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Um novo conceito em Educação 1 INSTITUTO TOCANTINENSE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E PESQUISA LTDA– FACULDADE ITOP “Construindo competências que agregam valor profissional” PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM CONTABILIDADE, CONTROLADORIA E FINANÇAS Módulo: Contabilidade Empresarial Profª.Doriane Braga Nunes Bilac GRADUAÇÃO: Ciências Contábeis, Direito, Administração e Processamento de Dados ESPECIALIZAÇÃO: Auditoria e Planejamento Educacional MESTRADO: Contabilidade Avançada MESTRADO: Educação (cursando) DOUTORADO: Sociologia Contato Cel. 981298866 zap. E-mail: doribilac@gmail.com PALMAS – TO/2016. Um novo conceito em Educação 2 PLANO DA DISCIPLINA EMENTA: Cenário Contábil; Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, Elementos das Demonstrações Contábeis; Avaliação de Desempenho e Internacionalização da Contabilidade Brasileira. OBJETIVO GERAL: A disciplina tem por objetivo tratar das questões conceituais no campo da Contabilidade Empresarial, propiciando ao aluno uma compreensão da integração conceitual e sistêmica das diversas teorias e suas aplicações para mensuração e avaliação das transações realizadas no ambiente organizacional. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Apresentar a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade adaptada às normas da lei 11.638/07 Capacitar os alunos a planejar, controlar e tomar decisões empresariais; Demonstrar os modelos de avaliação de empresa no Brasil, mais efetivamente os modelos fundamentados em Finanças Corporativas e Valor; JUSTIFICATIVA: Com a internacionalização dos mercados e intensificação da competitividade empresarial, existe uma preocupação intensa por parte das empresas na permanência ou na inserção nesse mercado competitivo. Diante desse cenário, administrar bem um negócio é um fator primordial para garantir a sobrevivência da empresa. Para obter informações relevantes para gerenciar um negócio, empreendedores e gestores têm uma ferramenta poderosíssima a sua disposição a “CONTABILIDADE”. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: Cenário Contábil Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade Avaliação de Empresas Finanças Corporativas e Valor Internacionalização da Contabilidade Brasileira PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: O módulo será desenvolvido de maneira a privilegiar o processo de reflexão do acadêmico, através de aulas remotas com aplicação de exercícios de verificação de aprendizagem, pesquisas e leituras de textos, bem como a realização de trabalhos individuais. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: A avaliação será realizada da seguinte maneira: Atividade online realizada pelo google formulários até o dia 23-8-2020 BIBLIOGRAFIA: Básica: ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Coorporativas e Valor. Ed. Atlas. SP. ASSAF NETO, Alexandre. Contribuição ao Estudo da Avaliação de Empresas no Brasil: Uma Aplicação Prática. 202 P. Tese de livre docência FEA-RP/USP, Ribeirão Preto-SP, 2003. DAMODARAN, Aswath. Finanças Coorporativas: teoria e prática. Ed. Bookman. SP. HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. 4. ed. São Paulo. Atlas, 2003 IUDICIBUS, Sergio de. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998. Um novo conceito em Educação 3 LOPES, João do Carmo; Rossetti, José Paschoal. Economia monetária. São Paulo: Atlas, 1998. MARION, José Carlos. Análise dos demonstrativos contábeis: contabilidade empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2005. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. PRONUNCIAMENTOS CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Acesso 06/2010. http://www.cpc.org.br SANVICENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997. SECURATO, José Roberto. Cálculo Financeiro das Tesourarias. Ed. Saint Paul Institute. SP. SCHRICKEL, Wlfgang Kurt. Demonstrações financeiras: abrindo a caixa preta como interpretar balanços para concessor de empréstimos. São Paulo. Atlas, 1997. Sumário Tema 1 – Contabilidade: noções gerais Pg. 4 Tema 2 – Demonstrações contábeis Pg. 15 Tema 3 – Análise financeira e econômica das demonstrações Pg. 22 http://www.cpc.org.br/ Um novo conceito em Educação 4 Tema 1 – CONTABILIDADE: noções gerais Conceito Segundo Franco (1997, p.21), a Contabilidade é: “A ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração expositiva, a análise e a interpretação desses fatos, com o fim de oferecer informações e orientação – necessárias à tomada de decisões – sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial”. Campo de Aplicação e Objeto de Estudo Segundo Franco (1997, p.19), O objeto da contabilidade “é o patrimônio e seu campo de aplicação o das entidades econômico-administrativas, assim chamadas aquelas que para atingirem seu objetivo, utilizam bens patrimoniais e necessitam de um órgão administrativo que pratica os atos de natureza econômica e financeira necessária a seus fins”. A Resolução 774, de 16 de dezembro de 1994, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC 2000, p.30) define o patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma pessoa física ou a um conjunto de pessoas, como ocorrem nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, em seu aspecto estático (econômico e financeiro) e dinâmico (variações sofridas pela riqueza patrimonial) e nos seus aspectos qualitativos e quantitativos. Na verdade, o patrimônio é estudado em seus aspectos qualitativos e quantitativos, e a própria Resolução do CFC caracteriza que por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias etc. Enquanto o atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que seja “valor”, porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados (CFC 2000:31). Genericamente, pode-se dizer que Entidade pode ser uma pessoa física (individual) ou jurídica (coletiva), isto é, entidade pode ser qualquer tipo de sociedade, instituição ou mesmo conjunto de pessoas, tais como: famílias, empresas, governos (nas diferentes esferas de poder), sociedades cooperativas, sociedades beneficentes (religiosas, culturais, esportivas, de lazer, técnicas) etc. Pessoa Física é todo ser humano, sem qualquer exceção, ou seja, você, eu, seu colega etc. e Pessoa Jurídica é a união de indivíduos que, através de um contrato reconhecido por lei, formam uma nova pessoa, com personalidade distinta da de seus membros. As pessoas jurídicas podem ter fins lucrativos (empresas industriais, comerciais etc.) ou não (cooperativas, associações culturais, recreativas, asilos, creches, escolas públicas etc.). Normalmente, as pessoas jurídicas denominam-se empresas (MARION, 2004, p.28). Objetivo da Contabilidade Para Franco (1997, p.19), o objetivo da contabilidade é “fornecer informações, interpretações e orientações sobre a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores”. Função da Contabilidade . Para Franco (1997, p.19), “A função é registrar, classificar, demonstrar, auditar e analisar todos os fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, objetivando fornecer informações, interpretações e orientação sobre a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores”. Em Favero et Alli (1997, p.13), Um novo conceitoem Educação 5 “Analisar, interpretar e registrar os fenômenos que ocorrem no patrimônio das pessoas físicas e jurídicas, buscando demonstrar a seus usuários, através de relatórios próprios (Demonstração de Resultado do Exercício, Demonstração das Mutações de Patrimônio Líquido ou Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, Balanço Patrimonial, Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos e outros), as informações diversas sobre a empresa tais como: análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, os bancos, as financeiras e aos clientes etc..” Contabilidade é um meio de expressar os planos e um instrumento para registrar e demonstrar os resultados das transações econômicas realizadas pelas entidades. Pelo registro de todos os fatos relacionados com a constituição, movimentação e variações do patrimônio, a contabilidade exerce seu controle, produzindo informações necessárias à ação dos gestores das entidades tais como: capacidade de pagamento das obrigações; nível de endividamento; retorno dos investimentos realizados; necessidade de buscar recursos; a evolução da entidade; os gastos realizados; onde os recursos foram aplicados etc. Conforme o exposto, fica evidente o estreito relacionamento da contabilidade com diversas áreas do conhecimento. FONTE: GODOY E ARAÚJO (2007) Usuários da Contabilidade Os usuários são as pessoas que se utilizam da Contabilidade, que se interessam pela situação da empresa e buscam nos instrumentos contábeis as suas respostas. Podem ser divididos em: usuários internos e usuários externos. a) Usuários Internos: são todas as pessoas ou grupos de pessoas relacionadas com a empresa e que têm facilidade de acesso às informações contábeis, tais como: Gerentes: para a tomada de decisões; Funcionários: com interesse em pleitear melhorias; Diretoria: para a execução de planejamentos organizacionais. b) Usuários Externos: são todas as pessoas ou grupos de pessoas sem facilidade de acesso direto às informações, mas que as recebem de publicações das demonstrações pela entidade, tais como: Bancos: interessados nas demonstrações financeiras a fim de analisar a concessão de financiamentos e medir a capacidade de retorno do capital emprestado; Qual é a importância da Contabilidade para o planejamento e controle das entidades? CONTABIIDADE Estatística Filosofia Direito Informática Matemática Administração Economia Psicologia Um novo conceito em Educação 6 GERENCIAL Concorrentes: interessados em conhecer a situação da empresa para poder atuar no mercado; Governo: que necessita obter informações sobre as receitas e as despesas para poder atuar sobre o resultado operacional no que concerne a sua parcela de tributação e planejamento macroeconômico; Fornecedores: interessados em conhecer a situação da entidade para poder continuar ou não as transações comerciais com a entidade, além de medir a garantia de recebimento futuro; Clientes: interessados em medir a integridade da entidade e a garantia de que seu pedido será atendido nas suas especificações e no tempo acordado; Investidores: através dos relatórios contábeis, os investidores identificam a situação econômico-financeira da empresa para poder decidir sobre as melhores alternativas de investimentos. Técnicas Contábeis Para realizar o controle patrimonial, a contabilidade desenvolveu algumas técnicas: Escrituração: é o registro das transações realizadas pelas empresas; Demonstrações Contábeis: é a exposição ordenada do patrimônio registrado (balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração do fluxo de caixa, demonstração do lucro e prejuízo acumulado, demonstração das mutações do patrimônio liquido, demonstração do valor adicionado). A Lei das S/As denomina os relatórios contábeis de Demonstrações Financeiras, enquanto que as outras normas os denomina de Demonstrações Contábeis. Auditoria: consiste em verificar a veracidade da situação patrimonial; Análise de Balanços: consiste em examinar as demonstrações para identificar os pontos positivos e negativos da gestão empresarial. Ramos da contabilidade De sua estrutura inicial voltada para as necessidades de registros dos fatos de comércio, a Contabilidade foi ampliando seu campo de atuação e se ramificando para registrar e controlar as finanças governamentais, os negócios das indústrias, dos bancos e entidades de financiamento, de seguros, da pecuária e da agricultura, de prestadores de serviços, de entidades sem fins lucrativos e de todo tipo de entidades que foram surgindo ao longo do tempo e que necessitam de controle patrimonial, econômico e financeiro (TEIXEIRA, 2006). As entidades realizam diversificadas e complexas atividades econômicas. E em todas elas aplicaremos a Contabilidade. Todavia, devido a esse leque de atividades desenvolvidas pelas entidades, surgiram várias especializações dentro da Contabilidade, tais como: o Contabilidade Comercial: Quando é utilizada pelas empresas comerciais (compra e venda de mercadorias, com o objetivo de lucros). o Contabilidade de Serviços: Quando é utilizada pelas empresas prestadoras de serviços. o Contabilidade Industrial: quando tem por objetivo o controle e a geração de informações sobre a produção e a comercialização dos bens fabricados. o Contabilidade Agrícola: criada para atender as empresas agrícolas, fazendas, granjas etc. o Contabilidade Bancária: usada pelas empresas ligadas ao sistema financeiro, segue padrões fixados pelo próprio governo, visando a unificação de dados de modo a agilizar as informações sobre as atividades das instituições bancárias, financeiras, corretoras etc. o Contabilidade Pública: controla os recursos empregados no desenvolvimento econômico e social. o Contabilidade Hospitalar: Quando aplicada as casas de saúde, hospitais, postos de saúde etc. o Contabilidade Securitária: Quando aplicada a empresas de seguros, etc. CONTABILIDADE COMERCIAL INDUSTRIAL PÚBLICA RURAL FINANCEIRA IMOBILIÁRIA SEGUROS E PREVIDÊNCIA PRIVADA SOCIEDADES POR AÇÕES HOTELARIA COOPERATIVAS CUSTOS Um novo conceito em Educação 7 PATRIMÔNIO Podemos definir Patrimônio como sendo o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa (entidade ou azienda). a) BENS: são coisas capazes de satisfazer as necessidades do ser humano e que são suscetíveis de avaliação econômica. Podem ser classificados em: Bens de Uso Bens de Consumo Bens de troca/venda Máquinas Móveis e utensílios Computador Material de limpeza Alimentos para os funcionários Material de escritório Mercadorias b) DIREITOS: são todos os valores que a empresa tem a receber de terceiros. Ao serem registrados, recebem o nome do documento acrescido da expressão a Receber (Duplicata a receber, Nota Promissória a Receber etc). c) OBRIGAÇÕES: conhecido como “obrigações exigíveis”, são todos os valores que a empresa deve pagar a terceiros. Ao serem registrados, recebem o nome do documento acrescido da expressão a Pagar (Duplicata a pagar, Nota Promissória a pagar, Imposto a pagar etc). Para que a Contabilidade alcance seu objetivo de fornecer informações sobre a situação patrimonial, ela precisa representar o Patrimônio de alguma forma. A maneira escolhida foi a representação em forma gráfica (forma de “T”), conforme o modelo a seguir: PATRIMÔNIO BENS DIREITOS OBRIGAÇÕES O lado esquerdo é denominado contabilmente de Ativo e o direito de Passivo. Veja seus significados: a) ATIVO: É o lado esquerdo do gráfico patrimonial. Recebe este nome porque é composto pelos Bens e pelos Direitos (contas A Receber), que formam o conjunto dos elementos positivos da empresa.b) PASSIVO: É o lado direito do gráfico patrimonial. Recebe este nome porque é composto pelas Obrigações (contas a Pagar), as quais formam o grupo dos elementos negativos da empresa. PATRIMÔNIO ATIVO PASSIVO BENS DIREITOS OBRIGAÇÕES O gráfico na forma da letra “T”, utilizado para representar o patrimônio das empresas, denomina-se Balanço Patrimonial. Balanço lembra balança de dois pratos. Para que haja equilíbrio entre os dois pratos, o peso total do lado direito deve ser igual ao do lado esquerdo. A empresa também precisa estar em equilíbrio. Sendo assim, para que o Balanço Patrimonial possa refletir adequadamente a situação financeira da empresa, o total do lado direito deverá ser igual ao total do lado esquerdo. Lado direito ou Lado das Aplicações de recursos = Lado esquerdo ou Lado das Origens de recursos Ativo = Passivo Bens + Direitos = Obrigações Na prática, nem sempre a soma dos bens e direitos é igual à soma das obrigações. Para que essa igualdade seja concretizada aparecerá no gráfico um outro grupo de elementos patrimoniais que denominaremos de Patrimônio Líquido. Esse novo elemento será colocado no gráfico sempre no lado do Passivo. Podemos então representar o patrimônio da seguinte maneira: HOSPITALAR Lado Direito ou Lado das Origens de recursos Lado Esquerdo ou Lado das Aplicações Um novo conceito em Educação 8 BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Bens Direitos Obrigações Patrimônio Líquido Transcrevemos a seguir um balanço patrimonial, num modelo bem simplificado para que você possa perceber sua estrutura. EMPRESA BOM COMEÇO S/A BALANÇO PATRIMONIAL em 31/12/2009 ATIVO = Aplicações de recursos PASSIVO = Origens de recursos BENS OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS Caixa 100 Contas a Pagar 1.200 Móveis 1.000 Títulos a Pagar 800 Terrenos 5.000 Duplicatas a Pagar 1.700 Veículos 6.000 Empréstimos 1.800 Mercadorias 2.000 Salário a Pagar 900 Imposto a Pagar 200 DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO - PL Conta a Receber 500 Capital Social 8.000 Duplicar a Receber 600 Lucro 1.500 Título a Receber 400 Prejuízo (500) TOTAL DO ATIVO 15.600 TOTAL DO PASSIVO 15.600 A equação fundamental do patrimônio é uma fórmula que evidencia o equilíbrio patrimonial. ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO BENS + DIREITOS = OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS + PATRIMÔNIO LÍQUIDO O passivo, neste momento, é entendido como o total das obrigações exigíveis. Patrimônio Líquido (PL): É a diferença entre o total do Ativo e o total das Obrigações exigíveis. Representa a riqueza que a empresa possui. Também é conhecido como situação líquida (SL). SL ou PL = Ativo - Passivo Ou SL ou PL = Bens + Direitos – Obrigações Exigíveis Para calcularmos a situação líquida devemos ter em nossas mãos o valor total do lado do ativo e o valor total das obrigações exigíveis. Ao subtrairmos esses montantes teremos o valor da situação líqüida ou patrimônio líquido. Veja no exemplo abaixo: BALANÇO PATRIMONIAL em 31/12/2004 ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES EXIGIVEIS Caixa 100 Contas a Pagar 300 DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQÜIDO Duplicar a Receber 600 ????? TOTAL DO ATIVO 700 TOTAL DO PASSIVO ????? Total do Ativo= Bens + Direitos = 100 + 600 = 700 Total das Obrigações exigíveis = 300 Situação Líquida = Ativo – obrigações exigiveis = 700 – 300 = 400 Os elementos patrimoniais podem estar configurados com valores diversos. Com conseqüência, poderão gerar situações líquidas patrimoniais diferentes, tais como: positiva, negativa, nula, plena ou passivo a descoberto. Lado Direito ou Lado das Origens de recursos Lado Esquerdo ou Lado das Aplicações de recursos Um novo conceito em Educação 9 a) SITUAÇÃO LÍQÜIDA POSITIVA, ATIVA OU SUPERAVITÁRIA BALANÇO PATRIMONIAL Ativo > Obrigações A = O + PL O = A – PL PL = A – O Ativo > zero Obrigações > zero PL > zero ATIVO (A) PASSIVO (P) Bens (B) 100 Direitos (D) 80 Obrigações (O) 50 Patrimônio Líqüido (PL)130 TOTAL ATIVO 180 TOTAL PASSIVO 180 b) SITUAÇÃO LÍQÜIDA NEGATIVA, PASSIVA, DEFICITÁRIA, PASSIVO A DESCOBERTO BALANÇO PATRIMONIAL Ativo < Obrigações A = O - PL O = A + PL PL = O – A Ativo > zero Obrigações > zero PL < zero ATIVO (A) PASSIVO (P) Bens(B) 80 Direitos(D) 20 Obrigações (O) 150 Patrimônio Líqüido (PL) ( 50) TOTAL ATIVO 100 TOTAL PASSIVO 100 c) SITUAÇÃO LÍQÜIDA NULA BALANÇO PATRIMONIAL Ativo = Obrigações A = O O = A PL = ZERO Ativo > zero Obrigações > zero PL = zero ATIVO (A) PASSIVO (P) Bens(B) 180 Direitos(D) 20 Obrigações (O) 200 Patrimônio Líqüido (PL) 00 TOTAL ATIVO 200 TOTALPASSIVO 200 d) SITUAÇÃO LÍQÜIDA DE INEXISTÊNCIA DE ATIVO BALANÇO PATRIMONIAL Ativo < Obrigações A = ZERO O = A + PL PL = A - O Ativo = zero Obrigações > zero PL < zero ATIVO (A) PASSIVO (P) Bens(B) 00 Direitos(D) 00 Obrigações (O) 40 Patrimônio Líqüido (PL) (40) TOTAL ATIVO 00 TOTAL PASSIVO 00 e) SITUAÇÃO LÍQÜIDA PLENA ou INEXISTÊNCIA DE PASSIVO BALANÇO PATRIMONIAL Ativo > Obrigações A = O + PL O = A – PL PL = A – O Ativo > zero Obrigações = zero PL > zero ATIVO (A) PASSIVO (P) Bens (B) 30 Direitos (D) 20 Obrigações (O) 00 Patrimônio Líqüido (PL) 50 TOTAL ATIVO 50 TOTAL PASSIVO 50 Nessas três situações líqüidas, ou seja, positiva, negativa e nula o Ativo e o Passivo sempre foram maiores que ZERO. O encerramento de atividades é um dos raros momentos em que esta situação poderá acontecer. A constituição da empresa é um dos raros momentos em que esta situação poderá acontecer. Um novo conceito em Educação 10 Ao analisar as situações patrimoniais apresentadas, você deverá ter concluído que o Ativo e o Passivo somente poderão ser iguais ou maiores que zero, mas o Patrimônio Líquido (PL) poderá ser menor, igual ou maior que zero. Sendo assim, a única situação impossível de acontecer será aquela em que o Patrimônio Líqüido nunca poderá ser superior ao valor total do Ativo. O balanço Patrimonial é um dos relatórios que demonstra as origens e aplicações de recursos de uma entidade. Você então poderia perguntar: “Qual lado representa a origem e qual a aplicação de recursos?”. Bem, vamos responder analisando o Balanço abaixo. BALANÇO PATRIMONIAL em 31/12/2004 ATIVO PASSIVO BENS OBRIGAÇÕES Caixa 100 Contas a Pagar 150 Móveis 200 DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQÜIDO Duplicar a Receber 600 Capital Social 750 TOTAL DO ATIVO 900 TOTAL DO PASSIVO 900 Analisando o Balanço, podemos identificar o total de recursos (R$ 900) que a empresa obteve e que está à sua disposição. O lado do Ativo mostra onde a empresa aplicou os recursos (Bens = R$ 300 e direitos = R$ 600); o lado do passivo, onde a empresa conseguiu esses recursos (Obrigações = R$ 150 e Patrimônio Líqüido = R$ 750). Veja melhor: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO APLICAÇÕES DE RECURSOS Em Bens Em Direitos ORIGENS DE RECURSOS De terceiros (passivo exigível) Próprio (patrimônio líqüido) TOTAL DAS APLICAÇÕES TOTAL DAS ORIGENS a) Ativo: Aplicação de Recursos Os recursos que a empresa possui a sua disposição podem ser aplicados em: Aplicações não circulantes - correspondem às aplicações realizadas em bens e direitos que serão utilizados pela empresa (imobilização técnica – veículos, móveis, marcas e patentes, despesas com a organização da empresa etc) e em bens e direitos que não serão utilizados pela empresa, mas que geram renda para a mesma (imobilizações financeiras – obras de arte, imóveis para alugar, ações de outrasempresas etc), assim como bens e direitos que serão convertidos em dinheiro e transformados ou consumidos após o final do próximo exercício social, tais como: duplicatas a receber de longo prazo. Aplicações circulantes – correspondem às aplicações em bens e direitos que serão convertidos em dinheiro e transformados ou consumidos dentro do exercício social, tais como: caixa, banco, mercadorias, duplicatas a receber, despesas antecipadas, materiais de consumo, aplicações financeiras etc. Aplicações de Recursos Aplicação Permanente Imobilização técnica Bens de uso Direitos de uso Imobilização financeira Bens de renda Direitos de renda Bens numerários Bens de consumo ou de transformação Um novo conceito em Educação 11 Aplicação Circulante ou Corrente Bens de venda Direitos de funcionamento Direitos de financiamento Aplicações financeiras b) Passivo: Origem dos Recursos Os recursos totais que estão à disposição da empresa podem originar-se de duas fontes: Recursos de Terceiros - correspondem às obrigações exigíveis, isto é, são recursos de terceiros que a empresa utiliza no seu giro normal. Esses recursos podem originar-se em conseqüência de dívidas contraídas para a empresa funcionar (fornecedores, obrigações fiscais, obrigações trabalhistas, obrigações previdenciárias etc) e de dívidas contraídas junto a instituições financeiras (empréstimos e financiamentos). Recursos Próprios – correspondem às obrigações não exigíveis. Esses recursos podem originar-se em conseqüência do capital inicial investido pelo titular (capital social), sócio ou acionista na empresa, bem como pelos resultados calculados em decorrência da gestão normal da empresa (lucros e reservas) Origem de Recursos Capital Próprio (não exigível) Titular, Sócio, Acionista Formação do capital Reserva de capital Das Operações Reserva de lucro Lucro acumulado Resultado de Exercício Futuro Capital de Terceiros (exigível) Obrigações de funcionamento Obrigações de financiamento c) Passivo: Obrigações Exigíveis e Não Exigíveis As obrigações estão divididas em dois grupos: as obrigações exigíveis (ou capital de terceiros) e as obrigações não-exigíveis (ou capital próprio ou patrimônio líquido). Exigíveis (capital de terceiros): São exigíveis por terem data certa de vencimento e, portanto, necessitam de liquidação presente e futura. Podemos citar como exemplos: duplicatas a pagar, financiamentos, salários a pagar, ICMS a recolher, IR a pagar, obrigações previdenciárias etc. Não Exigíveis (capital próprio): São não exigíveis por não existir data certa para sua liquidação. Estão demonstradas no Patrimônio Líquido. Podemos citar como exemplo as contas: capital social (valor aplicado na empresa pelos sócios ou acionistas) lucro ou prejuízo (resultados obtido em conseqüência do funcionamento da empresa), reservas (valores retidos para destinações específicas). O capital Social é definido como obrigação porque a empresa está devendo este valor para seus proprietários e, por lei, estes não podem exigir seus recursos de volta, enquanto a empresa estiver em funcionamento. Termos técnicos envolvendo o Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA DE UMA PESSOA JURÍDICA ATIVO PASSIVO BENS Dinheiro no Banco........ R$ 100 Poupança ................. R$ 3.000 TV a cores ................ R$ 900 Automóvel ............... R$ 10.000 Imóveis ........ ........... R$ 35.000 R$ 49.000 OBRIGAÇÕES Prestações dos Imóveis ........... R$ 20.000 Prestações do automóvel ......... R$ 8.500 Prestações da TV ..................... R$ 500 R$ 29.000 PATRIMÔNIO LÍQÜIDO Capital social R$19.000 Lucro R$ 2.000 R$ 21.000 DIREITOS Valor a receber de José R$ 1.000 TOTAL DO ATIVO R$ 50.000 TOTAL DO PASSIVO R$ 50.000 Capital total = Recurso total = R$ 50.000 Um novo conceito em Educação 12 Capital Nominal = Capital Social = Capital Inicial R$ 19.000 = Capital Subscrito Capital de Terceiros = Obrigações Exigíveis = R$ 29.000 Capital Próprio =Obrigação não-exigível = Patrimônio Líqüido = R$ 21.000 Patrimônio Bruto = R$ 50.000 = Total ativo = Total passivo Total das origens = Total do Passivo = R$ 50.000 Total das Aplicações = Total do Ativo = R$ 50.000 Situação Líquida = Patrimônio Líqüido = R$ 21.000 BALANCETE DE VERIFICAÇÃO A contabilidade registra as transações realizadas pelos gestores nas contas patrimoniais (bens, direitos e obrigações) e nas contas de resultado (receitas e despesas). Após o registro para verificar se foram realizados de forma correta deve ser elaborado o Balancete de Verificação. Em conformidade com a Resolução nº 85/90, do Conselho Federal de Contabilidade, o Balancete de Verificação, ou simplesmente Balancete, é um relatório contábil que relaciona todas as contas do Livro Razão com seus respectivos saldos devedores ou credores, dispostas na mesma ordem do Plano de Contas elaborado. Ele deve ser elaborado periodicamente ou de acordo com as necessidades da administração. Esse relatório serve para mostrar se o método das partidas dobradas (débito e crédito) foram realizados de acordo com as normas de contabilidade. O balancete de verificação pode ter várias estruturas. Apresentamos a formatação composta de Seis colunas de valores monetários. Neste modelo, deve ser apresentado o saldo do período anterior, o movimento do período atual e o respectivo saldo final de cada conta. É conhecido como Balancete Complexo. Veja a seguir um modelo. EMPRESA SAPO LTDA BALANCETE DE VERIFICAÇÃO ELABORADO EM 28/02/2005 REFERENTE AO PERÍODO DE FEVEREIRO DE 2005 CONTAS SALDO ANTERIOR MOVIMENTO SALDO FINAL Devedor Credor Devedor Credor Devedor Credor Caixa 1.000 2.000 1.200 1.800 Mercadorias 5.000 1.000 2.000 4.000 Fornecedores 2.000 200 1.800 Capital 4.000 4.000 TOTAIS 6.000 6.000 3.200 3.200 5.800 5.800 Podemos observar no modelo acima que as somas dos valores lançados na coluna do movimento devem ser iguais entre si; o mesmo se aplica às somas dos valores lançados na coluna do saldo final e na coluna do saldo anterior. No entanto, os totais do saldo anterior, do movimento e do saldo podem ser diferentes. APURAÇÃO DO RESULTADO Após a elaboração do balancete de verificação pode ser iniciado o processo de avaliação do desempenho administrativo através da apuração do resultado. Apurar o resultado significa verificar, através das Contas de Resultado (receitas e despesas), se a movimentação do patrimônio da empresa apresentou Lucro ou Prejuízo no período. A legislação das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404, de 15/12/1976), estendida a todas as demais formas societárias, estabelece que a apuração do resultado deve ser realizada a cada exercício social. Exercício social tem a duração de um ano, mas não há necessidade de coincidir com o ano civil (01/01 a 31/12). A data de seu início e de seu término será fixada no contrato social. A legislação do imposto de renda, porém, estabelece que os balanços apresentados O lucro, nas empresas, ou o equilíbrio financeiro, nas entidades com fins sociais, é o elemento que demonstra os resultados econômicos da gestão econômica no período administrativo. Um novo conceito em Educação 13 como base para pagamento do imposto devem compreender o período de doze meses e encerrar-se em 31 de dezembro de cada ano, podendo esse período ser inferior a doze meses, quando a empresa for constituída no meio do exercício. O resultado é a avaliação da atividade administrativa, realizada em períodos de tempo que não poderá ultrapassar a 12 meses, pormeio da qual a Contabilidade identifica se a empresa apresentou lucro ou prejuízo. Despesa: é o gasto realizado para se obter um bem ou um serviço que foi consumido, quer os mesmos tenham sido pagos, quer permaneçam como obrigação a pagar. Receita: constituem a recuperação da despesa por parte da empresa através de venda à vista ou a prazo. Custo: constitui o valor pago ou a pagar pelas mercadorias, produtos ou serviços já vendidos. No comércio temos o CMV – custo da mercadoria vendida. Na indústria temos o CPV – custo dos produtos vendido e na prestadora de serviços temos o CSP – custo do serviço prestado. Sua fórmula é: FÓRMULA PARA CALCULAR O CMV CMV = Estoque Inicial + Compras líqüidas – Estoque Final FÓRMULA PARA CALCULAR AS COMPRAS LÍQUIDAS Compra Líqüida = compras – devoluções de compra - desconto incondicional obtido na compra – ICMS sobre a compra + frete na compra + seguro na compra Lucro ou Prejuízo: Quando o resultado for positivo, ou seja, o total da receita for maior que o total da despesa, a empresa estará obtendo Lucro. Quando for negativo, ou seja, o total da receita for menor que o total da despesa, a empresa estará sofrendo um Prejuízo. Lucro ou prejuízo na Venda de Mercadorias O resultado das transações realizadas com as mercadorias é conhecido como Resultado Bruto do Exercício ou, simplesmente, Lucro Bruto. Esse resultado poderá ser lucro ou prejuízo. A fórmula para calcular esse resultado é: FÓRMULA PARA CALCULAR O RESULTADO DA CONTA MERCADORIAS Lucro Bruto = Vendas Liquidas– Deduções com as vendas - CMV Deduções com a venda: devolução, descontos concedidos e impostos sobre a venda VEJA NO MODELO ABAIXO COMO APURAR O RESULTADO 1. Analise o balancete a seguir: CONTAS SALDO DEVEDOR CREDOR Caixa 1.000 Duplicata a Receber 100 Duplicata a Pagar 150 Salário a Pagar 300 Capital 1.000 Vendas 450 Juro Recebido 170 Desconto Obtido na compra 20 Compras de mercadorias 500 Despesa com venda 100 Despesa com Energia 30 Despesa com Juros Pagos 50 Desconto Concedido na venda 10 Despesa com Salário 300 TOTAIS 2.090 2.090 Um novo conceito em Educação 14 2 – Calcule o CMV com os dados descritos acima, sabendo que o estoque final de mercadorias totalizava R$ 30. CMV = ESTOQUE INICIAL + COMPRAS LÍQUIDAS – ESTOQUE FINAL CMV = 0,00 + (500,00- 20,00) – 30,00 CMV = 480,00 – 30,00 Cmv = 450,00 3 – Calcule o lucro e elabore a DRE- Demonstração do Resultado do Exercício. VENDAS BRUTAS = 450,00 (-) Deduções com a venda = 10,00 (desconto na venda, impostos na venda – devolução de venda) = VENDA LÍQUIDA = 440,00 (-) CMV = 450,00 = PREJUIZO BRUTO = (10,00) (-) DESPESAS = 100,00 + 30,00 + 50,00 + 300,00 = (480,00) + OUTRAS RECEITAS = JURO RECEBIDO = 170,00 = PREJUÍZO DO EXERCÍCIOS = (320,00) 4 – Elabore o Balanço Patrimonial. ATIVO CIRCULANTE CAIXA 1.000,00 Dp a receber 100,00 Estoque final 30,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE Total ativo 1.130,00 PASSIVO CIRCULANTE Duplicatas a pagar 150,00 Salário a pagar 300,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE PL CAPITAL SOCIAL 1.000,00 PREJUIZO DO EXERCÍCIO (320,00) TOTAL DO PASSIVO 1.130,00 Referências BRASIL. Lei n. 6.404/76. Lei das sociedades por ações. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 29 de set. de 2007. http://www.planalto.gov.br/ Um novo conceito em Educação 15 Tema 2 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Conceito Demonstração contábil é um relatório resumido e ordenado dos dados colhidos pela Contabilidade que objetiva apresentar os principais fatos registrados pela contabilidade em determinado período. Também são conhecidos como Informes Contábeis, Demonstrações Contábeis ou ainda Demonstrações Financeiras. Finalidade Mostrar com clareza o patrimônio e suas variações; Prestar contas sobre a situação econômica e financeira de uma empresa; Auxiliar no processo de tomada de decisões; Avaliar o desempenho operacional; Auxiliar no elaboração de planos e negócios futuros. Legislação Dos inúmeros relatórios contábeis, destacamos aqueles que são obrigatórios de acordo com a Lei nº 6.404, de 15/12/76. Esta lei, conhecida como Lei das Sociedades Anônimas (LSA) denomina os relatórios contábeis de demonstrações financeiras. As demonstrações financeiras estão regulamentadas por esta lei, no capítulo XV, artigos 175 a 205, na Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007 e na Medida Provisória n. 449/ 2008. O Novo Código Civil (NCC), Lei nº 10.406/02, que entrou em vigor em 11/01/2003, também regulamenta sobre as demonstrações financeiras em seus arts. 1.183, 1.184, 1.188, 1.189 e outros. O artigo 176 da Lei das S/A determina que ao final de cada exercício social a diretoria deverá elaborar, com base na escrituração mercantil as seguintes demonstrações: a) Balanço Patrimonial (BP); b) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), no NCC é denominada de Demonstração dos Resultados Econômicos ou Demonstração de Lucros e Perdas; c) Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) que substitui a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) em 2007; d) Demonstração do lucro ou prejuízo acumulado (DLPA); e) Demonstração das mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); f) Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Entre esses demonstrativos o balanço patrimonial e a demonstração de resultado do exercício são considerados os mais importantes, pois representam o valor quantitativo do patrimônio empresarial e o resultado obtido no período, respectivamente. Os demais demonstrativos têm sua importância a partir do momento que buscam detalhar informações contidas dentro do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício. Elementos das Demonstrações Contábeis Cabeçalho Nele deve constar o título da demonstração, o nome da empresa, a data do encerramento do exercício e a expressão “em mil” ou “em milhões”, conforme a redução da quantidade de algarismos dos valores. Este artifício possibilita a redução de espaços, o que reverte em menores custos com a publicação e em melhor visualização da demonstração. Corpo Compõe-se da demonstração estruturalmente montada de acordo com suas características próprias, sendo os valores apresentados em duas colunas: uma do primeiro exercício e a outra do exercício atual. Período de apresentação das demonstrações O art. 176, da Lei 6.404/76 coloca quanto à periodicidade de publicação das Demonstrações, que “Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil de companhia, as Um novo conceito em Educação 16 seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício...” Já o artigo 175, da mesma lei, estabelece que “O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do término será fixada no estatuto” . Os demonstrativos deverão ser divulgados com os seguintes elementos: Relatório da Diretoria A diretoria presta informações aos acionistas sobre diversos aspectos do desempenho e de perspectiva da sociedade quanto as estratégias de vendas, compras, produtos, expansão, efeitos conjunturais, legislação, política financeira, de recursos humanos, resultados alcançados, planos, previsões, de natureza social etc. É uma forma de manter os usuários a par do que se realiza na empresa. É um relatório em que se relata livremente o que julga mais importante. Notas explicativas, Quadros analíticos e demonstrações suplementares São informações e dados que complementam as demonstrações financeiras obrigatórias, como por exemplo: taxas de juros, vencimentos e garantias de obrigações a longo prazo, critérios contábeis adotados na avaliação do estoque, depreciação e demais provisões, garantias prestadas a terceiros,tipos de ações etc. Parecer dos auditores É obrigatório apenas para as Cia abertas, ou seja, aquelas que tem papéis negociáveis (ações ou debêntures) colocados junto ao público. São opiniões sobre a correção e veracidade das demonstrações financeiras. Os auditores verificam os controles internos, conferem lançamentos e conciliações contábeis, checam os saldos bancários, clientes e fornecedores, tudo por amostragem. As verificações por amostragem não necessariamente detectam todos os erros e fraudes. Por isso, fala-se em Parecer e não em Certificado. Classificação As demonstrações podem ser analíticas (quando descriminam um item do patrimônio. Exemplos: Inventário de estoque, inventário de DP a receber); sintética (discriminam todo o patrimônio. Exemplos: Balanço, DRE); dinâmica (demonstra as variações acontecidas com o patrimônio. Exemplos: DRE, DOAR); estática (mostra o patrimônio em uma determinada data. Exemplos: Balanço, Inventários). Balanço Patrimonial (BP) Olhando a estrutura abaixo dá para perceber que os fatos contábeis são classificados e agrupados de acordo com sua natureza e características. O objetivo desse agrupamento é facilitar o entendimento das informações contábeis por parte dos usuários e facilitar a análise e interpretação da situação financeira da empresa. Ao analisá-lo podemos obter as seguintes informações: total de capital de terceiros que a empresa está usando (endividamento= [P. circulante + P. Não Circulante] / Total do passivo); capacidade de pagamento das dívidas de curto e de longo prazo (liquidez); folga financeira da empresa (capital circulante líquido= A. circulante – P. circulante); total de recursos aplicados em itens permanentes (imobilização); pessoas que forneceram recursos para a empresa (sócio, governo, funcionários, fornecedores, instituições financeiras, atividade operacional etc); onde a empresa aplicou seus recursos (itens circulantes ou permanentes); situação líquida da empresa (patrimônio líquido) etc. BALANÇO PATRIMONIAL: estrutura legal - EMPRESA TOCTOC LTDA ATIVO (aplicações) - art 178, &1º 31-12-04 31-12-05 PASSIVO (origens) – art 178, & 2º 31-12-04 31-12-05 1)Ativo Circulante (ou de curto prazo) Disponível Direitos Estoques Despesa Antecipada ... ... 35.000 145.000 385.000 000 565.000 ... ... 5.000 215.000 415.000 000 635.000 1)Passivo Circulante (ou de curto prazo ou capital de terceiro) Fornecedor Salário a pagar Imposto a Pagar Dividendo a Pagar ... ... ... 195.000 25.000 55.000 45.000 320.000 ... ... ... 215.000 35.000 1.000 9.000 260.000 2)Ativo não circulante Realizável a Longo Prazo Empréstimo a Diretor ... ... ... ... ... ... 2)Passivo Não circulante (Capital de terceiro ou longo prazo) ... ... ... ... ... ... Um novo conceito em Educação 17 45.000 35.000 Financiamento 95.000 145.000 Investimentos Imobilizado Intangível 55.000 85.000 5.000 145.000 45.000 75.000 5.000 125.000 3)Patrimônio Líquido (Capital próprio) Capital Social Reservas de Capital Ajuste patrimonial Reserva de lucros Prejuízos Acumulados (-) Ações em tesouraria ... ... 295.000 000 000 45.000 000 000 340.000 ... ... 335.000 000 000 55.000 000 000 390.000 TOTAL 755.000 795.000 TOTAL 755.000 795.000 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A Demonstração do Resultado do Exercício - DRE é um relatório vertical, pois os seus itens (receitas e despesas) são colocados um abaixo do outro, obedecendo a uma ordem de adição e subtração a serem realizadas para o cálculo do resultado final. Os valores entre parênteses devem ser subtraídos, os demais somados. Você deve seguir os sinais aritméticos - (+), (-) ou (=) - que estão à esquerda para somar, subtrair e apurar o resultado. Os dados desse demonstrativo permitem a análise e a interpretação da situação econômica da empresa tais como: percentual de cada despesa; tipos de receitas obtidas pela empresa; volume de vendas; valor do custo das mercadorias vendidas; lucratividade etc. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - EMPRESA TOCTOC LTDA 31/12/2004 31/12/2005 +Receita Operacional Bruta (venda Bruta) (-) Deduções com as vendas Desconto, devolução, ICMS, PIS, COFINS = Receita Líquida (venda líquida) (-) CMV – custo mercadoria vendida =Lucro Bruto (-) Despesas Operacional de vendas administrativa depreciação financeira + Receita Operacional Receita financeira =Lucro Operacional (-) Despesa Não Operacional + Receita não operacional = Lucro antes do imposto (-) Provisão para Contribuição Social (-) Provisão para o Imposto de Renda =Lucro Depois do Imposto (-) Participações participações de debenturistas participação de empregado e/ou administrador participação de partes beneficiárias participação de institutos de previdência = Lucro Líquido do exercício Lucro Líquido por Ações 1.095.000 ... (000) 1.095.000 (850.000) 245.000 .... (60.000) (80.000) (10.000) (40.000) ... 10.000 65.000 (000) 000 65.000 (21.000) (34.000) 10.000 ... (000) (000) (000) (000) 10.000 ... 795.000 ... (000) 795.000 (645.000) 150.000 .... (45.000) (55.000) (10.000) (25.000) ... 5.000 20.000 (000) 000 20.000 (200) (800) 19.000 ... (000) (000) (000) (000) 19.000 ... Demonstração do Lucro ou Prejuízo Acumulado (DLPA) O objetivo desta demonstração é facilitar o entendimento das informações contábeis por parte dos usuários e apresentar as causas e os efeitos, dos registros e do saldo, da conta Lucro ou Prejuízos Acumulados. Um novo conceito em Educação 18 Você pode utilizar os dados fornecidos pela DLPA para conhecer as destinações do lucro, as retenções de lucros, os ajustes de exercícios anteriores, os saldos ainda não destinados etc. DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO OU PREJUÍZO ACUMULADO – EMPRESA TOCTOC LTDA 31-12-2004 31-12-2005 Lucro Acumulado do exercício anterior (saldo no início) 80.000 45.000 (+ ou -) Ajuste de Exercícios anteriores (000) (000) = Saldo Ajustado 80.000 45.000 (+ou -) Lucro ou Prejuízo do exercício atual 10.000 19.000 (+) Reversão de Reservas 000 000 =Saldo à disposição 90.000 64.000 (-) Destinações do Lucro Reserva legal (000) (000) Reserva Estatutária (000) (000) Reserva para aumento de capital (000) (000) Dividendos a pagar (R$ por ação) (45.000) (9.000) = Lucro Acumulado do exercício atual (saldo no fim do período atual) 45.000 55.000 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) A DMPL informa toda a movimentação ocorrida com as contas integrantes do Patrimônio Líquido (capital social, reservas, lucro ou prejuízo acumulado). Os administradores utilizam-se dos dados fornecidos pela DMPL para conhecer as alterações nas contas de capital, reservas e lucro acumulado assim como as transferências ocorridas entre essas contas. O investidor usa essa informação para avaliar seus investimentos permanentes em coligadas ou controladas. DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO - EMPRESA TOCTOC LTDA Descrição Capital Reservas de Lucro Prejuízo Acumulado Total Subscrito A realizar realizado capital Reavaliação Lucros Saldo Inicial 295.000 45.000 340.000 Ajustes Aumento de Capital 40.000 40.000 Reversão de Reserva LucroLíquido 19.000 19.000 Destino do Lucro Reserva Legal Reserva Estatutária Outra reserva Dividendos (9.000) (9.000) Saldo Final 335.000 55.000 390.000 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) É um relatório contábil auxiliar que procura evidenciar as origens e as fontes de recursos que contribuem para alterar a posição financeira da empresa, ou seja, o capital circulante líquido (CCL). Foi substituído pela DFC (Fluxo de Caixa) em 2007. DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÃO DE RECUROS - EMPRESA TOCTOC LTDA 31-12-2006 1 - ORIGEM (FONTES) DE RECURSOS a) Das Operações Lucro líquido do exercício (+) depreciação, amortização ou exaustão (+) perda por equivalência patrimonial (+) prejuízo na venda de bens e direitos do ativo permanente (+) variações monetárias de empréstimos a longo prazo (+) recebimento no período de resultado de exercício futuro (-) ganhos por equivalência patrimonial ... ... 19.000 10.000 ... ... ... ... ... Um novo conceito em Educação 19 (-) lucro na venda de bens e direitos do ativo permanente (-) transferência de resultado de exercício futuro p/ resultado do exercício (+) outras receitas e despesas que não afetam o CCL b) Dos Acionistas (+) Integralização do capital (+) Contribuições para reserva de capital c) De Terceiros (+) redução de bens e direitos do ativo realizável a longo prazo (+) vendas de bens ou direitos do ativo permanente investimento (+) aumento do passivo exigível a longo prazo TOTAL DAS ORIGENS DE RECURSOS ... ... ... ... 40.000 ... ... 10.000 10.000 50.000 139.000 2 – APLICAÇÕES (USOS) DE RECURSOS a) Dividendos distribuídos b) Aumento de bens ou direitos do ativo permanente c) Aumento do ativo realizável a longo prazo d) Redução do passivo exigível a longo prazo e) Transferência do passivo de longo prazo para o circulante TOTAL DAS APLICAÇÕES DE RECURSOS ... (9.000) (000) (000) (000) (000) (9.000) 3 - AUMENTO OU DIMINUIÇÃO DO CCL (1 – 2) 130.000 4 - VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO – CCL a) CCL inicial 2004 = AC inicial – PC inicial = 565.000 – 320.000 = b) CCL final 2005 = AC final – PC final = 635.000 – 260.000 = c) Variação aumentativa no CCL (b-a) ... 245.000 375.000 130.000 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) É um relatório que demonstra a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa e a aplicação de todo o dinheiro que saiu do caixa em certo período e, ainda, o resultado do Fluxo Financeiro. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - EMPRESA TOCTOC LTDA 31-12-2005 1) + SALDO INICIAL EM 2004 35.000 2) + ENTRADAS (fontes) Recebimento de vendas Recebimento de Receita Financeira Recebimento do Empréstimo do Diretor Venda de Investimento Novo Financiamento recebido Integralização do capital TOTAL DAS ENTRADAS O 725.000 5.000 10.000 10.000 50.000 40.000 840.000 3) (-) SAÍDAS (aplicações) Compras de mercadorias pagas Despesas de vendas pagas Despesas administrativas pagas Despesas financeiras pagas Dividendos pagos Impostos pagos TOTAL DAS SAÌDAS 0 (655.000) (45.000) (45.000) (25.000) (45.000) (55.000) 870.000 = SALDO FINAL EM 2005 (1 + 2 – 3) 5.000 Diminuição no caixa = entradas – saídas = 840.000 – 879.000 = 30.000 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) Valor Adicionado ou Valor Agregado representa a riqueza criada por uma entidade num determinado período de tempo, geralmente demonstrada por um período de um ano, coincidindo com as demais informações financeiras geradas pelas empresas. A demonstração do Valor Adicionado evidencia o valor das riquezas criadas, bem como sua efetiva distribuição DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - DVA DESCRIÇÃO MIL $ 1 – RECEITAS Um novo conceito em Educação 20 1.1 Vendas de mercadoria, produtos e serviços 1.2 Provisão p/devedores duvidosos – reversão/constituição 1.3 Não operacionais 2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (Inclui ICMS, IPI, PIS e Cofins) 2.1 Matérias-primas consumidas 2.2 Custos das mercadorias e serviços vendidos 2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 2.4 Perda/Recuperação de valores ativos 3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1 – 2) 4 – RETENÇOES 4.1 Depreciação, amortização e exaustão 5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1 Resultado de equivalência patrimonial 6.2 Receitas financeiras 7 – VALOR ADICIONALDO TOTAL A DISTRIBUIR (5 + 6) 8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 8.1 Pessoal e encargos 8.2 Impostos, taxas e contribuições 8.3 Juros e alugueis 0 8.4 Juros sobre capital próprio e dividendos 8.5 Lucro retidos/prejuízos do exercício (*) (*) O total do item 8 deve ser igual ao total do item 7. Fonte: Iudícibus, Geblcke e Martins.(2008, p. 501 e 502). Relação das demonstrações contábeis com os princípios e as normas contábeis Segunda a Resolução n. 750/93 do CFC os princípios fundamentais de contabilidade “representam a essência das doutrinas e teorias relativas à ciência da contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científicos e profissional de nosso País”. Já as normas brasileiras de contabilidade “estabelecem regras de conduta profissional e procedimentos técnicos a serem observados quando da realização dos trabalhos previstos na Resolução CFC n. 560/83, em consonância com os princípios fundamentais de contabilidade”. São sete os princípios contábeis geralmente aceitos: da entidade, da continuidade, da oportunidade, do registro pelo valor original, da atualização monetária, da competência e da prudência. Principio da entidade O principio da entidade determina que não se confunde, em hipótese ou momento algum capitais de empresas e o particulares dos seus sócios ou investidores, ou seja, nas demonstrações contábeis o patrimônio a ser expresso é o da empresa sem valores que possam confundi-lo com outro. Principio da continuidade A vida da entidade em toda sua extensão deve ser considerada quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas – principio da continuidade, nos demonstrativos contábeis devem apresentar o valor da perspectiva passada, presente e futura da entidade em toda a sua dimensão seja ela quantitativa ou qualitativa. Principio da oportunidade O principio da oportunidade reza que os registros patrimoniais e suas mutações devem ser efetuados imediatamente e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram, ou seja, nos demonstrativos contábeis devem apresentar todos as variações patrimoniais. Principio do registro pelo valor original Todos os componentes patrimoniais devem ser registrados pelos valores originais das transações, expressos em valor presente e corrente da moeda – principio do registro pelo valor original, assim nos demonstrativos contábeis todos os valores devem ser apresentados pelo valor de aquisição ou pagamento. Principio da atualização monetária Os efeitos do poder aquisitivo da moeda devem ser reconhecidos nos registros contábeis, através de ajustes – principio da atualização monetária, assim há a necessidade de se efetuar ajustes monetários nos valores contábeis dos períodos anteriores. Um novo conceito em Educação 21 Principio da competência todas as receitas, ganhos, custos e despesas devem ser reconhecidos e incluídos no período de apuração do resultado – principio da competência, assim os demonstrativos contábeis apresentam os resultados auferidos com a produção e desenvolvimento da atividade empresaria. Principio da prudência o principio da prudência determina a adoção do menorvalor para os componentes do ativo e o menor valor para os componentes do passivo, e a obediência a este principio reflete nos demonstrativos contábeis como forma de se apresentar a situação patrimonial mais quantificada inclusive de sua mutações. Referências BRASIL. Lei n. 6.404/76. Lei das sociedades por ações. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 29 de set. de 2007. Conselho Federal de Contabilidade. Princípios fundamentais de contabilidade e normas brasileira de contabilidade. Brasília: CFC, 2006. MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. http://www.planalto.gov.br/ Um novo conceito em Educação 22 Tema 3 – Análise das Demonstrações Contábeis pelos índices econômico-financeiros Introdução Você está olhando cinco estruturas patrimoniais que foram divulgadas no Jornal Informe Contábil. Balanço 1 Balanço 2 Balanço 3 Balanço 4 Balanço 5 AC PC+PnC AC PC+PnC AC PC AC PC+PnC AC PC PL AnC PL PnC AnC PnC AnC PL AnC AnC PL PL AC=Ativo Circulante; AnC=Ativo Nao Circulante; PC=Passivo Circulante; PL=Patrimônio Líquido PnC= Passivo Não Circulante. Como você pode identificar qual é a melhor dentre elas? Antes de iniciar sua análise deve lembrar que a composição de cada estrutura varia de acordo com o total de recursos obtidos e aplicados nas atividades operacionais. Assim, podemos ter diversas configurações em função da forma de distribuição e registro desses recursos entre os diversos componentes patrimoniais. Posteriormente, você deve saber e conhecer o significado de cada conta que é registrada em cada subdivisão (AC, AP, PC, PELP, PL) para poder aplicar as técnicas administrativas, financeiras, econômicas, ambientais, contábeis e jurídicas com o fim de entender, explicar, planejar, controlar e avaliar como as transações realizadas ou a realizar podem alterar o patrimônio e, ao mesmo tempo avaliar a rentabilidade que proporcionarão para a empresa. Nesse sentido, o analista financeiro diversas análises e usa indicadores com os dados evidenciados nas Demonstrações Contábeis para ter uma visão/análise global da empresa em estudo. Nesse sentido, podemos de forma gráfica resumir o processo contábil e de análise como demonstrado a seguir: PPRROOCCEESSSSOO CCOONNTTÁÁBBIILL FATOS Compras, Vendas, Pagamentos, Recebimentos. ESCRITURAÇÃO Diário, Razão, Caixa, Conta Corrente. APURAÇÃO DO RESULTADO Lucro Prejuízo. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Balanço Patrimonial (BP) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) Demonstração do Lucro/Prejuízo Acumulado (DLPA) AANNÁÁLLIISSEE DDAASS DDEEMMOONNSSTTRRAAÇÇÕÕEESS CCOONNTTÁÁBBEEIISS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Balanço Patrimonial (BP) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) Demonstração do Lucro/Prejuízo Acumulado (DLPA) Um novo conceito em Educação 23 COLETA DE DADOS Ativo circulante Passivo circulante Contas de Resultado Ativo realizável a longo prazo Passivo exigível a longo prazo Origem e Aplicação de Recurso Ativo permanente Patrimônio líquido etc CÁLCULOS Coeficiente Quocientes Índices Padrões ANÁLISE DOS ÍNDICES, HORIZONTAL, VERTICAL, COMPARAÇÃO COM OS PADRÕES E INTERPRETAÇÃO Análise e interpretação dos dados (isolados ou/em conjunto) CONCLUSÕES Elaboração de relatórios inteligíveis para leigos (usuários diversos) As demonstrações contábeis fornecem uma séria de dados sobre a empresa. A análise transforma esses dados em informações. Assim, podemos dizer que o objetivo da análise é produzir informações sobre a posição econômica e financeira da empresa, as causas que determinam a evolução apresentada e as tendências futuras. Ou seja, pela análise têm-se informações sobre a posição passada, presente e futura da empresa. escrituração análise Metodologia da análise (etapas da análise) A análise baseia-se no raciocínio científico. O processo obedece a seguinte sequência: a) Exame e padronização das demonstrações b) Coleta de dados: extração de valores das demonstrações c) Cálculo dos indicadores d) Interpretação dos quocientes de forma isolada e conjunta e) Análise horizontal e vertical f) Comparação com os padrões g) Emissão do relatório Condições para realizar uma boa análise a) conhecer os princípios contábeis que determinam como foram realizados os registros e como foram levantados os demonstrativos contábeis; b) estar atento ao desempenho financeiro, tendência e rentabilidade dos concorrentes através de dados publicados nos meios de comunicação para que você possa situar sua empresa no mercado; c) estar informado sobre as mudanças de comportamento dos gostos dos consumidores; d) atentar para as mudanças externas que possam vir a atingir a empresa; e) estar consciente do significado de cada demonstrativo, suas contas, conteúdos, significado, origem e limitações; f) conhecer bem a entidade a ser analisada, como sua história, métodos de trabalho, objetivos e metas. Usuários da Análise a) Bancos: para conhecer o endividamento e a liquidez de seus clientes; b) Fornecedor: para conhecer a capacidade de pagamento e liquidez de seus clientes; c) Administrador: para conhecer o desempenho, a liquidez, o endividamento, a rentabilidade etc; d) Investidor: para conhecer a rentabilidade e a valorização das ações; e) Sindicatos: para estabelecer padrões que serão guias no processo decisorial; f) Governo: para auxiliar nas concorrências públicas (melhor financeiramente); acompanhar o desempenho da empresa vencedora na licitação; rentabilidade das empresas públicas, saber como está cada setor etc; g) Cliente: para verificar se o fornecedor pode cumprir com o contrato firmado. Fatos contábeis Demonstrações contábeis (dados) Informações para tomar decisões Um novo conceito em Educação 24 Técnicas de análise Método de Análise Vertical (AV) ou análise dos coeficientes Mede percentualmente cada componente em relação ao todo do qual faz parte e faz comparações caso existam dois ou mais períodos. É utilizado para estudar as tendências É a análise da estrutura patrimonial. Exemplo: Ativo circulante 400 400/1000 x 100 = 40% Ativo permanente 600 600/1000 x 100 = 60% Total ativo 1.000 100% Método da Análise Horizontal (AH) ou números índices Avalia o aumento ou a diminuição dos valores que expressam os elementos patrimoniais numa determinada série histórica de exercícios (vários anos). É utilizado para estudar as tendências. Exemplo: Ano 1 AH Ano 2 AH Ativo circulante 400 100% 800 200% Ativo permanente 600 100% 1.800 300% Total do ativo 1.000 100% 2.600 500% Análise por quocientes (popularmente conhecido como índices) É determinada em função da relação existente entre dois elementos indicando quantas vezes um contém o outro, ou a proporção de um em relação ao outro. Assim é necessário ter duas quantidades, uma vai no numerador (dividendo) e a outra no denominador (divisor). É chamado de quociente porque indica quantas vezes o divisor está contido no dividendo. É o método mais utilizado devido a profundidade atingida e a minimização de distorções devido a inflação. Exemplo: Liquidez corrente = Ativo circulante / passivo circulante LC = 600,00/ 300,00 LC = R$ 2,00 Significado: para cada R$1,00 de dívida temos R$ 2,00 p/ pagar. Índices Padrões É calculado utilizando a estatística. Deve ser usado em empresas que tem a mesma atividade e atua no mesmo ramo. Importância da análise No mundo competitivo saber analisar as demonstrações contábeis é essencial para qualquer entidade. Por meio dessa técnica podemos avaliar os efeitos de algumas transações na situação financeira (por exemplo: qual o efeito financeiro da aquisição de um financiamento para a automação da produção); determinar os pontos positivos e negativos e a solução para os mesmos; identificar a política administrativa dos concorrentes (por exemplo: ganhar mercado, mesmo com capital de terceiros); estimar o futuro, limitações e potencialidades da empresa (por exemplo: empresa pode manter sua rentabilidade?) etc. Entretanto, destacamos que cada usuário pode analisar uma empresa considerando o aspecto que mais lhe interessar. Limitações da análise a) como as demonstrações são registradas pelo valor histórico, isso significa que há um afastamento entre o valor contábil e o valor de mercado; b) os princípios e os critérios adotados devem ser informados e utilizados de forma conveniente, caso contrário o analista fará julgamento incorreto. Roteiro para avaliar a credibilidade e a qualidade das demonstrações Demonstrações contábeis ideais para se fazer a análise demonstrações que foram publicadas em jornais e com todos os requisitos legais (Lei das S/A) solicitados; demonstrações que estão assinadas por contador e acompanhadas com o relatório da diretoria e notas explicativas completas; demonstrações que contém o parecer de auditoria de pessoa jurídica que não tenha Um novo conceito em Educação 25 empresa cliente que representa mais de 2% do seu faturamento e que não esteja auditando a empresa analisada por mais de quatro anos. Demonstrações contábeis que requer cuidado demonstrações que tem relatório da diretoria muito suscinto e notas explicativas incompletas; demonstrações que foram publicadas e que tem parecer de auditoria em desacordo com os requisitos legais. Demonstrações contábeis que requer profundos cuidados demonstrações não publicadas em jornais; demonstrações sem o parecer de auditoria ou tem um parecer com ressalva; demonstrações que não atendem parte dos requisitos legais. Demonstrações contábeis que não se deveria fazer a análise empresas que não apresentam as demonstrações sendo obrigadas a tal procedimento; quando há contradições nas demonstrações ou exageros facilmente detectáveis; demonstrações que não refletem a realidade ou quando a empresa não valoriza a contabilidade. Fonte: Marion (2002, p. 23). Análise Horizontal (AH) e Vertical (AV): exemplo em % BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA TOCTOC LTDA ATIVO 2004 AV AH 2005 AV AH PASSIVO 2004 AV AH 2005 AV AH CIRCULANTE Disponível Direitos Estoques Despesa Ant REALIZÁVEL LONGO PRAZO Empréstimo Investimentos Imobilizado Intangível ... 35.000 145.000 385.000 000 565.000 ... ... 45.000 .. 55.000 85.000 5.000 145.000 ... 4,6 19,2 51,0 0,0 74,8 ... ... 5,9 ... 7,3 11,3 0,7 19,3 ... 100 100 100 100 100 ... ... 100 ... 100 100 100 100 ... 5.000 215.000 415.000 000 635.000 ... ... 35.000 ... 45.000 75.000 5.000 125.000 ... 0,7 27,0 52,2 0,0 79,9 ... ... 4,4 ... 5,6 9,4 0,7 15,8 ... 14,3 148 108 000 112 ... ... 77,7 ... 81,8 88,2 100 86,2 CIRCULANTE Fornecedor Salário pagar Imposto pagar Dividendos NÃO CIRCULANTE Financiamento PAT. LÍQUIDO Capital Reservas Lucro ... 195.000 25.000 55.000 45.000 320.000 ... ... 95.000 ... 295.000 000 45.000 340.000 ... 25,8 3,3 7,3 5,9 42,3 ... ... 12,7 ... 39,1 00,0 5,9 45,0 ... 100 100 100 100 100 ... ... 100 ... 100 100 100 100 ... 215.000 35.000 1.000 9.000 260.000 ... ... 145.000 ... 335.000 000 55.000 390.000 ... 27,0 4,4 0,2 1,1 32,7 ... ... 18,3 ... 42,1 00,0 6,9 49,0 ... 110,0 140,0 1,8 20,0 81,2 ... ... 152,6 ... 113,6 000,0 122,2 114,7 TOTAL 755.000 100 100 795.000 100 105 755.000 100 100 795.000 100 105 Análise Horizontal e Vertical do Balanço: O ativo total cresceu 5% de 2004 para 2005 em termos reais. Esse crescimento aconteceu devido principalmente ao ativo circulante que teve expansão de 12% devido ao aumento dos direitos e dos estoques. Dessa forma, não houve alteração na estrutura do ativo. Em 2004, 74,8% dos recursos estavam investidos no ativo circulante, percentual esse que aumentou para 79,9 em 2005. Esse crescimento foi financiado com capital de terceiros e capital próprio. O patrimônio líquido aumentou enquanto o passivo circulante diminuiu de um ano para outro. O ativo circulante cresceu mais que o passivo circulante. A principal fonte de capital de terceiros é o fornecedor que representa uma fonte estável de recursos mais barata que o financiamento. Em resumo, podemos dizer que a situação financeira não ficou sacrificada com os investimentos realizados no ativo circulante. Um novo conceito em Educação 26 DRE DA EMPRESA TOCTOC LTDA 31/12/2004 AV% AH% 31/12/2005 AV % AH% +Receita Operacional Bruta (venda Bruta) (-) Deduções com as vendas Desconto, devolução, ICMS, PIS, COFINS = Receita Líquida (venda líquida) (-) CMV – custo mercadoria vendida =Lucro Bruto (-) Despesas Operacional de vendas administrativa depreciação financeira + Receita Operacional Receita financeira =Lucro Operacional (-) Despesa Não Operacional + Receita não operacional = Lucro antes do imposto (-) Provisão para Contribuição Social (-) Provisão para o Imposto de Renda =Lucro Depois do Imposto (-) Participações participações de debenturistas participação de empregado e/ou administrador participação de partes beneficiária participação de institutos de previdência = Lucro Líquido do exercício Lucro Líquido por Ações 1.095.000 ... (000) 1.095.000 (850.000) 245.000 .... (60.000) (80.000) (10.000) (40.000) ... 10.000 65.000 (000) 000 65.000 (21.000) (34.000) 10.000 ... (000) (000) (000) (000) 10.000 ... 100,0 ... 000,0 100,0 77,6 22,4 ... 5,5 7,3 0,9 3,6 ... 0,9 5,9 0,0 0,0 5,9 1,9 3,1 0,9 ... 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 ... 100 ... 100 100 100 100 ... 100 100 100 100 ... 100 100 100 100 100 100 100 100 ... 100 100 100 100 100 ... 795.000 ... (000) 795.000 (645.000) 150.000 .... (45.000) (55.000) (10.000) (25.000) ... 5.000 20.000 (000) 000 20.000 (200) (800) 19.000 ... (000) (000) (000) (000) 19.000 ... 100,00 ... 000,00 100,00 81,13 18,87 ... 5,66 6,92 1,26 3,14 ... 0,63 2,52 0,00 0,00 2,52 0,02 0,1 2,39 ... 0,00 0,00 0,00 0,00 2,39 ... 72,6 ... 00,0 72,6 75,8 61,2 ... 75,0 68,7 100,0 62,5 ... 50,0 30,8 00,0 00,0 30,8 0,95 2,3 190,0 ... 0,0 0,0 0,0 0,0 190,0 ... Análise Horizontal e Vertical da DRE: O que está reduzindo a margem de lucro da empresa é o valor significativo que deve pagar pelo custo das mercadoriasvendidas. As despesas operacionais estão em níveis aceitáveis. Análise através dos índices ou quocientes As contas ou grupos de contas que compõe as fórmulas dos índices são extraídos dos demonstrativos contábeis, principalmente do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Para fazer a análise você deverá: a) escolher os índices com que irá trabalhar; b) pegar os dados nos demonstrativos e calcular os índices; c) definir qual o comportamento do índices (Maior , melhor ou Menor, melhor); d) tabular os resultados para poder comparar com os diferentes anos; e) fazer a avaliação isolada; f) fazer a avaliação conjunta; g) fazer a avaliação com os padrões; h) emitir um relatório. Um novo conceito em Educação 27 Classificação Nome das Fórmulas Fórmulas Índices de Estrutura de Capital ou Endividamento a) capital de terceiros em relação aos recursos totais b) Imobilização do PL (PC + PNC) / Passivo Total Investe+Imob+Intang/PL Mostram a Situação financeira Índices de liquidez a) Liquidez geral (LG) b) Liquidez corrente (LC) c) Liquidez Seca (LS) d) Liquidez Imediata (LI) (AC + ARLP)/(PC + PNC) AC/PC (AC-Estoque)/PC Disponível/PC Índices de rentabilidade a) Giro do Ativo b) Margem líquida c) Rentabilidade do ativo (rentabilidade da empresa) d) Rentabilidade do PL (rentabilidade do sócio) Venda Líquida/Ativo Lucro Líquido/Venda Líquida Lucro Líquido/Ativo Lucro Líquido/PL Mostram a Situação econômica Índices de Atividade ou Prazos Médios a) Prazo médio de renovação do estoques – PMRE b) Prazo médio de pagamento das compras – PMPC c) Prazo médio de recebimento das vendas – PMRV (DP receber/vendas)x360 (Fornecedor/compras)x360 (Estoque/CMV)x360 Mostram os Prazos pactuados Fonte: Matarazzo (1997, p. 158-341). AC – Ativo Circulante; ARLP – Ativo de Longo Prazo; PNC – Passivo Não Circulante; DP - Duplicata PC – Passivo Circulante; PL – Patrimônio Líquido I) Índices de liquidez: o que mostram? Os índices de liquidez mostram se a empresa tem uma base financeira sólida ao comparar os bens e direitos realizáveis com as obrigações exigíveis. A liquidez pode ser calculada por meio de quatro índices: liquidez corrente (LC), liquidez geral (LG), liquidez seca (LS) e liquidez imediata (LI). Quando o valor da liquidez for superior a R$ 1,00 indica situação favorável, mas não podemos afirmar que a empresa está pagando suas dívidas em dia. Se o valor for inferior a R$ 1,00 indica que a empresa necessita gerar recursos para pagar suas dívidas. Para conhecer sua capacidade de gerar recursos você deverá fazer uma análise bem detalhada da DOAR e da DFC. Para exemplificarmos o cálculo e a análise dos índices de liquidez, iremos usar os valores contidos nos demonstrativos da empresa TOC TOC Ltda., apresentados a você no TEMA 1 deste caderno. a) Liquidez Geral (LG) Veja, na tabela a seguir, a fórmula e o significado do índice de liquidez geral. Índice Símbolo Fórmula O que indica? Interpretação Liquidez geral LG AC+ARLP/PC+PnC Mostra quanto a empresa tem de recursos totais para cada R$ 1,00 de dívida total. Quanto maior, melhor para a empresa. Veja, na tabela a seguir, os cálculos realizados com os valores extraídos das demonstrações contábeis da empresa TOC TOC Ltda. Fórmula Período 2007 Período 2008 Conclusão AC + ARLP PC + PnC 565.000 + 45.000 = 320.000 + 95.000 = 1,47 635.000 + 35.000 = 260.000 + 145.000 = 1,65 Nos dois períodos, os investimentos são suficientes para pagar as dívidas totais. Conclui-se, nesse caso, que a situação financeira tende a ser satisfatória porque não depende de geração futura de recursos para liquidar suas dívidas. O que indica? Para cada R$ 1,00 de dívida, a empresa tem R$ 1,47 de recursos. Portanto consegue pagar as dívidas e ainda tem folga de 47%. Essa folga vem do capital circulante próprio de R$ 150,00 (PL - AP- ARLP). Para cada R$ 1,00 de dívida, a empresa tem R$ 1,65 de recursos. Portanto consegue pagar as dívidas e ainda tem folga de 65%. Essa folga vem do capital circulante próprio de R$ 230,00 (PL - AP- ARLP). AC = Ativo Circulante; ARLP = Ativo Realizável a Longo Prazo; PC = Passivo Circulante; PnC = Passivo Não Circulante (Longo Prazo) Saiba mais Um novo conceito em Educação 28 Capital circulante próprio (CCP) é a quantidade de recursos do patrimônio líquido que está aplicado no ativo circulante. Para obter seu valor, você deve aplicar a seguinte fórmula: CCP = PL – AnC. b) Liquidez corrente (LC) Veja, na tabela a seguir, a fórmula e o significado do índice de liquidez corrente. Índice Símbolo Fórmula O que indica? Interpretação Liquidez corrente LC AC/PC Mostra quanto a empresa tem de recursos circulantes para cada R$ 1,00 de dívida circulante. Quanto maior, melhor para a empresa. Veja, na tabela a seguir, os cálculos realizados com os valores extraídos das demonstrações contábeis da empresa TOC TOC Ltda. Fórmula Período 2007 Período 2008 Conclusão AC PC 565.000 = 1,76 320.000 635.000 = 2,44 260.000 Nos dois períodos, os investimentos circulantes são suficientes para pagar as dívidas de curto prazo. Assim a situação financeira tende a ser satisfatória porque não depende de geração futura de recursos para liquidar suas dívidas. O que indica? Para cada R$ 1,00 de dívida, a empresa tem R$ 1,76 de recursos. Portanto consegue pagar as dívidas e ainda tem folga de 76%. Essa folga vem do capital circulante líquido de R$ 245,00 (AC - PC). Para cada R$ 1,00 de dívida, a empresa tem R$ 2,44 de recursos. Portanto consegue pagar as dívidas e ainda tem folga de 144%. Essa folga vem do capital circulante líquido de R$ 375,00 (AC - PC). AC = Ativo Circulante; PC = Passivo Circulante. Saiba mais Capital circulante líquido (CCL) é a quantidade de recursos do patrimônio líquido e do passivo exigível de longo prazo que está aplicado no ativo circulante e que não serão cobrados a curto prazo. Para obter seu valor, você deve aplicar a seguinte fórmula: CCL = AC - PC. c) Liquidez seca (LS) Veja, na tabela a seguir, a fórmula e o significado do índice de liquidez seca. Índice Símbolo Fórmula O que indica? Interpretação Liquidez seca LS AC – Estoque / PC Mostra quanto a empresa tem de recursos circulantes, excluindo os estoques para cada R$ 1,00 de dívida circulante. Quanto maior, melhor para a empresa. Veja, na tabela a seguir, os cálculos realizados com os valores extraídos das demonstrações contábeis da empresa TOC TOC Ltda. Fórmula Período 2007 Período 2008 Conclusão AC-Estoque PC 565.000-385.000= 0,56 320.000 635.000-415.000=0,84 260.000 Nos dois períodos, os investimentos circulantes são insuficientes para pagar as dívidas de curto Um novo conceito em Educação 29 O que indica? Para cada R$ 1,00 de dívida, a empresa tem R$ 0,56 de recursos. Portanto não consegue pagar as dívidas sem o estoque. Para cada R$ 1,00 de dívida, a empresa tem R$ 0,84 de recursos. Portanto não consegue pagar as dívidas sem o estoque. prazo, apesar de ter melhorado de um ano para outro. Assim a situação financeira tende a ser deficitária porque depende da venda dos estoques para gerar recursos para liquidar suas dívidas. AC = Ativo Circulante; PC = Passivo Circulante. Você agora poderia perguntar: por que excluir o valor dos estoques? Porque esse é o elemento de maior risco do ativo circulante, porque pode ser roubado, deteriorado, ficar obsoleto e de não ser vendido e, assim, não ser transformado em dinheiro. Esses riscos dependem da empresa, do mercado e da conjuntura econômica (MATARAZZO, 1997, p.
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