Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO DE FAMÍLIA UNIÃO ESTÁVEL arts. 1.723 a 1.727, CC. Conceito Uma relação afetiva de convivência pública e duradoura entre duas pessoas, do mesmo sexo ou não, com o objetivo imediato de constituição de família. Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre duas pessoas, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Lembrete Casamento e União Estável não são a mesma coisa e não querem ser. Todavia, ambas as entidades familiares dispõem da mesma proteção, eis que a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado, como reza o caput do art. 226 da CF. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Casamento e União Estável distinguem-se na forma de constituição e na prova de sua existência, mas jamais quanto aos efeitos protetivos em relação aos seus companheiros. Histórico - Não existe mais CONCUBINATO PURO/IMPURO. Ou seja, CF/88,§3º,art.226: utilizou a expressão união estável, tendo sido abolida a expressão “concubinato puro”, reconhecendo este estado fático como entidade familiar. Sendo assim, o antigo “concubinato puro” passa a ser a União Estável. Que é uma entidade familiar e não se prova por si só (necessita dos requisitos); - LEI nº 9.278/96: dispensou o prazo mínimo de convivência, elencou os “direitos e deveres iguais dos conviventes”. - CC/2002: dedicou um capítulo exclusivo para este instituto. - “Concubinato impuro” agora é só concubinato, se mantém dentro dos direitos das obrigações. - LBI, art. 6º. Pressupostos para configuração de União Estável ESTABILIDADE - Configura-se pela convivência prolongada no tempo, tendo esta relação afetiva uma feição não acidental, não momentânea (não há prazo mínimo). CONTINUIDADE - Não se fala no sentido de perpetuidade, mas de solidez do vínculo. Está atrelada ao sentido de estabilidade. - A instabilidade que pode dificultar a configuração da relação afetiva como união estável é fruto de rupturas constantes, da quebra da vida em comum, tornando-se regra nesta relação, retirando, assim, a intenção de viver como casados e afetar os interesses de terceiros. - A continuidade que se exige para caracterizar a união estável é subjetiva. PUBLICIDADE - Para que exista união estável é necessário que a relação afetiva seja pública. - Configura-se pelo comportamento notório, apresentando-se aos olhos de todos como se casados fossem (nas reuniões familiares, no meio social etc.). - Os companheiros podem manter uma vida discreta, apesar de sua união estável não ser clandestina. Até porque não estão obrigados a declarar em instrumento, público ou privado, ou mesmo perante terceiros, a sua convivência afetiva. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS (art. 1723,§1º, CC) - Em regra, só pode ser caracterizada como união estável a relação que puder ser convertida em casamento. A exceção está no caso do separado de fato (mitigação da aplicabilidade dos impedimentos) - Uma pessoa casada, porém separada de fato, passa a manter relação afetiva estável, é possível configurar uma nova entidade familiar, fazendo cessar os efeitos da união anterior. - As causas suspensivas não são óbice à caracterização da união estável (art. 1723,§2º,CC). § 1º. A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. § 2º. As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. AFFECTIO MARITALIS - INTUITO FAMILIAR ou ANIMUS FAMILIAE - A união estável a merecer a proteção do Estado é aquela moldada à semelhança do casamento, no qual os conviventes têm a indubitável intenção de constituir família. - Para que um relacionamento amoroso se caracterize como união estável, não basta ser duradouro e público, ainda que o casal venha, circunstancialmente, a habitar a mesma residência; é fundamental, para essa caracterização, que haja A VONTADE ou o COMPROMISSO pessoal e MÚTUO de CONSTITUIR FAMÍLIA (STJ) - Elemento subjetivo; - Requisito principal para caracterização de união estável; - Firme intenção de viver como se casados fossem; - O affectio maritalis é o que distingue a união estável de outras figuras afins, como o namoro, por exemplo. Algumas hipóteses de meio de prova - soma de projetos afetivos, pessoais e patrimoniais, de empreendimentos financeiros como esforço comum; - contas conjuntas bancárias, declarações de dependência em imposto de renda, em planos de saúde e em entidades previdenciárias; - a frequência em eventos sociais e familiares etc. NAMORO x UNIÃO ESTÁVEL Não se enquadra no modelo de entidade familiar a convivência de homem e mulher, mesmo mantendo relacionamento íntimo, mas que coabitam em função de interesses econômicos, dividindo uma residência ou uma república de estudantes, ou partilhem um escritório por objetivos profissionais. DIREITO CIVIL. DEFINIÇÃO DE PROPÓSITO DE CONSTITUIR FAMÍLIA PARA EFEITO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. O fato de namorados projetarem constituir família no futuro não caracteriza união estável, ainda que haja coabitação. Isso porque essas circunstâncias não bastam à verificação da affectio maritalis. O propósito de constituir família, alçado pela lei de regência como requisito essencial à constituição da união estável – a distinguir, inclusive, esta entidade familiar do denominado “namoro qualificado” –, não consubstancia mera proclamação, para o futuro, da intenção de constituir uma família. É mais abrangente. Deve se afigurar presente durante toda a convivência, a partir do efetivo compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio moral e material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de fato, estar constituída. Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável (ainda que possa vir a constituir, no mais das vezes, um relevante indício). A coabitação entre namorados, a propósito, afigura-se absolutamente usual nos tempos atuais, impondo-se ao Direito, longe das críticas e dos estigmas, adequar-se à realidade social. Por oportuno, convém ressaltar que existe precedente do STJ no qual, a despeito da coabitação entre os namorados, por contingências da vida, inclusive com o consequente fortalecimento da relação, reconheceu-se inexistente a união estável, justamente em virtude da não configuração do animus maritalis. (REsp 1.257.819-SP, Terceira Turma, DJe 15/12/2011).REsp 1.454.643-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/3/2015, DJe 10/3/2015.) - Só a existência de um filho comum não significa o reconhecimento automático da vontade de formar uma família, porque a prole pode ter vindo por descuido dos namorados ou ficantes, ou pelo desejo parental de um dos parceiros. - Súm. 382, STF: “a vida em comum sob o mesmo teto, ‘more uxorio’, não é indispensável à caracterização do concubinato. - Mesmo morando em locais diferente, assumiu uma relação afetiva, se o homem e a mulher estão imbuídos no ânimo firme de constituir família, se estão na posse do estado de casados, e se o círculo social daquele par, pelo comportamento e atitudes que os dois adotam, reconhece ali uma situação com aparência de casamento, tem-se de admitir a existência da união estável. Contrato de namoro Trata-se de um negócio celebrado por duas pessoas que mantêm relacionamento amoroso - namoro - e que pretendem, por meio da assinatura de um documento, a ser arquivado em cartório afastar os efeitos da união estável. Conquanto seja absolutamente possível a celebração de um contrato de namoro (porque a lei não exige forma prescrita em lei e porque o objeto não é ilícito), não conseguirão as partes impedir eventual caracterização de uma união estável, cuja configuração decorre de elementos fáticos, não podendo ser bloqueada por um negócio jurídico. Significa dizer: a avença (contrato de namoro) não consegue garantir o escopo almejado, que seria impedir a caracterização da união estável. Enfim, é válido,mas inidôneo, para o fim alvitrado. (FARIAS, 2016, p. 505-506) UNIÃO ESTÁVEL x NOIVADO Sem prejuízo da diferenciação em relação ao namoro, a união estável, por igual fundamento, não se confunde com o noivado. [...] na união estável a família é presente; no noivado a família é futura, havendo planejamento para sua concretização em posterior momento. CONCUBINATO (art. 1.727, CC) Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. Concubinato é a relação não familiar, entre pessoas que não podem casar, em razão de algum impedimento matrimonial. - Ao concubinato não confere efeitos jurídicos familiares, como o direito aos alimentos, à herança, à habitação, dentre outros. - Restrição aos efeitos patrimoniais; - Único efeito a favor da concubina é o direito à partilha do patrimônio adquirido, desde que provado o esforço comum. - As questões se resolvem em sede de direito obrigacional (sociedade de fato). União estável x Concubinato CONCUBINATO PURO: O concubinato puro, é o que hoje denominado união estável, por força do termo utilizado pela Carta Constitucional, trata-se de entidade familiar constituída entre companheiros solteiros, viúvos, divorciados, separados (judicial ou extrajudicialmente, antes da EC/66, 2010), e os separados de fato. CONCUBINATO IMPURO: É a convivência estabelecida entre pessoas que são impedidas de casar (art.1.521, CC), salvo o separado de fato. É como está disposto no art. 1.727 do CC, ao prever que relações não eventuais entre impedidos de casar, constituem concubinato. Não é reconhecido como entidade familiar, mas mera sociedade de fato. A competência para apreciar as questões envolvendo o concubinato (ex: Ação de reconhecimento ou dissolução de sociedade de fato) é da Vara Cível. Aplica-se a Súmula 380 do STF, onde determina que o concubino terá participação nos bens adquiridos por esforço comum. Por óbvio, não tem direito à alimentos, à sucessão, e nem meação. UNIÃO ESTÁVEL CONCUBINATO Constitui uma entidade familiar (Art. 226,§3º da CF); Não constitui entidade familiar, mas uma mera sociedade de fato; Pode ser constituída por pessoas solteiras, viúvas, divorciadas ou separadas de fato, judicialmente ou extrajudicialmente; Será constituída entre pessoas casadas não separadas de fato, ou havendo impedimento matrimonial decorrente de parentesco ou crime; As partes são denominadas companheiros ou conviventes; As partes são chamadas de concubinos; Há direito a meação patrimonial, direito a alimentos e direito sucessórios; Há direito à participação patrimonial em relação aos bens adquiridos pelo esforço comum (súm. 380 STF); Cabe eventual ação de reconhecimento e dissolução da união estável que corre na vara de família. Cabe ação de reconhecimento e dissolução de sociedade de fato, que corre na vara cível. CASAMENTO x UNIÃO ESTÁVEL Os Tribunais Superiores, STJ e STF, já tem se manifestado acerca da concomitância do casamento, com convivência conjugal, e de uma união afetiva, (“estável”??), tem prevalecido o entendimento de não se admitir esta relação concomitante, sendo caracterizada a união livre como concubinato, não sendo estendido à ela, os efeitos da união estável. UNIÕES ESTÁVEIS PLÚRIMAS OU PARALELAS As uniões afetivas plúrimas, múltiplas, simultâneas e paralelas têm ornado o cenário fático dos processos de família, com os mais inusitados arranjos, entre eles, aqueles em que um sujeito direciona seu afeto para um, dois, ou mais outros sujeitos, formando núcleos distintos e concomitantes, muitas vezes colidentes em seus interesses. - Ao analisar as lides que apresentam paralelismo afetivo, deve o juiz, atento às peculiaridades multifacetadas apresentadas em cada caso, decidir com base na dignidade da pessoa humana, na solidariedade, na afetividade, na busca da felicidade, na liberdade, na igualdade, bem assim, com redobrada atenção ao primado da monogamia, com os pés fincados no princípio da eticidade. Emprestar aos novos arranjos familiares, de uma forma linear, os efeitos jurídicos inerentes à união estável, implicaria julgar contra o que dispõe a lei; isso porque o art. 1.727 do CC/02 regulou, em sua esfera de abrangência, as relações afetivas não eventuais em que se fazem presentes impedimentos para casar, de forma que só podem constituir concubinato os relacionamentos paralelos a casamento ou união estável pré e coexistente. A fidelidade é parte do dever de respeito e lealdade entre os companheiros, ainda que não seja requisito expresso na legislação para configuração da união estável. O requisito da exclusividade de relacionamento sólido é condição de existência jurídica da união estável nos termos da parte final do § 1o do art. 1.723 do mesmo código. Consignou que o maior óbice ao reconhecimento desse instituto não é a existência de matrimônio, mas a concomitância de outra relação afetiva fática duradoura (convivência de fato) – até porque, havendo separação de fato, nem mesmo o casamento constituiria impedimento à caracterização da união estável –, daí a inviabilidade de declarar o referido paralelismo. REsp 789.293-RJ, DJ 20/3/2006, e REsp 1.157.273-RN, DJe 7/6/2010. REsp 912.926-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/2/2011. UNIÃO POLIAFETIVA (ou POLIAMORISMO) É o termo que advém de uma teoria psicológica que admite a possibilidade de coexistirem duas ou mais relações afetivas paralelas, em que os partícipes se conhecem e se aceitam uma aos outros, é uma relação múltipla e aberta. EFEITOS PESSOAIS E PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL - art. 1.724, CC: Deveres dos companheiros (ou conviventes) Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. Não existe a obrigação de conviverem sob o mesmo teto, esta é dispensável, sendo aplicada a súmula 382, do STF. - art. 1.595, CC: Gera o parentesco por afinidade Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1º. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2º. Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. - art. 1.725, CC: Direito patrimoniais Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. CONTRATO DE CONVIVÊNCIA O denominado contrato de convivência traduz verdadeiro pacto firmado entre os companheiros, por meio do qual são disciplinados os efeitos patrimoniais da união, a exemplo da adoção de regime de bens diverso daquele estabelecido por lei. O contrato de convivência não tem força para criar a união estável, e, assim, tem a sua eficácia condicionada à caracterização, pelas circunstâncias fáticas, da entidade familiar em razão do comportamento das partes. Quem vive em união estável precisa, ou não, de consentimento do companheiro para a prática daqueles atos previstos em lei (CC, art. 1.647)? 1- bem particular: A norma do art. 1.647, é restritiva de direitos, portanto só é aplicável ao casamento. 2 – bem comum: Por força do art. 1.725, do CC, o bem adquirido a título oneroso por um dos companheiros, na constância da união estável, trata-se de bem comum, portanto a alienação ou hipoteca deste dependerá da vontade de ambos, sob pena de invalidade do ato. O negócio realizado sem autorização do companheiro será válido se o terceiro estiver de boa-fé (não tinha conhecimento da união estável), neste caso o companheiro preterido poderá reclamar a sua meação, do seu comunheiro/alienante (em ação própria, ou no momento da dissolução). Ficando, assim, assegurado ao companheiro prejudicado o direito de regresso contra o outro que dilapidou o patrimônio comum. A imposição do art.1.641, do CC, ao casamento também é estendida à união estável? Na União Estável não incide o regime de separação obrigatória de bens, pois não incidem as causassuspensivas na relação convivencial (art.1.523, CC) Porém, o STJ, vem firmando entendimento de que é aplicável o regime da separação obrigatória em caso de idade, assim como ocorre no casamento, estendendo às uniões estáveis, as mesmas restrições impostas ao casamento, por força do art. 1.641, do CC. CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. §3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil Objetivo: simplificar a celebração de casamento das pessoas que já vivem em união estável. - Procedimento: Pedido judicial (a procedência dependerá da comprovação de inexistência de impedimentos matrimoniais) formulado por ambos os companheiros, o juiz dispensará a cerimônia de celebração; - Efeitos pessoais: retrooperantes, devendo ser considerado casamento desde o início da convivência; - Efeitos patrimoniais: ex nunc, mantendo-se os efeitos patrimoniais da união estável até a data da celebração do casamento; DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL A união estável pode ser dissolvida por acordo entre as partes; por decisão judicial, dispondo a respeito da partilha dos bens comuns, dos alimentos, da guarda dos filhos, ou, ainda, pela morte de um dos companheiros. - A dissolução (em vida) da união estável pode ser: a) amigável, pode ser escrita, ou não (a união estável se concretiza e se desfaz no plano dos fatos); b) litigiosa: necessariamente requer ação ordinária para declarar o término da união estável, caso em que o juiz decidirá sobre a guarda dos filhos, o valor da pensão alimentícia, e a divisão dos bens comuns, tendo em vista as normas legais do regime da comunhão parcial ou do pacto avençado entre as partes. - A lavratura de escritura de dissolução de união estável exige a presença de advogado, segundo o novo cpc, o tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por advogado ou por defensor público.
Compartilhar