Buscar

Segurança do Paciente e Rastreabilidade na Farmácia Hospitalar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 5 
ESTRUTURAÇÃO, ELABORAÇÃO 
DE PROJETOS E A FARMÁCIA 
SATÉLITE 
Profª Fabrine Cecon 
 
 
2 
SEGURANÇA DOS PACIENTES 
CONVERSA INICIAL 
A segurança do paciente é um componente essencial da qualidade do 
cuidado e tem adquirido, em todo o mundo, importância cada vez maior para os 
pacientes e suas famílias, para os gestores e profissionais de saúde, no sentido 
de oferecer uma assistência segura (SBRAFH, 2017). 
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2004, demonstrando 
preocupação com a situação relativa aos dados que revelavam os danos sofridos 
pelos pacientes, criou a World Alliance for Patient Safety. Os objetivos desse 
programa (que passou a chamar-se Patient Safety Program) eram, entre outros, 
organizar os conceitos e as definições sobre segurança do paciente e propor 
medidas para reduzir os riscos e mitigar os eventos adversos. Entre elas, a 
Classificação Internacional de Segurança do Paciente (International Classification 
for Patient Safety – ICPS) que definiu os conceitos-chaves em segurança do 
paciente: 
● Segurança do paciente: reduzir a um mínimo aceitável, o risco de dano 
desnecessário associado ao cuidado de saúde; 
● Dano: comprometimento da estrutura ou função do corpo e/ou qualquer 
efeito dele oriundo, incluindo-se doenças, lesão, sofrimento, morte, 
incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser físico, social ou 
psicológico; 
● Risco: probabilidade de um incidente ocorrer; 
● Incidente: evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, 
em dano desnecessário ao paciente; 
● Circunstância notificável: incidente com potencial dano ou lesão; 
● Near miss ou quase-falha: incidente que não atingiu o paciente; 
● Incidente sem lesão: incidente que atingiu o paciente, mas não causou 
dano; 
● Evento adverso: incidente que resulta em dano ao paciente. 
A farmácia é responsável pela implantação do protocolo de segurança na 
prescrição, uso e administração de medicamentos, disponibilizado pelo Ministério 
da Saúde como parte integrante do Programa Nacional de Segurança do 
Paciente, visando promover práticas seguras no uso de medicamentos. 
 
 
3 
Como descrito no relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), 
Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, entre os principais requisitos dos 
programas para melhorar a segurança dos pacientes estão a habilidade e a 
capacidade de reunir as informações mais completas sobre reações adversas e 
erros de medicação, de modo que tais programas sirvam como fonte de 
conhecimento e base para futuras ações preventivas (SBRAFH, 2017). 
TEMA 1 – RASTREABILIDADE 
A gestão de farmácias hospitalares é um dos grandes desafios para 
hospitais públicos e particulares, especialmente os de grande porte. Para ajudar 
nessa questão, a tecnologia passa a ser uma aliada ao abrir novos horizontes e 
gerar mais economia à administração hospitalar, além de elevar a segurança aos 
pacientes. 
A rastreabilidade trata da identificação da origem do produto, desde as 
matérias-primas utilizadas, processo de produção, distribuição no mercado, até o 
consumo. 
No âmbito hospitalar, com um foco mais peculiar, é a capacidade de o 
hospital monitorar o recebimento, distribuição, dispensação e administração 
mantendo-se o controle sobre lote e validade dos medicamentos nesses 
processos. 
Nessas circunstâncias, fica implícita a necessidade de os medicamentos 
serem controlados por lote em todos os momentos de sua distribuição na 
organização. Isto é, ter lote e validade identificados e registrados em sistema em 
todos os passos do processo. No entanto, não existe viabilidade de se realizar tal 
atividade se os medicamentos entregues pelos fabricantes não têm os requisitos 
mínimos para tal tipo de controle. 
Atualmente, quase a totalidade dos fornecedores não disponibiliza 
medicamentos em embalagens identificadas adequadamente para atenção a essa 
necessidade. Quando da existência do código de barras, este informa somente 
de qual produto se trata, e normalmente em sua embalagem secundária. Em 
relação a dispensação hospitalar, é imperativo que a identificação completa seja 
realizada na embalagem primária. 
Para se contornar o problema e atender a essa demanda, a alternativa 
adotada pelos hospitais está na reetiquetagem (reidentificação) dos 
medicamentos em todos os tipos de apresentação e formas farmacêuticas com a 
 
 
4 
impressão de código de barras contendo os dados de produto e lote, ou produto, 
lote e validade (algumas empresas também podem optar por inserir número de 
série), além das informações completas do produto, lote e validade no formato 
humano-legível (Malta, 2010). 
A situação torna-se ainda mais crítica quando tratamos especificamente 
dos medicamentos em formas farmacêuticas sólidas (ex. comprimidos, cápsulas, 
drágeas, etc.). Para que se tenha esta informação em cada unidade de consumo, 
é necessário realizar o recorte de blísteres ou remoção do medicamento de sua 
embalagem original e reembalá-los com as informações completas necessárias 
(Malta, 2010). 
Destaca-se a necessidade de observância da RDC 67/2007 da Anvisa. 
TEMA 2 – AUTOMAÇÃO 
A farmácia hospitalar, de acordo com a Portaria n. 4.283 do Ministério da 
Saúde, de 30 de dezembro de 2010, é uma unidade pertencente ao hospital que 
realiza atividades técnicas e administrativas voltadas à assistência farmacêutica 
(Brasil, 2010). 
Desde os anos 1970, a exigência dos órgãos reguladores, dos profissionais 
de saúde e de pacientes quanto a eficiência e segurança no uso de 
medicamentos, a necessidade de melhorar o controle logístico de medicamentos 
fez com que a utilização de tecnologia e automação na farmácia hospitalar 
crescesse significativamente nos últimos anos (Mark; Dennis, 2011; Storpirtis et 
al., 2008). 
Além disso, a melhora na dinâmica do fluxo de trabalho, aumento da 
qualidade e produtividade, redução de custos, auxílio na realização de atividades 
de farmacovigilância e farmacoepidemiologia, promoção do uso racional de 
medicamentos, implementação da rastreabilidade e diminuição de erros de 
medicação, são benefícios encontrados na automação da farmácia hospitalar 
(Ashp, 1998; Storpirtis et al., 2008; Serafim et al., 2010). 
Os erros de medicação podem causar consequências leves ao paciente, 
mas também podem levar o paciente a óbito. Portanto, é de suma importância 
implementar sistemas eficientes e eficazes de prescrição, dispensação e 
administração de medicamentos (Anacleto; Perini; Rosa, 2006). 
Prescrição eletrônica, sistema informatizado de gestão, código de barras, 
sistema automático de embalagem de dose única, robôs para separação de 
 
 
5 
medicamentos, cabines de dispensação automática, são alguns exemplos de 
tecnologias que podem ser utilizadas na automação (Oswald; Caldwell, 2007). 
Contudo, ao mesmo tempo que as agências reguladoras brasileiras cobram 
melhorias, excelência, segurança e eficácia nos serviços de saúde, elas têm 
falhado no suporte literário e legislativo em relação a como alcançar serviços de 
qualidade com o auxílio da automação. Esse suporte é de suma importância, visto 
as dificuldades e os obstáculos enfrentados pelos gestores em farmácia hospitalar 
na implantação da automação em seu ambiente de trabalho. 
Para isso, é necessário primeiramente a realização de um estudo das 
atividades e do ambiente em que a tecnologia será inserida. Muitas vezes, o fluxo 
de trabalho em uma farmácia hospitalar é tão grande e dinâmico que é real a 
necessidade de ferramentas que automatizem algumas atividades para evitar 
erros e disponibilizar os colaboradores para realizarem outras atividades. Em 
outras situações, existem farmácias hospitalares com uma rotina de trabalho 
muito pequena, em que investimentos em automação não são viáveis por causa 
do pouco retorno que trará. 
Não é possível extinguir totalmente o erro, entretanto, transformando o 
ambiente no qual está inserido oser humano e construindo sistemas que 
possibilitem a realização correta das atividades, esse cenário pode ser mudado 
para se ter um ambiente mais seguro para os pacientes e usuários (Kohn; 
Corrigan; Donaldson, 2000). 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem implementado 
ações para promoção do uso racional de medicamentos, como aplicação de curso 
de prescritores, a notificação de erros de medicação e a introdução da rede de 
farmácias notificadoras (Brasil, 2006). 
Além disso, a automação tem sido uma ferramenta muito utilizada em 
várias áreas para reduzir os erros nos processos. Nitzan e Rosen (1976) 
descrevem a aquisição de dados para controle de processos, o monitoramento e 
processamento de sinais; a redução de custos e a otimização de processos como 
conceitos fundamentais nos processos de automação. Assim como linguagens de 
programação (software), plataformas eletrônicas (hardware), atuação (mecânica) 
e fluidos fármacos também devem estar envolvidas na automação. 
Entretanto, é o avanço da microeletrônica que tem impulsionado o 
crescimento da automação, pois permite um melhor controle de processos. Assim, 
 
 
6 
trata-se de um estudo multidisciplinar que exige conhecimento amplo e 
participação de vários profissionais (Leite et al., 2012). 
A automação na farmácia hospitalar pode diminuir erros de medicação, 
melhorar a rotina de trabalho e o controle de inventário e estoque, assim como 
facilitar a distribuição de responsabilidades do farmacêutico (ASHP, 1998). 
O uso da tecnologia na farmácia hospitalar pode reduzir o tempo gasto com 
atividades voltadas ao medicamento em si, e aumentar o tempo do farmacêutico 
para exercer suas atividades de orientação junto ao paciente. 
Oswald e Caldwell (2009) listam alguns sistemas que são usados para 
automação em farmácia hospitalar: cabines de dispensação automática, carrinhos 
móveis de medicamentos automático, sistema automático de dispensação com 
armários rotativos tipo carrossel, código de barras, prescrição eletrônica, sistema 
de gerenciamento de documentos, sistema de embalagem de medicamentos, 
sistema de gerenciamento de medicamentos sujeitos a controle especial, e robôs 
de separação automática de medicamentos. 
O processo de rastreabilidade também pode ser auxiliado com a 
identificação por radiofrequência (RFID), uma tecnologia utilizada na automação 
para identificação de objetos e pessoas. Para isso são necessários as etiquetas e 
os leitores. O primeiro são dispositivos como etiquetas ou cartões que ficam 
fixados no item a ser identificado, já o segundo se trata de outros dispositivos que 
tem objetivo de realizar a comunicação com as etiquetas (Florentino et al., 2008; 
Leite et al., 2012). 
Malta (2012) ressalta que diante dos custos com erros de medicamento, 
mão de obra e tempo gastos com processos manuais que abrem espaços para 
ocorrência de mais erros, o investimento de projetos de rastreabilidade acaba 
sendo mais rentável (Cardoso, 2013). 
TEMA 3 – FARMACOVIGILÂNCIA 
A adesão dos profissionais de saúde à notificação espontânea de casos 
suspeitos de RAM, às vezes, é muito baixa, o que favorece a subnotificação. Por 
vários motivos: dificuldade em reconhecer que o quadro clínico que se apresenta 
possa ser uma reação adversa ao medicamento prescrito; o fato de prescritores 
acreditarem no sistema de aprovação e regulamentação de medicamentos como 
sendo seguros; sentimento de culpa por acreditarem que o tratamento proposto 
causou a reação adversa a medicamento; medo de parecerem ignorantes quanto 
 
 
7 
às reações já conhecidas; falta de tempo e dificuldade para interpretação dos 
termos usados em farmacovigilância (Freitas; Romano-Lieber, 2007). 
Para se contrapor a esse fato, várias instituições têm trabalhado com a 
busca ativa de casos que consiste na coleta de informações por meio de visitas 
nas enfermarias, entrevistas com médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, revisão 
de prontuários e acompanhamento do paciente. A busca pode ser realizada no 
serviço de farmácia do hospital, durante o processo de dispensação da dose 
individualizada e/ou unitária, nas clínicas médicas ou postos de enfermagem; no 
ambulatório e na emergência. 
O processo da busca ativa de casos pode ser direcionado a pacientes 
ambulatoriais ou internados, selecionados ambulatoriais, selecionados por meio 
de critérios predefinidos. Outra área de interesse da farmacovigilância é da 
identificação de queixas técnicas. A queixa técnica ou desvio de qualidade foi 
conceituado por Arrais e colaboradores (1999) como qualquer problema 
relacionado com a qualidade do produto medicamentoso, por exemplo, a falta de 
eficácia terapêutica, presença de corpo estranho, dificuldades na reconstituição, 
diluição, alteração ou adulteração evidente (mudança das características 
organolépticas: cor, odor ou sabor) do produto (Arrais et al., 1999). 
Para que se possa trabalhar a queixa técnica, é de fundamental importância 
que o profissional da saúde saiba o nome do produto (comercial ou genérico), o 
laboratório produtor, a data de fabricação e validade, assim como o número do 
lote. A ausência dessas informações inviabilizará a avaliação e encaminhamento 
dos casos. 
Nas situações em que houver suspeita na qualidade do produto, a vigilância 
sanitária deverá ser acionada. Os farmacêuticos também poderão fazer contatos 
com outros serviços de farmácia de instituições hospitalares para sondar a 
existência de igual problema, encorajando o colega a notificar o caso e iniciar a 
monitorização do produto internamente (Arrais; Fonteles; Coelho, 2005). 
 
 
 
8 
Quadro 1 – Diferenças existentes entre o sistema de busca ativa e de notificação 
voluntária 
Busca ativa de RAM Notificação espontânea 
Busca de “pistas” em prescrições e relatos nos 
prontuários; 
Confirmação ou não da hipótese de suspeita 
de reação adversa a medicamento-RAM; 
Caso confirmado em dados do prontuário, a 
notificação é elaborada pela equipe da 
Farmacovigilância 
Profissional suspeita de RAM ou falha do 
medicamento; 
Preenche a ficha de notificação; 
Encaminha a ficha de notificação para o Setor 
de Farmacovigilância. 
Quadro 2 – Estratégias a seguir na investigação de queixas técnicas 
1. Criar formulário específico para notificação com as seguintes informações: nome do produto 
(comercial ou genérico), o laboratório produtor, a data de fabricação e validade, número do 
lote e descrição do problema. 
2. Preencher o formulário em casos suspeitos; 
3. Investigar na farmácia em todos os setores do Hospital a existência do produto; 
4. Observar a característica de produtos com o mesmo lote e validade do produto investigado; 
5. Fazer registro fotográfico. 
6. Caso necessário, proceda o recolhimento do produto investigado, coloque-o devidamente 
identificado na área de quarentena, enquanto se procede a investigação da notificação. 
O serviço de farmácia, por meio das prescrições médicas recebidas no 
serviço e avaliadas pelos farmacêuticos, pode estabelecer um sistema de alerta 
permanente para a detecção de reações adversas a medicamentos. São 
indicadores de casos suspeitos: a suspensão brusca de um medicamento; a 
substituição de um medicamento por outro; a súbita diminuição da dose; a 
prescrição de anti-histamínico ou corticoide. Na preparação da dose unitária, o 
farmacêutico e equipe podem seguir os passos abaixo para concretizar a 
notificação da reação ou evento suspeito (Arrais; Fonteles; Coelho, 2005). 
3.1 Legislação farmacovigilância 
Lei n. 6.360, de 23 de setembro de 1976 art. 79 
Decreto n. 79.094, de 5 de janeiro de 1977 139 
Tratam da notificação dos acidentes ou reações nocivas causados por medicamentos ao órgão 
de vigilância sanitária competente. 
Portaria MS n. 577, de 20 de dezembro de 1978 
Estabelece que deve “comunicar-lhe a adoção de qualquer medida limitativa ou proibitiva do 
emprego de um medicamento que tenha efeitosprejudiciais graves, adotada em consequência 
de avaliação nacional”. 
Portaria MS n. 3.916, de 30 de outubro de 1998 
Inclui a farmacovigilância no desenvolvimento das ações prioritárias, com o objetivo de 
promover o uso racional de medicamentos. 
Resolução n. 328, de 22 de julho de 1999 tópico Responsabilidades e Atribuições (6.2f) 
Dispõe que o farmacêutico deve “participar de estudos de farmacovigilância com base em 
análises de reações adversas e interações medicamentosas, informando à autoridade sanitária 
local. 
 
 
 
9 
TEMA 4 – ERROS DE MEDICAÇÃO 
Qualquer evento evitável, de fato ou potencial, pode levar ao uso 
inadequado de medicamento. Esse conceito implica que o uso inadequado pode 
ou não lesar o paciente, e não importa se o medicamento se encontra sob o 
controle de profissionais de saúde, do paciente ou do consumidor. 
O erro pode estar relacionado a prática profissional, produtos usados na 
área de saúde, procedimentos, problemas de comunicação, incluindo prescrição, 
rótulos, embalagens, nomes, preparação, dispensação, distribuição, 
administração, educação, monitoramento e uso de medicamentos. 
As farmácias têm como sua principal função a dispensação dos 
medicamentos de acordo com a prescrição médica, nas quantidades e 
especificações solicitadas, de forma segura e no prazo requerido, promovendo o 
uso seguro e correto de medicamentos. Assim, sua organização e sua prática 
devem prevenir que erros de dispensação aconteçam e por criarem oportunidades 
de erros de administração, possam atingir os pacientes. 
Falhas na dispensação significam o rompimento de um dos últimos elos na 
segurança do uso dos medicamentos. Mesmo considerando que grande parte não 
cause danos aos pacientes, os erros de dispensação demonstram fragilidade no 
processo de trabalho e indicam, em uma relação direta, riscos maiores de 
ocorrência de acidentes graves. 
As taxas de erros de dispensação registradas nas publicações 
internacionais são muito distintas e essas diferenças estão associadas às 
variadas metodologias adotadas e aos diferentes sistemas de dispensação 
utilizados, além das medidas de redução de erros de medicação implementadas 
nesses países. Dessa forma, são encontradas taxas que variam entre 1 e 12,5% 
em países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, sendo as taxas mais 
baixas registradas naquelas farmácias com sistemas seguros de distribuição de 
medicamentos e processos de trabalho eficientes. 
A comparação entre as taxas de erros de administração e os sistemas de 
dispensação de medicamentos registradas em estudos realizados, entre 1967 e 
2005, em diversos países da Europa, mostram que os erros de administração 
aumentam conforme o sistema de dispensação adotado no hospital. Esses erros 
são maiores quando o sistema é coletivo ou individualizado e diminuem 
 
 
10 
gradativamente na dose unitária manual e na dose unitária informatizada e 
automatizada (Anacleto, 2010). 
Os erros de medicação podem ser classificados em (Brasil, 2012): 
● Erros de prescrição: é definido como um erro de decisão ou de redação, 
não intencional, que pode reduzir a probabilidade de o tratamento ser 
efetivo ou aumentar o risco de lesão no paciente. 
● Erros de dispensação: são os que estão mais relacionados com as 
atividades da farmácia hospitalar e englobam os erros de conteúdo 
(medicamento errado; concentração errada; forma farmacêutica errada; 
medicamento com desvio de qualidade; dispensação de medicamento 
prescrito sem horário, quantidade, concentração ou forma farmacêutica), 
rotulagem (podem gerar dúvidas no momento da dispensação e/ou 
administração) e documentação (ausência ou registro incorreto da 
dispensação de medicamentos controlados, falta de data na prescrição, 
falta de assinatura do prescritor ou do dispensador) (Anacleto, 2010). 
● Erros de administração: é qualquer desvio no preparo e administração de 
medicamentos mediante prescrição médica, não observância dos 
protocolos e procedimentos operacionais padrão do hospital ou das 
instruções técnicas do fabricante do produto. 
Portanto, a implantação de sistemas seguros, organizados e eficazes é 
fundamental para minimizar a ocorrência de erros de medicação nas instituições 
de saúde. 
No Brasil, a pesquisa sobre os erros de dispensação vem crescendo nos 
últimos anos, entretanto ainda são poucas publicações. Em um estudo pioneiro 
realizado em uma farmácia hospitalar de Belo Horizonte, em 2003, registrou-se 
uma taxa de 34%32. Em um hospital de Salvador, em pesquisa realizada em 2004, 
20% dos medicamentos foram dispensados com erro e após a conferência 
realizada por um farmacêutico registrou-se uma redução de 31% nos erros. 
Em 2005, a pesquisa de erros de dispensação realizada em um hospital 
pediátrico do Espírito Santo detectou 11,5%. Os erros de dispensação podem ser 
classificados em erros de conteúdo, erros de rotulagem e erros de documentação. 
Errar é humano, logo não existem sistemas livres de erros. Entretanto, é 
possível desenhar sistemas mais seguros que os atuais, que consigam evitar 
eventos adversos aos pacientes, a exemplo de outros setores de risco, como na 
aviação e nas indústrias químicas e nucleares. 
 
 
11 
Esses sistemas se baseiam na introdução de diferentes tipos de medidas 
direcionadas não só a prevenir, como também a tornar os erros visíveis, ou seja, 
detectá-los e interceptá-los a tempo de impedir que atinjam o paciente. Além 
disso, é preciso introduzir medidas que reduzam as possíveis consequências dos 
erros, caso falhem as medidas anteriores e os erros atinjam os pacientes. 
TEMA 5 – CENTRO DE INFORMAÇÕES DE MEDICAMENTOS (CIM) 
A farmácia é responsável por prover à equipe de saúde, estudantes e 
pacientes, familiares, cuidadores e sociedade informações técnico-científicas 
adequadas sobre eficácia, segurança, qualidade e custos dos medicamentos e 
produtos para saúde. 
O uso racional de medicamentos consiste no recebimento do medicamento 
adequado para as necessidades clínicas do paciente, na dose correspondente 
aos seus requisitos individuais, durante o período adequado e ao menor custo 
possível para ele e para a sociedade. Para tanto, a disponibilidade de fontes de 
informação técnico-científicas sobre medicamentos que sejam confiáveis, 
atualizadas e independentes, assim como sua utilização apropriada, são 
requisitos indispensáveis. 
A Organização Mundial da Saúde reconhece que os Centros de Informação 
sobre Medicamentos (CIM) estão entre as atividades efetivas para promover o uso 
racional de medicamentos. Um medicamento deve ser acompanhado de 
informação apropriada. A qualidade desta é tão importante quanto a qualidade do 
produto farmacêutico, pois, assim como a promoção dos medicamentos, pode 
influenciar em grande medida a forma em que são utilizados. O monitoramento e 
o controle dessas atividades são partes essenciais de uma política nacional de 
medicamentos. 
A necessidade de serviços de informação sobre medicamentos é mais 
evidente quando se considera que a documentação que frequentemente está ao 
alcance dos profissionais da saúde é aquela proporcionada pela indústria 
farmacêutica e, portanto, com alto componente publicitário e comercial. 
Além disso, a entrega de amostras grátis para os médicos, as quais 
geralmente acompanham a publicidade dos medicamentos, influi de forma quase 
compulsiva na prescrição médica, evitando a análise objetiva e científica que se 
requer na consideração das alternativas de tratamento. Por isso, medidas devem 
ser adotadas para melhorar a farmacoterapia. 
 
 
12 
A disponibilidade, acessibilidade e uso de informação independente sobre 
medicamentos, em formato apropriado e relevante para a prática clínica atual, 
estão entre essas medidas, o que é fundamental para o uso racional e efetivo de 
medicamentos. No contexto brasileiro, a Política Nacional de Medicamentos e a 
Política Nacional de AssistênciaFarmacêutica preveem a revisão permanente da 
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais e a publicação do Formulário 
Terapêutico Nacional como estratégias para a promoção do uso racional de 
medicamentos. 
Os Centros de Informação sobre Medicamentos (CIM) são definidos como 
unidades operacionais que proporcionam informação técnico-científica sobre 
medicamentos de forma objetiva e oportuna, constituindo uma ótima estratégia 
para atender a necessidades particulares de informação. Para isso, contam com 
fontes de informação sobre medicamentos apropriadas e com profissionais 
especialmente capacitados que geram informação independente e pertinente às 
solicitações formuladas ou à necessidade que se identifique. 
Em 1962, foi criado o primeiro Centro de Informação sobre Medicamentos 
do mundo, no Centro Médico da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos. 
A notória ajuda que os CIM trouxeram para o desenvolvimento da 
farmacoterapêutica racional teve como consequência a rápida difusão dessa 
atividade pelo mundo. 
Em 1995, o Conselho Regional de Farmácia do Paraná implantou o seu 
CIM, visando melhorar as condições de trabalho da classe farmacêutica 
paranaense. Hoje, o CIM/CRF-PR conta com dois farmacêuticos trabalhando em 
período integral e atende a cerca de 800 solicitações de informação por ano, a 
grande maioria feita por farmacêuticos de todo o estado. 
Desde 2013, o CIM/CRF-PR passou a ser signatário da Rede Brasileira de 
Centros e Serviços de Informação sobre Medicamentos (Rebracim), instituída pelo 
Ministério da Saúde através da Portaria n. 2.647/2013 (CRF-PR). 
Para tanto, devem estar disponíveis, fontes adequadas de informações 
primárias, secundárias e terciárias, isentas e atualizadas, possibilitando à equipe 
da farmácia acesso a referências idôneas sobre: farmacoterapia, farmacotécnica, 
controle de qualidade, custos e legislação, entre outros. É de relevância a 
participação do farmacêutico no suporte de informações às comissões 
multiprofissionais institucionais. 
 
 
13 
Nessas comissões, o farmacêutico deverá primar pela utilização de 
informações baseadas em evidências. As informações científicas prestadas e 
intervenções farmacêuticas realizadas devem ser registradas e documentadas. 
Além das informações demandadas (informações passivas), a farmácia 
deve prover informações ativas, por meio da elaboração de guias, boletins e 
educação permanente, entre outros, sendo necessário dispor minimamente de 
acesso à internet, em especial aos centros formais de informações toxicológicas 
e de medicamentos. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
ANACLETO, T. A. et al. Erros de medicação. Pharmacia Brasileira, São Paulo, 
jan./fev. 2010. 
ARRAIS, P. S. D.; FONTELES, M. M. de F.; COELHO, H. L. L. Farmacovigilância 
Hospitalar. In: MAIA NETO, J. F. (Org.). Farmácia Hospitalar suas interfaces 
com a saúde. São Paulo: Rx, 2005. p. 273-300. 
ARRAIS, P. S. D.; COELHO, H. L. L.; GOMES, A. P. et al. Desenvolvimento da 
farmacovigilância no Ceará: a experiência do Centro de Farmacovigilância do 
Ceará (CEFACE) no ano de 1998. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS 
FARMACÊUTICAS DO RIO DE JANEIRO, Resumos, p. 117‑118. Rio de Janeiro: 
Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro, 1999. 
ASHP Report. 2003 ASHP Leadership Conference on Pharmacy Practice 
Management. Executive Summary: Looking to the future: Leading and managing 
change. Am J Health-Syst Pharm, v. 61, n. 10, p. 1052-1055, 2004. 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n. 59, de 24 de novembro 
de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 nov. 2009, Seção 1, p. 58. 
______. RDC n. 67, de 1º de outubro de 2007. Diário Oficial da União, Poder 
Executivo, Brasilia, DF, 8 de outubro de 2007, Seção 1. Disponível em 
<http://www.anvisa.gov.br/ legis/resol/2007/rdc/67_rdc_anexo.pdf>. Acesso em: 
15 maio 2019. 
CARDOSO, C. Análise das atividades desenvolvidas em farmácia hospitalar 
para automação: um estudo de caso em dois hospitais do Distrito Federal. Brasil. 
Brasília: 2013. 
CINA, J. et al. Implementing a bar code repackaging center: a case study of the 
process from the department of pharmacy services Brigham & Women’s Hospital 
in Boston. Pharm Purchasing Products, v. 1, p. 10-11, 2004. 
CRF-PR – Conselho Regional de Farmácia do Paraná. Centro de Informação 
sobre Medicamentos: o que é. Disponível em: <http://crf-
pr.org.br/pagina/visualizar/52>. Acesso em: 15 maio 2019. 
FLORENTINO, G. H. P. et al. Hospital Automation RFID-Based: Technology Stored 
In Smart Cards. World Congress on Engineering (WCE 2008), ICSBB 2008- The 
 
 
15 
2008 International Conference of Systems Biology and Bioengineering. London, 
U.K., 2-4 July 2008. 
FREITAS, M. S. T.; ROMANO-LIEBER, N. S. Condições de implantação e 
operação da farmacovigilância na indústria farmacêutica no Estado de São Paulo. 
Cad. Saúde Pública, v. 23. n. 1, p. 167-175, jan. 2007. 
KOHN, L. T.; CORRIGAN, J. M.; DONALDSON, M. S. To Err is Human: Building 
a safer health system. Washington, DC. National Academy Press; 2000. 
LEITE, C. R. M.; ARAUJO, B. G.; VALENTIM, R. A. M., et al. Capitulo 6: Novas 
tecnologias para automação hospitalar. Disponível em: 
<http://arquivos.info.ufrn.br/arquivos/2012128200831411116588f708c84d326/mc
6.pdf>. Acesso em: 21 maio 2019. 
MALTA, N. G. Rastreabilidade de medicamentos na farmácia hospitalar. São 
Paulo, 2010. 
_____. Automação no processo de uso do medicamento. In: FERRACINI, F; 
FILHO, W. Prática Farmacêutica no ambiente hospitalar, do planejamento à 
realização. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2010. p 137-183. 
MARK, H. S.; DENNIS, A. T. Opportunities and challenges related to technology in 
supporting optimal pharmacy practice models in hospitals and health systems. 
American Journal of Health-System Pharmacy, v. 68, p. 1116-26, 2011. 
NITZAN, D.; ROSEN, C. A. Programmable Industrial Automation. Transactions 
on Computers, v. C-25, Issue 12, p.1259-70, 1976. 
OSWALD, S., CALDWELL, R. Dispensing error rate after implementation of an 
automated pharmacy carousel system. American Journal of Health-System 
Pharmacy, v. 64, p. 1427-31, 2007. 
SBRAFH – SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMÁCIA HOSPITALAR. Padrões 
mínimos para farmácia hospitalar. 3. ed. São Paulo, 2017. 
SERAFIM, S. A. D., et al. Assessment of informatization for the dispensing of 
medications at a university hospital. CLINICS, v. 65, n.4, p. 417-24, 2010. 
STORPIRTS, S.; MORI, A.L.P.M.; YOCHIY, A.; RIBEIRO, E.; PORTA, V. O 
farmacêutico na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar In: STORPIRTS, S. 
Ciências Farmacêuticas: farmácia clínica e atenção farmacêutica. 1. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. Cap. 22, p. 202-222.

Continue navegando

Outros materiais