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CURSO DE DIREITO – Campus RECREIO DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Prof. Isabel Cristina Ribeiro Rio de Janeiro, 14 de AGOSTO de 2020. Profª Isabel Cristina Ribeiro icrr.adv@gmail.com Whatsapp 96438-6191 @direitocomaprofessoraisabel Referências Bibliográficas: Elpídio Donizetti; Humberto Theodoro Junior; Pedro Lenza; Alexandre Câmara; Rodrigo Kroonemberg Hartmann; Freddie Didier. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I CONCEITO: É a demarcação dos limites em que cada juiz pode atuar. É a medida da jurisdição. NATUREZA JURÍDICA: • As regras de competência são PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE VALIDADE, cuja inobservância é causa de nulidade. Para Ada Pellegrinni, seguida de alguns julgados no STF, quando a regra de competência estiver fixada na Constituição da República, em razão da ligação com o Princípio do Juiz Natural, ela passa a ter natureza de pressuposto processual DE EXISTÊNCIA. LIVRO II – DA FUNÇÃO JURISDICIONAL Art. 16. “A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste código”. JURISDIÇÃO INTERNACIONAL: (Dos Limites da Jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional) RIOS GONÇALVES, Marcus Vinicius: “Não tem o juiz brasileiro jurisdição em outros territórios, porque, sendo ela uma manifestação do poder estatal, deve respeitar a soberania dos outros países”. (Novo Curso de Direito Processual Civil, pág. 77) JURISDIÇÃO INTERNACIONAL: DINAMARCO, Cândido Rangel: a) A impossibilidade ou grande dificuldade para cumprir em território estrangeiro certas decisões dos juízes nacionais; b) A irrelevância de muitos conflitos em face dos interesses que ao Estado compete preservar; c) A conveniência política de manter certos padrões de recíproco respeito em relação a outros estados. • A jurisdição, como manifestação de poder, encontra óbice na soberania de outros países. De nada adiantaria que a lei brasileira autorizasse o processamento de determinadas ações perante a nossa justiça se a decisão aqui proferida não fosse exequível, por violar ou ofender a soberania de outro país. • Reciprocamente, há certas ações que só podem ser julgadas pela justiça brasileira, em caráter de exclusividade. Se o forem em outro país, serão aqui inexequíveis, porque o Superior Tribunal de Justiça (STJ) lhes negará homologação. A harmonia e a cooperação entre os países, o respeito mútuo entre eles e os esforços diplomáticos para a boa convivência entre as nações justificam que cada país estabeleça regras e limitações a respeito da extensão da sua jurisdição. SENTENÇA ESTRANGEIRA: Uma decisão ou sentença proferida em outro país é ineficaz enquanto tal e não pode ser executada no Brasil, nem produz aqui os seus efeitos. A existência de processo em país estrangeiro também é irrelevante perante a justiça brasileira. Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. SENTENÇA ESTRANGEIRA: • Título Executivo Judicial (CPC, art. 515, VIII) • Súmula 420 STF: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado”. O mecanismo pelo qual a autoridade outorga à sentença estrangeira, fazendo com que ela possa ser executada no Brasil, denomina-se HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA que hoje é da competência do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (CR/art. 105, I, i). • A partir de então, ela se torna eficaz no Brasil, produzindo os efeitos da litispendência (há quem sustente que o disposto no art. 24 do CPC não estaria mais em vigor), porque o Brasil é signatário do Código de Bustamante, cujo art. 394 dispõe em contrário, aduzindo que a pendência de processo no estrangeiro impede a propositura de ação idêntica no Brasil. • Mas, o CPC atual é posterior à adesão do Brasil ao Código de Bustamante, e manteve a regra. JURISDIÇÃO DO JUIZ BRASILEIRO: Os arts. 21 a 23 do CPC cuidam das ações que podem correr perante a justiça brasileira. Esses dispositivos contêm todas as hipóteses de ações que podem tramitar no Brasil. As que não se enquadrarem no rol não podem ser aqui julgadas, pois o juiz brasileiro carece, não propriamente de competência, mas da própria jurisdição. Por isso, o processo será extinto sem resolução do mérito. JURISDIÇÃO INTERNACIONAL CONCORRENTE: arts. 21 e 22 CC A justiça brasileira se reconhece com jurisdição, mas não nega que outros países também a tenham. Cabe ao interessado optar entre propor a ação no BRASIL ou em outro país igualmente dotado de jurisdição. JURISDIÇÃO INTERNACIONAL EXCLUSIVA: arts. 23 CC Na hipótese do art. 23, a jurisdição da justiça brasileira é EXCLUSIVA. Se houver sentença estrangeira versando sobre essas matérias, o STJ jamais a homologará, de sorte que ela estará condenada a permanecer sempre ineficaz em território brasileiro. AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA E DIREITO MATERIAL ESTRANGEIRO: Art. 376. “A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. A aplicação de lei substancial estrangeira no Brasil não é regida pelo CPC, mas, em regra, pela Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: art. 26 No art. 26 fica estabelecido que caberá a tratado que o Brasil for parte reger a cooperação internacional. Na falta dele, a cooperação poderá realizar-se com base na reciprocidade manifestada por via diplomática. REQUISITOS DE CARÁTER GERAL: I – o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; II – a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à `tramitação dos processos, assegurando-se assitência jurídica aos necessitados; III – a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou do Estado requerente; REQUISITOS DE CARÁTER GERAL: IV – a existência de autoridade central para recepção e transmissão de informações à autoridade estrangeira. • É vedada, ainda, a prática de atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro. OBJETO DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL (art. 27) • citação; • Intimação; • Notificação judicial e extrajudicial; • colheita de provas e obtenção de informações; • Homologação e cdumprimento de decisão; • Concessão de medida judicial de urgência; • Assistência jurídica internacional ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. São previstas 3 maneiras fundamentais pelas quais dar-se-á a cooperação internacional: • Auxílio Direito (art. 28); • Carta Rogatória (art. 36); • Homologação de Sentença Estrangeira. De acordo com o art. 30, além daquelas situações previstas em tratados de que o Brasil for parte, caberá AUXÍLIO DIREITO para obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso. • O procedimento de AUXÍLIO DIREITO vem regulado nos arts. 31 e segs. Exercício: 1 – Maria, brasileira, casou com Glen, americano. Desde a constância do matrimônio o casal passou a residir no Brasil. Na constância do matrimônio nasceu Peter que encontra-se hoje com 5 anos de idade. Ano passado o casal resolveu se divorciar. Glen, então resolveu voltar para cidade onde nasceu, Santa Bárbara, Califórnia. Maria procura, você, advogado, des ejando que Glen pague alimentos ao filho Peter. Diante do caso em tela questiona-se: a) A ação de alimentos proposta por Peter, representado por sua mãe, Maria, em face de Glen, deve ser promovida na Justiça do Brasil? Justifique e fundamente a resposta. Exercício: 2 – Júlio, brasileiro, é casado com Alexia, de nacionalidade sueca, estando o casal domiciliado no Brasil.Durante um cruzeiro marítimo, na Grécia, ela, após a ceia, veio a falecer em razão de uma intoxicação alimentar. Alexia, quando ainda era noiva de Júlio, havia realizado um testamento em Lisboa, dispondo sobre os seus bens, entre eles, três apartamentos situados no Rio de Janeiro. Neste caso, em regra, a sucessão dos bens de Alexia, será regulada pela lei de que Estado? Explique. 3 - Jacques, cidadão francês, foi parte em procedimento arbitral que teve como sede uma câmara localizada em Nice, na França, tendo sido também o local onde a sentença foi proferida. Ele obteve êxito em sua pretensão, que foi julgada conforme a legislação francesa, e agora, deseja receber da parte sucumbente os valores a que faz jus. A parte devedora é brasileira e possui patrimônio no Brasil, sendo a condenação de natureza cível. Ele foi orientado a iniciar o procedimento de cumprimento de sentença perante uma das varas cíveis da comarca onde está localizada a devedora, uma vez que a sentença arbitral, conforme legislação processual brasileira, é título executivo judicial. Tal orientação está correta? Explique. 2ª Questão. Objetiva. Segundo o NCPC, compete exclusivamente a autoridade judiciária brasileira: a) ações em que o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil. b) em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. c) conhecer de ações relativas a imóveis situados no exterior. d) em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de inventário e à partilha de bens situados no Brasil e no exterior, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 3ª Questão. Objetiva. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: a) colheita de provas e obtenção de informações. b) qualquer medida judicial. c) qualquer medida extrajudicial. d) citação, intimação e apenas notificação judicial.
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