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Operações Unitárias Sedimentação Uniaraxá Roney Introdução Denomina-se sedimentação a operação que possibilita a separação sólido-líquido em um líquido clarificado e um lodo denso que contém uma grande concentração de sólidos (BROWN et al., 1965). Materiais com partículas possuindo diâmetros de alguns “μm” sedimentam vagarosamente em muitas operações práticas. Quando as partículas são aglomeradas ou floculadas elas sedimentam mais rapidamente. A taxa de sedimentação de partículas pequenas é difícil de predizer devido ao grande número de fatores envolvidos (SVAROVSKY , 1977). Sedimentação O mecanismo da sedimentação pode ser descrito por meio da observação dos efeitos que ocorrem num ensaio de sedimentação dos sólidos de uma suspensão colocada numa proveta. A Figura. 1a mostra uma suspensão preparada de modo a ter a concentração uniforme ao longo de toda a altura da proveta. Logo que o processo de sedimentação principia, todas as partículas começam a sedimentar e, por hipótese, aproximam-se rapidamente das respectivas velocidades terminais. Estabelecem-se regiões de concentração diferentes. A região C é de sólidos sedimentados que inclui, predominantemente, as maiores partículas com sedimentação mais rápida. Numa zona de transição, mal definida, acima do material sedimentado, existem canais através dos quais o fluido ascende. Este fluido é expelido da região D à medida que esta região é comprimida. A região C é uma região de distribuição variável de tamanhos e de concentração não uniforme. A região B é uma zona de concentração uniforme, com aproximadamente a mesma concentração e distribuição inicial. No topo da região B há uma fronteira acima da qual está a região de líquido límpido, região A. Se a suspensão original consistir de partículas bem uniformes nas dimensões menores, a linha entre A e B é bastante nítida (FOUST et al, 1982). À medida que a sedimentação continua a altura de cada região varia, conforme está indicado na Fig. 1 b, c e d. Observe-se que A e D aumentam, chega-se a um ponto que B e C desaparecem, e todos os sólidos estão em D; este é conhecido como o ponto de sedimentação crítico (Figura 1e) isto é, o ponto em que uma única interface nítida forma-se entre o líquido límpido e os sedimentos. O processo de sedimentação, daí por diante, consiste na compressão lenta dos sólidos, com a expulsão do líquido retido entre os sólidos para a zona límpida. As velocidades de sedimentação são muito-pequenas nesta lama grossa. A fase final é um caso extremo de sedimentação impedida. Na Figura 2 são mostradas as regiões de sedimentação em um sistema contínuo. A Velocidade de sedimentação depende da concentração e do tamanho das partículas. Sedimentação Após o ponto crítico, quando se estabelece uma única interface nítida entre o líquido límpido e os sedimentos, o processo de sedimentação, daí por diante, consiste na compressão lenta dos sólidos com expulsão do líquido retido entre os sólidos para a região límpida. A velocidade de sedimentação dos sólidos é pequena nesta lama concentrada. Num equipamento que opera continuamente, depois de alcançado o estado estacionário (quando a suspensão de alimentação é injetada a uma taxa igual à taxa de remoção da lama e do líquido límpido do decantador) as alturas de cada região serão constantes. Sedimentação O equipamento decantador é um espessador quando o produto desejado é a lama ou o lodo decantado, como no caso do tratamento de um minério. O decantador é um clarificador quando a operação visa a produção de um líquido límpido, como no tratamento de água. A Figura 3 mostra um espessador contínuo. A alimentação é realizada no centro do espessador. O lodo concentrado que se acumula no fundo do separador é descarregado por uma tubulação. O projeto de um decantador exige a especificação da área da secção transversal e da altura. No projeto da unidade contínua utilizam-se as informações da sedimentação descontínua. Projeto Para realizar o projeto devem ser considerados os seguintes fatores: 1) A área requerida para a clarificação; 2) A área requerida para o espessamento; 3) A velocidade de descarga do lodo. Geralmente a área requerida para o espessamento é maior do que a área requerida para a clarificação. A concentração crítica que controla a capacidade de processamento do lodo concentrado ocorre em uma altura H2 onde a concentração é C2. Este ponto é determinado pelas tangentes à curva, correspondendo à sedimentação e ao espessamento, conforme mostrado na Figura 5. No ponto de interseção das tangentes determina-se a bissetriz do ângulo formado, como se indica na Figura 5. O tempo “tu” pode ser quantificado como se indica a seguir: Projeto 1) Construir uma linha horizontal na altura Hu, que corresponde à altura na qual os sólidos encontram-se na concentração de descarga (underflow), Cu. O valor de Hu é quantificado usando a Equação. 2) Construir uma tangente á curva de sedimentação pelo ponto indicado por C2. 3) Representar uma perpendicular a partir do ponto de interseção das duas linhas representadas nas Etapas 1 e 2. Na abscissa, eixo de tempo, t, localizar tu. A área requerida para o espessamento é calculada com uso da Equação (1). A área requerida na região de clarificação, também, é quantificada. Profundidade do decantador. Numa série de ensaios num decantador contínuo, Comings determinou o efeito da vazão da fase pesada sobre a capacidade do sedimentador. Em todos os ensaios, o líquido transbordante foi, essencialmente, um líquido límpido. A profundidade da zona de espessamento aumenta com a diminuição da vazão da face pesada. Daí, o autor concluiu que a profundidade da zona de espessamento, no caso de lamas incompressíveis, é menos importante que o tempo de retenção de partículas no interior da unidade. Isto é, a área do sedimentador pode ser prevista, com certa segurança, a partir do limite de sedimentação e do volume da zona de compressão, determinado para que se tenha o tempo de retenção necessário.
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