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PARALELAS E ASSIMETRICAS MORAL CRISTÃ

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______________________________________________________________Apresentação
Normalmente não formularia uma apresentação para um artigo que considero despretensioso. Todavia, há exceção para toda regra. Caso não dedique algumas linhas para explicar a dinâmica das páginas que se sucedem a esta, arrisco-me a ser incompreendido ou relativizado.
O título escolhido para o artigo é “Paralelas e Assimétricas: sexualidade é uma questão de ponto de vista?”. No título vem sub-entendido o desenredar do tema: uma ousada tentativa de colocar em paralelo pontos de vista assimétricos sobre a sexualidade. E vice-versa.
A parte inicial introduz o tema a partir de um caso real, embora disfarçado a fim de se preservar a identidade dos envolvidos. Na segunda parte expõe-se o máximo de aproximação sobre o ponto de vista neo-pentecostal sobre o assunto. Na terceira, o assunto é abordado, regado por uma boa pitada de ironia e malícia, por um sexólogo.
A última parte não é uma síntese, mas meras considerações finais sobre as assimétricas paralelas (ou vice-versa).
Compreendido? Espero que sim!
Paralelas e assimétricas
Sexualidade é uma questão de ponto de vista?
Parte I
Paralelas ou assimétricas?
______________________________________________________1. Introduzindo o tema...
O episódio, verídico, é emblemático e corriqueiro. 
Em meio a uma assembléia reunindo jovens provenientes de diversas correntes da Igreja Católica, o calor das discussões conduz a um tema geralmente abordado com cautela, mas nem por isso relegado a segundo plano: sexualidade. Pontos de vista sobre o tema são expostos, defendidos e rebatidos em intervalos cada vez menores sugerindo uma provável indefinição – ou mesmo diversas definições – acerca do tema no seio da Instituição. De um lado, jovens identificados ao neo-pentecostalismo católico demonstram uma afirmação do mais rígido moralismo no que tange à questão sexual-genital. Do outro, jovens militantes de pastorais juvenis enfatizam um discurso oposto. A divergência toma ares de dissidência. O antagonismo fica evidente. Conseqüência: os neo-pentecostais abandonam o recinto indignados com o desprezo aos ensinamentos da Santa Madre Igreja. Os “pastorais” permanecem, mas acentuam na seqüência dos debates a caducidade retrógrada dos “desertores”. 
Parte II
Paralelas Assimétricas
Educar para o amor: É proibido ser diferente?
2.1. Quando a gente ama, é claro que a gente cuida!
“No início era o amor. E o amor estava com Deus. E o amor era Deus (I Jo 4,8)! No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito de tudo o que existe. Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens. E a luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a apreenderam... E o amor se fez carne e habitou entre nós!”·
É alarmante perceber que o ser humano perdeu-se de si mesmo! A relativização de valores deixou-o sem um referencial no qual pudesse pautar sua vida. O mesmo homem que conquistou e “civilizou” os recantos mais remotos do mundo, agora vê-se no dificílimo empreendimento de conquistar e civilizar seu próprio coração. Urge redespertar-se o amor, a compreensão e o respeito mútuo a fim de romper-se com todo o individualismo que não permite enxergar o outro como Irmão, mas desfigura-o reduzindo-o à mero objeto de prazer pessoal. 
Fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança! Ou seja, Deus incutiu em nós atributos que nenhum dos outros animais, que nenhum dos outros seres possuem. Entre estes emblemas está a capacidade de amar. O ser humano traz esta capacidade desde a sua criação, desenhada em seu coração. Todos temos a necessidade de amar e ser amados. É o amor que nos caracteriza como seres humanos, como irmãos. É o amor que nos faz compreender o mistério que somos e nos conduz a respeitar o mistério que é o outro. O Senhor, a todo o momento, revela seu amor e presença no meio das pessoas. Um amor que não respeita o outro não é saudável! 
O amor é a receita para a felicidade. É abertura de si aos outros de modo gratuito. “Quem é amado leva em si mesmo a vontade misteriosa de sair do próprio egoísmo e de experimentar a alegria de amar os outros com gratuidade”, ensina-nos o saudoso Dom Luciano Mendes de Almeida. Não basta apenas ser amado para ser feliz. É imprescindível deixar que este amor cresça em nós e se faça dom para os outros. Assim, na reciprocidade, a alegria e satisfação pessoal multiplicam-se à enésima potência! 
Contudo, é necessário reeducar a humanidade – e principalmente os jovens - para o amor! Nos dias atuais, há um processo de esfarelamento e descaracterização do real significado do vocábulo amor. A mídia destoou a sexualidade humana tratando-a não como linguagem de amor, mas como produto da indústria cultural. Para a indústria cultural o homem não é nada além de mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, objeto. O amor se coisificou, instrumentalizou-se. Uma expressão muito usada atualmente é “Vamos fazer amor!”, o que reflete a cultura da civilização da técnica. Quem diria que, um dia, o amor, dom gratuito de Deus, se tecnificaria: a linguagem do amor foi trocada pela técnica do “fazer amor”. O amor tornou-se perigoso: contra seus efeitos devastadores utilizam-se preservativos! O povo está descamisado? Camisinha para ele! 
2.2. castidade: Via de renovação para este mundo.
E qual é a saída para esta sociedade corrompida pela falsa concepção de amor que é propagada como a real? Como reeducar para o verdadeiro o amor? 
Em Oséias 3,1 está escrito: “O Senhor me disse: ‘Vai amar de novo aquela mulher adúltera, amada por um amante!’”. Deus, como sempre, não nos desampara em nossas angústias e dúvidas, logrando-nos a resposta: ama de novo!
Amar de novo, outra vez, mais uma vez, quantas vezes for preciso, pois o próprio Deus não se cansa de nos amar mesmo com nossa infidelidade. Amar até setenta vezes sete, utilizando uma expressão de Nosso Senhor. Amar até purificar o modelo hedonista de amor que sufoca este mundo e nos torna impuros diante de Deus. Amar com o amor ágape (o amor que devemos aprender: I cor 13, 4-7). Vivemos hoje numa sociedade doente, marcada pela pornografia, pela malícia. Tudo conduz ao sensual. Porém, a Palavra de Deus é clara: ‘Não vos conformeis com este mundo!’ ( cf. Rm 12,2). 
A Epístola aos Efésios diz:
“Tornai-vos, pois, imitadores de Deus, assim como Cristo também nos amou e se entregou por nós a Deus como oferta e sacrifício de odor suave. Fornicação e qualquer impureza ou avareza nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos. Nem ditos indecentes, nem picantes ou maliciosos, que não convém... Pois é bom que saibais que nenhum fornicário ou impuro ou avarento - que é um idólatra – herdará o Reino de Cristo e de Deus... Não sejais participantes das obras infrutuosas das trevas, antes denunciai-as!” 
(Ef 5, 1-5. 11) 
Portanto, a via de renovação deste mundo implica numa tomada de decisão séria e corajosa diante de dois caminhos que se apresentam: “Feliz aquele que não vai ao conselho dos ímpios, não pára no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!” (Sl 1,1). Escolhamos, portanto, o caminho que conduz à vida! (cf. Dt 30, 19). Busquemos o que nos santifica e santifica ao próximo. Difícil? Retiremos a palavra “difícil” de nosso dicionário e utilizemos a palavra “desafio”. E qual maior desafio para os jovens destes tempos do que se purificar do mundo através do assumo da castidade? A juventude não foi feita para o prazer, mas para o desafio! O que engrandece a vida de um jovem é possuir um ideal na vida e saber enfrentar os desafios para realizá-lo.
 A priori, para o jovem topar este desafio proposto e cultivar a castidade, a pureza e a santidade é preciso (ao vislumbrar este mundo) não deixar-se seduzir pela pseudo-autonomia e certificar-se de que os valores morais cristãos não pactuam com a realidade tal qual se apresenta nos dias de hoje. Deve reconhecer que a sede da sua alma está em Deus e que pelo Batismo se torna templo vivo d’Ele. O Catecismo da Santa Igreja Católica –Mãe e Mestra –ensina:“ O Batismo confere àquele que o recebe a graça da purificação de todos os pecados. Mas o batizado deve continuar a lutar contra a concupiscência carnal e as cobiças desordenadas. Com a graça de Deus alcançará a pureza do coração: pela virtude e dom da castidade, pois a castidade permite amar com um coração reto e indiviso; pela pureza da intenção, que consiste em ter em vista o fim verdadeiro do homem; pela pureza do olhar, exterior e interior, pela disciplina dos sentimentos e da imaginação, pela recusa de toda complacência nos pensamentos impuros que tendem a desviar do caminho dos mandamentos divinos e pela oração. A pureza exige o pudor. Este é uma parte integrante da esperança. O pudor preserva a intimidade da pessoa. Consiste na recusa de mostrar aquilo que deve ficar escondido. Está ordenado à castidade, exprimindo a sua delicadeza. Orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua união. O pudor protege o mistério das pessoas e do seu amor. Convida à paciência e à moderação na relação amorosa; pede que sejam cumpridas as condições da doação e compromisso definitivo do homem e da mulher entre si. O pudor é modéstia. Inspira o modo de vestir. Mantém o silêncio ou uma certa reserva quando se entrevê o risco de uma curiosidade malsã. Torna-se discrição. Existe um pudor dos sentimentos como existe o do corpo. O pudor, por exemplo, protesta contra a exploração do corpo humano em função de uma curiosidade doentia (como em certo tipo de publicidade), ou contra a solicitação de certos meios de comunicação a ir longe demais na revelação de confidências íntimas. O pudor inspira um modo de viver que permite resistir ás solicitações da moda e à pressão das ideologias dominantes. As formas variadas de pudor variam de uma cultura a outra. Em toda a parte, porém, ele permanece como o pressentimento de uma dignidade espiritual própria do homem. O pudor nasce pelo despertar da consciência do sujeito. Ensinar o pudor as crianças e adolescentes é despertá-los para o respeito à pessoa humana. A pureza cristã requer uma purificação do clima social. Exige dos meios de comunicação social uma informação cuidadosa de respeito e modéstia. A pureza do coração liberta a pessoa do erotismo geral e afasta-a dos espetáculos que favorecem o voyeurismo. O que se costuma chamar permissividade dos costumes se apóia numa concepção errônea da liberdade humana; para se edificar, esta última tem necessidade de se deixar educar previamente pela lei moral. Convém exigir dos responsáveis pela educação que dêem à juventude um ensino respeitoso da verdade, das qualidades do coração e da dignidade moral e espiritual do homem. 
(CIC 2520 – 2526)
As palavras são claras, dispensam comentários afins de caráter longo. É absolutamente irrenunciável uma educação sexual voltada para a castidade e o pudor como virtudes que desenvolvem a autêntica maturidade da pessoa, tornando-a capaz de respeitar e promover o significado nupcial do corpo. Infelizmente, a grande maioria das pessoas não recebeu uma correta e sadia educação sexual. Aliás, a visão da sexualidade é terrivelmente deturpada pelos meios de comunicação e até mesmo pelas escolas. A educação sexual dada nos estabelecimentos de ensino é pura “deseducação sexual”. Neles, o tema é desenvolvido de modo que se resume ao repasse de informações genitais e à promoção da liberação de todos os “tabus da religião”. O sexo é visto e vivido como um fim em si mesmo em vez de ser assumido e vivido como um grande caminho de amor e doação. A sexualidade é transformada em genitalidade (prazer por prazer). Noutras palavras, a idéia ensinada é esta: “Vamos dar vazão livre aos instintos sexuais!”
O mistério da vida deve ser bebido aos goles. Quem se apressa, se engasga. Nosso coração é um caldeirão de sentimentos que podem ser deliciosos se forem “bem cozidos”: colocar sal, tempero, cuidado, respeito, amizade, amor e deliciosos condimentos. Também não se deve esquecer de “diminuir” ou “aumentar” o “fogo” quando preciso. O “fogo”, tão suave para aquecer, pode devastar. A energia sexual, da mesma forma, quando descontrolada, pode levar à conseqüências desastrosas. Tudo o que é bom, desviado de sua finalidade, volta-se contra o homem. 
E como lidar com este fogaréu de desejos? Enfrentando-o, aceitando-o como real sem se deixar controlar por ele. Uma boa confissão também ajuda e uma vida de oração é absolutamente necessária. Pedir a graça de Deus auxilia na busca pelo equilíbrio afetivo-sexual. Sem Ele não somos nada! Somente Ele pode nos tornar puros, perfeitos e santos. Deus, como ressaltado no início deste capítulo, é amor. E o amor, como diria Camões, é “o fogo que arde sem se ver”. Que o fogo do amor possa queimar o que há de impuro em nós! Que este fogo seja controlado pelo Espírito Santo de Deus, dom dado a nós pelo Batismo, para que possamos viver a felicidade de um amor de verdade! Somente conseguiremos a cura da nossa afetividade e sexualidade pelo poder do Espírito Santo.
2.3. Namoro Cristão.
Amor de verdade = namoro de verdade. O namoro deve, também, ser um lugar de purificação. O casal de namorados deve esforçar-se para viver um relacionamento casto e santo, verdadeiramente cristão. A castidade vivida nesta etapa do relacionamento previne contra possíveis infidelidades conjugais no futuro. Dizer “não” também é uma forma de amar! Só quem nos ama nos diz “não” porque se interessa por nós e tem a sensibilidade de cuidar de nós através da “poda”. 
Ser casto no namoro, contudo, não é somente esperar o casamento para se ter relações sexuais com o marido ou com a esposa. Ser casto é, também, assemelhar-se a Cristo e à sua pureza (Fil 4,8). É purificar pensamentos, palavras e atos para se ter os pensamentos, palavras e atos de Cristo. 
Um casal de namorados que opta por viver a castidade nos pensamentos, no olhar, nos gestos de carinho, nos toques, nos beijos e abraços – ao contrário do que muitos nos querem fazer pensar – adquire cada vez mais equilíbrio, amor, felicidade e respeito mútuo. O namoro é o tempo para exercitarmos não o sexo, mas as outras linguagens de amor. É preciso educar-se a amar o namorado ou namorada não apenas pelo corpo, mas pelo que é: filho ou filha de Deus, criado (a) à sua imagem e semelhança e dotado (a) de dignidade por causa desta herança divina.
2.4. Só se jogam pedras nas árvores frutíferas!
Aqueles que criticam a castidade pouco conhecem os benefícios deste modo de vida. Quem critica este valor é porque na verdade é inseguro e, no fundo, não consegue vivê-lo. Vale a máxima: “Só se joga pedras na árvore que dá frutos!”. Infelizmente, aqueles que optam pelo diferente (castidade por amor a Deus) são tidos por neuróticos, conservadores, retrógrados que a Igreja reprime etc. Por que não se respeita quem escolhe a Deus? Citar Deus numa sala de aula é, para muitos, piada de salão ou crime. Piada é absolutizar a ciência e seus dogmas. Indago: É proibido ser diferente?
Quem conseguiu com a graça de Deus viver castamente, afugentou a impureza. O ser humano possui uma aspiração à pureza. A castidade, portanto, é a virtude da pureza. Contudo, a renúncia pela renúncia não faz o menor sentido. O valor que se almeja alcançar (a santidade) deve ser a motivação para o assumir de uma vida casta. 
A castidade comporta uma aprendizagem e domínio de si. Ser casto é saber se controlar. E é possível controlar o impulso sexual sem prejudicar a sexualidade. A alternativa é clara: ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz, ou se deixar subjugar por elas e se torna infeliz, escravo do pecado.
2.5. Como vencer as tentações da carne?
As conseqüências do pecado humano se manifestam de modo muito palpável (literalmente!) na vivência da sexualidade. Ela é o ponto fraco de muitos.
A sexualidade só pode ser corretamente compreendida dentro dos planos de Deus. Quando se exclui Deus da sexualidade, o sexo se transforma num vício igual ou pior do que tantos outros. Temos a necessidade de Deus, do Eterno. Temos sede de algo que dê sentido a nossa vida. 
Porisso, a sexualidade não pode ser vista como uma parte isolada do ser humano. Ela abrange o psíquico, o corpóreo, o afetivo e o espiritual. Quando se pensa em sexualidade, evoca-se integridade humana. Não é apenas genitalidade! Contudo, hoje em dia, a sexualidade está sendo resumida a isso. E o homem e a mulher (principalmente os mais jovens) estão vivendo – por causa disso – uma crise de personalidade: buscam viver valores que não são os seus, mas os que a indústria cultural “ensina”; buscam outros “deuses” e esquecem do seu Criador (que os criou para o amor real: dom de si, escuta e atenção ao outro, delicadeza, ternura etc.). 
Faz-se necessária uma constante e vigilante atenção para se vencer as tentações da carne. A luta contra as impurezas é da maior importância! É preciso estar ciente de que, quando nos sujamos, sujamos também o Corpo de Cristo (a Igreja) do qual somos membros efetivos e afetivos (I Cor 12,27. Ef 5,23). Logo, nosso pecado afeta toda a Igreja. Maria, Mãe e Rainha da Pureza, está sempre pronta para auxiliar nesta árdua luta pela purificação. Outras dicas, mais práticas, são:
· Fugir das ocasiões de queda e não procurá-las! O provérbio diz: A ocasião faz o ladrão! Se deixarmos para fugir da tentação quando ela já está nos envolvendo, será muito difícil resistir. Além de fugir não podemos ser ocasião de pecado para as pessoas que vivem conosco.
· Só com o espírito fortalecido será possível dominar os impulsos da carne. Venceremos e dominaremos nossa carne com a oração e a intimidade com Deus, buscando os frutos do espírito que são: amor, paz, paciência, amabilidade, mansidão e domínio próprio (conseguido por intermédio de mortificações: quem não domina a própria boca geralmente tem grandes dificuldades para controlar seus impulsos sexuais).
· Disciplina: sem disciplina não há santidade. 
· Mensalmente, ou quando for possível, orientação com um sacerdote ou diretor espiritual de sua confiança.
· Uma boa confissão. Na luta contra o pecado, Deus vê nossos esforços e não nos abandona:“Clamou este aflito e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações!” (Sl 33, 6).
É um desafio! Mas muitos encaram e vencem este desafio: “Se eu tivesse de dar uma medalha de ouro a um general que ganhou uma guerra, ou para um jovem que vive a castidade, eu a daria para este último!” (Monsenhor Tiamer Toth). 
A graça suaviza tudo. Aliás, a vida é bem curta e a eternidade jamais acabará...
Parte III
Assimétricas Paralelas
Amor e pecado numa mesma frase?
3.1. Jesus Cristo, amor cristão e a Bíblia.
Dissertar sobre o amor cristão é uma empresa na qual inúmeros escritores empenharam esforços e vocabulário. Não obstante, entre tantos escritos cuja relevância é evidente, devido ao teor fundamentado de suas exposições, há alguns cuja redação seria perfeitamente dispensável. Na dinâmica da construção do pensamento cristão, nunca coube espaço para reducionismo ou estreitismo. Radicalidade não significa necessariamente perda do senso de realidade. 
A humanidade de Jesus deve ser a fundação de toda inteligência cristã. E jamais houve alguém com tamanha envergadura humana como o jovem profeta nazareno cujas ações, palavras e pensamentos libertadores incutiram em seus seguidores a certeza acerca de sua divindade. Jesus de Nazaré não veio abolir a antiga lei mosaica, mas dotá-la de plena cumprimento (cf. Mt 5,17). Suas sentenças eram – ao mesmo tempo – firmes denúncias contra os desvios da religião judaica e ternas descrições de Deus e seu reinado. As suas ações eram pautadas pela coerência: Jesus falava o que pensava, mas também fazia o que dizia! Apregoava o amor sem parâmetros e acolhia em seu Movimento messiânico todo o tipo de pessoas: de analfabetos a prostitutas, passando por adúlteras. Por isso, ninguém nunca havia falado antes com tanta autoridade como ele (Lc 4,32)! Foram muitos os líderes populares de seu tempo, mas nenhum deles perpetuou sua mensagem como Jesus (At 5, 38-39). O segredo? Autenticidade!
Se havia algo que irritava o profeta nazareno era a hipocrisia das autoridades religiosas de seu tempo. “Façam o que eles dizem, mas não façam o que eles fazem”, teria proferido certa vez (cf. Mt 23, 13-36). Incoerência era, para ele, o mais grave defeito de um ser humano. Se a santidade é uma recomendação divina, a coerência é uma exigência dos homens! Santidade é sanidade...
Por falar em incoerência, como conciliar numa mesma frase palavras antagônicas como “amor” e “pecado”? Amor e pecado nunca deveriam ser escritos juntos numa mesma locução. Neste mesmo sentido, por que reduzir a sexualidade humana a uma mera dissertação sobre o sexo e suas “impurezas”? Por que a linguagem proselitista e intimidadora? Arrebanhar ovelhas para o rebanho místico é mais importante do que educar os jovens? 
Assusta a utilização de argumentos bíblicos (desprovidos de cientificidade) no trato de um assunto deveras relevante. Além do caráter “a-científico” dos mesmos, há outro agravante: são pinçados meticulosamente para atender aos interesses de quem os escolhe. Assemelham-se a pílulas endereçadas a algum distúrbio orgânico: busca-se o efeito curativo de sua aplicação, mais do que a prevenção da enfermidade e sem atentar-se para possíveis efeitos colaterais ou reações alérgicas decorrentes da medicação. A história humana recente traz em seus anais situações em que a Bíblia serviu tanto para situações de vida como para situações de morte. E ela “legitimava” todas estas situações. Ora, um texto fora de contexto serve como pretexto! 
3.2. A educação sexual é um direito.
Como o assunto tornou-se sexo, pode-se afirmar, a priori: Sexo não é crime e nem algo errado. Muito menos pecado ou impureza! Quem assim pensa finge desconhecer sua própria origem (fruto de uma relação sexual). Infelizmente, muita gente sofre grandes dificuldades na sua vida sexual porque associa o sexo a idéias negativas. A conseqüência é desalentadora: em vez de sentir prazer com o sexo, a pessoa desenvolve um sentimento de culpa por ter cometido uma contravenção às leis divinas. Quem comete um crime, ou faz alguma coisa errada, tem de pagar. Esta concepção nos é ensinada desde a infância. O sexo pode ser uma prática muito prazerosa desde que haja a certeza de que nenhum pecado está sendo cometido. A certeza obtém-se com a maturidade e esta se alcança mediante a educação sexual; trata-se de uma espécie de pré-requisito para que o sexo não seja inconseqüente. E sexo inconseqüente (este sim!) nunca leva ao prazer!
Outro grave equívoco constatado nalguns meios sócio-religiosos é a associação do sexo com casamento. E não é fácil livrar-se desta herança tão antiga quanto caduca. Sem rodeios, propõe-se uma vida casta a um casal de jovens namorados com o intuito de que esta opção espiritual eduque para o matrimônio futuro. Convenhamos, a abstinência ou prática sexual de modo algum deve ser diretamente relacionada ao casamento. Uma troca de confidências íntimas não implica necessariamente em compromisso perpétuo. Tampouco a “poda”. 
A educação sexual, por sua vez, não deve ser confundida com repasse de informações genitais, mas tampouco tem que ser uma orientação à abstinência “pseudo-voluntária” por uma causa transcendental. Não é discurso sobre os perigos do sexo! Advertir sobre os perigos do sexo não ajuda ao jovem, apenas transmite ansiedade, medo e culpa. É tratar do sexo de forma pouco sadia e que não propicia desenvolvimento. 
Na realidade, a educação sexual ocorre desde quando a criança nasce, através de todas as ações que presencia ou sujeita, mesmo que os pais, ou outros, não tenham consciência de que estejam educando, ou deseducando. Serão essas ações, na maioria indiretas, que determinarão no indivíduo a vivência psíquica e prática da sua sexualidade e a percepção da sexualidade em geral. A base do erotismo é obtida nos primeiros anos de vida através do afeto e do contato de pele com pele entre a mãe e o bebê; com pais que não tem receio de acariciar e beijar a criança e que propiciem ao filho amplo contato físico e ternura desdea mais tenra idade. 
A atitude de carinho entre os pais e o respeito mútuo e igualdade entre o homem e a mulher também exercerão enorme influência no comportamento sexual dos filhos. Sim, o amor é o valor mais educativo que há. Disso nunca houve discordância.
Estas constatações tornam a família como escola por excelência de educação sexual. E então, qual deveria ser o papel das instituições formais sociais (Escola, Meios de Comunicação, Igreja etc.)? 
A tarefa das instituições formais é dar continuidade ao que deveria ser iniciado em casa. Como? Prestando informações mais completas sobre a sexualidade, esclarecendo e corrigindo as distorções que a criança possa ter. Em momento algum a educação sexual deve ser totalmente delegada às instituições formais. Nenhuma delas tem condição de prover o que só a família pode dar.
Sendo as instituições parceiras dos pais na educação sexual dos filhos, a nenhuma delas é dada o absolutismo “magisterial”. A Igreja, sendo mais uma das instituições formais, não possui o privilégio de arrogar-se ao direito de orientar seus fiéis na sexualidade além do ponto em que lhe é permitida. Esqueça-se, portanto, a recomendação para uma vida casta. Ou a educação para o pudor. Igreja, “conhece-te a ti mesmo!”; ou seja, “ponha-se no seu lugar!”.
Com relação à educação sexual nas escolas, leia-se o trecho abaixo, transcrito do livro Sexo se Aprende na Escola:
“A orientação sexual nas escolas é um processo formal e sistemático, que se propõe a preencher lacunas de informação, erradicar tabus e preconceitos e abrir discussão sobre as emoções e valores que impedem o uso dos conhecimentos na área da sexualidade. Ela se propõe a ampliar, diversificar e aprofundar a visão sobre a sexualidade, transmitindo à criança e ao adolescente informações biológicas corretas sobre a sua sexualidade, incluindo o conceito, as práticas sexuais ligadas ao afeto, ao prazer, ao respeito e à responsabilidade (...) Os educadores devem ser capacitados para o desempenho dessa tarefa através de leituras teóricas sobre a sexualidade, discussões e supervisões de suas aulas. É desejável que a orientação sexual aborde a sexualidade dentro de um enfoque sociocultural, ampliando a visão do estudante e ajudando-o no aprofundamento e na reflexão sobre seus próprios valores. Decorrente desta postura é o respeito pelas diferentes opiniões, dignidade e individualidade de cada um.”
(apud: Marta Suplicy, 1983)
Indago: há algo de demoníaco nesta proposta pedagógica? Estudos demonstram que a educação sexual nas escolas é um dos instrumentos mais eficazes na prevenção das DST/AIDS e gravidez precoce. A orientação sexual escolar não incentiva a promiscuidade, ao contrário, estudantes que participam destas aulas tendem a postergar o início da vida sexual e, quando assumem, o fazem de forma responsável e protegida. 
Amor e pecado não devem dividir a mesma frase. Sexo e pecado também não. A sexualidade é uma das dimensões humanas mais significativas e deve ser tratada com seriedade e responsabilidade, sem recalques ou “pseudo-moralismo”.
Pecado não é criar tempo e espaço formal para o jovem refletir sobre as questões que o preocupam intimamente. Pecado talvez seja negar aos mesmos a possibilidade de amadurecerem sexualmente através do esclarecimento dos valores, relegando-os às trevas da ignorância.
Aliás, há pecado e graça, ou pontos de vista diferentes sobre o comportamento humano? 
Com a palavra, os teólogos...
Parte Final
Paralelas com assimétricas
A diversidade de idéias é própria da razão humana. Seria ruim a uniformidade, o estacionamento mental. Divergências, contudo, não necessitam tornar-se divisões. Não se deve perder o fio condutor que permite esta variedade simétrica. 
No que diz respeito à sexualidade, o fio condutor é o sentido da existência humana. Ele não deve ser perdido de vista. Senão, há o risco de extremismo das partes em altercação. E extremismo nunca conduz a nada além de rivalidades. E as rivalidades acirram-se por intermédio de posições extremistas. 
A sexualidade não está sujeita a julgamentos decorrentes do extremismo e tampouco está restrita ao aspecto genital. Ela extrapola tudo isso, identificando-se com o que há de mais humano no ser humano: a capacidade de amar e relacionar-se. Se o cogito cartesiano afirma que o ser humano é vivente porque pensa, a sexualidade diz que existimos na medida em que nos relacionamos. Ou seja: relaciono-me, logo existo...
Portanto, longe de se tornar um rotineiro embate racional, o tema exposto nas páginas anteriores deve ser um agradável enveredar-se pelas estranhas vias da existência humana, nas quais a capacidade de arregimentar companhias para a caminhada é essencial para a descoberta de si mesmo...
________________________________________________________________Bibliografia
SUPLICY, Marta. Conversando sobre SEXO. Petrópolis: Vozes, 1983. 20ª ed. 
http://teensexo.uol.com.br
http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao

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