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D Internacional - ATV 02

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Unidade de Aprendizagem: 02 
 
Disciplina: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO 
Período: 8º 
Docente: CRISTIANE DAIA RIZZO 
Turma: A/B Semestre: 2020/2 
 
ATIVIDADE 02 
 
QUESTÃO 01: 
 
Toda sentença estrangeira obrigatoriamente deve ser homologada nos termos do art. 105, I, i da 
CF/88? Explique fundamentando sua resposta. 
 
Homologação de sentença estrangeira: A Constituição Federal estabelece em seu artigo 
105, I, “i”, que a homologação de sentenças estrangeiras é competência do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ). A homologação é um processo necessário para que a sentença proferida no exterior – 
ou qualquer ato não judicial que, pela lei brasileira, tenha natureza de sentença – possa produzir 
efeitos no Brasil. 
De acordo com o artigo 961 do novo Código de Processo Civil (CPC), a decisão estrangeira 
somente terá eficácia no Brasil após a homologação. 
No entanto, com o novo CPC, foi eliminada a exigência de homologação para a sentença 
estrangeira de divórcio consensual simples ou puro, quando a decisão cuida apenas da dissolução do 
casamento. Havendo envolvimento de guarda de filhos, alimentos ou partilha de bens, a homologação 
do divórcio consensual continua necessária. 
 
Como requerer: O procedimento de homologação está disciplinado nos artigos 216-A a 
216-X do Regimento Interno do STJ (RISTJ), introduzidos pela Emenda Regimental 18. 
A ação de homologação, que requer pagamento de custas, é ajuizada mediante petição 
eletrônica assinada por advogado e endereçada ao presidente do STJ. Veja mais em Processo E
letrônico e Despesas Processuais. 
 
Os requisitos para a homologação de sentença estrangeira estão previstos no art. 963 do CPC 
e nos arts.216-C e 216-D do Regimento Interno do STJ. 
É facultado ao autor do pedido apresentar a anuência da outra parte, o que acelera o 
andamento do processo, uma vez que pode dispensar a citação do requerido. Se não for apresentada, 
o presidente do STJ mandará citar a parte contrária por carta rogatória (se a parte a ser citada reside 
no exterior) ou por carta de ordem (se reside no Brasil) para que responda à ação. 
 
Citação por carta rogatória: Nessa hipótese, o autor será intimado para traduzir a carta 
rogatória (que é confeccionada pela Coordenadoria da Corte Especial do STJ) e juntar os documentos 
que devem instruí-la, também traduzidos. 
A carta rogatória pode ser acessada nos autos eletrônicos, por meio do sistema de 
visualização de processos do site do STJ, e também fica disponível para as partes, fisicamente, na 
Coordenadoria da Corte Especial. 
A tradução deve ser feita por tradutor juramentado por uma junta comercial. Caso o 
interessado não encontre um profissional para a língua desejada, poderá solicitar à junta a nomeação 
de um tradutor “ad hoc”, ou seja, exclusivamente para aquele ato. Os documentos necessários à 
instrução da carta rogatória estão listados no artigo 260 do CPC e, conforme o país, em acordos 
internacionais. As regras gerais sobre transmissão de cartas rogatórias constam da Portaria 
Interministerial 501/2012. 
Não há custas no Brasil para a expedição da carta rogatória, mas a citação poderá gerar 
alguma cobrança de taxa no país estrangeiro, caso em que o autor deverá indicar um morador local 
que se responsabilize pelo pagamento. 
Se o autor for beneficiário da justiça gratuita, a tradução poderá ser providenciada pela 
Coordenadoria da Corte Especial. Ainda assim, é facultado ao autor arcar com a tradução, caso não 
queira esperar pelos procedimentos administrativos necessários à contratação de tradutor. 
Toda a documentação traduzida deve ser entregue em papel na Coordenadoria da Corte 
Especial, pessoalmente ou pelos correios, em duas vias (três, se for para os Estados Unidos). 
Recebidas as traduções, a carta rogatória é encaminhada ao Ministério da Justiça para envio 
ao país rogado. Após o cumprimento da carta rogatória no exterior, ela é devolvida ao STJ por 
intermédio do MJ. Recebido o ofício, a parte será intimada, após despacho do ministro presidente, 
para providenciar a tradução das informações do país rogado sobre o cumprimento ou não da carta. 
 
 
Execução da sentença homologada: Conforme o artigo 965 do CPC, a execução da 
sentença homologada pelo STJ ocorre perante a Justiça Federal de primeiro grau. 
No caso do divórcio consensual simples ou puro, que não exige homologação pelo STJ, a 
sentença estrangeira deverá ser levada diretamente ao cartório de registro civil, pelo próprio 
interessado, para averbação. O procedimento foi regulamentado pelo Provimento 53 da Corregedoria 
Nacional de Justiça. 
 
QUESTÃO 02: 
 
Estabeleça a finalidade da homologação de sentença estrangeira, da carta rogatória e da carta 
precatória. 
 
Homologação de sentença estrangeira: É um processo que visa a conferir eficácia a um 
ato judicial estrangeiro. Qualquer provimento, inclusive não judicial, proveniente de uma autoridade 
estrangeira, só terá eficácia no Brasil após sua homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 
216-B do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça). 
“Nenhum Estado pode pretender que os julgados de seus tribunais tenham força executória, 
ou valor jurisdicional em jurisdição estranha”. 
 
CASTRO, Amílcar de, Direito Internacional Privado, 5ª edição, Ed. Forense, 1996, p. 267. 
 
Carta rogatória: É uma forma de comunicação entre o judiciário de países diferentes, com objetivo 
de obter colaboração para prática de atos processuais. 
Trata-se de um instrumento jurídico de cooperação processual entre países. Muito parecido com a 
carta precatória, a principal diferença é que, no caso da rogatória, o processo está tramitando em um país e o 
ato processual tem que ser cumprido em outro. 
A carta rogatória tem por objetivo a realização de atos e diligências processuais no exterior, como, 
por exemplo, audição de testemunhas. 
O cumprimento dessas cartas deve obedecer às regras estabelecidas nas Convenções Internacionais. 
 
 
Carta precatória: É uma forma de comunicação entre juízos, que estão em estados diferentes, com 
objetivo de cumprir algum ato processual. 
Por meio da carta precatória, o juiz competente para atuar em um processo requisita ao juiz de outro 
Estado ou comarca o cumprimento de algum ato necessário ao andamento do processo. É por meio da Carta 
Precatória que são solicitadas a citação, a penhora, a apreensão ou qualquer outra medida processual, que não 
poderia ser executada no juízo em que o processo se encontra, devido à incompetência territorial, ou seja, a 
designação do ato está subordinada ao juízo de outra localidade. 
Para que a carta precatória seja válida, ela precisa cumprir alguns requisitos; deve conter o nome do 
juiz deprecante, nome do juiz deprecado, as sedes dos juízos de cada um, a individuação e endereço do 
intimado, a finalidade da diligência, o lugar e a ocasião de seu comparecimento, a subscrição do escrivão e a 
assinatura do juiz deprecante.

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