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Obstetrícia Thomás Rocha Campos Endocrinologia Medicina - UFOB TIREOIDEOPATIAS NA GESTAÇÃO Hipotireoidismo Ocorre em 0,3-0,5% das gestações, subclínico em 2-3% das gestações Etiologia: autoimune, congênita, ablação, cirurgia. Aumenta o risco de: – Aborto espontâneo habitual – Anemia – Hipertensão gestacional – DPP – Hemorragia pós-parto – Prematuridade – Baixo peso – Angústia respiratória Mesmo TSH em limite superior da normalidade tem maior risco de perda fetal. O hormônio tireoidiano tem importância para o desenvolvimento neurológico no período intrauterino e pós- natal (já se sabe de receptores de T3 no cérebro fetal a partir de 10 semanas). Fisiologia da tireoide na gravidez: a placenta é permeável ao iodo e hormônios tireoidianos. A tireoide e o eixo Hipotálamo-hipófise do feto se desenvolvem em torno de 10-12 semanas, porém a captação aumenta em torno da 20ª semana. No 1º trimestre os níveis de TSH caem, por conta das altas taxas de hCG. Com o avançar da gravidez o TSH vai aumentando até permanecer dentro dos limites normais. O estrogênio na circulação estimula a síntese de globulina fixadora de hormônio tireoidiano (TBG) O estrogênio induz o aumento de T4 (em 150%) no 1º trimestre. Com níveis elevados de hCG, o TSH fica mais suprimido e os valores de referência mudam. Quadro clínico: Fadiga Obstipação Intolerância ao frio Perda de cabelo Aumento de peso Pele seca Cãibras musculares Bócio (pode estar ausente) Diagnóstico: exames laboratoriais são o método preferencial. – A dosagem de TSH é mais sensível que T4 livre – Se o TSH estiver alterado, deve-se dosar o T4 livre Obstetrícia Thomás Rocha Campos Endocrinologia Medicina - UFOB Tratamento: Levotiroxina. Em pacientes usuárias prévias, deve-se fazer um aumento de 30-50% e dosar o TSH novamente em 4-6 semanas. Recomendações: – Valores normais de T4 livre: 1,5X para o 1º trimestre – Necessidade absoluta de tratar o hipotireoidismo manifesto na gravidez – No hipotireoidismo subclínico é recomendado tratamento (benefícios maiores que riscos) – Diagnóstico na gravidez deve-se tratar rapidamente, titular T4 inicialmente e após isso dosar TSH cada 4-6 sem (o objetivo é ↓ 2,5) – Eutireoideas com anticorpos positivo, deve-se seriar TSH a cada 4-6 semanas – Pós-parto, deve-se reduzir a dose de levotiroxina que foi aumentada Hipertireoidismo Prevalência na gravidez 0,1-0,4% De forma geral, hipertireoidismo na gestação é pior do que hipotireoidismo. E quando o TRAB (anticorpo anti receptores de TSH) é positivo, tem pior prognóstico (porque o TRAB atravessa a barreira placentária e pode causar danos na tireoide do feto). Doença de Graves em 85% dos casos. O Graves flutuante na gestação inicialmente tende a piorar depois a estabilizar ainda durante a gravidez. Sintomas podem mimetizar queixas próprias gravidez, com a glândula naturalmente hiperfuncionante (β-HCG alto) Obstetrícia Thomás Rocha Campos Endocrinologia Medicina - UFOB Aumenta o risco de: – Parto pré-termo – CIUR – Baixo peso – Pre-Eclâmpsia – Morte fetal – Insuficiência cardíaca – Anti-tireoidianos: mal-formações TRAb atravessa placenta e pode gerar hipertireoidismo fetal ou após o nascimento se acima de 3X o limite da normalidade (<1,5) Tratamento: – Anti-tireoidianos: indicado quando T4 > 1,5x preferência pelo Propiltiouracil no 1º trimestre, depois é feita a troca pelo Metimazol. – O Propiltiouracil tem que ser monitorizado 1x/mês, porque tem maior chance de causar neutropenia e plaquetopenia. – Hipertireoidismo subclínico em gestante não trata – Iodo radioativo é contraindicado, porque atravessa a barreira placentária Quando você está usando a dose máxima (Propiltiouracil 450mg/dia, Metimazol 30mg/dia) e não tem a resposta desejada tireoidectomia. – O melhor momento para fazer a tireoidectomia é no 2º trimestre Aspectos fetais: – Screening para gestantes com TRAb elevado ou em uso de drogas anti-tireoidianas é morfológico + obstétrico mensal – Sinais de disfunção na tireoide fetal: aumento da glândula, bócio, taquicardia, CIUR, cardiopatia e hidropsia – Análise de sangue de cordão umbilical caso necessário – Tratamento fetal aumento da dose de antitireoidianos Hiperêmese gravídica e hipertireoidismo: 0,5-10 casos para cada 1000 gestações (ocorre devido à elevação do β-HCG) Definição: perda de 5% peso, desidratação e cetonúria Dosagem de TSH, T4 livre e TRAb na hiperêmese com sinais clínicos de hipertireoidismo Tratamento da HG pura: suporte Tratamento da HG + Graves: suporte + tionamidas + βbloq Tireoidites autoimunes x Aborto Existe correlação positiva entre presença de anticorpos e aumento da frequência de abortos em eutireoideas. O screening universal de anticorpos não é recomendado. Levotiroxina em eutireoideas com anti-TPO + diminui a taxa de abortos, mas não é recomendado pelo Ministério da Saúde Se anti-TPO indentificado risco de progressão para hipotireoidismo Obstetrícia Thomás Rocha Campos Endocrinologia Medicina - UFOB Nódulos tireoidianos e câncer Nódulos prévios tendem a crescer na gestação Pode-se proceder a PAAF + USG, para investigar esses nódulos Podem ser abordados cirurgicamente preferencialmente no 2º trimestre Não indicam interrupção da gestação Subtipos menos agressivos pode-se postergar condutas pós-parto Iodo radioativo é contraindicado na gestação. E a gravidez não deve acontecer antes de 1 ano pós-tratamento com Iodo. Opção de supressão do TSH com doses de T4 Ingestão de Iodo na gravidez No Brasil nem é necessário suplementar iodo, porque tem a lei que o iodo já tem que vir no sal de cozinha. O iodo é essencial na síntese de T3/T4 O aumento da ingesta na gestação e lactação 150ug/d para 250ug/d Não se deve ultrapassar 500ug/d Suplementação nas áreas iodo-insuficientes: 200ug/d Na lactação, a necessidade é de 250ug/d Tireoidite pós-parto É um processo inflamatório autoimune que pode acontecer até 1 ano após o parto Maior risco nas anticorpos-positivos Diagnóstico: TSH, TRAb** Tratamento: – Na fase hiper – betabloqueador – Na fase hipo – levotiroxina Screening universal não recomendado Graves, DM1, hepatites, Anti-TPO + dosar TSH 6 meses pósparto TPP tem risco de hipotireoidismo primário em 5-10a Hipotireoidismo deve ser investigado em depressão TSH até 10 pode ser assintomática, mesmo assim tem que tratar Screening de tireoideopatias nas gestantes Screening universal TSH não recomendado *** Screening em pacientes alto risco recomendado ObstetríciaThomás Rocha Campos Endocrinologia Medicina - UFOB Sempre iniciar levotiroxina 50mcg em TSH 2,5-10 Alvo de TSH < 2,5 1º trim ou < 3,0 2º trim e <3,5 3ºtrim Embora anti-TPO esteja associado a várias complicações (aborto, parto prematuro, progressão para hipotireoidismo e tireoidite pós-parto), só o anti-TPO alterado não é indicado iniciar a medicação. Anti-TPO elevado acompanhar TSH / não faz screening Cuidados nas hipotireoideas prévias Ajuste de dose de levotiroxina nas pré-diagnosticadas e acompanhamento do nível de TSH Alvo de TSH pré-concepcional 2,5 Orientação para a paciente da necessidade de ajuste na suspeita de gravidez + 30% ou + 2 comprimidos a mais por semana
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