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EXCELENTISSIMO SENHOR JUIZ DIREITO DA VARA DA CÍVIL DA COMARCA DE MARINGÁ ESTADO DO PARANÁ CAROLINA FERRAZ, brasileira, menor impúbere, representada por sua genitora Maria Fernanda Ferraz, brasileira, solteira, desempregada, portadora da Cédula de Identidade RG sob nº 00.000.000, expedida pela SSP-SP, e inscrita no CPF sob nº 000.000.000-00, residente e domiciliada na Rua Itália, nº 00, Bairro Jardim São Miguel, na cidade e Comarca de Maringá, com o endereço eletrônico ferrazmaria@hotmail.com, por seu advogado, Getúlio Certeiro, inscrito na OAB sob nº 001/00, com endereço profissional na Rua das Camélias, nº 328, na cidade e Comarca de Maringá, celular para contato (44) 00000-0000, e endereço eletrônico certeiroadv@gmail.com, vem à presença de Vossa Excelência propor: AÇÃO DE PEDIDO DE INDENIZAÇÃO DE DANO MORAL DECORRENTE DE ESTUPRO. Em face de AFONSO DUARTE, brasileiro, natural de Paranavaí, Paraná, 48 anos, filho de Luzia Aparecida da Silva Duarte e de Antônio Pereira Duarte, casado, farmacêutico, inscrito na Cédula de Identidade RG sob nº 001.001.001, expedida pela XXX-XX, e inscrito no CPF sob nº 010.001.011-00, residente na Rua Antônio Carlos Jobim, nº 55, Bairro XXX, na cidade e Comarca de Maringá, CEP 87003-003, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. I- DOS FATOS A requerente, na época com dez anos de idade, passava as tardes com o senhor Afonso Duarte, que obrigava sua enteada, manter uma relação carnal com ele, na ausência de sua companheira. A menor assustada com a situação, por ser só uma criança, submeteu-se algumas vezes à torpeza, indecência do padrasto. Mediante ameaças de morte, inclusive com canivete, caso ela negasse realizar o que lhe ordenava como, despir-se e praticar o sexo oral. A requerente escondendo a situação por três anos levou-a, a denunciar o que estava acontecendo a sua mãe, e com apoio denunciaram o padrasto ao Ministério Público do Estado do Paraná e a Polícia de acordo com os inquéritos policiais sob nº 001.0001.000 e 000.000.00 anexos. Por conta da relação carnal que vivia com seu padrasto, a requerente resultou de uma gravidez indesejada, lhe causando diversos problemas psicológicos, e com traumas que serão levadas durante toda sua vida, atrapalhando seu desenvolvimento estudantil, amizades, entre outros. A requerente moveu a ação de pedido de aborto, em que o Juiz da 1º Vara Criminal da Comarca de Maringá Estado do Paraná, procedeu à citação do acusado nos autos nº 002.0002.0002, passando o referido à condição de Réu na AÇÃO PENAL DE ESTUPRO DE INCAPAZ. II- DO DIREITO II.1 DO DANO MORAL Conforme já fora exposto inicialmente, a requerente vinha sofrendo de uma relação carnal com seu padrasto, que resultou em sua gravidez. A requerente que teve a violação dos seus direitos fundamentais está passando por um momento difícil, ela se sente humilhada pelas situações que lhe ocorreram, e chegou a pensar em suicídio. A mesma está realizando acompanhamento semanalmente com um psicólogo, e dependente de remédios para depressão e ansiedade receitados por um psiquiatra. Todos os danos causados por seu padrasto, danos que podem ser irreversíveis para a vida da requerente, tendo que realizar um aborto, tratamentos diversos para sua saúde mental, sendo que ela poderia estar vivendo normalmente, e feliz, se essas situações não tivessem lhe ocorrido. A esse respeito, o artigo 5 da Constituição Federal, afirma que: Art. 5: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...). Inciso X: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; De acordo com o Ministro Oscar Corrêa, em acórdão do Supremo Tribunal Federal (RTJ 108/287), ao falar sobre o dano moral, bem salientou que “não se trata de pecúnia “doloris”, ou “pretium doloris”, que se não pode avaliar e pagar; mas satisfação de ordem moral, eu não ressarce o prejuízo e danos abalos e tribulações irreversíveis, mas representa a consagração e o reconhecimento pelo direito, do valor da importância desse bem, que é a consideração moral” (...). Podemos verificar no artigo 186 e 927 do Código Civil: Art. 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Maria Helena Diniz, em sua obra Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º vol., ao tratar do dano moral, ressalva que a reparação tem sua dupla função, a penal “constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando a diminuição de seu patrimônio, pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa (integridade física, moral e intelectual), não poderá ser violado impunemente”. II.2 DA MENORIDADE A requerente não atingiu maioridade, fumus boni juris, e não teria condições financeiras e psicológicas à criação de uma criança, a requerente deveria estar focando em seus estudos, brincando com seus amigos, deveria estar sendo cuidada por sua mãe e seu padrasto, e não passando por todo esse constrangimento, que irá lhe causas traumas para o resto da sua vida. A esse respeito, o artigo 4 e 5 do Estatuto da Criança e do Adolescente, afirma que: Art. 4: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Art. 5: Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Além disso, o artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente diz: Art. 17: O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. III- DOS PEDIDOS Diante do exposto, para que se faça justiça, pede e requer a Vossa Excelência: a) A concessão da indenização do dano no valor de R$ 130.000,00; b) A citação do Réu para que, querendo, apresente contestação; c) A condenação do requerido ao pagamento das custas processuais; d) Opta pela não realização de audiência de conciliação, conforme art. 319 CPC. Dá-se à causa o valor de R$ 130.000,00 (Cento e Trinta Mil Reais) Protesta provar o alegado por todos os meios e prova permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas. Termos em que Pede e espera deferimentos Maringá, 01 de Junho de 2020. ______________________________ Getúlio Carteiro OAB sob nº 001/00 Relação de provas.
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