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Direito Empresarial
UNIDADE 3
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UNIDADE 3
DISCIPLINA: DIREITO EMPRESARIAL
Apresentação da Disciplina
O terceiro módulo tem como principal foco o Direito Penal Econômico nacional. Esse 
módulo divide-se em três etapas, onde se discute a dimensão do Direito Penal Econô-
mico, as situações de crime penal econômico e a sua transnacionalidade, cada qual 
individualmente. 
 
No final desse módulo, você terá outra visão do sistema econômico nacional e das 
possibilidades de crime. Portanto, recomendo como principal material de apoio dou-
trinário para esse módulo, a terceira parte do livro Direito Empresarial (disponível na 
BUP), do autor George Niaradi. O aluno também será estimulado a procurar nos sítios 
oficiais dos Tribunais Superiores produção jurisprudencial complementar aos seus es-
tudos.
 
Uma segunda série de recomendações sobre a consulta da pátria que poderá ser 
facilmente encontrada através de sua numeração específica no sítio virtual da Presi-
dência da República disponível em www.planalto.gov.br. É especialmente importante 
a consulta aos artigos seguintes ao 170 da atual Constituição Brasileira, bem como 
a lei 8.137 de 1990 (que define crimes contra a ordem tributária, econômica, e contra 
as relações de consumo) e a Lei 12.529 de 2011 que revogou a Lei Antitruste e fez 
surgir o sistema concorrencial brasileiro. Será recomendado o uso de alguns tratados 
internacionais, tal como se mencionará na terceira parte desse módulo.
 
Vamos ao Direito Econômico! Bons estudos!
Direito Penal Econômico
Antes de começarmos, que fique claro: Direito Penal Econômico é a parte do Direito 
Penal que se aplica ao sistema econômico. Como parte do Direito penal, vemos que 
sua principal função é garantir a segurança e preservar a ordem social, sendo apli-
cado ao sistema econômico, seu objetivo seria, portanto, aplicar esta ideia à ordem 
econômica. 
Contudo, faz-se necessário compreender o sistema de Direito Econômico, que por 
sua vez determina a necessidade da intervenção jurídica no sistema de produção de 
riquezas nacional. Assim, começamos com o Direito Econômico e em seguida passa-
remos ao sistema penal que se aplica ao mesmo.
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Direito Econômico e Sistema Constitucional Econômico.
•	 Surgimento: Alguns autores consideram o Direito Econômico como surgido 
na década de vinte, quando, após a Primeira Guerra, as condições econô-
micas dos países e, consequentemente, de sua população estavam comple-
tamente desfavoráveis, chegando este desequilíbrio a culminar na famosa 
crise de 29. 
•	 Motivo: Instabilidade econômica da época. A instabilidade financeira e a re-
cessão são situações que tratavam de questões econômicas, não tendo sido 
cabíveis em nenhum dos ramos do Direito vigente à época. Seu agrupamen-
to, apesar de não codificado, teria originado o Direito Econômico. 
• Precedentes jurídicos para o surgimento do Direito econômico na década de 
20: Constituições Sociais do México (1917) e de Weimar (1919) (situações 
fáticas já ocorriam em que eram aplicadas, não sendo, no entanto, em sua 
grande parte, legisladas). 
•	 Precedentes fáticos: Sistema liberal baseado no contratualismo como fonte 
principal das regras de produção. 
•	 Consequência deste surgimento: Com a constituição de uma disciplina jurí-
dica específica, denominada Direito Econômico, seria possível a instituciona-
lização de normas e regras, superando-se o mero contratualismo. Este ramo 
do Direito ajusta os mutantes quadros sociais frente à economia, na medida 
julgada oportuna. A autonomia deste foi imposta pela realidade social. 
•	 No Brasil: Somente na Constituição Federal de 1988 foi o Direito Econômico 
nominal e positivamente incluído. 
• Competência para legislar sobre: Art. 24, I, CF.
• Exploração direta pelo Estado: Art. 173 e §§ 1º a 5º, CF.
• Livre exercício: Art. 170, parágrafo único, CF.
• Princípios gerais: Arts. 170 a 181, CF.
•	 Competência legislativa no Brasil: 
• A União é competente para o estabelecimento de normas gerais (art. 
24, § 1º). 
• Os Estados têm competência suplementar em tais casos (art. 24, § 2º). 
• Em não havendo normas gerais sobre determinado tema, os Estados 
exercerão competência legislativa plena sob suas peculiaridades (art. 
24, § 3º), sendo a eficácia da lei estadual suspensa quando da superve-
niência de lei federal (art. 24, § 4º). 
•	 Conteúdo normativo: O Direito Econômico, como ramo autônomo, tem 
como conteúdo específico: as atividades econômicas ocorrentes no merca-
do, sejam elas provenientes do setor privado ou público. 
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•	 Ligações do Direito Econômico: O Direito Administrativo e o Direito Cons-
titucional, por tratarem de matérias relativas às atividades econômicas exis-
tentes, têm ligação com o direito econômico, porém, apenas este as adota 
com primazia, considerando a regulamentação destas de modo a torná-las 
uma política econômica objeto exclusivo seu. 
•	 Objeto: A política econômica é o objeto de estudo principal do Direito econô-
mico, e se deve entender esta como a reunião das prioridades, medidas e me-
tas econômicas traçadas e executadas, de forma a se atingirem os objetivos 
de determinada ideologia vigente. É a superação dos limites dos interesses 
privados ou dos conflitos destes com os públicos. Constitui-se o tratamento 
sistêmico de todas estas questões, com uma dimensão global. E esta política 
econômica é definida com base na ideologia existente na Constituição.
•	 Finalidade: Regulamentar a atividade econômica do mercado, estabelecen-
do limites e parâmetros para empresas privadas e públicas. Ele trata de es-
tabelecer uma política econômica no sentido de concretização dos ditames e 
princípios constitucionais.
•	 Característica: Efemeridade de suas normas - devido ao fato de que elas 
são, necessariamente, adstritas à ideologia de determinada constituição. São 
normas flexíveis, e por assumir como tema a ideologia constitucional adota-
da, assunto suscetível de contínuas modificações, o emprego deste princípio 
vem a corresponder à necessidade de flexibilidade das normas de Direito 
Econômico face às diversas circunstâncias com que este se depara, ao longo 
da trajetória econômica de um país.
•	 Agentes Econômicos:
• São os sujeitos das atividades econômicas: os indivíduos particulares, 
o Estado, as empresas, os órgãos nacionais, internacionais e comunitá-
rios, bem como os titulares de direitos difusos e coletivos.
• Nota-se que a gama de sujeitos é bastante ampla. Dessa forma, o Direi-
to Econômico atua no sentido de conciliar os interesses econômicos de 
todos eles por meio da política econômica elaborada. 
• O Direito Econômico busca harmonizar as medidas de política econô-
mica pública e privada, através do princípio da economicidade, com a 
ideologia constitucionalmente adotada.
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Sistema Constitucional Econômico:
A ordem constitucional econômica deve ser interpretada mediante interpretação cons-
titutiva e sistemática, de modo a integrar os princípios gerais que a norteiam, com 
vistas a eliminar os seriíssimos conflitos existentes nesse campo. Os princípios fun-
damentais econômicos encontrados no artigo 170 são instrumentos de referencial 
interpretativo que devem ser utilizados como guias da ação econômica.
•	 Dados ideológicos fundamentais da ordem econômica
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
•	 Valorização do Trabalho humano:
• O princípio da valorização do trabalho desdobra-se no art. 7º, através 
de um rol de proteção aos direitos dos trabalhadores. 
• No art. 5º protegem-se:
• Inventores e autores (XXVII).
• As patentes (XXIX).
• Obras coletivas (XXVIII).
•	 Livre iniciativa:
• Elementos de seu conteúdo:
• Necessita da existência de propriedade privada (apropriação par-
ticularde bens de produção) art. 5º XXII.
• Da liberdade de empresa (art. 170, p. único) assegurando o livre 
exercício da atividade econômica.
• Livre concorrência (170 IV).
• Liberdade de contratar (art. 5º II).
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Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme 
o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e 
prestação; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as 
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econô-
mica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previs-
tos em lei.
•	 Soberania Nacional
• Soberania é um atributo essencial do Estado. 
• Tem duplo sentido:
• do ponto de vista do direito internacional, expressa a idéia de igualdade, 
de não subordinação; 
• do ponto de vista interno traduz a supremacia da Constituição e da lei, 
e da superioridade jurídica do Poder Público na sua interpretação e 
aplicação. 
•	 Propriedade privada e função social da propriedade
• É condição inerente à livre iniciativa.
• Sua função como princípio setorial da ordem econômica é:
• assegurar a todos os agentes que nela atuam ou pretendam atuar a 
possibilidade de apropriação privada dos bens e meios de produção; 
• impõe aos indivíduos em geral o respeito à propriedade alheia; 
• limita a ação do Estado.
• A função social abriga idéias centrais como:
• o aproveitamento racional;
• a utilização adequada dos recursos naturais;
• a preservação do meio ambiente;
• o bem-estar da comunidade.
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•	 Livre concorrência
• Direto da liberdade de iniciativa.
• Expressa a opção pela economia de mercado.
• Crença de que a competição entre os agentes econômicos, de um lado, 
e a liberdade de escolha dos consumidores, de outro, produzirão os 
melhores resultados sociais.
• Qualidade dos bens e serviços.
• Preço justo. 
Obs: Esse princípio tem duplo efeito sobre os agentes econômicos:
1. O Poder Público não pode pretender substituir a regulação natural do mercado por 
sua ação cogente, salvo as situações de exceção. 
2. Os agentes privados têm não apenas direito subjetivo à livre concorrência, mas 
também o dever jurídico de não adotarem comportamentos anticoncorrenciais, sob 
pena de se sujeitarem à ação disciplinadora e punitiva do Estado.
•	 Defesa do Meio Ambiente
• Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra-
do, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo, para as presentes e futuras gerações.
• O agente econômico, público ou privado, não pode destruir o meio am-
biente a pretexto de exercer seu direito constitucionalmente tutelado da 
livre iniciativa. 
• Funciona como balanceador do direito ao desenvolvimento econômico.
•	 Demais princípios – princípios fim da atividade econômica:
• Descrevem uma realidade fática desejada pelo constituinte e comanda-
da ao Poder Público.
• Harmonizam os objetivos da ordem econômica com os objetivos funda-
mentais da República Federativa do Brasil, constantes do art. 3º.
• Os princípios fins também podem ser conhecidos como princípios 
de integração.
• Podem ser vistos como desdobramentos do objetivo do art. 3º inc. 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigual-
dades sociais e regionais.
• Representam os objetivos sociais do Estado dentro dessa mesma or-
dem, informando a política econômica do Governo no sentido da plena 
realização dos preceitos constitucionais.
• São eles: 
• existência digna para todos; 
• redução das desigualdades regionais e sociais; 
• busca do pleno emprego; 
• a expansão das empresas de pequeno porte constituídas sob as 
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país.
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•	 Crimes contra a economia: 
• Embasamento legal: 
• Lei 1.512/51 (determina os crimes e as contravenções contra a 
economia popular) - http://sereduc.com/qR9IDs; 
•	 Crimes: arts. 3o ao 5o.
•	 Processo: arts. 10 em diante.
 
• Lei 8.137/90 (Define crimes contra a ordem tributária, econômica e 
contra as relações de consumo). http://sereduc.com/ShZ92l 
• Crimes tributários: arts. 1o ao 3o.
•	 Crimes contra a ordem econômica e relações de consu-
mo (modificados em 2011): arts. 4o e 5o.
• Lei 12.529 de 2011 (cria o Sistema Brasileiro de Defesa da Con-
corrência) http://sereduc.com/RJAPOW
• REVOGOU grande parte da lei 8.884 de 1994 (Lei Antitruste) 
e criou uma série de infrações contra a ordem concorrencial 
(arts. 36 em diante). 
Veja as leis acima e em seguida as páginas 71 e 72 da obra de Niaradi disponível na 
BUP.
Devemos entender que existe uma série de condutas que levam a práticas conside-
radas nocivas ao sistema econômico nacional (que descrevemos nos tópicos anterio-
res). O fato de o sistema normativo criar regras que proíbem as diversas condutas ali 
postas revela que aqueles valores já descritos na legislação constitucional estariam 
violados por estas condutas. Em 2011 a lei 8.137/90 sofreu severa modificação e mo-
dernização. Sugiro a leitura do texto não compilado (que mostra as alterações) cujo 
link está acima.
Outros crimes contra a ordem de consumo:
• Embasamento legal: 
• Código de Defesa do Consumidor: 
• art. 39 - Cláusulas abusivas;
• arts. 61-80 parte penal. 
• Link: http://sereduc.com/MH6tjX
Direito Penal Administrativo
• Atenção: a Lei 8.884 de 1994 (lei Antitruste) foi revogada. Ela era a lei que 
transformou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em Au-
tarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem 
econômica e dá outras providências.
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• Lei 12.529 de 2011: 
• O que faz: ESTRUTURA O SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA 
CONCORRÊNCIA; DISPÕE SOBRE A PREVENÇÃO E REPRESSÃO 
ÀS INFRAÇÕES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA; ALTERA A LEI Nº 
8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990, O DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 
3 DE OUTUBRO DE 1941 - CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, E A LEI 
Nº 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985; REVOGA DISPOSITIVOS DA 
LEI Nº 8.884, DE 11 DE JUNHO DE 1994, E A LEI Nº 9.781, DE 19 DE 
JANEIRO DE 1999; E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
• http://sereduc.com/yn9WbS
O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC
• É formado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE e pela 
Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda;
• 
CADE:
• É entidade judicante com jurisdição em todo o território nacional, que se 
constitui em autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede 
e foro no Distrito Federal.
• É formado por (órgãos e principais funções): 
•	 Um Tribunal Administrativo de Defesa Econômica;
• Apreciará processos administrativos de atos de concentração eco-
nômica;
• Requisita informação para decidir;
• Vai decidir sobre a existência de infração à ordem econômica e 
aplicar as penalidades previstas na lei;
• Decide os recursos dos processos ocorridos nos demais órgãos 
(abaixo) e determina sanções que serão aplicadas pela Superin-
tendência-Geral.
•	 A Superintendência-Geral;
• Acompanha, permanentemente, as atividades e práticas comerciais de 
pessoas físicas ou jurídicas que detiverem posição dominante em mer-
cado relevante de bens ou serviços, para prevenir infrações da ordem 
econômica, podendo, para tanto, requisitar as informações e documen-
tos necessários, mantendo o sigilo legal, quando for o caso;
• Promover, em face de indícios de infração da ordemeconômica, proce-
dimento preparatório de inquérito administrativo e inquérito administra-
tivo para apuração de infrações à ordem econômica; 
• Instaura e instrui processo administrativo para imposição de sanções 
administrativas por infrações à ordem econômica, procedimento para 
apuração de ato de concentração, processo administrativo para análi-
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se de ato de concentração econômica e processo administrativo para 
imposição de sanções processuais incidentais instaurados para preven-
ção, apuração ou repressão de infrações à ordem econômica;
•	 O Departamento de Estudos Econômicos.
• Elabora estudos e pareceres econômicos, de ofício ou por solicitação 
do Plenário, do Presidente, do Conselheiro-Relator ou do Superinten-
dente-Geral, zelando pelo rigor e atualização técnica e científica das 
decisões do órgão.
Principais funções do CADE:
•	 Preventiva: O papel preventivo corresponde basicamente à análise dos atos 
de concentração, ou seja, à análise das fusões, incorporações e associações 
de qualquer espécie entre agentes econômicos. 
•	 Repressiva: O papel repressivo corresponde à análise das condutas anti-
concorrenciais. 
•	 Educativa: O papel pedagógico do CADE – difundir a cultura da concorrên-
cia.
Obs.:
• As funções relativas ao direito da concorrência passaram da Secretaria de 
Direito Econômico (SDE) para o CADE. O Sistema Brasileiro de Defesa da 
Concorrência hoje é formado por apenas dois órgãos: a Secretaria de Acom-
panhamento Econômico (SEAE) e o Conselho Administrativo de Defesa Eco-
nômica (CADE).
• A Secretaria de Direito Econômico não foi extinta e permanece com suas 
funções em outros setores.
• Os atos de trust em português chamam-se de concentração econômica. Pois 
significam a formação de uma concentração que viola o sistema concorren-
cial.
Processos Administrativos:
•	 Espécies: 
• procedimento preparatório de inquérito administrativo para apuração de 
infrações à ordem econômica; 
• inquérito administrativo para apuração de infrações à ordem econômica; 
• processo administrativo para imposição de sanções administrativas por 
infrações à ordem econômica; 
• processo administrativo para análise de ato de concentração econômi-
ca; 
• procedimento administrativo para apuração de ato de concentração 
econômica; 
• processo administrativo para imposição de sanções processuais inci-
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dentais. 
•	 Fases:
• Averiguações.
• Instauração e instrução do processo.
• Julgamento. 
Instrumentos Processuais importantes:
Medida Preventiva (art. 84):
Em qualquer fase do inquérito administrativo para apuração de infrações ou do pro-
cesso administrativo para imposição de sanções por infrações à ordem econômica, 
poderá o Conselheiro-Relator ou o Superintendente-Geral, por iniciativa própria ou 
mediante provocação do Procurador-Chefe do CADE, adotar medida preventiva, 
quando houver indício ou fundado receio de que o representado, direta ou indireta-
mente, cause ou possa causar ao mercado lesão irreparável ou de difícil reparação, 
ou torne ineficaz o resultado final do processo. 
Compromisso de Cessação (art. 85): 
O CADE poderá tomar do representado compromisso de cessação da prática sob 
investigação ou dos seus efeitos lesivos, sempre que, em juízo de conveniência e 
oportunidade, devidamente fundamentado, entender que atende aos interesses pro-
tegidos por lei. 
Elementos do compromisso:
• a especificação das obrigações do representado no sentido de não praticar a 
conduta investigada ou seus efeitos lesivos, bem como obrigações que julgar 
cabíveis; 
• a fixação do valor da multa para o caso de descumprimento, total ou parcial, 
das obrigações compromissadas; 
• a fixação do valor da contribuição pecuniária ao Fundo de Defesa de Direitos 
Difusos quando cabível.
Programa de Leniência (art. 86):
O CADE poderá celebrar acordo de leniência, com a extinção da ação punitiva da ad-
ministração pública ou a redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços) da penalidade aplicável, 
com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, 
desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo 
e que dessa colaboração resulte:
• na identificação dos demais envolvidos na infração;
• na obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noti-
ciada ou sob investigação.
Compete ao Tribunal, por ocasião do julgamento do processo administrativo, verifica-
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do o cumprimento do acordo decretar a extinção da ação punitiva da administração 
pública em favor do infrator ou reduzir de 1 (um) a 2/3 (dois terços) as penas aplicá-
veis a depender da hipótese prevista na nova Lei Antitruste. 
Direito Internacional Econômico
O direito internacional econômico faz parte do direito internacional e não do direito 
econômico, devemos compreendê-lo como o sistema normativo criado entre países 
com o objetivo de coordenar suas relações econômicas. Devemos ter em mente a 
importância da globalização para este ramo jurídico. 
Assim, se Brasil e Estado Unidos fazem um acordo internacional (tratado) com o ob-
jetivo de regular investimento entre estes dois países e evitar, assim, a fraude interna-
cional, por exemplo, estaríamos tratando de Direito Internacional Econômico. 
Hoje as principais relações econômicas internacionais acontecem dentro de blocos 
de integração econômica, como por exemplo, o MERCOSUL ou a União Europeia. 
Contudo, ainda existem relações tratadas isoladamente, em acordos pontuais entre 
países. 
A regulação econômica na Europa:
Sugiro que neste momento você acesse a página na União Europeia em 
http://sereduc.com/BfmvHK. Nessa página você terá acesso rápido às diversas res-
postas das perguntas que podem surgir (como, por exemplo, o que é a União Euro-
peia, de onde vieram, quais são os tratados que a regulam, etc.).
Devemos ter em mente que a União Europeia é a única estrutura com esta configura-
ção já em funcionamento. O que se vê, de fato, é a criação de uma nova forma polí-
tica, onde os Estados europeus fundiram seu sistema econômico, e que agora todos 
agem em conjunto dentro da União Europeia. Existe apenas um banco central para 
uma moeda adotada pela grande maioria dos países ali reunidos. Existirá, também, 
apenas uma política regulatória econômica internacional. 
Cooperação Brasil e Estados Unidos
Um bom exemplo de acordo econômico internacional no qual participa o Brasil é o 
acordo Relativo à Cooperação entre suas Autoridades de Defesa da Concorrência na 
Aplicação de suas Leis de Concorrência. (Disponível em: http://sereduc.com/KdE2Xj)
O objetivo deste Acordo é promover a cooperação, incluindo tanto a cooperação na 
aplicação das leis de defesa da concorrência, quanto à cooperação técnica, entre as 
autoridades do Brasil e Estados Unidos na área de defesa da concorrência e garantir 
que assegurem consideração cuidadosa a seus importantes interesses recíprocos, na 
aplicação de suas leis de concorrência.
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Artigo IV
Cooperação Relativa a Práticas Anticompetitivas no Território de uma Parte, que Pos-
sam Afetar Adversamente os Interesses da outra Parte
1. As Partes concordam que é de interesse recíproco assegurar o funcionamento efi-
ciente de seus mercados pela aplicação de suas respectivas Leis de Concorrência, 
com o intuito de proteger seus mercados de Práticas Anticompetitivas. As Partes con-
cordam ainda ser de seu interesse recíproco resguardar-se contra Práticas Anticom-
petitivas que possam ocorrer no território de uma Parte e que, além de violar as Leis 
de Concorrência daquela Parte, afetem adversamente o interesse da outra Parte em 
assegurar o funcionamento eficiente dos mercados daquela outra Parte.
2. Se uma Parte acreditar que Práticas Anticompetitivas realizadas no território da ou-
tra Parte afetam adversamente seus importantes interesses, a primeira Parte poderá, 
após consulta prévia à outra Parte, solicitar que as Autoridades de Defesa da Concor-
rência daquela outra Parte iniciem Atividades de Aplicação apropriadas. O pedidode-
verá ser o mais específico possível acerca da natureza das Práticas Anticompetitivas 
e de seu efeito nos importantes interesses da Parte solicitante, e deverá incluir oferta 
de informação e cooperação adicionais que as Autoridades de Defesa da Concorrên-
cia da parte solicitante forem capazes de fornecer.
3. As Autoridades de Defesa da Concorrência da Parte solicitada considerarão, cuida-
dosamente, se iniciam ou ampliam Atividades de Aplicação com respeito às Práticas 
Anticompetitivas identificadas no pedido, e deverão prontamente informar a Parte so-
licitante de sua decisão. Se Atividades de Aplicação forem iniciadas ou ampliadas, as 
Autoridades de Defesa da Concorrência da Parte solicitada deverão comunicar à Par-
te solicitante os seus resultados e, na medida do possível, seus progressos parciais, 
quando significativos.
4. Nada neste Artigo limitará a discricionariedade das Autoridades de Defesa da Con-
corrência da parte solicitada, ao amparo de suas Leis de Concorrência e políticas de 
aplicação das mesmas, no sentido de determinar a condução de suas Atividades de 
Aplicação, com respeito às Práticas Anticompetitivas identificadas no pedido, nem 
impedirá as autoridades da parte solicitante de conduzir Atividades de Aplicação com 
respeito a tais Práticas Anticompetitivas.
Conclusão desta etapa:
Acredito que entramos em mais uma área de grande interesse, que é a parte de regu-
lação econômica nacional e internacional. Acredito que uma vez encerrada esta parte 
do nosso estudo empresarial você tenha conseguido compreender melhor o sistema 
econômico brasileiro. 
Tudo deriva da ideologia política econômica presente na constituição. A compreensão 
13
do artigo 170 da Constituição é um bom começo! Em seguida aprendemos os nossos 
institutos regulatórios, que se modificaram em 2011 (com a nova Lei de Antitruste), e 
o funcionamento do CADE dentro do SBDC. 
Ao final, fizemos uma breve análise da regulação econômica internacional. Essa aná-
lise ainda é bastante superficial, já que apenas no próximo assunto estudaremos, de 
fato, Direito Internacional. 
Bons Estudos e até o Direito Internacional.

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