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Legislação Aduaneira e Tributária Professor Me. Alexsandro Cordeiro Alves da Silva AUTOR Professor Me. Alexsandro Cordeiro Alves da Silva • Mestre em Desenvolvimento de Tecnologia, UFPR/Lactec (Universidade Fede- ral do Paraná); • Licenciado em Letras - Port./Inglês Plena, UEM (Universidade Estadual de Maringá); • Bacharel em Administração, FAPAN (Faculdade de Paraíso do Norte); • Graduando em Pedagogia, UniFCV (Centro Universitário Cidade Verde); • Graduando em Ciências Econômicas, UniFCV (Centro Universitário Cidade Verde); • Especialização em Comércio Exterior pela UNIFAMMA (União de Faculdades Metropolitanas de Maringá); • Docente do Curso de Direito, Administração, Marketing, Logística, Ciências Econômicas, Processos Gerenciais, Letras, Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo e Ciências Contábeis da UniFCV; • Coordenador do Curso de Administração presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Ciências Econômicas presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Letras presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Marketing presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Logística presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Empreendedorismo presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Comércio Exterior EAD (UniFCV); • Coordenador Científico em Ciclos de Estudos do UniFCV; • Gestor Educacional do Colégio Axia; • Docente de Pós-Graduação no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV). Ampla experiência como analista de Comércio Exterior (10 anos), produtor de ma- terial didático, tradutor, coordenação de cursos superiores e grupos de estudos. Currículo: http://lattes.cnpq.br/8228698800793385 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), é sempre um prazer falar com você que quer saber mais sobre comércio exterior! Aqui você pode encontrar reflexões e análises sobre a legislação aduaneira. Sempre que falamos de legislação é um tema bem complexo, pois envolve um processo de leis e atualizações de leis, por isso, sempre que precisar é importante buscar e verificar se as leis previstas neste material ainda estão vigentes. Na Unidade I iniciaremos nosso trajeto pelo fundamento da legislação, ou seja, quais leis bases servem como respaldo para as demais, as particularidades e as especifi- cidades de cada departamento envolvido no processo de importação e exportação, além disso, vamos descrever as atividades aduaneiras e as naturezas tributárias, assim como os principais impostos incidentes na importação e exportação, além dos conceitos de naciona- lização e desembaraço de mercadorias. Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as franquias adua- neiras, ou seja, trataremos dos portos e aeroportos que também são considerados como recintos alfandegados, continuares as definições sobre zonas francas e daremos ênfase na Zona Franca de Manaus (ZFM) e as principais características e benefícios das zonas francas pelo mundo. Por fim, relataremos também sobre as áreas de livre comércio e sua importância para o sistema de comércio exterior brasileiro. Na sequência, nas Unidades III e IV, trataremos das peculiaridades das infrações, delitos e fraudes que acontecem nas importações e exportações brasileiras. Mais espe- cificamente, na última unidade falaremos também do papel do profissional de comércio exterior na tomada de decisão e na análise da classificação fiscal de mercadoria, regimes especiais e atípicos, documentações e processos de importação e exportação. Esperamos contribuir para o seu crescimento profissional e aguçar a vontade de continuar na busca do conhecimento. Seja curioso(a), cada assunto tratado neste material abre a possibilidade de muita pesquisa e temos certeza que você estará à frente no mer- cado de trabalho. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 5 Fundamentos da Legislação UNIDADE II ................................................................................................... 27 Franquias Territoriais UNIDADE III .................................................................................................. 43 Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação UNIDADE IV .................................................................................................. 63 Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 5 Plano de Estudo: • Fato aduaneiro e realidade aduaneira • Atividades aduaneira • Tributos aduaneiros • Políticas Brasileira de Comércio Exterior Objetivos da Aprendizagem • Conceituar sobre aduana e alfândega • Compreender os tipos de tributos no comércio exterior • Rever as políticas Brasileiras no Comércio Exterior UNIDADE I Fundamentos da Legislação Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves 6UNIDADE I Fundamentos da Legislação INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à primeira unidade da apostila. Vamos dar início ao estudo sobre os Fundamentos da legislação. Essa é uma área do conhecimento que estuda as regras e implicações da importação relacionada com o Comércio Exterior, quase todas as regras também são aplicadas à exportação. A legislação aduaneira não é nova, entretanto é nela que se baseiam todos os processos de importação e exportação do país, a saber, a legislação é única, mas os decretos, Instruções Normati- vas, leis e pareceres é que ajudam o comércio exterior na contínua busca pela organização do sistema alfandegário. Visando o crescimento das importações, mas dentro dos controles fronteiriços, foram estabelecidas regras de importação para que os órgãos responsáveis pudessem ter maior controle dos processos e dos produtos importados. Após a verificação da necessida- de de parâmetros que respeitassem as normas internacionais da Organização Mundial do Comércio (OMC), surgiram legislações específicas para determinados tipos de produtos e serviços. É no Decreto nº 6759, Planalto, que teremos a base de nossas reflexões. Ainda, nesta legislação teremos os órgãos que atuam na área de comércio exterior brasileiro. De início, vamos tratar das condições aduaneiras brasileiras, legislação aduaneira, direito aduaneiro, e falaremos sobre os temidos impostos e tributos envolvidos na importa- ção e exportação. Por fim, veremos também algumas restrições e barreiras alfandegárias que a constituição prevê. Em seguida, serão apresentadas as legislações específicas para acordos internacionais, os conceitos de nacionalização e também de importação. Desejamos um ótimo estudo! 7UNIDADE I Fundamentos da Legislação 1. FATO ADUANEIRO E REALIDADE ADUANEIRA O fato aduaneiro foi desenvolvido para dar agilidade e porta de entrada e saída de mercadorias para diversos fins. Para início, é importante entender que fato aduaneiro é a necessidade de um departamento inserido em cada alfândega brasileira para a agilidade na fiscalização. Quem faz parte do fato aduaneiro são os órgãos governamentais. É na aduana que teremos toda mercadoria importada ou exportada sendo verificada, analisada e liberada para as devidas finalidades. Entretanto a realidade aduaneira é outra. O que deveria ser agilidade se tornou um sistema moroso em que cada processo de importação ou exportação demora em média 20 dias para concluir. Essa realidade aduaneira é diferente de outros países que buscam agili- zar em apenas algumas horas o desembaraço aduaneiro. Nesse sentido, vamos diferenciar cada setor e tratar das particularidades de cada setor e legislação aduaneira. Incluiremos também em nossas discussões as questões do Direito Aduaneiro. 1.1. Alfândega ou Aduana Segundo Assumpção (2007), o conceito de aduana é semelhante a Alfândega (do árabe: قدنفلا; transl.: al-fundaq, “hospedaria”, “estalagem”) ou aduana (do árabe: ناويدلا; transl.: ad-dīwān, “registro”, “escritório”). Para a autora, trata-se de uma repartiçãogoverna- mental e oficial para o controle de movimentos de entrada e saída de mercadorias do país, ou seja, importações (entradas) e exportações (saídas). 8UNIDADE I Fundamentos da Legislação Como já visto durante o curso, é inclusive nesse local (aduana) que os órgãos anuentes e intervenientes, como Receita Federal e Estadual, dentre outros, fazem a ve- rificação das condições da mercadoria. É importante ressaltar que esses órgãos tratam apenas da fiscalização de produtos e serviços e não do controle de tráfego de pessoas, para isso, há outras regras e legislações, regidas pela polícia de fronteira. É nesse “escritório” que são cumpridas as regras dispostas no decreto 6759/09, e é na alfândega (local de hospedagem) que são armazenados os produtos que serão exportados ou importados. Pensando assim, é por isso que se denomina a legislação de importação como legislação aduaneira, ou seja, órgãos governamentais fazendo cumprir determinações legais do país sobre determinado processo de importação. Já a estocagem e o armazenamento podem ser contemplados pela legislação aduaneira, possuindo, assim, as regras alfandegárias de armazenagem, como local propício para determinados produtos perecíveis, perigosos, muito pesados, muito leves etc. Na organização geral e fiscalização das aduanas encontramos a Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, ambos estipulados com os devidos poderes no Regulamento aduaneiro do Brasil (dec. 6759/09). 1.2. Conceito e Natureza do Direito Aduaneiro Entendido o que é aduana e alfândega, você precisa saber que há uma área do direito que se dedica às questões do trânsito de mercadoria e de pessoas. Sim, você leu corretamente! O conceito é o mesmo para pessoas e produtos, a diferença é que os produ- tos serão comercializados ao chegar a seu destino e as pessoas entram e saem do país por diversos motivos, mas é o direito aduaneiro que estabelece regras de trânsito entre países. De modo geral, podemos entender como um conjunto de normas que julgam e disciplinam o tráfego de pessoas, produtos ou serviços e também a fiscalização e cum- primento das leis nacionais e internacionais. Para cada caso, como supracitado, deverá ser consultada a legislação específica, principalmente de produtos e serviços controlados pelos órgãos anuentes. A relação aduaneira será entre países, entre empresas e governo e também entre empresas e consumidor final. Antes de prosseguirmos, é extremamente importante que você, estudante, entenda a lógica e organização de atuação aduaneira na gestão da operação de importação. Sa- bendo quais órgãos estão envolvidos na aduana e seus processos, ficará mais fácil saber a quem recorrer nos casos de organização de uma importação. 9UNIDADE I Fundamentos da Legislação No mesmo decreto 6759/09 estão esclarecidos os órgãos intervenientes e os anuentes. Os intervenientes têm relacionamento com comércio exterior de alguma forma, mas nem sempre são impeditivos de importação (banco do exportador, vendedor, des- pachante, dentre outros); nem sempre trabalham somente com comércio exterior. Já os anuentes legislam e têm papel de permitir a importação, ou seja, diretamente ligado à importação (órgãos como DECEX, MAPA, EXÉRCITO, dentre outros). 1.3. O Direito Aduaneiro Brasileiro e Atividade Aduaneira O direito aduaneiro atua, por meio de profissionais de comércio exterior e advo- gados, analisando as leis e normas que regem a entrada e saída de mercadorias do país. No Brasil, a grande batalha está na burocracia, pois com o aumento de importações e exportações durante as décadas, o país passou a se tornar pouco eficiente na liberação de mercadorias. Por isso, o direito aduaneiro vem impetrar a análise da legislação e dá pareceres sobre os processos de importação e importação. Para Sosa (2008) apud TREVISAN (2008 p. 24), Exercício do Poder de Soberania é atividade estatal típica, e como tal, dotada de um poder capaz de impor o interesse do Estado aos particulares. Em verdade é a Alfândega que primeiro exerce, em tempos normais, o poder de soberania. Tal se manifesta, com efeito, através do controle aduaneiro exercido sobre veículos que demandam território sob jurisdição política de um determinado Estado. Pode a Alfândega, nesse mister, abordar o veículo para exigir-lhe contas dos efeitos comerciais que transporta, indagar sobre seu destino, vistoriá-lo e, em casos justificados, até arrestar cargas que porventura não estejam devidamente documentadas. Em contrapartida, nenhum veículo sairá do território, conduzindo ou não cargas, sem prévia autorização aduaneira. (TREVISAN, 2008 p. 24) Nesse sentido, conforme expressado na citação, a autorização de fluxo é dada pe- los responsáveis aduaneiros. No Brasil, esse papel fica a cargo dos órgãos governamentais (anuentes e intervenientes). Os órgãos anuentes trabalham diretamente no país em que a mercadoria se encontra no momento da análise, por isso, a estrutura do comércio no Brasil tem como seu maior organizador o próprio governo. Já os demais órgãos analisam os produtos e comparam com a legislação. Por exemplo, se um importador está trazendo um cavalo, será de responsabilidade do importador, juntamente com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), verificar a classificação e após a permissão, trazer a mercadoria – sempre respaldado pela legislação aduaneira. No direito aduaneiro brasileiro englobam-se: Conselho Monetário Nacional (CMN), Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Mi- 10UNIDADE I Fundamentos da Legislação nistério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) – atual Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Ministério da Fazenda (MF) –, Ministério das Co- municações (MC), Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento (MAPA), Agência de Promoção de Exportações S/A (APEX), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação S/A (SBCE), Con- federação Nacional da Indústria (CNI), Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX), Federações Estaduais, Câmaras de Comércio, dentre outros. Ainda, cada órgão citado pode se subdividir, dependendo da necessidade e da legislação. Obviamente você não precisa saber de todos eles, mas é importante saber que cada um desses setores é um órgão responsável para determinadas ações na importação. Nem sempre todos os órgãos estarão envolvidos em todas as importações, mas depen- dendo do tipo de produto será necessário verificar com esses departamentos o que deve fazer para que o processo de importação não seja barrado no momento da entrada no país. Todos eles estão interligados e respondem à legislação aduaneira e é na aduana que serão efetivamente observados. 11UNIDADE I Fundamentos da Legislação 2. ATIVIDADE ADUANEIRA As atividades aduaneiras mostram o poder de controle do país. Desta feita, são os países que, de acordo com suas legislações, preveem as questões sobre o comércio exterior nacional, validam normas e regulamentos, cumprem leis nacionais e internacio- nais e controlam a entrada e saída de mercadorias. Essas atividades visam, no primeiro momento, o combate a fraudes, doenças, pandemias, drogas, armas, tráfico de pessoas e animais, defesa do patrimônio histórico, materiais perigosos ou contaminantes e alimentos e bebidas danosas à saúde. De acordo com Sosa (2008) apud TREVISAN (2008 p. 24) as atividades aduaneiras servem para O Controle Aduaneiro de Mercadorias. Também as mercadorias destinadas ao país, ou dele egressas, submetem-se ao controle aduaneiro. Os objetivos desse controle são múltiplos, como, por exemplo, verificar se as mercadorias objeto de importação ou exportação podem, efetivamente, ser transaciona- das, e se podem ingressar ou sair do território nacional.Com efeito, os Esta- dos poderão vir a proibir ingressos de mercadorias consideradas danosas à saúde e à ordem públicas, ou admiti-las sob severas condições de controle sanitário ou de segurança. Também podem decretar proibições por razões políticas, em razão da origem da mercadoria ou país de procedência. Essas proibições poderão ser definitivas ou temporárias, absolutas ou relativas, dizendo se então, que esta ou aquela operação está proibida ou suspensa. (TREVISAN, 2008 p. 24) Considerando isso, países como o Brasil coordenam as ações dos portos e aero- portos para que eles se transformem não somente em alfândegas (transito e armazenagem) de mercadorias, mas também atuem mundialmente com regras e atividades coordenadas. 12UNIDADE I Fundamentos da Legislação Para isso, há acordos e facilitações aduaneiras, visando a entrada de mercadoria mais flexível, o que não significa que sejam normas e legislações rígidas, mas sim coordenadas e coerentes entres os países. A atuação da aduana não é no sentido de impedimento da mercadoria e sim de fis- calização, se todos os documentos e mercadoria estão seguindo normas preestabelecidas. O fluxo da mercadoria é o alvo principal, logo, as questões tributárias não deveriam ser impedimentos para que a mercadoria seguisse seu fluxo. 2.1. Natureza das Normas Aduaneiras Se você é um(a) estudante atento(a), já deve ter notado que a legislação aduaneira segue um fluxo que culmina no órgão máximo legislador, a Presidência da República. É ela que atua diretamente com a finalidade de legislar as questões aduaneiras, sempre atenta às orientações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Vale a pena relembrar que a natureza legal das normas aduaneiras parte de um decreto “mãe” de todas as demais oriundas. Trata-se do Decreto nº 6759 de 5 de fevereiro de 2009, que “regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior”. Podemos entender a estrutura operacional hierárquica da seguinte maneira: Figura 1 - Estrutura da Presidência da República na aduana Fonte: o autor. A presidência da república (Figura 1) estabelece e assina decretos sobre a importa- ção e exportação interna de acordo com a legislação nacional e internacional. O Ministério das Relações Exteriores (MRE ou Itamaraty) está diretamente ligado às relações inter- nacionais e é responsável pelas políticas internacionais (Bilateral, regional e Multilateral). 13UNIDADE I Fundamentos da Legislação Já o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) atua nas políticas de desenvolvimento do comércio exterior. Por sua vez, o Ministério da Fazenda formula e regulamenta as políticas econô- micas do país, ou seja, é um órgão administrativo do comércio exterior; é nele que estão os órgãos relacionados ao fisco, como Receita Federal (responsável também pela vistoria e parametrização da mercadoria) e BACEN (responsável pelas verificações de contratos, câmbio e pagamentos). Estes últimos são responsáveis pela parte tributária da União. As normativas é que estabelecem critérios na importação aduaneira de determina- dos produtos. Dependendo do tipo de tratamento administrativo é que teremos que observar a Instrução Normativa (IN) para a importação de determinado produto. 2.2. Conceito de Importação Historicamente, a primeira relação de comércio se deu em 1808, com o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, também conhecido como Carta Régia, promulgada pelo Príncipe-regente de Portugal, Dom João de Bragança. Desde então, a importação passou por inúmeras mudanças, seja pelos tipos de mercadorias, seja pelas tramitações legais. Fontes (2018) descreve a importação como sendo o processo de entrada de pro- dutos originários de outro país. Além disso, com as modificações que o comércio exterior passou, podemos definir também como a entrada de mercadorias, bens e serviços que visam fatores comerciais e respaldados pelas leis fiscais. Todo processo de importação deve passar pelo processo de nacionalização, ou seja, em relações comerciais entre paí- ses, somente na importação será possível trazer uma mercadoria para ser comercializada. Na importação, devem-se observar alguns critérios, como condições comerciais, condições de armazenagem e transporte, legislações específicas de cada produto por meio do tratamento administrativo, negociações internacionais e cambiais, viabilização por meio da previsão de despesas, dentre outros. 2.3. Conceito de Nacionalização Nacionalizar os produtos e serviços é passá-los por um processo burocrático de verificação e fiscalização. Em suma, assim que a mercadoria chega no Brasil, passa a ser considerada em entreposto, ou seja, não é nem nacional e nem internacional. Nesse momento fica armazenada no recinto alfandegário para que seja vistoriada pelos órgãos competentes. Somente após o pagamento dos impostos e cumprida às exigências é que a mercadoria pode ser considerada nacional e seguir o destino para a empresa do importador. 14UNIDADE I Fundamentos da Legislação Entretanto para determinados produtos essa liberação pode ser condicionada à verificação ainda na empresa importadora, como é o caso de máquinas e bebidas. O outro nome dado para a nacionalização da mercadoria é desembaraço aduaneiro. Conforme o decreto 6759/09, para a nacionalização da mercadoria há a necessi- dade de apresentação de documentos obrigatórios que devem acompanhar a mercadoria, citamos: Certificado de origem, Packing list ou romaneio, Proforma Invoice, Conhecimento de embarque e Licenciamento de Importação (LI), se for o caso. Segundo a legislação 6759/09, é no momento da nacionalização que também devem ser recolhidos todos os tributos e taxas referentes à importação. 15UNIDADE I Fundamentos da Legislação 3. TRIBUTOS ADUANEIROS Como visto durante o curso, vale relembrar que o momento do recolhimento dos tributos de importação (Imposto de Importação - II, Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS e Taxa de Utilização do Siscomex) está previsto na Instrução Normativa SRF nº 98, de 29 de dezembro de 1997, e estabelece que sempre será o momento do registro da Declaração de Importação (DI), já o ICMS é no momento da liberação da mercadoria, quando ela poderá circular em território nacional. Trataremos na unidade IV das especificações de cada tributo, mas, de modo geral, os tributos aduaneiros são: Imposto de Importação (II): com base na Lei nº 3.244, de 14 de agosto de 1957; Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): estabelecido no Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010; Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS): com base na Lei Complementar nº 7, de 7 de Setembro de 1970, (PIS) e Lei Complementar nº 70, de 30 de Dezembro de 1991 (COFINS); Taxa de Utilização do Siscomex (TUS): de acordo com o Decreto n° 660, de 25.9.92. Na sequência temos o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS): primeiramente deve ficar claro que o ICMS é um imposto estadual, logo trataremos aqui das regras gerais e você precisará consultar as alíquotas do ICMS de seu estado; a regra do ICMS do Paraná, por exemplo, está respaldada no Decreto nº 7.871, de 2017. Esse imposto incide sobre a circulação de mercadorias devido ao transpor- 16UNIDADE I Fundamentos da Legislação te interestadual e intermunicipal para “qualquer que seja a sua finalidade, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto” e é de responsabilidade de cada estado, conforme ratificado na Lei Complementar nº 114, de 16 de dezembro de 2002; e AFRMM: o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) está previsto no Decreto-lei nº 2.404/1987 e respaldado pela Lei nº 10.893/2004 (alterações trazidas pelas Leis nº 12.599/2012 e 12.788/2013).17UNIDADE I Fundamentos da Legislação 4. POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR Podemos observar que a história e o comércio internacional andam juntos. Se considerarmos o final da Segunda Guerra Mundial (1942), justamente por não estar di- retamente envolvido na guerra, teve uma manutenção positiva do comércio internacional de importação e exportação. O café, por exemplo, teve grande importância para que o crescimento de vendas fosse alcançado, ou seja, somente com o café foi um acréscimo de 70% da exportação no período pós-guerra. Entretanto, com uma inflação de 14,6% em 1946, o Brasil focou em reestabelecer a ordem interna. Nessa época, observa-se que surgiram as primeiras regras de acordos e restrições para que a exportação de café fosse controlada e que a demanda interna não sofresse tanto impacto, o que culminou anos demais em uma demanda interna saturada e o governo tomando atitudes drásticas para a elevação do preço de produtos que outrora eram expor- tados. Em 1953, o Brasil passa a ter regras mais severas e taxações de seus produtos e múltiplas taxas cambiais. Com a criação da Organização Mundial do Comércio (OMS), em 1995, ficou mais claro que a política nacional deveria seguir critérios internacionais, dessa feita, o que já estava acontecendo foi formalizado por meio dos acordos e tratados internacionais. Vamos analisar alguns acordos e tratados que auxiliaram na efetivação da política nacional de comércio exterior. 18UNIDADE I Fundamentos da Legislação 4.1. Tratados, Convenções e Outros Atos Internacionais A Confederação Nacional da Indústria (CNI), desde 1990, atua para que o Bra- sil tenha planejamento estratégico na comercialização e a redução de barreiras, em sua maioria a redução tarifária, entre países com relacionamento comercial. Além das reduções tarifárias, os acordos estabelecem regras e disciplinas, condições iguais de competição em mercados estratégicos, maior participação do Brasil nas cadeias de produção internacional e maior acesso ao conhecimento de novas tecnologias. Tem como objetivo também as reformas domésticas, maior produtividade em escala e redução do custo de produção e, finalmente, a competitividade. Os acordos servem para a não discriminação de produtos oriundos do Brasil. Os acordos comerciais recentemente analisados pela CNI são: Quadro 1 - Principais acordos, tratados e convenções com o Brasil ENVOLVIDOS OBJETIVO União Europeia Defender a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia com a inclusão dos pleitos de maior impacto para a indústria, sobretudo em acesso a mercados e regras de origem. México Defender a conclusão de um acordo de livre comércio ou de um acordo parcial – o mais amplo possível na cobertura de bens – que inclua regras de origem satisfatórias para a indústria e capítulos sobre barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, compras governamentais, facilitação de comércio e serviços. Mercosul Defender a importância do Mercosul para a indústria; apresentar e defender propostas para influenciar e estimular o avanço da agenda econômica e comercial do bloco, em particular para a ampliação do livre comércio intrabloco e negociação de acordos em serviços e facilitação de comércio; e defender o aperfeiçoamento da governança técnica e administrativa do Mercosul. Aliança do Pacífico Apresentar e defender propostas para o aprofundamento da integração entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, prioritariamente em acumulação de origem e facilitação de comércio; e defender o aprofundamento dos acordos bilaterais com o México e a Colômbia. Estados Unidos e Japão Defender o lançamento de negociações para acordos de livre comércio com os Estados Unidos e o Japão com base nos roadmaps apresentados pelo setor privado brasileiro e pelas suas contrapartes americana e japonesa. Tarifa Externa Co- mum do Mercosul Elaborar posicionamento para a defesa da abertura comercial do Brasil via acordos comerciais e, em paralelo, avaliar as opções para a racionalização da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul e suas exceções, com o intuito de aumentar a competitividade industrial. 19UNIDADE I Fundamentos da Legislação OCDE Elaborar e apresentar propostas que contribuam para a acessão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sobretudo nos temas de comércio, investimentos e tributação internacional; e defender, junto às congêneres da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no exterior, o apoio dos seus respectivos governos para o processo de acessão do Brasil. Fonte: o autor. Embora os acordos supracitados estejam em andamento, sempre antes da impor- tação é importante consultar a vigência dos acordos internacionais, uma vez que os eles têm características específicas e prazos limitados por decreto, ou seja, vigoram por um determinado tempo e posteriormente são renovados ou atualizados, conforme o caso. Os acordos mais comuns firmados pelo Brasil são Mercado Comum do Sul (MER- COSUL), Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), Sistema Geral de Preferências (SGP), Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC). Já os acordos comerciais e negociações internacionais são os estabelecidos com a Organi- zação Mundial do Comércio (OMC), União Europeia (EU), UNCTAD, Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), Ministério da Economia e o Grupo dos 77. Todos os acordos estão disponíveis nos canais eletrônicos e também em legislações específicas. Já nos acordos com preferência tarifária destacamos os de Regimes de Origem, Certificado de Origem, Certificado de Origem Digital (COD), ABC das Regras de Origem e Pesquisa de Mercado. Caso queira consultar o que prevê cada um deles, é importante que leia os acordos na íntegra. Os acordos firmados exclusivamente com países são: Acordo de Sementes entre países da ALADI (AG-02), Acordo de Bens Culturais entre países da ALADI (AR-07), Brasil - Uruguai (ACE-02), Brasil - Argentina (ACE-14), Mercosul (ACE-18), Mercosul - Chile (ACE- 35), Mercosul - Bolívia (ACE-36), Brasil - México (ACE-53), Mercosul - México (ACE-54), Automotivo Mercosul - México (ACE-55), Mercosul - Peru (ACE-58), Mercosul - Colômbia, Equador e Venezuela (ACE-59), Brasil/Guiana/São Cristóvão e Névis (AAP.A25TM 38), Brasil - Suriname (ACE-41), Brasil - Venezuela (ACE-69), Mercosul - Colômbia (ACE-72), Mercosul - Cuba (ACE-62), Mercosul/Índia, Mercosul/Israel, Mercosul/SACU, Mercosul/ Egito, Mercosul/Palestina - AINDA SEM VIGÊNCIA, Acordo de Ampliação Econômico-Co- mercial Brasil - Peru (AINDA SEM VIGÊNCIA) e Brasil - Paraguai (ACE-74). Dentre os tratados que podem influenciar no comércio exterior estão: Convenção para a prevenção e a repressão do crime de genocídio (1948); Convenção Internacional 20UNIDADE I Fundamentos da Legislação sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965); Pacto Internacio- nal sobre Direitos Civis e Políticos (1966); Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966); Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri- minação contra as Mulheres (1979). Na sequência destacamos a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982); Convenção sobre os Direitos da Criança (1989); Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (1996); Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999); Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006). Todos os acordos, tratados, convenções e atos normativos comerciais estão respal- dados por regras de ambas as partes, por isso, não cabe aqui a análise de cada um deles, mas é importante esclarecer que, em caso de importação, os acordos internacionais devem ser consultados para a facilitação das negociações e possíveis benefícios tributários. 4.2. Medidas Restritivas às PráticasComerciais Internacionais Também conhecidas como barreiras comerciais, as medidas restritivas às práticas comerciais devem ser entendidas como restrições de acesso a bens e serviços oriundos de outros países. Essas barreiras visam, em suma, a tentativa de restringir a entrada de capital estrangeiro no país. Entretanto, para que isso aconteça, o país deve estar atento às regras preestabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Os acordos bilaterais garantem que as restrições sejam realizadas de acordo com a legislação internacional vigente, por isso, as tarifas que seriam aplicadas ou retiradas dependerão de negociação bilateral; normalmente as restrições devem ser respaldadas na proteção de interesses pertinentes, como é o caso da proteção da saúde pública, meio ambiente, segurança nacional, dentre outros. É importante que você saiba que as medidas restritivas não são medidas impedi- tivas, logo, não significa que determinada compra ou venda de mercadoria deixará de ser realizada, mas pode passar por mais ou menos barreiras impeditivas. Ainda, elas podem restringir por meio de medidas tarifárias ou não tarifárias. As medidas tarifárias são aquelas que impõem determinado imposto, mas não im- pedem que a mercadoria entre no país; um exemplo disso é o Imposto de Importação (II). Toda mercadoria que entra no país precisa obrigatoriamente seguir as medidas restritivas, aplicando a coleta de um determinado valor, denominado Imposto de Importação. Para a exportação também há uma medida que restringe a exportação, por isso também será 21UNIDADE I Fundamentos da Legislação aplicado o Imposto de Exportação, afinal, todo país deve controlar o que entra e o que sai de seu país como uma forma de defesa comercial. Já as medidas não tarifárias são aquelas que impedem a importação ou exportação de uma quantidade muito elevada de determinado produto, com isso, ao consultar o trata- mento administrativo aparecerá que determinada mercadoria tem restrição de importação ou exportação de uma quantidade “x” de mercadorias. Isso também pode acontecer para pessoas físicas que vão até os países fronteiriços e compram mercadorias. Por exemplo, quem vai ao Paraguai pode trazer “x” de quantidade de mercadoria e limita-se a “y” de valor em dinheiro. Para facilitar a visualização, observe a tabela: Quadro 2 - Barreira Tarifária Brasileira RESTRIÇÃO TARIFÁRIA QUANDO É APLICADA? COMO É APLICADA? Quota Tarifária de Exporta- ção QTI Entrada do produto Alíquota menor é aplicada a uma quantidade limitada do produto; para quantidades importadas ou exportadas além da quota, aplica-se à alíquota maior Quota Tarifária de Exporta- ção QTE Saída do produto Imposto de Exportação IE Mesma alíquota aplicada a todas as unidadesImposto de Importação II Entrada do produto Fonte: o autor (2020). Outra medida que o Brasil, por exemplo, tem adotado como medida restritiva e não tarifária é quanto à importação de produtos com anuência pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Para alguns casos, o MAPA restringe (não impede) a importação e exportação por meio de regulamentações técnicas e solicitação de fumigação (desinfestação de fungos e parasitos) de pallets e cargas com animais vivos. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), por exemplo, pode ter medidas restritivas de entrada de pneus no país, com isso ajudará na manutenção e acompanha- mento contra a poluição do país. As medidas restritivas, por estarem ligadas a OMC, tendem a restringir a circulação de mercadorias entre países envolvidos em guerras e/ou conflitos comerciais de interesse. Um exemplo disso, os Estados Unidos da América, no ano de 2020, devido à pandemia (COVID-19), restringiu a venda de máscaras para quaisquer países. Isso porque a restrição irá beneficiar os EUA em caso de necessidade. 22UNIDADE I Fundamentos da Legislação Além desses casos, um que chama a atenção é a restrição de propriedade inte- lectual. Mas o que é isso? Bem, a restrição de propriedade intelectual tenta controlar que a quantidade de obras de arte, músicas, livros, marcas e patentes sejam distribuídas a outros países sem a expressa autorização ou pelo menos identificação que determinada produção intelectual saia sem o certificado de origem (de onde foi feita). Com isso, o país preserva e protege tudo o que for produzido intelectualmente no país, incluindo as novas tecnologias, animais silvestres, jazidas de petróleo, pedras preciosas e todo material que é de pertencimento nacional. Essas regras têm origem após a Segunda Guerra Mundial, momento em que se pensa na criação de um órgão que projeta os interesses e cooperação internacional, para isso, surge o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT) de 1947. Na época, o GATT era responsável pelo acordo de redução de restrições ou tarifas entre países que estavam se recuperando com a guerra. Com o passar do tempo, o GATT torna-se um órgão internacional de controle das medidas restritivas às práticas comerciais internacionais. Brogini (2013) alerta que para as importações serem bem sucedidas é importante observar os benefícios que são oferecidos pelo governo ou pelos acordos entre países. Além disso, há também as defesas comerciais, salvaguardas e medidas compensatórias que devem ser consultadas caso a caso. Portanto, nesta parte de nossos estudos vamos apenas esclarecer brevemente o que cada uma delas prevê. 4.2.1. Defesa comercial O departamento de Defesa Comercial (DECOM) é responsável por fiscalizar e cumprir as determinações legais. É o DECOM que examina os preços das importações oriundas de diversos países e compara com os valores praticados no mercado interno, gerando, assim, um valor padrão de cada mercadoria a ser importada e comercializada no mercado nacional. É esse departamento que recebe também as denúncias de competição desleal e aplica o dumping (subida de preço) ou antidumping (baixa de preço) quando necessário, além disso analisa as medidas compensatórias e de salvaguardas. 4.2.2. Salvaguardas As medidas de salvaguarda visam observar determinados produtos e aplicar o au- mento de tributação de importações que estejam previstos como prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave na comercialização devido à grande quantidade de importação. Essas medidas são denominadas salvaguardas devido a sua periodicidade que trata de sobretaxa de impostos, normalmente II, por determinado tempo e depois de analisado pode voltar ao 23UNIDADE I Fundamentos da Legislação preço normal ou continuar com mais tributos. Tem essa tratativa a finalidade de manuten- ção da indústria e do comércio de produtos domésticos. A indústria doméstica (conjunto de produtores de bens similares ou diretamente concorrentes ao produto importado) pode entrar com pedido de salvaguardas sempre que se sentir ameaçada pela grande demanda de importação e será analisado pelo DECOM. 4.2.3. Medidas compensatórias As medidas compensatórias são administradas pelo Ministério da Economia e visa contribuir, em alguns casos, para o acordo de suspensão ou isenção de impostos de mercadorias que serão importadas e/ou exportadas, industrializadas no mercado interno e em seguida reexportadas. Para o Ministério da Economia (2020): As medidas compensatórias têm como objetivo compensar subsídio concedi- do, direta ou indiretamente, no país exportador, para a fabricação, produção, exportação ou ao transporte de qualquer produto, cuja exportação ao Brasil cause danos à indústria doméstica. País Exportador: É o país - de origem ou de exportação - onde é concedido o subsídio. Quando os produtos não forem exportados para o Brasil diretamente do país exportador, mas a partir de um país intermediário, as transações em questão serão consideradas como tendo ocorrido entre o país exportador e o Brasil. (ECONOMIA, 2020) Sendo assim, as medidas compensatórias são aquelasque requerem algumas ações da importadora ou exportadora por terem conseguido um benefício, normalmente fiscal e, consequentemente, devem compensar esse subsídio com ações diversas, seja na comercialização mais barata da mercadoria, seja na geração de emprego, dentre outras. 24UNIDADE I Fundamentos da Legislação SAIBA MAIS O link direto para os tratados que o Brasil integra podem ser buscados no site https:// treaties.un.org em “Depositary”, depois “Status of Treaties”, depois “Participant Search”, e depois selecionando “Brazil”. Aparecerá a lista de tratados na ordem de sua ratificação/adesão. O governo brasileiro também mantém uma base de dados dos atos internacionais em: https://concordia.itamaraty.gov.br. REFLITA “O espírito egoísta do comércio não conhece países e não sente paixão ou princípio exceto o do lucro” (Thomas Jefferson). https://concordia.itamaraty.gov.br 25UNIDADE I Fundamentos da Legislação CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade observamos a diferença entre aduana e alfândega e, dentre as características elencadas, destaca-se a importância da atuação dos órgãos anuentes e intervenientes. Além disso, a alfândega é o local em que as mercadorias aden- tram ao país, por isso, podemos considerar os portos e aeroportos brasileiros como zonas primárias das alfândegas. Já as aduanas são escritórios que contém a permanência de representantes legais e governamentais para o acompanhamento do despacho, nacionali- zação da mercadoria. Observamos também que os tributos e impostos incidentes na importação são para que os países recolham de acordo com o tratamento administrativo de cada mercadoria. Cada imposto tem uma finalidade que veremos nas unidades a seguir. Além disso, é impor- tante relembrar que a política brasileira de comércio exterior está presente e que ajuda na manutenção e no controle de entrada e saída de mercadorias no país. Destaque também para os acordos e tratados internacionais. Como vimos, foi com eles que, a partir da segunda guerra mundial e com mais robustez a partir de 1946, pudemos ter acesso ao livre comércio entre países e, observadas as regras internacionais, pudemos defender nossa balança comercial e ao mesmo tempo suprir as necessidades importadoras e exportadoras. As barreiras adotadas pelo Brasil podem ser tarifárias e não tarifárias, com isso, podemos reafirmar que a palavra restrição é cabível para o momento, ou seja, nem todos os casos são impedidos de entrar no país, mas podem ser observados de perto e com controle, por isso a restrição visa a manutenção e a defesa comercial de nosso país. Espero que você esteja gostando da temática e das reflexões desses estudos. Na Unidade II vamos aprofundar um pouco mais sobre as Franquias Territoriais, ou seja, sobre as alfândegas secundárias, mais conhecidas como zonas alfandegárias. Espero você na próxima fase deste estudo! 26UNIDADE I Fundamentos da Legislação MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Captain Phillips Ano produção: 2013 Duração: 134 minutos Classificação: 14 anos Gênero: Ação Sinopse: Richard Phillips (Tom Hanks) é um comandante naval experiente, que aceita trabalhar com uma nova equipe na missão de entregar mercadorias e alimentos para o povo somaliano. Logo no início do trajeto ele recebe a mensagem de que piratas têm atuado com frequência nos mares por onde devem passar. A situação não demora a se concretizar, quando dois barcos chegam perto do cargueiro, com oito somalianos armados, exigindo todo o dinheiro a bordo. Uma estratégia inicial faz com que os agressores recuem, apenas para retornar no dia seguinte. Embora Phillips utilize todos os procedimentos possíveis para dispersar os inimigos, eles conseguem subir a bordo, ameaçando a vida de todos. Quando pensa ter conseguido negociar com os piratas, o comandante é levado como refém em um pequeno bote. Começa uma longa e tensa negociação entre os sequestradores e os serviços especiais americanos para tentar salvar o capitão antes que seja tarde. LIVRO Título: Noções Básicas De Importação Autor: João Dos Santos Bizelli e Ricardo Barbosa Editora: Aduaneiras Sinopse: A obra apresenta, de forma prática, todas as informações básicas para uma visão ampla dos principais aspectos fiscais e administrativos do processo de importação, analisando, após a definição da política brasileira das últimas décadas, a estrutura governamental com a indicação dos principais órgãos intervenientes, inclusive da Camex, que deve estabelecer uma política de comércio exterior mais uniforme e eficaz, os principais conceitos da área, inclusive o Incoterms, o regime cambial vigente, a estrutura das nomenclaturas utilizadas no País (NCM, NBM e Naladi) com as regas de classificação fiscal, o sistema administrativo para o Licenciamento Não-Automático (LI) ou Automático (DI) das operações no Siscomex, os principais tributos e encargos que oneram as importações (I.I, IPI, ICMS e outros), transporte obrigatório, regimes aduaneiras especiais (drawback, admissão temporária, entreposto aduaneiro etc.) e atípicos (DEA, ZFM, Free Shop, Recof, Recom, Repex, Repetro etc.) os acordos internacionais que o Brasil é membro (GATT-OMC, NCPD, SGPC, Aladi e Mercosul). Conta também com o demonstrativo detalhado do cálculo dos tributos de uma importação, incluindo a nova sistemática de cálculo por dentro do ICMS, e uma planilha de preço para compreensão mais adequada dos impostos e outros encargos que oneram estas operações. Traz informações sobre a solicitação de “Ex-tarifário” e estruturas (organogramas): MF-SRF e BCB, MDIC, Camex; e dos organismos internacionais OMC, Mercosul e Aladi. 27 Plano de Estudo: • Zonas Francas no Mundo; • Portos Livres e Depósitos Francos; • Áreas de Livre Comércio (ALC). Objetivos da Aprendizagem • Conceituar sobre zonas francas; • Compreender os tipos de portos e depósitos; • Estabelecer a importância das áreas de livre comércio. UNIDADE II Franquias Territoriais Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves 28UNIDADE II Franquias Territoriais INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à segunda unidade da apostila. Nesta unidade eu te convido a estudar e entender o processo interno das Alfân- degas brasileiras. De início, é importante relembrar que as alfândegas são os locais em que as mercadorias adentram no país, ou seja, são consideradas os portos e aeroportos, os principais locais de entrada de mercadorias. A nação brasileira tem 8.515.767,049 km², quinto maior país do mundo em extensão e com rodovias inúmeras; como fazer a manuten- ção e distribuição das importações e exportações? É justamente esse estudo que vamos trabalhar nesta unidade. Falaremos sobre os principais portos, os tipos de portos, as zonas francas, os portos secos e a definição de zona primária e secundária. Você entenderá como são as estruturas dos portos brasileiros e as particularidades de algumas regiões do Brasil. Hoje, temos mais de dois mil portos primários em funcionamento e será impossível falar de todos, mas falaremos de alguns que já são conhecidos, pelo menos de ouvir falar, pelos nossos estudantes de Comércio Exterior ou de estudiosos de áreas correlatas. A denominação de franquias é muito pertinente para as zonas secundárias e pri- márias, uma vez que, embora tenham casos particulares, todos devem proceder e seguir as regras internacionais e nacionais para a manutenção dos portos e aeroportos. Ainda, como são os primeiros locais de entrada de mercadoria no país a legislação trata dos casos de vistoria e prevenção de fraudes que podem acontecer, dentre eles, destaca-se o contrabando, assunto este que é rigorosamente vistoriado pela Receita Federal Brasileira (RFB). Como você deve ter observado, o comércio exterior vai além das legislações e burocracias. Trata-se de uma seara sedenta por profissionais que entendam o processo logístico e se respaldem na legislação. O profissional que atua com a práticano Comércio Exterior é o mais requisitado e admirado, uma vez que tem acesso a legislação, logística e procedimentos particulares do Comex. Sinta-se à vontade e esteja aberto(a) aos novos conhecimentos. Vamos ao estudo! 29UNIDADE II Franquias Territoriais 1. ZONAS FRANCAS NO MUNDO Quando tratamos de alfândega já vem à mente os marítimos, entretanto as alfân- degas podem ser consideradas todo local em que se adentra ou sai mercadoria de deter- minado país. Para entendermos, no Brasil temos oficialmente cinco tipos de modalidades de transporte internacional, logo, cinco tipos de alfândegas, são elas: Aéreo, Ferroviário, Hidroviário, Marítimo e Rodoviário. Sendo assim, é fácil pensar que cada modalidade pos- sui uma estrutura base para a efetivação da entrada de mercadorias no país. Além disso, cada modalidade dessa terá uma aduana (escritório) em que os órgãos governamentais atuarão segundo os procedimentos legais previstos por meio de leis, decretos, Instruções Normativas, regulamentos, dentre outros. As despesas diversas na importação dependem da modalidade em que se está fazendo o traslado da mercadoria. Caso a importação seja marítima, ocorrerá incidência de algumas taxas que no aéreo não tem e vice e versa. Para tanto, o importador deve fazer seus cálculos das vantagens e desvantagens de cada modalidade e optar dentre as categorias de transporte qual a mais vantajosa para determinado momento. As modalida- des mais comuns são: Aéreo, Ferroviário, Hidroviário, Marítimo e Rodoviário, dentre elas, destacam-se as modalidades aérea e marítima. A escolha da modalidade de importação influenciará onde a mercadoria irá chegar e também quais procedimentos a serem adotados. Para fins de comparação, escolhemos duas modalidades mais comuns para análise: 30UNIDADE II Franquias Territoriais Quadro 1 - Transporte Aéreo Vantagens: Desvantagens: ● É o transporte mais rápido; ● Menor capacidade de carga; ● Não necessita embalagem mais refor- çada (manuseio mais cuidadoso). ● Valor do frete mais elevado em relação aos outros modais. Fonte: o autor. Observe que para a modalidade aérea o que se destaca é a agilidade do processo, entretanto a quantidade da mercadoria embarcada vai influenciar diretamente no custo da mercadoria. Se o custo da mercadoria é impactante, o cliente deverá fazer a previsão de despesas para que afira a possibilidade de ganho com a importação. Geralmente essa modalidade é usada para cargas rápidas, pequenas e urgentes para a continuidade dos trabalhos na fábrica. A base de cálculo do frete aéreo é obtida por meio do peso ou do volume da mer- cadoria, sendo considerado aquele que proporcionar o maior valor. As despesas diversas também acompanharão esta base de cálculo. Por exemplo, para desembaraço da merca- doria, armazenagem, manuseio da carga, dentre outras taxas. A International Air Transport Association (IATA) estabeleceu a seguinte relação (peso/volume): 1 kg = 6000 cm³ ou 1 ton = 6 m³. Por exemplo: no caso de um peso de 1 kg acondicionado em um volume maior que 6.000 cm³, considera-se o volume como base de cálculo do frete, caso contrário, conside- ra-se o peso. Cálculo do peso cubado, exemplo: 45 CM X 37 CM X 58 CM = 0,45 M X 0,37 M X 0,58 M = 0,09657 M³ / 0,006 = 16,09 kg cubados. Essa será a base para as demais taxas e despesas de manuseio da carga. Quem envia essas despesas ao despachante/ importador é o agente de cargas. As despesas mais comuns são chamadas de “Charges”, que podem ser classifi- cadas como: manuseio da mercadoria, estocagem, armazenagem, repeso, conferência, contagem de mercadoria, taxa de segurança, dentre outras que poderão ocorrer. Já no transporte marítimo podemos observar: Quadro 2 - Transporte Marítimo Vantagens: Desvantagens: ● Maior capacidade de carga; ● Necessidade de transbordo nos portos; ● Carrega qualquer tipo de carga; ● Distância dos centros de produção; ● Menor custo de transporte. ● Maior exigência de embalagens; ● Menor flexibilidade nos serviços aliado a frequentes congestionamentos nos portos. Fonte: o autor. 31UNIDADE II Franquias Territoriais O mesmo que acontece no transporte aéreo acontece no transporte marítimo. De- pendendo do tipo de carga que está sendo importada e do tamanho do container escolhido, haverá maior ou menor incidência de despesas diversas. Uma carga consolidada (compartilhada no mesmo container) terá que ser aberta assim que chegar ao porto para pesagem e disposição para a Receita Federal. Esse ma- nuseio também gera uma despesa, chamada de Handling. A saber, há uma despesa de armazenagem do tempo em que a mercadoria estiver esperando para o desembaraço, uma taxa para contar a quantidade de caixas, taxa para pesagem, taxa para verificar se a carga passou por inspeção e assim por diante. Quadro 3 - Transporte marítimo HIGH CUBE Medidas Internas 20 PÉS 40 PÉS 40 PÉS Comprimento (mm): 5.900 mm 12.030 mm 12.075 mm Largura (mm): 2.340 mm 2.345 mm 2.370 mm Altura (mm): 2.395 mm 2.395 mm 2.735 mm Peso Máximo da Carga (Kg): 21.600 Kg 26.480 Kg 25.930 Kg Cubagem Disponível (M³): 33,1 m³ 67,6 m³ 78,0 m³ STANDARD Fonte: o autor. As despesas diversas dependem da opção que o importador faz, para isso, o despa- chante normalmente faz uma previsão de despesas para a verificação do que é mais barato na importação. Normalmente são usados para cargas soltas a consolidação (compartilhar mercadoria no mesmo container) e rateio das despesas, tudo depende do tamanho e peso da carga. Uma carga que foi estufada em um container de 20” será diferente de uma carga de um container de 40” e, consequentemente, se a carga vier compartilhada dentre vários importadores no mesmo container irá ter um rateio das despesas. As despesas diversas no transporte marítimo mais comuns são: Capatazias (THC): atividade de movimentação de cargas e mercadorias nas instalações portuárias em geral; Liberação de BL (BL Fee): a atividade de emitir e liberar o BL original ao exportador/im- portador; Gate: Taxa de recepção das unidades no terminal; International Scurity and Port Security (ISPS) ou Terminal Security Fee (TSF): para controle de acessos e monitoramento; Lacre (Seal): fornecimento do Lacre; Foodgrade: Taxa para unidade padrão alimento; ENS/ AMS/Transmission Fee: para transmissão dos dados de embarque para alfândega; VGM: 32UNIDADE II Franquias Territoriais cobrada para a transmissão dos dados; Damage Protection Surcharge (DPP – Proteção de danos):- valor de seguro cobrado pela Cia Marítima; Drop Off: cobrada para utilizar um depot e deixar o container vazio armazenado; Taxa de Registro de Siscarga (TRS); Des- consolidação: cobrada pelo manuseio da documentação na importação. Entendido isso, você deve ter notado que a zona alfandegada de sua escolha impactará diretamente em sua importação ou exportação. Mas se os portos e aeroportos são Alfândegas em que chegam as mercadorias, o que são Zonas Francas? 1.1. Zona Franca Zona Franca tem a ver com a logística e os benefícios que podem ocorrer se o pla- nejamento de entrada de mercadoria for melhor distribuído. Imagine se houvesse apenas o porto de Santos e o Porto de Paranaguá... Como faríamos e quanto custaria para transportar toda essa mercadoria? É possível por meio da logística e cadeia de suprimentos. Para Ballou (2007, p. 27), Logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes. Nesse sentido, zona franca é uma “filha” da alfândega, pois é a delimitação de uma área em algum lugar do país que funcionará como uma pequena alfândega e que pode ser regida por regulamentos próprios, mas respeitando a legislação e demais procedimentos obrigatórios. Inclusive, dentro de um porto pode ser separado um local para ser uma zona franca. Ela terá algunsbenefícios, como valores mais baixos para a armazenagem de mer- cadorias. Normalmente a isenção as tarifas alfandegárias de armazenagem, (re)pesagem e movimentação da carga é o grande atrativo para se levar uma mercadoria para as zonas francas. Você deve estar se perguntando: mas como uma pessoa tiraria uma carga de uma alfândega e levaria para uma zona franca ou zona alfandegada e ela ter taxas e custos menores que a alfândega tradicional? Simples, a lei da oferta e procura! Os portos, aero- portos e zonas francas são administradas por empresas privadas e legisladas por empresa governamental por meio das aduanas. Imagine se você tivesse um terreno muito grande ao lado de um porto ou aeroporto. Você poderia estruturá-lo e colocar à disposição para que os importadores e exportadores fossem até esse local e alugassem o espaço para guardar a mercadoria ou armazenar até 33UNIDADE II Franquias Territoriais a vistoria dos órgãos competentes. É isso mesmo! As empresas entram com o pedido de “alfandegar” um espaço e se tornar uma zona franca. Normalmente o governo autoriza essas zonas com a finalidade de manutenção e incentivo econômico. Por exemplo, os portos secos são considerados zonas secundárias, ou seja, a zona primária é a alfândega (portos e aeroportos) e os portos secos, zonas se- cundárias. Desse modo, uma mercadoria que chega em Paranaguá, como leva em média 20 dias o desembaraço da mercadoria, compensa, se tiver incentivos financeiros, levar para os portos secos e lá serem nacionalizadas e fiscalizadas. Um exemplo disso é a Estação Aduaneira do Interior (Eadi), também conhecida como porto seco, da cidade de Maringá, que fornece alguns incentivos fiscais caso o im- portador tire a mercadoria dos portos e desembaracem nessa estação (zona). Um dos benefícios desses locais é o valor mais baixo da armazenagem, carência de dias sem custo para estadia da mercadoria, agilidade no desembaraço – já que a quantidade de cargas é menor que na alfândega normal –, dentre outros. Nas zonas francas pelo mundo, dependendo da carência de investimentos, o go- verno libera alguns benefícios, como a isenção de alguns impostos, que é o caso da Zona Franca de Manaus, que trataremos a seguir. 1.2. Zona Franca de Manaus Segundo a Receita Federal Brasileira, a Zona Franca de Manaus (ZFM) faz parte de um projeto econômico regido e organizado pelo governo brasileiro e tem como objetivo principal a viabilidade econômica na Amazônia Ocidental, além disso, tem a percepção em desenvolver a melhor integração produtiva e social dessa região com os demais estados do país, o que garante a sua soberania nacional em relação a sua fronteira e entrada e saída de mercadorias. Como dito anteriormente, as zonas francas tem o papel de instalar procedimentos independentes e com benefícios próprios com o intuito de gerar maior sucesso econômico, Nesse caso, podemos afirmar que a Zona Franca de Manaus (ZFM) é a mais bem-sucedida estratégia, uma vez que leva a região a um patamar elevado de competitividade. A saber, a ZFM é composta pelo Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima e as cidades de Macapá e Santana, no Amapá e o seu impacto tem sido observado na qualidade de vida à população local. Foi dividida em três setores ou polos econômicos: comercial, industrial e agro- pecuário. Segundo o portal da SUFRAMA (http://www.suframa.gov.br/), o setor comercial 34UNIDADE II Franquias Territoriais teve grande destaque na década de 80, quando o Brasil era conduzido para o regime de economia fechada. Já a área industrial é considerada a base de sustentação da ZFM, com mais de 600 indústrias somente em Manaus, o que oportunizou inúmeros empregos e desenvolvimentos regionais, principalmente na área de eletroeletrônicos e químicos. Ainda, destacam-se: aparelhos celulares e de áudio e vídeo, televisores, motocicletas, concentra- dos para refrigerantes, entre outros, já o polo agropecuário fica responsável pela atividade de produção de alimentos, agroindústria, piscicultura, turismo, beneficiamento de madeira, dentre outras. A base legal para a ZFM é o Decreto-lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, que, dentre outras regras, define: Art 1º A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuá- rio dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram, os centros consumidores de seus produtos. Art 2º O Poder Executivo fará, demarcar, à margem esquerda dos rios Negro e Amazonas, uma área contínua com uma superfície mínima de dez mil quilômetros quadrados, incluindo a cidade de Manaus e seus arredores, na qual se instalará a Zona Franca. § 1º A área da Zona Franca terá um comprimento máximo continuo nas margens esquerdas dos rios Negro e Amazonas, de cinquenta quilômetros a jusante de Manaus e de setenta quilômetros a montante desta cidade. § 2º A faixa da superfície dos rios adjacentes à Zona Franca, nas proximidades do porto ou portos desta, considera-se nela integrada, na extensão mínima de trezentos metros a contar da margem. § 3º O Poder Executivo, mediante decreto e por proposta da Superintendência da Zona Franca, aprovada pelo Ministério do Interior, poderá aumentar a área originalmente estabelecida ou alterar sua configuração dentro dos limites estabelecidos no parágrafo 1º deste artigo. O órgão federal que acompanha a ZFM é a Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) e é possível verificar que os benefícios da ZFM vão além das importações e exportações, pois, com uma legislação robusta, consegue benefícios e cré- ditos, inclusive de comercializações nacionais. Essa Autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que administra a Zona Franca de Manaus possui principais benefícios, apresentado na figura a seguir. 35UNIDADE II Franquias Territoriais Figura 1 - Principais Benefícios (ZFM) Fonte: o autor. 1.3. Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) Com a finalidade de reafirmar a Lei nº 11.508/2007, foram publicados os Decretos nº 9.993/2019, que dispõe sobre os conceitos de Zona de Processamento de Exportação (ZPE), e o nº 6.814/2009 estabeleceu o regime tributário, cambial e administrativo das ZPE. As ZPE são áreas de livre comércio com o exterior. Em outras palavras, são áreas em que as empresas podem se instalar com o propósito de produção de bens a serem comercializados diretamente com o exterior, diferentemente dos portos secos e zonas alfandegárias, a ZPE é considerada zona primária de exportação, ou seja, como se fosse um porto convencional. É importante ressaltar que as ZPE tem também regime tributário específico e se beneficiam de algumas alternativas governamentais para isenção, suspen- são ou exoneração de impostos. No Brasil, até o ano de 2020, constam aproximadamente 16 ZPE, sendo elas: ZPE do Acre (AC); ZPE do Açú (RJ); ZPE de Araguaína (TO); ZPE de Barcarena (PA); ZPE de Bataguassu (MS); ZPE de Boa Vista (RR); ZPE de Cáceres (MT); ZPE de Fernandópolis (SP); ZPE de Ilhéus (BA); ZPE de Imbituba (SC); ZPE de Macaíba (RN); ZPE de Parnaíba (PI); ZPE de Pecém (CE); ZPE de Suape (PE); ZPE de Teófilo Otoni (MG), e ZPE de Uberaba (MG). Política tributária diferenciada A política tributária vigente na Zona Franca de Manaus é diferenciada do restante do país, oferecendo benefícios locacionais, objetivando minimizar os custos amazônicos. Além de vantagens oferecidas pelo Governo Federal, o modelo é reforçado por políticas tributárias estadual e municipal: Tributos federais Redução de até 88% do Imposto de Importação (I.I.) sobre os insumos destinados à industrialização; Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (I.P.I.); Redução de 75% do Imposto de Renda de PessoaJurídica, inclusive adicionais de empreendimentos classificados como prioritários para o desenvolvimento regional, calculados com base no Lucro da Exploração até 2013; e Isenção da contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins nas operações internas na Zona Franca de Manaus. Tributos estaduais Restituição parcial ou total, variando de 55% a 100% – dependendo do projeto – do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS). Vantagens locacionais No parque industrial de Manaus, o investidor tem à disposição terreno a preço simbólico, com infraestrutura de captação e tratamento de água, sistema viário urbanizado, rede de abastecimento de água, rede de telecomunicações, rede de esgoto sanitário e drenagem pluvial. A área industrial é de 3,9 mil hectares, sendo que as empresas instaladas atualmente ocupam menos de 1,7 hectare, estando disponível para receber novos empreendimentos mais de 2,2 hectares. 36UNIDADE II Franquias Territoriais 2. PORTOS LIVRES E DEPÓSITOS FRANCOS Embora o Brasil não expresse muito as questões dos portos livres e depósitos francos, a temática é recente e complexa e a Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013, instrui sobre a instalação e fiscalização desses locais. A saber, Art. 1º Esta Lei regula a exploração pela União, direta ou indiretamente, dos portos e instalações portuárias e as atividades desempenhadas pelos operadores portuários. § 1º A exploração indireta do porto organizado e das instalações portuárias nele localizadas ocorrerá mediante concessão e arrendamento de bem público. § 2º A exploração indireta das instalações portuárias localizadas fora da área do porto organizado ocorrerá mediante autorização, nos termos desta Lei. § 3º As concessões, os arrendamentos e as autorizações de que trata esta Lei serão outorgados a pessoa jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Art. 2º Para os fins desta Lei, consideram-se: I - porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária; II - área do porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que compreende as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado; III - instalação portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário; IV - terminal de uso privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado; V - estação de transbordo de cargas: instalação portuária explorada mediante autorização, localizada fora da área do porto organizado e utilizada exclusivamente para operação de transbordo de mercadorias em embarcações de navegação interior ou cabotagem; VI - instalação portuária pública de pequeno porte: instalação portuária explorada mediante autorização, localizada fora do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros ou mercadorias em embarcações de navegação interior; VII - instalação portuária de turismo: instalação portuária explorada mediante 37UNIDADE II Franquias Territoriais arrendamento ou autorização e utilizada em embarque, desembarque e trânsito de passageiros, tripulantes e bagagens, e de insumos para o provimento e abastecimento de embarcações de turismo (PLANALTO, 2013, grifo nosso). Nesse sentido, as empresas privadas podem atuar como zonas e depósitos fran- cos, uma vez que há “a concessão do regime de Entrepostos, Áreas Livres, Zonas Francas e Portos Livres, com vistas a atender às conveniências da política de comércio exterior” (PLANALTO, 2013). Antes de definir sobre portos livres e depósitos francos, observe os principais portos considerados recintos alfandegados: Quadro 4 - Principais Portos do Brasil (2020) Fonte: o autor. 38UNIDADE II Franquias Territoriais A definição de portos livres e depósitos francos é bem esclarecida por Silva (1977, p. 20), quando expõe: 1) As zonas livres ou francas são instaladas em áreas reduzidas de terreno, poucos hectares; 2) Os portos livres são cidades inteiras ou ilhas; 3) As zonas francas carecem de população residente, uma vez que as pessoas que ali ingressam só o fazem unicamente para realizar um trabalho específico e resi- dem fora dessa área; ao passo que os portos livres têm população residente que usufrui dos benefícios fiscais. 4) As zonas francas, por sua característica, têm personalidade jurídica e patrimônio próprio, portanto, possuem admi- nistração institucional autônoma; e os portos livres possuem administração estatal comum, com exceção da parte fiscal. O controle aduaneiro das zonas francas é mais estrito e permanente que nos portos livres. Juano (1964) distingue a utilização desses locais entre finalidades de natureza pu- ramente fiscal, regida pela legislação aduaneira, e também para a obtenção de recursos; ou ainda de natureza econômica que, por sua vez, visa incentivar as exportações e dificultar as operações de importação de mercadorias e produtos que não sejam convenientes para a economia local. Ainda define que essas “franquias aduaneiras” podem ser puramente tarifárias em relação a determinados produtos e territórios. Com isso, podemos afirmar que os entrepostos aduaneiros, em casos especiais de importação, é viável para a utilização dos portos francos. Já Faracchio (1972) diferencia “franquias aduaneiras” e “franquias ter- ritoriais”, estando inseridas entre as segundas as zonas, os portos e os depósitos francos. Em suma, para o autor, nos depósitos francos o concessionário recebe mercadorias próprias para introdução ao consumo, para a destinação a outro depósito, para a reexpedi- ção ou ainda para a simples exportação, quando se trata de efeitos nacionais, logo, pode ter alguns benefícios governamentais para agilizar o processo. No Brasil atuam como franquias aduaneiras alguns recintos alfandegados como Área de Controle Integrado (ACI); Bases Militares; Lojas Francas; Aeroportos de Remessas Expressas; portos; Silos e Tanques e podem ser solicitados pelo Termo de Compromisso de Ajuste de Conduta Técnica e Operacional de Alfandegamento (TCAC). 39UNIDADE II Franquias Territoriais 3. ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO O Brasil conta com seis áreas de livre comércio, dentre elas está o que citamos anteriormente como a Zona Franca de Manaus. As demais podem ser nominadas como: Área de Livre Comércio de Tabatinga; Área de Livre Comércio de Macapá/Santana; Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim; Áreas de Livre Comércio de Boa Vista e Bonfim; Áreas de Livre Comércio de Brasileia, Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul e Área de Livre Comércio das Américas. As áreas de livre comércio são localidades estabelecidas como lugares de pro- dução para exportação e importação de produtos com benefícios, normalmente fiscais, e facilitações no processo de desembaraço, nacionalização de mercadorias, também são criadas por meio de acordos de livre comércio (ALC). Exemplo de Área de Livre Comércio fica em Boa Vista e Bonfim (RR) que con- cede benefícios tributários para comercialização de produtos produzidos, importados ou exportados dessa região. Dentre os diversos benefícios estão a suspensão do: Imposto de Importação (II); Imposto de Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS); Contribuição para Financiamento da Seguri- dade Social (Cofins); Programa de Integração Social (PIS). Para as regiões de livre comércio é necessário que as empresas interessadas em usufruir dos benefícios façam Inscrição junto à SUFRAMA(www.suframa.gov.br); estejam em dia com o fisco, para que sejam emitidas as certidões negativas de FGTS, INSS e da 40UNIDADE II Franquias Territoriais receita federal; enviem todos os documentos da empresa para a SUFRAMA; e paguem a Taxa de Serviço, que custa em média R$ 140,37. Entretanto, para Tripoli e Prates (2016), por questões legais, alguns produtos não possuem benefícios, tais como armas e munições; automóveis de passageiros; bebidas alcoólicas; perfumaria; fumo e seus derivados, conforme previsto na Lei nº 11.732, de 30 de Junho de 2008. SAIBA MAIS Você pode acompanhar uma carga que esteja em um avião vindo para o Brasil por meio do site https://pt.flightaware.com/live/. Para isso, basta ter em mãos o número do voo e será possível ver a imagem de um pequeno avião e acompanhar a chegada e saída de sua mercadoria, mesmo que seja de pessoa física! Fonte: Flightaware (2020). REFLITA “O ‘livre comércio’ entre os países serve para desenvolver os desenvolvidos e subde- senvolver os subdesenvolvidos” (Kelve Elias). 41UNIDADE II Franquias Territoriais CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade notamos que a legislação brasileira prevê alguns regimes especiais para a importação e exportação de produtos e serviços, além disso, destaca-se as legislações brasileira para as zonas de livre comércio, que tem como base a isenção, suspensão ou exoneração de tarifas e tributos para a manutenção do crescimento regional de determinadas localizações do Brasil. Citamos novamente a zona franca de Manaus que vem, há muito tempo, se valendo de benefícios fiscais para a implantação de empresas que visam o crescimento econômico daquela região. Além disso, você pode observar que há diferença entre zona primária e secundária. A primária é aquela que a mercadoria chegou primeiramente no território brasileiro. Já a secundária é aquela que as empresas levam a sua mercadoria para o desembaraço mais próximo de seu domicílio. Essa flexibilidade de levar as mercadorias para o desembaraço é devido à grande expansão territorial do Brasil e também por causa dos benefícios que determinada região pode fornecer. Estudamos também sobre a Zona de Processamento de Exportação que são áreas de livre comércio com o exterior, em outras palavras, são áreas em que as empresas podem se instalar com o propósito de produção de bens a serem comercializados diretamente com o exterior. Diferentemente dos portos secos e zonas alfandegárias, a ZPE é considerada zona primária de exportação, ou seja, como se fosse um porto convencional. É importante ressaltar que as ZPE têm também regime tributário específico e se beneficiam de algumas alternativas governamentais para isenção, suspensão ou exoneração de impostos. Sabemos que é muita lei para se observar, mas garanto que, com pesquisa e muito esforço, você já tem o caminho para pesquisar a legislação aduaneira de nosso país. É sempre um prazer estudar sobre as regras de comércio exterior! Espero você em nossas próximas unidades desse curso. 42UNIDADE II Franquias Territoriais MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Despachado para a Índia Ano produção: 2006 Duração: 99 minutos Classificação: 14 anos Gênero: Comédia Sinopse: Despachado Para a Índia é uma comédia de diferenças culturais com um toque de romance. Todd Anderson (Josh Hamilton) dirige um call center de apoio ao cliente em Seattle, até que o seu chefe lhe dá a má notícia: o seu emprego vai ser alvo de Outsourcing e, ainda por cima, ele terá de ir até á Índia para treinar o seu substituto. Ele espera a pior experiência da sua vida e certamente é assim que as coisas começam. O caos de Bombaim assalta os seus sentidos e o seu novo escritório está paralisado devido a equívocos culturais. Mas à medida que vai conhecendo melhor os seus colegas de trabalho, descobre que não é fácil odiá-los, incluindo o seu amistoso substituto Puro (Asif Basra) e a adorável teimosa Asha (Ayesha Dharker). Rapidamente descobre que tem muito a aprender acerca da Índia, da América e dele próprio. LIVRO Título: Regimes Aduaneiros Especiais Autor: Liziane Angelotti Meira Editora: Síntese Sinopse: O objetivo do presente estudo é o exame aprofundado dos regimes aduaneiros especiais à luz dos princípios constitucionais da legalidade, da publicidade e da isonomia tributária. Em que pese a sua importância para o sistema tributário nacional e para os interesses estratégico-comerciais, o tema praticamente não tem sido visitado pela dogmática jurídica nos últimos 20 anos, certamente em razão da vasta e complexa legislação que o regula. As conclusões alcançadas por este trabalho ressaltam que os regimes aduaneiros especiais constituem isenções ou reduções condicionais dos impostos incidentes sobre as operações de comércio exterior – adstritos, portanto, ao princípio constitucional da legalidade –, nas quais os bens importados ou exportados são submetidos a controle aduaneiro. Essas inferências não somente conduzem a uma mudança do conceito dos regimes aduaneiros especiais, aceito quase sem dissonância no país, como também reclamam profundas alterações na respectiva legislação. 43 Plano de Estudo: • O contencioso aduaneiro. • Infrações, fraudes e delitos aduaneiros. • O contrabando e o descaminho. • Análise de problemas aduaneiros. Objetivos da Aprendizagem • Estudar as contestações que ocorrem nas aduanas. • Compreender as irregularidades e curiosidades nas importações. • Verificar o impacto legal e penalidades das infrações. UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves 44UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à terceira unidade da apostila sobre a legislação relacionada ao processo de comércio exterior. Desta vez falaremos um pouco sobre as questões das fraudes e tentativas de importação e exportações ilegais. Esse assunto é muito delicado, uma vez que não pode- remos citar casos específicos, mas vamos abordar os casos que encontramos de algumas empresas tentando fraudar o sistema de importação por meio de importações ilegais, prin- cipalmente produtos oriundos da China. Observaremos, nesta unidade, que a Receita Federal é muito rígida na legislação e a penalidade vai desde multas até a suspensão da autorização para importar ou exportar. Entretanto, muitas empresas ainda tentam burlar o sistema, principalmente nas questões de roupas de marca e brinquedos é que encontramos os mais diversos casos de tentativa de importação de produtos falsificados. É nesta unidade que poderemos analisar as grandes questões entre empresários e o governo, pois há a possibilidade de importar produtos e serviços de marcas famosas, entretanto o processo para a importação e exportação de produtos patenteados é complexa e justamente por isso as empresas tentam trazer de forma equivocada os produtos que deveriam ter, principalmente, coleta de impostos diferenciados. Além disso, há também a tentativa de importação de produtos proibidos, como armas, cigarros e algumas bebidas. Em geral, as mercadorias irregulares devem ser devolvidas à origem, mas muitas são destruídas (nos casos de falsificação) e algumas ficam em posse da Receita Federal para bazares; as arrecadações são destinadas à instituições de caridade. Caro(a) estudante, vamos começar nossos estudos sobre essa temática! Tenho certeza que você vai se surpreender sobre os ocorridos nos portos e aeroportos brasileiros. Desejamos um ótimo estudo a todos! 45UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 1. O CONTENCIOSO ADUANEIRO Você deve ter percebido que a quantidade de pessoas envolvidas na nacionali- zação da mercadoria é grande. Além disso, a importação e a exportação não são apenas o momento do desembaraço da mercadoria. Elas começam desde o contato com o for- necedor, até o transporte nacional
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