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I /, m Titos Jorge Mazive Inclusão Escolar de Crianças Com Necessidades Educativas Especiais: Caso da 1ª Classe na Escola Primária do 1º e 2º Graus 7/9 de Chidenguele, ano de 2019. Licenciatura em Ensino Básico com Habilitações em Supervisão e Inspeção Pedagógica da Escola Básica Universidade Save Gaza 2020 II Titos Jorge Mazive Inclusão Escolar de Crianças Com Necessidades Educativas Especiais: Caso da 1ª Classe na Escola Primária do 1º e 2º Graus 7/9 de Chidenguele, ano de 2019. Supervisor: MSc. Alcido Leonardo Dengo Universidade Save Gaza 2020 Monografia Científica apresentada ao Departamento de Ciências de Educação e Psicologia, Delegação de Gaza, para obtenção do grau de licenciatura em Ensino Básico, com Habilitações em Supervisão e Inspeção Pedagógica da Escola Básica. III Índice Índice de tabelas ............................................................................................................................... VI Índice de Gráficos ............................................................................................................................. VI Lista de abreviaturas, Siglas e Simbolos ....................................................................................... VII Lista de tabelas .............................................................................................................................. VIII Lista de Mapas ............................................................................................................................... VIII Lista de Gráficos ............................................................................................................................... IX Declaração ......................................................................................................................................... X Dedicatória........................................................................................................................................ XI Agradecimentos .............................................................................................................................. XII Resumo .......................................................................................................................................... XIII Abstract .......................................................................................................................................... XIV 0. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 15 0.1.Delimitação do tema ................................................................................................................... 16 0.2.Problema de pesquisa ................................................................................................................. 16 0.3.Objectivos ................................................................................................................................... 17 0.3.1.Geral ........................................................................................................................................ 17 0.3.2. Específicos .............................................................................................................................. 17 0.4.Justificativa ................................................................................................................................. 17 CAPITULO I: Referencial teórico ................................................................................................... 20 1.1.Enquadramento teórico ............................................................................................................... 20 1.1.1.Necessidades Educativas Especiais ......................................................................................... 20 1.1.2.Tipos de Necessidades Educativas Especiais .......................................................................... 21 1.1.3.Perturbações emocionais ou do comportamento ..................................................................... 22 1.1.4.Risco educacional .................................................................................................................... 22 1.1.5.Sobredotação ........................................................................................................................... 22 IV 1.1.6.Inclusão escolar ....................................................................................................................... 23 1.1.7.A Participação dos Pais na vida escolar de alunos com NEE ................................................. 23 1.1.8.A Declaração de Salamanca de 1994 ...................................................................................... 24 1.2. Definição dos termos ................................................................................................................. 25 1.2.1.Escola ...................................................................................................................................... 25 1.2.2.Consciencialização .................................................................................................................. 26 1.2.3.Encarregado de Educação ........................................................................................................ 26 1.3.Modelos educacionais de acompanhamento de alunos com NEE .............................................. 27 1.3.1. Educação Especial .................................................................................................................. 27 1.3.2.Educação Inclusiva .................................................................................................................. 28 1.3.3.Atendimento Educacional Especializado ................................................................................ 28 1.3.4.Modelo biocêntrico .................................................................................................................. 29 1.3.5.Modelo Funcional .................................................................................................................... 29 1.3.6.Modelo de direitos humanos.................................................................................................... 29 CAPÍLULO II: Metodologia ............................................................................................................ 32 2.1.TIPO DE PESQUISA ................................................................................................................. 32 2.2.Método de abordagem ................................................................................................................ 33 2.3.Método de procedimento ............................................................................................................ 33 2.4.Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados .......................................................................... 33 2.4.1.Pesquisa Bibliográfica ............................................................................................................. 34 2.4.2.Pesquisa de Campo .................................................................................................................. 34 2.4.3.Questionário ............................................................................................................................ 35 2.4.4.Entrevista .................................................................................................................................35 2.5.População e Amostra .................................................................................................................. 35 2.5.1.Caracterização da Amostra por sexo ....................................................................................... 36 2.5.2.Critérios de selecção da amostragem...................................................................................... 36 V 2.6.Descrição do local de Pesquisa ................................................................................................... 36 2.6.1.Mapa Administrativo de Chidenguele ..................................................................................... 38 CAPITULO III: Apresentação, Interpretação e Análise de dados ................................................... 39 3.1.Percepção dos Pais e Encarregados de Educação sobre a prática de inclusão escolar ............... 39 3.2.Visão dos professores em relação à atitude dos pais e encarregados de educação sobre a prática de inclusão ........................................................................................................................................ 45 3.3.Papel da escola no processo de consciencialização dos pais e encarregados de educação sobre a prática de inclusão ............................................................................................................................ 47 3.4.Apresentação dos dados analisados ............................................................................................ 50 4.Conclusões ..................................................................................................................................... 52 5.Estratégias sugestivas .................................................................................................................... 53 6.Referências bibliográficas ............................................................................................................. 54 Apêndices ......................................................................................................................................... 57 VI Índice de tabelas Tabela 1:Caracterização da amostra por sexo .................................................................................. 36 Tabela 2: Número de alunos por classe e sexo ................................................................................. 37 Tabela 3: Número de professores por classe e sexo ......................................................................... 37 Índice de Gráficos Gráfico 1-Percepção dos pais e encarregados de educação sobre a inclusão ................................... 40 Gráfico 2-Necessidade de consciencialização dos pais e encarregados de educação ...................... 41 Gráfico 3-Necessidade de priorização dos anseios de cada pai face ao modelo educativo .............. 43 Gráfico 4-Concepção dos professores em relação ao processo de inclusão de ................................ 44 Gráfico 5-Preferência dos pais e encarregados de educação quanto aos modelos educacionais ..... 45 Gráfico 6-Visão dos professores sobre os serviços de inclusão escolar de crianças com NEE ....... 46 Gráfico 7-Nível de estimulação dos pais e encarregados de educação em relação aos serviços de inclusão por parte dos professores .................................................................................................... 49 Gráfico 8-Apresentação dos resultados de pesquisa......................................................................... 51 VII Lista de abreviaturas, Siglas e Simbolos Apud Citado por MEC Ministério de Educação e Cultura EC. Encarregado de Educação P. Professor AEE Atendimento Educacional Especializado MDE Membro de Direcção da Escola EN1 Estrada Nacional Número Um NEE Necessidades Educativas Especiais PEA Processo de Ensino e Aprendizagem H Homem M Mulher HM Homens/Mulheres AEE Atendimento Educacional Especializado REGEB Regulamento Geral do Ensino Básico % Porcento N o Número 7/9 Sete de Setembro 1º Primeriro 2º Segundo et al. E outros autores VIII Lista de tabelas Tabela 1: Caracterização da amostra por sexo Tabela 2: Número de alunos por classe e sexo Tabela 3: Número de professores por classe e sexo Lista de Mapas Mapa 1: Mapa Administrativo de Chidenguele IX Lista de Gráficos Gráfico 1-Percepção dos pais e encarregados de educação sobre a inclusão escolar de crianças com NEE Gráfico 2- Necessidade de consciencialização dos pais e encarregados de educação sobre a prática de inclusão Gráfico 3-Necessidade de priorização dos anseios de cada pai face ao modelo de acordo com a natureza específica dos alunos Gráfico 4-Concepção dos professores em relação ao processo de inclusão de escolar de crianças com NEE Gráfico 5-Preferência dos pais e encarregados de educação quanto aos modelos educativos Gráfico 6-Visão dos professores sobre os serviços de inclusão escolar de crianças com NEE Gráfico 7-Nível de estimulação dos pais e encarregados de educação em relação aos serviços de inclusão por parte dos professores Gráfico 8-Apresentação dos resultados de pesquisa. X Declaração Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda, que este trabalho não foi apresentado em nenhuma instituição para obtenção de qualquer grau académico. Chongoene, Fevereiro de 2020 O Autor __________________________________________ (Titos Jorge Mazive) XI Dedicatória Dedico esta Monografia à toda minha família, em especial aos meus filhos (Shelca, Cármen e Fredson) para que cresçam conscientes de que todos os indivíduos gozam dos mesmos direitos e deveres perante a Lei. Aos meus amigos e colegas que sempre estiveram engajados na luta contra a discriminação de crianças com deficiências, a todos os estudantes do Curso de Licenciatura em Ensino Básico, com Habilitações em Supervisão Pedagógica da Escola Básica, e a todos professores em exercício para que tenham cada vez mais uma atitude educativa em relação a protecção de crianças vivendo com deficiências. XII Agradecimentos Em primeiro lugar agradeço a DEUS pela vida. Agradeço ao meu docente e Supervisor, MSc. Alcído Leonardo Dengo, pelo rigor e atenção que demonstrou ao supervisionar esta monografia. À minha esposa Ediclardina Daniel Mandlate, pelo apoio durante o período de estudo. Também agradeço à Senhora Esmeralda Inácio Mandlate, minha esposa e mãe dos meus filhos, pelo apoio incondicional durante a minha formação. Aos meus amigos e colegas, os senhores Alfredo Basílio Massango, Tomás António, Sérgio João Chemane, Evaristo Tomás Chavane, Vanêncio Samuel Manhique, pelo apoio incondicional que me proporcionaram ao longo do curso. Agradeço a todos a todos que de forma directa ou indirectamente contribuíram para o sucesso do meu curso. XIII ResumoO presente trabalho de pesquisa científica, teve como incidência, o estudo do processo de Inclusão Escolar de Crianças com Necessidades Educativas Especiais, particularmente para o caso da 1ª classe no ano de 2019 na Escola Primária do 1º e 2º Graus 7/9 de Chidenguele, uma actividade levada a cabo com o objectivo de compreender as formas de consciencialização dos pais e encarregados de educação em relação à prática de inclusão escolar de crianças com deficiências ao sistema educativo. Assim, o nosso trabalho, basicamnte estudou estratégias que podemos aplicar de modo a criar uma consciencialização no seio dos pais e encarregados de educação em levar os seus filhos com Necessidades Educativas Especiais para a escola. Desta forma, o trabalho consistiu na apresentação teórica dos factos relativos à inclusão escolar de crianças com Necessidades Educativas Especiais no contexto educacional, uma questão preocupante para o Governo moçambicano e para a sociedade em geral, tendo culminado com um estudo no campo de pesquisa. Para desencadeamento deste trabalho privilegiamos o uso do questionário e entrevistas associadas a uma pesquisa qualitativa.Olhando para o contexto do nosso estudo, em relação ao problema aliado à inclusão escolar de crianças com Necessidades Educativas Especiais, aferimos que os pais e encarregados de educação reconhecem a necessidade de levar seus filhos com Necessidades Educativas Especiais para a escola, embora temendo casos de discriminação por parte de outras crianças sem deficiências, e desta forma, avançamos com as estratégias de sensibilização dos pais e encarregados de educação e torná-los conscientes de modo a levar os seus filhos com deficiências para a escola. Palavras-Chave: Encarregados de educação, Necessidades Educativas Especiais, inclusão, consciencialização. XIV Abstract The present work of scientific research had as its focus, the study of the process of School Inclusion of Children with Special Educational Needs, particularly for the case of the 1st class in 2019 at the Primary School of the 1st and 2nd Degrees 7/9 of Chidenguele, an activity carried out with the aim of understanding the forms of awareness of parents and guardians in relation to the practice of school inclusion of children with disabilities in the education system. Thus, our work, basically, studied strategies that we can apply in order to create awareness among parents and guardians in taking their children with Special Educational Needs to school. In this way, the work consisted of the theoretical presentation of the facts regarding the school inclusion of children with Special Educational Needs in the educational context, a matter of concern for the Mozambican Government and for society in general, culminating in a study in the field of research. To trigger this work, we favor the use of the questionnaire and interviews associated with a qualitative research. Looking at the context of our study, in relation to the problem allied to the school inclusion of children with Special Educational Needs, we verify that parents and guardians recognize the need to take their children with Special Educational Needs to school, although fearing cases of discrimination by other children without disabilities, and in this way, we move forward with the awareness strategies of parents and guardians and make them aware in order to take your disabled children to school. Keywords: Carers, Special Educational Needs, inclusion, awareness. 15 0. INTRODUÇÃO Moçambique é um país que possui Leis que proporcionam uma igualdade para todos. Para enfatizar esta norma, o Estado moçambicano através do Ministério de Educação e Cultura, instituiu a existência de uma educação inclusiva na qual toda a criança, independentemente do seu estado físico ou psíquico tem um direito considerável de frequentar uma escola. Olhando para a questão da Inclusão Escolar de Crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE), com o enfoque à sensibilização dos pais e encarregados de educação para efeitos de compreensão desta realidade, nasce uma série de questionamentos em torno, de uma possível acção que possamos desencadear com vista a revertermos este cenário, criando possibilidades para toda a criança com deficiência, sem antes olhar para o tipo, ser concedido o seu direito de frequentar a escola. O Processo de Ensino e Aprendizagem em Moçambique (PEA) possui um carácter inclusivo e garante que todos os alunos podendo ser ou não com deficiência devem ser inscritos nas escolas públicas ou especiais de modo a frequentar como parte dos seus direitos. Os pais e encarregados de educação devem ser espelhos para os seus filhos, portanto, é necessário que sejamos mais práticos e directos em cultivar um ambiente de boa consciência a estes progenitores. Tendo em conta o processo de consciencialização como aspecto chave da nossa pesquisa, nesta perspectiva, elaboramos a presente monografia com o objectivo de compreender o processo de inclusão ao ambiente escolar, particularmente para Crianças com Necessidades Educativas Especiais concrectamente a nível das escolas do Ensino Básico, em particular na Escola Primária do 1º e 2º Graus 7/9 de Chidenguele. Relativamente à estrutura, o presente trabalho encontra-se dividido em quatro partes fundamentais, sendo que a primeira representa a introdução, na qual são apresentadas notas que serviram de alicerces para a execução do estudo. Nestas conta-se, a delimitação do tema, a problematização do estudo, e objectivos de pesquisa. Na segunda parte foram apresentados dados que sustentam teoricamente a visão específica do fenómeno estudado no campo de pesquisa. Na terceira encontra-se descrito o aparato metodológico do trabalho, incluindo dados sobre a população e a amostra do estudo. Na quarta e última parte encontra-se a apresentação e análise dos dados do campo. 16 0.1.Delimitação do tema A educação inclusiva em Moçambique possui um papel importante, e serve de base para a inserção escolar de crianças com deficiências, como forma de garantir uma educação que abrange a todos, factor que nos leva uma análise reflexiva. De modo a compreender o fenómeno existente na Escola Primária do 1º e 2º Graus 7 de Setembro de Chidenguele, aliado ao processo de consciencialização dos pais e encarregados de educação a aderirem à prática de inclusão, e olhando para o contexto da nossa pesquisa, delimitamos o tema da seguinte maneira: Inclusão Escolar de Crianças Com Necessidades Educativas Especiais: Caso da 1ª Classe na Escola Primária do 1º e 2º Graus 7/9 de Chidenguele, ano de 2019. 0.2.Problema de pesquisa Tal como preconiza o Artigo 125, n o . 1 da Constituição da República de Mocambique, “Os portadores de deficiência têm direito a especial protecção da família, da sociedade e do Estado. Entretanto, temos verificado na maioria dos casos, situações em que a criança por acções de discriminação face ao seu estado, sente-se inibido e sem direito de fazer parte ao ambiente de ensino e aprendizagem, facto que nos remete a uma análise deste fenómeno de modo a ser esclarecido. Observando de forma abstracta, em particular nas comunidades,ruas e mesmo nos mercados, verificamos muitas crianças, outras com deficiências variadas,que não apresentam características de estarem a frequentar uma escola, o que culmina com várias indagações, e sem por vezes obtermos uma resposta imediata a fim de satisfazermo-nos relativamente a esta preocupação. Nesse contexto, Gil (2008), destaca as dificuldades que uma família com uma criança com multideficiência vê-se confrontada no seu dia-a-dia, no sentido de responder adequadamente às necessidades individuais do seu filho e que muitas vezes se sente incapacitada para o fazer, pelos obstáculos e dificuldades com que se defronta e que podem parecer sem solução. McWilliam et al. (2003, p.49-50),afirmam que “a experiência de ser pai de uma criança com várias necessidades médicas e a nível de desenvolvimento faz com que, muitas vezes, os pais não se sintam seguros acerca do que é melhor para os seus filhos.” Referem também que no momento em que as famílias suspeitam de algo errado com o desenvolvimento do seu filho ou mesmo 17 quando recebem um diagnóstico, pode determinadas tarefas ou desafios que suscitem preocupação imediata. Diante desta situção, urge a necessidade de uma pesquisa de modo a esclerecermos o seguinte: Como consciencializar os Pais e Encarregados de Educação sobre a prática inclusiva com vista a encorajá-los a levar os seus filhos com Necessidades Educativas Especiais para a escola? 0.3.Objectivos 0.3.1.Geral Compreender como preparar os pais e encarregados de educação a ganharem coragem de levar para a escola, os seus filhos com Necessidades Educativas Especiais . 0.3.2. Específicos Definir estratégias para encorajamento de pais e encarregados de educação de modo a levarem os seus filhos com Necessidades Educativas Especiais para a escola; Descrever as Necessidades Educativas Especiais e o ambiente de inclusão; Propor soluções para uma inclusão escolar das crianças com Necessidades Educativas Especiais no sistema escolar. 0.4.Justificativa A abordagem do tema sobre Inclusão Escolar de Crianças Com Necessidades Educativas Especiais possui um carácter didáctico-científico e encorajador em relação ao que se vive dia-a-dia nas escolas moçambicanas em destaque nas escolas do ensino básico, no que tange à valorização de crianças com deficiências, ora, com Necessidades Educativas Especiais em particular aos pais e encarregados de educação em levá-las a escola alegando a sua falta de aptidão física, facto que se mostra preocupante no seio da própria escola, sociedade local assim como na comunidade científica. Na perspectiva de análise do tema da nossa pesquisa (Inclusão Escolar de Crianças Com Necessidads Educativas Especiais), o que nos impulsinonou ao seu estudo é o seguinte: O primeiro aspecto, é porque pretendemos despertar a atenção de todos os pais e encarregados de educação, que por ventura pensem que os seus filhos com Necessidades Educativas Especiais, ora 18 com deficiências, só podem frequentar as escolas especiais, assegurando-lhes o seu direito de frequência em todas as escolas em geral. Segundo porque as Crianças com Necessidads Educativas Especiais também tem o direito de frequentar a escola, livres de descriminação, e por essa causa, o estudo deste facto contribui para a sensibilização dos intervenientes do processo educativo a garantirem a inclusão de todas as crianças com deficiências. Em suma há que referenciar que, a abordagem do tema sobre a Inclusão Escolar de Crianças com Necessidades Educativas Especiais, como já haviamos referido pressupomos que terá um contributo positivo na sociedade local, na escola, nos professores, e em particular na esfera científica. Olhando para o contributo do tema da nossa pesquisa podemos evidenciar o seguinte: Na sociedade local: o tema da nossa pesquisa vai contribuir para a consciencialização dos pais e encarregados de educação e encorajá-los a aderirem à prática de inclusão dos seus filhos com Necessidades Educativas Especiais ao sistema escolar, incutindo-os uma atitude de valorização destes mesmo tendo deficiências, e levar a sociedade local em geral a compreender que a deficência dos seus filhos não constitui nenhuma barreira para que possam frequentar a escola, pois, existe no nosso país uma educação, denominada inclusiva e que de certa forma engloba todas as crianças independentemente do tipo de deficiência que possuirem. Na escola: o tema da nossa pesquisa servirá como fonte de reflexão em relação ao que tem-se verificado particularmente quanto à atitude negativa de certos pais e encarregados de educação em isentando os seus filhos com Necessidades Educativas Especiais, de frequentar a escola. Por outro lado a abordagem do nosso tema relativamente a esta esfera, constituirá um incentivo à comunidade escolar (conselho da escola, direcção da escola, professores e alunos) a participar na difusão da necessidade de se incluir todas as crianças com deficiências, pois também possuem o direito de estudar. Ao professor: para o professor, a abordagem do nosso tema contribuirá para incutir o espírito de equidade por parte deste transmissor de conhecimentos em relação aos alunos na sala de aula, tratando-os da mesma maneira, sem olhar as diferenças que estes possuem, e ao mesmo tempo, mantendo um atendimento especial para os alunos com NEE, sem no entanto, permitir atitudes de discriminação entre os próprios alunos. 19 Já na comunidade acadêmica, o tema da nossa pesquisa terá um contribuito didáctico e científico, na medida em que servirá como matéria básica para uma investigação profunda de modo a aferir- se o grau de consideração e respeito pelas crianças com Necessidades Educativas Especiais no âmbito geral. A abordagem do nosso tema servirá de material de estudo e de aprofundamento de conhecimentos em relação à inclusão escolar de crianças com Necessidades Educativas Especiais, promovendo o gosto pela necessidade de investigação por parte dos outros acadêmicos com vista a apresentar mais argumentos possíveis em relação à vida escolar de crianças com deficiências variadas. 20 CAPITULO I: Referencial teórico Relativamente à esta parte do nosso trabalho, foi demostrada a abordagem da matéria em estudo segundo a posição de vários autores de modo tornar claro, os aspectos essenciais que pretendíamos compreender. 1.1.Enquadramento teórico Pereira (1996, p.29), afirma que de uma forma generalizada “o nascimento de uma criança com deficiência gera um «stress» considerável nos pais, o que faz ocorrer a possibilidade de, cumulativamente com o risco estabelecido que a criança já apresenta, poder vir a encontrar-se numa situação de risco envolvimental.” Segundo Costa (2004), a notícia de que um dos filhos é uma criança com limitações força a família, especialmente os pais e irmãos, a confrontar os seus próprios sonhos e aspirações relativamente ao seu filho. A partir do momento em que é conhecida a limitação, esses sonhos alteram-se e a vida de cada um dos elementos da família sofre modificações. Perante o diagnóstico surgem diversas reações que são diferentes de família para família tal como o período de adaptação e aceitação da criança que nasceu com deficiência. As famílias são por vezes vulneráveis e outras vezes extremamente fortes. Segundo Nunes e Amaral (2008), a educação de alunos com deficiência tem demonstrado nos últimos anos uma evolução substancial que se traduzem em conceções sobre a deficiência e que se alargam para além das alterações estruturais do indivíduo. Traduzem-se também em concepções sobre educação que alvitram a inclusão de todos os alunos com deficiência nas escolas. 1.1.1.Necessidades Educativas Especiais O conceito de NEE surge pela primeira vez, em 1978, com o relatório “Warnock”. Este refere-se ao ensino ministrado em classes especiais ou unidades de ensino para crianças com determinados tipos de deficiência, abarcando também a noção de qualquer forma adicional de ajuda desde o nascimento até à maturidade para superar a dificuldade educacional, o que não acontecia antes da implementação deste documento. 21 Segundo Warnock, (1978, p.36), “o conceito de Necessidades Educativas Especiais, engloba não só alunos com deficiências, mas todos aqueles que, ao longo do seu percurso escolar possam apresentar dificuldades específicas de aprendizagem”. Segundo Correia (2008, p.44), são crianças de âmbito intelectual, âmbito motor sensoriais (auditivas, visuais, dificuldades de aprendizagem, emocionais, de comunicação(linguagem e fala); problemas de saúde. Nessa perspectiva, o autor ressalta que podem necessitar de apoio de serviços de Educação Especial durante todo ou parte do seu percurso escolar. Segundo Manjón; Gil e Garrido (1997), o conceito de Necessidades Educativas Especiais, conforme analisam, implica em distinguir inicialmente dois tipos fundamentais de necessidades: as de adaptações ao currículo e as de criação de serviços complementares. Já Marchesi e Martín (1995),apresentam junto ao conceito de Necessidades Educativas Especiais as dificuldades de aprendizagem e a ampliação dos recursos educacionais. Portanto, Correia (1997), define alunos com necessidades educativas especiais aqueles que, por exibirem determinadas condições específicas, podem necessitar de apoio de serviços de educação especial durante todo ou parte do seu percurso escolar, de forma a facilitar o seu desenvolvimento académico ,pessoal e sócio emocional. Olhando para o nosso posicionamento, o conceito de Necessidades Educativas Especiais associa-se aos problemas físicos, ou psicológicos que os alunos podem possuir num ambiente educativo. 1.1.2.Tipos de Necessidades Educativas Especiais As NEE subdividem-se em dois tipos: carácter permanente e de carácter temporário(Correia, 1997). Segundo Correia (2008, p.45), as NEE podem ser de vários tipos como: (i) Sensitivas (auditivas, visuais); (ii) Dislexia (dificuldades de ler e falar/pronunciar); (iii) Problemas motores; (iv) Deficiência intelectual (dificuldades de aprendizagem);(v)Problemas de comportamento. Segundo Correia (2008, p.23-24) entende-se alunos com NEE os que possuem: autismo, problemas Intelectuais, dificuldades de aprendizagem específicas, desordem por défice de atenção e hiperatividade, problemas sensoriais (visuais e auditivos), problemas emocionais e de 22 comportamento, problemas de comunicação, linguagem e fala, problemas motores, problemas de saúde, traumatismo craniano, multideficiência e com cegueira-surdez. Ainda segundo com o mesmo autor, olhando para as NEE, afirma que podem ser agrupadas em 3 familias: (i) Crianças em risco educacional;(ii) Crianças com NEE,(iii) Crianças sobredotadas. 1.1.3.Perturbações emocionais ou do comportamento Para Correia (2008), o termo perturbações emocionais ou do comportamento descreve uma condição que exibe uma ou mais das seguintes características durante um longo período de tempo e numa extensão tal que afecta negativamente a realização escolar da criança: a) Incapacidade inexplicável para a aprendizagem, que não pode ser explicada por factores intelectuais, sensoriais e de saúde; b) Incapacidade para iniciar ou manter relações interpessoais satisfatórias com os seus pares e professores; c) Comportamentos ou emoções inapropriadas em circunstâncias normais; d) Estado geral de infelicidade ou de depressão; e) Tendência para desenvolver sinais físicos ou medos associados ao pessoal ou aos problemas da escola. O termo incluiu a esquizofrenia. O termo não se aplica a crianças socialmente mal ajustadas, a não ser que se determine que apresentam distúrbios emocionais. (Individual desabiliteis Education Act/IDEA, 1997). 1.1.4.Risco educacional Segundo Correia (2008, p.43), são alunos que apresentam características que podem a qualquer momento facilmente conduzir a problemas de aprendizagem ou de comportamento: (i) Utilizadores de drogas e álcool; (ii) Provenientes de minorias étnicas; (iii) de ambientes sócio-económicos e sociais desfavoráveis; (iv) Gravidez (precoce) na adolescência; (v) Perdas significativas; (vi) Famílias divididas; (vii) Órfãos; (viii) Abusos. 1.1.5.Sobredotação Correia (2008, p.53), define sobredotação como alunos com coeficiente de inteligência acima da média, alto nível de motivação, persistência nas tarefas, níveis superiores de criactividade, entre outras características. No nosso ponto de vista, o termo sobredotação, refere-se aos alunos com alta capacidade intelectual, ou seja com um coeficiente de inteligência acima do normal na sala de aulas que merece um atendimento especial. 23 1.1.6.Inclusão escolar Segundo Correia (2005, p.7), todas as crianças querem aprender. Refere também que “uma escola inclusiva é, assim, uma escola onde toda a criança é respeitada e encorajada a aprender até ao limite das suas capacidades.” Segundo Nunes et al. (2008), a capacidade de resposta às diversas necessidades educativas de alunos, independentemente das suas condições à partida, constitui um enorme desafio para os profissionais que com eles trabalham, particularmente no caso da multideficiência. Isto porque as necessidades de inclusão desta população vão muito para além da inclusão escolar e refletem-se em todos os contextos de vida nos quais se inserem. Refere ainda que, ao contrário do que se passa com outros tipos de deficiência, onde a participação na sala de aula pode obter sucesso desde que encontradas as adaptações e os apoios necessários, grande parte do que se passa numa sala de aula tem poucas oportunidades de servir um aluno com multideficiência grave. De acordo com a autora, a inclusão de crianças com multideficiência requer alterações e acomodações específicas ao nível do currículo e do tipo de apoio a prestar, no sentido de garantir que a sua presença na escola corresponda a objectivos individualmente adaptados e que o seu sucesso seja avaliado em função desses objectivos. Mais acrescenta que esta inclusão é um processo de aprendizagem de vida em que a escola representa apenas um dos vários ambientes onde necessitam de ser incluídos. Também considera fundamental a redefinição da inclusão no que respeita a esta população, alargando-a para além do espaço da sala de aula de modo a incluir todos os ambientes onde o aluno com multideficiência precisa de aprender a viver, para que se possa envolver em experiências significativas e participar nas actividades dos ambientes do seu dia-a-dia. 1.1.7.A Participação dos Pais na vida escolar de alunos com NEE Segundo Warnock Report (1978), verifica-se como é explícito ao defender o envolvimento dos pais, enquanto parceiros iguais no processo educacional, como condição essencial para a educação com sucesso de crianças com NEE. Neste mesmo relatório são identificadas três formas principais de suporte: informação, conselho e ajuda prática. Segundo Merier (1987, p.127), os professores e os pais, que reconhecem os seus papéis como complementares, que enfocam as suas interações com entusiasmo e não com apreensão e que 24 contemplam as suas relações como as de uma equipa sentir-se-ão recompensados, no geral, por crianças felizes capazes e meigas, e, para além disso, com sentimentos pessoais de mútuo respeito. Na concepção de Nunes et al. (2008),os professores, ainda que especializados, raramente têm formação consistente na área da multideficiência e a noção de aprendizagem em contexto natural não é um conceito que esteja subjacente às estratégias de ensino da maioria dos professores. É importante pensar numa educação que responda a necessidades de alargamento de actividade e participação na comunidade e que facilite essa participação através do provisionamento de instrumentos melhorem a interação nos diversos ambientes, promovendo o sucesso da inclusão. Segundo Correia (2005, p.61), “a Escola deverá sempre envolver a família nas decisões mais importantes respeitantes à criança, quer sejam crianças com um desenvolvimento normal quer sejam crianças com NEE.” Realça também que os pais constituem elementos de suma importância na planificação, execução e avaliação dos programas de intervenção dos seus filhos. Neste sentido, sublinha-se a importância da participação activa da família na educação da criança com NEE. Sanches e Teodoro (2006, p.72), afirmam que numa escola inclusiva só poderá existir uma educação também inclusiva, “uma educação em que a heterogeneidadedo grupo não é mais um problema mas um grande desafio à criactividade, ao profissionalismo dos profissionais da educação, gerando e gerindo mudanças de mentalidades, de políticas e de práticas educativas”. 1.1.8.A Declaração de Salamanca de 1994 Esta Declaração inclui os princípios educativos enunciados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Declaração de Educação para Todos e nas Normas de Oportunidade para Pessoas com Deficiência. Nesta Declaração é proclamada a Escola Inclusiva como “o local onde todos os alunos aprendem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e diferenças que apresentam”. Ainda segundo a mesma autora a escola Inclusiva “consiste em que todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentam. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos de aprendizagem de modo a garantir um bom nível de educação para todos através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades...” 25 É nesta declaração que se prevê a inclusão escolar de todas as crianças com deficiências a terem que frequentar a escola. O princípio em que se baseia a escola inclusiva é o de que todos os alunos devem aprender juntos, “sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem.” Segundo Declaração de Salamanca (1994, p.11), as escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades dos seus alunos, adaptando-se aos diversos estilos e ritmos de aprendizagem de modo a assegurar uma educação de qualidade, utilizando currículos adequados, modificações organizacionais, estratégias pedagógicas, uso de recursos e cooperação com a comunidade. Sendo assim, “as escolas terão de encontrar formas de educar com sucesso estas crianças, incluindo aquelas que apresentam incapacidades graves, e todas as crianças e jovens cujas carências se relacionam com deficiências ou dificuldades escolares. Muitas crianças apresentam dificuldades escolares e, consequentemente têm necessidades educativas especiais, em determinado momento da sua escolaridade. As escolas terão de encontrar formas de educar com sucesso estas crianças, incluindo aquelas que apresentam incapacidades graves.” (Declaração de Salamanca 1994, p.6). Segundo Rodrigues (2001, p.19), a proclamação da “Declaração de Salamanca” (UNESCO, 1994), foi “indubitavelmente o marco que definiu o verdadeiro ponto de partida de uma escola integrativa para uma escola onde a educação é inclusiva” Portanto, para além da Declaração de Salamanca, existem tantas declarações que abordam conteúdos sobre sujeitos com NEE, tais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos a Declaração de John Plain bem como a Constituição da República de Moçambique. 1.2. Definição dos termos 1.2.1.Escola Segundo Gramsci (2000 citado por Taborda, Petrenko e Monteiro, 2009), a escola é um instrumento utilizado para formar intelectuais de diversos níveis. Por intelectuais Gramsci refere-se a todas as pessoas que exercem funções de organização em diferentes frentes, nomeadamente: na produção, na cultura ou na administração pública. 26 Segundo Libânio (1986 apud Ferreira e Aguiar 2004, p.132), “escola é uma instituição orientada para a preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe instrumentos por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e activa na democratização da sociedade”. Na nossa perspectiva, escola é um espaço físico onde o aluno recebe a educação cívica e adquire conhecimentos diversos. 1.2.2.Consciencialização Segundo Chick e Meleis (1986), consciencialização é uma característica definidora da transição, e que a ausência de consciência da mudança poderá significar que um indivíduo não iniciou a experiência de transição. Os autores concordam que a consciencialização está relacionada com a percepção, o conhecimento e o reconhecimento de uma experiência de transição. O nível de consciência reflete-se, muitas vezes, no grau de congruência entre o que se sabe sobre os processos e respostas esperadas e as percepções dos indivíduos que vivenciam transições semelhantes. Na perspectiva do nosso estudo, a consciencialização é vista como uma acção que consiste na criação de consciência num determinado indivíduo com o objectivo de uma mudança comportamental. 1.2.3.Encarregado de Educação Segundo Lopes (2016), encarregado de educação, é aquele indivíduo ao qual assiste o direito de participar activamente no processo educativo dos seus filhos ou educandos. Conforme dispõe o artigo 19.º do Decreto Presidencial n.º 20/11, de 18 de Janeiro, os encarregados de educação devem ser convocados para participar na elaboração e na revisão do plano educativo individual e do programa educativo. A avaliação do aluno tendente à aplicação de qualquer medida da modalidade do ensino especial, deve ser do conhecimento do encarregado de educação. O processo de elegibilidade do aluno tendo em vista a aplicação de qualquer uma das medidas e recursos educativos especiais, previstos no presente Estatuto, só pode ter início após a autorização por escrito dos encarregados de educação. Na perspectiva de Marques, (2001, p.42), “as crianças de que os seus pais se envolvem na escola e na educação, têm vantagens em relação às restantes, pois as famílias podem, através da maior 27 proximidade com os professores e com a escola, aumentar as suas expectativas em relação ao sucesso escolar dos seus filhos”. Marques (2001, p.56), faz menção a algumas estratégias que facilitem a interação entre pais e encarregados de educação as quais a seguir são mencionadas: (i) Os pais devem ser recebidos no início do ano lectivo e convidados a fazer visitas a escola; (ii) Os professores podem enviar com regularidade aos pais relatórios e fichas informativas sobre o desempenho do seu filho; (iii) Os professores podem ainda optar opor telefonar aos pais quando surgem problemas que exigem soluções imediatas; (iv) Os professores convidam os pais a colaborarem em actividades da escola. Na óptica do nosso estudo, o encarregado de educação é a pessoa que acompanha o percusro escolar do seu educando, podendo ser responsável por qualquer situação que for necessária a sua intervenção. 1.3.Modelos educacionais de acompanhamento de alunos com NEE 1.3.1. Educação Especial Segundo Brasil, MEC/SEESP (1994, p.17), Educação Especial é definida como sendo um processo que visa a promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de deficiências, condutas típicas ou altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Segundo Mazzota (1996, p.11), a Educação Especial define-se como modalidade de ensino que se caracteriza por um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais organizados para apoiar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal dos educandos que apresentem necessidades educacionais muito diferentes das da maioria das crianças e jovens. Já na nossa reflexão, a Educação Especial é um tipo de educação que possui um carácter específico e que particularmente abrange as crianças com deficiências diversas. Este tipo de educação 28 consiste num ensino especial e as metodologias usadas são de acordo ao tipo de necessidades que os alunos possuem. 1.3.2.Educação Inclusiva O conceito de educação inclusiva surgiu a partir de 1994, com a Declaração de Salamanca. A ideia é que as crianças com necessidades educativas especiais sejam incluídas em escolas de ensino regular. O objectivo da inclusão demonstra uma evolução da culturaocidental, defendendo que nenhuma criança deve ser separada das outras por apresentar alguma espécie de deficiência. Segundo Mantoan (2006), o termo educação inclusiva supõe a disposição da escola de atender a diversidade total das necessidades dos alunos nas escolas comuns. Por isso, a inclusão pressupõe uma escola que se ajuste a todas as crianças, em vez de esperar que uma determinada criança com deficiências se ajuste a escola. Segundo Sassaki (1998, p.8),educação inclusiva é o processo que ocorre em escolas de qualquer nível preparadas para propiciar um ensino de qualidade a todos os alunos independentemente de seus atributos pessoais, inteligências, estilos de aprendizagem e necessidades comuns ou especiais. A inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola comum tradicional é modificada para ser capaz de acolher qualquer aluno incondicionalmente e de propiciar-lhe uma educação de qualidade. Na inclusão, as pessoas com deficiência estudam na escola que frequentariam se não fossem deficientes. 1.3.3.Atendimento Educacional Especializado Segundo Mantoan (2003, p.23), “o preferencialmente” refere-se a atendimento educacional especializado”, ou seja: o que é necessariamente diferente no ensino para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência, abrangendo principalmente instrumentos necessários à eliminação das barreiras que as pessoas com deficiência naturalmente têm para relacionar-se com o ambiente externo. Segundo BRASIL (2009, p.2), o AEE deve ser realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, 29 confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios. 1.3.4.Modelo biocêntrico Um dos modelos utilizados na prestação de serviços educacionais a alunos com Necessidades Educacionais Especiais é o modelo biocêntrico. Segundo Mohit (2003), o modelo biocêntrico considera a deficiência como um meio médico ou condição genética. Permanece a implicação de que as pessoas com deficiência e suas famílias devem se esforçar para normalização, através de curas e milagres médicos. Embora a biologia não seja mais a única lente pela qual a deficiência é vista na lei e nas políticas, ela continua a desempenhar um papel proeminente na determinar a elegibilidade do programa, o direito a benefícios e também influencia o acesso aos direitos e participação social completa. 1.3.5.Modelo Funcional No modelo funcional, o direito a direitos é diferenciado de acordo com julgamentos de incapacidade individual e até que ponto uma pessoa está percebida como independente para exercer seus direitos. Por exemplo, o direito de uma criança à educação depende se a criança pode ou não ingressar à escola e participar da sala de aula, em vez da obrigação de o sistema escolar se tornar acessível às crianças com deficiências. 1.3.6.Modelo de direitos humanos O modelo de direitos humanos posiciona a deficiência como uma dimensão importante da cultura humana e afirma que todos os seres humanos nascem com direitos inalienáveis. Os conceitos relevantes neste modelo são: o princípio do respeito pela diferença e aceitação da deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade é importante, pois a deficiência é uma característica universal da condição humana. No direito internacional dos direitos humanos, a igualdade é fundada sob dois princípios complementares: não discriminação e diferenciação razoável. A doutrina da diferenciação é de particular importância para as pessoas com deficiência, algumas das quais pode exigir serviços ou suporte especializados para ser colocado em uma base de igualdade com os outros. 30 Segundo Whitmore (1980), as diferenças de tratamento entre indivíduos não são discriminatórias se forem baseadas em e justificativa objectiva. Além disso, a igualdade não implica apenas impedir a discriminação, por exemplo, a protecção de indivíduos contra tratamento desfavorável por introduzir leis anti - discriminação, mas vai muito além, na correcção da discriminação. Segundo Bhargava (1994), a abordagem dos direitos humanos à deficiência, por um lado, exige que os governos desempenhem um papel activo na melhoria do nível de acesso às liberdades públicas e, por outro lado, exige que o gozo de direitos pelas pessoas com deficiência não é dificultado por terceiros no sector privado, instituições educacionais e indústrias, tanto no sector público quanto no privado, devem garantir tratamento equitativo às pessoas com deficiência. Na visão de Borland (1989), a força do modelo é que ele ajudou a entender os desafios enfrentados na provisão de educação especial para alunos com necessidades especiais, por exemplo, o modelo é que enfoca a dignidade inerente ao ser humano, o modelo de direitos humanos coloca o indivíduo no centro do palco, em todas as decisões que o afectam. Assim, o modelo de direitos humanos respeita a autonomia e liberdade de escolha dos deficientes, e também garante que eles mesmos priorizem os critérios para programas de apoio. Requer que pessoas com deficiência e outros indivíduos e instituições fundamentais para a sociedade, estão capacitados a ganhar capacidade para a livre interação e participação vital para uma sociedade inclusiva. Segundo Tomlinson (1982), apesar do modelo ter pontos positivos, eles também apresentam fraqueza, por exemplo, uma análise crítica do desenvolvimento dos modelos de caridade e biocêntricos sugere que eles cresceram fora dos interesses dos profissionais e da elite de manter os deficientes não educáveis ou de os declarar mentalmente crianças deficientes e mantê-las fora do sistema escolar convencional, usando assim as escolas como uma válvula de segurança para as escolas regulares. O modelo deu origem a um modelo de atendimento de custódia, causando extremo isolamento e marginalização de pessoas com deficiência. Infelizmente, em algumas práticas contemporâneas, o reflexo dessa modelo ainda pode ser rastreado. Segundo Turnbull (1990 citado por Gil, 2008), destacam-se três aspetos essenciais com que se defrontam os pais: (i) a descoberta da deficiência decorrer na primeira infância e o tempo que a família aguarda pelo diagnóstico;(ii) a deficiência levar a que a família estabeleça os primeiros 31 contactos com o meio médico, com o meio educacional e com os serviços sociais e; (iii) as expetativas que os pais desenvolvem perante a criança neste período. Segundo Relvas (2006, p.113), a família deverá desempenhar duplamente uma função interna e uma externa na vida da criança. A primeira diz respeito à prestação de cuidados das necessidades físicas e afectivas, transmitindo proteção à criança, enquanto a função externa concerne a transmissão de valores e regras da sociedade onde a família está inserida, permitindo a adaptação à cultura predominante e a consequente socialização da criança. Segundo Domingos (1986 citado por Diogo 1998, p. 28), o ensinamento da socialização à criança, por parte da família, irá determinar a sua boa ou má transição para a vivência escolar. A família deverá sensibilizar e preparar a criança para a linguagem utilizada na escola, de forma a verificar- se uma continuidade cultural. Aquelas famílias que não sensibilizam as suas crianças para a linguagem utilizada na socialização escolar, sujeitam-nas a uma quebra cultural com a qual não se irão identificar e que as irá obrigar a uma aculturação. As práticas parentais são o reflexo de um misto de comportamentos dos pais perante os filhos; estas práticas podem-se manifestar através de elogios,da atenção ou descuido, do tom de voz, da linguagem corporal, das mudanças de humor, entre outras expressadas pelos pais. Esses comportamentos parentais terão como propósito o desenvolvimento harmonioso dos filhos, durante o processo de socialização e educação dos mesmos, de modo a suscitar maior autonomia e confiança neles próprios (Darling e Steinberg, 1993 citado por Torres 2008, p.68). 32 CAPÍLULO II: Metodologia Segundo Marconi e Lakatos (2007), a metodologia é directamente relacionada com o problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vários factores relacionados com a pesquisa a natureza dos fenómenos, o objecto da pesquisa, os recursos financeiros, a equipe humana e outros elementos que possam surgir no campo da investigação. Como metodologia da nossa pesquisa concordamos em aplicar a seguinte: 2.1.TIPO DE PESQUISA Para o desenvolvimento do nosso estudo, aplicamos a pesquisa qualitativa.Portanto, é importante salientar que o tipo de pesquisa ora seleccionado tem como auxílio a aplicação dos métodos quantitativos, apresentando os resultados de forma relativa. Nesse âmbito, o que justifica escolha do método qualitativo é o facto deste ter facilitado a compreensão e o conhecimento da realidade dos factos, relacionados com a nossa pesquisa, sem no entanto baseiarmo-nos na utilização total dos elementos estatísticos para análise dos dados recolhidos, tendo apenas solicitado opiniões do nosso alvo e consequentemente propormos as nossas respectivas soluções. A nossa preocupação diante do uso deste método, não foi de conhecer, de uma maneira total, o número dos pais e encarregados de educação que não deixam os seus filhos irem a escola por eventualmente terem Necessidades Educativas Especiais mas sim, saber acerca da provável existência dos que apesar das deficiências dos seus filhos, têm desejo de levá-los à escola embora com certos preconceitos ao pensar que estes podem ser discriminados, e nessa perspectiva, agirmos perante o objectivo da nossa pesquisa, que é essencialmente compreender a melhor forma de conscientização destes para uma mudança de atitude e permitir que os seus filhos com NEE sejam beneficiados pelos serviços de inclusão. Na nossa perspectiva, no que tange ao uso da pesquisa qualitativa, a mesma contribuiu para que tenhamos uma ideia sólida em relação ao que realmente pode estar associado à negligência dos pais e encarregados de educação até ao ponto de não matricularem os seus filhos com NEE. Enfatizando o nosso pronunciamento em relação à pesquisa qualitativa, segundo Vieira (1996), pode ser definida como a que se fundamenta principalmente em análises qualitativas, caracterizando-se, em princípio, pela não utilização de instrumental estatístico na análise dos dados. 33 2.2.Método de abordagem Para a abordagem do tema da nossa pesquisa, sobre a Inclusão Escolar de Crianças com Necessidades Educativas Especiais seleccionamos o método fenomenológico, com o objectivo de compreendermos a essência do fenómeno existente na Escola Primária do 1º e 2º Graus 7/9 de Chidenguele, aliado à situação de não se deixar as crianças com NEE frequentarem a escola, uma atitude negativa perpetrada pelos pais e encarregados de educação. Entretanto, o uso deste método, contribuiu para que possamos conhecer o real motivo que condiciona a existência desta atitude dos pais e encarregados de educação naquele estabelecimento de ensino. Outrossim, este método ajudou a fazermos uma análise reflexiva em relação ao comportamento dos pais e encarregados de educação sobre o facto de não optarem pelos serviços de inclusão escolar ou de Educação Especial, o qual segundo Husserl (1947, p.22), é um método da crítica do conhecimento e na perspectiva de Gil (2008, p.14), tem uma tendência orientada totalmente para o objecto e limita-se aos aspectos essenciais e intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão de deduções. 2.3.Método de procedimento Relativamente ao método de procedimento da nossa pesquisa seleccionamos o estudo de caso, onde para além de termos efectuado um estudo de forma arbitrária, tivemos o privilégio de desenvolvermos a pesquisa em relação a um fenómeno direccionado e por via disso, levantarmos as questões que efectivamente nos levaram a alcançar os objectivos previamente definidos para a nossa pesquisa. Por um lado, este método, contribuiu para que realizemos um estudo profundo em relação a problemática dos pais e encarregados de educação que não se contentam em levar os seus filhos a escola por terem NEE. Portanto, segundo Gil (2011, p.58), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objectos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados.” 2.4.Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados De modo a desenvolvermos a pesquisa seleccionamos as seguintes técnicas e instrumentos de recolha de dados: Pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, questionário e entrevista. Estas técnicas contribuíram para a análise de vários documentos que abordam os conteúdos relacionados com o nosso problema de pesquisa. Para além do contributo antes referido, as técnicas seleccionadas também auxiliaram para que intensifiquemos a compreensão dos factos que 34 pretendíamos pesquisar de modo a não criar equívocos em relação a descrição do nosso objecto de pesquisa, e particularmente durante a interacção com o nosso alvo. Em relação à nossa preferência no que concerne as técnicas e instrumentos empregues, segundo Pardal & Correia (1995), a escolha e articulação das técnicas depende directamente do método, onde as decisões são influenciadas pelo modelo de análise pré-estabelecido e pela definição da amostra. Estas, por sua vez, estão relacionadas com as questões de investigação. 2.4.1.Pesquisa Bibliográfica No âmbito da nossa pesquisa, aplicamos a pesquisa bibliográfica, como a fase primordial da pesquisa consistindo na análise e exploração de documentos já existentes e estudados por outros autores de modo a compreendermos o grau de relavância do nosso tema. A pesquisa bibliográfica teve um contributo positivo, pois antes de desenvolvermos a pesquisa propriamente dita no campo de trabalho, permitiu que tenhamos em primeiro lugar, uma série de bases teóricas e científicas em relação a Inclusão Escolar de Crianças com NEE. A razão que motivou-nos à escolha desta técnica de pesquisa é o facto de constituir uma técnica fácil de aplicar uma vez cingir-se no uso de fontes bibliográficas, o que torna uma actividade simples e construtiva no processo de aquisição de conhecimentos em relação ao caso em estudo, concrectamente, a Inclusão Escolar de Crianças com NEE. Tomando em referência à técnica de pesquisa que selecionamos, Gil (2007, p.68), explica que a pesquisa bibliográfica é uso exclusivo de fontes bibliográficas. A principal vantagem é permitir ao pesquisador a cobertura mais ampla do que se fosse pesquisar directamente. 2.4.2.Pesquisa de Campo Para além da pesquisa bibliográfica, também privilegiamos a pesquisa de campo que a partir do problema levantado a mesma contribuiu para a análise do nosso posicionamento, em relação ao que reside no universo da nossa amostragem. Para o desencadeamento do nosso trabalho, a pesquisa de campo consistiu em primeiro lugar na formulação de questões teóricas que nortearam os objectivos da nossa pesquisa no que concerne ao que pretendíamos compreender, face à Inclusão Escolar de Crianças com NEE. Segundo Gil (2010, p.57), na pesquisa de campo, “procura-se muito mais o aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis.” 35 2.4.3.Questionário O nosso questionário de pesquisa destinou-se aos professores da Escola Primária do 1º e 2º Graus7/9 de Chidenguele. O questionário auxiliou na colecta de dados em relação ao que pretendíamos compreender, e foi composto por perguntas abertas e de escolha múltipla. De salientar que, o questionário foi feito antes de nos dirigirmos ao campo de pesquisa apresentando como foco o objecto de pesquisa, neste caso, que consistia em compreender a maneira possível de efectuar uma preparação psicológica dos pais e encarregados de educação a conduzirem para a escola os seus filhos com NEE, através da análise da visão dos professores em relação à atitude dos encarregados de educação como mediadores do PEA no que tange ao processo de inclusão escolar. Segundo Gil (1999, p.128), o questionário, pode ser definido “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.” 2.4.4.Entrevista A nossa entrevista foi dirigida à Direcção da Escola e aos pais/encarregados de educação. A motivação para a escolha desta técnica foi basicamente por criar a possibilidade de atingir toda a população alvo da nossa pesquisa, tendo permitido um contacto directo com os nossos entrevistados. Também permitiu que os nossos entrevistados tenham uma abertura em relação a informação que pretendíamos colher, fornecendo suas ideias, e opiniões. De salientar que a técnica aplicada ao nosso estudo, é a mais utilizada nas pesquisas qualitativas. No entanto, como coloca Minayo (1996), mediante nessa técnica podem ser obtidos dados de natureza qualitativa (opiniões, atitudes e significados). 2.5.População e Amostra Tendo como base, os 140 elementos do universo da nossa população, importa referir que realizamos o trabalho com um total de 50 elementos o que corresponde a 35,7% do universo total. Neste caso, a nossa pesquisa foi dirigida aos pais/encarreagados de educação, professores e membros de direcção da escola. Para o efeito, seleccionamos uma amostra de 37 pais/encarregados de educação, 11 professores onde 7 leccionam a 1ª classe e os restantes das outras classes do 1º ciclo, bem como 2 membros de direcção da Escola Primária do 1º e 2º Graus 7/9 de Chidenguele. 36 2.5.1.Caracterização da Amostra por sexo Universo da Populacional Universo Amostral H M HM H M HM % Professores 7 12 19 4 7 11 57,8 Direcção da escola 0 2 2 0 2 2 100 Enc.de Educação 32 87 119 11 26 37 31 Total 39 101 140 15 35 50 35,7 Tabela 1:Caracterização da amostra por sexo 2.5.2.Critérios de selecção da amostragem Para a selecção da nossa amostragem, privilegiamos os encarregados de educação residentes na comunidade que tenham filhos que frequentam a escola assim como não, e os professores da escola que leccionam o 1º ciclo e que nas suas turmas tenham crianças com NEE, correspondendo um total de 35,7 do universo populacional. 2.6.Descrição do local de Pesquisa A Escola Primária do 1º e 2º Graus 7/9 de Chidenguele, localiza-se ao longo da EN1, na povoação de Chemanine, Posto Administrativo de Chidenguele no Distrito de Mandlakazi. A escola foi fundada em 1948, pertencemdo à Igreja Católica, e por via das nacionalizações após a independêcia, esta passou ao poder do Estado moçambicano. A directora actual desta Escola chama-se Florinda Chemo. No que tange às infra-estruturas, a escola tem uma cisterna para provisão da água potável, urinóis e latrinas com um saneamento do meio em estado satisfatório. A escola possui 10 salas de aulas, dentre elas, 7 convencionais e 3 de pau-a-pique, onde 4 delas construídas com o apoio da Caritas-Governo da Suíça e 6 com o apoio da comunidade a partir das contribuições de pais e encarregados de educação. Em relação à área administrativa, a escola não dispõe do pessoal da mesma, por isso os directores de turmas responsabilizam-se pela organização de todos os documentos de escrituração pedagógica dos alunos onde os mesmos são guardados em pastas de processo do aluno e arquivados nos cacifos que se encontram na secretaria da escola segundo as classes e turmas havendo uma monitoria permanentemente. De referir que os outros documentos tais como pastas de arquivo por onde guarda-se as pautas de ciclo, pautas de exame, pautas de frequência e verbetes, são arquivados no gabinete da Directora Adjunta e alguns como é o caso do livro de matrículas para 37 novos ingressos nas classes iniciais como a 1ª e 6ª classes arquivam-se no Gabinete da Directora da escola e o livro de ponto é arquivado na Secretaria. No que concerne ao processo de realização de matrículas de alunos novos ingressos, este inicia a 01 de Outubro de cada ano podendo terminar no dia 31 de Dezembro, obedecendo o calendário previamente fixado pelo Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano orientado pelos membros da comissão criada pela direcção da escola. Na componente gestão escolar a escola possui documentos de diversa ordem nomeadamente: Planos anuais de actividades, planos de subsecções e áreas de trabalho, Regulamento interno da escola, Estatuto de Funcionários e Agente de Estado e Estatuto do professor. Relativamente à estrutura pedagógica, esta funciona em regime de dois turnos e tem 19 turmas, e 7 classes equipadas pelos seguintes efectivos de acordo com o levantamento de 3 de Março de 2019, tal como melhor ilustra a tabela a seguir: Classe Alunos por Sexo H M HM 1ª 79 56 135 2ª 83 61 144 3ª 48 58 106 4ª 57 41 98 5ª 24 60 84 6ª 41 40 81 7ª 44 41 85 TOTAL 376 357 733 Tabela 2: Número de alunos por classe e sexo De referir que o número de alunos acima descrito é orientado por 19 professores divididos em classes e turmas segundo o quadro a seguir: Classe Professores por Sexo H M HM 1ª 0 3 3 2ª 0 3 3 3ª 0 3 3 4ª 2 1 3 5ª 1 2 3 6ª 2 0 2 7ª 2 0 2 TOTAL 7 12 19 Tabela 3: Número de professores por classe e sexo 38 2.6.1.Mapa Administrativo de Chidenguele Mapa 1: Mapa Administrativo de Chidenguele 39 CAPITULO III: Apresentação, Interpretação e Análise de dados Após ter sido feita uma abordagem teórica face ao tema do nosso estudo segue-se a apresentar a realidade prática em relação aos dados recolhidos na Escola Primária do 1º e 2º Graus 7/9 de Chidenguele através de um questionário dirigido aos professores e pela entrevista direcionada à direcção da escola e aos pais e encarregados de educação dos alunos daquela instituição de ensino. Partindo das questões formuladas e dirigidas à nossa população alvo, apresentamos em forma de subcapítulos, os quais passam por uma análise profunda, nomeadamente: (i) Percepção dos pais e encarregados de educação sobre a prática de inclusão escolar; (ii) Visão dos professores em relação à atitude dos pais e encarregados de educação sobre a prática de inclusão; (iii) Papel da escola no processo de consciencialização dos pais e encarregados de educação sobre a prática de inclusão. 3.1.Percepção dos Pais e Encarregados de Educação sobre a prática de inclusão escolar A maioria dos pais e encarregados de educação entrevistados afirmou que todas as crianças, ainda com deficiências têm direito de frequentar a escola, e por essa razão devem ser matriculadas, e ao mesmo tempo, condenam os outros pais que não deixam os seus filhos frequentar a escola por terem deficiências. Tal posição é reconhecida, através das respostas dadas à entrevista dos pais, onde destacaram-se à pergunta n o . 4. EC.1: Todas crianças têm direito de ir a escola mesmo que tenham deficiências. EC 5: A deficiência não significa que a criança não deve estudar. EC.15: Devemos respeitar os direitos da criança. A criança tem direito de estudar, e eu lamento muito porque esses pais estão a comprometer o futuro dessas crianças. Portanto, os pais e encarregados de educação entrevistados,numa ordem numérica de 80%, nos deram a explicação de que todas as crianças mesmo com certas deficiências devem ser matriculadas, pois estudar constitui um dos seus direitos (VIDE O GRÁFICO 1), o que nos remete a uma conclusão de que estes progenitores reconhecem a necessidade de optar pelos serviços de inclusão. 40 Gráfico 1-Percepção dos pais e encarregados de educação sobre a inclusão escolar de crianças com NEE Dadas as atitudes dos pais e encarregados de educação sugerem-nos a compreensão do domínio de noções fundamentais que por parte destes inspiram visões humanísticas acerca de atendimento de sujeitos com deficiências. Os encarregados entrevistados condenam severamente a atitude negativa de certos pais que de alguma forma, retiram a possibilidade de seus filhos frequentarem a escola simplesmente por terem deficiências. Ora vejamos: EC.8: Eu acho errado, o comportamento daquele pai que diz que o seu filho não pode ir a escola porque é deficiente, assim está a violar os direitos da criança. Avançando com a percepção dos nossos entrevistados face ao processo de inclusão, notamos porém, que há uma necessidade de se desenvolver um árduo trabalho em relação à consciencialização dos pais/ encarregados de educação que prevalecem com a prática negativa de exclusão escolar dos seus educandos pelo facto de terem deficiências, tais atitudes avançadas na ordem de 20%, conforme ilustra o GRÁFICO 2. 0% 20% 40% 60% 80% Percebem a prática de inclusão Não percebem a necessidade de optarem pela inclusão Série 1 Série 2 41 Gráfico 2-Necessidade de consciencialização dos pais e encarregados de educação sobre a prática de inclusão Estes cenários são conhecidos, e partem dos encarregados de educação que segundo eles em nenhum momento podem deixar seus filhos irem a escola sob pena de serem discriminados, tal como ilustram as seguintes respostas transcritas em função da pergunta n o .3. EC.25: O que há-de ir fazer na escola, se nem fala? EC.4: Assim que o meu filho é deficiente, como é que pode ir a escola. Nesse âmbito, os pais e encarregados de educação carecem de uma explicação profunda em relação à inclusão escolar de crianças com NEE. Outrossim, os pais precisam de ser esclarecidos que uma deficiência não é motivo para que a criança não seja inscrita e frequentar uma escola pois existem serviços de inclusão. Nestes termos a escola deve criar condições para um ambiente de boa consciência aos pais sobre a prática de inclusão. Segundo Fonseca (2002, p.26), “ser deficiente ou diferente, não é, nem nunca foi sinónimo automático de limitação na adaptação na aprendizagem ou na realização pessoal – social. A deficiência deverá ser pensada como mais uma luta do foro pessoal e emocional, do que um processo de descriminação. Portanto, entende-se que a deficiência, não é nenhum obstáculo para a criança perder o direito de frequentar uma escola, porem é uma necessidade que deve ser olhada com mais rigor e se garantir que a criança mesmo com deficiência, seja matriculada e frequentar a escola. Enquanto certos pais apresentam uma atitude contrária face ao processo de inclusão escolar de crianças com NEE, a direcção da escola explica o seguinte, conforme a transcrição abaixo: 80% 20% Necessidade de consciencialização 42 MDE.1: Geralmente, temos acompanhado certos casos de existência de crianças com NEE nas comunidades, e as vezes passamos por lá para fazer algumas palestras de sensibilização, mas a resposta que alguns têm nos avançado é que não podem deixar seus filhos com deficiências virem a escola pois temem o facto de serem ridicularizados por outras crianças que não tem deficiências. Como verificamos os pronunciamentos do membro de direcção da escola, compreendemos a necessidade de se intensificar cada vez mais o processo de sensibilização dos pais e encarregados de educação e incuti-los a prática dos serviços de inclusão e garantir que as crianças, mesmo com NEE, sejam matriculadas e frequentem junto das outras que não possuem deficiências, pois as mesmas gozam de igualdade de direitos perante a Lei. Segundo emanam as normas nacionais e internacionais vocacionais, particularmente aos Direitos Humanos e das crianças bem como principais tratados e Declarações Universais em volta das matérias sobre educação de crianças com NEE ao exemplo da Declaração de Salamanca na qual: “ Dentro das escolas inclusivas, crianças com Necessidades Educacionais Especiais deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educação efectiva. Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas. O encaminhamento de crianças a escolas especiais ou a classes especiais ou a sessões especiais dentro da escola em caráter permanente deveriam constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles casos infrequentes onde fique claramente demonstrado que a educação na classe regular seja incapaz de atender às necessidades educacionais ou sociais da criança ou quando sejam requisitados em nome do bem- estar da criança ou de outras crianças.” Segundo Vieira (2014),o preconceito e a discriminação que sofrem as crianças com NEE deixam os pais receosos em colocá-los na escola e deixá-los em convívio social, e em outros casos pais que lutam para que os seus filhos sejam aceites dignamente em algumas escolas. Estas situações ocorrem porque muitas famílias atribuem uma conotação negativa à inclusão escolar e não aceitam que os seus filhos sem necessidades estudem com uma criança com NEE. Tendo em conta que as escolas moçambicanas são doptadas de uma educação inclusiva, nasce por meio dos nossos entrevistados, a necessidade de se criar formas de encorajamento daqueles que se 43 distanciam da prática de inclusão, com vista a levar os seus filhos para a escola como forma de responder uma parte dos seus direitos. A maior parte dos entrevistados, avança medidas a tomar face ao encorajamento daqueles que não optam pela prática de inclusão, simplesmente porque os seus filhos têm deficiências, como é o caso de monitorar palestras nos bairros, fazer o levantamento de crianças com NEE nas casas e apoiar os pais salvaguardando o direito da criança em frequentar a escola, conforme ilustram as respostas transcritas relativamente à questão 3a) da entrevista dirigida aos pais e encarregados de educação, com base nos depoimentos prestados: EC.2: Devemos falar com eles para fazer entender que mesmo com deficiência a criança tem direito de estudar. EC.10: Para mim, devia-se andar de casa em casa e fazer levantamento dessas crianças e sensibilizar os pais a deixa-las irem a escola. EC.27: Tem que se fazer reuniões nos bairros para explicar as comunidades sobre a importância da escola e a igualdade de direitos. Em termos numéricos, os pais abordados em matérias sobre mecanismos de sua estimulação para a adesão aos serviços de inclusão das crianças com deficiências, constata-se que 73% dos abordados, uma maioria relativa (VIDE O GRÁFICO 3), aponta na necessidade da priorização dos anseios de cada pai no que concerne ao modelo educativo que dado aluno deve seguir. Ou seja, faz-se necessário que se tome em relevo o projecto familiar para a propria criança, salvaguardando nisso, os direitos desta enquanto membro pleno de uma sociedade dinâmica. Gráfico 3-Necessidade de priorização dos anseios de cada pai face ao modelo educativo 73% 27% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Pais/Enc. Educação Não priorizam anseios de cada pai Priorizam anseios de cada pai 44 Esta ligeira maioria, é confrontada por um outro número significativamente notável de professores (VIDE O GRÁFICO 4) que assumem que na estimulação destes é preciso considerar aspectos específicos da natureza de cada criança confrontando-os
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