Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Daleontoloqia22 .ê 1) a oompletude; ?) a mÍstura temporal; 3) a mistura espacial. Tàis parâmetros expressam a chamada qualida- de do reg is t ro fóss i l (K idwe l l & F lessa, 1996; Kowalewski, 1997; Kidwell & Holland. 2002). Antes. porém, é conveniente tecer breves comentários sobre a completude do registro biológico. Estimativas recentes sobre a biodiversidade dão conta que apenas 107o das espécies existentes (vìventes) já foram descritas (Sepkoski, 1981; Paul, 1985, 1998; Foote ,2001) . Notave lmente , mesmo que todas as espécies existentes no mundo fossem descritas, essas representariam cercade3-5% de todas as espécies que v iveram ao longo do Fanerozo ico . Quando são considerados os ambientes sedimentares do Recente, sabe-se que tanto esses, como os hábitos de vida dos organismos afetam a probabil idade de esses serem encontrados e estudados. É só pensar na facilidade de acesso à coleta de dados e material biológico no ambiente praial, em comparação ao ambiente marinho abissal. Portanto, o registro de espécies viventes é igualmente incompleto, tendencioso e ainda pouco conhec ido . A lém Cisso , nenhuma c iênc ia es tá fundamentada em um con jun to comple to de informações. Os dados advìndos do registro fóssiì são, portanto, comparáveis ao conjunto de dados disponíveis para qualquer outra ciência (C.R.C., Paul, Nature D ebates o n - Ii n e, http://$'ww.natuÍe.com/naru re/debates/ fossil/fossil_9.html#4, julho de 2008). Completude refere-se à representatividade de um táxon ou grupo taxonômico no registro sedimentar. Já foi dito que táxons diferentes possuem distintas pro- babilidades de preservação. Como resultado, o registro paleontológico não é complero, com determinados gru- pos taxonômicos (e. g. moluscos) possuindo melhor representa t iv idade do que ou t ros (e , g . cn idár ios medusoides). Esse fatoé claramenre demonsrradopelo escasso registro fóssil de organismos desprovidos de paÍtes duras mineralizadas. A preservação de organis- mos de corpo mole (e. g. fauna de Ediacara, Austrália) requer condições deposicionais parÌiculares, as quais são geologicamente raras, ocorrendo em intervalos de tempo muito distintos e sob condições ambientais mui- to específicas (vide o item Preservação Excepcional). Conrariamente, os táxons com paÍtes biomineralizadas estão melhor representâdos no registro fóssil. Estimativas recentes (Kidwell & Holl and. Z00Z\ mostÍâm que cerca d,e 50Va das espécies de corais cscleractíneos, 75% tle cquintridcr c ()0% clc rnoluscos encontrados vivos possuenì Ícprescntilntes rÌìortos naÌs tanatocenoses locais (ta[ìatocenose = assembleia de mortos, vide figuras.l.Z e.i.. l) (Kidrve l l& Flessa 199(r). Obr.iamente, porén, os processos opt:Íantes nos ambi- entes seclimentares diminuen ou reduzem a probrrbil i- dade de preservação de deternrinados ráxons, conìo in- d icado por Valentine ( 1989). Esse autor demonstrou que 8070 ( lâs espëc ies r i renres de rncr l r rscos conrh í fe ros , atualmente encontradas na província da Califórnia es- tão preseÍvadas nas rochas locais do pleistocênico. Em outras palavras, do Pleistoceno para o Holoceno houve uma perda de aprox imadamcnÍe zOVa nà representatividade de elementos desse grupo. É importante observar ainda que, em gerar, para os g Íupos taxonômicos prov idos de par tes biomineralizadas, as perdas duranrc o processo de fossil ização são relarivamenrq previsíveis (Kidrvell & Holland,2002) e, atualmente. bem conhecidas. Dados muito recentes, disponíveis para os moluscos bival,r,es (Yalentine et alii,2006) mostram, por exemplo, que os ráxons faltanres no reqisrro fóssil. não represenlam uma amostra aleatória dentro desse grupo. Por exemplo, dos 1.292 :axa (gênetos t; subgêneros) de moluscos viven- tes,308 não têm representanres no registro fóssil. Esses taxa faltantes aptesentam, pelo menos, duas das condi- ções a seguir; possuem conchas muito pequenas (em torno de 1 cm) e de fáciÌ dissolução (aragoníticas), sã<r parasitas ou comensais, ou vivem em árças marinhas prolïndas (abaixo dos 200 metros), tendo distribuição geográfica restrita (\hlentine at a/iì,2006). De fato, comumenre. os oÍgan ismos cr_rm prrtes duras de peque- nas dimensões €srão mais susceptíveis à destruição (Íï- sica, química e/ou biológica) (Cooper er alii,2006). Da mesma forma, esqueletos compostos por aragonita são preferencialmenre destruídos por dissolução, se com- parados aos de calcita. O ramanho das populações tam- bém exerce in{luência. esrando os táxons com popula- ções grandes melhor repÍesenrados no registro (Kidwell & Flessa. 199ó). Mistura temporal (= tine-aoeragìng ou tenÍ)oral mìxing) refere-se à mistura de partículas bioclásticas (restos esquelerais) de diferences idades (horas a milhões de anos) em uma única acunrulação. Tiata-se de um fenômeno comum e inerente ao registro sedimentar e que não pode ser remov ido ou e ì im inado pe las es t râ tég iâs de co le ra e aná l i se dos dados paleontológicos (Kowalewski et alìi,1998). O fenômeno resulta da bioturbação dos sedimentos, da compactação, Rodrigo M L dos Santos E CaPÍtul28 PaleonÌologra posição dos tecidos, as enzimas digestivas presentes no intestino alcançam outras cavidades do corpo, contri- buincio para sua decomposição. No intervalo de 4 a 10 dias após a nìoÍte, tem início a produção de gases intes- tinais (merano, gás sulfídrico) por bactérias anaeróbias (fìgura.3.7). Esse fato é extremamente importante dcr ponto de vista tafonômico, porque no caso de vertebra- dos aquáticos ou que após a morae são trlnsportados para os ambientes aquosos, a produção de gases intesti- nais contribui para a flutuação e transporte. Esse assun- to será retomado mais adiante. Prosseguindo, a produ- ção de gases cria pressão interna, forçando os fluidos para fora das células e vasos sanguíneos e outras cavida- des do corpo. O cheiro produzido pelos gases atrai inse- ros . Já en t re l0 e 20 d ias . há o consumo e o rompimento dos recidos e escape dos gases. Concomitanre me nte . há perda de grandes volumes de fluidos corpóreos, os quais são absorvidos pelo solo ao redor. Alguns insetos se alimentam desse material ou dos tecidos. Nessa fase, a carcaça perde volume, colapsa e torna-se achatada. A atividade bacteriana segue, juntamente com a ação dos insetos, No período de 20 a 50 dias após a morte, todos os tec idos moles serão remov idos , havendo ressecamento da caÍcaça e, a partir daí, até 3ó0 dias após a morte, a decomposição irá se processar de maneira muito lenta. Se presentes, alguns elementos tais como pelos e cabelos irão desaparecer, restando apenas os ossos. Esse processo de remoção dos tecidos moles é denominado de esqueletonização. Em razão da rápida decomposição, somente em casos excepcionais os tecidos moles ficarão prescÍva- dos (vide preservação excepcional: /ossl- lagerstìitre , mais adiante). Assim, em geral, somente as partes duras dos organismos são aquelas que têm maiores chânces de preservação, pois em sua composição química exis- tem grandes quantidades de elementos inorgânicos. As partes duras formam, normalmente, os esqueletos dos organismos, podendo ser interno ou endoesqueleto e externo ou exoesqueleto. Os principais componentes orgânicos presentes nas partes duras são as Proteínas (Co lágeno, Quera t ina , Espong ina , Conqu io l i na , Mucinas, Condrina), Lipídios (ou biomoléculas insolú- veis, Cutina, Ceras) e Glicídios (ou carboidratos, Quitina, Tectina, Celulose, Lignina). B. Processos Bioestratinômicos Após a necrólise ou concomirantemente a essa. seguem-se os processos bioestratinômicos. Comumente, a modificação pós-mone dos restos esqueletais é função de sua sLrsccptibil idadc ì açÍo desses processos e do rcnrlxr de exposição a estes. Os çrrocessos bioestratinônticos atttrlt't'l principalmente sobre as partes durirs dos organisnros O trzÌnsporte e a reorientâção, a desarticulação (sep:rrlção dos restos esqueletais. após a necrólise),'.r fragment'Àção (quebra dos e lementos esquele ta is ) . i Ì cor rosão (combinação de abrasão necân ica r : co Í Íos Io b iogeoquímica das par tes b iominera l i zac las) e o intemperismo (no caso de ossos expostos na superfície do solo) compõem o principal conjunto cle processos bioestratinômicos que agem sobre os restos esquelerais. Normalmente, esses processos ocoÍÍem em sequência, com a reor ien tação e a desar t i cu lação ocor rendo rapidamente após a morte do organismo, seguindo a fragmentação e a corrosão, isso se os restos esqueletaìs sofrerem prolongada exposição na interface águal sedimento ou na superÍïcie do solo (Brett & Baird, 1986; I lanin. lq99; Holz & Simòes, 2002). Desarticulação, transporte e soterramento em invertebrados A tabela 3.1 sintetiza algumas das principais feições bioestratinômicas observadas nas assembleias de invenebrados marinhos e seu possível significado tafonômico e paleoambiental. Desarticulação dos elementos esqueletais em invertebrados depende, em grande parte, do tipo de esqueleto apresentado (e. g. unir'álvio, biválvio, multìelemento, tabela 3.2), da energia do meio e das raxas de sedimentação. Embora agentes biológicos possam causar desarticulação dos restos esqueletais, esta feição resulta, normalmente, de processos físicos, especialmente o tÍansporte e o re t raba lhamento . No ambien tç mar inho, a desarticulação diminui com o decréscimo da energia do meio, tanto que, nos ambientes de plataforma aberta, a proporção de vaÌvas articuladas de nloltrscos bivaÌr'es é maior do que nos hábitats de águas rasas (Henderson & Frer', 1986). Já o soterramento rápido, as condições de anox ia e a ba ixa energ ia do meio . pareeem rer os responsáveis pela ocorrência de restos esqueletais articuÌados. Speyer & Brett (198ó) e Brett & Seilacher (1991) destacam que espécimes articulados parecem ocor rer p re fe renc ia lmente nos amb ie n tes caracterizados, frequentemente, por soterÍamento catastrófico ou por baixas rcmperaturas e anoxia. Tàis condições inibem ou diminuem a ação de organismos necrófagos da infauna ou epìfauna e o curto período de te mpo entre a moÍte e o sote rtame nto impede que as carapaças dos invertebrados se desarticulem. --v B 38 Paleonlologia da der dor ou je i t (b i do fen prc At Da in t âve H f{ ffi taÍl aut a ( ágr "se Tabela 3.3 lmplicações taÍonômicas dos processos Íísicos, quimicos e biológicos de destÍuição dos restos esqueletais Tabela 3.4 Resumo das principais caÍacterísticas taÍonômicas nos diferentes ambientes Íluviais (modiÍicado de Holz & Simóes, 2005) oUTRAS FErÇÓES BIOESTR{IINÔM ICAS I I \4PLICAÇÒES PALEO, \MBI ENTA IS ABRASÃO Importante indicador de cnergia do ambicntc. Abrãsão intensa é mais fÍequentemente veri f icada nos anbientes praiais ou nos âmbientes âfctados por fortes ondas ou corentcs. BÌOEROSÃO A brange muitos proccssos corrosivos difercntes produzidos por organismos. Os organismos perfuradores são os principais agentes de bioerosão, que diminui o potencial de prescrvação dos esqueletos. Intensa bioerosão pode decorrer de prolongada exposição na interface água/sedimento. DISSOLUÇÃO Mudanças químicas nas águas podem causar dissolução dos restos esqueletais. Dissolução reprcsenta flutuação na temperatura, pH ou pCOz nos csqueletos de carbonato de cálcio. A sílica é solúvel sob condições de alcalinidade (pH>7), já o carbonaco de cálcio se dissolvo sob condições dc acidez (pH<7). ARREDONDAMENTO Fraturas nos esquelctos tornam-se arredondacias devido aos processos de dissoluSo, abrasão ou bioerosão. Arrcdondamento foÍnecc uma estimativa do tempo decoÍrido a oaÍriÍ da fíâtura. INCRUSTAÇÃO O crescimento de organismos sobre substratos duÍos, fcÍmados por íestos esqueleais, é comumcnte otrservado no registro geológico, sendo um bom indicador dc exposição do esqucleto na interface água/sedimento. ÁMBIENTE FLUVIAL ÀBUNDÃNcIA FóssIL TIPO DE ACÚMULO DE OSSOS TAXA DE SEDIMENTAçÃO DESARTICULÂÇÌ\O ÊSTÁCIO DE INTEMPERISMO (BEHRENSMEYER,1978) PLANTAS E ICNOFÓSSEIS C.nâl Baixá FIidráuìica l a 3 PlanÍcic Dsral 42 Paleontologla 199.1: Simões et ali i , lc)96ì. A principal dife- Íençc entre tais concantrações e as geradas por ondas tJe rempestade diz respeito à natu- rezrr t la matriz que, no caso das concentrações f o r m a d a s p o r f l u x o s d e t e m p e s t a d e , é indicativa de transporte; d) resíduos (Lags) transgressivos: concentra- ções contendo bioclastos fragmentados ou n ã o , d e s a r t i c u l a d o s , e x i b i n d o i n t e n s r b ioerosão e çncrus tação. Em p lan ta , os bic.rclastos estão caoticamente distribuídos, cmbora, em seção, estes possam estar horl- zontalmente arranjados, de acotdo corn o p lano de acamamento . O a l to g rau de retrabalhamento e a intensa ocorrência de bioerosão e oncrustação indicam que os ele- mentos esqueletais sofreram prolongada exposição e transporte na interface água/ sed imento . duran te per íodos de omissão ou erosão do fundo. Tais concentrações regis- trariam longos períodos de temPos; e) concentrâções condensadas: concentÍações contendo bioclastos bem presewados em asso- ciação corn outros exibindo intensa fragmenta- ção, bioerosão e sncÍustação. Cimentação diagenética precoce (e- g. iardgnuxày é comum. Associadamente podem ocorrer também concreções retrabalhadas. Elementos esqueletais exibindo histórias tafonômicas dis- tinÌas (á. g. mistuÍa de bioclastos bem preserva- dos e bioclastos incrustados, fÍagmentados' vide Simões & Kowalewski, 1998) indicam a com- plexidade destas concentrações, sendo que o longo intewalo de tempo decorido na sua gê- nese é evidenciado não apenas pela presença das concreções retrabalhadas como pela ocor- rëncia de hardgmunds; fl concentrações "primariamente" bio$ênicas: concentrações suportadas por bioclastos ou não, contendo alta porcentagem de fósseis preser- vados em posição de vida, normalmente, in- cluindo invertebrados da epifauna' tais como: biválvios gregários, braquiópodes e corais. A presença de conchas fragmenadas é reduzi- da, embora conchas encrustadas sejam co- muns. A presença de fósseis da cpifauna pre- serr,atlos em Posição dc r icla indicrl |ottctt tttt nenhum distúrbio de fundo, durante a gêncse cìestas concentíações. A f igura 3 .10 fo rnece uma ide ia da d is t r ibu i - ção ba t imét r i ca e ambien ia l das concent reçr - i cs des cr i tas ac ima. B. Concentrações Fossilíferas em Sistemas Continentais A preservação de restos orgânicos pode ocorrer no meic-r subaéreo e subaquoso, embora o últ imo seja muito mais efetivo neste sentido. Fósseis já foram re- portados em sedimentos eólicos e tufos subaéreos, além de ocorrências em fendas cársticas (Schõnfeld, 19ll; Walker, 1973; Boy.1977; Graham, 1981) As principais ocorrências de invertebrados e vertebrados, nos siste- mas continentais, porétn, estão associadas aos ambien- tes de origem fluvial (vide Bertoni-Machado, 2008), lacus t r ina ou de ambien te cos te i ro Restos de macrofósseis vegetais são comumente encontrados no ambiente fluvial, deltaico e lacustrino (Greenwood, 1991) . Ocorrências em sistema fluüal Os depósitos aluviais são basmnte representatl- vos no registro estratigráfico 9, embota os rios há muito tempo sejam reconhecidos como agentes etoslços e transportadores de sedimentos, sua função como sítio de preservação e acumulação de restos orgânicos foi bastante negligenciada (Bertoni-Ì!Íachado, 2008)' Rios ocorrem sobre amplas áreas continentais e em qualquer contexto climático e os distintos tipos de sisremas fluviais (reto, entrelaçado, anastomosaclo e meandrante) variam significativamente as suas caracte- rísticas, sendo fatores como o relevo e a descarga agen- tes controladores da capacidade e competência do sis- tema fluvial, refleddos, principalmente, no tipo de se- d imento t ranspor tado e na mor fo log ia do cana l ' Tètrápodes t€rr€stres dependem de água para viver, ponanto é natural enconrá-los próximo acorpos d'água, sejam esses grandes rios ou lagos de planície de inun- dação; portanto, espera-se que sejam encontrados res- tos fósseis de organismos pretéritos em sedimentos aluviais. ser ln lhar n tos bi le rec bradc rc lnt daçãr de cl inum ca d( pree) fossil 44 Paleontologra CaPítul( Ooorrê t deltas e grau, pe Íés, coÍl ÍetÍaDal oÍganls t i cu la r r c i a lme l Í luviais das não ma cle amPÌo l tintas (r lagst tém, c tncom et olìi flissil-' a) oco b) oc< tuta I repÍe srção as or[ tos c( sua d ratura ment primr traçõ( Íadar Já os vegetais, em geral, são raros em depósi- tos residuais de canal, de rios meandrantes, embora, órgãos vegetais de grande porte, como troncos, Pos- sam acumular nesses depósitos (Greenwood, 1991). Restos vegetais são preservados também nos sedi- mentos das barras em pontal, incluindo folhas, f lores ç tÍoncos. Depósitos de rompimento de diques mar- ginais podem recobrir os solos das planícies de inun- dação, preservando, assim, paleossolos contendo es- truturas radiculares, As planícies de inundação e am- bientes correlatos (meandros abandonados) são sazo- nalmente inundadas, recebendo o aporte de clásticos Íìnos. Onde a planície permanece alagada a maior parte do ano, restos vegetais podem ser soterrados e podem apresentar excelente preservação (Spicier, 1989). Se houver desenvolvimento luxuriante da vegetação, então, nesses ambientes haverá condições para formação de turfeiras. Ocorrências em sistema lacustre Existem vários tipos de lagos (lagos pantanosos, lagos temporários). mas os mais efetivos para preseÍvação dos restos esqueletais, são os lagos eutÍóficos (= ricos em nutrientes), já que o acúmulo de sedimenro sapropélico favorece a conservação. As sucessões sedimentares gera- das em ambiente lacustre sãq em geral, mais uniformes na espessura e continuidade lateral das camadas. Em ou- tras palavras, os depósitos lacustres são tabulares, em se- ção, e finamente laminados. Soterramento na planície de inundação . 'Á , Restos vegetais representados por troncos, fo- lhas, sementes, frutos e, mais raramente, por flores, além de conchas de b ivá lv ios e ou t ros moluscos (e . g . gastrópodes dulcícolas ou terrestre), bem como de crus- táceos, são comuns nos sedimentos lacustres. Tioncos e vertebrados podem ser transportados para dentro do sis- tema lacustre pelas correntes dos rios e constituírem registros alóctones. Existe consenso de que, no caso das p lan tas vascu la res , o Íeg is t Ío nos sedtmentos lacustres laminados, o qual é representado principal- mente por folhas, é dominado por indivíduos da flora local (Greenwood, l99l). A questão do tempo envolvido na formação des- tas concentrações fossilíferas lacustres pode, em alguns casos, ser resolvido com bastante acuracidade. Depósi- tos várvicos permitem determinar, em casos extremos! até o ano da morte de de terminado organismo (Wilson, 1987). Outra maneira de resolver a representatividade temporal média destas ocorrências é uti l izar-se de ta- x a s d e s e d i m e n t a ç ã o d e l a g o s h o l o c ê n i c o s , extrapolando os dados, posteriormente. Empregando esse procedimento, a maioria das ocorrências fossilíferas, em leitos com centímettos a decímetros de espessura, aponta um período de tempo médio de deposição, da ordem de 103 anos (Webb & Webb, 1988), a despeito do problema da ocorrência de eventos esporádicos (te m- pestades, correntes de turbidez). Esses eventos mobili- zam, em muito pouco tempo, grande quantidade de sedimento, impedindo o amplo emprego do cálculo de taxas médias de sedimentação. Carcaças originalmente no canalo I I Figura 3.í1 Seçáo mostrando os diÍerentes depósìtos Íluviais, em sistema de canal meandrante e a trajetóÍia tafonômica dos restos de vertebrados, modificado de Behrensmeyer (1982).
Compartilhar