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PSICOLOGIA E INSTITUIÇÕES DE SAÚDE APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA (Módulo 0) Organização do material: Nesta disciplina, você terá a oportunidade de estudar e refletir sobre a manifestação do sofrimento psíquico nos diversos contextos ocupados pelo sujeito: social, cultural, familiar, do trabalho. Além disto, deverá estudar os procedimentos e as práticas relativas à investigação científica para a elaboração de um projeto de pesquisa. O material poderá ser utilizado como orientação para seu estudo e como complemento das atividades realizadas nas aulas presenciais. O programa da disciplina está distribuído em 8 módulos, que devem ser estudados ao longo do semestre letivo. Sugerimos que você siga a ordem abaixo apresentada, ao planejar seu estudo, uma vez que os temas mantém entre si uma relação lógica. Módulo1: O que é pesquisa? Pesquisa em psicologia Módulo 2: Tipo de pesquisas Pesquisa qualitativa Pesquisa quantitativa Módulo 3: Elaboração de um projeto de pesquisa Aspectos éticos Módulo 4: Definição do problema Formulação de hipóteses Definição dos participantes Módulo 5: A entrevista em pesquisa Módulo 6: Tipos de entrevistas Observação Módulo 7: Procedimentos de análise dos dados Módulo 8: Redação do Projeto de Pesquisa Em cada um dos módulos, haverá uma breve apresentação do assunto, indicação de material para leitura, atividades de estudo e exercícios de verificação da aprendizagem. Lembre-se que a mera realização dos exercícios não permitirá a aprendizagem dos temas. É imprescindível que você realize todas as atividades descritas em cada módulo. O presente conteúdo, por se tratar da apresentação do curso, não inclui exercícios. Bibliografia: A Bibliografia apresentada a seguir relaciona as obras consideradas importantes para o estudo dos temas. Bibliografia básica GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2006. LUNA, V. S. Planejamento de pesquisa. São Paulo: EDUC, 2002. MINAYO, M. C. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis – RJ, 2000. Bibliografia complementar BAPTISTA, M. N. e Campos, D. C. Metodologias de pesquisa em ciências: análises quantitativa e qualitativa. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2007. ECO, UMBERTO. Como se faz uma tese. São Paulo: Editora Perspectiva, 1998. MOREIRA, D. A. O método fenomenológico de pesquisa. São Paulo: Pioneira, 2002. SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez Editora, 2000. SILVERMAN, D. Interpretação de dados qualitativos – métodos para análise de entrevistas, textos e interações. Porto Alegre: Artmed, 2009. Além destas referências, foram indicadas outras obras nos módulos para que você possa se aprofundar em algum tópico específico do programa. É importante que, em sua pesquisa, você recorra a fontes confiáveis. Indicamos a seguir alguns endereços eletrônicos cuja consulta é recomendada: BIBLIOTECA DIGITAL DE TESES E DISSERTAÇÕES (USP) http://www.teses.usp.br/ PEPSIC – PERIÓDICOS ELETRÔNICOS EM PSICOLOGIA http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE (BVS) www.bvs-psi.org.br PERIÓDICOS CAPES www.periodicos.capes.gov.br Se você necessitar de informações adicionais para ampliar seus conhecimentos, solicite-as do professor, nas aulas presenciais. Questionário Procedimentos para coleta de dados A entrevista Módulo I O que é pesquisa? Leitura obrigatória: GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2006. Leitura complementar: GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas, 2006. LUNA, V. S. Planejamento de pesquisa. São Paulo: EDUC, 2002. Há muitas formas de conhecer o mundo que nos rodeia. Há um conhecimento acumulado produzido, a partir da observação e experiência cotidiana e da reflexão sobre ela, que denominamos conhecimento do senso-comum. Há um conhecimento acumulado que atravessa as gerações e denominamos tradição cultural. Há ainda o conhecimento gerado pelas crenças religiosas. Enfim, a nossa relação com as coisas e o outro estão permeadas por explicações e compreensões geradas das mais diversas maneiras. Todos esses conhecimentos, no entanto, por mais úteis que sejam, não são considerados conhecimentos científicos. Alega-se que não são conhecimentos confiáveis e seguros; apresentam muitos equívocos e erros. O conhecimento, gerado no campo da ciência, apresenta novas leituras a respeito de novos objetos. O universo conceitual criado é produzido de maneira metódica, sistemática e rigorosa. Ainda assim, no âmbito das ciências, as discussões sobre o que seria considerado de fato um conhecimento científico não apresentam consenso. De qualquer forma, pode-se afirmar que um conhecimento científico apresenta uma linguagem própria e rigorosa na sua pretensão de explicar e compreender fenômenos. A produção de conhecimento científico pressupõe a figura do pesquisador. O que caracteriza um pesquisador é a sua condição de permanente questionamento sobre as coisas do mundo e da vida. Não um mero questionamento, mas um questionamento sistemático e rigoroso. Para dar respostas aos problemas que encontra, o pesquisador adota procedimentos específicos – racionais e sistemáticos. Ele elege de forma criteriosa métodos adequados de investigação. Dizemos que ele faz pesquisa, com o intuito de produzir um conhecimento que preencha lacunas existentes em determinado campo de conhecimento. Vale destacar que o conhecimento científico tem um reconhecimento social e ocupa um lugar privilegiado, desde o século XVII. Atividades complementares: 1.Muitos dos conhecimentos científicos se transformam em senso comum e mudam o senso comum. Tente identificar um conhecimento gerado em uma ciência que se transformou em discurso do senso comum. Investigue como isto se deu. 2. Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo. Segundo Luna (2002), a pesquisa científica implica: a) O uso do método experimental. b) Um recorte da realidade. c) O uso de entrevistas. d) Demonstração da existência de relações entre fenômenos. e) Análise de relatos dos sujeitos. A resposta correta é a B. Para que seja possível realizar uma pesquisa científica é preciso que se faça um recorte da realidade para que se tenha um problema viável e passível de investigação. Pesquisa em psicologia Leitura obrigatória: REY, F. G. Pesquisa qualitativa e subjetividade – os processos de construção da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. Qual a melhor forma de estudar os fenômenos humanos? E os fenômenos psicológicos? A institucionalização da ciência se deu de uma determinada forma, como já vimos anteriormente. A herança positivista marcou e ainda marca as discussões permanentes sobre o que é de fato conhecimento científico. Nesse sentido, conhecimentos produzidos no campo das ciências sociais e humanas estão sob suspeita permanente. Especificamente, no âmbito da ciência psicológica, um dos seus principais objetos – a subjetividade – dada a sua natureza, fica eliminado sob o paradigma positivista. É preciso uma ruptura com esse modelo para que a inclusão dos conhecimentos psicológicos seja feita. Rey(2005) parte do princípio de que o conhecimento se produz; ele não é uma representação da realidade que se nos apresenta. Afirma que ao se aproximar dos fenômenos que pretende investigar, o acesso já está sempre comprometido com as práticas e as concepções do pesquisador. Ou seja, não há possibilidade de isenção diante do mundo externo; e este não tem uma existência independente das relações estabelecidas pelos sujeitos. Os sujeitos, e neste caso o pesquisador, são integrantes do mundo e contribuem para seu funcionamento. Os sentidos dados para as coisas e fenômenos do mundo são modos de interpretar. Neste sentido, não há categorias universais deconhecimento, mas construção de categorias que são sempre provisórias. Segundo Rey(2205), há “...espaços de inteligibilidade que se produzem na pesquisa científica e não esgotam a questão que significam, senão que pelo contrário, abrem a possibilidade de seguir aprofundando um campo de construção teórica.”(p.6) Nomeia de “zona de sentido” esses espaços. Essa formulação possibilita que o conhecimento psicológico gerado seja reconhecido; tenha valor. O conhecimento produzido se torna legítimo, não só porque produz novas compreensões sobre a multiplicidade de fenômenos, não só porque organiza de diferentes modos o empírico, mas também porque gera novas ações sobre a realidade. Questões como validade e generalização dos resultados passam por outros critérios; legitimam-se as singularidades e as peculiaridades como fonte de produção de conhecimento. A constituição de um objeto se dá no conjunto de idéias contextualizadas historicamente; ele depende da maneira como o sujeito o expressa e dos contextos de onde ele fala. Atividades complementares: 1.Sugiro a leitura dos capítulos 1e 2 do livro do Rey (2005) acima citado. 2.Procure um artigo científico em um dos sites citados na apresentação da disciplina e identifique quais foram os conhecimentos produzidos pela pesquisa. 3. Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo: Considerando os pressupostos acima apresentados, leia as afirmações abaixo: I.Tanto na ciência quanto na vida cotidiana, os fatos não falam por si, qualquer conhecimento está impregnado de teoria. II. A teoria proporciona uma estrutura para o entendimento de um fenômeno e uma base para considerar como pode ser organizado o que é desconhecido. III. Sem uma teoria não há nada a pesquisar. IV. Conceitos oferecem maneiras de se olhar o mundo que são essenciais na definição de um problema de pesquisa. V. Ao mudar a perspectiva teórica, o mundo que está sendo investigado também muda a sua forma. Considerando os pressupostos acima apresentados, leia as afirmações abaixo: I.Tanto na ciência quanto na vida cotidiana, os fatos não falam por si, qualquer conhecimento está impregnado de teoria. II. A teoria proporciona uma estrutura para o entendimento de um fenômeno e uma base para considerar como pode ser organizado o que é desconhecido. III. Sem uma teoria não há nada a pesquisar. IV. Conceitos oferecem maneiras de se olhar o mundo que são essenciais na definição de um problema de pesquisa. V. Ao mudar a perspectiva teórica, o mundo que está sendo investigado também muda a sua forma. Considerando as afirmações acima, assinale a alternativa correta: a)Todas as afirmações estão corretas. b)Apenas as afirmações I, III e V estão corretas. c) Apenas as afirmações II, IV e V estão corretas. d) Apenas as afirmações II, III e IV estão corretas. e) Apenas as afirmações I, II e III estão corretas. Todas as afirmações acima estão coerentes com as concepções apresentadas no texto acima, portanto a alternativa correta é a A. Módulo II Tipo de pesquisas Leitura obrigatória: GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2006. Leitura complementar: GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas, 2006. De acordo com Gil (2006), metodologia não é sinônimo de métodos e técnicas. Metodologia é uma disciplina a serviço da pesquisa; estuda os caminhos e os instrumentos usados para a produção do conhecimento científico. Trata-se de uma discussão e problematização teórica sobre os meios de se fazer ciência. Métodos é um conjunto de procedimentos técnicos usados na investigação que possibilita gerar um conhecimento rigoroso. Há vários tipos de métodos adotados pelas diferentes ciências. Gil (2006) divide-os em dois grupos: “o dos que proporcionam as bases lógicas da investigação científica e o dos que esclarecem acerca dos procedimentos técnicos que poderão ser utilizados.”(p.26 e 27) Referem-se ao primeiro grupo: método indutivo, dedutivo, hipotético, dialético e fenomenológico. Referem-se ao segundo grupo: método experimental, estatístico, clínico, comparativo, observacional, monográfico. Há vários tipos de pesquisas, que dependem dos critérios de classificação. Apresentaremos algumas delas, seguindo as divisões de Gil(2006). Uma primeira classificação diz respeito ao gênero da pesquisa: a) teórica que tem como objetivo estudar teorias e/ou conceitos, formular teorias etc; b) empírica que tem como objetivo descrever, explicar e/ou compreender fenômenos; c) metodológica que investiga os modos de se fazer ciência; d) prática que tem como objetivo intervir na realidade. Uma outra classificação se refere aos objetivos gerais: a)pesquisas exploratórias; b)pesquisas descritivas; c)pesquisas explicativas. Uma outra classificação se refere aos procedimentos adotados para a coleta de dados: a)pesquisa bibliográfica e documental; b)pesquisas, cujas fontes são pessoas: experimental, estudo de caso, levantamento, estudo de campo, entre outras. Atividades complementares: 1.Para a compreensão dos vários tipos de métodos e pesquisa citados acima , leia os capítulos II, III e VI do livro “Métodos e técnicas de pesquisa social”, citado acima nas leituras obrigatórias. 2. Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo: O levantamento é um tipo de pesquisa que se caracteriza pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se quer conhecer. Em relação a este tipo de pesquisa, pode-se afirmar: a)Todos os integrantes da população estudada devem ser investigados, caso contrário não é possível estender os resultados para a totalidade do universo. b)É possível pesquisar uma parte da população estudada, desde que a amostra seja estabelecida através de procedimentos estatísticos. c)Os dados obtidos no levantamento devem ser categorizados e depois submetidos à análise de conteúdo. d)Mediante levantamentos, é possível, não apenas obter grande quantidade de informações a respeito dos sujeitos, como investigar profundamente esses fenômenos. e)As conclusões obtidas nos levantamentos nunca permitem projetá-las para a totalidade do universo da população estudada. A resposta correta é a B. Não há necessidade de se investigar todos os integrantes da população definida como sujeito. Há procedimentos estatísticos que definem a amostra necessária para que se possa obter certa generalização. Pesquisa qualitativa Leitura obrigatória: MINAYO, M. C. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis,RJ: Editora Vozes, 2007. A diferença entre a pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa não está apenas nos métodos utilizados por uma e outra. Cada uma delas está assentada em pressupostos diferentes. A pesquisa qualitativa pressupõe que a realidade social é construída e os significados das coisas são atribuídos pelos sujeitos; o conhecimento é visto como campos de inteligibilidade construídos pelos sujeitos, portanto não há uma independência do objeto em relação ao sujeito e o conhecimento não é uma descoberta de uma verdade que emana do objeto. E qual seria o melhor método de pesquisa? Não há um método melhor. Há um método mais adequado à obtenção dos dados necessários para responder ao problema de pesquisa. Não se pode então, definir prematuramente um instrumento de pesquisa para a coleta de dados, por ex. o uso de questionário, sem que se tenha delineado e circunscrito o problema a ser pesquisado. E as questões formuladas estão vinculadas a perspectivas teóricas, ou seja, a um conjunto de conceitos que direciona o olhar sobre as coisas e os fenômenos. Essa formulação de perguntas, muito mais complexa do que revela à primeira vista, é que determinará o caminho a seguir. As técnicas e/ou instrumentos para a coleta de dados, bem como as formas de proceder à análise dosdados são escolhidas pela possibilidade de viabilizar a pesquisa. Segundo Minayo(2207), a pesquisa qualitativa abrange fenômenos humanos associados às representações, às intencionalidades e às relações; envolvem significados, crenças, valores, atitudes etc. A diferença da natureza dos fenômenos exige abordagens diferentes. Alguns exemplos de pesquisas qualitativas: estudo de caso, estudo etnográfico, pesquisa-ação, pesquisa participante etc. Atividades complementares: 1.Procure resumos de artigos científicos em sites citados na apresentação da disciplina, leia atentamente os objetivos das pesquisas e, a partir deles, identifique se a pesquisa realizada foi uma pesquisa qualitativa ou quantitativa. 2.Leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta: a)Uma pesquisa qualitativa investiga o sentido e/ ou o significado de um determinado tema para um determinado grupo social. b) Uma pesquisa de campo é necessariamente uma pesquisa qualitativa. c) Uma pesquisa exploratória investiga novos aspectos de fenômenos já conhecidos. d) Quando se fala em pesquisa quantitativa, tem- se duas variáveis relacionadas num campo de pesquisa. e) O uso de tabelas é incomum quando se faz uma pesquisa qualitativa. A resposta correta é a A. A pesquisa qualitativa tem dente os seus focos os significados e sentidos atribuídos pelos indivíduos. As demais afirmações não são específicas de uma ou outra pesquisa. Pesquisa quantitativa Leitura obrigatória: MINAYO, M. C. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis,RJ: Editora Vozes, 2007. Leitura complementar: A pesquisa quantitativa é de natureza diferente. Seus pressupostos estão assentados nos princípios clássicos das ciências da natureza: há uma realidade independente do sujeito e há nela leis universais que precisam ser descobertas, a partir da utilização de métodos adequados. Pretende-se com a pesquisa quantitativa estabelecer as causas ou estabelecer correlações entre variáveis de fenômenos objetivos que não sofrem a interferência do pesquisador. A pesquisa permite uma generalização dos resultados, além da possibilidade de reprodução e verificação. A linguagem matemática – medidas, variáveis – e os procedimentos estatísticos são usualmente adotados. Alguns exemplos de pesquisas quantitativas: delineamento experimental, delineamento correlacional, survey etc. Por se inscreverem e compartilharem de um modelo reconhecido como científico, as pesquisas ganham mais facilmente a credibilidade e o status de cientificidade, enquanto as pesquisas qualitativas são caracterizadas como frágeis e, muitas vezes, suspeitas de não gerarem conhecimentos confiáveis. Apesar das controvérsias existentes e discussões sobre as pesquisas qualitativas e quantitativas, há movimentos de integração das duas abordagens ou de complementaridade. Minayo (2007) afirma que a oposição existente entre as duas perspectivas, quando bem trabalhadas pode ser uma estratégia rica e produtiva. Atividades complementares: 1.Procure resumos de artigos científicos em sites citados na apresentação da disciplina, leia atentamente os objetivos das pesquisas e, a partir deles, identifique se a pesquisa realizada foi uma pesquisa qualitativa ou quantitativa. 2.Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo: Considere as afirmações abaixo: I.Um dos critérios usados na pesquisa quantitativa se refere ao grau de confiabilidade, ou seja, a probabilidade da replicação dos dados encontrados por outros pesquisadores futuros . II.Os instrumentos de coleta de dados em si não têm valor intrínseco. III. A entrevista aberta é bastante útil para se ter acesso às atitudes e aos valores dos indivíduos. IV. Pesquisadores quantitativos não usam entrevistas, porque não podem confiar e validar os dados obtidos, tendo em vista a impossibilidade de padronizar perguntas. V.Entrevistas nunca permitem acesso direto aos fatos e/ou experiências. Considerando as afirmações acima, assinale a alternativa correta: a) Apenas as afirmações I, II, IV e V estão corretas. b) Apenas as afirmações I, III, IV e V estão corretas. c) Apenas as afirmações II, III e IV estão corretas. d) Apenas as afirmações I, IV e V estão corretas. e) Apenas as afirmações I, II e III estão corretas. A resposta correta é E. Apenas as afirmações I, II e III estão corretas. Pesquisadores quantitativos se utilizam sim de entrevistas e esse tipo de instrumento pode acessar as experiências dos sujeitos. Módulo III Elaboração de um projeto de pesquisa Leitura obrigatória: GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2006. Qualquer investigação científica exige do pesquisador uma série de ações que serão desenvolvidas ao longo da sua efetivação. Essas ações sistemáticas demandam um planejamento. Planejar é o primeiro passo para a realização de uma pesquisa. O projeto de pesquisa é a concretização do planejamento. Trata-se de um documento que apresenta não só o que vai ser pesquisado, mas todas as ações que serão desenvolvidas em um determinado período de tempo. De acordo com Gil (2006), não há regras fixas quanto à formalização de um projeto, tendo em vista as peculiaridades de cada um, mas de uma maneira geral algumas informações necessariamente deverão constar. São elas: a)a formulação d e um problema; b)construção de hipóteses; c) especificação dos objetivos; c)identificação do tipo de pesquisa; d)seleção da amostra; e)definição e elaboração dos instrumentos de coleta de dados e definição das estratégias que serão usadas na coleta de dados; f)procedimentos para o tratamento das informações; g)procedimentos para a análise dos dados – uso de um referencial teórico para interpretação dos dados; h)o modo de apresentação dos resultados; i)cronograma de execução; j)definição de recursos humanos, materiais e financeiros. (p.20) De acordo com Gil (2006), “... um projeto de pesquisa só pode ser definitivamente elaborado quando se tem o problema claramente formulado, os objetivos bem determinados, assim como o plano de coleta e análise dos dados.” (p.21) Isto quer dizer que, dada a complexidade de uma pesquisa, a elaboração do projeto correspondente será um processo no qual o texto final terá sofrido muitas alterações antes de chegar à escrita definitiva. Atividades complementares: 1. Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo: Considere as afirmações abaixo: I.Logo após a definição de um tema de pesquisa, realiza-se um levantamento bibliográfico preliminar que facilita a formulação do problema. II. O levantamento bibliográfico preliminar pode ser entendido como um estudo exploratório, uma vez que tem como objetivo familiarizar o pesquisador com a área de estudo e delimitar a área de estudo, para que o problema possa ser definido. III.A formulação de um problema de pesquisa implica um recorte do tema, tendo em vista que um tema pode ser estudado de diferentes perspectivas. IV.A metodologia se refere à descrição dos procedimentos que serão seguidos para a realização da pesquisa. V.A análise dos dados se referem aos testes de hipóteses. A partir das afirmações, escolha a alternativa correta: a)Todas as afirmações estão corretas. b) Apenas as afirmações I, III, IV e V estão corretas. c)Apenas as afirmações I, II, III e IV estão corretas. d) Apenas as afirmações II, III, IV estão corretas. e) Apenas as afirmações II, III, IV e V estão corretas. A resposta correta é a B. O levantamento bibliográfico não se caracteriza como um estudo exploratório. Na pesquisa exploratória também há com um levantamento bibliográfico que ajuda a aumentar a familiaridade com o problema. Aspectos éticos Leituras obrigatórias: Resolução CNS 196/96 do Ministério da Saúde. Resolução CFP 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia. Nem sempre a expansão do conhecimento científico trouxebenefícios à humanidade. O exemplo mais banal disto foi a construção da bomba de Hiroshima. Há outros infinitos exemplos que mostram os inúmeros efeitos colaterais dos nossos avanços científicos, apesar dos enormes progressos. Essas contradições merecem a nossa atenção. Está na ordem do dia a discussão sobre a ética nas pesquisas, principalmente, naquelas que usam seres humanos e animais. O Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, instituiu em 1996, a Resolução 196/96CNS, que regula e normatiza os aspectos éticos envolvidos nas pesquisas realizadas com seres humanos, no Brasil. A Resolução 196/96: “...incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado”. Estabelece ainda: “A eticidade da pesquisa implica em: a) consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a proteção a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes (autonomia). Neste sentido, a pesquisa envolvendo seres humanos deverá sempre tratá-los em sua dignidade, respeitá-los em sua autonomia e defendê-los em sua vulnerabilidade; b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos (beneficência), comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; c) garantia de que danos previsíveis serão evitados (não maleficência); d) relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sóciohumanitária (justiça e eqüidade).” No campo das pesquisas psicológicas no Brasil, temos a Resolução CFP nº 016/2000. É importante destacar que ambas as resoluções prevêem que os protocolos de pesquisa sejam avaliados por um Comitê de Ética e que os participantes formalizem a participação na pesquisa assinando um termo de consentimento livre e esclarecido. Cabe salientar que não basta apenas informar ao participante quais são os objetivos da pesquisa e quais são os procedimentos que se submeterá, mas é preciso que ele compreenda inclusive quais são as possíveis conseqü.ncias da sua participação. Destaca-se ainda na Resolução CFP 016/2000: “A avaliação do risco na pesquisa com grupos vulneráveis ou em situação de risco (por exemplo, crianças e adolescentes em situação de rua, moradores de rua, habitantes de favelas e regiões periféricas das cidades, entre outros), deverá ser feita somente por pesquisadores e profissionais que conheçam bem a realidade dos participantes e tenham experiência de pesquisa e trabalho com esses grupos...” Atividades complementares: 1.Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo. Em relação aos aspectos éticos relacionados a um projeto de pesquisa pode-se dizer que: I.Os aspectos éticos, embora definam os critérios para serem preservados participantes, pesquisadores e instituições envolvidos na pesquisa, não são suficientes para impedir a realização da pesquisa. II. posicionamento ético do pesquisador compõe as preocupações mais básicas no desenvolvimento de um projeto científico. III. Se um pesquisador desenvolve um procedimento de investigação que coloque em risco apenas os aspectos emocionais dos participantes e não a sua integridade física, isto não configura uma situação eticamente comprometida. Assinale a alternativa correta: a)Apenas as afirmativas I e II estão corretas. b)Apenas as afirmativas II e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. d) Apenas afirmativa II está correta. e) Todas as afirmativas estão incorretas A resposta correta é a D. A afirmação I é incorreta, uma vez que os aspectos éticos podem sim impedir a realização de uma pesquisa. A afirmação III também está incorreta, principalmente quando se trata de pesquisas realizadas no campo da psicologia. 2. Faça uma reflexão sobre aspectos éticos relacionados a seu projeto de pesquisa. Por exemplo: por que você está pesquisando esse tema? Você avalia que ele vai trazer algum benefício para os participantes ou outros indivíduos? Módulo IV Definição do problema Leitura obrigatória: GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2006. LUNA, V. S. Planejamento de pesquisa. São Paulo: EDUC, 2002. Toda pesquisa começa com algum tipo de questionamento. Esse questionamento pode ser um problema passível de investigação científica. Mas nem todas as indagações podem ser transformadas em problemas de pesquisa. Por ex. perguntas formuladas que demandam respostas referentes a julgamentos de valor não são passíveis de investigação científica. Exemplo: qual a melhor abordagem psicoterápica? De acordo com Gil (2206), para a formulação adequada de um problema de pesquisa, algumas ações facilitadoras devem ser acionadas: “imersão sistemática no objeto, estudo da literatura existente e discussão com pessoas que acumulam muita experiência prática no campo de estudo”. (p.26) A revisão da literatura referente ao problema de pesquisa é imprescindível. É fundamental que a formulação do problema seja clara e precisa. Isto implica uma delimitação do fenômeno a ser investigado (recorte da realidade), reduzindo-o a uma dimensão que permita ao pesquisador respondê- lo. A simples definição de um tema de pesquisa não representa um problema. Por exemplo, o aluno, ao definir que vai realizar uma pesquisa sobre relacionamentos amorosos, não está formulando um problema viável. Apenas está escolhendo um tema. Mas, se o aluno definir: “quais são as modalidades dos relacionamentos amorosos dos adolescentes da cidade de São Paulo?” estará apresentando um problema de pesquisa. Claro que este problema pode ser um apenas problema preliminar e que ainda suscite maior precisão. Por ex. com a apresentação de uma definição de relacionamentos amorosos. Isto indica que o detalhamento da pergunta, tornando o problema claro e preciso, é um processo. E não é tarefa fácil. O levantamento bibliográfico sobre o tema, ou seja, a leitura de autores que já escreveram sobre o tema ajuda nas reformulações necessárias do problema. Conforme Luna(2002) e Gil (2206), a formulação detalhada e clara do problema já dá a direção que o pesquisador deve seguir. Ou seja, já facilita a formulação de hipóteses, já indica os instrumentos necessários para a coleta de dados e qual a literatura a ser selecionada para a análise dos dados. Atividades complementares: 1.Tente formular um problema de pesquisa sobre os temas: agressividade, preconceito racial, escolha da profissão. 2. Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo: Considerando os aspectos relevantes para a formulação de um problema de pesquisa, avalie as perguntas abaixo: I.O que leva os jovens a consumirem drogas? II. As leituras de autores brasileiros são mais adequadas para alunos de escola pública? III. Quais foram os efeitos das alterações na conceituação de deficiência mental nos cuidados com os deficientes mentais? IV.Como jovens solteiros, adeptos das religiões X e Y, lidam com a proibição de manter relacionamentos sexuais antes do casamento? V.A redução da idade para efeito de responsabilidade penal diminuiria a prática de crimes praticados por adolescentes. São problemas de pesquisa: a)Apenas II, III e IV. b)Apenas I, II e V. c)Apenas III e IV. d)Apenas IV. e)Apenas I, III e IV. A resposta correta é C. A pergunta formulada na I é tão ampla que não haveria a possibilidade de respondê-la. A pergunta formulada na II exige um julgamento de valor, o que não caberia em uma pesquisa científica. No item V, temos uma afirmação e não uma pergunta. Formulação de hipótesesLeituras obrigatórias: GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2006. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas, 2006. Hipótese, segundo o dicionário Aurélio, é uma conjetura, uma proposição. Do ponto de vista de uma pesquisa, uma hipótese é uma resposta possível ao problema apresentado, portanto provisória; é uma possibilidade de resultado. A hipótese deriva assim, do problema e orienta a investigação, tendo em vista que se pretende no final do estudo confirmá-las ou refutá-las. Há vários tipos de hipóteses. Gil(2006) apresenta a seguinte classificação: a)casuísticas; b)referentes à freqü.ncia do acontecimento; c)referentes a relações entre variáveis: causais, simétricas, assimétricas e recíprocas. A formulação das proposições hipotéticas deriva de várias fontes: de teorias ou de outras pesquisas sobre o tema, da observação realizada no cotidiano ou de simples intuições. Ainda segundo o autor, as hipóteses precisam ter qualidade, ou seja, precisam ter possibilidade de ser testadas. Exigem alguns requisitos: a)apresentar conceitos claros – definições operacionais; b)especificidade; c)empíricas; d)parcimoniosas; e)ajustadas às técnicas disponíveis; f)relacionada a uma teoria. Nem todos os projetos de pesquisa apresentam hipóteses. Algumas vezes, as hipóteses estão implícitas. Nas pesquisas descritivas que tem como objetivo apresentar um fenômeno, por exemplo, as hipóteses não se apresentam formuladas. Atividades complementares: 1.Sugiro a leitura do cap. 5 do livro Métodos e técnicas de pesquisa social, para maior compreensão dos aspectos relativos à hipótese. 2. Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo. Sobre hipóteses: I. As hipóteses são levantadas, antes mesmo da colocação de um problema passível de investigação. II. As hipóteses podem ser construídas, a partir da observação, dos resultados de outras pesquisas, de teorias ou de simples intuições. III. Nem todas as hipóteses levantadas, inicialmente, são testáveis. IV.O levantamento de hipóteses é absolutamente necessário em qualquer pesquisa científica. V.Em estudo, que tem como objetivo descrever fenômenos, nem sempre as hipóteses estão formalmente enunciadas. Considerando as afirmações abaixo, assinale a alternativa correta: a) Apenas as afirmações II, III, IV e V estão corretas. b) Apenas as afirmações II. IV e V estão corretas. c) Apenas as afirmações I, II e III estão corretas. d) Apenas as afirmações III e V estão corretas. e) Apenas as afirmações II, III e V estão corretas. A resposta correta é a E. A afirmação contida no item I está incorreta. Não se formula hipótese antes de se ter um problema, tendo em vista que a hipótese seria uma possibilidade de resposta à pergunta formulada. Quanto a afirmação apresentada no item IV, também é incorreta. Apesar da maioria das pesquisas apresentarem hipóteses, elas não são absolutamente necessárias. Definição dos participantes Leitura obrigatória: MINAYO, M. C. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis,RJ: Editora Vozes, 2007. A definição dos participantes e a escolha do local para a realização da pesquisa são partes integrantes dos procedimentos metodológicos empregados. Essas definições já são direcionadas, na medida em que o problema é claramente formulado. Por exemplo, se o problema a ser investigado é: como jovens solteiros, adeptos das religiões X e Y, lidam com a proibição de manter relacionamentos sexuais antes do casamento?, os participantes já estão praticamente definidos. Restam ainda estabelecer alguns critérios de inclusão. Por ex.: serão investigados jovens do sexo feminino e masculino? Qual será a faixa etária? Além disto, é preciso estabelecer o número de jovens que fará parte do estudo. Essa definição é denominada de “seleção da amostra” ou “amostragem”. Segundo Minayo (2007), há dois tipos de amostras: probabilísticas e não – probabilísticas. A primeira define, a partir de cálculos estatísticos, a amostragem mais representativa de uma população total a ser investigada. A segunda, mais utilizada em pesquisas sociais, não define um número de participantes da pesquisa a priori. Ou seja, os indivíduos vão participando até que se evidencie uma regularidade nos sentidos, concepções, explicações etc dos sujeitos. Este é o critério de saturação. Definidos os participantes, praticamente se define o local da pesquisa. No exemplo acima, os participantes da pesquisa pertencem a instituições religiosas. Neste caso, também devem ser explicitados os critérios de escolhas das organizações (por ex. de determinados bairros da cidade de São Paulo). É preciso estar claro, porque determinadas unidades foram incluídas e outras não. Essas justificativas devem ser coerentes com os objetivos da pesquisa. Atividades complementares: 1. Leia com atenção parte dos resultados de uma pesquisa. “ Inicialmente, serão apresentados os resultados dos questionamentos feitos aos participantes acerca da necessidade de formação extracurricular na área jurídica. É importante lembrar que apenas 16% da amostra cursou alguma disciplina relacionada à Psicologia jurídica durante a graduação. Assim sendo, restava saber quais cursos os participantes necessitaram buscar a fim de complementar sua formação para atuar nesse campo. Quando questionados sobre a necessidade de buscar conhecimentos através de cursos de extensão, aperfeiçoamento ou capacitação para exercer atividades relacionadas ao meio jurídico, em função de falhas na formação acadêmica, 80% dos respondentes afirmou ter sentido tal necessidade. A seguir estava à disposição dos participantes um espaço para elencar os três tipos de cursos mais importantes que foram buscados. Foi realizada uma análise das respostas, que foram agrupadas conforme as áreas. Os tópicos mais citados foram: avaliação psicológica e documentos (45,7%), abuso sexual e violência doméstica (17,1%) e Psicologia da família (11,4%). [...] Todos os participantes afirmaram conhecer o instituto da guarda compartilhada, sendo que 80% tem experiência no assunto e 20% não teve até o momento nenhuma experiência profissional relacionada ao tema. Ao serem questionados sobre sua opinião, 64% mostrou- se favorável à guarda compartilhada, 8% desfavorável, e 28% afirmou não ser possível emitir uma opinião sem analisar a situação concreta, devido à alta individualização dos casos. [...] Em relação à síndrome de alienação parental, 77,5% dos participantes conhecia o termo, enquanto 22,5% o desconhecia. Dentre os que conheciam essa denominação, 73,7% tem experiência no assunto, 7,9% não tem experiência e 18,4% relaciona o assunto com falsas acusações de abuso sexuaL.[...]” (Lago, V. e Bandeira, D. A Psicologia e as demandas atuais do Direito de Família. Revista Psicologia Ciência e Profissão, n°2, ano 2009.) Considerando o texto acima, assinale a alternativa incorreta: a)A maioria dos participantes não teve a disciplina Psicologia Jurídica em seu curso de graduação. b)É preocupante que 18,4% dos psicólogos jurídicos não conheçam o termo síndrome de alienação parental. c) A maioria dos participantes conhece e tem experiência nas demandas questionadas. d) Provavelmente, a maioria dos sujeitos da pesquisa eram psicólogos que estavam vinculados ao Poder Judiciário. e) O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário. A resposta correta é a B. A afirmação contida na alternativa B é o único dado incorreto da pesquisa apresentada no texto acima. Módulo V Procedimentos para coleta de dados Leitura obrigatória: GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006 Leitura complementar: MINAYO, M. C. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 2000. Seja qual for o referencial teórico utilizado em uma pesquisa,é imprescindível que se estabeleçam quais são as ações que gerarão as informações necessárias para responder às perguntas formuladas – problema de pesquisa, tendo em vista que um problema que demanda investigação científica não pode ser respondido diretamente. A definição dos instrumentos e/ou técnicas que serão utilizados para a coleta de dados está diretamente vinculada aos objetivos da pesquisa. O problema de pesquisa e as hipóteses formuladas dirigem o pesquisador na eleição de um (ou mais) instrumento e/ou técnica que sejam adequados à coleta dos dados. Sendo assim, o instrumento e/ou a técnica que serão adotados só serão definidos a posteriori, ou seja, após a definição dos objetivos geral e específicos da pesquisa. Trata-se muito mais de uma decorrência do que de uma escolha. Há vários instrumentos e técnicas utilizados em pesquisa para a coleta de informações: questionários, entrevistas, observações, documentos, testes, escalas etc. Cada um desses instrumentos tem as suas peculiaridades; apresentam vantagens e desvantagens. É preciso que o pesquisador os conheça para que possa selecionar aquele que melhor servirá aos propósitos da sua pesquisa. As entrevistas e observações são técnicas muito comuns em pesquisas qualitativas, assim como os questionários tem sido associados à pesquisa quantitativa. . Contudo, o uso desses instrumentos não define, por si só, o tipo de pesquisa. Atividades complementares: 1.Formule dois problemas diferentes de pesquisa referentes ao seu tema e identifique qual seria o instrumento melhor para utilizar na coleta de dados de cada pesquisa. 2.Considerando a formulação da questão 1., justifique porque seria melhor usar tal instrumento e não outro. 3. Leia com atenção os trechos abaixo de um artigo científico e tente responder a questão apresentada. “Este artigo trata da análise da atividade desenvolvida por um grupo de mulheres, em uma cidade do interior da Região Nordeste do Brasil, que se dedicam a um artesanato denominado “labirinto”. Trata-se de um bordado trabalhoso, utilizado para produzir peças de decoração e vestuário. O objetivo do estudo é verificar a relação das condições e da organização do trabalho e a saúde das labirinteiras. Foram utilizados os aportes teóricos da ergonomia da atividade e da psicodinâmica do trabalho, por permitirem analisar o trabalho real e as vivências subjetivas de prazer e sofrimento ligadas ao trabalho. Como instrumentos metodológicos foram utilizados….” (Cunha, T.B. e Vieira, S.B. Entre bordado e renda: condições de trabalho e saúde das labirinteiras de Juarez Távora/Paraíba. Revista Ciência e Profissão, 2009, nº 2, p.259) Considerando o texto acima, complete a frase final, escolhendo a alternativa correta: a)questionários e entrevistas. b)observações e entrevistas. c)entrevistas individuais. d)testes ergonômicos e observações. e)observações e questionários. Sugiro que antes de tentar responder a questão e ler o gabarito, procure em um site (Google acadêmico, por exemplo) a palavra ergonomia e leia algum artigo que explique a que este conceito se refere. Se você já tem esse conhecimento, vá direto à questão. A reposta correta é B. O termo ergonomia já dá a dica de um instrumento utilizado necessariamente para a análise ergonômica do trabalho – observação da situação de trabalho - e a frase “analisar o trabalho real e as vivências subjetivas de prazer e sofrimento ligadas ao trabalho” confirma e completa a informação. A entrevista Leitura obrigatória: MACEDO, M. e CARRASCO, L.(org). (Con)textos de entrevista – olhares diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. Leitura complementar: VERGARA, S.C. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Atlas, 2009, Cap. I. A entrevista é um dos recursos mais utilizados nos diversos campos de atuação do psicólogo, ainda que comumente seja mais associada à prática clínica. De um modo geral, podemos caracterizar a entrevista como um espaço de conversação que se estabelece entre duas ou mais pessoas com o objetivo de se obter informações. Cabe ressaltar que não estamos referindo-nos a qualquer conversa ou diálogo social. Realizar uma entrevista no campo da Psicologia não significa apenas estabelecer uma conversa com o entrevistado. Nesse caso, toda entrevista tem um objetivo específico e está sustentada por uma teoria. Ou seja, a escuta do entrevistador é mediada pelo conjunto de conceitos que adota. Há sentidos e significados atribuídos àquilo que se fala. A entrevista é uma técnica privilegiada de investigação que possibilita, através da palavra, acessar a subjetividade do indivíduo. Particularidades do sujeito que não são captados em outros procedimentos podem vir à tona e serem percebidos pelo entrevistador. Daí a interdependência dos envolvidos no estabelecimento do diálogo. A entrevista , seja ela qual for, é um instrumento privilegiado de acesso ao outro. Apesar de ser uma técnica que pressupõe um campo estruturado – papéis e objetivos definidos - não se pode prever ou garantir o que acontecerá no decorrer de uma entrevista. Em se tratando de interação humana, muitos fenômenos podem ocorrer. No âmbito da psicologia, as informações obtidas, através de uma entrevista, podem ser necessárias para a realização de um psicodiagnóstico, de orientação, de coleta de dados para uma pesquisa etc. Atividades complementares: 1.Identifique na prática clínica um tipo de entrevista com um roteiro de perguntas e apresente os seus objetivos. 2. Identifique na prática clínica um outro tipo de entrevista em que não se tem um roteiro previamente definido e apresente os seus objetivos. 3. Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo. Considere as afirmações abaixo, a respeito de entrevistas: I.A entrevista clínica não possui qualquer roteiro porque no espaço clínico pretende-se que o sujeito se expresse livremente sobre o quer quiser. II.A diferença entre a entrevista clínica e a entrevista em pesquisa está nos objetivos de cada uma. III.Uma entrevista em pesquisa geralmente tem um roteiro definido, porque em qualquer pesquisa sempre há objetivos geral e específicos que devem ser atendidos. IV.A entrevista em psicodiagnóstico é semi- dirigida, porque não se tem objetivo terapêutico nesse processo, mas apenas de se levantar as hipóteses diagnósticas. V. Na entrevista semi-dirigida em pesquisa, o pesquisador tem um roteiro prévio estabelecido que lhe serve de guia de modo a garantir que todos os temas relevantes sejam abordados. A partir das afirmações, escolha a alternativa correta: a)Apenas as alternativas I, II, IV e V estão corretas. b)Apenas as alternativas II, III e V estão corretas. c)Apenas as alternativas II, III, Iv e V estão corretas. d)Apenas as alternativas III e V estão corretas. e)Apenas as alternativas II e V estão corretas. A resposta correta é a E. Os objetivos do psicólogo definem o tipo de entrevista que será adotada e a maneira como será realizada e não a área de atuação em si. O roteiro de uma entrevista semi-dirigida em pesquisa tem esse propósito de estabelecer todos os temas que deverão ser abordados, para que se produzir os dados necessários que responderão ao problema formulado. A entrevista em pesquisa Leitura obrigatória: GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006, Cap. 11. Leituras complementares: SILVERMAN, D. Interpretação de dados qualitativos – métodos para análise de entrevistas, textos e interações. Porto Alegre: Artmed, 2009. VERGARA, S.C. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Atlas, 2009, Cap. I. A entrevista é uma técnica de coleta de dados. Através de perguntas, o entrevistador obtém as informações necessárias a sua investigação: sentimentos, intenções, opiniões, pensamentos etc do entrevistado. Segundo Gil (2006), Há vantagens e desvantagens dese utilizar a entrevista em uma pesquisa. Apresenta as seguintes vantagens: 1. acessa várias informações sobre os mais diferentes aspectos da vida social; 2. possibilita aprofundar o conhecimento sobre o comportamento humano; 3. é possível transformar as informações em dados de pesquisa: classificar e quantificar; 4. aplica-se a participantes sem qualquer grau de escolaridade; 5. o número de informações obtidas é maior; 6. permite uma flexibilidade maior do entrevistador que pode esclarecer melhor as perguntas e as respostas; 7. possibilita ter outros conhecimentos sobre o participante, tendo em vista a sua presença: tonalidade de voz, modo de se expressar, postura corporal etc. As limitações da entrevista seriam: 1. pouca motivação do participante; 2. pouca compreensão do sentido das perguntas; 3. dificuldades do participante em se expressar; 4. o aspecto pessoal e as opiniões do entrevistador influenciarem as respostas do entrevistado; 5. o custo maior com o treinamento e a realização das entrevistas. As entrevistas em pesquisa pressupõem um roteiro que seja pertinente à pesquisa que se realiza. Esse roteiro pode ser mais ou menos estruturado; e a estruturação do roteiro define o tipo de entrevista que será adotado na pesquisa. Atividades complementares: 1.Apresente um problema de pesquisa a respeito de seu tema que requeira a realização de entrevistas para a coleta de dados. 2. Elabore um roteiro de pesquisa para o problema acima. 3. Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo. Qual é a relação entre os relatos de um entrevistado e a realidade que ele descreve? Assinale a alternativa certa: a)Os relatos são sempre verdadeiros para o entrevistado, mas não necessariamente para o entrevistador. b)Os relatos não descrevem a realidade porque não se pode ter acesso à realidade em si. c)Os relatos de uma entrevista dão potencialmente acesso aos fatos, desde que alguns cuidados sejam tomados: perguntas testadas e padronizadas e seleção aleatória da amostra de entrevistados. d)Os relatos das entrevistas são sempre construções de significados e o que interessa ao entrevistador é como os significados são construídos. e)O modo como serão tratados os relatos dos entrevistados depende do modelo teórico adotado pelo entrevistado. A resposta correta é E. Os relatos das entrevistas poderão ser considerados como narrativas, como descrições da realidade etc, dependendo do modelo teórico do pesquisador e, portanto, dos pressupostos epistemológicos, ontológicos e antropológicos. Módulo VI Tipos de entrevistas Leitura obrigatória: VERGARA, S.C. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Editora Atlas, 2009. Leitura complementar: GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006. As entrevistas utilizadas em pesquisas de campo podem ser classificadas: quanto ao número de participantes, em individual ou coletiva; e quanto à estrutura da entrevista, em aberta, semiaberta ou semidirigida e fechada ou dirigida. A entrevista individual, como o próprio nome diz, é realizada com um único participante de cada vez. O número de entrevistados dependerá do problema de investigação e da representatividade dos participantes. Geralmente, não há um número fixo de entrevistas já definido no projeto de pesquisa; há uma estimativa. O número de entrevistados se define no campo, ou seja, no momento em que as informações obtidas começam a se repetir – nenhuma informação nova surge – cessam-se as entrevistas. A isto se denomina saturação. A entrevista coletiva é também chamada de grupo focal. O número exato de participantes também será definido, a partir do problema de pesquisa. No grupo focal, o entrevistador tem o papel de moderador. Ele lança um tema ou uma pergunta específica para discussão entre os participantes. A entrevista aberta ou não dirigida é caracterizada como espontânea. Ela se distingue da conversa espontânea apenas porque tem um objetivo específico – coletar dados para uma investigação. Pretende-se com esse tipo de entrevista que o participante apresente uma narrativa com as suas opiniões, percepções, representações, experiências vividas etc sobre um fato, um assunto, um fenômeno. Na entrevista aberta é importante que a questão inicial seja ampla o suficiente e permita ao participante falar livremente. A entrevista semiaberta ou semidirigida apresenta certa estruturação, tendo em vista que conta com um roteiro previamente formulado. Esse roteiro não é fechado; ele apenas serve de guia ao entrevistador para que não perca o foco. As questões são formuladas de modo a permitir que o entrevistado se expresse livremente e possibilita inclusões ou mudanças, a partir da fala do participante. A entrevista fechada ou estruturada apresenta um roteiro fixo de perguntas fechadas – que exigem uma única resposta do entrevistado - e ordenadas. Essa ordem de apresentação das perguntas não é variável e não há inclusão ou exclusão no roteiro. Esse tipo de entrevista geralmente é usado em levantamentos em que se exige a participação de muitos participantes; além disto, possibilita a análise estatística porque as respostas obtidas são padronizadas. Tanto na entrevista individual como na coletiva, é preciso que o pesquisador apresente e justifique claramente os critérios de seleção dos participantes, bem como a opção pelo tipo de entrevista que utilizou. Atividades complementares: 1.Formule um problema de pesquisa que requeira a técnica de entrevista fechada como procedimento para coleta de dados. 2.Elabore um roteiro de entrevista para o problema formulado. 3. Leia com atenção o exercício abaixo e tente respondê-lo. “O Programa Saúde da Família (PSF), porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), tem como um de seus pilares a formação de vínculos de compromisso e co-responsabilidade com o usuário, visando ao controle social do serviço. O presente artigo objetivou aprofundar as formas como esse usuário é posicionado pelos profissionais das equipes de saúde do PSF... Adotou-se para a análise a perspectiva discursiva, que se sustenta no reconhecimento da força constitutiva dos discursos e no seu papel no ordenamento da vida social e na provisão de posicionamentos de sujeitos. As construções discursivas foram organizadas pela temática evocada, e identificaram cinco tipos de discursos: 1)necessidades e problemas dos usuários; 2)desconfianças dos usuários em relação ao PSF; 3)insatisfações dos usuários com o serviço; 4)relações de conflito entre profissionais e Conselho Gestor e 5) falas de coresponsabilidade. A análise discursiva evidencia as dificuldades de trabalhadores e gestores em construir relações horizontais e de diálogo com os usuários, em função das relações de poder vigentes no Sistema Único de Saúde (SUS), perpassado por grandes desigualdades sociais.” (Traverso-Yépez, M., Morais, A.S. e Cela, M. Construções discursivas acerca do usuário do Programa Saúde da Família (PSF). Revista Ciência e Profissão, 2009, nº 2, p.365) Considerando o resumo acima, escolha a alternativa correta: a)É muito provável que tenha sido utilizada entrevista fechada, nesta pesquisa. b)Com certeza foram realizadas entrevistas coletivas, nesta pesquisa. c)Com certeza foram realizadas entrevistas semidirigidas, nesta pesquisa. d)É muito provável que tenham sido realizadas observações, nesta pesquisa. e)Com certeza foram realizadas entrevistas individuais, nesta pesquisa. A resposta correta é E. Em se tratando de análise discursiva, entrevistas individuais foram feitas. É muito provável que tenha sido uma entrevista semidirigida, mas não podemos afirmar com certeza. Observação Leitura obrigatória: GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006. Leituras complementares: VERGARA, S.C. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Editora Atlas, 2009.Um procedimento importante para a coleta de dados em pesquisa é a observação. Caracteriza-se pela presença constante do pesquisador e percepção deste sem a intermediação de outros. Ou seja, os fatos ou fenômenos são diretamente percebidos e registrados. A desvantagem deste procedimento diz respeito à interferência que a presença do pesquisador produz naqueles que estão sendo observados. As pessoas observadas reagem de alguma maneira à presença de um terceiro. Com isto podem perder a espontaneidade, disfarçar ou ocultar alguns comportamentos, controlar outros etc. Gil (2006) classifica as observações em: simples, participante e sistemática. A observação simples é informal e espontânea; caracteriza-se pela presença do pesquisador apenas como um espectador. Ela ultrapassa a simples observação de fenômenos porque há um controle na obtenção dos dados e esses dados serão analisados e interpretados posteriormente. Segundo Gil(2006), esse tipo de observação é mais utilizado em pesquisas exploratórias, para a melhor definição do problema e construção de hipóteses. A observação participante caracteriza-se pela participação ativa do pesquisador na vida do grupo ou na situação observada. É bastante utilizada por pesquisadores antropólogos no estudo de comunidades e culturas específicas. Com essa técnica, o pesquisador adquire um conhecimento sobre o grupo a partir de sua integração a ele. A observação sistemática implica em um conhecimento prévio do pesquisador sobre o grupo ou situação a ser observada, para que ele possa planejar com antecedência a sua observação. Esse planejamento do registro e da organização dos dados está diretamente vinculado aos objetivos da pesquisa. De acordo com Gil(2006), a observação sistemática demanda o estabelecimento de categorias prévias para o registro dos comportamentos. Atividades complementares: 1.Formule um problema de pesquisa cuja coleta de dados indicada seja a observação. 2.Leia o capítulo 10 do livro indicado na leitura obrigatória. 3. Leia com atenção o exercício abaixo e tente resolvê-lo. Silverman (2010, p.34), ao discutir sobre a pesquisa etnográfica (tipo de pesquisa que se utiliza da observação para a coleta de dados), apresenta o trecho de um romance Moon Palace, de Paul Auster que está reproduzido abaixo. “No momento em que saímos para a rua, Effing começava a sacudir a bengala no ar, perguntando em voz alta qual o objeto que estava apontando. Logo que eu lhe respondia, ele insistia que eu descrevesse o objeto para ele. Latas de lixo, janelas de loja, portas de entrada: ele insistia que eu lhe fizesse um relato preciso das coisas, e quando eu não conseguia elaborar as frases com a rapidez suficiente para satisfazê-lo, ele explodia em fúria. “Pô, rapaz”, ele diria, “usa esses olhos na sua cabeça! Eu não consigo ver coisa alguma, e você fica aí dizendo asneiras sobre ‘o poste mais comum’, ou ‘perfeita tampa comum de saída de esgoto’. Não existem duas coisas exatamente iguais, seu tolo, qualquer caipira sabe disso. Eu quero enxergar aquilo que estamos vendo, maldição, eu quero que você faça com que as coisas apareçam para mim!” (Auster, 1990:117) Considerando esse texto, podemos afirmar que a técnica de observação para coleta de dados em pesquisa etnográfica exige: a)Descrição detalhada e minuciosa apenas de detalhes notáveis, porque o comum todos tem acesso. b) Descrição detalhada e minuciosa de todos os detalhes, mesmo os mais comuns, apenas quando se trata de pesquisa de culturas desconhecidas. c) Descrição detalhada e minuciosa de todos detalhes observados, porque é na trivialidade do dia-a-dia que emergem as diferenças e as situações notáveis. d) Descrever de maneira genérica as situações corriqueiras e detalhar as situações bizarras. e) Descrever de maneira genérica as similaridades entre as coisas. A resposta correta é C. Segundo Silverman(2010), o etnógrafo deve ser capaz de identificar nas situações mais bizarras os aspectos triviais e em situações rotineiras, corriqueiras, os aspectos mais extraordinários. Além disto, como apresenta o texto, é preciso que fazer o leitor da observação “ver” o fenômeno descrito. Questionário Leitura obrigatória: GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006. Leituras complementares: VERGARA, S.C. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Editora Atlas, 2009. Outra técnica de coleta de dados bastante utilizada é o questionário. São usados para investigar opiniões, sentimentos, comportamentos, crenças, interesses, expectativas etc. Os questionários usados em investigação científica geralmente apresentam perguntas fechadas, abertas ou dependentes. As questões do questionário são fundamentais e deverão traduzir os objetivos da pesquisa, pois são as respostas às questões que fornecerão os dados necessários para a análise e resposta ao problema investigado. Assim, o cuidado na construção do questionário e uma aplicação prévia - pré-teste – são procedimentos importantes para garantir a precisão e validade do instrumento. Gil (2006) aponta alguns cuidados importantes na construção das questões: 1.devem ser claras e precisas; 2.não devem permitir interpretações diferentes; 3.não devem sugerir respostas; 4.cada uma deve tratar de uma única idéia; 5. devem considerar os referenciais dos participantes. É importante avaliar a sequência das questões, de maneira a evitar que questões que tendem a suscitar resistência ou defesa do participante sejam evitadas. A principal vantagem do uso do questionário na coleta de dados é a possibilidade de se investigar um número grande de participantes. Geralmente, ele é auto-aplicado e este fato facilita a participação das pessoas de um lado, mas apresenta uma série de limitações, de outro. Dentre as limitações, o acesso as informações relativas à auto-aplicação é uma conseqü.ncia que se deve considerar, tendo em vista que não se terá conhecimento sobre a compreensão da questão pelo participante, as circunstâncias em que foi respondido e a forma como foi feito etc. Atividades complementares: 1.Leia com atenção o capítulo 12 do livro indicado na leitura obrigatória. 2.Formule um objetivo de pesquisa para o seu tema de pesquisa e, em seguida, formule 2 questões claras e precisas que poderiam fazer parte de seu roteiro. 3. Leia com atenção o exercício abaixo e tente resolvê-lo. “Este estudo teve como objetivo investigar a relação entre inclinações profissionais (referenciais de carreira) e atitudes em relação à carreira profissional em estudantes universitários no contexto de um mundo do trabalho em transformação. Os estudantes eram provenientes de vários cursos (N=493), de ambos os sexos, de uma universidade particular da cidade de São Paulo. Os referenciais de carreira foram avaliados por meio de inventário de inclinações profissionais, que informa sobre a inclinação ao empreendedorismo, à autonomia e liberdade, ao altruísmo e à estabilidade e à manutenção do estilo de vida, com precisão e validade fatorial. Utilizou-se também um questionário que informa os motivos para a escolha, satisfação, comprometimento e empreendimento de ações efetivas em relação à carreira profissional. Os resultados indicaram que as inclinações profissionais estão associadas a diferentes atitudes em relação à carreira, permitindo concluir que diferentes tipos de representações sobre o papel da profissão na vida influenciam diretamente no processo de formação da identidade profissional desses estudantes. (Lemos, C.G. et al. Referenciais de carreira e identidade profissional em estudantes universitários. Revista Ciência e Profissão, 2007, nº 2.) A partir do texto acima, analise as afirmativas abaixo: I.Uma questão referente aos níveis de satisfação com a carreira poderia apresentar as seguintes alternativas: insatisfeito, pouco satisfeito, razoavelmente satisfeito,satisfeito, muito satisfeito. II.Em se tratando de pesquisa qualitativa, não houve necessidade de se utilizar cálculos estatísticos. III.O adoção do questionário como instrumento de coleta de dados foi adequado ao número elevado de participantes na pesquisa. IV.As questões constantes do questionário provavelmente se referiam a satisfação, ao comprometimento com a carreira, motivos para a escolha do curso, empreendimento de ações efetivas sobre a carreira. V.Provavelmente, os questionários foram aplicados individualmente, para garantir que todas as questões fossem respondidas. Considerando as afirmações acima, escolha a resposta correta: a)Estão corretas apenas as afirmativas I, II, IV e V. b) Estão corretas apenas as afirmativas II, III e IV. c) Estão corretas apenas as afirmativas I e III. d) Estão corretas apenas as afirmativas I, III e IV. e) Estão corretas apenas as afirmativas II, IV e V. A resposta correta é a D. Módulo VII Procedimentos de análise dos dados Leitura obrigatória: GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2006. LUNA, V. S. Planejamento de pesquisa. São Paulo: EDUC, 2002. As informações obtidas pelos instrumentos e/ou técnicas utilizados – transcrições de entrevistas, registros de observação, protocolos de escalas atc - não respondem diretamente ao problema de pesquisa. Essas informações geradas por procedimentos específicos precisam receber um tratamento para serem transformadas em dados passíveis de análise e assim, produzir conhecimento. A transformação das informações em dados de uma investigação vai ser definida a partir de alguns fatores. Dentre eles, destacamos: a abordagem teórica adotada como fundamentação da pesquisa e consequentemente seus pressupostos; o instrumento utilizado na coleta de dados e a natureza dos dados coletados. Uma pesquisa de campo pode exigir tanto uma análise estatística de dados quanto uma categorização. Se a pesquisa realizada foi uma pesquisa quantitativa, com amostragem grande, e foram utilizados, por exemplo, questionários com perguntas fechadas, a transformação das informações demanda uma tabulação inicial das respostas. É possível, nesses casos, que os dados exijam a aplicação de modelos de tratamentos estatísticos antes de serem interpretados. Por outro lado, se a pesquisa realizada foi uma pesquisa qualitativa e foram selecionados poucos sujeitos para a realização de entrevistas, com questões abertas, que produziram uma variedade grande de informações, a transformação dessas informações em dados demanda uma série de tratamentos. Por ex., estabelecer categorias de análise. Muitas vezes, pesquisadores iniciantes, por não terem clareza dos objetivos da pesquisa que realizam ou por não terem uma fundamentação teórica sustentando a investigação, acabam gerando uma diversidade enorme de informações que não conseguem transformá-las em dados úteis. Isto dificulta muito o trabalho do pesquisador iniciante que tem em suas mãos uma imensa quantidade de material para interpretar, correndo assim sérios riscos de produzir várias ambigüidades. Atividades complementares: 1.Leia o exercício abaixo e tente resolvê-lo. Segundo Freud, a busca de prazer através do corpo e as construções de teorias sobre a origem e nascimento das crianças fazem parte da infância. Para ele, uma criança bem dotada intelectualmente se preocupa com os problemas sexuais, isto é, faz parte do desenvolvimento “normal” de qualquer pessoa investigar sobre a sexualidade. Freud atribui à postura do adulto, perante as manifestações da sexualidade na infância, fundamental importância para que a criança continue ou não motivada em suas investigações. Em sua obra, Freud contribuiu para que pensássemos sobre a importância da postura do educador na condução de questões relacionadas à sexualidade, de maneira a permitir à criança uma postura investigativa. (texto baseado no artigo de Banzato e Grant, em Estudos de Psicologia, PUC-Campinas, V.17, n. 1, p. 5-14, jan/abril 2000). Com esta preocupação, um grupo de psicólogos resolveu pesquisar sobre as representações da sexualidade em professores de pré-escola presentes nos discursos sobre suas práticas educativas. A partir do enunciado acima, assinale a alternativa correta: a)Como o objeto de investigação desta pesquisa são as representações da sexualidade dos professores da pré-escola, caberia realizar observações em sala de aula para verificar de que maneira eles lidam com as curiosidades sexuais das crianças. b) Dada a importância das questões ligadas à sexualidade para o desenvolvimento psíquico infantil, caberia eleger como sujeitos não apenas os professores, mas também os pais das crianças da pré-escola. c)Em se tratando de uma pesquisa qualitativa, porque tem como objeto de estudo aspectos subjetivos dos sujeitos, o método mais adequado seria o fenomenológico. d)É necessário estabelecer um número de sujeitos suficientes para que a amostra seja considerada significativa e a pesquisa seja considerada válida. e)Esta pesquisa deve fundamentar a sua interpretação na análise do discurso dos professores, uma vez que, de acordo com o referencial psicanalítico, o discurso representa o sujeito psíquico e tem significados diferentes do que se encontram enunciados, podendo revelar assim as imagens que os professores construíram da própria sexualidade. A resposta correta é E. Módulo VIII Redação do projeto de pesquisa Leitura obrigatória: MINAYO, M. C. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis – RJ, 2000. Leitura complementar: SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez Editora, 2000. Segundo Minayo(2007, p.38,39), um projeto de pesquisa se constitui de respostas às seguintes formulações: “- O que pesquisar? (Definição do problema, hipóteses, base teórica e conceitual.) - Para que pesquisar? (Propósitos do estudo, seus objetivos.) - Por que pesquisar? (Justificativa da escolha do problema.) - Como pesquisar? (Metodologia) - Por quanto tempo pesquisar? (Cronograma de execução.) - Com que recursos? (Orçamento) - A partir de quais fontes? (Referências)” Esses elementos devem estar presentes na redação de um projeto de pesquisa. Apesar de não haver uma forma única e correta de apresentá-los, nesse curso, adota-se o seguinte roteiro, constante no “Manual para Elaboração de Projetos e Relatórios de Pesquisa”, do CEPPE: 1) Elementos de Identificação a) Capa b) Folha de Rosto 2) Sumário 3) Lista de Figuras 4) Introdução a) Apresentação (não obrigatório) b) Tema/Levantamento bibliográfico c) Objetivos (Geral e Específico) d) Hipóteses e) Justificativa 5) Métodos a) Sujeitos b) Instrumentos c) Aparatos de pesquisa d) Procedimentos 6) Referências Bibliográficas 7) Anexos Nos módulos anteriores, foram apresentados e discutidos cada um desses elementos. O que cabe agora, portanto, é destacar a escrita propriamente dita do projeto. O projeto de pesquisa é escrito em etapas, como já vimos, e é reescrito diversas vezes, até que se chegue a sua versão final. E, nesse caso, versão final, porque o tempo previsto para finalizá-lo e para encaminhá-lo para aprovação já terminou. O que significa que se houvesse mais tempo, o processo de reescrever continuaria. Durante o processo de elaboração das várias partes do projeto de pesquisa, não se pode perder de vista o leitor do texto. O pesquisador não escreve para si mesmo, mas para leitores. Essa preocupação mantém o pesquisador atento a alguns procedimentos que deverá adotar. De um modo geral: 1.É preciso não perder de vista que o leitor não acompanhou a elaboração do projeto, portanto, o leitor precisa ler um texto que mostre como o problema de pesquisa foi construído. 2. Não se deve colocar no texto tudo que foi lido, mas apenas aquilo queserá útil, que servirá efetivamente para a discussão que se pretende fazer. 3. O texto deverá apresentar uma unidade inteligível. O texto deve ser claro; apresentar a definição dos conceitos que serão utilizados; os argumentos devem ser bem fundamentados. 4. Deve-se manter um diálogo com os autores escolhidos e não apenas expor seus pensamentos. Isto vai evidenciar que o pesquisador leu, compreendeu, refletiu e raciocinou para elaborar seus argumentos. 5.Para apresentar seus argumentos (construção do problema de pesquisa), o pesquisador deve ter uma linha de progressão lógica, em que os parágrafos se encadeiem uns aos outros. 6.Na Introdução, deve-se partir do geral para o específico, ou seja, o texto deve afunilar até apresentar o problema de pesquisa. Chegar ao término do projeto não significa ter um texto completo e finalizado. Todo texto (bom texto) implica incompletude; tem um caráter provisório; está sujeito a revisões e a críticas. Atividades complementares: 1.Releia o seu projeto de pesquisa e reescreva- o, pensando em um leitor da sua banca.
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