e funcionamento administrativo e pedagógico das classes hospitalares e do atendimento pedagógico domiciliar.
 Atendimento educacional hospitalar e o atendimento pedagógico domiciliar devem estar vinculados aos sistemas de educação como uma unidade de trabalho pedagógico das Secretarias Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Educação, como também às direções clínicas dos sistemas e serviços de saúde em que se localizam (BRASIL, 2002 p.15)
 Neste documento entende-se que atendimento pedagógico domiciliar é o atendimento educacional que ocorre em ambiente domiciliar, decorrente de problema de saúde que impossibilite o educando de frequentar a escola ou esteja ele em casas de passagem, casas de apoio, casas-lar e/ou outras estruturas de apoio da sociedade. 
 Todavia embora a legislação reconheçao direito da criança de receber este tipo de atendimento (pedagógico-educacional), durante o período da internação, esta oferta ainda é muito restrita; consequentemente, não garante a todas as crianças esse direito, o que acaba gerando desigualdade, à medida que alcança apenas algumas crianças.
 É importante destacar que a criança afastada da escola sofre consequências que afetam aspectos referentes à socialização, tais como; perda de amigos, visão improdutiva de si, medo de ser esquecido, entre outros.
 A participação, bem como o acompanhamento dos pais nas atividades escolares dos filhos é de fundamental importância em se tratando do contexto hospitalar. Este acompanhamento adquire um valor ainda maior, considerando a fragilidade da criança/adolescente em estado de doença e de todas as suas implicações. 
 Segundo Oliveira (1991, p.161), ‘’a criança hospitalizada necessita da presença amorosa e solidária dos familiares ligados a ela por laços de parentesco mais estreitos’’
 Assim sendo, os acompanhantes são encorajados a permanecerem com seus filhos na classe hospitalar e participarem das atividades pedagógicas, bem como, estudar, ler, brincar, pintar, enfim, interagir com a criança possibilitando restabelecer o equilíbrio alterado pela internação, minimizando os aspectos negativos durante esse período.
 Além da cooperação e dos cuidados relacionados ao tratamento, os acompanhantes também atuam como figura relevante no processo de interação entre a escola de origem e a classe hospitalar. Desta forma, deverão fornecer os dados necessários para o registro/admissão, buscar ou viabilizar o encaminhamento das atividades, relatórios e avaliações da escola de origem e encaminhá-las de volta após a realização das mesmas pela criança e após a alta médica, apresentar para a escola a Ficha de Atendimento na Classe Hospitalar (OLIVEIRA, 1991).
 Como forma de estruturar e organizar a política de atendimento pedagógico preconizado pela Resolução CNE/CEB nº02/2001, o Ministério da Educação (MEC) publica, em 2002, o documento ‘’Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar; estratégias e orientações’’ como o objetivo de aprofundar conhecimentos e orientações acerca do atendimento educacional em hospitais e domiciliares (BRASIL, 2002).
 Devemos compreender em primeira mão que as classes hospitalares devem proporcionar aos alunos, por intermédio de práticas pedagógicas interdisciplinares, além de momentos de descontração, discussões, pesquisa e aprendizagem, a possibilidade de melhoria no processo de tratamento e cura dos mesmos. E não menos importante, contribuir de forma importante com uma visão mais humanizadora diante do que é vivido e enfrentado pelas crianças presentes no local.
 A Política Nacional de Educação reconhece o direito dessas crianças ao acompanhamento pedagógico-educacional e propõe que a educação hospitalar seja feita a partir da organização de classes hospitalares. 
 O pedagogo especializado em Educação Especial é o profissional responsável pela Classe Hospitalar e dentre suas funções, Ortiz e Freitas (2005, p.15) destacam:
· Priorizar o resgate do poder infantil de conhecer e aprender o contexto vivido:
· Implementar a continuidade ao ensino dos conteúdos da escolarização regular ou mesmo investir no trabalho escolar com conteúdo programáticos próprios à faixa etária da criança, buscando sanar dificuldades de aprendizagem e propiciar a aquisição de novos saberes:
· Promover a apropriação de habilidades e aprendizagens escolares, fortalecendo o retorno e reinserção da criança no contexto do ensino regular;
· Disponibilizar a proteção à afetividade como fenômeno garantidor de aceitação e respeito à singularidade do paciente-aluno;
· Fortalecer a construção subjetiva do viver, respaldada por superação psicológica do adoecimento e fomentar as relações sociais como veículo de instrumentalização do aprendiz;
· Ser agente sócio interativista e estimulador do desenvolvimento sócio afetivo:
 O professor especializado e que atua na Classe Hospitalar deve ter sólidos conhecimentos a respeito do processo de desenvolvimento humano, em cada fase dos conteúdos escolares próprios de cada nível, das necessidades especiais e das deficiências dos alunos-pacientes, além da sensibilidade para dialogar com hospital e família. Assim, o professor de Classe hospitalar tem como função manter as atividades escolares durante o período de internação da criança ou adolescente hospitalizado.
 Este atendimento pode ser feito em uma sala dentro do hospital ou no próprio leito do aluno - paciente caso este não possa se locomover. Pode atuar não só com atividades relacionadas aos conteúdos escolares, mas também, com atividades que visam o desenvolvimento psíquico e cognitivo dos enfermos. A vertente lúdica também é um bom indicativo para o trabalho com crianças e adolescentes hospitalizados, pois instiga a curiosidade, a criatividade e a busca pelo saber. O professor da Classe Hospitalar, quando sensível às condições de vulnerabilidades e fragilidade dos alunos-pacientes, é um importante elemento para garantir o estabelecimento de uma desejável condição de confiança, para propiciar condições de bem-estar, estimular a autonomia e, principalmente, criar um vínculo afetivo que certamente incorrerá em melhoria das condições dos alunos.
 A Classe Hospitalar é responsável também por sustentar o retorno e a reintegração de seus alunos ao seu grupo escolar e social, já que o aluno pode vir a se sentir excluído de seu meio social devido ao tempo que precisou ficar afastado. É importante salientar que fica a cargo deste serviço atuar como instrumento ao acesso escolar, pois algumas crianças hospitalizadas não estão formalmente matriculadas na rede de ensino devido à quantidade de internações durante o ano, o que acaba prejudicando o desempenho nas atividades previstas para seu grau escolar. (FONTES, 2005)
 Crianças hospitalizadas (independente do período de permanência no hospital) possuem necessidade de educação e direito de cidadania, através da escolarização.
CONCLUSÃO 
 Por meio deste trabalho pode-se afirmar que é necessário fazer uma reflexão psicológica e coletar alguns paradigmas quanto às atribuições do pedagogo na prática da classe hospitalar. O pedagogo é um agente de transformações, que não só visa a acompanhar a educação formal, mas assume um compromisso de ofertar atenção e incentivar o raciocínio e o pensamento saudável durante o processo de desenvolvimento da criança e do adolescente na idade estudantil. 
REFERENCIAS 
a) MACHADO, Jucilene: CAMPOS, Jurema. Relação Professor - Aluno; um diferencial na Classe Hospitalar, XI Congresso Nacional de Educação. EDUCERE, 2013. Curitiba
b) OLIVEIRA, Tyara C. de. Um Breve Histórico sobre as Classes Hospitalares no Brasil e no Mundo. XI Congresso Nacional de Educação. EDUCERE. 2013. Curitiba. Disponível em: http://educere.bruc.com.br/ANAIS2013/pdf/9052_5537.pdf Acesso em: 14/12/2018. 
c) VASCONCELOS, Sandra Maia Farias. Histórias de formação de professores para a Classe Hospitalar. Revista Educação Especial. Vol. 28. N. 51. 2015. Disponível: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/9118 Acesso em: 13/12/2018. 
d) SANDRONI, Giuseppina Antonia. Classe Hospitalar: Um recurso a mais para a inclusão educacional de crianças e jovens. Cadernos da Pedagogia - Ano 2, Vol.2, No.3 jan./jul. 2008. Disponível em: http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/50/43 Acesso em: 13/12/2018. 
e) FONSECA, Eneida Simões da. Atendimento escolar no ambiente hospitalar. 2. Ed. São Paulo: Memon, 2008

Continue navegando