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ORIENTAÇÃO DO ATENDIMENTO E PROCESSO DE VENDAS DE ALIMENTOS E BEBIDAS Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 2 APRESENTAÇÃO Para se fazer algo com qualidade é necessário conhecimento, esforço, treinamento e prática. Ter olhos, ouvidos e uma boca não faz de você um bom observador, um bom ouvinte e um grande orador. Vender não foge à regra. Por essa razão, nesta Unidade Curricular você verá como atender o cliente e orientar a equipe na venda de produtos de Alimentos e Bebidas (A&B) com pró- atividade e responsabilidade. Conhecerá as etapas de venda, desde a definição do perfil do consumidor até o fechamento da venda. Quando falamos de vender, precisamos considerar que estamos lidando com pessoas. Hoje em dia, a satisfação dos clientes é o maior objetivo das empresas bem sucedidas. Com a globalização das informações, é fundamental que você esteja sempre atualizado e bem informado, antecipando-se às necessidades do cliente. Assim, nesta Unidade, você receberá, também, dicas importantes sobre o relacionamento interpessoal. Aprenderá que cada etapa do processo de vendas é importante: desde a preparação até a satisfação do cliente. A qualidade no serviço que se presta faz o cliente se sentir valorizado, especial, prestigiado e indispensável. O cliente realmente é essencial, pois sem ele não há venda. Vender inclui saber ouvir o cliente, ser paciente, atencioso, responsável, gentil e prestativo. Além dessas habilidades, existem muitas outras que iremos abordar nesta Unidade Curricular. 1 FUNDAMENTOS DA PRÉ-VENDA E VENDA Antes de começarmos a falar sobre vendas, é necessário que se esclareça uma pergunta: o que é venda? Compreende-se por venda o ato de colocar à disposição de alguém um produto ou um serviço, com o objetivo de receber dinheiro ou alguma vantagem. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 3 Para que uma venda se efetive, são necessários três elementos: • A pessoa que vende (o funcionário da empresa). • O que vai ser vendido (os alimentos e as bebidas). • A pessoa que compra (seu cliente ou consumidor). Esses três elementos têm importância fundamental no processo de venda. Para tornar-se um bom, ou melhor, um excelente vendedor é preciso mais do que a simples “disposição”. É preciso talento e, mais do que isso, esforço e dedicação. “Talento nunca é suficiente, com poucas exceções; os melhores jogadores são os que mais treinam.” Magic Johnson 1.1 PRÉ-VENDA Existem etapas a serem cumpridas para que a venda aconteça com qualidade. A pré-venda é a primeira etapa de uma venda bem-sucedida. Pré-venda é o processo que antecede a venda. Consiste basicamente na preparação total para fazer uma boa venda. Ou seja, tudo o que você precisa fazer antes de seu cliente chegar para ser atendido. Antes de se iniciar o atendimento ao cliente, é necessário planejar bem a venda. Algumas atitudes e atividades são essenciais na pré-venda, tanto para a preparação do maître como para a orientação à sua equipe de trabalho, portanto: ► Prepare-se! • Chegue ao trabalho sempre no horário. Dessa forma, você terá tempo de se organizar para executar bem as suas atividades. • Deixe seu uniforme e material de trabalho em ordem de um dia para o outro. • Prepare com antecedência os utensílios e materiais que usará durante o seu turno. ► Informe-se! • Mantenha-se informado. Saiba todos os pormenores dos itens a serem vendidos, se está faltando algum item ou se houve alguma alteração no cardápio. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 4 • Conheça bem tudo o que está vendendo. Isso inclui saber quais ingredientes cada prato do cardápio contém, quais bebidas combinam ou não com os pratos, qual a sugestão do chefe, qual o tempo de preparo dos pratos e assim por diante. • Ao fazer a divisão das praças é importante que você verifique se existem reservas e qual a necessidade de adaptação do mise en place para atendê-las. • Obtenha informações sobre os clientes habituais. Informe-se sobre as preferências dos clientes, o “gosto” para bebidas, se eles possuem alguma deficiência ou problemas de saúde que interfiram no seu serviço. No ramo de Alimentos & Bebidas, esses clientes habituais são chamados de habitué. ► Fique atento e tenha metas! • Mantenha sua atenção. Vender pode ser comparado a dirigir um automóvel: você direciona o carro e... vai ler uma revista ou adormece? Não, você se mantém alerta e continua a ajustar a direção, constantemente, conforme as necessidades! • Tenha metas! Imagine ou escreva quais as suas metas de vendas para seu dia de trabalho, para sua semana e também para o seu mês. Desse modo, estando bem preparado, fica mais fácil sentir-se seguro, agir com tranquilidade, ser rápido e eficiente ao atender o cliente. Saber como realizar seu trabalho melhora sua atuação e facilita na hora de vender. 1.2 TÉCNICAS DE VENDA O ato de vender no setor de serviços é peculiar, pois não podemos definir o que funcionará ou não com 100% de certeza. Nessa área, lidamos com pessoas. E, apesar da importância de você se preparar, pessoas são imprevisíveis. Diversos vendedores, autores de livros e palestrantes citam inúmeras técnicas, formas de melhor efetuar a venda. Reunimos aqui informações para ajudar você nessa tarefa. Em geral, uma venda passa pelas seguintes etapas: • Obter atenção favorável. • Desenvolver um diálogo. • Fazer a proposta. • Lidar com objeções. • Fechar o pedido. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 5 Em um restaurante ou bar podem acontecer situações em que não haja alguma dessas etapas. Dessa forma, reunimos a seguir, com base nessas etapas, um roteiro com informações, sugestões e situações para auxiliá-lo na orientação à sua equipe de trabalho e na realização do processo de venda! ► A aproximação e a abordagem ao cliente devem ser realizadas com calma e gentileza. Isto é, a pessoa designada a atender o cliente em sua entrada no estabelecimento deve recebê-lo com um sorriso sincero e um cumprimento cordial. Deve questioná-lo delicadamente sobre como melhor ajudá-lo e, conforme a necessidade desse cliente, direcioná-lo ao seu lugar, considerando detalhes como o tipo de cliente, o número de pessoas, o tempo de que dispõe, a necessidade de ainda esperar mais alguém e a disponibilidade das mesas. ► Observe com atenção se cada garçom está atendendo corretamente os clientes das mesas pelas quais ele é responsável e, se for necessário, ajude-o, mostrando-se solícito também para sanar quaisquer dúvidas que os clientes possam ter e estar à disposição para que ele faça o seu pedido. Caso o cliente prefira esperar por alguém, pode-se entregar-lhe o cardápio e fazer alguma sugestão de drink, vinho ou entrada. Se ele estiver com pressa, é preciso ser ágil e preciso ao anotar o pedido. ► Você, maître, deve fazer o seu atendimento de forma discreta e observar se o garçom está fazendo o mesmo. Nunca se deve ficar ao redor da mesa do cliente nem muito próximo enquanto ele está comendo ou bebendo algo ou mesmo se estiver apenas conversando. ► A comunicação é um fator importante no atendimento ao cliente. Seja claro e simples. Tenha como objetivo tirar as dúvidas que ele possa ter sobre o cardápio, o tempo de preparo dos pratos, as combinações entre pratos e bebidas, ingredientes específicos, entre outras. ► É necessário entender o que o cliente solicitou e repassar o pedido corretamente aos setores correspondentes. Ou seja, o pedido dos pratos deve ser repassado à cozinha e o pedido das bebidas, ao bar. Se a comanda for manual, a escrita deve ser legível. Se a comanda for eletrônica, os pedidos devem ser emitidos com atenção e agilidade. ► É importante que, ao anotar os pedidos, tenha-se atenção à posição da mesa em que o cliente se encontra. Quando houver mais de uma pessoa na mesa, é importante, ao servir os pratos e bebidas,entregar cada item corretamente. ► Prestar atenção aos detalhes também faz diferença. Isso significa observar, por exemplo, se há crianças na mesa, trazendo os cadeirões1 necessários. Ou se as pessoas estão com volumes e bolsas grandes, cedendo-lhes outra cadeira para apoio. 1 Cadeiras altas, específicas para sentar os bebês. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 6 ► Não se distraia! Muitas pessoas passam a maior parte do tempo distraídas. Uma música, devaneios, celulares, planos pra depois do trabalho, dor de cabeça, quem recebeu um aumento, quem não recebeu ou reuniões são situações que podem tirar sua atenção. A venda só está garantida quando o pedido já foi consumido com satisfação, pois até esse momento o cliente pode mudar de opinião. ► Seja leal com o cliente, mas também com a sua empresa. Ninguém confia em quem trai a confiança de sua empresa ou de seus colegas. ► Agindo com pró-atividade você certamente fará um atendimento melhor e mais satisfatório. Além de que, essa atitude lhe permite se antecipar às necessidades do cliente, fazendo seu trabalho com excelência. ► Ao atender um cliente habitual, busque sempre novas informações, mesmo que você já o conheça. Durante a conversa e o pedido você poderá descobrir alguma coisa nova. A venda é feita com a cabeça e com o coração. Ponha emoção no que faz. Faça o cliente SENTIR e dê a ele o que ele quer. Algumas habilidades são necessárias e ajudarão você na orientação e na realização de uma venda com qualidade: • Ouvir o cliente com atenção. • Criar interesse: o cliente é importante, portanto, fale sobre ele e com ele. Não sobre você. • Criar o desejo de consumir mais. Se ele souber quão delicioso é um novo prato ou vinho, vai querer provar. • Vender conforme a necessidade do cliente. • Demonstrar compreensão. Apenas dizer “compreendo” sem ser sincero não é suficiente e pode ter o efeito contrário, porque pode desgostar o cliente. Demonstre compreensão através de comportamentos. • Manter o entusiasmo todo o tempo. • Demonstrar respeito pelo cliente. • Saber negociar. Ao receber uma negativa, não desista. Tenha outras sugestões e opções. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 7 • Saber administrar conflitos. Um cliente estressado e/ou incomodado pode contagiar todo o ambiente. Procure evitar que isso aconteça. Agora você está convidado a participar de uma atividade de passagem. Para isso, acesse a unidade de estudo do curso no ambiente virtual. A compra e a venda devem ser igualmente satisfatórias. O cliente deve estar satisfeito, assim como você. E para garantir a satisfação do cliente, na sequência, vamos ver como melhorar o atendimento e garantir ao cliente a qualidade no serviço prestado. 2 QUALIDADE EM SERVIR A qualidade do serviço que você irá prestar atua como diferencial da percepção de valor do seu cliente. Ou seja, quando o cliente sente-se bem atendido, satisfeito, ele se predispõe até a consumir mais. Mas um cliente incomodado tende a ir embora o quanto antes ou incomodar os demais clientes. Isso é o que você deve evitar. Existem pontos importantes para avaliação da qualidade percebida pelo cliente: ► Profissionalismo e capacidade: o cliente percebe se você e sua empresa possuem o conhecimento e a capacidade necessários para realizar as tarefas e resolver os problemas de maneira profissional. ► Atitudes e comportamento: o cliente observa se os profissionais que o estão atendendo preocupam-se com ele e importam-se em resolver seus problemas da melhor maneira possível. ► Acessibilidade e flexibilidade: para o cliente, é importante que a localização, os horários de operação, funcionários e sistemas operacionais tenham sido pensados para facilitar seu acesso ao serviço, bem como a flexibilidade para ajustar-se às suas necessidades. ► Confiabilidade e integridade: o cliente percebe se pode confiar no que lhe é dito e se as promessas feitas a ele serão cumpridas, aconteça o que acontecer. ► Recuperação de serviço: quando acontece algum imprevisto ou algo dá errado, o cliente nota se você e a empresa atuarão, tomando providências rapidamente para controlar a situação e encontrar uma solução aceitável. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 8 ► Panorama do serviço: o ambiente físico oferece suporte para o cliente sentir uma experiência positiva. ► Reputação e credibilidade: seu cliente sente-se seguro e acredita em você e na empresa, fazendo com que a percepção dele equilibre o valor percebido em relação ao dinheiro gasto. Isto é, considera que o gasto valeu a pena. Para você medir de maneira mais precisa a qualidade dos serviços prestados ao cliente, pode usar os cinco indicadores relacionados a seguir: ► Visibilidade: está relacionada à aparência do local, limpeza, decoração, bem como à aparência e apresentação dos profissionais. ► Confiabilidade / Credibilidade: prestar um serviço correto sempre, sem cometer engano algum e no tempo estipulado. ► Capacidade de resposta / Prontidão: estar disposto a ajudar o cliente e atender seus requisitos, passar informações sobre como será realizado o serviço e executá-lo com presteza. ► Segurança / Domínio: saber repassar ao cliente confiança na empresa, na equipe e no que é feito. Ter as respostas necessárias às perguntas dele, sendo sempre cortês. ► Empatia: entender os problemas do cliente, dando-lhe atenção pessoal e individual. Seu cliente quer sentir que a empresa, os funcionários e os sistemas operacionais estão dedicados a prestar-lhe o melhor atendimento. É necessário demonstrar espontaneidade, disposição, presteza e iniciativa ao abordar o cliente. Atendê-lo tendo em mente opções e alternativas, caso algo inesperado aconteça. Uma das formas de perceber que está oferecendo qualidade no serviço que você está prestando é quando aquele cliente exigente vem regularmente ao estabelecimento onde você trabalha. E, atualmente, os estabelecimentos que conseguem a fidelização de seus clientes são aqueles onde eles são atendidos personalizadamente. 2.1 PERSONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO Personalizar consiste, basicamente, em tornar mais pessoal, dar um caráter de proximidade ao que se está fazendo. O que significa isso? Você deve buscar sempre fazer com que o seu cliente se sinta bem, que ele tenha uma experiência agradável e, principalmente, que ele se sinta ÚNICO! Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 9 Como realizar um atendimento personalizado? Atenda e oriente sua equipe a atender o cliente de maneira que ele se sinta único, importante! Desde o primeiro contato. E atenda-o cada vez melhor. Lembre-se do que ele gosta, do que ele costuma pedir, dos detalhes pessoais ou das necessidades especiais do seu cliente. Dessa forma, você poderá conquistá-lo e fidelizá-lo. Fidelizar é fazer com que o seu cliente confie em você e na empresa em que você trabalha, com senso de lealdade e respeito ao vínculo fornecedor-cliente. Respeitar todos os cliente e prestar um atendimento personalizado pode ajudar você e sua equipe a conseguir ou até superar as suas metas de vendas. Como posso personalizar o meu atendimento e orientar a minha equipe para isso? Se você observar o atendimento em um fast-food,2 não verá nada de pessoal: os atendentes falam sempre as mesmas frases, seguem um roteiro preenchendo formulários, sem nem olhar com quem estão falando. Os pedidos são padronizados, ou seja, seguem um padrão, são todos iguais. Porém, em um restaurante ou bar, há a possibilidade de, enquanto se anotam os pedidos dos clientes, olhar em seus olhos, sorrir, falar sobre algo que se percebeu. 2 Termo em inglês que caracteriza refeições preparadas e servidas rapidamente. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 10 Observe o exemplo: O João, garçom, recebe um mesmo cliente, executivo,que almoça onde ele trabalha durante a semana e, de repente, num sábado o cliente vem almoçar com a família. João pode elogiar as crianças, perguntar se vai querer a água ou suco de sempre, sugerir um prato para as crianças, assim por diante. Caso João sempre converse com esse cliente, pode até fazer mais sugestões sobre a comida ou uma sobremesa especial. João apenas deve tomar cuidado para não se alongar ou falar demais e se tornar inconveniente. Além de lembrar-se de fisionomias, características, preferências, assiduidade, também é importante em um atendimento de qualidade lembrar-se do nome do cliente. Perguntar ao cliente o nome dele e dizer o seu nome ao atendê-lo, mesmo numa primeira vez, causa excelente impressão. Mas guarde o nome, isso supera a expectativa do cliente. Perguntar mais de uma vez mostra que você não tem boa memória e isso não é bom para quem trabalha com público. “A melhor maneira de fazer amigos e influenciar pessoas é lembrar-se de seus nomes.” (Dale Carnegie) Na sequência, vamos falar de outro elemento da venda: o consumidor. Conheça um pouco mais sobre alguns dos perfis que os consumidores podem apresentar. 3 PERFIL DO CONSUMIDOR Grande parte da venda acontece nos primeiros trinta segundos após a chegada do cliente. É nesse curto espaço de tempo que, inconscientemente, através de um processo de reconhecimento mental, o cliente faz uma análise de tudo: você, empresa, alimento, atendimento e outros clientes presentes no estabelecimento. Da mesma forma, assim que o cliente chega, o atendente percebe se ele está com pressa, zangado, irritado, confuso, alegre, calmo, entre outras coisas. Antes da abordagem inicial, é importante identificar o tipo de cliente, pois assim é possível saber qual a melhor forma de aproximação do mesmo. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 11 Podemos classificar os consumidores em algumas categorias: ► O bem-humorado: de todos os clientes, esse será sempre o mais fácil de agradar, pois pelo seu bom-humor, ainda que aconteçam erros ou inconvenientes, tudo será mais fácil de resolver. ► O executivo: ele tem pressa, tem compromissos e horários. Normalmente, ele já sabe o que quer comer e/ou beber, sentará e fará rapidamente o seu pedido. Atenda-o prontamente. ► O habitual: ele já conhece a sua empresa e gosta dela, pois costuma frequentar com assiduidade. Ele já conhece os seus pratos e já tirou dúvidas sobre o cardápio. Sabe onde gosta de sentar. Apesar da frequência constante, pode variar nas escolhas ou pedir sempre as mesmas coisas. Geralmente, aceita bem sugestões. Aproveite para sugerir coisas novas do cardápio. ► O iniciante: vem pela primeira vez ao estabelecimento. É a sua chance de causar uma boa primeira impressão. Vai fazer muitas perguntas, demorar para ler o cardápio, pensar muito antes de escolher alguma coisa. Tenha paciência. ► O decidido: não aceita sugestões. Tudo o que você disser não fará muita diferença. Ele não faz muitas perguntas, ou nenhuma, e pede rápido. Atenda-o com rapidez. ► O cliente de um grupo: é barulhento, não tem pressa. Sente-se como se todos estivessem ali para atendê-lo. Demora para pedir, consome devagar, fica por muito tempo conversando. Está feliz e, em geral, é simpático e agradável. Aja com calma. ► O arrogante: acha que é mais importante que todos os outros. Não tem paciência e não quer muita conversa. Seja direto, breve, seguro e confiante. Seja profissional. ► O confuso: não sabe o que quer, o que prefere, nem sabe bem o que espera de você. E não se expressa claramente. Seja paciente e atencioso. Escute o que ele tem a dizer e responda as suas perguntas, quantas vezes for preciso. ► O desconfiado: é inseguro e desconfia de tudo o que você fala ou faz. Seja detalhista, explique tudo com a máxima segurança. ► O inteligente: quer saber de todos os processos, compreender como funciona e quais são os benefícios de cada coisa. Aja com atenção e fale apenas o que tiver certeza. ► O tímido e calado: pode amar ou odiar tudo, mas não vai falar nada mais do que o imprescindível. Converse com educação, calma e gentileza. ► O humilde: pessoa simples, normalmente não reclama, pois pode se sentir inferior. Ele vai precisar de ajuda para entender e para escolher. Seja amável, faça-o sentir-se acolhido. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 12 ► O descontraído: está aberto a conversas. É de fácil abordagem. Cuide para não ser negligente e deixar de se esforçar. Seja criativo e alegre. ► O carente: ele está procurando um amigo que ouça suas lamentações, alegrias e que dê conselhos. Seja gentil, ouça-o com atenção, mas não perca o foco. Se você permitir, ele vai virar amigo íntimo. Trabalhando com atendimento, no dia a dia, você vai acabar por descobrir ainda outras categorias. Preste atenção em cada cliente e trate-o como se ele fosse único. 3.1 FORMAS DE APROXIMAÇÃO E ABORDAGEM NO PROCESSO DE VENDAS Existem alguns tipos de aproximação no processo de vendas. Porém, na venda ao cliente que chega a um restaurante ou bar a forma de aproximação será sempre direta. Sua equipe deve ser orientada a identificar, dentro dessa aproximação direta, qual a melhor estratégia a utilizar com cada cliente. O que é aproximação direta? Em algumas situações, quando o cliente está distante do vendedor, a aproximação e a própria venda podem ser feitas por telefone, carta, e-mail ou por outro meio qualquer de comunicação ou até por intermédio de uma terceira pessoa, como uma secretária. Porém, no caso do atendimento no setor de Alimentos & Bebidas, a comunicação com o cliente ocorre sem nenhum intermediário. Ele fala diretamente, pessoalmente com o cliente. Aproximação direta, portanto, é aquela que não utiliza nenhum intermediário para que haja comunicação, ou seja, a comunicação é feita de pessoa a pessoa, diretamente, sem o auxílio de qualquer interferência. Podemos realizar essa aproximação direta de duas formas: ► Espontânea: pode acontecer quando o cliente chega ao local e é recebido com educação e gentileza, sem precisar chamar um atendente; ou quando ele já se encontra consumindo e o atendente percebe que ele está procurando ou precisando de alguma coisa. Nesses casos, o cliente também não precisa chamar alguém para atendê-lo. ► Solicitada: é quando o próprio cliente faz uma solicitação de atendimento a algum funcionário do salão. Isso geralmente acontece nos momentos em que o estabelecimento se encontra lotado e todos estão fazendo algum atendimento. Nesse caso, você como Maître, deve ir até o cliente e atendê-lo, repassando a informação do pedido ao garçom responsável por aquela praça, para que ele dê continuidade ao processo da venda. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 13 Aproxime-se do cliente sempre com educação, simpatia, gentileza e discrição. Para verificar a eficiência do atendimento ao cliente, observe se a sua equipe: • Executa a venda utilizando as formas de aproximação, observando as etapas, com pró-atividade e respeitando o perfil do consumidor. • Satisfaz as necessidades dos clientes, utilizando técnicas de atendimento e de vendas. • Ouve e atende o cliente com atenção. • Estabelece relacionamento interpessoal. • Emprega o tipo de negociação adequado à situação. • Presta informações a respeito dos itens do cardápio sempre que o cliente solicitar. • Demonstra conhecimento das características dos pratos e bebidas. Agora você está convidado a participar de uma atividade de passagem. Para isso, acesse a unidade de estudo do curso no ambiente virtual. Agora que sabemos como melhor atender o cliente, com atenção à venda e aos tipos de clientes, vamos entender o que é negociação e como você deve proceder em situações conflitantes. 4 MÉTODOS DE NEGOCIAÇÃO Negociação é o processo em que duas ou mais pessoas, com objetivos diferentes, procuram entrar em um acordo quesatisfaça a ambas, como em uma relação de compra e venda. Quando, porém, em uma relação de compra e venda os interesses de todos os envolvidos são semelhantes, não há negociação. Também não há negociação quando duas ou mais pessoas Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 14 defendem seus respectivos interesses sem questionamentos ou sem que uma considere o interesse da outra, como quando o cliente faz um pedido e você simplesmente acata. Em uma negociação, três resultados são possíveis. ► O primeiro é quando uma das partes ganha e a outra perde. Esse não é um bom resultado, porque o perdedor pode sentir-se frustrado e desenvolver atitudes negativas em relação ao vencedor. Isso pode interferir ou prejudicar o relacionamento entre ambos. ► O segundo resultado possível é quando os envolvidos na negociação não conseguem chegar a um acordo, o que é prejudicial para todos, ou seja, todos perdem. Também nesse caso podem surgir problemas no relacionamento entre ambos. ► O terceiro resultado possível é a negociação bem-sucedida, onde todos ganham. Nesse caso, as relações entre os envolvidos se fortalecem, gerando a possibilidade de novas negociações futuras. Estabelece-se parceria e uma relação de confiança entre as partes, criando-se laços cooperativos que poderão trazer outros benefícios, num processo de troca permanente. As técnicas de negociação levam em consideração fatores como: • Habilidades pessoais. • Planejamento e organização. • Treinamento e disciplina. • Visão. • Determinação. • Flexibilidade. • Coragem para enfrentar desafios. Um dos fatores relevantes para intermediar ou participar como parte interessada em uma negociação é a CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO. Nenhuma técnica é mais eficiente do que a boa educação, o conhecimento da linguagem corporal e a criatividade na conquista e na fidelização do cliente. Em todas as formas de negociação, deve-se procurar superar as expectativas do cliente. Qualquer diferencial pode resultar na transformação do cliente em aliado, auxiliando no marketing de produtos e serviços. Características que contribuem para uma negociação colaborativa, que é baseada na colaboração mútua entre as partes, são os objetivos comuns, a valorização das opiniões do Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 15 outro, a confiança na própria habilidade, o compromisso sério com o trabalho e a capacidade de compartilhar a motivação. Em uma negociação, a estratégia mais adequada será sempre a mais simples. No entanto, em qualquer profissão, compete ao profissional conquistar o seu espaço, respeitando os princípios éticos, com persistência e não com competição. Agora você está convidado a participar de uma atividade de passagem. Para isso, acesse a unidade de estudo do curso no ambiente virtual. Para nortear possíveis negociações entre consumidores e fornecedores ou prestadores de serviços, foi criada uma lei específica, o Código de Defesa do Consumidor, que abordaremos a seguir. 5 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR O desenvolvimento das relações de compra e venda de produtos nas últimas décadas teve como consequência a necessidade de se estabelecer regras para as atividades comerciais e de prestação de serviço, a fim de amparar os consumidores que, de alguma maneira, se sentirem prejudicados em seus direitos. A partir de uma determinação expressa na Constituição Federal de 1988, foi promulgada em 11 de setembro de 1990, a Lei 8.078, também denominada Código de Defesa do Consumidor (CDC). Para compreender a importância dessa Lei, vamos primeiro definir claramente palavras como consumidor, fornecedor, produto e serviço, conforme constam na própria Lei. ► Consumidor: toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço, como destinatário final. (Artigo 2º). ► Fornecedor: toda pessoa física (indivíduo) ou jurídica (empresa ou entidade) que desenvolve atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação ou exportação, distribuição ou comercialização de produtos, ou de prestação de serviços. (Artigo 3º). Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 16 ► Produto: qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial, que seja oferecido para venda pela indústria, comércio, agricultura, pecuária ou um serviço. (Artigo 3º, Parágrafo 1º). ► Serviço: qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração. (Artigo 3º, Parágrafo 2º). O Código de Defesa do Consumidor é um conjunto de normas que visa a proteger os direitos dos consumidores, bem como disciplinar as relações e as responsabilidades entre fornecedores e consumidores, estabelecendo padrões de conduta, prazos e penalidades. Composto por 250 artigos divididos em nove títulos ou capítulos, ele detalha todos os direitos referentes ao ato da prestação de serviços e vendas de produtos ao consumidor. Essa Lei ocasionou grandes e importantes mudanças nas relações de consumo, impondo uma maior qualidade na fabricação dos produtos e no próprio atendimento das empresas prestadoras de serviços. A Política Nacional de Relações de Consumo, estabelecida pelo Código, tem como objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, a proteção de seus interesses econômicos, como também a harmonia que deve haver nas relações de consumo. O Código estabelece, no Artigo 4º, Inciso 5º, o incentivo à criação, pelos fornecedores, de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, e mecanismos para a solução de conflitos de consumo. Segundo o Artigo 4º, Inciso 5º, a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, como a especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, é um direito do consumidor e, portanto, um dever do fornecedor. Assim, os cardápios devem ser claros. Além disso, é obrigatório descrever, no cardápio ou em algum local visível do estabelecimento, quaisquer tipos de cobranças extras, inclusive couvert 3artístico, que só poderá ser cobrado nos dias em que houver apresentação de artistas. São considerados impróprios para consumo os produtos que, por qualquer motivo, sejam inadequados ao fim a que se destinam. Produtos com prazo de validade vencido, deteriorados, alterados, avariados, falsificados, nocivos à saúde ou que estejam em desacordo com as normas de fabricação, distribuição ou apresentação não podem ser comercializados. O Código responsabiliza o fornecedor e o comerciante por qualquer irregularidade que houver em relação ao produto vendido ou serviço prestado ao consumidor. E responsabiliza, 3 É uma taxa pré-estabelecida que o cliente paga por apresentações artísticas ao vivo no estabelecimento. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 17 também, o comerciante quando este não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Ou seja, todos os produtos que forem utilizados para a confecção dos alimentos dentro do estabelecimento, bem como as bebidas servidas nele, devem estar armazenados adequadamente de acordo com as normas constantes na Lei. O CDC estabelece, também, que os produtos fornecidos não podem oferecer riscos à saúde do consumidor. É um direito do cliente, portanto, solicitar a substituição de qualquer alimento ou bebida quando suspeitar que o item esteja estragado ou contaminado de alguma forma. Em casos extremos de infecções causadas por alimentos ou bebidas estragadas consumidos em estabelecimentos cabe ação judicial. Muitas das regras contidas na Lei 8.078 não dizem respeito diretamente aos empreendimentos gastronômicos. Os estabelecimentos relacionados ao mercado gastronômico não podem olhar apenas para si mesmos. Devem lembrar-se sempre de que a razão de existirem é o cliente. É fundamental observar as normas estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor, mas é importante, também, ter uma equipetreinada e motivada para fornecer uma refeição de qualidade, em um ambiente agradável e com um atendimento especial. Além das normas explícitas no Código de Defesa do Consumidor, a legislação atual resguarda o cliente sobre mais alguns aspectos que convém conhecer: ► O cliente tem total direito de reclamar se desconfiar do peso de algum produto que está comprando e pedir para pesar novamente. E, caso desconfie da balança, pode solicitar para pesar em outra. ► Os petiscos servidos antes das refeições devem ter seu preço exposto no cardápio. E o cliente pode recusar quando não tiver interesse. ► A gorjeta não é obrigatória. É de bom tom o cliente pagar a taxa de 10% quando for bem atendido. E pode recusar-se a pagar quando não for. O valor deve ser mencionado no cardápio e na nota fiscal. Atenção: a cobrança da taxa sobre a entrada ou o couvert artístico é proibida! ► O cliente tem total direito de reclamar se desconfiar do peso de algum produto que está comprando. Pode pedir para pesar novamente. E se desconfiar da balança, pode pedir para pesar em outra. ► A nota fiscal é obrigatória. Agora você está convidado a participar de uma atividade de passagem. Para isso, acesse a unidade de estudo do curso no ambiente virtual. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 18 Já vimos, nesta Unidade Curricular, como atender bem o cliente, quais os deveres do cargo de Maítre e da empresa e quais os direitos dos clientes. Um ponto importante para o bom atendimento é a informação. Para que você possa prestar informações corretas ao atender o cliente, é necessário que conheça os pratos, como são feitos e que ingredientes contêm. Por isso, mostraremos, a seguir, algumas informações para ajudá-lo nessa tarefa. 6 NOÇÕES DE COZINHA: INGREDIENTES, MÉTODOS DE COCÇÃO E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS O atendimento ao cliente é considerado um serviço. Mas, na área de alimentos e bebidas (A&B) vendemos um serviço ligado a um produto. Assim, é necessário que você conheça algumas definições e descrições importantes desse ramo. 6.1 O QUE É COCÇÃO? Cocção é o ato de cozinhar. Cozinhar é a forma de preparar ao fogo ou calor os alimentos a serem servidos. Então, podemos dizer que cozinhar é o processo usado para preparar o alimento através do calor, utilizando técnicas, ingredientes e utensílios específicos, que mudam de uma região ou país para outro. Para se cozinhar alguma coisa é necessário usarmos algum tipo de calor. Podemos dizer que os pratos com ingredientes crus e/ou frios são apenas preparados para serem servidos. Nas diversas formas de cozinhar, o tipo de calor, a temperatura, o tempo de cozimento e como é feita a cocção variam. Isso também causa alterações químicas e físicas nos alimentos e pode mudar o valor nutricional de cada ingrediente. 6.2 MÉTODOS DE COCÇÃO As formas de cozinhar variam de acordo com o local em que são feitas. Em cada parte do mundo existem técnicas diferentes para se cozinhar. Dentre elas, as mais comuns são: Cocção rápida (calor seco): consiste na desidratação do alimento, concentrando suas substâncias nutritivas. Deve-se manter a temperatura e adequar o tempo conforme a necessidade, para que se tenha um resultado satisfatório. Dentro da cocção rápida, encontramos algumas formas de cozimento: ► Assar: os alimentos são cozidos pela ação do ar quente, durante a exposição ao fogo seco. Quando o alimento é levado ao forno pré-aquecido, o calor forma uma crosta sobre toda a superfície e depois vai penetrando na parte interna, cozinhando o alimento por inteiro. Na chapa ou na grelha, o cozimento possibilita a criação de uma crosta externa, conservando os líquidos nutritivos que o alimento contém. Esse Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 19 processo é muito utilizado para a ingestão com pouca caloria, pois para esse tipo de cocção se utiliza pouca ou nenhuma gordura. ► Gratinar: consiste no cozimento por irradiação de calor por um metal quente. O alimento a ser gratinado, em geral, é previamente cozido. ► Glacear ou abrilhantar: o alimento é cozido na salamandra4, coberto por molho e pedacinhos de manteiga, somente para a formação de uma película brilhante. ► Fritar: cozinhar o alimento em gordura quente, por inteiro ou apenas para dourar. ► Frigir: fritar rapidamente em gordura muito quente. ► Refogar: o alimento é ligeiramente frito em pouca gordura, acrescido de temperos, hortaliças e/ou legumes. ► Saltear: fritar rapidamente os alimentos em pequena quantidade de gordura, balançando à sauté pelo cabo para que os alimentos se misturem. ► Empanar: • à dorê: o alimento é passado em uma camada de farinha de trigo e, em seguida, em ovos batidos. Depois, é frito em óleo bem quente. • à inglesa: o alimento é untado na manteiga, depois passado em farinha de rosca. Em seguida, é levado ao forno para assar. • à milanesa: o alimento é passado na farinha de trigo e, em seguida, em ovos batidos. Por último, passado em farinha de rosca. Depois, é frito em óleo bem quente. • à vienense ou à romana: o alimento é passado na farinha de trigo, mergulhado em ovos mexidos com salsa, queijo ralado e sal. Por fim, frito em óleo bem quente. Cocção lenta (calor úmido): esse método consiste na utilização de líquido para realizar o cozimento. Dessa forma, os alimentos permanecem hidratados, porém, perdem parte do sabor e dos nutrientes. Esse líquido passa a formar o caldo, que é bastante nutritivo e é utilizado para a preparação de molhos e/ou sopas. A cocção em água faz o calor ser transmitido pela água quente ou vapor. Nessa forma de cocção, encontramos os seguintes tipos de cozimento: ► Ferver: dentro de uma quantidade de líquido fervente, cozinha-se o alimento até estar uniforme, ou seja, cozido até seu interior. Os nutrientes do alimento se misturam ao líquido, transformando-o num caldo. 4 Forno normalmente utilizado para gratinar alimentos. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 20 ► Cozinhar em vapor: nesse método, o alimento é cozido apenas pela ação do vapor, pois não entra em contato com a água. É uma forma de não se utilizar nenhuma gordura, o que torna o alimento menos calórico. Não há perda de nutrientes. ► Brasear: os alimentos são cozidos em duas etapas. Primeiro, em calor seco e depois em calor úmido. Ou seja, se doura previamente o alimento em gordura bem quente. Depois, cozinha-se com pouco líquido em panela tampada. A quantidade de líquido do braseado deve ser suficiente para apenas cobrir de 1/3 a metade da peça a ser cozida. O cozimento acontece pela associação da fervura do líquido e do vapor produzido por ele. Essa técnica é utilizada para peças grandes ou inteiras de algum alimento. ► Estufar: consiste em se cozinhar o alimento de forma lenta e com muito líquido. Técnica francesa antiga, onde geralmente se utiliza alguma gordura, água, temperos e/ou especiarias. Antes de estufado, deve-se saltear ou ferver o alimento. ► Guisar: o alimento é refogado em gordura quente. Depois, junta-se algum líquido como água, vinho ou caldo. ► Confitar: essa técnica tem sido bastante usada nos dias de hoje. Consiste em cozinhar o alimento lentamente, com pouca gordura, em chama baixa, por bastante tempo. Inicialmente, o termo francês “confit” definia a preparação de algumas carnes cozidas e conservadas na própria gordura. Preparadas lentamente, sem fritar, em baixas temperaturas. Atualmente, usa-se o termo confitar também para outros alimentos e utiliza-se algum tipo de gordura, como o azeite de oliva ou com ervas. O alimento absorve o sabor do azeite, tornando-se mais saboroso. Alguns métodos de cocção foram desenvolvidos no último século, em reposta ao avanço da tecnologia. É o caso da cocção por micro-ondas, onde os alimentos são cozidos pela frequência de ondas, fazendo-os cozinhar de dentro para fora. Esse método não chega a dourar os alimentos, por isso émais utilizado para descongelamentos rápidos. Desde a descoberta do fogo, na Idade da Pedra, cozinhar faz parte da vida humana, pois a partir daquele momento, o ser humano passou a consumir não só alimentos crus, como vegetais, mas também a consumir carnes e outras proteínas, alterando o sabor por meio do cozimento. Isso colaborou para o desenvolvimento do organismo do homem, pois o sistema digestivo passou a receber e processar uma diversidade maior de nutrientes. O desenvolvimento da agricultura e da pecuária também são fatores que modificaram a qualidade e a utilização dos ingredientes. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 21 6.3 INGREDIENTES Ingrediente é toda substância que compõe um alimento, bebidas, medicamentos e misturas em geral. Para se cozinhar, existe uma variedade bastante grande de itens, que os chefes, os cozinheiros, os confeiteiros e todos os profissionais que trabalham com alimentos podem utilizar para criar, modificar ou incrementar ao fazer pratos novos ou tradicionais. 6.4 UTENSÍLIOS Os utensílios usados na culinária vêm sendo criados e modificados através dos séculos, conforme o desenvolvimento da tecnologia inventada pelo homem. Essa evolução dos utensílios foi fundamental no processo de criação dos alimentos como conhecemos hoje. O trabalho na cozinha foi diversificado e facilitado por essas inovações. Desde a simples colher até uma máquina descascadora de batatas, tudo ajuda na execução dos pratos servidos ao cliente. Para servir o cliente, também foram desenvolvidos vários utensílios que facilitam o atendimento e o consumo. Vejamos, a seguir, quais utensílios são usados para servir alguns pratos ou itens, para obter um alto padrão de atendimento e qualidade: ► Entradas • Entrada: prato base, garfo e faca de sobremesa. • Entrada fria: prato base, garfo e faca de sobremesa. • Entrada quente: prato base, garfo e faca de sobremesa. ► Ovos • Ovo na casca: porta-ovo, pires de chá, colher de ovo (na falta, usar colher de café), tesoura de ovo, feltro para ovo, saleiro. • Ovo no prato: prato base, guardanapo de papel, prato de sobremesa, colher e garfo de sobremesa. • Omelete: prato base, garfo e faca grandes. • Ovo na torrada: prato base, garfo e faca de sobremesa. ► Sopas • Consommé: prato de sobremesa, pires de consommé, taça (ou bowl5) de consommé, colher de sobremesa, concha para servir sobre prato de pão. 5 Tipo de tigela. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 22 • Sopa: prato base, prato de sopa, colher grande, concha para servir sobre prato de pão. • Sopa de tartaruga: prato de sobremesa, pires de consommé para tartaruga (especial), colher de chá. • Sopa de lagostim: prato base, prato de sopa, pinça, garfo de crustáceo, garfo e faca de peixes, prato de pão para restos, lavanda6, concha para servir sobre o prato de pão. • Sopa de mexilhão: prato base, prato de sopa, garfo e faca de peixe, colher de sobremesa, prato de pão para restos, lavanda, prato de pão e concha para servir. ► Sucos, frutas e cereais • Suco de frutas: copo, pires de chá, colher de sobremesa. • Melão em pedaços: prato de sobremesa, garfo e faca de sobremesa. • Melão com presunto cru: prato base, garfo e faca de sobremesa. • Cesta de frutas: prato de sobremesa, garfo e faca de sobremesa, tesoura de uvas, lavanda. • Cereais: prato de sobremesa, bowl, colher de sobremesa. ► Tortas e Sobremesas • Tortas de frutas: prato de sobremesa, colher e garfo de sobremesa. • Torta, bolo (de tarde): prato de sobremesa, garfo de bolo (na falta, servir com garfo de sobremesa). • Sobremesa em taça: prato de sobremesa, taça, colher de chá. • Sobremesa no prato: prato de sobremesa, colher e garfo de sobremesa. ► Fondue • Fondue de queijo: prato base, garfo para fondue de queijo (três dentes), aparelho de fondue no centro da mesa. • Fondue de carne: prato base, garfo para fondue de carne (dois dentes), aparelho de fondue no centro da mesa, garfo e faca grande, recipientes para os molhos. ► Frutos do Mar • Crustáceo servido frio: prato base, garfo e faca de sobremesa, pinça de crustáceo à esquerda, garfo de crustáceo à direita, lavanda, prato de pão para restos. • Crustáceo servido quente: Prato base, garfo e faca de peixe. • Ostras: prato base, garfo de ostra à direita (três dentes), lavanda. 6 Utilizada na higienização das mãos. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 23 • Escargots com casca: prato base, guardanapo de papel, prato especial para escargots (seis ou doze escargots), garfo para escargot (dois dentes) à direita, pinça para escagots à esquerda, colher de sobremesa à direita. • Escargots sem casca: prato de sobremesa, prato especial para escargots, colher de chá à direita. • Salmão defumado: prato base, garfo e faca de peixe. ► Espaguete, carnes e queijos • Espaguete: prato base, prato de sopa, garfo e colher grande. • Steak tartare7: prato base, garfo e faca de sobremesa (se for servido como entrada) ou garfo e faca grande (se for servido como prato principal). • Queijos: prato de sobremesa, garfo e faca de sobremesa, prato de pão; para servir: garfo grande, duas facas grandes. ► Pratos Especiais • Milho: prato especial ou prato de sobremesa, garfo para milho. • Porção de caviar: prato especial com gelo picado, pequena faca, colher de chá. • Caviar sobre torrada: prato de sobremesa, garfo e faca de sobremesa. • Foie gras8: prato base, garfo e faca de sobremesa, recipiente com água quente, duas facas (para servir). • Aspargos: prato base, garfo grande, lavanda, pinça de aspargos. • Pernas de rã: prato base, garfo e faca de sobremesa, lavanda, prato de pão para restos. Esses são apenas alguns dentre os muitos itens que podem ser servidos. Tudo irá depender do tipo do estabelecimento, do conceito, dos itens de cardápio e do tipo de serviço que ele oferece. Agora você está convidado a participar de uma atividade de passagem. Para isso, acesse a unidade de estudo do curso no ambiente virtual. 7 Prato que utiliza como principal ingrediente a carne crua, moída. 8 Termo que em francês significa fígado gordo. É o fígado de um pato ou ganso que foi super-alimentado. Junto com as trufas, o foie gras é considerado uma das maiores iguarias da culinária francesa. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 24 Além dos alimentos, os estabelecimentos de A&B costumam oferecer uma grande variedade de bebidas. Para atender o seu cliente é importante que você conheça melhor esses itens. A seguir, você encontrará informações que o ajudarão em seu trabalho. 7 NOÇÕES DE BEBIDAS: VINHOS, CERVEJAS, DIGESTIVOS E OUTROS Os estabelecimentos que comercializam alimentos e bebidas oferecem uma variada gama de opções. Cada restaurante, bar ou similar, ao criar o seu cardápio de bebidas, define o que irá servir, de acordo com a tipologia, classificação, localização da empresa, com a forma e horário de atendimento e espaço físico, com os pratos e itens oferecidos no cardápio, modalidade de serviço, entre outras características. A relação de bebidas oferecidas por um estabelecimento pode ser inicialmente dividida em alcoólicas e não alcoólicas. Dentre as bebidas não alcoólicas, encontramos: • Águas • Refrigerantes • Sucos • Chás • Cafés Dentro do grupo de bebidas alcoólicas podemos encontrar: • Vinhos • Espumantes • Cervejas • Destiladas • Licores • Drinks • Coquetéis Dica! Para coquetéis, frutos do mar, crustáceos e frutas, utiliza-se uma taça especial, pires de chá, guardanapo de papel, garfo de sobremesa à esquerda e colher de chá à direita. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 25 • Aperitivos É proibido vender bebidas alcoólicas para menores de 18 anos. Se você tiver dúvidas sobre a idade do cliente ao receber um pedido de bebida alcoólica, solicite um documento de identidade que comprovea maioridade dele. Algumas dessas bebidas são bastante complexas, como os vinhos, os espumantes e as cervejas. Para que consiga vender bem, você precisa saber algumas informações mais aprofundadas sobre esses itens. 7.1 VINHOS A primeira coisa que você deve saber é como ler um rótulo de um vinho. Observe o exemplo a seguir: 1. Nome do vinho. 2. Região de origem. 3. Classificação, no caso, uma denominação de origem controlada, que garante a procedência e que o vinho foi feito de acordo com as normas específicas para a região. Não garante a qualidade. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 26 4. A uva que deu origem ao vinho. Uma indicação opcional. Os nomes das uvas não costumam aparecer nos rótulos de vinhos portugueses. 5. A cor do vinho. 6. A safra, ou seja, o ano de fabricação do vinho. 7. País de origem. 8. Indicação de que foi feito com uvas de uma propriedade, no caso, quinta da Pellada. 9. Graduação alcoólica. Após conseguir ler o rótulo, você precisa conhecer alguns detalhes e especificações sobre os vinhos para atender bem o seu cliente. Para servir um vinho tendo a certeza de que ele está apropriado, observe a seguir o passo a passo, caso seja necessário que você faça a degustação. Para degustar um vinho, você precisará observar alguns pontos, utilizando seus sentidos. EXAME VISUAL Faça o exame visual, colocando uma quantidade de bebida que corresponda a um terço da taça ou, no máximo, a metade. Vire a taça suavemente, de forma que ela fique um pouco inclinada (na diagonal) para você visualizar uma superfície mais ampla do vinho. Os vinhos considerados aptos a serem consumidos são chamados de vinhos “corretos”. Existem algumas exceções, que são chamados de “vinhos de longa guarda”, que podem apresentar partículas depositadas no fundo da garrafa e que, ao se agitar o vinho, podem se dispersarem no líquido novamente. Exemplos desses “vinhos de longa guarda” são os vinhos do Porto Vintage, os grandes Châteaux de Bordeaux e os Barolos. Contra um fundo branco (uma folha de papel, um guardanapo ou a toalha da mesa), observe os aspectos a seguir: ► Limpidez: os vinhos corretos devem apresentar-se límpidos, sem nenhuma partícula depositada ao fundo ou dispersa no vinho. Caso você encontre alguma impureza em vinhos que não sejam de “longa guarda”, deve considerar que o vinho está impróprio para consumo. ► Transparência: um vinho correto deve ser completamente transparente, se estiver turvo, deve ser considerado impróprio para consumo. ► Viscosidade: viscosidade em relação a vinhos é quando o líquido apresenta aderência às paredes da taça. Quando o vinho é agitado e volta ao repouso, ele escorre pelas paredes da taça lentamente, em filetes chamados de “lágrimas”, “pernas” ou “arcos”. Essa formação ocorre devido à tensão superficial e evaporação de alcoóis do vinho, principalmente do glicerol (chamado também de glicerina). Um vinho menos denso é Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 27 “aguado” e escorre mais rapidamente pelas paredes da taça, ou seja, isso indica que ele é menos encorpado e não causará uma sensação aveludada na boca. ► Brilho: o aspecto brilhante e reflexos intensos são resultado da limpidez, viscosidade e transparência. Não é uma característica determinante, mas em geral, os melhores vinhos apresentam um brilho intenso. ► Gás: apenas os vinhos espumantes (Champagnes, Asti, dentre outros) e frisantes (Frascati, Lambrusco, Vinhos Verdes Portugueses, dentre outros) apresentam gás carbônico em sua fórmula, que se torna aparente já na observação dele na taça. Os vinhos que não possuem gás são chamados de “tranquilos” e são a maioria dentre os produzidos pelo mundo todo. ► Cor: essa característica fornece informações importantes sobre o vinho, por isso examine atentamente. • Incline a taça na diagonal, fazendo com que a superfície do vinho assuma uma forma elíptica. • Examine a superfície do vinho, você poderá identificar duas regiões: a região central, ou “olho”, onde a cor é mais concentrada; e a borda periférica, ou “anel”, que tem a cor menos concentrada, esmaecia, pois tem menos volume de vinho. • Ao envelhecer, os vinhos tintos se tornam mais alaranjados e podem chegar à “cor de tijolo”. A parte do “olho” pode ainda apresentar um vermelho intenso, mas a alteração no “anel” já começa a ser notada. Nos vinhos brancos, quando envelhecidos, a mudança na cor é observada de “amarelo palha” para um “dourado”. Resumidamente, veja a seguir a alteração que ocorre nas cores dos diferentes vinhos: ► Tintos jovens: de violeta pálido a rubi intenso. ► Tintos maduros: de rubi pálido com reflexos alaranjados a marrom tijolo (âmbar). ► Brancos jovens: amarelo palha com reflexos esverdeados ou com reflexos dourados. ► Brancos maduros: de levemente dourado a intensamente dourado. ► Rosés jovens: de rosa claro a rosa escuro. ► Rosés maduros: de rosa escuro com reflexos dourados até âmbar. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 28 Evolução da cor dos vinhos mais consumidos: EXAME OLFATÓRIO Para um exame olfatório mais apurado, considere que a principal característica dos melhores vinhos, que os tornam diferentes dos vinhos simples, é a capacidade que eles têm de evoluir e desenvolver um conjunto de aromas maravilhoso e encantador. Para examinar corretamente o vinho utilizando seu olfato, coloque a borda da taça junto ao nariz e aspire, preferencialmente intercalando as narinas direita e esquerda. Com relação aos aromas, você deve considerar três pontos principais: ► Qualidade: se o aroma que o vinho exala é agradável ou não. Um aroma desagradável é sinal de um vinho mal feito, de má qualidade ou que se encontra impróprio para o consumo. ► Intensidade: os bons vinhos apresentam aromas intensos ou sutis, mas sempre complexos. Os vinhos de qualidade inferior geralmente apresentam aromas fracos, sem personalidade. ► Classificação: os aromas percebidos durante a degustação são classificados em grupos de acordo com suas características. Ou seja, existem aromas padronizados em cada parte do vinho. Os aromas são classificados em Primários, Secundários e Terciários. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 29 Resumidamente, os aromas primários são provenientes das uvas. Geralmente, não persistem após o processo de fermentação. Em vinhos feitos a partir de uvas muito aromáticas, como a Moscatel ou a Gewürztraminer, o aroma primário é mais comumente encontrado. Já o aroma secundário é originado pelas muitas substâncias formadas no processo de fermentação, como as frutas, flores ou especiarias utilizadas. São predominantes em bons vinhos e o aroma do álcool é o mais percebido. Já os aromas terciários representam o somatório ou o conjunto dos anteriores. Ou seja, considera-se aroma terciário a combinação dos aromas originados no amadurecimento ou envelhecimento do vinho. EXAME GUSTATIVO Após ver e sentir o cheiro do vinho, para completar a degustação, é necessário que você prove o sabor dele. Ou seja, efetue o exame gustativo. Ao dar um gole de vinho não exagerado na boca, deixe-o passear pelas diversas regiões de percepção da língua, permitindo que você tenha sensações de sabor diferentes. Quando se prova um bom vinho, o sabor é agradável, de boa intensidade, atende a expectativa de cada tipo de vinho. Ou seja, ao provar um vinho seco, não encontrará um sabor doce. Para o exame gustativo lembre que: ► Nos vinhos, os sabores ácidos são mais acentuados nos jovens ou nos brancos. ► Espera-se que os sabores amargos estejam presentes, porém sem tornar o vinho desagradável. ► Nos vinhos, o sabor amargo não deve acentuar-se. Entretanto, em certos vinhos de aromas minerais, percebe-se sabores minerais ou metálicos que remetem ao salgado. Esta característica é denominada de sapidez do vinho. EXAME DO TATO O último sentidoque você deve utilizar na degustação é o do tato. Mas você não irá tocar no vinho com a mão de qualquer forma e sim por meio da percepção desse sentido na sua boca. Ou seja, você irá observar algumas características vinculadas ao tato, mas percebidas pela língua. Essas características são: ► Corpo: essa característica é percebida pela sensação de densidade, se o vinho é mais grosso e encorpado. Um bom vinho geralmente é encorpado, mais espesso. Já um vinho de pouco corpo costuma ser “aguado” e é chamado de “magro”. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 30 ► Adstringência (tanicidade): é uma sensação de secura, de “travo”, como comer um caqui verde. Essa sensação é provocada pelos taninos do vinho que reagem com a saliva e dão uma sensação de boca seca. ► Gás Carbônico: os vinhos que contêm essa substância são os espumantes e frisantes. Na boca, dão uma sensação de agulhadas, como se minúsculas agulhas estivessem picando a língua. ► Teor Alcoólico: o vinho contém alcoóis diversos. O que resulta em uma sensação de calor quando entra em contato com a boca. E quanto maior o teor alcoólico, mais intensa é a sensação de calor. ► Temperatura: é percebida a temperatura em que o vinho é servido. Alguns vinhos são servidos bastante gelados, e outros podem ser servidos à temperatura ambiente. ► Equilíbrio: é a sensação de harmonia percebida entre a acidez, a doçura, o amargor, a sapidez, a tanicidade e o teor alcoólico, ou seja, o equilíbrio entre todas as características anteriores. Um vinho equilibrado não tem nenhum desses aspectos sobressaltado. 7.2 CERVEJAS Para vender bem produtos como as cervejas, você precisa conhecê-las, sabendo diferenciar os tipos. Assim, reunimos, a seguir, algumas informações que você poderá usar durante o atendimento ao cliente ou na orientação à sua equipe de trabalho. A cerveja é uma bebida alcoólica, produzida a partir da fermentação de ingredientes como a cevada, o malte e o lúpulo. Isso até parece simples, mas como a evolução de todas as outras bebidas, a cerveja também passou a ser mais elaborada e a ter mais ingredientes em sua composição. Atualmente, você pode encontrar uma vasta variedade de tipos de cervejas, elaboradas a partir de diversos métodos de produção, ingredientes utilizados, receita, cor, origem, entre outros. Na fabricação da cerveja podem ser utilizados materiais como: amido, cereais maltados, fermento e outros temperos como frutas, ervas e plantas. Um ingrediente imprescindível é a água. Alguns sommeliers de cervejas dizem que a própria água utilizada na fabricação altera o sabor da mesma cerveja de região para região onde ela é produzida. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 31 Um exemplo de categoria de cerveja é a categoria “Lagers”. São as mais consumidas pelo mundo todo. Inventadas no século XIV na Europa Central, são cervejas de baixa fermentação ou fermentação a frio e possuem teor alcoólico entre 4 e 5%. Dentre elas, está a mais conhecida: Pilsen, nomeada originalmente de Pilsener, foi criada na cidade de Pilsen, região da Boêmia na República Tcheca, no século XIX. Dentro da categoria Lagers, as cervejas foram subdivididas em: ► Pale Lagers: são as Lagers mais claras, mais comumente encontradas dentro dessa tipologia. As cervejas mais consumidas encontram-se nas categorias: Pilsner, American Lagers, Premium, Lite, Dry Beer e Special, dentre outras. ► Dark Lagers: são as Lagers de coloração escura, bastante comuns também. São mais leves e menos amargas. Algumas chegam a ser levemente adocicadas. No Brasil, as mais encontradas são: Dark, American Lager, Munchner Dunkel, Schwarzbier e Malzbier. ► Viena: com uma coloração marrom avermelhada, é originária da Áustria. Tem sabor suavemente adocicado de malte levemente queimado. Seu teor alcoólico fica entre 4,5 e 5,7%. ► Bock: criada na cidade alemã de EinBeck. De coloração avermelhada, chegando perto de marrom, tem um teor alcoólico que vai de 6% nas tradicionais até 14% nas “Eisbock”. ► Marzen: o nome surgiu da palavra março em alemão (März), por serem produzidas na Bavaria no mês de março, especialmente para a tradicional festa da cerveja que acontece por lá, a Oktoberfest. Seu teor alcoólico varia entre 4,8 e 5,6% e podem ser claras ou escuras. Outra categoria é a classificada como “Ale”. Tem como característica principal a diferença no tipo de fermentação, que acontece em temperaturas bastante altas, entre 15ºC e 24ºC. Esse processo de fermentação é mais antigo e foi o mais utilizado até meados do século XIX. A fermentação a “quente” nas cervejas tipo Ale torna os sabores mais complexos, caracterizando-as como encorpadas e vigorosas. Dentro dessa categoria encontramos subtipos como: Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 32 ► Pale Ales: mais claras, com teor alcoólico até 6% e suaves. Criadas durante a Segunda Guerra Mundial para competirem com as Pilsen. São divididas em: American Pale Ale, English Pale Ale, Belgian Pale Ale, Belgian Blond Ale e India Pale Ale. ► Strong Ales: com alta graduação alcoólica, chegando a 12%, podem ser claras ou escuras, incluindo uma variada quantidade de cervejas. As melhores são saborosas e equilibradas, harmonizando o álcool ao sabor da cerveja. ► Weissbier: também chamadas de Weizenbier, Wheat Bier ou Cervejas de Trigo, são comuns no sul da Alemanha. Feitas à base de trigo, são claras e opacas. Possuem toques de cravo e florais, como também de sabores frutados. Seu teor alcoólico fica entre 5% e 6% e são consideradas refrescantes. ► Stout: têm forte sabor de chocolate, café e malte torrado e apresentam uma coloração negra e opaca. Seu teor alcoólico fica entre 8% e 12%. Sua representante mais famosa é a Guinness. Outra categoria é o Chope, também chamado Chopp, vem da palavra alemã Schoppe, que era o nome dado a uma caneca de quase meio litro. É uma cerveja não pasteurizada. Por esse motivo, pode ter variações assim como acontece com a própria cerveja, seguindo vários dos estilos acima citados. Por não ser pasteurizado, tem duração, dentro do barril, de cerca de 10 dias e, após aberto, não mais que 24 horas. 7.3 DRINKS Drinks são bebidas criadas a partir de uma mistura que, normalmente, junta ingredientes conhecidos da culinária local com bebidas alcoólicas (vinhos, cervejas ou destilados) e/ou não alcoólicas (água com ou sem gás, refrigerantes, sucos de frutas). Justamente por utilizarem diversos tipos de ingredientes encontrados em cada localidade é que se cria, até os dias atuais, uma vasta quantidade de drinks, dos mais simples aos mais exóticos. E, como estamos na era da internet e da globalização das informações, temos acesso às criações de bartenders de todo o mundo. Ou seja, é quase impossível descrever todas as receitas, classificar todas as criações. Mas existe o que chamamos de “drinks clássicos”. São drinks que têm uma composição definida e são servidos igualmente em várias cidades pelo mundo. Dentro dos drinks clássicos ainda encontramos uma subdivisão: • Pre Dinner (antes do jantar). • After Dinner (depois do jantar). • Long Drinks (drinks servidos em copos longos). Vejamos alguns desses drinks: Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 33 7.3.1 PRE DINNER: SÃO DRINKS INDICADOS PARA ANTES DO JANTAR ► Americano: Composto por Campari, Vermute Doce Vermelho e Soda. Os ingredientes são misturados diretamente no copo “old fashioned” cheio de cubos de gelo. Decorado com meia fatia de laranja e casca de limão. ► Bacardi: Feito com Rum Bacardi Branco, suco de limão e xarope de Granadine. Feito na coqueteleira e servido em copo de coquetel. ► Daiquiri: Drink com Rum Branco, suco fresco de limão e xarope de Gomme. Misturado na coqueteleira com cubos de gelo. Servir em copo de coquetel refrigerado. ► Kir: Vinho branco com creme de Cassis. Servido no “flute”(flauta) de vidro ou taça de vinho. ► Kir Royale: Champanhe e creme de Cassis. Servido no “flute” (flauta) de vidro ou taça de vinho. ► Manhattan: Feito da mistura de Whisky, Vermute Tinto e Bitter Angostura, misturados na coqueteleira com cubos de gelo. Servido em copo de coquetel e enfeitado com cereja Maraschino. ► Marguerita: É a mistura de Tequila, Cointreau e suco fresco de limão. Os ingredientes são batidos na coqueteleira e servidos em copo de coquetel refrigerado com uma crosta de sal na borda. ► Martini: Gim e Vermute Tinto misturados na coqueteleira com gelo. Servido em copo de Martini refrigerado. Decorado com cerejas Maraschino. ► Dry Martini: Gim e Vermute Seco batidos na coqueteleira com cubos de gelo. Servido em copo Strain Martini coquetel gelado. Servir com squeeze de óleo de casca de limão sobre a bebida ou decorar com azeitonas. Pode-se substituir o Gim por Vodka. ► Negroni: Mistura de Gim, Campari e Vermute Doce Vermelho batidos com cubos de gelo e servidos em copo “old fashined” com gelo. Decorar com meia fatia de laranja. ► Paradise: Feito com Gim, Apricot Brandy e suco de laranja. Misturado em coqueteleira e servido em copo de coquetel gelado. ► Rob Roy: Preparado com Scotch Whisky, Vermute Tinto e Bitter Angostura misturados na coqueteleira com cubos de gelo. Servido em copo de coquetel gelado. Enfeitar com cereja Maraschino. ► Whisky sour: Mistura de Bourbon Whiskey, suco de limão fresco, xarope de Gomme e um ovo branco. Batido em coqueteleira com gelo e servido em copo “old fashined”. Decorado com meia fatia de laranja e cereja Maraschino. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 34 7.3.2 AFTER DINNER: DRINKS INDICADOS PARA DEPOIS DO JANTAR ► Brandy Alexander: Feito com Cognac, creme de cacau e nata fresca. Servido em copo de coquetel com noz moscada polvilhada por cima. ► God Father (Deus Pai): Mistura de Scotch Whisky com licor de Amaretto. Servido em copo “old fashioned” com gelo. ► God Mother (Deusa Mãe): Composto pela mistura de Vodka com licor de Amaretto. Servido em copo “old fashioned” com gelo. 7.4.3 LONG DRINKS: SÃO DRINKS SERVIDOS EM COPOS ALTOS, LONGOS ► Bellini: Espumante mexido delicadamente com purê de pêssegos. Servido em taça longa com uma fatia de pêssego. ► Bloody Mary: Feito com Vodka, suco de tomate e suco de limão, contendo traços de Worchestershire Sauce, Tabasco, sal e pimenta. Servido em copo “highball” com cubos de gelo. Decorado com aipo e limão cunha. ► Mimosa: Champanhe delicadamente inserido no suco de laranja, servido em taça longa e decorado com twist de laranja. ► Champagne Cocktail: Chilled Champagne ou espumante com Brandy, adicionado de dois traços de Bitter Angostura na taça “flute” (flauta) e um cubo de açúcar. Decorado com uma fatia de laranja e cereja Maraschino. ► Irish Coffee (Café irlandês) Feito com café quente, Whisky Irlandês, nata fresca e açúcar mascavo, aquecido, sem ferver. Servido com espuma-creme de leite por cima. 7.3.4 COQUETÉIS POPULARES: SÃO OS DRINKS MAIS CONHECIDOS E DIFUNDIDOS ► Pina Colada: Drink feito com Rum Branco, creme de coco e suco de abacaxi batidos no liquidificador junto com gelo moído. Servido em copo longo e decorado com cunha de abacaxi e cereja Maraschino. ► Caipirinha: Bebida tipicamente brasileira feita de cachaça, limão cortado em fatias e açúcar. Servido em copo “old fashioned” com gelo. ► Cosmopolitan: Vodka Citron, Cointreau, suco fresco de limão e suco de Cranberry batidos com gelo e servidos em taça de coquetel. Decorado com uma fatia de limão. ► Mojito: Rum Branco, suco fresco de limão, ramos de hortelã, açúcar e soda misturados e servidos em copo highball (alto). Decorado com folhas de hortelã. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 35 ► Cuba Libre: Rum Branco com refrigerante tipo cola. Servido em um copo highball (longo) com gelo. Decorado com limão em forma de cunha. ► Sex On The Beach: Drink feito com Vodka, suco de pêssego, suco de laranja e suco de Cranberry batidos na coqueteleira. Servido em copo baixo, decorado com uma fatia de laranja. 7.4 HARMONIZAÇÃO As bebidas fazem parte da refeição e, para cada tipo de prato, você ou o garçom pode sugerir uma bebida adequada, que combine com o prato que o cliente pediu. A seguir, apresentamos como sugestão uma tabela na qual você pode se basear para combinar alguns tipos de alimentos com algumas bebidas. 1 – Molhos e cremes acompanhados de aperitivos 2 – Aperitivos 3 – Queijos suaves 4 – Queijos fortes 5 – Sanduíches 6 – Comida asiática 7 – Carnes e churrasco 8 – Porco e vitela 9 – Ovelha 10 – Massas com molhos suaves 11 – Massas com molhos encorpados 12 – Aves 13 – Salmão e atum 14 – Frutos do mar 15 – Mariscos 16 – Frutas e sobremesas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 VINHO BRANCO Pouilly Fumé x x x x x x x x Chablis x x x x x x x x x Sauvignon Blanc x x x x x x x x x x Riesling x x x x x x x x x x x Chenin Blanc x x x x x x x x x Gewürztraminer x x x x x x x Pinos Gris/Grigio x x x x x x x Pouilly-Fuissé x x x x x x x x x Chardonnay x x x x x x x x x VINHO ROSÉ White Zinfandel x x x x x x x x x x x x VINHO TINTOS Beaujolais x x x x x x x x x x x x Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 36 Chianti x x x x x x x x x x Pinot Noir x x x x x x x x x Merlot x x x x x x Zinfandel x x x x x x x x Cabernet Sauvignon x x ESPUMANTES Blanc de Blancs x x x x x x x x Extra Dry x x x x x x x x x x Brut x x x x x x x x x x Rosé x x x x x x x x x x Sec x Doux x Agora você está convidado a participar de uma atividade de passagem. Para isso, acesse a unidade de estudo do curso no ambiente virtual. RECAPITULANDO Nessa Unidade Curricular você conheceu como orientar o atendimento ao cliente, na venda de produtos de Alimentos e Bebidas, com pró-atividade e responsabilidade. Além disso, aprendeu a identificar o perfil do consumidor, os fundamentos de pré-venda e da venda , aprimorando também suas noções de cozinha e de bebida para atender com eficiência a clientela. Orientação do Atendimento e Processo de Vendas de Alimentos e Bebidas MAîTRE 37 BIBLIOGRAFIA ABECS NOTÍCIAS. Curiosidades: Para cada caso, um vinho. Revista ABECS, São Paulo, v. 1, n. 4. dez. 2009. ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Dicionário escolar da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. BANDLER, Richard; LA VALLE, John. Engenharia da persuasão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. BORTOLOTTI, Silvio R. Manual do garçom. Florianópolis: Paralelo 27, 1998. CARLAW, Peggy; DEMING, Vasudha K. O grande livro de jogos de vendas: atividades rápidas e divertidas para melhorar habilidades de vendas ou para animar uma reunião de vendas. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. CORTEZ, Edmundo V. A magia do marketing pessoal: o segredo das pessoas bem sucedidas. São Paulo: Alaúde Editorial, 2004. Etapas da Degustação de Vinhos. Disponível em: <http://www.academiadovinho.com.br/_ deg_etapas.php>. Acesso em: 20 de mai. 2012. FRAZÃO, César. Show em vendas: verdades, mitos e mentiras em vendas. São Paulo: HARBRA, 2004. FREITAS, Sebastião N. Você pode vender mais: perguntas e respostas sobre a arte e a técnica da venda moderna. São Paulo: STS, 1992. GRÖNROOS, Christian. Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. INSTITUTO DE CULINÁRIA DA AMÉRICA. A arte de servir: um guia para conquistar e manter clientes, destinado a funcionários, gerentes e proprietários de restaurantes. São Paulo: Roca, 2004. MACHADO, Andréa M. de B. Falando muito bem em público. 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