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Biologia-Geral-Obrigatória-Completa

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FACULDADE DOM ALBERTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOLOGIA GERAL OBRIGATÓRIA 
 
 
 
SANTA CRUZ DO SUL – RS
 
 
 
SUMÁRIO 
1 ZOOLOGIA APLICADA - OS INVERTEBRADOS I .............................................. 3 
1.1 Zoologia Aplicada - os invertebrados II.................................................................. 4 
2 ZOOLOGIA APLICADA - OS VERTEBRADOS I .................................................... 7 
2.1 Zoologia Aplicada - Os Vertebrados II ................................................................... 8 
3 BOTÂNICA E ALGUMAS DE SUAS APLICAÇÕES .............................................. 9 
4 PLANTAS MEDICINAIS I .................................................................................... 11 
4.1 Plantas Medicinais II ............................................................................................ 12 
5 ECOLOGIA APLICADA AO CONTROLE DE PRAGAS ....................................... 14 
6 ECOLOGIA APLICADA A CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES ............................. 15 
7 EVOLUÇÃO E O DNA MICROSATÉLITE ............................................................ 17 
8 AQUICULTURA - EXEMPLO DE CULTIVO ......................................................... 18 
8.1 Aquicultura - Cultivo de algas .............................................................................. 20 
8.2 Aquicultura - cultivo x impacto ............................................................................. 21 
9 EDUCAÇÃO AMBIENTAL - DESENVOLVIMENTO E PRESERVAÇÃO ............. 23 
9.1 Educação Ambiental - material didático e divulgação.......................................... 26 
9.2 Educação Ambiental – Exemplo .......................................................................... 28 
10 LIMNOLOGIA - A FLORA ................................................................................... 30 
10.1 Limnologia - O plâncton e a macrofauna ........................................................... 33 
10.2 Limnologia - Poluição ambiental e ecotoxicologia ............................................. 35 
11 APLICAÇÕES DA BIOLOGIA CELULAR – CITOPATOLOGIA ......................... 37 
12 APLICAÇÕES DA HISTOLOGIA – BIÓPSIA ..................................................... 39 
13 APLICAÇÕES DA HISTOLOGIA – NECROPSIA .............................................. 40 
14 APLICAÇÕES DA MICROBIOLOGIA – COLORAÇÃO DE GRAM ................... 42 
15 APLICAÇÃO DA MICROBIOLOGIA – ANTI - BIOGRAMA ................................ 43 
16 APLICAÇÕES DA EMBRIOLOGIA – FERTILIZAÇÃO IN VITRO ...................... 46 
17 APLICAÇÃO DA IMUNOLOGIA – CHOQUE ANAFILÁTICO .............................. 47 
18 APLICAÇÕES DA IMUNOLOGIA – VACINAS .................................................... 50 
19 TESTE DE PATERNIDADE ................................................................................ 50 
20 O CARIÓTIPO ..................................................................................................... 52 
21 CLONAGEM ........................................................................................................ 53 
22 TRANSGÊNICOS ............................................................................................... 54 
 
 
 
23 TERAPIA GÊNICA .............................................................................................. 56 
24 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 58 
 
 
3 
 
1 ZOOLOGIA APLICADA - OS INVERTEBRADOS I 
Desde o início da agricultura, que começou próxima aos Rios Nilo, Tigre, 
Eufrates, Amarelo e Azul, quando a civilização humana era diminuta em relação ao 
número atual, o ser humano vem desenvolvendo técnicas cada vez mais avançadas 
para elevar a produção agrícola e, ao mesmo tempo, todos os anos, pesticidas são 
lançados às toneladas nas lavouras para controlar as pragas que devastam as 
plantações. 
 Na maioria dos casos, essas pragas que surgem nas lavouras são insetos, 
mas, do ponto de vista ecológico, os insetos não podem ser considerados como 
pragas, pois eles têm um importante papel na manutenção do equilíbrio ecológico 
(CROCOMO, 1990). Por outro lado, a forma com que o ser humano desenvolve a 
agricultura não permite que o ecossistema agrícola permaneça em equilíbrio, já que a 
manutenção deste equilíbrio depende da estabilização da vegetação, o que não 
ocorre devido à necessidade da retirada, ou seja, da colheita da lavora. 
 O estudo dos animais, neste caso os insetos, pode trazer benefício para o 
manejo das lavouras, pois diminui o uso de agrotóxicos, contribuindo para a qualidade 
do produto colhido. Para exemplificar a importância do conhecimento zoológico, 
podemos citar a técnica baseada no controle biológico, que consiste no uso de 
inimigos naturais para o controle de pragas insetívoras. A aplicação deste método está 
intrinsecamente ligada ao conhecimento da ecologia trófica das espécies envolvidas. 
 
Por exemplo: 
 
 Existe uma espécie de pulgão (Aphis gossypii Glover) que infesta as lavouras 
de algodão do Distrito Federal. Em um estudo realizado pelo EMBRAPA (2005), 
pôde se constatar que espécies de joaninhas podem ser utilizadas para 
controlar populações desta espécie de pulgão. 
 
A utilização do controle biológico traz muitas vantagens como diminuição do 
gasto pelo baixo consumo de inseticida e baixo custo de implementação, ausências 
de efeitos prejudiciais à saúde humana e o não desenvolvimento de resistência aos 
http://campus20162.unimesvirtual.com.br/mod/url/view.php?id=79790
 
4 
 
inimigos naturais como ocorre com os produtos químicos. Uma limitação do uso da 
técnica de controle biológico é que os verdadeiros resultados gerados por este tipo de 
ação só poderão ser visualizados após um longo período. 
Algumas espécies animais, além de prejudicar as lavouras, podem trazer 
doenças aos seres humanos, é o caso de Achatina fulica (Bowdich, 1822), mais 
conhecido como caramujo africano. Esta espécie de molusco é uma praga introduzida 
no Continente Americano que já devastou lavouras em vários países 
(VASCONCELLOS & PILE, 2001). Segundo TELES et al. (1997), foi introduzido no 
Brasil para criação em cativeiro, com o objetivo de comercialização para restaurantes 
especializados, mas o produto não foi bem aceito no nosso país e os criadores 
abandonaram o negócio, com isso, a praga se alastrou por várias partes do país, 
chegando até as regiões entre marés (SANT’ANNA et al., 2005), servindo de recursos 
de concha para organismos marinhos como os ermitões. 
 Esta espécie, além de destruir lavouras, pode transmitir doenças como a 
meningite eosinofílica ou angiostrongilíase meningoencefálica (VASCONCELOS & 
PILE, 2001). Apesar do perigo que esta espécie pode trazer para os seres humanos, 
até o momento não foi desenvolvida uma técnica eficaz para o controle desta praga, 
atualmente é feita por meio de recolhimento dos espécimes que são colocados em 
sacos plásticos com sal, sendo encaminhados “mortos” para os lixões. Este é apenas 
um exemplo de que são necessários mais estudos sobre esta espécie para que 
possamos desenvolver técnicas mais eficientes de combate a esta praga introduzida 
na fauna brasileira. 
 Como você pôde observar no exemplo acima, estudos zoológicos são 
fundamentais para a manutenção do bem-estar humano. 
1.1 Zoologia Aplicada - os invertebrados II 
O conhecimento biológico pode ser utilizado em favor das necessidades do ser 
humano. Além disso, muitas vezes para diminuir os prejuízos causados pelo homem, 
é preciso construir leis que protejam as espécies ameaçadas pelas atividades 
humanas. Na aula de hoje vamos constatar que estudos de Biologia básica podem 
fornecer dados para o manejo de espécies ameaçadas ou que estão sendo 
amplamente exploradas por atividades comerciais. 
http://campus20162.unimesvirtual.com.br/mod/url/view.php?id=797905 
 
Para compreendermos como os estudos zoológicos podem ser empregados de 
forma a proteger espécies que estão sendo exploradas de forma indiscriminada, 
vamos utilizar exemplos ligados a espécies de interesse comercial. Na área de pesca, 
é muito comum se utilizar períodos de defeso, que consiste na proibição da captura 
de determinada espécie durante um certo espaço de tempo em que a espécie se 
encontra mais vulnerável, seja por estar relacionada a eventos reprodutivos, 
migrações ou outros motivos. 
 Vamos tomar como exemplo inicial o caranguejo de manguezal Ucides 
cordatus (Linnaeus, 1763), figura 1. Ucides cordatus é conhecido popularmente como 
caranguejouçá ou caranguejo verdadeiro, dependendo da região de ocorrência. É a 
espécie de caranguejo mais explorada do Brasil, principalmente na Região Nordeste, 
onde têm ocorrido problemas de mortandade da espécie por fatores ainda não 
totalmente esclarecidos. (BOEGER et al. 2005) 
 
 
Figura 1 - Caranguejo de manguezal Ucides cordatus. Imagem cedida pelo Prof. Marcelo Antônio 
Amaro Pinheiro. 
 
Estudos de crescimento desta espécie evidenciaram que fêmeas atingem a 
maturidade sexual (HATTORI, 2002) com, aproximadamente, 43mm de largura da 
carapaça na Região de Iguape, sul do Estado de São Paulo. Com base no estudo de 
HATTORI (2002) e alguns outros trabalhos, o IBAMA formulou a portaria nº 52/2003 
de defeso da espécie que proíbe a captura de animais com tamanho inferior a 60mm, 
o que possibilita a reprodução da espécie em pelo menos uma época reprodutiva. Da 
mesma forma, essa portaria proíbe a captura, manutenção em cativeiro e o transporte 
de animais durante os meses de outubro e novembro, época reprodutiva da espécie 
(SANT’ANNA, 2006), além de não ser permitida a captura de fêmeas com ovos 
durante todo o ano. 
 
 
6 
 
O grupo dos moluscos também desperta um grande interesse econômico, 
mexilhões, ostras e polvos são os animais mais apreciados deste grupo para 
alimentação humana. Semelhante ao procedimento adotado pelo IBAMA para o 
caranguejo U. cordatus, foi determinado o tamanho mínimo de captura de 11cm de 
comprimento do manto para as espécies de polvo do Brasil (Instrução normativa, nº3 
– abril/2005), respeitando a reprodução da espécie. Além de determinar uma série de 
normas para as embarcações que atuam na pesca do polvo, e de proibir a coleta e 
embarque de ovas de polvo. Na figura 2, podemos observar um exemplar de polvo, 
cuja legislação acima incide. 
 
 
Figura 2 - Imagem de uma espécie de polvo, cedida pelo Prof. Acácio Ribeiro Tomás. 
 
 
Uma outra saída para diminuir a extração de espécimes do seu ambiente 
natural é desenvolver técnicas para criação em cativeiro, que mais uma vez depende 
de estudos relacionados à reprodução, como fertilidade, fecundidade, 
desenvolvimento embrionário e também sobre a sua ecologia trófica. Apesar da 
demanda crescente que o mercado apresenta com relação ao polvo, no Brasil ainda 
não se pratica a criação em cativeiro para produção em larga escala, o que já é feito 
na Espanha, mais precisamente nas águas da Galícia desde 1996. (CARVALHO-
FILHO, 2004) 
 Com os exemplos acima você pôde perceber que sem estudos básicos como 
os de reprodução e crescimento não seria possível desenvolver o manejo efetivo de 
espécies que necessitam de políticas de defeso ou novas técnicas de criação em 
cativeiro! 
 
 
 
7 
 
2 ZOOLOGIA APLICADA - OS VERTEBRADOS I 
Nas aulas anteriores observamos algumas aplicações do conhecimento 
zoológico dos invertebrados, hoje vamos estudar a zoologia dos vertebrados e suas 
aplicações. Os vertebrados são animais que possuem coluna vertebral ou “espinha 
dorsal” formada por vértebras que protegem a medula espinhal. O conhecimento 
sobre os vertebrados pode ser aplicado de várias formas, uma das aplicações mais 
conhecidas é a utilização de dados sobre a reprodução, crescimento, alimentação etc, 
para a criação de espécies de interesse econômico. A criação de espécies aquáticas 
(aquicultura) é uma área em amplo desenvolvimento que vamos estudar na unidade 
II. 
Espécies animais são largamente utilizadas pelos seres humanos para 
alimentação, as carnes animais mais consumidas no Brasil, são as de boi, porco e 
frango. Para aumentar a produção animal, os zootecnistas, todos os anos, 
desenvolvem novas técnicas para incrementar o peso, a reprodução e a adaptação 
das espécies ao cativeiro. O conhecimento zoológico é a base para a aplicação das 
técnicas de melhoramento, por exemplo, há muitos anos estudos confirmaram a 
relação da colocação de ovos pelos frangos, com o foto período. Utilizando o artifício 
de “ludibriar” as aves, durante o crepúsculo, os criadores acendem fortes lâmpadas, 
o que faz as aves pensarem que ainda é dia e continuarem colocando ovos, elevando 
a produção total de ovos. Até mesmo o conhecimento dos hábitos alimentares e da 
morfologia do bico destas aves são importantes para aplicabilidade de certas técnicas. 
A debicagem, técnica que consiste no corte de parte do bico das aves, é 
implementada para diminuir o desperdício de ração e a morte de aves feridas por 
brigas ocasionais entre frangos de corte que convivem juntos nos galpões. Com o uso 
desta técnica, diminui-se o risco de morte das aves e o custo da criação pelo baixo 
desperdício de ração. 
 Através do conhecimento popular há muitos anos iniciou-se o estudo dos 
problemas causados por venenos animais, cujas espécies mais popularmente 
associadas a estes são as serpentes. Em São Paulo, podemos encontrar o Instituto 
Butantã, que produz cerca de 80% dos soros e vacinas consumidos no país; podemos 
nos considerar privilegiados por possuirmos um órgão competente nesta área que é 
reconhecido mundialmente. A zoologia e a pesquisa de venenos de serpentes 
 
8 
 
caminham juntas no desenvolvimento de novos medicamentos, pois entendendo-se 
os hábitos e até mesmo o desenvolvimento reprodutivo das espécies de serpentes e 
de suas presas, pode-se capturar o animal na natureza para a extração do veneno ou 
criar espécimes em cativeiro para a produção de veneno, como é feito em todo o 
mundo. 
2.1 Zoologia Aplicada - Os Vertebrados II 
Na aula anterior aprendemos sobre algumas aplicações do conhecimento dos 
animais vertebrados, hoje vamos perceber que a economia ligada ao turismo 
ecológico vem crescendo a cada ano e quem é mais beneficiado com a conservação 
animal é a natureza. 
 Em todo o Brasil muitas espécies animais vem sendo ameaçadas de extinção 
devido a diversos fatores como a caça, poluição, extração de recursos e pesca 
excessiva. A conservação de espécies de apelo popular, além de trazer benefícios 
para a conservação das espécies, tem subsidiado o turismo ecológico em muitas 
cidades. 
 O Projeto TAMAR (tartarugas marinhas) foi criado em 1980 com o intuito de 
proteger as tartarugas marinhas que nesta época já faziam parte da lista de espécies 
ameaçadas de extinção. O projeto obteve tanto sucesso que atualmente são mais de 
18 bases espalhadas por todo o Brasil, totalizando mais de 1100 Km de praias 
monitoradas durante a época da desova entre os meses de outubro a março. Em 
Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo, está localizada uma das bases que 
recebe milhares de turistas e estudantes todos os anos, incluindo muitos alunos de 
graduação. A estratégia do projeto funcionou tão bem que atualmente a renda 
originada da venda de produtos associados à marca beneficia mais de 1300 famílias 
e financia as ações de conservação do projeto. 
 A conservação do peixe-boi, grande mamífero de hábito aquático que habita os 
rios, estuários e o mar das regiões intertropicais, é outro bom exemplo de associação 
de conservação e turismo. Desenvolvido na região nordeste, o projeto conta com 
quatro bases, sendo uma em Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Piauí. A base de 
Itamaracá (PE) conta com três oceanários para manutenção dos espécimes, nosquais é feita a recuperação de filhotes encalhados, estudos sobre a biologia da 
 
9 
 
espécie, comportamento, alimentação e fisiologia, além de estudos médico-
veterinários, sanguíneos e genéticos. A experiência adquirida nesta base abriu portas 
para ampliação dos objetivos do projeto, criando o Centro de Mamíferos Aquáticos, 
que recebe mamíferos aquáticos como os pinípedes e cetáceos. O projeto é mantido 
de forma semelhante ao TAMAR, existem patrocínios como da Petrobrás, renda 
originada de visitação de turistas às bases e também pela venda de produtos 
associados ao peixe-boi. 
 Os cetáceos, mais especificamente as baleias, sofreram muito e ainda sofrem 
pela prática da caça, atualmente o conhecimento dos locais e épocas reprodutivas de 
várias espécies deste grupo, auxilia na fiscalização desta prática, proibida na maior 
parte do mundo. Os estudos de migração reprodutiva e alimentar, também, são 
empregados no monitoramento das baleias próximas a costa, para que se evite o 
encalhe, para que se possam desenvolver análises populacionais e também para o 
crescimento turístico da região de ocorrência. Abrolhos é um bom exemplo de 
desenvolvimento turístico relacionado à ocorrência de baleias. 
 
3 BOTÂNICA E ALGUMAS DE SUAS APLICAÇÕES 
Apesar de cada um de nós possuirmos preferências alimentares, todos nós 
dependemos direta ou indiretamente da agricultura. Na aula de hoje vamos perceber 
que o conhecimento da Botânica foi e é fundamental para a evolução da agricultura. 
 A botânica aplicada é enfocada no desenvolvimento de técnicas que podem ser 
empregadas na resolução de problemas práticos atrelados aos vegetais. Podemos 
dividir as aplicações da botânica em várias áreas: agricultura, silvicultura, floricultura, 
as plantas medicinais, virologia e bacteriologia. 
 Agricultura: a domesticação de plantas começou há cerca de 11.000 anos nas 
terras que atualmente compõem o Líbano, Turquia, Síria, Irã, Iraque, Jordânia e Israel. 
As primeiras plantas a serem cultivadas foram a cevada e o trigo, sendo seguidas pela 
ervilha e a lentilha (Raven et al., 2001). Com o crescimento da população humana foi 
necessário otimizar a agricultura, que se iniciou de forma rudimentar, sem nenhuma 
técnica específica. Além do desenvolvimento tecnológico, foi fundamental o 
aprofundamento do conhecimento da Biologia das plantas para se proceder um 
 
10 
 
manejo de forma eficiente. Investigando-se as necessidades nutricionais das plantas 
associadas ao tipo de solo e às épocas de melhor desenvolvimento das espécies 
vegetais, a agricultura pôde crescer de forma a suprir a enorme necessidade de 
alimento que a população humana requer. A agricultura pode ser dividida em vários 
seguimentos: pomicultura, que trata do cultivo de frutas comestíveis; horticultura, que 
se refere ao cultivo de hortas, dentre outros. 
 Silvicultura: É o cultivo ou povoamento florestal, com intuito comercial. A 
silvicultura brasileira pode ser considerada uma das mais ricas em todo o planeta, 
devido a sua biodiversidade, as condições dos fatores edafoclimáticos e a boa 
adaptação das espécies introduzidas. Apesar das boas condições apresentadas pelo 
nosso país, o mais difícil é a escolha da espécie correta a ser cultivada em 
determinada região. Podemos citar como exemplo clássico, as árvores do gênero 
Eucalyptus, dependendo da região brasileira é indicado o plantio de determinada 
espécie que se adapta melhor ao clima frio ou quente. Na região sul é indicado o 
plantio de E. dunnii e E. nitensespécies de maior tolerância ao frio, já nas regiões leste 
e centro-oeste brasileiras, são cultivadas as espécies E. grandis, E. saligna e E. 
urophylla, ou híbridos destas espécies. 
 Floricultura: é basicamente o cultivo de flores. Muitos agricultores pensam que 
esta área é muito fechada pela dificuldade na aquisição de tecnologia e pela escassez 
de literatura sobre o assunto. Apesar disso, a realidade é que a floricultura no Brasil é 
recente, sendo o Estado de São Paulo líder em tecnologia e produção de flores. Para 
o sucesso dos pequenos agricultores em todo o Brasil é fundamental a criação de 
núcleos que consigam atender o mercado regional e até mesmo exportar. 
Plantas Medicinais: devido à amplitude desta aplicação da botânica esta será 
abordada em uma aula à parte. 
 Virologia e bacteriologia: a virologia e bacteriologia vegetal são áreas 
destinadas à identificação de pragas e ao desenvolvimento de técnicas e soluções 
aplicadas ao combate de pragas agrícolas na forma de bactérias e vírus. 
 Como podemos observar, o conhecimento adquirido pelos cientistas botânicos 
é de fundamental importância para o desenvolvimento da agricultura e também das 
outras áreas ligadas à botânica. 
 
 
11 
 
4 PLANTAS MEDICINAIS I 
Vamos conhecer a aplicação das plantas na manutenção da saúde humana, 
desde os primórdios até os dias atuais. É importante ressaltar que o Brasil é o país 
que possui a maior biodiversidade do mundo, com aproximadamente 20% do número 
total de espécies animais e vegetais do planeta. A maior diversidade vegetal é 
representada por cerca de 55.000 espécies catalogadas de um total de 
aproximadamente 350.000 a 550.000 espécies existentes no mundo. 
 Em virtude dessa diversidade vegetal, nosso país é alvo de muitos cientistas 
mal-intencionados, que fazem biopirataria atuando principalmente na região da 
Amazônia, local que abriga a maior floresta do mundo, a Floresta Amazônica. Estes 
cientistas se aproveitam da dificuldade financeira da população para adquirir, a preço 
de “banana”, exemplares da nossa flora que são enviados irregularmente para fora do 
país. 
 A história da botânica se confunde com a história das plantas medicinais, 
inicialmente os primeiros trabalhos dedicados ao estudo das plantas tinham o intuito 
de nomear e categorizar as plantas de importância medicinal (LORENZI & MATOS, 
2002). Muitas plantas foram nomeadas com base em suas propriedades medicinais, 
por exemplo, Justicia pectoralis (propriedade balsâmica) e Spigelia anthelmia 
(vermíuga). 
 No Brasil, a utilização de plantas medicinais é anterior à chegada dos europeus, 
pois as comunidades indígenas já utilizavam um gama de ervas em seus rituais, e o 
conhecimento era transmitido de geração para geração. Os europeus também 
trouxeram a sabedoria popular das plantas medicinais utilizadas na Europa. 
Finalmente, o início do emprego das ervas medicinais no Brasil é fechado com a 
utilização destas em rituais religiosos que os escravos africanos trouxeram da África. 
 Apesar da difusão dos produtos fitoterápicos no Brasil, a maioria destes não 
atende às normas vigentes de controle de qualidade, sendo vendidos sem rotulagem 
que deve conter a designação de produto fitoterápico, nomenclatura botânica oficial, 
parte da planta utilizada, data de fabricação e número de registro no Ministério da 
Saúde. Também deve trazer a concentração do princípio ativo, bem como o nome do 
responsável técnico. A embalagem do produto também tem que ser feita de maneira 
cuidadosa, pois esta não pode alterar as características do produto (STASI, 1996). 
 
12 
 
 
Para darmos sequência na próxima aula, é importante ressaltar que produto 
fitoterápico é todo medicamento tecnicamente obtido, empregando-se, 
exclusivamente matéria prima vegetal com finalidade profilática, curativa ou para fins 
diagnósticos, com benefícios para o usuário. É caracterizado pelo conhecimento dos 
seus riscos e eficácia, é o produto final acabado, rotulado e embalado. Não podem 
estar incluídas substâncias ativas de outras origens, não sendo de fitoterápicas, ainda 
que de origem vegetal isolada. 
 A fitoterapia brasileira com base científica tem crescido a cada ano, já são 
centenas de substâncias extraídas de plantas brasileiras utilizadas em todo o mundo. 
Podemos citar como exemplos a digitalina (cardiotônico), a emetina (amebicida), a 
escopolamina(sedativo), a vimblastina e a vincristina (antitumorais). Pela 
biodiversidade e necessidade de substâncias médicas cada vez mais específicas, não 
podemos deixar de pesquisar novas substâncias fitoterápicas. 
 Na aula de hoje tivemos uma introdução ao estudo das plantas medicinais 
conhecendo um pouco da fitoterapia. Na próxima aula vamos estudar os métodos 
utilizados para descobrir novas drogas e plantas medicinais. 
4.1 Plantas Medicinais II 
Na aula de hoje vamos dar continuidade ao estudo das plantas medicinais 
aprendendo como estas são validadas como plantas medicinais e, também, as duas 
principais formas de uso destas plantas. 
 
A validação de novas drogas e plantas medicinais 
 
Uma planta só deve ser utilizada como medicamento após ter seu princípio 
ativo determinado, para isso, a análise do princípio ativo pode ser dividida em duas 
etapas. (LORENZI & MATOS, 2002) 
 
 Na primeira etapa são desenvolvidos os estudos farmacológicos, pré-clínicos e 
toxicológicos, complementados por ensaios clínicos e estudos de toxicologia 
humana aguda. 
 
13 
 
 
 Na segunda etapa promove-se o estudo químico, com objetivo de isolar o 
princípio ativo, ou seja, o principal componente químico da planta que vai agir 
de forma terapêutica e ou curativa. 
 
Uso de plantas recém colhidas 
 
O uso de plantas frescas, recém colhidas é a forma mais popular de utilização 
das plantas medicinais pelos brasileiros, principalmente das regiões norte e nordeste. 
Apesar disso, devemos tomar muito cuidado, averiguando a procedência das ervas e, 
da mesma forma, a qualidade de produção das mesmas, principalmente informando-
se das formas mais corretas de se utilizar determinada erva. 
 A adoção deste tipo de fitoterapia, cientificamente orientada para produção de 
plantas para uso imediato, é muito importante e pode contribuir para a melhoria do 
nível de saúde pública local. Principalmente devido à atual condição financeira da 
maioria da população que não tem recursos financeiros para adquirir medicamentos 
em drogarias especializadas. 
 
Uso de plantas secas 
 
A utilização de plantas secas é feita principalmente pela indústria que requer 
uma quantidade maior, não sendo viável a utilização de plantas recém colhidas. A 
forma de secagem e armazenamento do material é muito importante para manter as 
propriedades das plantas. O material a ser submetido à secagem pode ter várias 
origens como folhas, raízes, flores, frutos, tubérculos, sementes, dentre outras. 
 A utilização das plantas medicinais é, conforme o caso, por ingestão na forma 
de infusão, cozimento ou maceração; ou pelo uso externo com aplicações na pele, 
nas mucosas e até mesmo no couro cabeludo. 
 Como pudemos perceber nestas duas aulas, o Brasil é muito rico em 
diversidade vegetal, mas precisamos tomar cuidado quando utilizamos algum tipo de 
planta medicinal, principalmente na forma de aplicação destas. 
 
 
 
14 
 
5 ECOLOGIA APLICADA AO CONTROLE DE PRAGAS 
No primeiro semestre conhecemos a ecologia, que é a área da Biologia que 
estuda a relação entre os organismos e o ambiente, em conjunto com os fatores 
ambientais. Na aula de hoje vamos observar algumas das aplicações da Ecologia. 
 É incontestável que nenhuma espécie vive isolada, de algum modo, esta se 
relacionará com outras espécies pertencentes ou não à mesma comunidade 
(FORATINI, 1992). Quando identificamos e interpretamos estas relações podemos 
intervir de forma a melhorar a qualidade de vida humana. 
 Para compreender melhor a importância do conhecimento das interações entre 
os organismos, através de exemplos do nosso cotidiano, vamos tomar como exemplo 
os cupins, que são pragas que infestam nossas casas. No Brasil, são conhecidas 
cerca de 290 espécies de cupins, que vivem em sociedades com diferentes morfotipos 
adaptados ao trabalho que desempenham. Nas florestas estes insetos são 
importantes no processo de ciclagem de nutrientes, mas, nas cidades, são pragas e 
destroem objetos e construções. 
 O aumento dos problemas entre o homem e os cupins vem crescendo a cada 
ano, provavelmente isso se deve a alta plasticidade biológica dos cupins e aos 
impactos ambientais causados pelo homem. O controle de cupins é um grande desafio 
técnico enfrentado pelos profissionais do ramo do mundo inteiro. 
 O sucesso no controle de qualquer praga está associado ao conhecimento 
sobre a Biologia da espécie e a devida interpretação das alterações comportamentais 
sofridas pela espécie em diferentes condições, ou seja, uma análise ecológica da 
população em questão. Não existe uma receita para o combate deste tipo de praga, 
as interações das populações e o local onde elas agem podem ser muito complexos. 
Isto exige um profissional com experiência na área, conhecimento da biologia e do 
comportamento das espécies de cupim e também da construção civil. 
 Uma outra praga urbana e agrícola que traz muitos prejuízos ao ser humano 
são os ratos. Estes diminuem o rendimento e a qualidade dos produtos agrícolas, além 
de danos a estruturas das instalações industriais e residenciais. Não podemos 
esquecer que são importantes portadores de uma série de enfermidades como a peste 
negra, peste bubônica, salmonelose, leptospirose, tifo, hantavirose, dentre outras. 
 
 
15 
 
O combate dessa praga é feito de forma semelhante aos cupins, é necessário 
em primeiro lugar a identificação da espécie, o conhecimento dos seus hábitos de 
vida, como os locais de formação de ninhos, alimentação etc, para posterior ação de 
combate. 
Como você pôde perceber o combate de pragas só é efetivamente realizado a 
partir do momento que você conhece um pouco da ecologia da espécie em questão. 
 
Com base na aula de hoje, reflita sobre a questão abaixo. 
 
Fernando trabalha no depósito de alimentos de um supermercado e encontra e 
mata um rato todos os dias que inspeciona as instalações. Após passar um mês, 
Fernando comenta com um amigo: 
 
- Pedro, faz três dias que não encontro nenhum rato no depósito, acho que acabei 
com todos eles. 
 
Você acha que a afirmação de Pedro está correta ou estes animais podem estar 
apenas mudando de hábito? 
 
6 ECOLOGIA APLICADA A CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES 
 
O estudo das interações entre as espécies e destas com o meio ambiente é 
fundamental para implementação de futuros planos de manejo e conservação de 
espécies animais que estão sob ameaça de extinção ou não. 
 Atualmente, os meios de comunicação divulgam principalmente as pesquisas 
que tem foco em espécies de apelo popular como tubarões, golfinhos, baleias e 
tartarugas, ou aquelas que estudam espécies de importância econômica como ostras, 
crustáceos e peixes. Muitos outros trabalhos de igual importância ecológica são 
desenvolvidos todos os anos no território brasileiro e não chegam ao conhecimento 
da população. 
 Espécies de fungos ou bactérias e pequenos invertebrados como os insetos e 
aranhas desempenham papel importantíssimo na manutenção do ecossistema de 
forma geral. A conservação de espécies ameaçadas ou mesmo a recolocação de 
 
16 
 
animais apreendidos pela fiscalização pública necessita de dados sobre a ecologia 
das espécies, para aumentar a chance de sobrevivência destas no ambiente ou 
mesmo espécies que não estão ameaçadas podem ser vítimas de acidentes 
ambientais e os dados ecológicos disponíveis podem auxiliar a resolver possíveis 
problemas. 
 Para exemplificar podemos citar espécies que não são conhecidas pela 
população como os ermitões, que são caranguejos que protegem o seu corpo se 
escondendo dentro de uma concha de caracol e utilizando esta para se locomover. 
Ermitões da espécie Clibanarius vittatus (Bosc, 1802) são organismos marinhos que 
vivem na região entre marés de praias estuarinas ou costões rochosos e dependem 
de conchas de caracóis para sobreviver, quando desprotegidos pelas conchas estes 
animais ficam totalmente vulneráveisno ambiente, sendo predados por peixes e 
outros caranguejos facilmente. 
 Suponha que houve um derramamento de petróleo no mar que não atingiu a 
região entre marés, ou seja, que os ermitões não foram afetados, e que o óleo 
derramado atingiu muitas espécies animais, dentre estas, a população de caracóis 
que foi totalmente dizimada. Diretamente os ermitões não foram afetados e em curto 
prazo não se pode diagnosticar nenhum efeito sobre estes animais, mas conhecendo 
um pouco da ecologia e do comportamento e vida destes animais sabemos que a 
médio e longo prazo estes animais serão afetados drasticamente, deixando de existir 
neste local por extinção ou por migração para outras áreas onde existam recursos de 
conchas disponíveis. 
 Quando se trata de uma espécie que está sob forte ameaça de extinção, o 
conhecimento ecológico é mais importante ainda, pois, medidas de manejo e 
proteção, com demarcação de áreas de proteção ambiental podem ser subsidiadas 
por dados referentes à ecologia trófica, distribuição e ocorrência das espécies. 
 Como pudemos observar na aula de hoje, o estudo da interação entre as 
espécies e destas com o ambiente é fundamental, independente da importância 
econômica desta. Em sua casa, observe as formigas carregando um pedaço de 
alimento quando estão subindo a parede e perceba que na sua casa estes organismos 
podem ser considerados como pragas, mas, na natureza elas estariam cumprindo um 
importante papel dentro do ecossistema. 
 
 
17 
 
7 EVOLUÇÃO E O DNA MICROSATÉLITE 
Na aula de hoje poderemos verificar a utilização da análise de DNA aliado a 
estudos evolutivos, como a identificação de microssatélite. O DNA microssatélite é um 
fragmento de DNA que normalmente não carrega informação, este é composto por 
unidades de 1 a 6 nucleotídeos repetidos em sequência dentro do genoma de vários 
organismos, principalmente os seres eucariontes. O microssatélite foi descoberto em 
1960, através da separação do DNA em duas ou mais partes através do processo de 
centrifugação. Após a centrifugação era possível visualizar uma banda principal 
composta de genes e bandas secundárias compostas por sequências de DNA 
repetidos que receberam o nome de bandas satélites. 
 A função dos microssatélites na evolução foi apresentada por BELKUN (1999). 
Em seu trabalho ele descreve que em bactérias patogênicas Haemophilus 
influenzae e Mycoplasma spp. as alterações no número de repetições de 
microssatélite, induzem a produção de proteínas com pequena diferença da proteína 
normal. Sob certas condições do ambiente essas proteínas modificadas são mais 
úteis para o patógeno, no caso das bactérias acima proporcionou uma melhor 
adaptação ao ambiente. 
 A análise da composição do microsatélite também é utilizada para fazer 
exames de paternidade em cães. Para determinação da paternidade, são colhidas 
células dos cães suspeitos, por exemplo, células da mucosa bucal, aplicando-se 
posteriormente a técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction, ou seja, reação em 
cadeia da polimerase) para se ampliar o DNA microsatélite e determina-se a 
paternidade. 
 Podemos entender melhor a importância do estudo de microssatélites 
analisando a bactéria Haemophilus influenzae que é responsável por alguns tipos de 
meningite e pneumonia. Esta bactéria possui um microsatélite com as seguintes bases 
nitrogenadas: CAAT, a mudança no número de repetições desta sequência faz com 
que a bactéria perca a substância colina fosfato. As bactérias sem essa substância 
são menos eficientes na colonização das vias nasais e garganta, de outra forma, estas 
são mais eficientes ao sistema imune. 
 Para que estudemos a evolução das espécies é importante entendermos como 
funcionam os mecanismos de interação genéticos e ecológicos das mudanças 
 
18 
 
evolutivas. Apesar disso, estudando estes aspectos conseguimos apenas propor 
teorias que expliquem como ocorreu o processo evolutivo de um certo organismo e 
isso é diferente de determinar como foi que realmente ocorreu a evolução. 
 A história evolutiva pode ser melhor contada por dados paleontológicos e de 
sistemática biológica, aliados a estudos ecológicos e genéticos. Portanto, o estudo da 
evolução das espécies tem que ser feito de forma multidisciplinar envolvendo 
cientistas de várias áreas. 
 Como pudemos verificar na aula de hoje, o estudo evolutivo, ou da evolução a 
nível microscópico é de extrema importância, contribuindo até mesmo para o 
entendimento de algumas doenças. 
8 AQUICULTURA - EXEMPLO DE CULTIVO 
Na aula de “Aquicultura” falamos sobre este ramo da ciência que trata do cultivo 
de animais aquáticos e abordamos os aspectos positivos e negativos desta atividade. 
Hoje, vamos apresentar um exemplo prático de cultivo de um organismo marinho. 
 Mexilhão é o termo utilizado na língua portuguesa para denominar as diversas 
espécies de moluscos bivalves da família Mytilidae, sendo os gêneros mais comuns 
o Perna, Mytilus e Mytella, popularmente conhecidos como mariscos (MORALES, 
1983). Estes animais são marinhos e habitam a região entre marés dos costões 
rochosos, de onde, muitas vezes, são frequentemente extraídos pela população para 
a utilização na culinária. 
 O cultivo de mexilhões é denominado de mitilicultura e, em diversos países, é 
uma atividade produtiva de importância econômica. De forma geral, os mexilhões 
liberam os gametas na água do mar, sendo que não há dimorfismo entre sexos, mas 
a coloração das gônadas das fêmeas tende a se tornar alaranjada em função do 
estágio sexual e o macho pode ter uma cor esbranquiçada. As larvas se desenvolvem 
na água e se alimentam por si mesmas por aproximadamente 21 dias. Na costa 
brasileira, após 6 ou 7 meses de cultivo se encontra pronto para a venda (MARENZI 
& BRANCO, 2005). 
 A primeira etapa para o cultivo é a obtenção das sementes, ou mexilhões 
jovens, que ainda são, na maioria das vezes, extraídos dos costões rochosos, sendo 
esta uma prática que pode causar impacto nas populações deste molusco no 
 
19 
 
ambiente. Ainda hoje são poucos os mitilicultores que retiram sementes fixadas nas 
próprias estruturas de cultivo, sendo que muitos artefatos, tais como tubos de PVC, 
redes velhas enroladas, cordas de polietileno, podem ser utilizados para a obtenção 
da semente no ambiente natural, desta forma com menor impacto sobre as 
populações que se desenvolvem no costão rochoso. 
 A segunda etapa do cultivo é chamada de engorda. Nesta etapa, as sementes 
são obtidas e fixadas a estruturas especiais as quais são colocadas no mar para que 
os animais possam se alimentar e se desenvolver. Os mexilhões podem ser cultivados 
em longas cordas suspensos em balsas ancoradas em áreas protegidas do mar. 
Cabos mestres são dispostos na superfície da água através de flutuadores e a fixação 
dos cabos é feita por intermédio de poitas de concreto. Ao longo do cabo são 
amarradas as cordas de produção, nas quais os mexilhões são presos e ficam imersos 
na água do mar. Inicialmente são colocadas 1,5 kg/m de corda de sementes. O tempo 
de cultivo é em torno de 6 a 8 meses, quando os mexilhões estarão atingindo o 
tamanho comercial, ou seja, 7 a 8 cm (MARENZI & BRANCO, 2005). Pode-se 
perceber que o manejo é restrito à limpeza e manutenção das cordas. 
 A produção de mexilhões ocorre durante o ano inteiro, com algumas 
interrupções na colheita, por ocasião da desova. O ciclo reprodutivo do mexilhão 
apresenta uma certa variação temporal de um ano para outro, sendo que, em pelo 
menos três meses por ano, eles se encontram muito magros para serem 
comercializados. A comercialização se concentra no período de verão, época em que 
os moluscos estão com ótimo rendimento de carne e o fluxo dos turistas ao litoral é 
intenso. Quanto à forma de comercialização, ela geralmente ocorre na concha ou 
desconchado, principalmente por intermediários. 
 No cultivo de mexilhões, as perdas podem decorrer demás condições do mar, 
ataques de predadores ou roubos. Para se ter uma ideia da viabilidade econômica do 
negócio, segundo dados do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (2006), o 
investimento médio necessário para a instalação de uma unidade de cultivo no 
sistema de longline (espinhel) com 1.000 cordas de cultivo com 2 m de comprimento 
é de R$ 7.250,00. A produção proveniente deste sistema oscila entre 25 e 30 
toneladas brutas de mexilhão. Se levarmos em conta que o preço do mexilhão com 
casca (bruto) é de R$ 0,80, o produtor terá uma receita bruta de até R$ 24.000,00 por 
ano (R$ 2.000/mês). 
 
20 
 
 
Após essa aula você pôde perceber como o homem pode obter recursos 
alimentares causando um baixo impacto no meio ambiente. 
8.1 Aquicultura - Cultivo de algas 
A Aquicultura pode ser desenvolvida trazendo muitos benefícios sociais, tais 
como o aumento de renda das populações ribeirinhas. Muitos cultivos que geram 
menor lucro para grandes empreendedores, como o de algas, podem ser utilizados 
por cooperativas e populações tradicionais aumentando sua renda e diminuindo o 
impacto ambiental. 
 As algas são empregadas comercialmente no mundo inteiro como recurso 
comestível para homens ou animais, e para a produção de ficocoloides (gels de 
macroalgas), que são polissacarídeos hidrossolúveis naturalmente encontrados em 
grande quantidade em algas pardas e vermelhas. As algas são usadas para extração 
de substâncias como o ágarágar usado na indústria alimentícia que funciona como 
espessante, gelificante e estabilizante para doces, iogurtes e sorvetes, por exemplo, 
e a carregena empregada em alimentos e também na indústria de cosméticos. 
 Em regiões tropicais, o grupo mais importante é o das algas vermelhas, com 3 
gêneros respondendo por mais de 90% da produção: Eucheuma, Hypnea e Gracilaria. 
O cultivo tem sido uma saída para incrementar a produção no mundo, sendo que a 
maricultura de macroalgas foi uma das que mais se expandiu na última década. Os 
cultivos de macroalgas em todo o mundo, diferentemente das demais mariculturas, 
são tradicionalmente conduzidos por famílias de pescadores, principalmente pelas 
mulheres, apresentando um significante impacto social (OLIVEIRA, 1998). 
 Como exemplo, um projeto de cultivo de algas patrocinado pela 
Organização de Alimentação e Agricultura (FAO) da Organização das Nações Unidas 
(ONU) tem promovido um aumento da renda de comunidades litorâneas no nordeste 
brasileiro, evitando a extração indiscriminada de algas de seu ambiente natural. Além 
disso, esse projeto pode ajudar, ainda que modestamente, a balança comercial 
brasileira, uma vez que o Brasil apresenta duas indústrias de fabricação de 
ficocoloides, sendo a matéria prima comprada de cultivos estrangeiros e só uma 
pequena parte colhida nos bancos naturais da costa nordeste, provocando impacto 
 
21 
 
ambiental negativo. Segundo dados da FAO, em 2001, o Brasil importou mais de US$ 
15 milhões em derivados de algas. 
 As algas são normalmente cultivadas por meio de cordas nas quais são fixadas 
as mudas, e estas cordas colocadas próximas à costa. Depois de 3,5 meses a colheita 
é feita e, antes da venda, as plantas são limpas e secas, sendo que as algas perdem 
80% de seu peso neste processo. Cada quilo de alga seca é vendido entre R$ 0,50 e 
R$ 1. O projeto realizado no nordeste brasileiro mostra que é possível produzir várias 
toneladas de algas e já se estuda a redução do tempo de colheita para um prazo de 
45 dias. Com esta venda, tem sido possível dobrar a renda mensal das famílias locais, 
que era menos de um salário mínimo antes do projeto. 
 Além do aumento da renda, o cultivo de algas gera benefícios paralelos, como 
a atração para a área de cultivo de peixes e crustáceos, que podem ser pescados e 
comercializados, ou mesmo servir como alimento para as comunidades. 
Paralelamente à pesca, as famílias ainda obtêm renda da agricultura e do artesanato. 
 O cultivo de macroalgas também pode ser realizado integrado ao cultivo de 
camarões. Este processo é relativamente simples e pode aumentar o lucro do 
empreendimento bem como diminuir o impacto ambiental. De modo geral, no cultivo 
de algas associado aos tanques de camarões, as algas cresceriam utilizando os 
nutrientes disponíveis na água de cultivo, vindos das excretas e do resto de ração dos 
camarões e, sendo assim, estariam diminuindo a quantidade de nutrientes que seriam 
lançados nas águas dos estuários, servindo como um filtro biológico. Ao final do 
cultivo, tanto os camarões quanto as algas poderiam ser vendidos para obtenção do 
lucro final. 
 Com este exemplo você notou como é possível realizar o desenvolvimento 
sustentável, ou seja, aliar desenvolvimento econômico, social, cultural e ainda 
preservar o meio ambiente. 
8.2 Aquicultura - cultivo x impacto 
A Aquicultura tradicional se desenvolveu com base no cultivo dos organismos 
em tanques e viveiros escavados na terra. Atualmente, novas técnicas que visam 
cultivar os organismos no ambiente natural têm sido desenvolvidas. É neste contexto 
que vamos discutir nesta aula, com base no cultivo de camarões marinhos. 
 
22 
 
 
A carcinicultura, ou seja, o cultivo de crustáceos tem, como foco principal, a 
criação de camarões. Em todo o mundo, camarões de água doce e marinhos são 
cultivados e têm grande importância como fonte de alimento para as populações e 
também como fonte de renda. No Brasil, a atividade vem se desenvolvendo nas 
últimas décadas, sendo que o consumo interno de camarões de água doce ainda é 
baixo perto da procura por camarões marinhos pelo mercado consumidor. 
 Tradicionalmente os cultivos de camarões marinhos ocorrem em viveiros 
escavados em áreas estuarinas internas ou próximas aos manguezais. Esta atividade 
é considerada impactante ao meio ambiente uma vez que os bosques de mangue são 
devastados para a construção dos viveiros e, desta forma, todo o fluxo de nutrientes 
é afetado. Além disso, a constante adição de ração e remédios aos tanques de cultivo 
e a liberação desta água para o ambiente faz com que estes produtos vindos da ração 
e dos remédios sejam levados ao ambiente alterando desta forma a dinâmica natural 
das regiões costeiras. 
 Assim, além do impacto causado ao meio ambiente, a falta de áreas 
continentais para o aumento de viveiros, aliada à elevação dos custos da terra 
contribuiu com o desenvolvimento de novas técnicas de produção. Neste contexto, 
surgiu a proposta de criação de camarões marinhos em estruturas flutuantes, 
conhecidas como tanques-rede. A utilização de estruturas e metodologias alternativas 
para o cultivo de camarões tem sido buscada por pesquisadores de diversas partes 
do mundo. Isso se deve, principalmente, à diminuição da disponibilidade de áreas 
continentais, à elevação do custo da terra, à redução dos custos operacionais, à 
necessidade de desenvolvimento de sistemas geradores de renda para as populações 
menos favorecidas das zonas litorâneas e à necessidade de minimização dos 
impactos da carcinicultura sobre o meio ambiente. 
 Os cultivos em tanques-rede aparecem como uma alternativa para o ingresso 
de pequenos produtores na carcinicultura, já que tais sistemas de produção 
possibilitam a redução dos investimentos necessários para a implantação de unidades 
de cultivo, aproveitam bem os recursos naturais dos ecossistemas costeiros, não 
implicam em movimentação de terra, desmatamento ou abertura de canais, permitem 
a economia de energia com a renovação de água e podem possibilitar a obtenção de 
margens compensadoras de lucro. 
 
23 
 
 
No Brasil, o cultivo de camarões em tanques-rede se iniciou na década de 
1980 e, desde então, a tecnologia de cultivo vem sendo continuamente aperfeiçoada 
com o empenho de instituições de pesquisa e da iniciativa privada. Este tipo de cultivo 
tem-se revelado uma opção bastante apropriada para regiões litorâneasabrigadas, 
tais como baías, enseadas e estuários, em que haja restrições para a construção de 
viveiros tradicionais, seja por questões topográficas ou ambientais. A produção de 
camarões em tanque-rede é uma alternativa mais barata, equilibrada, mais 
sustentável e também rentável, para regiões onde existem restrições para a 
construção de viveiros tradicionais, tanto por questões topográficas como ambientais. 
 O cultivo de camarões marinhos está em constante desenvolvimento no Brasil 
e no mundo, pois é uma alternativa para a estagnação da produção pesqueira, que se 
encontra próxima ao seu rendimento máximo sustentável. A necessidade de produzir 
alimentos para o consumo humano proporciona um incentivo para o desenvolvimento 
e aprimoramento de técnicas de cultivo aquícola, visando não só expandir a 
quantidade produzida, mas também o aproveitamento dos recursos naturais e 
minimizando o impacto ao ambiente. Atualmente tem crescido a necessidade de 
produzir organismos cultivados de maneira sustentável, evitando-se maiores impactos 
ao meio ambiente. 
 Você pôde perceber que o papel do biólogo é mais do que cuidar dos aspectos 
básicos do cultivo, ele deve também se preocupar com o impacto causado ao 
ambiente e desenvolver novas técnicas que aliem o bom desenvolvimento dos 
animais ao menor impacto ao ambiente e ao lucro obtido. 
9 EDUCAÇÃO AMBIENTAL - DESENVOLVIMENTO E PRESERVAÇÃO 
Nos dias atuais, o grande desenvolvimento científico-tecnológico tem sido 
aliado ao desenvolvimento e à preservação ambiental. Apesar disso, no aspecto 
prático, ainda temos muito a discutir e a realizar para que a sociedade possa se 
desenvolver preservando os recursos naturais. Assim, falaremos um pouco sobre 
estes aspectos de desenvolvimento e conservação. 
 
 
24 
 
Atualmente, grande parte da população brasileira vive concentrada nas cidades 
e, aliada ao grande desenvolvimento tecnológico das últimas décadas, ocorre uma 
grande crise ambiental. Neste contexto torna-se de grande importância uma série de 
reflexões e discussões sobre Educação Ambiental. LEFF (2001) fala sobre a 
impossibilidade de resolver os crescentes e complexos problemas ambientais e 
reverter suas causas sem que ocorra uma mudança radical nos sistemas de 
conhecimento, dos valores e dos comportamentos gerados pela dinâmica de 
racionalidade existente, fundada no aspecto econômico do desenvolvimento. 
 A partir da Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental 
realizada em Tbilisi (URSS), em 1977, iniciou-se um amplo processo com objetivo de 
criar condições que formem uma nova consciência sobre o valor da natureza e para 
reorientar a produção de conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinaridade 
e nos princípios da complexidade. Esta nova área educacional tem se fortalecido e 
possibilitado a realização de experiências concretas de educação ambiental de forma 
criativa e inovadora por diversos segmentos da população e em diversos níveis de 
formação. Atualmente, diversas conferências e especialistas na área chamam a 
atenção para a necessidade de se articularem ações de educação ambiental 
baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, 
mobilização e participação e práticas interdisciplinares. (SORRENTINO, 1998) 
 A necessidade de abordar o tema da complexidade ambiental decorre da 
percepção sobre a baixa reflexão existente sobre as práticas de conservação e de 
destruição dos dias atuais e das múltiplas possibilidades de pensar a realidade de 
modo complexo, defini-la como uma nova racionalidade e um espaço onde se 
articulam natureza, técnica e cultura. Refletir sobre a complexidade ambiental abre 
uma oportunidade para compreender a formação de novos atores sociais que se 
mobilizam para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado e 
compromissado com a sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que 
privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes áreas de saber. Mas também 
questiona valores e premissas que norteiam as práticas sociais prevalecentes, 
implicando mudança na forma de pensar e transformação no conhecimento e nas 
práticas educativas. (JACOBBI, 2003) 
 
 
25 
 
Neste contexto, voltamos novamente a falar em desenvolvimento sustentável, 
o que representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não 
comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades. 
Nestes tempos em que a informação assume um papel cada vez mais relevante, 
ciberespaço, multimídia, Internet, a educação para a cidadania representa a 
possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas 
de participação na defesa da qualidade de vida. Nesse sentido cabe destacar que a 
educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a 
corresponsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um 
novo tipo de desenvolvimento - o desenvolvimento sustentável. 
 Sendo assim, podemos afirmar que a educação ambiental é condição 
necessária para modificar um quadro de crescente degradação socioambiental, mas 
ela ainda é insuficiente, sendo mais uma ferramenta de mediação necessária entre 
culturas, comportamentos diferenciados e interesses de grupos sociais para a 
construção das transformações desejadas. 
 O desenvolvimento sustentável somente pode ser entendido como um 
processo no qual, de um lado, estão as restrições mais relevantes relacionadas com 
a exploração dos recursos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e o marco 
institucional; de outro, o crescimento deve enfatizar os aspectos qualitativos, 
notadamente os relacionados com a equidade, o uso de recursos - em particular da 
energia - e a geração de resíduos e contaminantes. Além disso, a ênfase no 
desenvolvimento deve se fixar na superação dos déficits sociais, nas necessidades 
básicas e na alteração de padrões de consumo, principalmente nos países 
desenvolvidos, para poder manter e aumentar os recursos base, sobretudo os 
agrícolas, energéticos, bióticos, minerais, ar e água. (JACOBBI, 2003) 
 A educação ambiental deveria ser vista como um processo de permanente 
aprendizado que valoriza as diversas formas de conhecimento e forma cidadãos com 
consciência local e planetária, de forma a promover o desenvolvimento sócio, político, 
cultural, econômico e ambiental em conjunto. E o que tem sido feito em termos de 
educação ambiental? A grande maioria das atividades são feitas dentro de uma 
modalidade formal. Os temas predominantes são lixo, proteção do verde, uso e 
degradação dos mananciais, ações para conscientizar a população em relação à 
poluição do ar. A educação ambiental que tem sido desenvolvida no país é muito 
 
26 
 
diversa, e a presença dos órgãos governamentais como articuladores, coordenadores 
e promotores de ações é ainda muito restrita. 
 Desta forma, você pôde notar que ainda existe muito a ser discutido e realizado, 
sendo que a participação dos biólogos conscientes dos processos e aspectos 
importantes de serem realizados é fundamental. 
9.1 Educação Ambiental - material didático e divulgação 
A Educação Ambiental é uma área cada vez mais importante nos dias atuais e 
encontra um grande problema relacionado à falta de produção de materiais didáticos 
e de divulgação, seja científica ou para a população leiga. Vamos discutir sobre a 
importância destes materiais e seu efeito no desenvolvimento da Educação Ambiental. 
 Um objetivo fundamental da Educação Ambiental é lograr que os indivíduos e 
a coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio 
ambiente criado pelo homem, resultante da integração de seus aspectos biológicos, 
físicos, sociais, econômicos e culturais, e adquiram os conhecimentos, os valores, os 
comportamentos e as habilidades práticas para participar responsável e eficazmente 
da prevençãoe solução dos problemas ambientais, e da gestão da questão da 
qualidade do meio ambiente. De acordo com a Conferência de Tbilisi, o 
desenvolvimento eficaz da Educação Ambiental exige o pleno aproveitamento de 
todos os meios públicos e privados que a sociedade dispõe para a educação da 
população: sistema de educação formal, diferentes modalidades de educação 
extraescolar e os meios de comunicação de massa. 
 Esta utilização dos meios de comunicação públicos e privados possui uma 
defasagem no que diz respeito à Educação Ambiental, assumindo conteúdos 
reducionistas, generalizando questões ecológicas a todo contexto sócioambiental. 
Assim, torna-se importante toda a fonte de informação e sensibilização relativa ao 
assunto, que possa proporcionar, a todas as pessoas, a possibilidade de adquirir os 
conhecimentos, o sentido dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para 
proteger e melhorar o meio ambiente, bem como incentivar novas formas de conduta 
nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade em seu conjunto, a respeito do 
meio ambiente. Além disso, outro aspecto relevante é a conscientização a respeito da 
generalidade do meio ambiente, ou seja, a Educação Ambiental não se aplica 
 
27 
 
somente a questões ecológicas, mas abrange também relações socioeconômicas, 
culturais e éticas e atitudes políticas. 
 A informação ambiental através dos meios de comunicação de massa deve 
fomentar a difusão, por meio da imprensa, dos conhecimentos sobre a proteção e 
melhoria do meio ambiente. Nos dias atuais existe uma grande falta de material 
especializado que relate as experiências e que permita um melhor desenvolvimento 
dos programas de Educação Ambiental. 
 Sendo assim, o desenvolvimento da Educação Ambiental informal, que é de 
grande importância para a sensibilização e conscientização da população, encontra-
se ainda incipiente no Brasil, fato que dificulta um maior desenvolvimento da atividade. 
Além de retardar os processos de preservação ambiental e de desenvolvimento 
sustentável, a falta de material didático e de divulgação dificulta o desenvolvimento 
científico relacionado à Educação Ambiental, uma vez que a troca de experiências 
entre os grupos de pesquisa fica falha e desta forma, limita o desenvolvimento do 
processo. 
 Portanto a elaboração de material didático, tais como vídeos, cartilhas, 
panfletos, cartazes, e a publicação dos artigos científicos resultantes dos projetos 
desenvolvidos com práticas de Educação Ambiental, tornam-se de extrema 
importância para dar suporte ao desenvolvimento desta área, e a atuação de 
profissionais dispostos a produzir tais materiais deve ser incentivada pelos órgãos 
governamentais e não governamentais relacionados à área. 
 Como exemplo, o conhecimento de aspectos básicos da ecologia de 
ecossistemas costeiros e a conscientização da população local e dos turistas sobre a 
importância da conservação marinha poderão despertar ações de modo a minimizar 
o impacto sobre as comunidades costeiras (por predação, captura, lixo e poluição) e 
sobre o meio ambiente de modo geral (construções, marinas, derramamento de óleos, 
desmatamento) através de atividades de educação ambiental e explanações sobre 
desenvolvimento sustentável. 
 Agora percebeu a importância de que todas as atividades 
desenvolvidas tenham um bom embasamento metodológico para que, por 
consequência, possam propiciar que os resultados sejam divulgados para toda a 
população e para os demais profissionais interessados na área e assim ajudar no 
desenvolvimento da Educação Ambiental. 
 
28 
 
9.2 Educação Ambiental – Exemplo 
Nesta aula observaremos um exemplo prático de Educação Ambiental para ver 
como uma iniciativa pode modificar a realidade das comunidades. A educação 
ambiental se destaca como base para o desenvolvimento de diversas ações, onde o 
respeito e o cuidado com a vida e a natureza são fundamentais, sendo todas as 
pessoas os sujeitos transformadores da realidade. A natureza predatória do modo de 
produção capitalista intensificado nas últimas décadas pela necessidade de 
desenvolver outras fontes de energia causa, por um lado, o esgotamento dos recursos 
naturais e, por outro, o agravamento da pobreza, fome e doenças. 
 Assim, normalmente, impõe-se como exigência à humanidade a proteção dos 
recursos ambientais que em muitas regiões encontra-se com sua capacidade limite 
esgotada. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) refletem a visão de que a 
aprendizagem de valores e atitudes é pouco explorada do ponto de vista pedagógico. 
Alguns estudos apontam a importância da informação como fator de transformação 
de valores e atitudes. Conhecer os problemas ambientais e saber de suas 
consequências desastrosas para a vida humana é importante para promover uma 
atitude de cuidado e atenção a essas questões, valorizar ações preservacionistas e 
aquelas que proponham a sustentabilidade como princípio para a construção de 
normas que regulamentem as intervenções econômicas (MEC, 1997). 
 A partir destes conceitos, muitos projetos são desenvolvidos com as 
populações e comunidades no intuito de promover a Educação Ambiental e 
conscientizar estas pessoas da importância de preservar o meio ambiente para que o 
seu próprio desenvolvimento seja melhor. Neste contexto, podemos dar exemplos 
relacionados ao uso da água, à liberação de poluentes, ao desmatamento e no caso 
que vamos descrever a seguir, a reciclagem de lixo. 
 Em muitos locais, desenvolvem-se cooperativas formadas por moradores da 
região de estudo e é montada a Usina de Reciclagem de Lixo, na qual os próprios 
moradores são responsáveis por todas as etapas, inclusive administrativas. Como 
exemplo, a coleta de lixo pode ser realizada de porta em porta, nos bairros 
participantes do projeto, sendo que para tanto, seria desejável que a cooperativa 
tivesse veículos para a coleta do lixo. Neste caso, o incentivo do governo para tais 
atividades torna-se fundamental, como a formação de convênios com a prefeitura, a 
qual poderia pagar à cooperativa pelo serviço de coleta, sendo realizadas ainda 
 
29 
 
captações de lixo em outros pontos da cidade, tais como shoppings, empresas, 
Universidades. 
 Para que o trabalho de coleta tenha resultado, são realizadas, previamente, 
visitas domiciliares com o objetivo de orientar os moradores na separação do lixo, 
informando sobre a coleta seletiva e a preservação dos recursos naturais, 
necessidade de preservação do meio ambiente. Folhetos explicativos são utilizados 
como recurso didático nas visitas com informações sobre a separação do lixo, 
exemplos de lixo seco, molhado e perigoso, vantagens e desvantagens da separação 
do lixo, dias de coleta e convite aos moradores para visita à usina de reciclagem. 
 Para um melhor funcionamento e incentivo, também é realizado o 
cadastramento dos moradores possibilitando o levantamento de informações e 
verificação do índice de adesão à coleta seletiva. Desta forma, é possível que seja 
realizado um acompanhamento e avaliação do projeto. A equipe da Usina também 
deve estar disposta para realizar visitas monitoradas nas quais as entidades e escolas 
que apresentarem interesse em conhecer o projeto possam ser assistidas e 
incentivadas a aderir. Assim, a usina de reciclagem torna-se um espaço de pesquisa 
e troca de experiências, estimulando o pensamento crítico sobre a conduta individual 
e coletiva na geração de lixo. O trabalho consiste na sensibilização para uma mudança 
de hábitos, valorizando os recursos naturais e incentivando a redução de resíduos 
lançados no ambiente. Atividades tais como palestras, dinâmicas, passeios, 
construção de brinquedos de material reciclado para as crianças, dentre outros, são 
de extrema importância para sensibilizar e alcançar os objetivos. 
 Os resíduos, depois de coletados pela cooperativa devem ser levados até a 
usina para processamento. As usinasde reciclagem e compostagem geram emprego 
e renda e podem reduzir a quantidade de resíduos que deverão ser dispostos no solo, 
em aterros sanitários. A economia da energia que seria gasta na transformação da 
matéria prima, já contida no reciclado, e a transformação do material orgânico do lixo 
em composto orgânico adequado para nutrir o solo destinado à agricultura 
representam vantagens ambientais e econômicas importantes proporcionadas pelas 
usinas de reciclagem e compostagem. Na usina os resíduos passam primeiramente 
pela triagem, onde é separado em papel, plástico, material orgânico e rejeito. 
 Educação ambiental, preservação da natureza, tratamento do lixo, consumo 
responsável, são temas que aparecem na agenda da sociedade brasileira e mundial 
 
30 
 
com a urgência de um planeta que não suporta mais o ritmo de exploração que o 
homem impôs a ele. Assim, não se trata mais de uma mera vontade de ambientalistas 
ou de naturalistas, mas uma necessidade de todas as pessoas. A inserção deste tipo 
de trabalho dentro da realidade da extensão universitária, articulada com as unidades 
acadêmicas tanto no que diz respeito aos campos de estágio quanto à própria 
dinâmica das aulas, orienta para uma formação universitária que privilegia as 
necessidades proeminentes da sociedade, e é neste sentido que a pesquisa 
universitária torna-se o caminho para melhorar os processos dentro da usina e no 
próprio tratamento dos resíduos. 
 A vinculação por outro lado, da necessidade de reciclar o resíduo que não pode 
ser reutilizado com a necessidade de geração de renda, atinge dois aspectos de 
estrangulamento social, quais sejam, a questão do lixo urbano e do desemprego. Este 
breve exemplo mostra como uma iniciativa de Educação Ambiental bem planejada é 
certamente uma proposta eficiente para os mais diversos problemas do mundo atual. 
 Agora você notou como os projetos de Educação Ambiental são importantes, 
não só para a preservação ambiental, mas para o desenvolvimento sustentável como 
um todo e para a resolução de muitos problemas sociais, tais como o desemprego. 
10 LIMNOLOGIA - A FLORA 
Nesta aula vamos falar sobre a importância da vegetação para a água doce, 
principalmente enfocando rios e riachos. 
 A flora e a fauna são extremamente diversas nos ambientes de riachos 
litorâneos. A flora é constituída por diferentes grupos de organismos autótrofos 
responsáveis pela produtividade primária deste ambiente e é composta principalmente 
pela mata ciliar, pelo perifíton e pelo fitoplâncton. Já a fauna inclui todos os organismos 
heterotróficos, os quais são responsáveis por dar continuidade aos elos da cadeia 
trófica e compreende principalmente o zooplâncton e a macrofauna. 
 A Mata Atlântica no Estado de São Paulo está representada por três formações 
florestais diferentes, as matas da planície litorânea, as matas de encosta e as matas 
de altitude (JOLY et al, 1992). Apesar de diversos estudos realizados no levantamento 
da mata ciliar, a sua composição ainda permanece pouco conhecida (SANCHEZ, 
1999). A distinção de uma floresta ripária (ou mata ciliar) em domínio florestal pode 
 
31 
 
ser feita através da análise de sua composição florística, a qual está frequentemente 
relacionada com a influência de cheias periódicas e com a flutuação do lençol freático. 
 O teor de água no solo é o maior condicionante da vegetação ripária e está 
relacionada com o regime pluviométrico, com a topografia local, com o traçado do rio 
e os tipos de solo, que podem variar com a dinâmica de deposição e retirada de 
sedimentos junto às margens, nas curvas internas e externas dos rios. Estes 
distúrbios podem ser responsáveis pelo aumento da heterogeneidade local 
favorecendo processos de sucessão e alteração florística no tempo e no espaço. 
 O novo Código Florestal (Lei n.°4777/65) desde 1965 inclui as matas ciliares 
na categoria de áreas de preservação permanente. Assim toda a vegetação natural 
(arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e 
de reservatórios deve ser preservada. De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura 
da faixa de mata ciliar a ser preservada está relacionada com a largura do curso 
d’água. 
 
Tabela 1: Dimensões das faixas de mata ciliar em relação à largura dos rios
 
 
 
32 
 
Apesar desta regulamentação, muitas vezes a mata ciliar vem sendo 
fragmentada, dando espaço a áreas agrícolas, pastagens e cidades. Além do 
processo de urbanização, as matas ciliares sofrem pressão antrópica por uma série 
de fatores: são áreas diretamente afetadas na construção de hidrelétricas; nas regiões 
com topografia acidentada, são as áreas preferenciais para a abertura de estradas, 
para a implantação de culturas agrícolas e de pastagens; para os pecuaristas, 
representam obstáculos de acesso do gado ao curso d’água, dentre outros. 
 Este processo de degradação das formações ciliares, além de desrespeitar a 
legislação, resulta em vários problemas ambientais. As matas ciliares funcionam como 
filtros, retendo defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriam 
transportados para os cursos d’água, afetando diretamente a quantidade e a 
qualidade da água e consequentemente a fauna aquática e a população humana. São 
importantes também como corredores ecológicos, ligando fragmentos florestais e, 
portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o fluxo gênico entre as populações de 
espécies animais e vegetais. Em regiões com topografia acidentada, exercem a 
proteção do solo contra os processos erosivos. (SIMÕES, 2003) 
 O perifíton é um componente biótico que representa um elo físico entre o 
substrato e a água circundante e, por esse motivo, se destaca nos ambientes de água 
doce (SLÁDECKOVÁ, 1962, WETZEL, 1983). O perifíton pode ser categorizado como 
epipélon, o qual se encontra sobre substratos não consolidados, como epifíton, sobre 
plantas, e como epilíton, sobre rochas (ALLAN, 1995). Segundo GOLDSBOROUGH 
& ROBINSON (1996), certos fatores são determinantes na dominância de espécies 
em dada área incluindo a natureza do grupo. Outras considerações importantes são 
a localização geográfica, as estações do ano, a profundidade da coluna d’água, o 
hidroperíodo, os tipos de macrófitas presentes e a concentração de nutrientes. 
 No perifíton, as diatomáceas compõem a maioria de espécies, embora algas 
verdes e cianobactérias também sejam importantes. A comunidade perifítica vem 
sendo ultimamente utilizada para o monitoramento ambiental, pois, devido ao seu 
modo de vida séssil e grande riqueza de espécies, apresentam diferentes preferências 
e tolerâncias ambientais (RODRIGUES, et al. 2003). Apesar do grande número de 
espécies registradas em águas ácidas (BROOK 1981, HUSZAR 1994), muitas 
espécies são relativamente abundantes em águas alcalinas (BROOK 1981) e algumas 
espécies podem sobreviver em condições de dessecação durante longos períodos 
 
33 
 
(BROOK & WILLIAMSON, 1988). Ainda, mudanças nas características físicas e 
químicas da água, como também o desaparecimento de habitats de macrófitas, 
podem afetar diretamente a diversidade e a composição das espécies. (BROOK, 
1981; COESEL, 1982) 
 A vegetação tem grande importância em todos os estudos ecológicos e pôde 
influenciar muito na qualidade da água. Assim, você pode observar a necessidade de 
estudar todos os fatores associados à água. 
10.1 Limnologia - O plâncton e a macrofauna 
Nesta aula vamos falar sobre os organismos da fauna e do plâncton que vive 
na água doce e a importância de todos estes organismos. A palavra plâncton é 
originária do grego plagktón, significando errante ao sabor das ondas e foi pela 
primeira vez utilizada por Victor Hensen em 1887. 
O plâncton é constituído pelo fitoplâncton e pelo zooplâncton, organismos que 
não possuem movimentos próprios suficientemente fortes para vencer as correntes, 
que porventura, se façam sentir na massade água onde vivem. Esses organismos 
estão na base da cadeia alimentar e, graças a seu elevado metabolismo, são capazes 
de influenciar processos ecológicos fundamentais como ciclagem de nutrientes e 
magnitude da produção biológica. 
O fitoplâncton é formado por organismos autótrofos, principalmente por 
dinoflagelados e diatomáceas, cuja presença e concentração nos ambientes 
aquáticos está fortemente associada ao estado trófico do manancial. As diatomáceas 
constituem as formas dominantes do fitoplâncton e são predominantes na primavera 
e no verão. Muitos dos seus gêneros são unicelulares (e.g. Coscinodiscus), embora 
formas coloniais em cadeia (e.g. Chaetocerus) ou padrões distintos (e.g. Asterionella) 
também existam. As formas coloniais constituem adaptações à vida pelágica com o 
consequente aumento da flutuabilidade. Seu crescimento pode ser limitado por fatores 
como a luminosidade, a temperatura e a concentração de nutrientes no meio, além da 
influência de correntes, descargas, turbidez e profundidade nos riachos, as quais 
podem afetar a ontogenia destes organismos. (ALLAN, 1995) 
 O zooplâncton é constituído por consumidores primários, os herbívoros, e por 
predadores de diferentes níveis tróficos. Ao contrário dos ambientes marinhos, o 
 
34 
 
zooplâncton dos ambientes de água doce é composto por poucos grupos de 
invertebrados aquáticos, e dentre os principais estão os protozoários, crustáceos, 
moluscos, larvas de insetos e larvas de peixes. Sua distribuição é limitada por fatores 
como disponibilidade de hábitat, alimento, velocidade das correntes e predação 
(HARRISON et al, 2005). A ecologia do zooplâncton foi mais focada nos crustáceos, 
principalmente cladóceros, que são os herbívoros predominantes de ambientes 
lóticos. Como consequência, este grupo foi visto por muito tempo como o principal elo 
entre a produção primária e os predadores maiores, como peixes (SOMMER & 
SOMMER, 2006). Atualmente sabe-se a importância dos outros grupos na da cadeia 
trófica. 
 A macrofauna representa uma comunidade diversificada de invertebrados e 
vertebrados, que apresenta o comprimento do corpo entre 4 e 80 mm, como exemplo 
moluscos, crustáceos, insetos e peixes. Influência nos processos do solo através da 
escavação e/ou ingestão e transporte de material inorgânico e orgânico do solo 
(LAVELLE et al, 1997), e são influenciadas pela ação antrópica que pode modificar 
consideravelmente a abundância e a diversidade da comunidade, principalmente pela 
perturbação do ambiente físico e pela modificação da quantidade e qualidade de 
matéria orgânica (LAVELLE et al, 1993). 
Apesar da relação entre diversidade e estabilidade ser objetivo de muita 
discussão, entende-se que a interação entre as espécies é muito importante, na 
medida em que a falta de variabilidade genética leva a uma diminuição da habilidade 
de sobrevivência das populações frente às condições adversas do ambiente. Portanto, 
analisar a diversidade, a riqueza e a importância de determinados grupos poderá ser 
a abordagem que mais contribua para a compreensão da capacidade reguladora da 
fauna nos ecossistemas aquáticos. 
 A diversidade de espécies envolve o número de espécies (riqueza de espécies) 
e a distribuição do número de indivíduos entre as espécies (equitabilidade). Esta 
definição está explicitada nos índices de diversidade, que conjugam estes dois 
parâmetros (ODUM, 1988; COLINVAUX, 1986). Uma vantagem do uso da riqueza de 
espécies é que ela fornece uma ampla medida da complexidade das comunidades e 
talvez da sua resiliência. As desvantagens estão associadas à identificação das 
espécies e de que pouco é revelado sobre as interações entre espécies (STORK & 
EGGLETON, 1992). 
 
35 
 
 
Agora você pôde ter um bom entendimento da diversidade de organismos que 
habitam a água doce e, além de aprofundar seus conhecimentos, estimular a 
conservação da água e tudo que a ela está associado. 
10.2 Limnologia - Poluição ambiental e ecotoxicologia 
Após conhecer a importância dos estudos limnológicos e a composição da flora 
e da fauna, vamos aprender que estes organismos podem ser utilizados como 
indicadores da qualidade da água doce no ambiente natural. 
 A industrialização foi a base da produção mundial nos últimos dois séculos. 
Como consequência da produção industrial, a disponibilidade de uma gama de 
produtos químicos potencialmente tóxicos e a geração de resíduos em grande volume 
se tornaram significativamente prejudiciais ao ambiente. 
 As atividades industriais e agrícolas distribuem-se principalmente em locais 
próximos a rios e regiões litorâneas e trazem consigo um considerável aumento na 
densidade populacional. Juntos, os efluentes e resíduos urbanos, agrícolas e 
industriais, vêm causando grande poluição e riscos para os cursos d’água. O ambiente 
aquático, entretanto, não é um compartimento de diluição infinita da poluição que nele 
é despejada e como outros ambientes apresenta grande diversidade biológica, além 
da importância para a própria população humana. (ZAGATTO, 2006) 
 Muitos dos efluentes lançados aos ambientes aquáticos são altamente 
complexos físico quimicamente e geram uma variedade de agentes químicos e efeitos 
biológicos. As análises tradicionais dos contaminantes não são eficientes na 
caracterização de seus efeitos na biota e avaliação dos riscos ambientais, sendo que 
a estratégia mais adequada é o uso integrado de análises físicas, químicas e 
ecotoxicológicas. (MOZETO & ZAGATTO, 2006) 
 Os primeiros testes de toxicidade foram realizados ainda no século XIX, mas 
somente no decorrer do século seguinte foram utilizados organismos aquáticos para 
este fim. Vários dos estudos mencionam o uso de peixes como indicadores de 
contaminação de ambientes aquáticos, com especial destaque para as espécies mais 
sensíveis e de importância econômica. (ZAGATTO, 2006) 
 
36 
 
Atualmente, a toxicidade de agentes químicos no meio hídrico é avaliada por 
meio de ensaios ecotoxicológicos com organismos representativos da coluna d’água 
e dos sedimentos do ambiente aquático. O uso de parâmetros biológicos para estimar 
a qualidade da água se baseia na resposta dos organismos em relação às condições 
deste meio. (BUSS et al., 2003) 
 Estes procedimentos permitem o estabelecimento de limites permissíveis de 
várias substâncias químicas, além de avaliar o impacto momentâneo que os poluentes 
causam à biota dos corpos hídricos. Os ensaios desenvolvidos em laboratório podem 
ser de toxicidade aguda ou crônica, sendo possível assim a avaliação de efeitos 
severos e rápidos sobre os organismos expostos, levando-os à morte, ou de efeitos 
mais sutis sobre estes organismos, gerando distúrbios fisiológicos e comportamentais. 
(ARAGÃO & ARAÚJO, 2006) 
 Alguns fatores podem afetar os resultados dos ensaios ecotoxicológicos com 
organismos aquáticos. Esses fatores podem ser bióticos, relacionados a estágio de 
vida, tamanho, idade e estado nutricional dos organismos, ou abióticos, que incluem 
pH, oxigênio dissolvido, temperatura e dureza da água. Estes fatores devem ser, 
portanto, monitorados ao longo da execução destes testes. (ARAGÃO & ARAÚJO, 
2006) 
 A Ecotoxicologia é a ciência que tem como base o estudo dos efeitos dos 
agentes físicos, químicos e biológicos sobre os organismos vivos, particularmente 
sobre populações e comunidades em seus ecossistemas, incluindo as formas de 
transporte, distribuição, transformação, interações e destino final desses agentes nos 
diferentes compartimentos do ambiente. 
 As alterações na biodiversidade são, portanto, consequências de dois fatores 
principais: 
 Maior disponibilidade de nitrogênio e carbono 
 Mudança do ambiente natural dos rios de aeróbios para anaeróbios, ou seja, 
menor disponibilidade de oxigênio. 
 
Em estudos limnológicos de Ecotoxicologia, importantes como indicadores da 
qualidade da água de rios, riachos, lagos e lagoas,

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